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domingo, 26 de setembro de 2021

O Semeador saiu a semear... sob a ótica de Amélia Rodrigues

SEMENTE DE LUZ E VIDA

(...) Assentado no barco , Jesus alongou os olhos pela planície dos corações e lembrou se da terra inculta . Tomado de imenso Amor pelos homens , depois de falar sobre muitas coisas, considerou:

Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho.

A luz derrama filões de ouro vivo no céu anilado
O ar transparente cicia aos ouvidos atenciosos da multidão.

(...) E vieram as aves, e comeram-na...

O Reino dos Céus é semelhante...
O homem bom semeou a boa semente na boa terra; enquanto dormia, um homem mal semeou joio na boa terra. E cresceram o trigo e joio. Ora, para salvar o grão sadio foi necessário arrancar o escalracho, erradicando naturalmente , muito trigo são. O joio , em molhos , foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.  

                                                                    * * *

O grão de mostarda é o menor de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam, procurando agasalho nos seus ramos...

                                                                    * * *

O fermento insignificante leveda a massa toda.

                                                                   * * *

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso , que quando possuía vendeu para tê-lo seu.
Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor e de tudo se desfez para consegui-la...

                                                                   * * *

Uma rede lançada ao mar reuniu muitos peixes, bons e maus, que foram separados pelo pescador. Assim , mais tarde, serão separados os homens que se candidatam ao Reino dos Céus...

                                                                   * * * 

Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante . Vindo o Sol , queimou-se, e secou-s, porque não tinha raiz...
As coisas ocultas, Ele as desvela em parábolas.
Era uma vez...
Um homem , pai de família, preparou a terra,planou-a , circundando-a de um valado(vala rasa guarnecida de tapume...que cerca uma propriedade rural) , e construiu nela um lagar , edificou uma torre e arrendou-a a trabalhadores. À época dos frutos mandou buscar a parte que lhe pertencia. Os posseiros da terra mataram os primeiros servos , os que vieram depois , e mesmo o Filho do Homem , os criminosos o mataram. Quando, porém, o dono veio...
                                                                 * * *

O pai disse ao filho: Vem trabalhar em minha vinha.
-Não quero !-mas, arrependendo-se , foi. Chamado o segundo filho , este respondeu:
-Vou!- Mas não lhe dou importância...

                                                                 * * *

O rei, chegando a ocasião das bodas do filho, mandou os servos convidarem amigos.Os amigos ,porém, não quiseram ir. Novos áulicos saíram a repetir o convite, narrando a excelência do banquete que os aguardava , mas eles não desejaram respeita-lo. Revoltados com a insistência do rei , mataram os servos. O rei, sabendo da ingratidão dos convidados, ordenou ao seu exército que fosse exterminar os homicidas...
                                                                * * *
Dez eram ao todo.
Cinco eram noivas loucas.Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Puseram-se a dormir.Ao chegarem os noivos...
Eram cinco noivas, virgens e loucas...
                                                        
                                                                * * *

-Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiaste.
-Mau servo!Tome quanto tem deem-no a quem já o tem.

                                                               * * *
As melodias cantam no ar leve e transparente.
(...)outra caiu entre os espinhos e os espinhos cresceram e sufocaram-na...
Quem poe uma candeia acesa sob o alqueire ou escondida?

                                                               * * *
Uma figueira brava à borda do caminho foi solicitada à doação de frutos;como não fosse ocasião própria de produzi-los, foi considerada inditosa, digna de ser arrancada e lançada ao fogo até converter-se em cinza...

                                                                * * *
Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei: "Aquele que usou de misericórdia com ele."
Vai e faze o mesmo. Esse é o teu próximo...

                                                                * * *

Amigo, empresta-me três pães.
- Não me importunes. 
Levantar-se-á esse amigo para livrar-se do importuno.

                                                               * * *
Oh! Dize a meu irmão que reparta os seus bens comigo. 
-Quem me pôs a mim por juiz ou repartidor de bens?

                                                               * * *

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenhas sido mandado pelo teu anfitrião...

                                                              * * *

(...)e outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem , outra a sessenta e outro a trinta...
Hipérbatos , sínquises e hipérboles veste as abstrações; e, como poemetos, são excertos de vida as canções do Reino de Deus.
Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores, e como ambos não lhe pudessem pagar...
Bem-aventurados aqueles servos,os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!...

