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sábado, 23 de maio de 2015

UNIÃO INFELIZ

 Emmanuel
Pergunta - Qual o fim objetivado com a reencarnação?
Resposta - Expiação.melhoramento progressivo da Humanidade.
Sem isto, onde a justiça?
Item n° 167, de "O livro dos Espíritos".

Dolorosa, sem dúvida, a união considerada menos feliz.
E, claro, que não existe obrigatoriedade para que alguém suporte, a contragosto, a truculência ou o peso de alguém, ponderando-se que todo espírito é livre no pensamento para definir-se, quanto às próprias resoluções.
Que haja, porém, equilíbrio suficiente nos casais unidos pelo compromisso afetivo, para que não percam a oportunidade de construir a verdadeira libertação.
Indiscutivelmente, os débitos que abraçamos são anotados na Contabilidade da Vida; todavia, antes que a vida os registe por fora, grava em nós mesmos, em toda a extensão, o montante e os característicos de nossas faltas.
A pedra que atiramos no próximo talvez não volte sobre nós em forma de pedra, mas permanece conosco na figura de sofrimento.
E, enquanto não se remove a causa da angústia, os efeitos dela perduram sempre, tanto quanto não se extingue a moléstia, em definitivo, se não a eliminamos na origem do mal.
Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias; no entanto, é também dentro delas que somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações.
Isso porque, embora não percebamos de imediato, recebemos, quase sempre, no companheiro ou na companheira da vida intima, os reflexos de nós próprios.
É natural que todas as conjunções afetivas no mundo se nos figurem como sendo encantados jardins, enaltecidos de beleza e perfume, lembrando livros de educação, cujo prefácio nos enleva com a exaltação dos objetivos por atingir.
A existência física, entretanto, é processo específico de evolução, nas áreas do tempo, e assim como o aluno nenhuma vantagem obterá da escola se não passa dos ornamentos exteriores do educandário em que se matricula, o espírito encarnado nenhum proveito recolheria do casamento, caso pretendesse imobilizar-se no êxtase do noivado.
Os princípios cármicos desenovelam-se com as horas.
Provas, tentações, crises salvadoras ou situações expiatórias surgem na ocasião exata, na ordem em que se nos recapitulam oportunidades e experiências, qual ocorre à semente que, devidamente plantada, oferece o fruto em tempo certo.
O matrimônio pode ser precedido de doçura e esperança, mas isso não impede que os dias subseqüentes, em sua marcha incessante, tragam aos cônjuges os resultados das próprias criações que deixaram para trás.
A mudança espera todas as criaturas nos caminhos do Universo, a fim de que a renovação nos aprimore.
A jovem suave que hoje nos fascina, para a ligação afetiva, em muitos casos será talvez amanhã a mulher transformada, capaz de impor-nos dificuldades enormes para a consecução da felicidade; no entanto, essa mesma jovem suave foi, no passado - em existências já transcorridas -, a vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os golpes de nossa própria deslealdade ou inconseqüência, convertendo-a na mulher temperamental ou infiel que nos cabe agora relevar e retificar.
O rapaz distinto que atrai presentemente a companheira, para os laços da comunhão mais profunda, bastas vezes será provavelmente depois o homem cruel e desorientado, suscetível de constrangê-la a carregar todo um calvário de aflições, incompatíveis com os anseios de ventura que lhe palpitam na alma.
Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito - em existências que já se foram – a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe desfigurou o caráter, metamorfoseando-o no homem vicioso ou fingido que lhe compete tolerar e reeducar.
Toda vez que amamos alguém e nos entregamos a esse alguém, no ajuste sexual, ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois somente depois - surpreender nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos, no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de contas certas, mas, sobretudo, a esmolar-nos compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante as leis do destino.
A união suposta infeliz deixa de ser, portanto, um cárcere de lágrimas para ser um educandário bendito, onde o espírito equilibrado e afetuoso, longe de abraçar a deserção, aceita, sempre que possível, o companheiro ou a companheira que mereceu ou de que necessita, a fim de quitar-se com os princípios de causa e efeito, liberando-se das sombras de ontem para elevar-se, em silenciosa vitória sobre si mesmo, para os domínios da luz.
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Dívida agravada. "...Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionam longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto, sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!...

