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terça-feira, 15 de junho de 2021

VAIDADE "A guerra, portanto, sendo uma calamidade, uma infração monstruosa das leis humana e divina, nada pode apresentar que a justifique. Como fruto do atraso moral, da cegueira espiritual e da vaidade dos homens..."

 



VAIDADE


Este mundo, como planeta de categoria inferior, é um grande palco de vaidades onde se entrechocam as vítimas daquele mal.


Dizemos - vítimas - porque realmente o são todos os que se deixam enredar nas malhas urdidas pelas múltiplas modalidades em que o orgulho se desdobra.


A vaidade sempre produz resultado oposto àquele a que suas vítimas aspiram, confirmando destarte a sábia assertiva do Mestre: "Os que se exaltam serão humilhados".


Se meditássemos na razão por que Jesus, no Sermão do Monte, primeiro contato que teve com o povo, iniciou aquela prédica dizendo - bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus -, ficaríamos sabendo que a soberba, sob seus vários aspectos constitui a pedra de tropeço que embarga nossos passos na conquista dos bens imperecíveis consubstanciados no reino de Deus.


Geralmente se costuma glosar em todos os tons a vaidade da mulher. E que diremos da do homem? A vaidade da mulher está na periferia, é inócua, quase inocente. Seus efeitos recaem sobre ela própria, não afeta terceiros; demais, o tempo mesmo se incumbe de corrigi-la, mostrando-lhe a ingenuidade de sua presunção.


E a do chamado sexo forte? Realmente, ao menos nesse particular a denominação assenta-lhe perfeitamente. A vaidade do homem é profunda, radica-se nos refolhos recônditos do seu coração. E' cruel, é feroz e sinistra em seus malefícios, cujos efeitos, por vezes, separam amigos, destroem povos e arruinam nações.


A vaidade do homem tem feito correr rios de sangue e torrentes de lágrimas, estendendo o negro véu da orfandade sobre milhares de seres que mal haviam iniciado a existência.


Para comprovarmos o asserto, temos o testemunho da história do passado e a do presente. Que fizeram os tiranos ditadores de ontem e de hoje? Que fator, senão a vaidade, preponderou no ânimo dos Napoleões, dos Júlios Césares, dos Hitlers e dos Mussolinis, levando-os a desencadearem conflagrações, cada um na sua época, tripudiando sobre a vida humana, o direito, a liberdade e a justiça?


Diante, pois, dos flagelos e das hecatombes deflagradas pela vaidade masculina, que representam o "baton", o "rouge", o esmalte, as "permanentes" ? Coisas infantis, íngenuidades!


Cumpre ainda assinalarmos aqui que os edificantes exemplos de humildade registrados nos Evangelhos não tiveram nos homens os seus protagonistas, mas nas mulheres. Haja vista a atitude de Maria de Nazaré, já quando recebeu a investidura de Mãe do Cristo de Deus, já no que respeita à compostura em que se teve, acompanhando o desenrolar dos acontecimentos que se relacionavam com seu Filho, da manjedoura à cruz.


A figura quase apagada que Maria se conservou é o pedestal de glória em que refulge seu adamantino Espírito, ficando assim a justeza e a propriedade da sentença do Senhor: Os que se humilham serão exaltados.


Dizem que as guerras também contribuem para a obra da evolução. É certo que Deus sabe tirar das próprias loucura, que os homens cometem, os meios de corrigí-los e aperfeiçoá-los; todavia, não é menos certo que Deus não precisa nem necessita de tais insânias para realizar seus desígnios.


A guerra, portanto, sendo uma calamidade, uma infração monstruosa das leis humana e divina, nada pode apresentar que a justifique. Como fruto do atraso moral, da cegueira espiritual e da vaidade dos homens, está condenada e proscrita pela consciência cristã revivida e proclamada pela Terceira Revelação.


Vinícius

terça-feira, 8 de junho de 2021

A INCOERÊNCIA DA TRINDADE:"A Doutrina dos Espíritos proclama que Deus é nosso Pai, uno, indivisível, eterno, imutável, onipotente, onisciente."

 

A Doutrina que vos ensino não é minha, mas daquele que me enviou." (João, 7:16)


Seria incoerente alguém enviar-se a si próprio para o desempenho de determinada missão. Se o Cristo fosse o próprio Deus, conforme o apregoam as teologias, Ele falaria por si próprio, Deus, conforme o apregoam as teologias, Ele falaria por si próprio, não havendo necessidade de empregar subterfúgios, sustentando que a Doutrina que ensinava não era sua, mas daquele que o havia enviado.

No decurso do seu Messiado, Jesus deixou bem evidenciado que era uma personalidade distinta do Pai, e não uma entidade trina. Não deixou também de demonstrar a sua subordinação à vontade de uma entidade maior: Deus. Basta perlustrar as páginas dos Evangelhos, para constatar, de forma reiterada, que Ele veio à Terra num momento apropriado, a fim de revelar verdades novas, objetivando atualizar os velhos conceitos contidos na lei mosaica, os quais já estavam superados.

Fato concludente ocorreu no Horto das Oliveiras, quando o Cristo, em ardente prece dirigida ao Criador, por três vezes consecutivas, rogou que "se fosse possível passasse dele aquele cálice de amargura", acrescentando, logo a seguir: "Contudo, Senhor, seja feita a tua vontade e não a minha."

Se Ele fosse o próprio Deus, ou parte trina de Deus, não haveria necessidade de formular uma ação dessa natureza, dirigida a si próprio. Ele teria resolvido o problema de per si. No cimo do Calvário, pendurado na Cruz, Ele exclamou: "Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito", frase essa que também atesta, de forma clara, a sua dependência em relação ao Criador de todas as coisas.

Em pleno Século das Luzes, quando o Espírito de Verdade já está entre nós para estabelecer toda a Verdade, não há mais lugar para ensinamentos errôneos, nem podem prevalecer velharias, verdadeiros resíduos de discussões estéreis entre homens personalistas e eivados de interesses materiais. A crença na existência de um Deus único é uma das verdades que cumpre ser restabelecida.

