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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Parábola dos Trabalhadores das Diversas Horas do Dia : "Os olhos humanos não podem medir os valores dessa natureza, mas os do Filho de Deus vão descobri-los nos íntimos recessos da alma humana.[...]É com o Espírito, e não com o corpo, que se constroem as obras que dignificam e imortalizam seus autores."



Artigo extraído do livro "Em Busca do Mestre" - Edições FEESP - 4ª Edição - Março de 1995.



“O reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu pela manhã a assalariar trabalhadores para a sua vinha. Feito com eles o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a vinha. 

Saindo à hora terceira, viu outros na praça, desocupados, e disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha, e eu vos darei o que for justo. Eles foram. 

Saiu às horas sexta e nona e fez o mesmo. Finalmente, indo à praça à hora undécima, e encontrando ali jornaleiros, disse-lhes: Por que estais todo o dia ociosos? Porque ninguém nos assalariou, responderam. Ide também vós à minha vinha e eu vos darei o que for justo.

À tarde chamou o seu mordomo, dando a seguinte ordem: Chama os jornaleiros e paga-lhes o salário, começando pelos últimos e acabando pelos primeiros. 

Chegaram, então, os da undécima hora e receberam um denário cada um. Vindo os primeiros, esperavam receber mais; porém, lhes foi dada igual quantia. Ao receberem-na, murmuravam contra o proprietário, alegando: Estes últimos trabalharam uma hora e os igualastes a nós que suportamos o calor do dia? Retrucou o proprietário a um deles: Meu amigo, não te faço agravo nem injustiça: não ajustastes comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te embora; pois quero dar a este último tanto como a ti. Não me é lícito fazer o que me apraz daquilo que é meu? Acaso teu olho é mau, porque sou bom? Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos; porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”.

A alegoria acima – como, aliás, toda alegoria – exprime e revela um princípio diferente daquele que literalmente enuncia. Parece, à primeira vista, haver injustiça da parte daquele proprietário que manda pagar igual aos obreiros das diversas horas do dia. Pois então – como alegam os que iniciaram o labor pela manhã – será justo pagar o mesmo jornal a nós e aos que entraram às 9, ao meio-dia e até mesmo à undécima hora?
Para entrarmos no mérito do critério em que se baseou o proprietário da vinha, cumpre lembrarmos que a parábola em apreço tem relação com o reino dos céus, isto é, com os meios e processos empregados para sua conquista. Neste particular, o tempo constitui elemento de somenos importância. “A cada um será dado segundo as suas obras” e não segundo o tempo, mais ou menos dilatado, de sua atuação nos arraiais do credo que professa. Assim, pois, se os jornaleiros da hora nona e do meio-dia fizeram, pela maior soma de atividade empregada, tanto como os da manhã, é natural que recebessem o mesmo jornal, por isso que o proprietário havia prometido dar-lhes o que fosse justo. E aos da undécima hora? Seria possível, em tão minguado tempo, fazer o mesmo que os demais? Pelo dedo se conhece o gigante, reza o rifão popular. Que teriam produzido aqueles assalariados ao decurso de uma hora? Aqui entra em jogo um fator de sabida importância, no que respeita ao merecimento do obreiro: a qualidade da obra.

Certamente, o pouco que fizeram os da undécima hora supera tanto em qualidade, ao que fizeram os outros, em quantidade, que os bons olhos do proprietário entenderam ser de justiça dar-lhes a mesma paga. Em realidade o que ele viu é que o trabalho destes valia mais que os dos outros, fazendo nesse cômputo abstração do fator tempo.

A sabedoria da sentença evangélica – a cada um será dado segundo as suas obras – abrange dois aspectos distintos: o objetivo e o subjetivo. Somente no conhecimento exato de ambos é possível apurar com acerto e com justiça. Os homens julgam comumente através do prisma objetivo das obras, porque não lhes é dado penetrar no plano subjetivo. Daí a precariedade dos seus juízos e das suas sentenças. Por vezes, há mais estimação nos feitos sem maior importância, que nas vultosas obras que impressionam os sentidos. Aquela pobre viúva que lançou no gazofilácio do templo duas moedinhas de cobre de valor ínfimo, deu mais, disse o intérprete da divina justiça, do que os argentários que ali despejavam moedas de ouro e mancheias. O valor da oferta da viúva é de natureza subjetiva, está no que se não pode ver nem tocar, porquanto está na intenção e nos motivos com que a oferta foi feita; está finalmente, no sacrifício daquela mulher que se havia privado de tudo que possuía, mesmo do que se achava reservado ao seu sustento. Os olhos humanos não podem medir os valores dessa natureza, mas os do Filho de Deus vão descobri-los nos íntimos recessos da alma humana.
Recapitulando, recordemos mais uma vez que a semelhança ora comentada se relaciona com o reino dos céus. Somos todos jornaleiros da vinha do Senhor, que é o planeta onde nos achamos. Cada um age no setor que lhe foi destinado, iniciando o trabalho em horas diversas.

 O Proprietário observa atentamente a maneira como os seareiros mourejam, julgando o mérito individual, não pelo tempo nem pelo volume da produção, mas pelo cunho de perfeição imprimido à obra. 

O bom obreiro tem os olhos fixos no mister que executa e não nos ponteiros do relógio. Pensa menos na recompensa que no bom acabamento da sua tarefa.

O trabalho é santo pela sua mesma natureza e, sobretudo, pela alma do operário nele encarnada. “Só canta bem que canta por amor”. Os músculos refletem as vibrações do cérebro e do coração. A inteligência e os sentimentos dirigem as mãos, tanto do humilde operário como às do maior e mais consumado artista. É com o Espírito, e não com o corpo, que se constroem as obras que dignificam e imortalizam seus autores.
Nós, portanto, jornaleiros encontrados ociosos na praça, trabalhemos com simplicidade e santidade na vinha do Senhor. Imprimamos em nossos atos aquela naturalidade com que os pássaros gorjeiam e aquela dedicação com que eles fazem os seus ninhos. Não os preocupemos com o peso e a suntuosidade das nossas obras; tampouco nos deixemos impressionar com o tempo que temos empregado em produzi-las e, menos ainda, com a recompensa presente ou futura: Deus nos dará o que for justo. Confiemos, como confiaram os jornaleiros das derradeiras horas, pois “os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros; porque muitos serão chamados e poucos os escolhidos”.
E, assim, verificamos que a parábola em apreço encerra a mais bela e excelente apologia da JUSTIÇA.