Trecho de uma história para refletirmos sobre o que é uma dívida agravada e a importância de não desanimarmos em nossas lutas diárias para o nosso aperfeiçoamento e harmonização com os nossos irmãos de jornada evolutiva.

Do capítulo " Dívida Agravada"

[...]Nesse ponto da conversação, fomos interrompidos por dezenas de braços ressequidos a implorarem socorro.
        Silas fitava-os, compadecido, mas sem se deter, até que nosso passo foi cortado por apressada mulher, exclamando, ansiosa:

         -Assistente Silas! Assistente Silas!...

         Nosso amigo identificou-a, porque, parando de súbito, estendeu-lhe a destra amiga, murmurando:

         -Luísa, a que vens?

         Defrontavam-se em ambos a curiosidade e a aflição.

         A senhora desencarnada, com sinais de irreprimível angústia, gritou sem preâmbulos:

         -Socorro!...Socorro!...Minha filha, minha pobre Marina esmorece...Tenho lutado com todas as minhas forças para furta-la ao suicídio, mas agora me sinto enfraquecida e incapaz...

         Os soluços sufocaram-lhe a garganta, inibindo-lhe a voz.

         -Fala! – disse o orientador de nossa excursão, em tom imperativo, como se o alarme daquele instante lhe obscurecesse a serenidade mental, imprescindível ao entendimento da nova situação.

         A infeliz ajoelhada agora ergueu os olhos lacrimosos e suplicou:

         -Assistente pordoe-me a insistência em falar-lhe de meu infortúnio, mas sou mãe...Minha desventurada filha pretende matar-se esta noite, comprometendo-se, ainda mais, com as trevas da sua consciência!...

         Silas aconselhou-lhe a volta ao lar terreno, como lhe fosse possível, e, dando-nos as mãos, promoveu a viagem rápida para o objetivo a que devíamos atender.

         Em caminho, informou:

         -Trata-se de companheira da Mansão, reencarnada há quase trinta anos, sob os auspícios de nossa casa,. Prestar-lhe-emos o necessário auxílio, ao mesmo tempo em que vocês poderão examinar um problema de débito agravado.

         Notando que o nosso amigo entrara em silêncio, meu colega externou:

         -É impressionante observar o número de mulheres em trabalho de oração e assistência nessas paragens...

         Preocupado qual se achava, nosso generoso companheiro tentou ensaiar um sorriso que lhe não chegou aos lábios, e juntou:

         -Grande verdade...Raras esposas e raras mães demandam às regiões felizes sem os doces afetos que acalentam no seio...O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na Criação divina.

         Todavia, não houve mais tempo para qualquer outra divagação.

         Atingíramos no plano físico; pequena moradia constituída de três peças desativadas e estreitas.

         O relógio acusava alguns minutos depois de zero hora.

         Acompanhando Silas, cuja presença deslocou diversas entidades da sombra que ali se ajuntavam com a manifesta intenção de perturbar, ingressamos num quarto humilde.

         Percebemos, sem palavras, que o problema era efetivamente desolador.

         Junto de jovem senhora agoniada e exausta, uma menina de dois a três anos choramingava, inquieta... Via-se-lhe nos olhos esgazeados e inconscientes o estigma dos que foram marcados por irremediável sofrimento ao nascer.    

         Contudo, através da preocupação indisfarçável de Silas, era fácil reconhecer que a pobre senhora era o caso mais urgente para os nossos cuidados.

         A infeliz, de joelhos, beijava sofregamente a pequenina, mostrando a indefinível angústia dos que se despedem para sempre.

         Logo após, em movimento rápido, tomou de um copo em que se encontrava beberagem cujo teor tóxico não nos deixava qualquer dúvida. Antes, porém de cola-lo à boca em febre, eis que o Assistente lhe disse em voz segura:

         -Como podes pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?