Ninguém que se tenha aprofundado na análise dos preceitos 
evangélicos, ou meditado sobre as palavras do Cristo, podem em sã razão proclamar que neles exista qualquer afirmação categórica, ou de Jesus, que conduza à crença que Ele seja o próprio Deus, ou parte trina de Deus. O seu dizer "quem ver o Pai vê a mim, ou "Eu e o Pai somos uno", não significa em absoluto que Ele não tenha uma individualidade própria. Jesus Cristo foi um enviado de Deus e, portanto, seu representante na Terra. Como autêntico embaixador dos céus, que o via, claramente quem o havia enviado.

Os antigos israelitas, apesar de todos os seus preconceitos e vãs tradições alimentavam uma concepção mais realística sobre a unicidade de Deus, embora lhe atribuíssem características profundamente humanas. Não se nota nos livros do chamado Velho Testamento nenhuma passagem que sustente ser Deus uma entidade trina.

Ninguém desconhece que a implantação do dogma da Trindade foi imposição política, ou pelo menos contou com o apoio político do Imperador Constantino, de Roma, que, naquela época, havia se transformado em protetor dos cristãos. Houve intensas contendas, e Ário, que era radicalmente contrário à teoria da Trindade, juntamente com outras mentalidades esclarecidas, foi vencido, porque o Imperador não desejava criar problemas que afetassem a paz do Império. Implantado, nessa época, o dogma persistiu até o presente.

O Espiritismo vem esclarecer os homens em torno dessa questão, restabelecendo as coisas em seus devidos lugares. A Doutrina dos Espíritos proclama que Deus é nosso Pai, uno, indivisível, eterno, imutável, onipotente, onisciente. Jesus é o nosso Irmão Maior, que já colimou elevadíssimo grau de perfeição, mas ainda continua sujeito às leis evolutivas. O chamado Espírito Santo é a comunidade dos Espíritos esclarecidos, obreiros do bem, executores da vontade de Deus, na Terra, lídimos intermediários entre o Céu e a Terra, entre Deus e os homens, sempre sob a égide augusta de Jesus Cristo, o governador do nosso Planeta.

Paulo A. Godoy

quinta-feira, 3 de junho de 2021

AS DUAS ESPADAS : VERDADE E AMOR

 Fragmentos do texto:

"É imperioso, portanto, que procuremos extrair desta passagem evangélica o espírito que vivifica, desprezando a letra que mata.[...]O Mestre pretendeu demonstrar que, daquela hora em diante haveria necessidade de apenas duas espadas: a espada da Verdade, que ataca a mentira em seu próprio reduto, fazendo com que ela jamais possa prevalecer; e a espada do amor que pode regenerar o mundo[...] Por isso, o Senhor recomendou-lhes que se desfizessem das vestes do preconceito, do formalismo, do apego às tradições inócuas, e comprassem as espadas do amor e da verdade, espadas essas que cortariam rente as excrescências dessa ordem, que ainda residiam no recôndito dos seus corações e combateriam certas tradições.





AS DUAS ESPADAS 


"E o que não tem espada, venda seu vestido e compre-a." (Lucas, 22:36)


Ao recomendar a seus discípulos que vendessem seus vestidos e comprassem espadas, estes responderam-lhe: "Senhor, eis aqui duas espadas", tendo Jesus Cristo replicado: "Basta !"


Teria o Mestre realmente recomendado a seus apóstolos que se desfizessem de suas vestes a fim de comprar armas, apregoando assim a violência?


Seriam duas espadas suficientes para conter todo um cortejo de homens armados de espadas e varapaus, o qual, tendo Judas Iscariotes por guia, buscara o Senhor no Horto das Oliveiras?


Haveria possibilidade de doze homens pacifistas (o Mestre e onze apóstolos), que haviam levado três anos de pregação do perdão, do amor e da tolerância, serem coagidos a lutar com espadas:


Se Jesus recomendou-nos que oferecêssemos a face direita para quem nos batesse na esquerda, como poderia ele recomendar o revide à espada, contra aqueles que o buscavam?


Essa recomendação conflita com tudo aquilo que nos é ensinado nas páginas dos Evangelhos. A sua consagração significaria abandono da tolerância, da mansuetude e do perdão, e a apologia da violência, do revide, do ódio.


É imperioso, portanto, que procuremos extrair desta passagem evangélica o espírito que vivifica, desprezando a letra que mata.


Nos Evangelhos há uma narrativa que afirma ter Pedro ferido um dos soldados na orelha, tendo merecido do Mestre severa reprimenda: Pedro, embainha a tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido, o que contradiz a recomendação para que os apóstolos comprassem espadas.


O Mestre pretendeu demonstrar que, daquela hora em diante haveria necessidade de apenas duas espadas: a espada da Verdade, que ataca a mentira em seu próprio reduto, fazendo com que ela jamais possa prevalecer; e a espada do amor que pode regenerar o mundo, reformando os homens, o que aliás constituiu a razão primária do advento de Jesus Cristo entre nós.


Com a espada da verdade seriam desmascarados os falsos religiosos, os escribas, os fariseus hipócritas, os quais mantinham aspectos exteriores de homens virtuosos, mas interiormente estavam mergulhados no ódio, nas vaidades terrenas, mantendo costumes dissolutos e distanciados da moral. Com essa mesma espada combater-se-ia o apego de homens como Pilatos, que apesar de perguntar ao Mestre: O que é a Verdade?, situou acima dela seus interesses políticos e sua posição de mando.


A luta no mundo, após a crucificação de Jesus Cristo, teria que ser travada apenas com essas duas espadas e essa foi a razão que o levou a recomendar: e o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a.