Pedro de Camargo ( Vinícius)

quarta-feira, 7 de abril de 2021

FLEXIBILIDADE: "Quando se assume uma atitude de dureza, destrói-se a futura floração do bem, porque nenhuma ideia é irretocável de tal maneira que não mereça reparo ou complementação, e diversas mentes elaborando programas são mais eficazes do que apenas uma."




Todo comportamento extremista responde por danos imprevisíveis e de lamentáveis consequências, por se sustentar na intolerância e no desrespeito à inteligência e ao discernimento dos demais.

A consciência equilibrada busca sempre o comportamento mais saudável, expressando-se de maneira gentil, mesmo nas circunstâncias mais severas e afligentes.

A flexibilidade é medida de cometimento edificante pela faculdade de compreender a postura do outro, aquele que nem sempre sabe expressar-se ou agir como seria de desejar, mas, nada obstante, pensa e tem ideias credoras de respeito e de consideração, que devem ser levadas a sério.

 Quando se assume uma atitude de dureza, destrói-se a futura floração do bem, porque nenhuma ideia é irretocável de tal maneira que não mereça reparo ou complementação, e diversas mentes elaborando programas são mais eficazes do que apenas uma.

Ademais, essa imposição representa alta presunção decorrente da vaidade de se deter o conhecimento total ou mesmo a verdade plena.

 Quando se age dessa maneira, gera-se temor e animosidade por se bloquear as possibilidades dos demais, igualmente portadores da faculdade de pensar, de discernir.

Uma atitude flexível contribui para o somatório das realizações dignificantes que são confiadas a todos.

 Não obstante reconhecer o equívoco da mulher surpreendida em adultério, o Mestre foi-lhe flexível, dando-lhe nova oportunidade, embora não concordando com a sua conduta desrespeitosa aos estatutos morais e legais.

Entre dois ladrões no momento extremo, solicitado por um deles, que se arrependera de existência de erros, concedeu-lhe a bênção da esperança de que também alcançaria o paraíso.

Obras expressivas e honoráveis de serviço social e de edificações do bem no mundo soçobram e desaparecem em ruínas, quando alguns dos seus membros apresentam-se detentores de inflexibilidade em suas proposituras e comportamentos diários.

A harmonia do conjunto exige que todos contribuam com a sua parte em favor do equilíbrio geral, mesmo que ceda agora, a fim de regularizar no futuro.

Se alguém discorda e mantém-se inflexível na sua óptica ocorre o desastre no grupo, que se divide, dando lugar a ressentimentos e queixas, amarguras e dissabores.

Assevera milenária sabedoria oriental que a floresta exuberante cresce em silêncio e discrição, mas quando tomba alguma árvore é com estrondo que o faz, como a significar que o bem, o lado edificante de tudo, acontece com equilíbrio, enquanto a queda, a destruição, sempre se dá de maneira ruidosa e chocante.

Todo grupamento humano necessita do contributo valioso da tolerância, da paciência, da compreensão.

A prepotência é geradora de desmandos e tormentos incalculáveis, que poderiam ser evitados com um pouco de fraternidade.

Sê flexível, mesmo que penses diferente, que tenhas ideias próprias, felizes, facultando aos outros também serem ouvidos e seguidos.
 
*   *   *
No vendaval, a árvore que não deseja ser arrancada verga-se, para depois retornar a postura. Se pretender manter-se ereta, sofrerá a violência que a derrubará na sucessão das horas.

O bambu é um dos mais belos exemplos de flexibilidade, pois que se recurva, submete-se com facilidade às imposições que lhe são dirigidas, sem arrebentar-se, mantendo-se vigoroso.

Consciente das responsabilidades que te dizem respeito, não te imponhas pela rigidez. Os teus valores morais serão a tua identificação e o cartão de crédito da tua existência.

Estás convidado a servir, não a estabelecer diretrizes estritas para os outros, especialmente se te encontras servindo na Seara de Jesus, que sempre te proporciona chances novas, mesmo quando malbarataste aquelas que te foram anteriormente concedidas.

Fácil é ser inflexível para com o próximo e difícil é submeter-se a situação equivalente, quando se altera a circunstância e mudam-se os padrões apresentados.

Dialogando, ouvindo e abrindo-se novos conceitos e proposituras, adquire-se a faculdade da gentileza, indispensável ao êxito de todo e qualquer empreendimento humano.

No dia a dia da existência sempre ocorrem fenômenos inesperados, que alteram a programação mais bem estabelecida, exigindo mudanças de rumo, formulações novas e necessárias.
 
O imprevisto é uma forma de intervenção das leis soberanas, ensejando diferente opção para o comportamento saudável.

Não sejas, desse modo, aquele que cria embaraços, embora as abençoadas intenções de que te encontras revestido.

Todos são úteis numa equipe e importantes no conjunto de qualquer realização.
 
Sê, portanto, dócil e acessível, porque sempre há alguém mais adiante, portador de aspereza que, com certeza, suplantará a tua.

Nunca sentirás prejuízo por ceder em favor do bem comum, da ordem geral, abrindo espaço para outras experiências e atitudes.
 
*   *   *
A flexibilidade é dileta filha do amor, que se expande e enriquece a vida com esperança e paz.

Todos aqueles que se fizeram temerários e se impuseram não fugiram de si mesmos, do envelhecimento, das enfermidades, da desencarnação.

Pacientemente e com flexibilidade, Jesus espera por ti e te inspira sem descanso.

Medita e age conforme gostarias que assim procedessem em relação a ti.
 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão
mediúnica de 26 de setembro de 2012, no Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
 
   

terça-feira, 6 de abril de 2021

A BACIA DE PILATOS:"Há muita gente que lava as mãos, como fez Pilatos, diante dos problemas alheios, esquecida dos sentimentos de solidariedade e fraternidade..."



"Então Pilatos, vendo que nada conseguia, antes, pelo contrário, o tumulto aumentava, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo." - (Mateus, 27:24)


Pôncio Pilatos exercia a função de Procônsul romano na Judéia, quando Jesus Cristo foi preso e entregue ao seu julgamento. Confabulando muito ligeiramente com o Mestre chegou à conclusão de que ele era inocente e, por várias vezes, tentou demover a multidão fanatizada de exigir a Sua crucificação.

Sua esposa teve um sonho profético e chegou mesmo a mandar-lhe um recado para não se envolver naquela condenação, mas ele estava sofrendo terrível pressão por parte dos principais sacerdotes, que manipulavam a agitação do povo em frente ao Pretório.

Numa tentativa de sensibilizar a multidão, permitiu que Jesus fosse açoitado, e não evitou que Ele fosse vestido com uma púrpura escarlate, sofrendo o vexame de ter colocada sobre Sua cabeça uma coroa de espinhos e uma cana nas mãos, com o objetivo de menosprezar o título que o próprio Pilatos lhe dava de "rei dos judeus".