                                                                    * * *

"Qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim...
"-Pai , pequei contra o céu e perante a ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze me como um dos teus jornaleiros.
" Trazei o melhor vestido e vesti-lo , pondo lhe um anel na mão , alparcas nos pés. Este meu filho estava morto e vive; tinha se perdido , e foi achado..."
   
                                                                    * * *

E o fariseu dizia : eu pago o tributo , sou justo, cumpro com os deveres que a Lei prescreve...Mas aquele que ali está...
No entanto, o Senhor lhe disse...
                                                                   * * *

Louvou o amo aquele mordomo injusto por haver procedido prudentemente ,porque os filhos desse mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz...
Granjeai amigos... Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito...
                                                           
                                                                  * * *

E a viúva dizia : faze-me justiça contra o meu adversário...
Far-lhe-ei justiça, disse o juiz, para que ela não volte a importunar-me...

                                                                 * * *

"Deu-lhe dez minas..."
"Havia um homem rico, a quem , depois de morto, Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

                                                                 * * *

E Ele falava por parábolas.
Parábolas , "alegorias que escondem verdades".
Revestidos da pureza das pombas e da vivacidade das serpentes os discípulos da verdade chegam à vida.
"Se a vossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
O semeador saiu a semear...
Parábolas, verdades nas alegorias. 

                                                                 * * *
                                                           
Os grãos se transformam em grãos e a messe(conquista) afortunada é ouro em pendões de vida.
Simples e desataviadas(que não é rebuscado) , suas palavras são palavras do povo. Ninguém , no entanto, as coordenava como Ele as enunciava.
Havia realmente "algo"n´Ele, na sua forma de dizer.
"Ninguém fala como Ele fala" - murmuravam até mesmo os que , conspirando , procuravam motivo de traí-LO.
"Fala com autoridade" - reconheciam todos.

                                                                 * * *

A semente é luz e vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

                                                                 * * *

O Bom Pastor dá Vida pelas suas ovelhas.
Entretanto pela porta estreita, a que se caracteriza pelas dificuldades, o acesso ao reino da Ventura plena se faz triunfal.
Vigiando à porta da entrada, pode o morador defender a casa do assalto dos bandidos que espreitam e se vestem de sombras para agressão nas sombras.
Os escolhidos são os grãos felizes que se multiplicam em mil sementes compensando a sementeira toda.

                                                              * * *

A charneca das paixões é planície de esperança sob ação da semente.
Na imensa várzea , porém , o dia a dia das criaturas se transforma em lutas por nada.
O solo a arrotear , imenso, quase ao abandono...
" O semeador saiu a semear."

                                                            * * *

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

                                                            * * *

Já não é dia.
O negro tule(seda muito fina) da noite corisca nos engastes alvinitentes(branca brilhante) dos astros, e o vento canta uma onomatopéia em litania(ladainha) ininterrupta.
O Semeador repousa.
" O Reino dos Céus está dentro de vós..."
"Vos sois deuses..."
"Buscai primeiro o Reino..."
"Quando eu for erguido atrairei todos a mim."                                     

                                                            * * *

A madrugada da Era Nova raia.
O semeador foi erguido...numa cruz.
Rasgados , os braços atraem, o coração aguarda.
Caminho para a Vida- o semeador.
Caminho até a porta- o semeador
A cruz das renúncias e sacrifícios como uma áspera charrua na gleba do espírito -ponte entre os abismos : o "eu" propínquo( vizinho, próximo) e "ele" próximo - longínquo.
A charneca (terreno arenoso...,com vegetação rasteira) reflete a estrela.
A estrela desce ao charco , fica presa à água que a retém e repousa na montanha altaneira.

                                                          * * *
O semeador espera...
"Ele saiu a ensinar por parábolas."
" E outras caíram em terra fértil e produziram."
A semente é a Palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é Vida.
O semeador saiu a semear...


Fonte: Primícias do Reino. Divaldo Franco, pelo Espírito Amélia Rodrigues.
12ed. 2015.Editora Leal

domingo, 25 de abril de 2021

O TRIBUNO

CAPÍTULO 8 - O TRIBUNO

Castorino Silveira, dono de oratória eloquente, era daqueles que fazia da tribuna espírita a vitrine dos seus incontestáveis conhecimentos doutrinários.

Ao menos quinzenalmente, assumia - exibindo o porte e a altivez de um sacerdote - o púlpito da sociedade espírita a que se filiara e, por mais de hora, desfiava, a ouvintes pasmados, argumentos insofismáveis.