Os apóstolos, apesar de serem Espíritos de ordem elevada, escolhidos para nascerem na Terra como assessores de Jesus Cristo, ainda aninhavam em seus corações alguns sentimentos de hegemonia, pois nos próprios Evangelhos consta que eles foram severamente admoestados pelo fato de discorrerem sobre qual deles era o maior, merecendo a observação: Aquele qm quiser ser o maior, seja o que sirva. Além disso, eles alimentavam preconceitos contra povos estrangeiros, então chamados gentios.


Por isso, o Senhor recomendou-lhes que se desfizessem das vestes do preconceito, do formalismo, do apego às tradições inócuas, e comprassem as espadas do amor e da verdade, espadas essas que cortariam rente as excrescências dessa ordem, que ainda residiam no recôndito dos seus corações e combateriam certas tradições que ainda observavam, no tocante a determinadas formas de ritualismos como o batismo da água, a circuncisão e outros.


O mundo é uma vasta arena de lutas, na qual são necessárias espadas, pois com elas os homens aprenderão a lutar contra as violações tenebrosas que os assoberbam, tais como o orgulho, a vaidade, o ódio, a avareza, o ciúme, a vingança, e também contra os ritualismos, as superstições, o obscurantismo, pois há necessidade de se lembrarem constantemente de duas sentenças proferidas pelo Mestre: Amai-vos uns aos outros e Conhecereis a verdade e ela vos fará livres.


Paulo A. Godoy

segunda-feira, 31 de maio de 2021

CIDADES IMPENITENTES


[...]"O Espiritismo, através de suas obras fundamentais, esclarece que, da mesma forma como os homens são submetidos a resgates por causa dos seus transviamentos, as cidades também pagam alto preço pelas suas transgressões.[...]Os desígnios de Deus são sábios, e as grandes provações, as expiações que à primeira vista parecem aberrantes e ostensivas negações da misericórdia de Deus, são providenciais e eficientes meios de resgate coletivo de Espíritos pecaminosos. As destruições de cidades, os cataclismos, as inundações e outras formas de expiação coletiva são salutares advertências e, de modo geral, apresentam o reajuste de grandes aglomerados humanos que prevaricaram com seus deveres."







CIDADES IMPENITENTES

“Digo-vos, porém, que menos rigor haverá para a terra de Sodoma do que para ti.” (Mateus, 11:24)

Da mesma forma como os homens são submetidos a penosos resgates individuais, quando malbaratam o legado precioso que Deus lhes concedeu, as cidades também experimentam quedas e dores quando não dão acolhida aos ensinos que, de um modo ou de outro, são proporcionados à sua população pelos mensageiros dos Céus.

As cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas em conseqüência dos seus
inúmeros transviamentos; no entanto, segundo a própria expressão de Jesus Cristo, menos rigor haverá para elas no julgamento divino, do que para Corazim, Betsaida,Cafarnaum e Jerusalém, onde autênticos sinais foram produzidos pela interferência do Mestre, sem que houvesse ocorrido o devido aproveitamento. 

Jerusalém é o exemplo típico desta assertiva. A antiga capital da Judéia teve a oportunidade de presenciar todos os fatos operados por Jesus Cristo: viu a cura de cegos, de paralíticos, de leprosos, a expulsão de Espíritos inferiores; ouviu a voz do tão esperado Messias; presenciou a apoteótica recepção que a sua população prestou
ao Mestre, quando da sua chegada àquela cidade; no entanto, nada serviu de lição, o que o levou a subir a um monte e exclamar amargurado: Jerusalém, Jerusalém! Que matais os profetas e apedrejais os que vos foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir vossos filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. E em verdade vos digo que não mais me vereis até que venhais a dizer — Bendito o que vem em nome do Senhor (Lucas, 13: 34-35).

Por reiteradas vezes o Senhor insistiu para que a cidade e a nação voltassem
atrás em seus desatinos e desvios, abandonando uma vida eivada de vaidade e orgulho. Muitos sábios e profetas desceram do Alto para essa finalidade. O próprio Jesus Cristo ali surgiu para complementar a tarefa dos seus prepostos. Nada disso valeu. Consumou-se, então, no tocante a Israel, a parábola dos lavradores malvados:
Havia um homem, pai de família, que plantou uma vinha. Cercou-a de uma sebe, construiu nela um lagar, edificou-lhe uma torre e arrendou-a a uns lavradores, depois se ausentou do país.
Ao tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para receber os frutos que lhe tocavam.
E os lavradores, agarrando os servos, espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram.
Enviou ainda outros servos em maior número; e trataram-nos do mesmo modo.
E por último enviou-lhes o próprio filho, dizendo: a meu filho respeitarão.
Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; ora,matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança.
E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
Responderam-lhe: Fará perecer horrivelmente a estes malvados, e arrendará a vinha a outros que lhe remetam os frutos nos seus devidos tempos.
O Senhor da vinha é Deus, os lavradores são os homens, os enviados que foram mortos, expulsos ou apedrejados, foram os profetas e os grandes missionários que vieram à Terra; o filho do senhor da vinha é Jesus Cristo.
Jerusalém apedrejou, expulsou e matou numerosos enviados de Deus; o Pai enviou-lhe o seu próprio Filho, e também este foi morto. Os homens se recusaram a produzir bons frutos e a retribuir a misericórdia infinita do Criador que lhes deu a Terra, com todas as possibilidades de produção.
A cidade de Jerusalém e toda a Judéia foram então tiradas desse povo e entregues a um outro. Os filhos de Israel foram dispersos no ano 70, perdendo sua pátria e praticamente todo o seu patrimônio e, da suntuosidade do seu famoso Templo, não restou pedra sobre pedra. Cumpriu-se, desta forma, o vaticínio de Jesus: “A Casa ficou realmente deserta.” (Lucas, 13:35).

Esta parábola de Jesus, obviamente, não se aplica somente o a Jerusalém, mas a muitas cidades e nações.

Quando o Mestre obtemperou: Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida, o seu pensamento era de fazer distinção entre as cidades que recebem a palavra de Deus, e aquelas que não o fazem.