         A desventurada não lhe ouvia a pergunta com os tímpanos de carne, mas a frase de Silas invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta.

         Lampejaram-lhe os olhos novo brilho e o copo tremeram-lhe nas mãos, agora indecisas.

         Nosso orientador estendeu-lhe os braços envolvendo-a em fluídos anestesiantes de carinho e bondade.

         Marina, pois era ela a irmã para quem aflito coração materno suplicara socorro, dominada de novos pensamentos, recolocou o perigoso recipiente no lugar primitivo e, sob a vigorosa influência do diretor de nossa excursão, levantou-se automaticamente e estirou-se ao leito, em prece...

-“Deus meu, Pai de Infinita Bondade – Implorou em voz alta -, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranqüilo no leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou doente... Nossas contas esmagam-me... Como vencer a enfermidade que me devora, obrigada a costurar sem repouso, entre o marido e a filhinha que me reclamam assistência e ternura?...”

Silas administrava-lhe passes magnéticos de prostração e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num impulso irrefletido, batesse com força no copo fatídico, que rolou no piso do quarto, derramando o líquido letal.

         Em lágrimas copiosas, a pobre criatura insistiu, desolada:

-Ó Senhor, compadece-te de mim!...

Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a entravar-lhe a possibilidade da morte deliberada naquele instante, passou a orar em silêncio, com evidentes sinais de temos e remorso, atitude mental essa que lhe acentuava a passividade e da qual se valeu o Assistente para conduzi-la ao sono provocado.

         Silas emitiu forte jacto de energia fluídica sobre o córtex encefálico dela, e a moça, sem conseguir explicar a si mesma a razão do torpor que lhe invadia o campo nervoso, deixou-se adormecer pesadamente, qual se houvera sorvido violento narcótico.

         O Assistente interrompeu a operação socorrista e falou-nos bondoso:

         -Temos aqui asfixiante problema de contra agravada.

         E designando a jovem mãe, agora extenuada, continuou:

         -Marina veio de nossa Mansão para auxiliar a Jorge e Zilda, dos quais se fizera devedora. No século passado, interpôs-se entre os dois, quando recém-casados, impelindo-os a deploráveis, leviandades que lhes valeram angustiosa demência no Plano Espiritual. Depois de longos padecimentos e desajustes, permitiu o Senhor que muitos amigos intercedessem, junto aos Poderes Superiores, para que se lhes recompusesse o destino, e os três renasceram no mesmo quadro social, para o trabalho regenerativo. Marina, a primogênita do lar de nossa irmã Luísa, recebeu a incumbência de tutela a irmãzinha menor, que assim se desenvolveu ao calor de seu fraternal carinho, mas, quando moças feitas, há alguns anos, eis que, segundo o programa de serviço traçado antes da reencarnação, a jovem Zilda reencontra Jorge e reatam, instintivamente, os elos afetivos do pretérito. Ama-se com fervor e confia-se ao noivado. Marina, porém, longe de corresponder às promessas esposadas no Mundo Maior, pelas quais lhe cabia amar o mesmo homem, no silêncio da renúncia construtiva, amparando a irmãzinha, outrora repudiada esposa, nas lutas purificadoras que a atualidade lhe ofertaria, passou a maquinar projetos inconfessáveis, tomada de intensa paixão. Completamente cega e surda aos avisos de sua consciência, começou a envolver o noivo da irmã em larga teia de seduções e, atraindo para o seu escuso objetivo o apoio de entidades caprichosas e enfermiças, por intermédio de doentios desejos, passou a hipnotizar o moço, espontaneamente, com o auxílio dos vampiros desencarnados, cuja companhia aliciara sem perceber... E, Jorge, inconscientemente dominado, transferiu-se do amor por Zilda à simpatia por Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no íntimo, sem que ele mesmo pudesse controlar-lhe a expansão...Decorridos breves meses dedicavam-se ambos a encontros ocultos, nos quis se comprometeram um com o outro na maior intimidade...Zilda notou a modificação do rapaz, mas procurava, desculpar-lhe a indiferença à conta de cansaço no trabalho e dificuldades na vida familiar. Todavia, em faltando apenas duas semanas para a realização do consórcio, surpreende-se a pobrezinha com a inesperada e aflitiva confissão... Jorge expõe-lhe a chaga que lhe excrucia o mundo interior... Não lhe nega admiração e carinho, mas desde muito reconhece que somente Marina deve ser-lhe a companheira no lar. A noiva preterida sufoca o pavoroso desapontamento que a subjuga a, aparentemente, não se revolta. Ms, introvertida e desesperada, consegue na mesma noite do entendimento a dose de formicida com que põe termo à existência física. Alucinada de dor, Zilda desencarnada foi recolhida por nossa irmã Luísa, que já se achava antes dela em nosso mundo, admitida na Mansão pelos méritos maternais. A genitora desditosa rogou o amparo de nossos Maiores. Na posição de mãe, apiedava-se de ambas as jovens, de vez que a filha traidora, aos seus olhos era mais infeliz que a filha escarnecida, embora esta última houvesse adquirido o grave débito dos suicidas, em seu caso atenuado pela alienação mental em que a moça se vira, sentenciada sem razão a inqualificável abandono... Examinado o assunto, carinhosamente, pelo Ministro Sânzio, que conhecemos pessoalmente, determinou ele que Marina fosse considerada devedora em contra agravada por ela mesma. E, logo após a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada ao lar para receber aí os cuidados merecidos. Marina falhara na prova de renúncia em favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao sacrifício pela mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu convívio na situação de filha terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi assim que Jorge e Marina, livres, casaram-se, recolhendo da Terra a comunhão afetiva pela qual suspiravam; entretanto dois anos após o enlace, receberam Zilda em rendado berço, como filhinha estremecida. Ms... Desde os primeiros meses do rebento adorado, identificaram-lhe as dolorosas prova. Zilda, hoje chamada Nilda, nasceu surda-muda e mentalmente retardada, em conseqüência do trauma perispirítico experimentado na morte por envenenamento voluntário. Inconsciente e atormentada nos refolhos do ser pelas recordações asfixiantes do passado recente chora quase que dia e noite... Quanto mais sofre, porém, mais ampla ternura recolhe dos pais que a amam com extremados desvelos de compaixão e carinho... A vida corria-lhe regularmente, não obstante atribulada pelas provas naturais do roteiro, quando, há meses, Jorge foi apartado para o leprosário, onde se encontra em tratamento. Desde então, entre o esposo doente e a filhinha infeliz, Marina, em seu débito agravado, padece o abatimento em que a encontramos, martelada igualmente pela tentação do suicídio.

         Silenciou o Assistente.

         Achávamo-nos, eu e o Hilário, assombrados e comovidos.

         O problema era doloroso do ponto de vista humano, contudo encerrava precioso ensinamento da Justiça Divina.

         Silas acariciou a moça prostrada e acentuou:

         -Auxiliar-nos-á o Senhor para que se recupere e reanime.

         Nesse instante, a irmã Luísa penetrou no recinto entre deprimida e ansiosa.

         Inteirou-se de todas as ocorrências e agradeceu, enxugando as lágrimas.

         Silas, no entanto, interessado em conduzir o socorro até ao fim, administrou novos recursos magnéticos à mãezinha debilitada, e então presenciamos um quadro inesquecível.

         Marina ergueu-se em Espírito sobre o corpo somático e pousou em nós o olhar vago e inexpressivo...

         Nosso diretor, porém, com o despertar-lhe as percepções do Espírito, afagaram-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluídos luminescentes e, de repente, à maneira do cego que retorna à visão, a pobre criatura viu a genitora que lhe estendia os braços amigos e carinhosos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria:

         -Mãe! Minha mãe!...Pois és tu?

         Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso, qual se o fizesse a uma criança doente e, mal reprimindo a emoção, falou-lhe, triste:

         -Sim, filha querida; sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento.