Condenava, veementemente, próceres*( influentes)  de outras religiões tachando-os, em reprimenda, de falsos profetas, pastores enganadores e outros epítetos*(sobrenomes).

Destarte( deste modo ) , ia largando sua semente entre espinheiros e terras inférteis, na malversação de suas riquezas verbais. Não contendo o seu entusiasmo, mais se perdia em largas gesticulações teatrais do que plantava amor e humildade.

Ao final das reuniões, todos transbordavam, uns em abraços, outros em lisonjas e elogios, outros ainda serenos ou desconfiados. Alguns ainda ruminavam as críticas ásperas que ouviram, talvez por incompreensão, ou mesmo porque não sentiam, na palavra inflamada de Castorino, a luminosa vibração que se irradia dos espíritos humildes. Se a uns Castorino Silveira convencia, a outros, todavia, sua pregação soava como uma algaravia*( tagarelice) , como o pipocar de rojões em festejos de roça. Eram lantejoulas verbais que apenas cintilavam, sem o valor intrínseco dos ensinamentos divinos, jóias da espiritualidade maior.

Um dia, Castorino Silveira, ao ser interpelado ao final de uma de suas palestras, sentiu uma dor aguda no peito. Despindo-se do fardo material, entre gemidos e estertores, viu-se subitamente, do outro lado da vida.

Quase que de imediato foi carregado em uma padiola*, no plano espiritual, rumo a um hospital, sob os cuidados de bondosos benfeitores.

Meses depois, Castorino recebeu alta. Desembaraçado, dirigiu-se, em companhia de um irmão, ao departamento onde seria entrevistado, para melhor avaliação de sua condição naquela colônia espiritual.
A essa altura, supondo-se refeito e adaptado, cogitava até em pleitear oportunidade para reiniciar as pregações doutrinárias, junto aos espíritos mais carentes.

Depois dos cumprimentos e apresentações, o irmão Benevides, um assistente social, lendo uma ficha que estava sobre a mesa, indagou:

- Então é o irmão Castorino Silveira?

- Claro! - confirmou Castorino, feliz por ser reconhecido de imediato, acrescentando:

- Como o irmão deve saber, eu fui um grande orador espírita. Desencarnei, vítima de um enfarte, ao sair de uma sessão. O tema da minha palestra, naquele dia, foi "A parábola do semeador".

- Sim, nós sabemos disso - interrompeu o irmão Benevides. Olhando fixamente para Castorino, esclareceu:

- Sua semeadura, irmão Castorino, se alguma vez germinou e produziu frutos em outras pessoas, não deu, para você mesmo, uma boa safra.

- Como assim? - indagou Castorino espantado, prosseguindo indignado:

- Eu fui um incansável lavrador da Seara do Mestre, espalhando a semente de O Evangelho Segundo o Espiritismo aos quatro ventos, com o meu verbo inflamado!

- É verdade, meu irmão. Você espalhou a semente aos quatro ventos, mas nenhuma germinou em seu coração.
Caído na superfície de sua alma, o calor da vaidade e do orgulho queimou-as.
Suas palavras, irmão Castorino, eram vazias de amor e de humildade. Visavam mais à promoção pessoal do que propriamente ao plantio do amor exemplificado pelo Mestre.

Castorino Silveira abaixou a cabeça. Em sua mente, projetavam-se cenas de suas incontáveis palestras, nas quais, gesticulando com ardor, discursava enfaticamente, demonstrando sua eloquente oratória.

Apercebeu-se, no quadro fluídico, de sua preocupação com a própria imagem, relegando a divulgação da Boa Nova a segundo plano.

Um frio cortou-lhe o coração ao ouvir as últimas palavras do irmão Benevides:

- Prepare-se, irmão Castorino, para em breve regressar à Terra. E, uma vez que nessa última encarnação você se engrandeceu e gratificou-se, esquecido de que o orador espírita deve dar provas cabais de humildade, retornará agora à vida física, na condição de surdo-mudo, para efetiva tarefa espírita em organização de deficientes. Aprenderá a Doutrina Espírita por meio da leitura silenciosa. Será um professor, e ensinará a outros irmãos, igualmente surdos-mudos, valendo-se apenas da gesticulação das mãos e dos dedos.