Para ilustração, mencionemos a população da cidade de Nínive, a qual, decidindo-se a ouvir as advertências do profeta Jonas e a se penitenciar dos seus
desregramentos, evitou a sua própria destruição.

A maleabilidade que existe no seio de alguns povos, mais do que em outros, para a assimilação dos ensinamentos vindos do Alto, levou o Mestre a exclamar: Se em Tiro ou em Sidônia se tivessem operado os fatos maravilhosos que se produziram em Corazim, em Betsaida e em Cafarnaum, por certo elas há muito haviam mudado de roteiro.

O Espiritismo, através de suas obras fundamentais, esclarece que, da mesma forma como os homens são submetidos a resgates por causa dos seus transviamentos, as cidades também pagam alto preço pelas suas transgressões.

Quantas cidades e nações opulentas do passado não foram guindadas às posições mais culminantes e, posteriormente, quando o orgulho e a vaidade se haviam constituído em seu apanágio, não foram precipitadas às posições mais ínfimas? Foi o que sucedeu com Cafarnaum, conforme prognosticou Jesus Cristo:
“Serás elevada até ao Céu e depois precipitada até o hades terrível da destruição e da dor”.

A velha Grécia dos filósofos discutidores e falazes se impôs ao mundo como paradigma de luz e poder, e depois caiu no ostracismo. Roma dominou o mundo, avassalando as nações e ostentando o cetro do orgulho e da prepotência, vendo, posteriormente, a sua própria derrocada, vítima dos seus próprios erros.

A velha Cartago não se contentou com a situação de proeminência que Deus lhe concedeu, e seu espírito expansionista ocasionou sua própria destruição.

As tribos de Israel não se limitaram aos territórios que o Pai havia prometido aAbraão. Invadiram terras de outros povos e o cativeiro, sob o tacão dos caldeus, dos babilônicos, dos egípcios e dos romanos, foi o choque de retorno. Suas cidades e suas preciosidades foram destruídas e seu povo submetido a terríveis e prolongados cativeiros.

Quantas cidades são assoladas por cataclismos de toda a espécie: incêndios,
inundações, terremotos, maremotos, erupções de vulcão?

Os desígnios de Deus são sábios, e as grandes provações e expiações coletivas,que à primeira vista parecem aberrante e ostensiva negação da misericórdia de Deus, são providenciais e eficientes meios de resgate coletivo de Espíritos pecaminosos. 

As destruições de cidades, os cataclismos, as inundações e outras formas de expiação coletiva são salutares advertências e de um modo geral representam o reajuste de grandes aglomerados humanos que prevaricaram com seus deveres.

PAULO ALVES DE GODOY

CASOS CONTROVERTIDOS DO EVANGELHO

sexta-feira, 28 de maio de 2021

DIMAS : ARREPENDIMENTO E RECUPERAÇÃO
















Dimas: Arrependimento e Recuperação

Aqueles terríveis dias anunciados se concretizavam.

A semana, que se iniciara festiva entre cânticos e júbilos, culminava em tragédia de hediondez.

Fazia pouco, e a sinistra caravana atravessara as ruelas estreitas de Jerusalém até alcançar o Gólgota, fora dos muros da cidade.

O madeiro tosco já se encontravam aguardando as vítimas.

A crucificação era prerrogativa de Roma, que punia com crueza os inimigos de César e do Estado.

As tricas infames e as intrigas soezes levaram o Justo a uma triste peregrinação entre Anás, Caifás e Pilatos, num enredo político-religioso que a embriaguez farisaica, amparada pelos interesses subalternos do representante do Imperador que - embora a inteireza moral do Réu - cedeu às pressões hábeis da indignidade mal disfarçada, entregando-os aos Seus inimigos.

Ele não reagia de forma alguma, como se guardasse o veredicto já adrede tomado.

Imposto no cárcere após a humilhação pública no Pretório, no dia seguinte, ao Sol ardente e entre sarcasmos e doestos dos perseguidores gratuitos, Ele carregara a Cruz, tropeçando várias vezes sob o peso do madeiro da vergonha.

Agora, a música lúgubre das marteladas empurrando os cravos enferrujados que lhe rasgavam as carnes, os tendões e ossos, provocando dores acerbas, ficaria ribombando surdamente nos ouvidos das testemunhas...

Dois ladrões faziam-lhe companhia, como a caracterizá-lo na mesma condição de bandido, Ele que era a demonstração viva da Verdade.

Ao ser erguida a cruz e colocada na cova, calçada com pedras informes, o corpo derreou no poste e as farpas pontiagudas cravaram-se-lhe nas carnes e nos músculos relaxados uns e tensos outros, após longas horas de aflição...

Um gemido dorido escapou-lhe dos lábios arroxeados, e a coroa de cardos mais se lhe cravou na cabeça empastada de suor e de sangue.

Os vândalos, que zombavam, foram acometidos por estranho presságios, enquanto que a Natureza se enlutava e vestia-se da tormenta que arrebentou com violência, causando espanto e temor.

A terra exausto do calor refrescou-se e o céu voltou à transparência anterior.

As pessoas contemplavam a cena hedionda, quando Ele disse estar com sede em um grito rouco, para que cumprisse todas as Profecias.

Deram-lhe uma esponja mergulhada em fel e aloés, presa na ponta de uma lança, que foi encostada aos Seus lábios rachado, sangrentos...

Disfarçado na turbamulta, para não se identificado, Tiago, que era Seus discípulo, acompanhava com lágrimas o trágico acontecimento e se interrogava em silêncio:

Onde o carinho de Deus para com Seu Filho? 

Não era Ele o Messias? 

Assim retribuía às atividades de amor, que Ele realizara na Terra?

Tiago não podia entender, nas suas reflexões racionais, os desígnios de Deus, pensando conforme os padrões convencionais.

Nesse comenos, olhou em derredor, procurando um rosto conhecido, de alguém que o aplaudira em dias passados, quando da entrada triunfal em Jerusalém. Não havia ninguém.