         E, beijando-a ternamente, embora aflita, continuou:

         -Por que o desânimo, quando a luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia celestial? Que seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acrisola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos erros em remédio salutar para o resgate de nossas culpas... As enfermidades de nossas Jorge e as provações de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido... Que fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou? Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para recuperar a dignidade feminina que tisnaste coma nódoa da traição...Recorda a irmãzinha que partiu, acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga em desvelo e sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à Eterna Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação dolorosa, mas justa...Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!...Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lutas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionam longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto, sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!...

         Calou-se Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz.

         Marina, agora, ajoelhada e lacrimosa, osculava-lhe as mãos, clamando em súplica:

         -Mãe querida, perdoa-me! Perdoa-me!...

         Luísa ergueu-a com esforço e, dando-nos idéia dos calvários maternais que costumam prender as grandes mulheres, depois da morte, conduziu-a em passos vacilantes até à criança enferma e, acarinhando a fronte da pequenina, empapada de suor, implorou, humilde:

         -Filha querida, não procure a porta falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor para eu continuar vivendo por ti...

         A moça, renovada, rojou-se sobre a menina triste, mas, como se a emotividade daquela hora lhe sufocasse a mente desperta, foi repentinamente atraída pelo corpo de carne, como o grânulo de ferro pelo imã, e vemo-la acordar, em pranto copioso, bradando, inconsciente:

         -Minha filha!...Minha filha!...

         O Assistente, respeitoso, despediu-se de Luísa e afirmou:

         -Louvado seja Deus! Nossa Marina ressurge, transformada.

         Afastamo-nos sem palavras.

         Lá fora, no céu, nuvens distantes coroavam-se de luz aos clarões purpúreos da aurora e, de alma embriagada de reconhecimento e esperança, meditei na Infinita Bondade de Deus, que faz raiar, depois de cada noite, a bênção do novo dia.

 
Livro: Ação e Reação 
André Luiz , espírito e psicografado por Chico Xavier

 