Irmão X


FONTE: 

LIVRO : CASOS E COISAS, DAQUI E DAÍ - 1ª EDIÇÃO / ANO: 2003

DITADO PELO ESPÍRITO : IRMÃO X

PSICOGRAFADO POR : HEITOR LUZ FILHO

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Semeador por Amélia Rodrigues

Semente de Luz e Vida


Manhã de Sol. Jesus sai para semear e colher.

Respira fundo e lembra-se da Terra inculta.

"Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho."

"...E vieram as aves e comeram-na..."

O Reino dos Céus é semelhante.

O homem bom semeou a boa semente na boa terra; e cresceram trigo e joio. O joio em molhos foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.

O grão de mostarda é o menos de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam...

O fermento insignificante leveda a massa toda...

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso que tudo quanto possuia vendeu, para tê-lo seu. Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor, e de tudo se desfez para consegui-la...

"Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante. Vindo o Sol, queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz..."

O pai disse ao filho: vem trabalhar em minha vinha.
- Não quero! - mas, arrependendo-se, foi.
Chamado o outro filho, este respondeu:
- Vou! - mas não deu importância.

Dez eram ao todo. Cinco eram noivas loucas. Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Ao chegarem os noivos...

- Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiastes.
- Mau servo, tomem quanto tem e dêem-no a quem já o tem.

"...Outra caiu entre espinhos e os espinhos crescera, e sufocaram-na..."
Quem põe uma candeia acessa sob o alqueire ou escondida?

Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei:
"Aquele que usou de misericórdia com ele".
Vai e faze o mesmo. Este é o teu próximo...

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenha sido mandado pelo teu anfitrião...

"...E outra caiu em boa terra e deu fruto: uma sem, outro a sessenta e outro a trinta..."

Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores e como ambos não lhe pudessem pagar...

Bem aventurados aqueles servos, os quais, quando o senhor vier, achar vigiando...

- Pai, pequei contra o céu e perante a ti, não sou digno de ser chamado teu filho...
- Trazei o melhor vestido e vesti-o, este meu filho estava morto e vive: tinha se perdido e foi achado.

"Havia um homem rico, a quem depois de morto, Pai Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

Ele falava por parábolas.
"Se a nossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
Parábolas, verdades nas alegorias.

A semente é luz da vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

O Bom Pastor dá a vida pela suas ovelhas.

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

O semeador repousa.
"O reino dos céus está dentro de vós...
"Vóis sois deuses...
"Buscais primeiro o reino...
"Quando eu for erguido, atrairei todos a mim".

O semeador foi erguido... numa cruz.
Caminho para a vida - o semeador.
Caminho até a porta - o semeador.
A cruz das renúncias e sacrifícios - ponte entre os abismos: o "eu" e "ele", o próximo.

O semeador espera.
Ele saiu para ensinar por parábolas.
A semente é a palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é a Vida.
O semeador saiu a semear.

Amélia Rodrigues
Primícias do Reino

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

SIMÃO, DORMES? (...)"As pessoas que não se capacitam das responsabilidades de que se acham investidas, ou que não despertam para a vivência dos ensinamentos evangélicos, passam pela vida sem ter vivido, pois uma existência perdida poderá redundar em séculos de retardamento no processo evolutivo do Espírito..."


"E, CHEGANDO, ACHOU-OS DORMINDO, E DISSE A PEDRO: SIMÃO, DORMES? NÃO PODES VIGIAR UMA HORA?"
"E ESTANDO UM CERTO MANCEBO, POR NOME EUTICO, ASSENTADO NUMA JANELA,
CAIU DO TERCEIRO ANDAR, TOMADO DE SONO PROFUNDO QUE LHE SOBREVEIO
DURANTE O EXTENSO DISCURSO DE PAULO". (ATOS, 20:9)
Os apóstolos Pedro, Tiago e João acompanharam o Mestre ao Horto das Oliveiras, onde o assessoraram numa invocação espiritual das mais decisivas, cuja finalidade principal consistiu em entrar em contato com o plano espiritual superior a fim de sondar, uma vez mais, os sábios desígnios de Deus em torno do desfecho do Messiado de Jesus na Terra.
Numa autêntica sessão espírita, o Cristo entrou em comunicação com o Alto e rogou: Pai, se for possível, passa de mim este cálice, mas faça-se a tua e não a minha vontade. Os três apóstolos, entretanto, subjugados por forças inferiores do plano espiritual, interessadas no malogro da missão redentora de Jesus, adormeceram e, apesar de o Mestre acordá-los mais de uma vez, persistiram naquele sono profundo.
Eutico, por sua vez, atraído pela maravilhosa pregação de Paulo, na cidade de Troas, assentara-se numa janela do terceiro andar do prédio onde o apóstolo fazia a sua pregação. O discurso fora bastante prolixo e o jovem não vigiou suficientemente, sendo tomado também de profundo sono, caiu de grande altura, sendo dado por morto. O apóstolo dos Gentios, descendo, inclinou-se sobre ele e disse: Não vós perturbeis, que a sua alma nele está.
O Evangelho segundo Lucas (12:35-38) nos legou o seguinte ensinamento de Jesus: Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu Senhor quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando. Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar-se à mesa e chegando servirá. E se vier na segunda vigília, e se vier na terceira e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos.