Nem sequer um dos que lhe receberam a cura, as dádivas da Sua compaixão e misericórdia.

Ninguém que houvesse acompanhado. Nem os amigos de ministério se faziam presentes, à exceção de João, que abraçava a Sua mãe, ao lado de outras mulheres, trêmulas e receosas.

Tiago não pode dominar a aflição que o tomou por inteiro e pôs-se a chorar convulsivamente.

O Mestre olhou-o compassivo, e murmurou ternas palavras nos ouvidos do seu coração.

No mesmo instante, Dimas, o ladrão que estorcegava ao Seu lado direito, procurou identificar no grupo exótico que se movimentava aos pés das cruzes, além de conhecido, e os seus olhos se cruzaram com os de sua mãe Tamar.

Pelas reminiscências, a memória evocou-lhe a infância e a adolescência na orfandade paterna bem como os sacrifícios daquela mulher extraordinária.

Foi na juventude que se iniciara na rapina, unindo-se a outros desordeiros e atirando-se aos abismos do crime.

O instinto de mãe havia percebido a mudança do filho e advertira mil vezes, sem que ele se resolvesse por qualquer mudança real, embora não lhe confirmasse as suspeitas.

Quando se tornou notória a sua infeliz conduta, ele lhe prometera e à noiva Esther, que aquela seria a última viagem às terras fabulosas do além- Jordão, para poder oferecer-lhes a segurança de um lar honrado após consorciar-se e construir a família.

De tal maneira elaborou e apresentou o plano da viagem, que as duas mulheres acreditaram...

... Agora, surpreendido pelos soldados que o haviam emboscado no desfiladeiro por onde passavam as caravanas que ele e Giestas pretendiam assaltar, foram aprisionados e ali estavam punidos.

A mãe aflita chorava, interrogando com dorido silêncio:

- Por quê, meu filho? Em que errei a tua educação?!

Afogada em lágrimas esteve a ponto de cair, quando foi amparada pela jovem companheira, Esther, a noiva inditosa.

Dimas desejou gritar, estremunhado e louco, no justo momento em que o Mestre o fitou com suavidade.

Tomado de honesto arrependimento pelas alucinações praticadas, exorou, em agonia e fé:

- Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no paraíso.

Havia sinceridade e unção.

O arrependimento chegava-lhe na hora extrema. Reconhecia os erros e desejava reabilitação, anelava por confortar a mãezinha agônica e a noiva humilhada, mas era tarde.

Debatia-se na agonia, quando o Rabi, empapado do suor de sangue misturado ao pó, com chagas abertas como flores rubras de bordas rasgadas, lhe respondeu, misericordioso:

- Em verdade, em verdade, te digo hoje: entrarás comigo no paraíso...

Uma aragem fresca e suave passou pela alma do bandido.

Acompanhando a cena grandiloqüente, a Sua mãe percebeu a outra mulher quase desfalecida. Acercou-se-lhe com passo trôpego e interrogou-a com voz trêmula:

- É teu filho, o crucificado da direita?

- Sim, é meu filho...

- Então, mulher, se meu filho, o do meio, disse ao teu filho, que o atenderia, crê, porque meu filho é o Excelente Filho de Deus, o Seu Messias.

As duas mulheres se abraçaram, e novamente a terra tremeu, a tormenta voltou, e entre o ribombar dos trovões e o balé do relâmpago que cortava ziguezagueante as nuvens carregadas, Ele gritou:

- Está tudo consumado!
*
A Humanidade infeliz, vítima da ignomínia, tentou silenciar a Verdade que viera libertá-la, método infame utilizado pela covardia para retardar o próprio progresso.

Sempre porém, haverá oportunidade para o homem arrepender-se e recomeçar. Dimas era a última lição de arrependimento e de recuperação.
____________
(*) Lucas: 23-42.
Nota da Autora Espiritual
Do Livro : Até o Fim dos Tempos- Divaldo/Amélia Rodrigues.

terça-feira, 25 de maio de 2021

SOCIEDADE

fragmentos do texto:

[...]A sociedade humana pode ser comparada a imensa floresta de criações mentais[...]s corações que hoje oprimem o próximo, a se prevalecerem da galeria social em que se acastelam, na ilusória supremacia do ouro, voltam amanhã ao terreno torturado da carência e do infortúnio[...]Sociedades que ontem escravizaram o braço humano são hoje obrigadas a afagar, por filhos do próprio seio, aqueles que elas furtaram à terra em que se lhes situava o degrau evolutivo. [...]Agrupamentos separatistas, que humilham irmãos de cor, voltam na pigmentação que detestam[...]Em todas as épocas, a sociedade humana é o filtro gigantesco do espírito, em que as almas, nos fios da experiência, na abastança ou na miséria, na direção ou na subalternidade, colhem os frutos da plantação



Sociedade


A sociedade humana pode ser comparada a imensa floresta de criações mentais, onde cada espírito, em processo de evolução e acrisolamento, encontra os reflexos de si mesmo.
Aí dentro os princípios de ação e reação funcionam exatos.

As pátrias, grandes matrizes do progresso, constituem notáveis fulcros da civilização ou expressivos redutos de trabalho, em que vastos grupos de almas se demoram no serviço de auto-educação, mediante o serviço à comunidade, emigrando, muita vez, de um país para outro, conforme se lhes faça precisa essa ou aquela aquisição nas linhas da experiência.

O lar coletivo, definindo afinidades raciais e interesses do clã, é o conjunto das emoções e dos pensamentos daqueles que o povoam.

Entre as fronteiras vibratórias que o definem, por intermédio dos breves aprendizados “berço-túmulo”, que denominamos existências terrestres, transfere-se a alma de posição a posição, conforme os reflexos que haja lançado de si mesma e conforme aqueles que haja assimilado do ambiente em que estagiou.