O ato de flagelação não conseguiu comover os homens que ali estavam, nem esfriar o ódio que enchia os corações daqueles que tinham nítido interesse no sacrifício de Jesus. Usando de suas prerrogativas, e como era hábito soltar um prisioneiro por ocasião da Páscoa, Pilatos ordenou que fossem trazidos à sua presença Jesus Cristo e um fascínora chamado Barrabás, chefe de uma sedição
e autor de morte.
Apresentou ambos à turba fanatizada e indagou:"Quem querem que eu solte?". A escolha era entre a pureza e o crime, entre a ovelha e o lobo voraz, entre um Enviado dos Céu um representante do império do mal.

O povo não hesitou, escolheu Barrabás e exigiu a crucificacão de Jesus. Como Pilatos insistisse em afirmar que não via Mestre crime algum passível de morte, tentou novamente convencer o povo, mas um dentre a multidão gritou: "Se soltas este não és amigo de César: qualquer que se faz rei é contra César" (João 19: 12).

Diante desta insinuação, o Procônsul não vacilou; assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos (Gabbatá em hebraico), e disse ao povo: "Eis aqui o vosso rei", porém, os principais sacerdotes retrucaram: -"Não temos rei senão a César", o que levou Pilatos a entregar-lhes Jesus, para o ato de crucificação (Jo; 19:13-16).

É muito cômodo pretender titular do exercício da justiça lavando as mãos, mormente em se considerando que um julgamento dessa natureza é indigno de um magistrado e muito mais de um governante, como era o caso de Pilatos.

O Procônsul romano ficou numa situação embaraçosa: pôr em risco o seu elevado cargo, sustentando a inocência de Jesus e ordenando a Sua libertação, ou condenando um inocente à morte. Desnorteado diante dessa decisão, ordenou que fosse trazida à sua presença uma bacia com água e lavou suas mãos, afirmando ser inocente do sangue daquele justo. Nem por isso aplacou a fúria dos acusadores que replicaram: "O seu sangue caia sobre nós e nossos filhos" (Mateus. 27:24-26).
Pilatos julgou que o simples ato de lavar as mãos limpava também, a sua consciência; julgou que essa atitude livrava-o de ser considerado um juiz faltoso e iníquo.

Na Terra, em todos os tempos, sempre houve juizes que atuam como Pilatos, numa causa justa e nobre, principalmente quando esta é sustentada por uma criatura humilde em disputa com um poderoso. O juiz, nesse caso, lava as mãos, dando ganho de causa ao potentado. Existem outros ainda piores, que nem lavam as mãos, preferem mantê-las sujas pela corrupção, pela posse de fortunas ilícitas, trocam a justiça pelo peso do ouro que lhes é ofertado e pelas vantagens de ordem material que lhes são oferecidas.

E óbvio que o ato de lavar as mãos não isenta ninguém das responsabilidades, nesta ou na vida futura, por isso disse o Cristo: "Com a medida com que julgardes, sereis julgado". Salomão, rei de Israel, teve de enfrentar, certa vez, um terrível julgamento, porém, não se limitou a lavar as mãos.

Certa mulher deu à luz um menino, que veio a falecer logo a seguir. Ela, então, apoderou-se de uma criança de sua vizinha e, por todos os meios, pretendeu insinuar que aquele era o seu filho verdadeiro. Não se conformando com a situação, a autêntica mãe da criança procurou a justiça de Salomão, numa das audiências que o rei concedia ao povo.

Salomão mandou que as duas mulheres viessem à sua presença; chamando um carrasco, ordenou-lhe: "Corte a criança pelo meio e dê metade a cada uma das mulheres".

Quando o carrasco, segurando o menino por um dos pés, fez reluzir a sua espada no ar, a fim de cortar a criança, a verdadeira mãe ajoelhou-se aos pés do rei e suplicou: "Não o mates, dá todo a ela". A falsa mãe, pelo contrário, aplaudiu a divisão do menino.
Salomão, suspendendo a execução, ordenou que o pequenino fosse entregue à mulher que lhe suplicou que não dividisse o filho. O rei viu nela a mãe verdadeira, pois, pelo amor, preferiu que a criança fosse dada viva à sua rival, a vê-la morta.

Há muita gente que lava as mãos, como fez Pilatos, diante dos problemas alheios, esquecida dos sentimentos de solidariedade e fraternidade.

Na parábola do Bom Samaritano, narrada por Jesus Cristo, o sacerdote passou perto do homem que jazia moribundo à margem da estrada, limitando-se a formular uma prece e lavando as mãos, como um desencargo de consciência, deixando de socorrê-lo.

Judas Escariotes, arrependido do ato de traição a Jesus, voltou apressadamente ao Templo, atirando as trinta moedas de prata aos pés do sumo sacerdote, talvez julgando que isso lavaria suas mãos naquele ato execrável. Em nossa vida comum, muitas vezes lavamos as mãos, em face das dificuldades de nossos irmãos de jornada terrena.

Muitos pais expulsam de casa os filhos que se transviam nos caminhos da vida, julgando, com isso, que limpam sua honra, lavando as mãos, esquecidos das responsabílidades que têm como pais, na sustentação e orientação espiritual daqueles cuja guarda Deus lhes dá como filhos, perdoando suas falhas; é de lembrar que, num mundo inferiorizado como o nosso, todos estão sujeitos aos deslizes morais e materiais.

Se os Evangelhos recomendam perdoar o nosso próximo setenta vezes sete vezes lembremo-nos de que nossos filhos são os mais próximos dentre todos os demais. Muitos filhos colocam seus pais, já velhinhos, nos mais obscuros cômodos da sua casa, ou mesmo em asilos, dando-lhes o mais cabal desprezo, esquecendo-se de que apenas a sustentação material não os isenta das responsabilidades que têm, de amparar, na velhice, aqueles que foram os autores de suas vidas; esquecem-se do Mandamento que ordena honrar pai e mãe. Agindo desse modo, lavam as mãos em face das leis do amor e da justiça divina.

E assim, de forma idêntica, lavamos as mãos em muitos outros atos de nossas vidas; entretanto, devemo-nos lembrar de que a justiça de Deus não terá por inocente aquele que se furta às responsabilidades inerentes às vidas na Terra. Não se pode jamais fazer como Pilatos, lavar as mãos, pois isso não nos isenta dos compromissos que temos como criaturas de Deus, em laborioso processo evolutivo, que exige ações claras, consoante o que disse o próprio Jesus: "Que o vosso dizer na Terra seja sim! sim! não! não!", o que, obviamente, não comporta atitudes dúbias.