Todas essas narrativas evangélicas têm um escopo: demonstrar que o Espírito é pronto, mas a carne é fraca. O Mestre recomendou aos três apóstolos que participando daquela fase decisiva e angustiante do seu Messiado: Orai e vigiai para não cairdes em tentação.
A advertência de Jesus é extensiva aos homens de todos os tempos, que dormem no esquecimento dos mais rudimentares deveres de ordem espiritual, malbaratam os talentos que lhe foram confiados agindo semelhantemente àquele homem da parábola que egoisticamente, enterrou o talento que lhe fora confiado tornando-o improdutivo e destituído de qualquer benefício para o próximo.

As pessoas que não se capacitam das responsabilidades
de que se acham investidas, ou que não despertam para a vivência dos ensinamentos evangélicos, passam pela vida sem ter vivido, pois uma existência perdida poderá redundar em séculos de retardamento no processo evolutivo do Espírito.

Muitos homens se configuram animosos no desempenho de tarefas relevantes, mas não tomam o devido cuidado no trato de assuntos que dizem respeito ao Espírito. Muitos homens se configuram animosos no desempenho de tarefas relevantes, mas não tomam o devido cuidado no trato de assuntos que dizem respeito ao Espírito, preferindo antes se engolfarem no desfiladeiro do erro, pervertendo seus valores morais e aniquilando os atributos que, por força das tarefas de que se acham investidos, lhe são outorgados na Terra.
Na Parábola do Semeador, notamos que uma parte da semente caiu à beira da estrada e foi devorada pelas aves. Eutico se enquadrou perfeitamente no rol dos homens que são simbolizados por essa parte da semente, são os que, no dizer evangélico, recebem as palavras oriundas do plano superior, mas não lhes dão guarida, sendo elas racilmente subtraídas pelos Espíritos malignos, interessados am manter os homens distanciados de Deus.

Entretanto, pelo menos uma semente ficou semeada no coração daquele mancebo. Ele foi dado por morto, mas Paulo afirmou que ele ainda estava vivo, para comprovar aquilo que Jesus ensinou: Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. (João, 5:24)

Eutico já não poderia morrer para as coisas do Espírito,
pois já havia vislumbrado a centelha dos ensinamentos evangélicos, que Paulo fora divulgar em Troas. Na realidade ele dormira, pois a carne é fraca e naquela contingência investida dos Espíritos trevosos fora arrasadora, entretanto o seu Espírito estava pronto para assimilar o conhecimentos novos que Paulo ali fora ministrar, o qual o levaria descortinar um novo mundo onde todos se sentiam felizes, úteis a Deus, abominando o servilismo às coisas de César.

Os três apóstolos de Jesus também sofreram o impacto da ofensiva dos espíritos das trevas, porém, suas almas estavam iluminadas pelas luzes da consoladora Doutrina que Jesus Cristo viera revelar, o que fazia com que estivessem vigilantes interiormente.

O ensinamento propiciado por estas duas passagens evangélicas representa incisiva admoestação àqueles dormem sobre as riquezas e as glórias efêmeras da Terra, tornando-se avaros, egoístas e orgulhosos, aos que repousam sobre as várias formas de viciações, esquecidos das aquisições de ordem espiritual que impulsionam a criatura para o Criador, aos que se locupletam com as vantagens temporárias que muitas vezes a vida oferece e postergam as coisas que enobrecem a alma, as únicas que são permanentes e que acompanham os Espíritos em sua trajetória evolutiva.
A Parábola do Trigo e do Joio, narrada em Mateus, 13:24-30, descreve: Assemelha-se o reino dos céu homem que semeou boa semente em seu campo. Enquanto porém, dormiam os homens veio inimigo dele e semeou por cima do joio. Jerônimo, o grande doutor da igreja (Patrol, Lat. vol 26 col. 93), previne os chefes da igreja para que não durmam, para que não se façam semeaduras de heresias entre os fiéis.
Deparamos, portanto, também nessa parábola com a necessidade de nos mantermos vigilantes, a fim de que as deturpações doutrinárias não venham a se constituir em embaraços para a propagação das verdades enunciadas pelo Cristo e hoje consagradas pelo Espiritismo.
Paulo A. Godoy
Livro: Crônicas Evangélicas