terça-feira, 5 de março de 2013

ACÊRCA DO DIVÓRCIO

CAPÍTULO XIX
ACÊRCA DO DIVÓRCIO
ACERCA DO DIVÓRCIO
1 - E aconteceu que, tendo Jesus acabado estes discursos, partiu de Galiléia, e veio para os confins da Judéia, além do Jordão.
2 - E seguiram-no muitas gentes, e curou ali os enfermos.
3 - E chegaram-se a ele os fariseus, tentando-o, e dizendo:
É por ventura lícito a um homem repudiar a sua mulher, por qualquer causa?
4 - Ele, respondendo, lhes disse: Não tendes lido que quem criou o homem, desde o princípio fê-los macho e fêmea? E disse:
5 - Por isso deixará o homem pai e mãe, e ajuntar-se-á com sua mulher, e serão dois numa só carne.
6 - Assim que já não são dois, mas uma só carne. Não separe logo o homem o que Deus ajuntou.
O casamento é uma instituição divina. Por meio do casamento, Deus providencia os corpos materiais para os espíritos encarnarem e progredirem; porque, como sabemos, é só pelo trabalho incessante, que o espirito realiza, ora nos círculos materiais, ora nos espirituais, é que se efetua sua evolução.
No ambiente do lar, encontramos os elementos indispensáveis para novos surtos de progresso e de redenção. É também no aconchego do lar, que ensaiamos nossos primeiros passos de amor para com nossos semelhantes. À medida que formos evoluindo, alargaremos o círculo de nosso amor, até que o amor que hoje dedicamos à nossa família, o dedicaremos à humanidade. Erram por conseguinte, os que querem ver no casamento apenas a influência das leis materiais. Ao lado das leis materiais, quase que instintivas, funcionam também puras e santificantes leis morais. Se as leis do instinto ligam os corpos, as leis morais ligam as almas, e determinam cinco espécies de casamentos, em nosso planeta, a saber:
CASAMENTOS POR AFINIDADE:
Almas gêmeas isto é, com o mesmo grau de evolução, unem-se para progredirem juntas. Dão-nos o exemplo do casamento perfeito. O lar é harmonioso. A vida exemplar que o casal vive, constitui um modelo.
CASAMENTOS DE PROVAS:
O casamento é uma prova de resignação, paciência, tolerância e fraternidade. Espíritos de diversos graus evolutivos reúnem-se no mesmo lar, onde se esforçam por viverem em harmonia, apesar da disparidade de gostos, de idéias e de inclinações, que os separam.
CASAMENTOS DE EXPIAÇÃO:
Espíritos culpados, que erraram juntos em encamações anteriores, reúnem-se no mesmo lar, para retificarem os erros do passado.
CASAMENTOS DE RESGATE:
O casamento é de resgate, quando os membros da família procuram resgatar dívidas, que contraíram uns para com os outros, em encarnações anteriores. Assim, o homem que atirou à lama uma mulher, na encarnação seguinte poderá pedir para vir a ser seu marido, para dignificá-la. A mulher, por cuja causa um homem se desviou, poderá, em futura encarnação, servir-lhe de arrimo, para ajudá-lo a voltar ao reto caminho. Os pais que se descuraram da educação moral dos filhos, poderão pedir nova encarnação, em que lhes seja concedido trabalharem para a melhoria de seus filhos extraviados, resgatando desse modo, o mal que lhes causaram.
CASAMENTOS DE RENÚNCIA:
O casamento é de renúncia quando um ou os dois cônjuges, embora não mais necessitando de encarnações terrenas, contudo se encarnam para apressarem o progresso de seus familiares, que se atrasaram no caminho da evolução.
Como vemos além de formarem uma só carne, marido e mulher obedecem a sublimes leis morais, que não podem ser transgredidas impunemente.
7 - Replicaram-lhe eles: Pois, por que mandou Moisés dar o homem à sua mulher carta de desquite, e repudiá-la?
8 - Respondeu-lhes: Porque Moisés, pela dureza de vossos corações, vos permitiu repudiar a vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim.
9 - Eu pois vos declaro que todo aquele que repudiar sua mulher, se não é por causa da fornicação, e casar com outra, comete adultério, e o que se casar com a que o outro repudiou, comete adultério.
Quando o egoísmo fala mais alto, endurecendo os corações dos cônjuges, estes facilmente desprezam as leis morais, que lhes presidia à união, e o casamento é, ordinariamente, rompido. Entretanto, ainda assim o Evangelho proíbe a união dos cônjuges com terceiros, dando desta maneira a entender claramente, que os laços do casamento são indissolúveis aqui na terra enquanto os dois cônjuges estiverem encarnados.
10 - Disseram-lhe seus discípulos: Se tal é a condição de um homem a respeito de sua mulher, não convém casar-se.
11 - Ao que ele respondeu: Nem todos são capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi dado.