Surgiram, então, os dogmas e, durante outros vinte séculos, a Humanidade passou a ter uma visão distorcida das coisas divinas, pois, através deles, tomaram forma as esdrúxulas teorias das penas eternas, do pecado original, dos céus superpostos, da existência do purgatório, da unicidade dos mundos habitados, do batismo e outras mais; tudo isso em flagrante contraste com os ensinamentos cristalinos dos Evangelhos.

Ao Espiritismo cabe a tarefa de restabelecer todos os ensinamentos de Jesus Cristo em seus verdadeiros significados, consoante a promessa por Ele exarada de suscitar entre nós, em época propícia, o Espírito de Verdade, o Consolador, o Paracleto, com o objetivo básico de estabelecer toda a verdade.

Paulo A. Godoy

sábado, 20 de março de 2021

LIVRE-ARBÍTRIO E PROVIDÊNCIA "A alma é criada para a felicidade, mas essa felicidade, para apreciá-la no seu valor, para conhecer-lhe o preço, deve ela própria conquistá-la e, para isso, desenvolver livremente as potências que nela estão. Sua liberdade de ação e sua responsabilidade aumentam com sua elevação, pois, quanto mais se esclarece, mais pode e deve conformar o jogo de suas forças pessoais às leis que regem o Universo.""

 

A questão do livre-arbítrio é uma das que mais tem preocupado os filósofos e os teólogos. Conciliar a vontade, a liberdade do homem com o jogo das leis naturais e a vontade divina, pareceu tanto mais difícil quanto a fatalidade cega parecia pesar, aos olhos de um grande número, sobre o destino humano. O ensino dos espíritos elucidou o problema. A fatalidade aparente que semeia de males o caminho da vida é apenas a consequência do nosso passado, o efeito retornando para a causa; é o cumprimento do programa aceito por nós antes de renascermos, segundo os conselhos de nossos guias espirituais, para o nosso grande bem e nossa elevação.

Nas camadas inferiores da criação, o ser ainda se ignora.
Só o instinto e a necessidade o conduzem, e somente nos tipos mais evoluídos que aparecem, como uma aurora pálida, os primeiros rudimentos das faculdades. No estado de humanidade, a alma atingiu a liberdade moral. Seu raciocínio, sua consciência desenvolvem-se cada vez mais, à medida que percorre sua imensa jornada. Colocada entre o bem e o mal, compara e escolhe livremente.
Esclarecida através de suas decepções e seus males, é no meio das provas que sua experiência se forma, que sua força moral se tempera.

A alma humana, dotada de consciência e de liberdade, não pode degenerar na vida inferior. Suas encarnações se sucedem até que tenha adquirido esses três bens imperecíveis, alvo de seus longos trabalhos: a sabedoria, a Ciência e o amor. Sua posse liberta-a para sempre dos renascimentos e da morte e abre-lhe o acesso à vida celeste.

Pelo uso de seu livre-arbítrio, a alma fixa seus destinos, prepara suas alegrias ou suas dores. Mas, nunca, no decorrer de sua marcha, na prova amarga como no meio da ardente luta da paixão, nunca os socorros do Alto lhe foram recusados.
Por mais que se abandone a si mesma, por mais indigna que pareça, desde que desperte sua vontade de caminhar pelo caminho reto, a via sacra, a Providência a ajuda e sustenta.

A Providência, é o espírito superior, é o anjo que vela sobre o infortúnio, é o consolador invisível, cujos fluidos vivificantes sustentam os corações acabrunhados; é o farol aceso na noite para a salvação daqueles que erram no mar tempestuoso da vida. A Providência, é ainda, é sobretudo, o amor divino derramando-se em abundância sobre a criatura.
E que solicitude, que previdência nesse amor! Não é apenas para a alma, para servir de moldura à sua vida, de teatro para os seus progressos, que ela dependurou os mundos no espaço, acendeu os sóis, formou os continentes e os mares? Somente para a alma essa grande obra efetua-se, as forças naturais se combinam, os universos eclodem no seio das nebulosas.

A alma é criada para a felicidade, mas essa felicidade, para apreciá-la no seu valor, para conhecer-lhe o preço, deve ela própria conquistá-la e, para isso, desenvolver livremente as potências que nela estão. Sua liberdade de ação e sua responsabilidade aumentam com sua elevação, pois, quanto mais se esclarece, mais pode e deve conformar o jogo de suas forças pessoais às leis que regem o Universo.

A liberdade do ser se exerce, portanto, num círculo limitado, de um lado, pelas exigências da lei natural, que nenhum ultraje pode sofrer, nenhuma alteração na ordem do mundo; do outro, pelo seu próprio passado, cujas consequências jorram sobre ele através dos tempos, até a reparação completa. Em nenhum caso o exercício da liberdade humana pode entravar a execução dos planos divinos; sem isso, a ordem das coisas seria a cada instante perturbada. Acima das nossas visões limitadas e mutantes, a ordem imutável do Universo se mantém e prossegue. Somos, quase sempre, maus juízes daquilo que é para nós o verdadeiro bem; e se a ordem natural das coisas tivesse que se dobrar aos nossos desejos, que perturbações medonhas não resultariam disso?

O primeiro uso que o homem faria de uma liberdade absoluta seria o de afastar de si todas as causas de sofrimento e de assegurar para si, desde aqui na Terra, uma vida de felicidades. Ora, se há males que a inteligência humana tem o dever e os meios de conjurar e de destruir, — por exemplo, aqueles que provêm do meio terrestre — há outros, inerentes à nossa natureza moral, que só a dor e a compreensão podem dominar e vencer; tais são os nossos vícios. Nesse caso, a dor torna-se uma escola, ou melhor, um remédio indispensável e as provas suportadas são apenas uma repartição equitativa da infalível justiça. É, portanto, a nossa ignorância dos fins objetivados por Deus que nos faz recriminar a ordem domundo e suas leis. Se as criticamos é porque ignoramos osmeios ocultos.

O destino é a resultante, através das nossas vidas sucessivas, dos nossos atos e das nossas livres resoluções. Mais esclarecidos sobre nossas imperfeições, no estado de espíritos, preocupados com os meios de atenuá-los, aceitamos a vida material sob a forma e nas condições que nos parecem próprias para realizar esse objetivo.

