POBREZA
QUE ENRIQUECE
"Porque
já sabeis a graça de Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de
vós se fez pobre;
para que pela pobreza enriquecêsseis." (II Coríntios, 8:9)
para que pela pobreza enriquecêsseis." (II Coríntios, 8:9)
O
Apóstolo Paulo deixa bem claro, no versículo 9 da Epístola
aos Coríntios, que Jesus Cristo se fez pobre para que pela sua pobreza,
nós enriquecêssemos. Essa assertiva do Apóstolo dos Gentios
equivale a dizer que a luz se ofuscou a si própria temporariamente, para
que aqueles que estavam nas trevas e na ignorância se iluminassem.
A
Doutrina Espírita esclarece que os grandes Espíritos luminares,
quando se lhes depara a necessidade de visitar, na regiões trevosas do
umbral, os Espíritos que vivem na incompreensão e na rebeldia,
revestem-se temporariamente de aparência menos radiante, com o objetivo
de não chocá-los, face à situação de inferioridade
na qual vivem e persistem; em outra palavras, os Espíritos Puros não
se revelam com o resplendor espiritual que lhes é próprio quando
objetivam atrair Espíritos que vivem estagnados nos planos espirituais
menos evoluídos.
Não
existe palavra humana que possa traduzir em toda a sua magnitude e transcendência
o fato ocorrido há quase vinte séculos do advento de Jesus Cristo
entre nós: o Ungido de Deus descendo da sublimidade de sua glória
para se nivelar à Humanidade da Terra com o nobre objetivo de revelar-lhe
a grandiosidade do seu Evangelho. O manso Cordeiro de Deus, descendo da espiritualidade
mais relevante, para enfrentar os lobos vorazes do fanatismo, do erro e da recalcitrância.
O
Mestre, objetivando atingir o desiderato superior de sua sublime missão,
revestiu-se de tudo aquilo que era peculiar às camadas mais obscuras
da Terra, pois, vivendo entre os humildes e desprotegidos,
haveria muito maior possibilidade de elevá-los ao fortalecimento da esperança
nas recompensas futuras que o Alto reserva aos que se desincumbem satisfatoriamente
dos seus deveres na pauta da vida terrena.
Na
realidade, analisando-se o Novo Testamento, vemos que a missão de Jesus
foi inteiramente desenvolvida entre os humildes e os desajustados:
-
Nasceu em humilde aldeia, não tendo senão uma manjedoura para
acomodá-lo;
-
Seus pais eram criaturas das mais humílimas condições sociais
-
Seus apóstolos foram convocados dentre obscuros pescadores;
-
O cenário que serviu para o desempenho do seu Messiado foi todo ele dos
mais singelos e os lugares onde o Senhor conviveu eram dos mais despretensiosos;
-
Sua ação principal se processou no meio de sofredores do corpo
e da alma e pecadores de todos os matizes.
Convivendo
entre os humildes e os pecadores, o Mestre teve a oportunidade de fazer com
que se capacitassem da importância de uma vivência equilibrada e
segundo os moldes estabelecidos no Evangelho, de moralização e
de conformação com os sábios desígnios de Deus.
Se
o Nazareno tivesse nascido no seio das camadas mais opulentas da sociedade,
é óbvio que a sua missão não teria sido tão
bem sucedida. Ele seria recebido com reservas e com ceticismo.
Francisco
de Assis, tendo Jesus como paradigma e compenetrado da importância de
se ombrear com aqueles a quem pretendia servir e ensinar, ao ouvir na igreja
de Porciúncula o célebre:
"Ide
e pregai, dizendo que está próximo o reino dos céus. Curai
os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os maus Espíritos,
dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro
nem prata, nem tragais dinheiro nas vossas cintas, nem alforje para o caminho,
nem duas túnicas, nem calçado, nem boldão; porque digno
é o trabalhador do seu alimento", compreendeu o verdadeiro sentido
espiritual de sua missão, despojando-se de todos os bens materiais para
transmudar-se no "poverelo de Assis", a fim de que, através
da sua pobreza, pudesse propiciar a todos a riqueza da autoiluminação.
Por
isso, afirmou categórico o Converso de Damasco: "Jesus Cristo, sendo
rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis".
Paulo
A. Godoy
Padrões Evangélicos
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