Paulo Alves de Godoy
"E quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por
lugares secos, buscando repouso; e, não o encontrando, diz: Tornarei para minha
casa, aonde sai.
E chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele entrando, habitam ali, e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."
Lucas,11:24-26"
As páginas dos Evangelhos estão repletas de passagens as obsessões
espirituais, sobejamente abordadas nas obras básicas do espiritismo.E chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele entrando, habitam ali, e o último estado desse homem é pior do que o primeiro."
Lucas,11:24-26"
Os versículos evangélicos que ensinam esta página, são decisivos da convocação dessa assertiva, representando uma ilustração típica feita por Jesus-Cristo sobre os casos de obsessão: Um espírito obsessor foi afastado de um homem e levado para o umbral ou para um plano espiritual compatível com seu estado vibratório. Andando por lá e não achando consolo, decidiu-se a voltar para as proximidades da criatura de quem foi afastado. Ali chegando, notou com surpresa, que o antigo perseguido não havia se moralizado, não havia tomado nova diretriz e permanecia distanciado do Bem, deixando, como decorrência, a porta aberta para a volta do perseguidor. Este, por sua vez, não contentou em voltar sozinho; foi e arranjou sete espíritos piores do que ele. Sob a influência dessa legião do mal, o estado do antigo perseguido se agravou, tornando-se muito pior do que antes.
É questão pacífica que todos os seres humanos, quando encarnam, assumem encargos para com a justiça Divina e, para que tenham sucesso no novo aprendizado torna-se imperioso que levem uma vida pautada nos moldes rígidos da moral e do equilíbrio desincumbindo-se, pelo menos parcialmente, daquilo que se comprometeram realizar.
A falta de satisfação dos compromissos assumidos, acarreta enfermidades que são autênticos avisos salutares para o espírito encarnado. De um modo geral, essas advertências se traduzem em perseguições espirituais sob a forma de obsessão, que persiste, diminui de intensidade ou cessa completamente, dependendo do rumo que o obsediado emprestar à sua vida.
Se o antigo perseguido decide-se a persistir na senda do erro, mergulhando-se na imoralidade, estará abrindo de par em par, as portas para a volta do obsessor, que retorna com fúria desdobrada, trazendo em sua companhia outros espíritos inferiores que passam a formar uma "legião", cuja ação nefasta faz com que a situação do obsediado se torne muito pior do que antes.
O homem, assoberbado por cogitações de ordem puramente material, esquece-se dos seus deveres mais fundamentais no campo da espiritualização, enveredando por caminhos dúbios que levam ao descalabro moral e fazem com que se torne dócil instrumento de espíritos que brilham pela falta de escrúpulo, não trepidando em contribuir decididamente para que seu perseguido se chafurde no lamaçal do erro e dos vícios.
Nos Evangelhos deparamos com a narração de vários casos de obsessões espirituais:
Em Lucas, 8:2, observamos que "algumas mulheres foram curadas de espíritos malignos e enfermidades, dentre elas Maria Madalena, de quem o Mestre expeliu sete espíritos imundos";
Marcos, 5:7-9, relata que um homem gadareno vivia assediado por espíritos obsessores. Quando Jesus se aproximou dele, passou a clamar com grande voz: "que tenho eu contigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes." O Mestre, após ordenar que o espírito imundo saísse do homem, perguntou-lhe: "Qual é o teu nome? E ele respondeu, dizendo: Legião é o meu nome; porque somos muitos.
Segundo a descrição de Lucas, 9:38-42, um homem que tinha um filho atormentado por espírito maligno, dirigindo-se ao Messias, pediu: "Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho. Eis que um espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça, até espumar; e só o larga depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não o puderam. E Jesus, respondendo, disse: ö geração incrédula e perversa! até quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho. E quando vinha chegando, o espírito o derribou e convulsionou; porém Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino."
Existem muitos outros casos nos Evangelhos, tais como o do servo do centurião, da filha da mulher cananéia, da mulher paralítica, descrita em Lucas 13:10-17, sem falar no assedio dos espíritos inferiores no sentido de que os apóstolos Pedro e Paulo fossem frustrados em suas missões, conforme narrações contidas em Lucas, 22:31-34:
Disse Jesus a Pedro: "Simão, Simão, os espíritos das trevas vos pediram para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos."
E na II Epístola aos Coríntios, 12:7-8, quando Paulo afirma: "E para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de "satanás" para me esbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim."
Os casos de Maria Madalena e do Possesso Gadareno se enquadram melhor no ensinamento que serve de tópico para está página. é obvio que Madalena para ter chegado ao ponto de ter sete espíritos obsessores atormentando-a como autêntica legião, deve ter passado pelas fases mais brandas da obsessão, quando o obsediado recebe toda a sorte de advertências e amparo espirituais ( É a fase quando o espírito imundo tem saído, anda por lugares secos, buscando repouso). Dando de ombros a esses avisos salutares, o obsediado entra na fase mais aguda (quando o espírito achando a casa varrida e adornada, vai e leva consigo outros espíritos piores do que ele).
O Clarim Nº 15 de novembro de 1971
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