Os fenômenos do hipnotismo e da sugestão mental explicam o que acontece, em caso semelhante, sob a influência de nossos protetores espirituais. No estado de sonambulismo, a alma, sob a sugestão do magnetizador, empenha-se em executar tal ou qual ato, num dado tempo. De retorno ao estado de vigília, sem ter conservado nenhuma lembrança aparente dessa promessa, executa-a exatamente. Da mesma maneira, resoluções são tomadas antes de renascer; mas, chegada a hora, ela se adianta à frente dos acontecimentos previstos e deles participa na medida necessária ao seu adiantamento ou à execução da inelutável lei.


sábado, 6 de março de 2021

LIBERDADE , IGUALDADE E FRATERNIDADE: Liberdade, igualdade e fraternidade, três palavras que são por si sós o programa de uma ordem social, que realizaria o mais absoluto progresso da humanidade, se os princípios que representam pudessem receber inteira aplicação.




Liberdade, igualdade e fraternidade, três palavras que são por si sós o programa de uma ordem social, que realizaria o mais absoluto progresso da humanidade, se os princípios que representam pudessem receber inteira aplicação. Vejamos os obstáculos que, no estado atual da sociedade, lhes podem ser apresentados e procuraremos os meios de removê-los.


A fraternidade, na rigorosa acepção da palavra, resume todos os deveres do homem para com os semelhantes. Significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência; é a caridade evangélica por excelência e a aplicação da máxima "fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam". O oposto constitui a norma do egoísmo. A fraternidade proclama: um por todos e todos por um; o egoísmo perora: cada um para si. Estes dois princípios, sendo a negação um do outro, tanto impedem ao egoísta de ser fraterno como ao avarento de ser generoso e um homem medíocre de chegar às culminâncias de um grande homem. Ora, sendo o egoísmo social, enquanto ele dominar, será impossível a verdadeira fraternidade, querendo a cada um para proveito próprio ou quando muito em proveito de outrem, uma vez que nada perca com isso.


Atenta a sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha: é a base; sem ela seriam impossíveis a liberdade e a igualdade reais. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade do conjunto das duas.


Suponhamos uma sociedade de homens assás desinteressados, benévolos e prestativos, para viverem fraternalmente. Entre eles não haverá privilégios e direitos excepcionais, o que destruiria a fraternidade.


Tratar alguém de irmão é tratar de igual para igual, é querer para ele o mesmo que para si. Em um povo de irmãos, a igualdade será a conseqüência dos seus sentimentos, da sua maneira de proceder, e se estabelecerá pela força das coisas.


Qual é, porém, o inimigo da igualdade? O orgulho, que trabalha por ser o primeiro e por dominar; que vive de privilégios e de exceções e que aproveitará a primeira ocasião para destruir a igualdade social, nunca por ele bafejada. Ora, sendo o orgulho uma das chagas sociais, é evidente que nenhuma sociedade terá a igualdade sem arrasar primeiro esta barreira.


A liberdade, já o dissemos, é filha da igualdade e da fraternidade. Falamos da liberdade legal, e não da natural, que é um direito imprescritível de toda a criatura humana, até do selvagem.


Os homens, vivendo como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de recíproca benevolência, praticarão entre si a justiça, não causarão danos e, portanto, nada recearão uns dos outros. A liberdade será inofensiva, porque ninguém abusará, em prejuízo do seu semelhante. Como conseguir que o egoísmo, tudo desejando para si, e o orgulho, que quer tudo dominar, dêem as mãos à liberdade, que os destrona? Nunca o farão, porque a liberdade não tem mais encarniçados inimigos, assim como a igualdade e a fraternidade.


A liberdade pressupõe confiança mútua, mas este sentimento é impossível entre homens, que só têm em vista a sua personalidade e não podendo satisfazer à sua ambição à custa de outrem, vivem em guarda uns contra os outros, sempre receosos de perder o que chamam o seu direito e têm o predomínio como condição da existência; e por isto levantarão barreiras à liberdade e a sufocarão tão depressa encontrem propício ensejo.


Os três princípios são, como já dissemos, solidários entre si e apoiam-se mutuamente. Sem a co-existência deles, o edifício social fica incompleto. A fraternidade, praticada em sua pureza, requer a liberdade e a igualdade, sem as quais não será perfeita. Sem a fraternidade, a liberdade soltará a rédea às más paixões, que correrão sem freio. Com a fraternidade, o homem saberá regular o livre-arbítrio, estará sempre na ordem. Sem ela, usará do livre-arbítrio, sem escrúpulos; serão a licença e a anarquia. É por isso que as mais livres nações são forçadas a por limites à liberdade. A igualdade, sem fraternidade, conduz aos mesmos resultados, porque a igualdade requer liberdade. Sob o pretexto da igualdade, o pequeno abate o grande, para tomar-lhe o lugar, e torna-se tirano por sua vez. Não há senão um deslocamento de despotismo.


Do exposto resulta que deve permanecer na escravidão o povo que não possui ainda o verdadeiro sentimento de fraternidade? Que não têm capacidade para as instituições fundadas sobre os princípios de igualdade e de liberdade? Pensar assim é mais o que cometer um erro, é cometer um absurdo. Nunca se espera que a criança chegue a todo o seu desenvolvimento orgânico para ensiná-la a andar.


Quem é, as mais vezes, o guia ou o tutor dos povos? São homens de idéias grandiosas e generosas dominados pelo amor do progresso, que aproveitam a submissão dos seus inferiores, para neles desenvolver o senso moral e elevá-los pouco a pouco à condição de homens livres? Não; são, quase sempre homens ciosos do seu poder, a cuja ambição outros servem de instrumentos mais inteligentes do que os animais e que por isso, em lugar de emancipá-los, os conservam, quando podem, sob o jugo e na ignorância. Esta ordem de coisas, entretanto, muda por si mesma, sob a irresistível influência do progresso.


A reação é, não raro, violenta e tanto mais terrível quando o sentimento de fraternidade, imprudentemente sufocado, não interpõe o seu poder moderador. A luta é travada entre os que querem arrebatar e os que querem guardar; daí um conflito que se prolonga, às vezes, por séculos. Um equilíbrio fictício por fim se estabelece. As condições melhoram, mas os fundamentos de ordem social não estão firmes, a terra treme debaixo dos pés; porque ainda não é o tempo do reinado da liberdade e da igualdade sob a égide da fraternidade, visto como o orgulho e o egoísmo ainda contrastam com os esforços dos homens de bem.


Vós todos, que sonhais com esta idade de ouro para a humanidade, trabalhai principalmente na construção dos alicerces do edifício; antes de lhes terdes coroado o fastígio, dai-lhe por pedra angular a fraternidade em sua mais pura acepção; mas é preciso saber que, para isto, não basta decretar e inscrever a palavra numa bandeira; é mister que haja o sentimento no fundo dos corações e não seja ele trocado por disposições legislativas. Assim como para fazer frutificar um campo é preciso remover as pedras e arrancar a erva, urge trabalhar sem descanso para remover e arrancar o orgulho e o egoísmo, porque são eles a fonte de todo o mal, o obstáculo real ao reino das coisas boas.(77)


Destruí nas leis, nas instituições, nas religiões, na educação, os mais imperceptíveis vestígios dos tempos da barbaria e dos privilégios, bem como todas as causas, que entretem e desenvolvem esses eternos obstáculos ao verdadeiro progresso, vícios que são ingeridos, por assim dizer, como o leite, e aspirados por todos os poros na atmosfera social.