Atingida a época de aferição dos próprios valores, quando a morte física determina a extinção da força vital corpórea, emprestada ao espírito para a sua excursão de desenvolvimento e serviço, reajuste ou elevação, na esfera da carne, colhemos os resultados de nossa conduta e, bastas vezes, é preciso recomeçar o trabalho para regenerar atitudes e purificar sentimentos, na reconstrução de nossos destinos.

Dessa forma, os corações que hoje oprimem o próximo, a se prevalecerem da galeria social em que se acastelam, na ilusória supremacia do ouro, voltam amanhã ao terreno torturado da carência e do infortúnio, recolhendo, em impactos diretos, os raios de sofrimento que semearam no solo das necessidades alheias. 

E se as vítimas e os verdugos não souberem exercer largamente o perdão recíproco, encontramos no mundo social verdadeiro círculo vicioso em que se entrechocam, constantemente, as ondas da vingança e do ódio, da dissensão e do crime, assegurando clima favorável aos processos da delinquência.

Sociedades que ontem escravizaram o braço humano são hoje obrigadas a afagar, por filhos do próprio seio, aqueles que elas furtaram à terra em que se lhes situava o degrau evolutivo. 

Hordas invasoras que talam os campos de povos humildes e inermes, neles renascem como rebentos do chão conquistado, garantindo o refazimento das instituições que feriram ou depredaram. 

Agrupamentos separatistas, que humilham irmãos de cor, voltam na pigmentação que detestam, arrecadando a compensação das próprias obras. 

Citadinos aristocratas, insensíveis aos problemas da classe obscura, depois de respirarem o conforto de avenidas suntuosas costumam renascer em bairros atormentados e anônimos, bebendo no cálice do pauperismo os reflexos da crueldade risonha com que assistiram, noutro tempo, à dor e à dificuldade dos filhos do sofrimento.

Em todas as épocas, a sociedade humana é o filtro gigantesco do espírito, em que as almas, nos fios da experiência, na abastança ou na miséria, na direção ou na subalternidade, colhem os frutos da plantação que lhes é própria, retardando o passo na planície vulgar ou acelerando-o para os cimos da vida, em obediência aos ditames da evolução.

Emmanuel;
Psicografia: Francisco Cândido Xavier;
Do livro: Pensamento e Vida.

sábado, 22 de maio de 2021

A FÉ SEGUNDO O NÍVEL EVOLUTIVO DE CADA UM. [...]As crianças (físicas na idade temporal ou intelectuais pela infância do "espírito"), interpretam fé como acreditar. [...]Os que vivem mais no plano astral (emocional) acham que a fé é um "sentimento", uma emoção, que se acende ou apaga, [...] Os intelectualizados que baseiam tudo no raciocínio horizontal e na pesquisa. preferem, como sinônimo de fé, a palavra convicção, certeza confiança.[...] Outros preferem considerar a fé: como demonstração de fidelidade[...]

                       A FÉ

Mat. 17-19-21
19. Então chegando-se os discípulos a Jesus em particular, perguntaram: "Por que não pudemos nós expulsá-lo"?
20. Jesus respondeu-lhes: "Por vossa falta de fé, pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para lá, e ele passará; e nada vos será impossível" .
21. Mas esse tipo não sai senão com oração e jejum".

Marc. 9:28-29
28. E tendo entrado ele em casa, perguntaramlhe seus discípulos particularmente: "Porque não pudemos nós expulsá-lo"?
29. Respondeu-lhes: "Esta espécie só pode sair pela oração e jejum".

Marcos tem o cuidado de avisar-nos que os discípulos se dirigiram ao Mestre "depois que estavam em casa", fato que Mateus assinala apenas com a expressão "em particular".

A pergunta revela ansiedade: "por que não pudemos expulsá-lo"?
E a resposta esclarece para todos: "por falta de fé".

Já havia sido dito que TUDO é possível ao que crê. E agora mais uma lição nos chega, com palavras "e comparações repetidas das lições rabínicas, onde era frequente a expressão "pequeno como grão de mostarda"; e também, para significar algo muito difícil, dizia se "como transportar montanhas". A uni-ão dos dois termos, porém, é particularidade do Evangelho.

O último versículo de Marcos (29) dá uma pequena desculpa aos discípulos: esse tipo (de espíritos) só pode sair pela oração e pelo jejum". Nem todos os códices têm "pelo jejum" (aleph, B, K ) , que é suprimido por Nestle, Swete, Lagrange, Huby e Pirot; Merck o coloca entre chaves; mas é mantido por von Soden, Vogels e Prat. Realmente, os rabinos ensinavam que "quem quer que ore sem ser atendido, ponha-se a jejuar" (cfr. Strack e Eillerbeck, o. c. , vol. 1, pág" 760). Esse versículo parece ter sido transportado para constituir o vers. 21 de Mateus, que falta em aleph, B, theta, em três minúsculos e em todas as versões copta, etiópica, siríaca hierosolymitana, e no mss. "k" da vetus latina, e na Vulgata.

Vem agora a lição sobre a fé. Preciosa e esclarecedora, incisiva e categórica. De fato, uma LIÇÃO.
O intelecto, na meditação em contato com o Eu verdadeiro ou com a individualidade ("em casa"),indaga das razões por que não conseguiu o domínio das emoções. E a resposta é taxativa: falta de fé.

A dúvida é o pior veneno para a criatura. Tiago (1:6-8) entendeu a lição do Mestre: "Peça-se com fé, sem hesitar, pois aquele que hesita é como a onda do mar impelida e agitada pelo vento; esse homem nada recebe do Senhor pois é homem de dupla alma, instável em todos os seus caminhos".(grifo nosso)

Que significa, afinal, pístis, a FÉ?
A definição vai depender do nível evolutivo em que cada um se encontre, para compreender o sentido da palavra. 

