Há Tempo Ainda - Camilo/ Raul Teixeira
HÁ TEMPO AINDA – CAMILO/ RAUL TEIXEIRA
Dirijo-me
a ti, sejas tu mulher-mãe ou homem-pai, a fim de que, juntos,
alinhavemos algumas considerações a respeito do filho ou da filha que o
Criador da Vida te concedeu, para que possas cooperar no processo de sua
condução à felicidade.
Sabes,
seja pelas informações da tua filosofia religiosa ou através dos teus
pensares preocupados, que tens nobres quão graves compromissos com a
alma conduzida aos teus cuidados.
Se
te devotares, realmente, a esse labor, serás capaz de dar bom termo aos
deveres aceitos por ti, desde os tempos em que te achavas no Mundo dos
Espíritos.
Em
verdade, não conheces, essencialmente, a intimidade do ser que te foi
apresentado como filho ou filha. Em cada momento da convivência com essa
criatura posta sob tua responsabilidade, vais te assenhoreando, pouco a
pouco, das peculiaridades gerais que o caracterizam. Percebes, então,
no contato continuado com tua cria, o quanto ela traz de surpreendente,
de grandioso ou degradante, no comportamento que exterioriza.
Não
sabes, é bem verdade, de que experiências procedem teus filhos. Ignoras
quais sejam as bagagens que trazem no imo do ser. Nenhuma notícia
obtiveste a respeito dos arquivos pretéritos dos teus rebentos. Podem
estar renascidos no teu lar criaturas com características de Rasputin ou
de Francisco de Assis, de Messalina ou de Teresa de Ávila, de Calígula
ou de Gandhi, de San Martín ou de Napoleão. Cada um chega para a
convivência contigo, para o teu envolvimento, portando bagagens
bem-aventuradas ou desafortunadas, que se constituíram ao longo do
tempo, transformadas, hoje, na auto-herança, o que bem se pode entender
como o “pecado original”, referido nos textos da Bíblia judaica, uma vez
que ninguém herda erros ou virtudes de quem quer que seja, mas de si
próprios. Tanto os tormentos íntimos quanto as excelentes virtudes
procedem do passado espiritual do próprio indivíduo.
* * *
Com
base nessas considerações, dedica-te a observar, ó pai, ó mãe, as
marcas morais dos teus pequenos, procurando identificar, do melhor modo
possível, o caráter desses seres que Deus destinou aos teus braços
dedicados, aos teus cuidados responsáveis.
Desconhecendo
a intimidade da tua criança, trabalharás como psicólogo doméstico,
quase nunca com êxito, se ignoras que ela não passa de um Espírito
reencarnado chegado ao mundo com necessidades evolutivas de vulto.
Que
fizestes do filho confiado à vossa guarda? Indagar-te-á o Criador, no
âmago da tua consciência. E terás dificuldade para justificar qualquer
displicência ou postura inadvertida, tendo agido como “laissez-faire”
perante os necessários deveres não atendidos.
Importante,
meu irmão ou minha irmã, que, ao te postares diante do teu filho no
empenho de educá-lo, agora identificado com sua realidade de um ser
encarnado, tenhas atenção cuidadosa para com os materiais que utilizarás
para influenciar sobre seus destinos, que o Criador conta que sejam
elementos positivos.
No
que se refira ao campo profissional, procura não induzi-lo a
centralizar seu pensamento no dinheiro que poderá ganhar, uma vez que
podes verificar que a profissionalização do indivíduo na sociedade
exprime as possibilidades de que se exercite no espírito de cooperação
com o progresso social. Ensina-lhe que o dinheiro é necessário à vida no
mundo, mas que o propósito fundamental do labor profissional deve ser o
da utilidade, pondo sempre as realizações de “César” a serviço de Deus.
Aí, então, o trabalho dar-lhe-á grandeza d´alma e valor social, sob a
tua amadurecida orientação.
Na
esfera da vida social, necessário é que aprenda a respeitar as leis
constituídas, a respeitar também os semelhantes, sejam crianças ou
jovens como ele próprio, sejam pessoas maduras ou idosas. Busca
sensibilizá-lo para o exercício da fraternidade, para que se dedique a
fazer amigos, mantendo sua alegria de viver, nos planos da dignidade
ética, da nobreza moral, passando a compreender que os maus exemplos dos
outros não devem servir-lhe de exemplos. Insufla-lhe, por meio da tua
própria vivência, o amor à verdade, o trato permanente com a
honestidade, para que não venha a guardar remorsos e vários outros
conflitos que perturbam a alma.