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Trabalhos & trabalhadores

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)




 

Tudo no mundo reclama entendimento...
Tudo na vida pede nosso esforço...
“Eis que o semeador saiu a semear...” - Jesus. (Mt., 13:3.)
 
O tema chama a atenção para dois posicionamentos importantes, que dizem respeito às nossas atitudes perante os ensinamentos de Jesus e as escolhas que fazemos, ainda que tenhamos pouco conhecimento deles.
Uma delas lembra que os trabalhadores do mundo classificam-se em diferentes posições, mas que o campo é um só; a outra se reporta a uma frase de Jesus, dita aos discípulos, referindo-se ao Evangelho que Ele trazia. Disse o Mestre: “A semeadura é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”¹, ou os colhedores, como entendemos, fazendo referência ao consolo que Seus ensinamentos traziam e a presença de poucos trabalhadores para recolherem essas benesses.
Em relação à primeira, incontáveis são os trabalhos ligados ao estômago, como incontáveis são os trabalhadores que permanecem ligados às emoções relativas ao sexo. Ambos têm fundamento sagrado, mas não podemos e não devemos permanecer parados em uma ou outra expressão, visto ser preciso levantar os olhos e ver acima das regiões nas quais estamos mergulhados.  Necessitamos pensar que existem zonas mais elevadas de onde poderemos colher valores novos, atendendo à nossa própria existência.
Cada um de nós é um celeiro, no qual armazenamos a colheita que houvermos feito em nossas viagens reencarnatórias. É chegado o momento de limparmos esse celeiro e renová-lo com as benesses que houvermos colhido, frutos de semeadura cuidadosa.
A semeadura é nossa, a colheita é nossa e o celeiro é dádiva divina, que precisamos cuidar.  Estamos falando do Espírito que é abrigado pelo corpo, corpo esse que permite a esse mesmo Espírito progredir, evoluir, adquirir valores morais perenes, para que se afaste cada vez mais das zonas inferiores da matéria grosseira e ganhe asas para voos mais altos, em direção a mundos mais elevados.
É a busca de iluminação espiritual, que cada um de nós necessitará, mais cedo ou mais tarde, porque o que é somente material já não nos satisfará mais. Só que essa busca vai requerer, também, de cada um de nós, a disposição firme, a perseverança para alcançar o objetivo e o fortalecimento da fé para que, independentemente dos obstáculos e tentações, possamos prosseguir sem medo.
Tudo no mundo reclama entendimento... Tudo na vida pede nosso esforço...
É neste ponto que a frase de Jesus, dita aos discípulos, necessita esclarecimento: existe o trabalho e existem os trabalhadores. Ainda que estes sejam diferentes, aquele é um só. Ainda que surjam trabalhadores em diferentes posições e atividades, o campo é um só. É a seara do Pai, porque tudo pertence a Ele; tudo emana d`Ele e pode ser transformado em nossas mãos, pela Sua Infinita Misericórdia, em benesses para nós e para os outros. Jesus é o Celeste Trabalhador, agindo em nós e a nosso favor, a fim de aprendermos a ser Seus instrumentos no cumprimento da obra divina em nós.
São as Leis do Trabalho e do Progresso que regem o Universo. Todavia, há milhões de pessoas que se sentem dispensadas da glória de servir; criaturas essas que veem o trabalho como humilhação, como sofrimento e, por isso mesmo, buscam todo tipo de facilidades delituosas, desperdiçando as horas, voltadas tão-somente para a realização dos seus desejos e caprichos, imitando o poço d`água parada que se envenena por si próprio.
Infelizmente, temos, também, muitos aprendizes do Evangelho que almejam grandes realizações de um dia para outro. Diz Emmanuel que esses companheiros – e será que não somos desses? – querem “a coroa da santidade, o poder da cura, a glória do conhecimento superior, as edificações de grande alcance...”²
Entretanto, não basta desejar. Tudo na Natureza obedece a uma sequência da qual ninguém escapa, pois não é possível queimar etapas.