Só então os homens compreenderão, os deveres e benefícios da fraternidade, só então se firmarão por si mesmos, sem abalos e sem perigos, os princípios complementares da liberdade e da igualdade. E é possível a destruição do orgulho e do egoísmo? Respondemos alta e formalmente: SIM, porque, do contrário, fixar-se-á um marco eterno ao progresso da humanidade. Que o homem avulta sempre em inteligência, é fato incontestável. Terá chegado ao ponto culminante da sua caminhada por esse caminho? Quem ousaria sustentar tão absurda tese? Progride em moralidade? Para responder a esta pergunta, basta comparar as épocas de um mesmo país. Por que razão alcançará o limite de progresso moral antes que o do intelectual? A sua aspiração para uma ordem superior é o indício da possibilidade de ali chegar. Aos homens do progresso pertence ativar esse movimento pelo estudo e aplicação dos meios mais eficazes.


(77) A lógica e a perfeição formal e conceptual deste trabalho de Kardec exigem estudo atencioso para a sua completa compreensão. Como vemos no trecho acima, confirmando tópicos da codificação e deste mesmo volume, os espíritas são os trabalhadores do alicerce da nova ordem social. Possuindo o esclarecimento doutrinário, não podem iludir-se com teorias e movimentos políticos e sociais de superfície, com ideologias que ignoram a essência da estrutura social, ou seja a condição evolutiva do homem, do espírito humano em seu estágio atual. Impossível criar um mundo de cultura com uma população obtusa e analfabeta, sem antes educá-la. Assim também é impossível estabelecer na Terra o reino da justiça com uma humanidade egoísta, orgulhosa e escravizada aos preconceitos da ignorância, sem antes esclarecê-la. (N. do Rev.)

sábado, 27 de fevereiro de 2021

DA LEI DE IGUALDADE

 1 - PRIMITIVISMO OU SUBNUTRIÇÃO:


"Perante Deus, são iguais todos os bomens?"


"Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: "O Sol é luz para todos" e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. " Questâo n° 803 (Da Lei de Igualdade).


Partindo do princípio de que Deus é a equidade perfeita, a justiça sem mácula, é evidente que considera iguais todos os homens. Fomos criados para um mesmo fim: a Perfeição. Mais cedo ou mais tarde lá chegaremos, quer queiramos ou não, porquanto essa é a vontade do Criador, que não falha jamais em seus objetivos.


Dentro de milhares ou milhões de anos - espaço de tempo vasto para os padrões humanos, mas insignificante diante da Eternidade - teremos desenvolvido plenamente nossas potencialidades criadoras, ajustando-nos adequadamente as Leis Divinas. Seremos, então, prepostos do Senhor, co-partícipes na obra da Criação, e embora as limitações do relativo diante do Absoluto, da criatura diante do Criador, seremos deuses, segundo expressão do salmista, citada por Jesus (João, 10;34).


Nessa longa jornada rumo aos objetivos finais de nossa existência, não partimos todos ao mesmo tempo. Há, por isso, Espíritos em variadas faixas de evolução. Natural, portanto, que os encontremos na Terra, encarnados ou desencarnados, revelando profunda diversificação de entendimento, compreensão, inteligência, vocação, moralidade.


O assunto exige cuidado para não incorrermos no engano de avaliar a condição evolutiva do indivíduo pela posição que ocupa na sociedade. Há Espíritos altamente cultos e intelectualizados que ressurgem na Terra em situação de penúria, experimentando limitações que os ajudarão a vencer sentimentos inferiores de ambição, orgulho, vaidade ...


Por outro lado, há Espíritos de mediana evolução que, por força de experiências necessárias ao seu aprendizado, reencarnam no seio de classes abastadas, onde terão amplas facilidades de aprendizado e ação no meio social, detendo valiosos patrimônios materiais.


Encontramos nas camadas mais pobres uma incidência significativa de indivíduos sem iniciativa, inspirando-nos a impressão de que, nesse vasto segmento da população, em países subdesenvolvidos, localizam-se Espíritos primitivos ... Visitadores de organizações assistenciais defrontam-se, frequentemente, com famílias que parecem absolutamente incapazes de melhorar sua condição social, ainda que orientadas, ajudadas e estimuladas.


São Espíritos primitivos ou estamos diante de problemas decorrentes da própria situação em que se encontram? Até que ponto o Espírito de mediana evolução conseguiria superar condicionamentos psicológicos e culturais impostos pela pobreza?


Consideremos outro fator importante: a nutrição.


Sabe-se que durante a gestação e nos primeiros anos de vida é de fundamental importância que a criança tenha uma alimentação sadia, enriquecida principalmente por proteínas, a fim de que sua estrutura orgânica e, particularmente, suas células cerebrais, tenham um desenvolvimento adequado. Caso contrário, poderá sofrer danos irreparáveis, tornando-se apática, sem iniciativa, com dificuldade de raciocínio e atenção. Salvo em circunstâncias especiais, envolvendo Espíritos altamente evoluídos, as leis biológicas não serão contrariadas.


Recordamos o clássico exemplo do exímio violinista, usando instrumento defeituoso. Por mais se esforce, não conseguirá emprestar brilho a execução. Da mesma forma, Espíritos reencarnados de razoável desenvolvimento mental e intelectual terão imensas dificuldades em exercitar suas potencialidades, se houverem sofrido carências nutritivas nos primeiros anos de vida.


O renascimento em lares extremamente pobres pode ocorrer por uma questão de disponibilidade. À falta de portas melhores para o retorno a carne, Espíritos preementemente necessitados da experiência física reencarnam em lares paupérrimos, onde as portas jamais se fecham.


Mas, se a Providência faculta essa Possibilidade, não é pela vontade de Deus que o indivíduo seja subnutrido, faminto, miserável... A Vida é dádiva do Criador; a condição de vida é obra da criatura. O Homem é responsável pela existência de pessoas que morrem de fome, de crianças condenadas a um futuro problemático em face da subnutrição. Semelhantes limitações não podem ser debitadas a inamovíveis desígnios divinos - nenhum pai deseja isso para seu filho - mas à omissão de uma sociedade regida pelo egoísmo, onde cada um cuida de si e "o resto que se dane".