12 - Porque há uns castrados, que nasceram assim do ventre de sua mãe; e há outros castrados, a quem outros homens fizeram tais; e há outros castrados, que a si mesmo se castraram por amor do reino dos céus. O que é capaz de compreender isto, compreenda-o.
Ao ouvirem tão novos ensinamentos e tão contrários ao costume geral, os discípulos ficaram admirados. E Jesus lhes explica que, conquanto fossem poucos, já existem na terra pessoas que compreendem o quanto de sublime há no sagrado instituto da família.
Os que nasceram castrados, são aqueles que se desviaram pelo sexo, em encarnações anteriores; e agora penetram na vida terrena, punidos naquilo por que pecaram.
Os que os homens castraram, são aqueles que sofreram essa crueldade, comum no Oriente, ainda até há bem pouco tempo.
Finalmente, os que se castraram por amor do reino dos céus, são aqueles que sabem dignificar as leis naturais do sexo, no sagrado instituto da família. E também aqueles que, não tendo conseguido constituir família, sabem manter-se em nobre e digna castidade.
JESUS ABENÇOA OS MENINOS
13 - Então lhe foram apresentados vários meninos, para lhes impor as mãos, e fazer oração por eles. E os discípulos os repeliam com palavras ásperas.
14 - Mas Jesus lhes disse: Deíxai os meninos, e não embaraceis que eles venham a mim; porque destes tais é o reino dos céus.
15 - E depois que lhes impôs as mãos, partiu dali.
Destes tais é o reino dos céus, significa que somente os que alcançaram a pureza e a inocência das crianças, estão em estado de merecerem a felicidade, que se origina sempre de uma consciência sem mácula.
Estas palavras de Jesus também são uma ordem, para que as crianças sejam instruídas em seu Evangelho, desde pequeninas. Embaraçar as crianças e mesmo repeli-las para que não se acerquem de Jesus, simboliza a indiferença dos pais em não cuidarem da educação evangélica de seus filhinhos. Proceder assim é um erro de lamentáveis conseqüências espirituais; porque os pais se esquecem de indicar aos filhos o caminho que facilmente os conduziria a Deus.
É muito comum depararmos com pais espíritas, que militam nas fileiras do Espiritismo como médiuns ou como pregadores, e não sabem encaminhar seus filhos para o caminho da espiritualidade e da evangelização, deixando-os entregues a si mesmos. O resultado é que os filhos inexperientes, privados do auxílio da experiência dos pais, desviam-se com facilidade, preparando colheitas de lágrimas e de sofrimentos para si próprios e para os pais que não souberam, ou não quiseram guiá-los pelo caminho reto.
O MANCEBO RICO
16 - E eis que, chegando-se a ele um, lhe disse: Bom Mestre, que obras boas devo fazer, para alcançar a vida eterna?
17 - Jesus lhe respondeu: Porque me perguntas tu o que é bom? Bom só Deus o é. Porém, se tu queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 - Ele lhe perguntou: Quais? E Jesus lhe disse: Não cometerás homicídio. Não adulterarás. Não cometerás furto. Não dirás falso testemunho.
19 - Honra a teu pai e à tua mãe, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
20 - O mancebo lhe disse: Eu tenho guardado tudo isso desde a minha mocidade; que é que me falta ainda?
21 - Jesus lhe respondeu: Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me.
22 - O mancebo, porém, como ouviu esta palavra, retirou-se triste; porque tinha muitos bens.
Para que ao desencarnar, o espírito atinja as regiões superiores do mundo espiritual, não lhe basta somente guardar os mandamentos divinos. É preciso que além de uma vida nobre e pura, tenha a coragem suficiente de se desprender das coisas da terra.
Respondendo Jesus ao moço rico, que se desfizesse do que possuía em benefício dos que nada tinham, mostrou-lhe que ainda lhe faltava a virtude da renúncia, isto é, pensar nos outros antes de pensar em si. E lhe demonstrando que precisava adquirir a virtude da renúncia, Jesus ensinou ao moço rico que o excessivo apego às riquezas da terra, amarra a alma às regiões inferiores, e não a deixa elevar-se para Deus.
Ao dizer Jesus que só Deus é bom, dá-nos uma lição de humildade, pois, por nós próprios nada somos, se a bondade divina não nos amparar.
23 - E Jesus disse aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificultosamente entrará no reino dos céus.
24 - Ainda vos digo mais: Que mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus.
O poder e os gozos materiais que a riqueza proporciona; o orgulho que alimenta nos corações; a sedução que exerce sobre as almas; tudo isso torna a prova da riqueza uma das mais difíceis, que um espírito tem de suportar no caminho da perfeição.