Vejamos:

1. As crianças (físicas na idade temporal ou intelectuais pela infância do "espírito"), interpretam fé como acreditar. Se acredito no que alguém me diz, sem pedir provas, demonstro fé na pessoa. Essa fé recebe geralmente o designativo de "fé do carvoeiro", ou do homem "crente" que, por não saber nada, acredita em tudo o que lhe dizem, sem capacidade para raciocinar por si: é a fé do simplório e do ignorante, exaltada em certos círculos humanos como virtude máxima, e até como condição essencial e única para a criatura "salvar-se".

2. Os que vivem mais no plano astral (emocional) acham que a fé é um "sentimento", uma emoção, que se acende ou apaga, aumenta e diminui, segundo o estado emocional da criatura. É a fé que se conquista diante de um ato de generosidade ou se perde, num segundo, diante de uma desilusão; mais baseada nos outros, com suas qualidades e defeitos, do que em si mesmos, em seu próprio conhecimento da verdade. É a fé que vibra altaneira e provoca, às vezes, gestos heróicos e repentinos, mas que também pode levar a extremos opostos de aridez e até de ateísmo absoluto, de materialidade total.

3. Os intelectualizados que baseiam tudo no raciocínio horizontal e na pesquisa. preferem, como sinônimo de fé, a palavra convicção, certeza confiança. Representa, então, uma virtude intelectual, um fruto da experiência, e não mais uma emoção. Supõe o conhecimento profundo do assunto: a certeza científica baseada nesse conhecimento é a fé. É a segurança do químico que, ao fazer as combinações de ácidos com bases, tem a certeza de que obterá um sal: fé absoluta, fé raciocinada e experimentada, com fundamento em fatos vividos e verificados sob controle.

4. Outros preferem considerar a fé: como demonstração de fidelidade (por exemplo, o Prof. Huberto Rohden, de quem recebemos uma carta a esse respeito). Esses, já vivendo acima do intelecto, sintonizados com a "razão" (ou individualidade), compreendem que a faculdade essencial à criatura é a fidelidade aos princípios. Uma vez conhecido o caminho e encontrado o Mestre, não haverá mais esmorecimentos nem desvios, não se permanecerá mais no saber, nem no dizer, nem mesmo no fazer, mas se exigirá de si mesmo o máximo, o SER, o SER TOTAL, INTEGRAL, ser igual ao Mestre, numa completa e total FIDELIDADE DE REPRODUÇÃO, como a cópia de carbono com o original, como a estátua de gesso com o molde de barro, como a imagem no espelho com quem se mira. Essa a interpretação que demos à quarta bem-aventurança (veja vol. 2): felizes os que buscam o ajustamento, a justeza, do modelado com o modelo, do cristão com o Cristo.

A qualquer dessas interpretações, podemos aplicar, cada um em seu grau, a lição ministrada: a fé, ainda que do tamanho de um grão de mostarda, ou seja, embora ainda esteja no início do desenvolvimento, nos primeiros passos da caminhada, já será suficiente para obter-se extraordinário efeito.

Lógico que o efeito corresponderá, em grandeza, ao adiantamento do nível evolutivo de quem a possuie a vive. Mas, não é mister diplomar-se como professor de matemática superior, para realizar as quatro operações. Desde que a faculdade exista, desde que a causa aja, o efeito é produzido. Para fazer luz numa lâmpada, não há necessidade de movimentar-se uma usina elétrica e nem mesmo de possante gerador: até uma pilha acende uma lâmpada de 6 volts, mas a luz é feita; é fraca, mas é luz.

Assim, a "montanha" poderá ser transportada de cá para lá. Seja uma montanha de dificuldades, ou de terra, ou de defeitos, ou de fluidos ou de correntes do astral, ou quaisquer outras.

A expressão "montanha" exprime, simplesmente, algo de grande, de imenso, de "impossível" de abraçar-se com os curtos braços humanos. Não há montanha que resista a quem tem fé: "nada é impossível ao que crê".

Quem meditar profundamente nessa frase, encontrará a força de vencer quaisquer obstáculos, quer interprete a fé como "crença", ou como "sentimento", ou como "convicção" ou como "fidelidade" a nosso-modelo, o CRISTO.

No entanto, há coisas que a fé opera apenas por meio da ORAÇÃO. Não é da "reza" repetida mecanicamente em novenas e trezenas, mas a oração da união total com o Cristo Interno, a meditação e o mergulho em que a criatura consegue "ajustar-se" totalmente ao Criador, em que a onda sonora sintoniza perfeitamente com a emissora, em que o cristão se CRISTIFICA (2.º Cor. 1:21).

A palavra "jejum" que aparece em alguns códices e é rejeitada por numerosos hermeneutas, tem sua razão de ser nesta interpretação, pois com ela não se entende o jejum da comida física, mas o jejum "da materialidade".

 Explicamo-nos: aquele que se desprende da matéria e vive unido do Espírito, ou seja, "que vive na matéria sem ser da matéria, ou que vive no mundo sem ser do mundo" (Huberto
Rohden), esse é o que "jejua". 

Com efeito, mesmo estando diante das iguarias tentadoras do mundo e de suas paixões, ele permanece sem nelas tocar, em oração (unido ao CRISTO) e em jejum (desligado da matéria). Então, está realmente ESPIRITUALIZADO, ou, melhor ainda, CRISTIFICADO. Esse é o que possui o poder máximo no domínio espiritual da Terra, com largas e profundas repercussões mesmo no domínio material, sem necessidade de buscar nem treinar "poderes", com exercícios exóticos.

Livro : Sabedoria do Evangelho Volume 4
Autor: Carlos Pastorino

quarta-feira, 19 de maio de 2021

A CÓLERA..."O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar"... /..."Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer"...

Evangelho Segundo o Espiritismo: Cap.10 Bem Aventurado os Misericordiosos.

A Cólera

Um Espírito Protetor
Bordeaux, 1863

9. O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos, seja na finura de espírito, seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.

Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; procurai-a, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido. Não é acaso o orgulho ferido por uma contradita, que vos faz repelir as observações justas e rejeitar, encolerizados, os mais sábios conselhos? Até mesmo a impaciência, causada pelas contrariedades, em geral pueris, decorre da importância atribuída à personalidade, perante a qual julgais que todos devem curvar-se.