A compreensão de que somos todos iguais perante Deus implica na responsabilidade de oferecermos idênticas oportunidades aos Espíritos que reencarnam, não à custa de simples medidas governamentais, sempre omissas e limitadas, nem de revoluções armadas, que repetem velhos enganos e fomentam eternas ambições, perpetuando injustiças e desigualdades, mas por iniciativa da própria sociedade, daqueles que, em situação melhor, se disponham a ajudar os seus irmãos.


Imaginemos que prodígios de promoção humana, de recuperação da pobreza operaríamos com a simples mobilização das classes sociais mais bem aquinhoadas, a procurar os lares humildes para oferecer aos Espíritos que ali iniciam sua romagem terrena condições para um desenvolvimento físico e mental sadio !


Aos que supõem que semelhante esforço é mera utopia, recordamos que Jesus não foi um visionário empolgado por sonhos irrealizáveis. Ao empenhar seu apostolado no esforço em favor dos humildes, deixou bem claro que verdadeira utopia é pretender que o Reino de Deus se estabeleça no Mundo por decreto divino, sem adesão da criatura humana aos princípios de solidariedade e fraternidade que o fundamentam.


2 - MOBILIZAÇÃO


"Há pessoas que, por culpa sua caem na miséria. Nenhuma responsabilidade caberá disso à sociedade?"

"Mas, certamente. Já dissemos que a sociedade é muitas vezes a principal culpada de semelhante coisa. Demais, não tem ela que velar pela educação moral dos seus membros? Quase sempre, é a má educação que lhes falseia o critério, ao invés de sufocar-lhes as tendências perniciosas." Questão n° 813 (Da Lei de Igualdade)


A idéia do determinismo, o "malktub" (estava escrito), da filosofia oriental, está profundamente arraigada no espírito religioso. Não são poucos os profitentes a conceberem que Deus sabe o que faz, e se há miséria, infelicidade e sofrimento no Mundo, é porque deve ser assim.


Os espíritas nem sempre fazem melhor. O princípio da Reencarnação inspira a muitos companheiros a impressão de que, se estamos todos resgatando dívidas cármicas e se cada indivíduo se movimenta em faixa evolutiva própria, com suas tendências e necessidades, não será lícito pretender grandes mudanças, o que, hipoteticamente, somente ocorrerá quando a Terra for promovida na sociedade dos, mundos, deixando a condição de planeta de expiação e provas.


Isto equivale a dizer que os males do Mundo são obra de Deus, o que está fundamentalmente errado. Eles são produzidos pelo Homem, que, com suas ambições, sua incúria, seus preconceitos, gera os desníveis sociais, as crises econômicas, as guerras destruidoras, a crônica infelicidade.


Quando Jesus proclama que não cai uma folha da árvore sem que seja pela vontade de Deus, isto não significa que Deus derrube as folhas. O Criador sustenta a vida, que se perpetua no transformismo incessante da Natureza, segundo as leis por Ele instituídas.


Da mesma forma, Deus não gera os males humanos, mas permite que aconteçam para que o Homem aprenda, com a força ele suas experiências, o que é melhor para ele, no incessante transformismo da moral em evolução, igualmente orientada por leis divinas.


Imperioso, portanto, superar a atitude contemplativa ou de indiferença que marca o comportamento humano. É preciso mobilizar os homens pela palavra e pelo exemplo, demonstrando ser indispensável estabelecer dos de solidariedade entre os componentes da sociedade, a fim de que possamos, efetivamente, superar as misérias da Terra.


Não se trata, simplesmente, de beneficiar o semelhante, mas, essencialmente, a nós mesmos com esse empenho. Se moramos no campo e observamos o mato crescer em torno de nossa casa, invadindo a lavoura, podemos dizer: "O mato cresce pela vontade de Deus." No entanto, se nos acomodarmos, embalados por essa convicção, o mato continuará a crescer, sufocará a plantação, favorecerá o aparecimento de répteis e insetos nocivos. Viveremos miseravelmente, com ameaças à própria integridade física. O que diremos depois? "Foi a vontade de Deus?"


Os bolsões de miséria crescem em toda parte, como mato insidioso, gerado por injustiças sociais. Dali sai a grande maioria dos crimes, dos roubos, dos assassinatos, das prostituições, males que assolam a sociedade. Imperioso derrubar esse matagal, ajudando de forma efetiva aqueles que enfrentam problemas dessa natureza, a fim de que não sejam tentados pela tendência humana de resolvê-las na marginalidade criminosa.


Fala-se muito em mudanças nas estruturas sociais.


Há revoluções, sucedem-se os regimes e sistemas - comunismo, socialismo, parlamentarismo, fascismo, presidencialismo, monarquismo, totalitarismo, capitalismo, - enquanto se perpetuam a miséria e o infortúnio. No entanto, qualquer "ismo" funcionaria bem, resolveria os problemas sociais, se conseguíssemos eliminar um outro "ismo", presente em todos eles: o egoísmo, o culto a própria personalidade.


A vida em sociedade implica em responsabilidades, a começar pela mais elementar: trabalhar pelo bem comum, ideal inatingível enquanto considerável parcela da sociedade estiver marginalizada pela enfermidade, pela penúria, por problemas de comportamento.


Há dois mil anos o Cristo deixou na Terra os fundamentos do Reino de Deus. Outros tantos milênios poderão passar sem que seja edificado, se não desenvolvermos o espírito de serviço no campo da Fraternidade, ensaiando desprendimento e boa vontade.


Em todas as cidades há grupos de trabalho de variadas denominações religiosas, despertos para semelhante realidade, cujos membros estão tentando viver a mensagem de Jesus, participando de organizações de assistência e promoção humanas, motivados por sagrado idealismo.


Se esses poucos abnegados produzem tanto, imaginemos que prodígios seriam feitos, se houvesse uma ampla mobilização de todos os segmentos da população em condições de participar !


Um dia todos compreenderemos que a Vida vem de Deus, mas à qualidade de vida vem do Homem.


O Cristo mostra-nos o caminho, mas não pode caminhar por nós. Oferecendo-nos orientação e exemplo, o Mestre deixou bem claro que o serviço da redenção humana, de erradicação do Mal, da miséria, do infortúnio, é trabalho impostergável de todos os homens.


3 - O HOMEM E A MULHER


"São iguais perante Deus o bomem e a mulher e têm os mesmos direitos? "


"Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?" Questão n° 817 (Da Lei de Igualdade).


"Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos, porque para a mulher é vergonhoso falar nas igrejas."