Prossegue Emmanuel, dizendo que a árvore vitoriosa na colheita foi antes um arbusto frágil; que a catarata, capaz de movimentar turbinas poderosas, é um fio de água no nascedouro; e que a construção de um edifício não pode dispensar o serviço da pá e da picareta, do tijolo e da pedra...  Por essa razão, é de vital importância, para garantirmos o prosseguimento nos caminhos da evolução, que abracemos os deveres humildes e simples, por mais árduos que possam ser, pois é através do amor que lhes dedicarmos que atingiremos, no devido tempo, o ideal de progresso que tanto almejamos. Após as pequenas, as grandes tarefas virão espontaneamente ao nosso encontro.
Nenhum trabalhador do campo Divino carrega fardo maior do que aquele que ele pode suportar, embora, tantas vezes, iludido, acredite poder fazê-lo. Fardo pesado exige ombros fortes. Tarefa de grande responsabilidade moral exige preparação adequada, crescimento e desprendimento, em benefício do próximo.
O apóstolo Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, capítulo 2, versículo 15, deixa sábias e justas palavras para que acordemos diante dos convites ao trabalho que Jesus nos faz. Diz ele: “Procura apresentar-te a Deus aprovado como o obreiro que não tem de que se envergonhar”.
O mundo é departamento da Casa Divina. A cátedra para quem fala e a enxada para quem planta não são elementos de divisão humilhante, mas, tão-somente, degraus para cooperadores diferentes. O caminho para a elevação, este sim, é igual para todos. Solo ou livros são somente instrumentos diferentes, mas a essência do serviço é a mesma: apresentar-se diante do Pai como obreiro aprovado na tarefa que lhe foi confiada.
Jesus trouxe o Evangelho para que permanecesse no mundo com a finalidade de enriquecer o espírito humano, mas são tão poucas as criaturas dispostas a trabalhar na sua conquista, enfrentando dificuldades e surpresas que surgem no meio da jornada, com devotamento e fidelidade ao Cristo.
Se de um lado temos a escassez de trabalhadores comprometidos com o Evangelho, de outro, apresenta-se uma multidão de desesperados, aflitos e iludidos, que continuam atravessando séculos sem nada realizar para si mesmos e para os semelhantes. Com isso, esses poucos tarefeiros veem-se onerados em virtude de tantos famintos de pão espiritual. Mas é preciso observar que sem a determinação de buscar, por si próprios, o alimento da vida eterna, ficam aguardando, que chegue até eles, o trigo já beneficiado e o pão já pronto.
Lembra Emmanuel que “esse quadro persistirá na Terra, até que bons consumidores aprendam a ser bons ceifeiros”.³
Jesus é o Semeador Divino por excelência e Suas palavras, sementeira pura e profunda.   Nossos corações também são terrenos a serem cultivados.  Se são pedregosos, cheios de espinhos ou solo fértil, onde caem as sementes amorosas do Mestre amigo, mesmo que ainda não O compreendamos em Sua plenitude, diferentemente dos homens, Ele acredita na nossa capacidade de nos transformarmos, e transformar o que existe ao nosso redor.
Essa capacidade de olhar mais além, de perceber a centelha divina que existe em nós é que faz com que o Excelso Amigo nos aguarde. Ele sabe que nos reergueremos de onde estivermos, com dificuldades, lutas, mas ultrapassando obstáculos com vistas no futuro.
Se ontem semeamos e hoje colhemos, e se desejamos colheita farta e de qualidade no futuro, precisamos aprender a escolher melhor e a recolher essas benesses que emanam de Deus para todos. Evidentemente, é preciso trabalhar para isso, afinal, não estamos trabalhando para nós mesmos?
 
Bibliografia consultada:
1 – Mateus, 9:37.
2 – Emmanuel (Espírito). Fonte Viva – [psicografado por] F. C. Xavier, 31ª ed., FEB – RIO/RJ – 2005 - lição 118.
3 – Emmanuel (Espírito). Pão Nosso – [psicografado por] F. C. Xavier, 17ª ed., FEB – RIO/RJ – 1996 – lição 148.

Fonte: Revista Eletrônica O Consolador