No seu frenesi, o homem colérico se volta contra tudo, à própria natureza bruta, aos objetos inanimados, que despedaça, por não o obedecerem. Ah! Se nesses momentos ele pudesse ver-se a sangue-frio, teria horror de si mesmo ou se reconheceria ridículo! Que julgue por isso a impressão que deve causar aos outros. Ao menos pelo respeito a si mesmo, deveria esforçar-se, pois, para vencer essa tendência que o torna digno de piedade.

Se pudesse pensar que a cólera nada resolve, que lhe altera a saúde, compromete a sua própria vida, veria que é ele mesmo a sua primeira vítima. Mas ainda há outra consideração que o deveria deter: o pensamento de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não sentirá remorsos por fazer sofrer as criaturas que mais ama? E que mágoa mortal não sentirá se, num acesso de arrebatamento, cometesse um ato de que teria de recriminar-se por toda a vida!

Em suma: a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede que se faça muito bem, e pode levar a fazer-se muito mal. Isso deve ser suficiente para incitar os esforços para dominá-la. O espírita, aliás, é incitado por outro motivo: o de que ela é contrária à caridade e à humildade cristãs.

Hahnemann
Paris, 1863

10. Segundo a idéia muito falsa de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiram muita perseverança. É assim, por exemplo, que o homem inclinado à cólera se desculpa quase sempre com o seu temperamento. Em vez de se considerar culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus pelos seus próprios defeitos. É ainda uma conseqüência do orgulho, que se encontra mesclado a todas as suas imperfeições.

Não há dúvida que existem temperamentos que se prestam melhor aos atos de violência, como existem músculos mais flexíveis, que melhor se prestam a exercícios físicos. Não penseis, porém, que seja essa a causa fundamental da cólera, e acreditai que um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre pacífico, enquanto um Espírito violento, num corpo linfático, não seria dócil. Nesse caso, a violência apenas tomaria outro caráter. Não dispondo de seu organismo apropriado à sua manifestação, a cólera seria concentrada, enquanto no caso contrário seria expansiva.

O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem que é deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nada tem com isso, mas pode modificar o que se relaciona com o Espírito, quando dispõe de uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações  verdadeiramente miraculosas que se operam aos vossos olhos? 
Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.

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Cólera: ..."A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis..." // ..."Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento"... // "Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios..."




IMPLOSÃO  MENTAL
Emmanuel

A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis.

Quando te sintas sob a ameaça de semelhante flagelo, antes de falar ou escrever, usa o método conhecido de permanecer em silêncio contando até cem. Se os impulsos negativos continuam, afaste-te para um lugar à parte e faze uma oração que te reequilibre.

Notando que a medida não alcançou os fins necessários, busca um recanto da natureza, onde encontres plantas e flores, cujas emanações te balsamizem o espírito.

Na hipótese de não retornares à tranqüilidade, procura algum templo religioso e confia-te novamente à prece, esforçando-te para que a paz te fale no coração.

No entanto, se essa providência ainda falhar, dirige-te a um remédio amigo que, com certeza, te aliviará com sedativos adequados, a fim de evitares a implosão de tuas próprias forças.

Emmanuel - Do livro: Luz e Vida - Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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UM  MINUTO  DE  CÓLERA


 Emmanuel

Um minuto de cólera pode ser uma invocação às forças tenebrosas do crime, operando a ruptura de largas e abençoadas tarefas que vínhamos efetuando na sementeira do sacrifício.

Por esse momento impensado, muitas vezes, esposamos escuros compromissos, descendo da harmonia à perturbação e vagueando nos labirintos da prova por tempo indeterminado à procura da necessária reconciliação com a vida em nós mesmos.

Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento.

Em muitos lances da luta evolutiva, semelhante minuto é o fator de longa expiação, na qual, no corpo de carne ou fora dele, somos fantasmas da aflição, exibindo na alma desorientada e enfermiça as chagas da loucura, acorrentados às conseqüências de nossos erros a reagirem sobre nós, à feição de arrasadora tormenta.

Se te dispões, desse modo, à jornada com  Jesus em busca da própria sublimação, aprende a dominar os próprios impulsos e elege a serenidade por clima de cada hora.

Ama e serve, perdoa e auxilia sempre, recordando que cada semente deve germinar no instante próprio e que cada fruto amadurece na ocasião adequada.

Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever.

Guardemos o ensinamento do Cristo no coração, para que o Cristo nos sustente as almas na luta salvadora em que nos cabe atingir a redenção, dia a dia.

Livro: Semeador Em Tempos Novos - Francisco Cândido Xavier


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ESTRELA   OCULTA
Emmanuel
Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios, e se o temporal da revolta encharca os que tombam na estrada sob o visco da lama, ei-la que surge igualmente por força neutralizante, subtraindo o lodo e aclarando o caminho...

Remédio nas feridas profundas que se escondem  na alma, ante os golpes da injúria, é bálsamo invisível, lenindo toda chaga.

Socorro nobre e justo, é a luz doce da ausência ajudando e servindo onde a leviandade arroja fogo e fel.

Filha da compaixão, auxilia sem paga impedindo a extensão da maldade infeliz...

Ante a sua presença, a queixa descabida interrompe-se e pára e o verbo contundente empalidece e morre.

Onde vibra, amparando, todo ódio contém-se, e o incêndio da impiedade apaga-se de chofre...

Acessível a todos, vemo-la em toda parte, onde o homem cultive a caridade simples, debruçando-se, pura, à maneira de aroma envolvente e sublime, anulando o veneno em que a treva se nutre...

Guardemo-la conosco, onde formos chamados, sempre que o mal responde, delinqüente e sombrio, porque essa estrela oculta, ao alcance de todos, é a prece do silêncio em clima de perdão.
  
Livro Paz e Renovação. Diversos Espíritos. Psicografia Chico Xavier