No
convívio contigo, trata de acompanhar de perto teu filho ou tua filha,
desenvolvendo neles, desde a fase infantil, o costume do diálogo, da
confiança recíproca. Não atires tua criança aos excessos de qualquer
teor. Esforça-te, consciente quanto és dos percalços do caminho humano,
para não expor seus corpos desnudados à vaidade, seja em nome da moda
contemporânea, seja por mero exibicionismo que recolhe os aplausos
mentirosos da excitação, aplausos que costumam agradar aos pais e abrir
agigantados fossos morais para o futuro. Nesses eventos se ocultam as
garras poderosas e babosas da pedofilia que não poupará teu filho, quer
física quer psiquicamente.
Trabalha
em teu rebento os valores positivos que nele encontres. Dá-lhe reforços
felicitadores dizendo que gostaste de alguma atitude, de alguma
realização de sua autoria. Confirma que ele foi feliz nesse ou noutro
lance do caminho, não deixando de lado tal ensejo. Não justifiques que
ele não fez mais do que a própria obrigação, uma vez que conheces
agigantado número de pessoas que, mundo afora, não cumpre os próprios
deveres. Então, torna-se indispensável incentivar esse valor onde e
quando ele apareça.
Vale
também ouvir suas idéias e opiniões, ainda quando se mostrem imaturas,
ainda quando não te pareçam racionais ou próprias para a questão em
apreço. Concede-lhe, por tua vez, o direito de discordar dos teus pontos
de vista, substituindo o poder do autoritarismo violento pela
autoridade, naturalmente construída no dia-a-dia do respeito, da
amizade, posto que te tornarás o amigo mais próximo do teu rebento.
Ouve
os teus filhos com respeito e fala-lhes sobre o que pensas e porque
pensas, expressando a tua experiência de vida, a tua maturidade
estruturada ao longo dos anos de incontáveis refregas cotidianas,
admitindo que eles têm seus próprios pensamentos e que trazem na
intimidade espiritual os indícios dos caminhos que deverão seguir,
quando detenham maturação para fazê-lo.
* * *
No
âmbito da vida íntima, acompanha as inclinações de cada filho e, caso
percebas e constates que são tristes, deprimidos, ansiosos, trabalha
para dar-lhes o devido apoio, o que muitas vezes lhe indicará a
necessidade de algum profissional compatível com o tipo de dificuldade
que apresente. Se se apresentarem sinais de uma sexualidade nada
convencional, evita aturdir-te como se já fosse o fim do mundo.
Identificando
em teu filho, ou em tua filha, expressões de voracidade sexual,
posturas sexuais inversivas ou apatias sexuais, pensa na melhor forma de
auxiliá-lo, resguardando-o, porém, com teu atencioso carinho, evitando
expô-lo nas vitrinas dos escândalos, resistindo aos pruridos do orgulho
que costumam indicar posições violentas, sejam de indiferença, sejam de
agressividade.
Vale
a pena buscar entendê-lo sem repressões, orientá-lo apoiado na tua
própria experiência vivencial. Caso haja manifestações da
homossexualidade ou da heterossexualidade atormentadas, saibas que ambas
te requisitam cautela na abordagem. Pedem-te o acompanhamento seguro da
amizade e do respeito, no empenho de diluir ao máximo qualquer
dificuldade dessas manifestações proveniente. Não o achincalhes, não
lances mão da agressividade; evita constrangê-lo com chistes ou troças
francamente dispensáveis e anacrônicas. Cada pessoa sabe o que sente e
como sente, mesmo que, muitas vezes, não saiba explicar a procedência do
que registra, a origem de seus conflitos.
Convicto
de que é exceção no mundo o número dos que estão indenes aos
desarranjos da vida sexual, respeita teus filhos, quando estejam
atravessando fases complexas ou torturantes no campo da sua sexualidade,
ouvindo-os, sentindo-os, seguindo com eles estrada afora, auxiliando-os
no terreno da definição emocional, mesmo que com lágrimas ou dores
morais, certo de que ainda há tempo de contribuíres para o mundo melhor
que todos anelamos, exatamente porque Deus confiou em ti, pai ou mãe,
entregando-te um ou mais dos Seus filhos amados, em fase de reconstrução
interior, na rota da felicidade.
Medita,
pois, sobre tudo o que tens permitido enredar os teus filhos na
caminhada terrena. Reflete quanto à qualidade de tudo isso e aprende a
interferir para iluminar, a agir para renovar, a opinar para reerguer do
chão planetário a ti mesmo e aos teus irmãos, colocados ao teu lado na
condição de filho ou filha pelos vínculos corporais.
É
ainda tempo de confirmar que a páter-maternidade é um dignificante quão
abençoado exercício de cooperação com as terrenas leis do nosso
Criador.
(Mensagem do espírito Camilo, psicografada pelo médium Raul Teixeira,
em 18.02.2004, na Sociedade Espírita Esperança, em Amparo-SP.)
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