A riqueza é cheia de méritos para o futuro espiritual de uma alma, quando é bem empregada; porque a riqueza é uma das alavancas do progresso do mundo. Os ricos são os despenseiros dos bens materiais de Deus. E como tal, devem zelar para que nada falte aos que nada possuem. E que não seja por meio da fria caridade, que se limita a distribuir apenas algumas moedas; mas sim, pelo exercício da caridade ativa, que consiste em promover o trabalho, a instrução. O bem-estar e a moralização da família humana. E como, ordinariamente, o rico se esquece de seus deveres de mordomo, e usa, egoisticamente, só para si próprio, os bens que lhe foram confiados, torna-se difícil sua ascenção para Deus.
25 - Ora os discípulos, ouvidas estas palavras, conceberam grande espanto, dizendo: Quem poderá logo salvar-se?
26 - Porém Jesus, olhando para eles, disse: Aos homens é isto impossível, mas a Deus tudo é possível.
Na verdade, para Deus não é difícil que um rico se salve, porque existe a lei da reencarnação, a qual permite a cada um retificar os erros cometidos. Assim, aquele que empregou mal a riqueza, não está perdido, porque é vontade de Deus que não se perca nenhum de seus filhos; nas futuras encarnações, corrigirá os maus atos que praticou pelo emprego errôneo da riqueza. E então estará salvo.
27 - Então, respondendo, Pedro lhe disse: Eis aqui estamos nós que deixamos tudo, e te seguimos; que galardão pois será o nosso?
28 - E Jesus lhes disse: Em verdade vos afirmo que vós, quando no dia da regeneração estiver o Filho do homem sentado no trono da sua glória, vós, torno a dizer, que me seguistes, também estareis sentados sobre doze tronos, e julgareis as doze tribos de Israel.
Paupérrimos como eram, mesmo ao pouco que possuíam, os apóstolos souberam renunciar, a fim de auxiliarem Jesus na grandiosa tarefa de regeneração da humanidade. É justo, pois, que continuem a ser no mundo espiritual os principais colaboradores de Jesus, na obra de evangelização que se processa no mundo.
Jesus simboliza nas doze tribos de Israel a humanidade, e no cargo de juiz que confere a cada apóstolo, a supremacia que conquistaram no trabalho evangélico.
29 - E todo o que deixar, por amor do meu nome, a casa, ou os irmãos ou as irmãs ou o pai ou a mãe ou a mulher ou os filhos ou as fazendas, receberá cento por um, e possuirá a vida eterna.
Os interesses espirituais deverão sempre ser colocados acima dos interesses materiais, e mesmo acima dos laços transitórios da família. Por mais que amemos a casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, a mulher, o marido, os filhos e nossas riquezas, jamais consintamos que nos sirvam de embaraço em nosso caminho para a espiritualidade. Especialmente os médiuns e todos os que foram convocados para a luta no campo do Espiritismo, nunca deverão deixar que os obstáculos criados no ambiente doméstico, lhes façam esquecer de seus deveres sublimes. É comum os familiares de um médium servirem de tentação para desviá-la do desempenho de suas responsabilidades mediúnicas. Às vezes, nossos entes queridos ainda não alcançaram o grau de compreensão espiritual, que lhes possibilitaria avaliarem o que significa o trabalho na seara de Jesus. E nesse estado de incompreensão, criam dificuldades de toda a sorte, perturbando o trabalho do discípulo fiel. É contra essa espécie de tentação, que Jesus quer que nos precatemos. Ele aqui nos quer dizer que sejamos suficientemente fortes para não cedermos, colocando acima de tudo, o trabalho divino que nos foi confiado.
30 - Porém, muitos primeiros virão a ser os últimos, e muitos últimos virão a ser os primeiros.
Nem sempre os que primeiro recebem as palavras de Jesus, têm o ânimo suficientemente forte para perseverarem até o fim, na observância de seus ensinamentos. Há os que se desviam ou recebem as lições com indiferença, sendo-lhes necessário longo período retificador, antes de conquistarem o reino dos céus. E acontece que há os que recebem as palavras de Jesus por último, e se esforçam de tal modo por segui-las, que facilmente alcançam e deixam para trás os que primeiro as ouviram. Vemos suceder a mesma coisa no Espiritismo: quantos há que ouvem as lições espíritas desde cedo e, no entanto, nenhum progresso espiritual conseguem; e quantos ingressam no Espiritismo já no fim de suas encarnações, e ainda produzem ótimos frutos espirituais para suas almas.
Eliseu Rigonatti