Estas preconceituosas recomendaçôes, que reduzem a mulher a mera ouvinte nas atividades religiosas, surpreendentemente foram feitas pelo apóstolo Paulo, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (capítulo 13, versículos 34 e 35). Não obstante sua inteligência e lucidez, o grande arauto do Cristianismo não conseguiu superar as limitaçôes de seu tempo em relação a mulher, considerada então um ser inferior, mera serva do homem, que podia, dentre outras prerrogativas, dispensá-la como esposa, se não a desejasse mais, obriga-la a coabitar com concubinas ou mandá-la apedrejar se suspeitasse de sua fidelidade.


Ela era marginalizada até mesmo em razão de suas funções biológicas. A menstruação a tornava impura. O mesmo ocorria no nascimento de filhos, obrigando-a a severas disciplinas e a indispensáveis rituais de purificação.


Nem mesmo a gloriosa mensagem do Cristo, combatendo todos os preconceitos, foi suficiente para libertar a mulher de discriminações que perduraram até o início deste século.


Em 1857, quando foi lançado "O Livro dos Espíritos", era inconcebível qualquer pretensão de igualdade entre os sexos. Estavam por ser articulados os movimentos feministas que garantiriam a mulher o direito de votar, de exercer profissão liberal, de gerir seus próprios negócios, de exercitar o livre-arbítrio. Nesta como em muitas outras questões, a Doutrina Espírita situava-se numa vanguarda de idéias renovadoras em favor de uma sociedade mais justa.


Nem poderia ser diferente, partindo do princípio doutrinário segundo o qual o Espírito não tem sexo. Tanto pode encarnar em corpo masculino ou feminino. Iguais quanto à origem e destinação, inteligentes e perfectíveis, o homem e a mulher devem exercitar direitos idênticos.


Estão distantes os tempos em que "filósofos" discutiam se a mulher tem alma e somente em sociedades primitivas pode persistir a concepção de que ela é inferior ao homem.


Contribuíram para essa desejada igualdade os imperativos da sociedade atual, em que a mulher é convocada a exercer uma atividade profissional, não simplesmente por uma necessidade de auto-afirmação, mas, sobretudo, em decorrência de um problema econômico, a fim de auxiliar na formação de renda que atenda às necessidades de subsistência da família. Raros os lares que podem dispensar tal iniciativa.


Há quem afirme que a liberação feminina, longe de representar um progresso, transformou-se em instrumento de conturbação da sociedade, favorecendo o aumento da infidelidade conjugal, o negligenciamento dos filhos e a dissolução da família.


Apesar do caráter machista que acompanha críticas dessa natureza, forçoso reconhecer que o processo de liberação da mulher não se faz de forma pacífica, gerando dificuldades no relacionamento familiar e inspirando perturbadoras iniciativas na alma feminina.


Muitos lares estão em crise porque a mulher não admite ser contestada em sua disposição de fazer o que julga conveniente, em favor de sua auto-realização, não vacilando em partir para a separação se encontra resistência no cônjuge.


Semelhantes problemas são passageiros, situando-se como tremores de superfície que acompanham modificaçôes nas profundezas, e serão superados na medida em que a Humanidade assimilar plenamente um princípio fundamental, enunciado na questão número 822-a, de "O Livro dos Espíritos", quando Kardec interroga se uma legislação perfeitamente justa deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher. Respondem os Mentores:


"Dos direitos, sim; das funçôes, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete" ...


Pretender absoluta igualdade envolvendo as funções é contrariar a própria biologia. O homem foi estruturado para o trabalho mais pesado, no esforço da subsistência familiar; a mulher é convocada às responsabilidades do lar, particularmente no cuidado dos filhos.


O progresso moral iguala ambos quanto aos direitos.


O progresso material os aproxima no desempenho de funções, na medida em que o trabalho se torna menos pesado na atividade profissional e mais prático no lar, com as conquistas da tecnologia. Ambos podem dividir parte de suas atribuições.


No entanto, é preciso reconhecer que à mulher está afeta a mais sublime nisso, o mais elevado ideal, a tarefa redentora por excelência: a preparação do ser humano para a Vida. Edificaremos um mundo melhor na medida em que a criança for convenientemente orientada. E esse serviço, por mais o neguem as feministas intransigentes, compete muito mais a mulher. Ela é a preceptora por excelência, a educadora mais eficiente. A maternidade é, talvez, a mais sacrificial e árdua de todas as missões, mas, se exercitada em plenitude é, também, a mais gloriosa de todas as realizações humanas.


Não pretendemos a reinstituição das Amélias, o retorno da mulher à condição de escrava do lar. Ela tem o direito e, mais que isso, a necessidade de desenvolver atividades na comunidade. Mas é preciso reconhecer que acima dos sucessos no campo social e profissional, está a suprema realização feminina como esposa e mãe, sustentando o lar, que é reconhecidamente a célula básica da civilização.


Evocando as funções redentoras da alma feminina, Victor Hugo tece significativas comparações entre o homem e a mulher:


"O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar. O trono exalta; o altar santifica.


O homem é o cérebro; a mulher o coração. O cérebro produz a luz; o coração o amor. A luz fecunda. O amor ressuscita.


O homem é um gênio; a mulher um anjo. O gênio é imensurável; o anjo indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher a virtude extrema. A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.


O homem tem a supremacia; a mulher a preferência. A supremacia representa a força; a preferência o direito. O homem é forte pela razão; a mulher é invencível pela lágrima. A razão convence, a lágrima comove.


O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece; o martírio sublima. O homem é o código; a mulher o evangelho. O código corrige; o evangelho aperfeiçoa. O homem é um templo; a mulher um sacrário. Ante o templo, nós nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelhamo-nos.


O homem pensa; a mulher sonha. Pensar é ter cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano; a mulher um lago. O oceano tem a pérola que o embeleza; o lago tem a poesia que o deslumbra. O homem é uma águia que voa; a mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar os espaços; cantar é conquistar a alma. O homem tem um fanal: a consciência. A mulher tem uma estrela: a esperança. O fanal guia e a esperança salva.


Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra. A mulher onde começa o Céu.


Richard Simonetti

APRENDENDO COM O LIVRO DOS ESPÍRITOS Q.821 - LEI DE IGUALDADE - IGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEM E DA MULHER

 821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem?


“Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.”




COMENTÁRIOS DE MIRAMEZ


FUNÇÕES DA MULHER



As funções da mulher são grandiosas, por vezes até maiores que as do homem, pois é ela que gera filhos na sua intimidade, alimentando-os com o seu amor.


A geração de um filho, pode-se dizer que é a maravilha das maravilhas. Quem não vê Deus neste fenômeno, é cego, por não querer examinar os processos da vida. Isso é a manifestação da própria Divindade dentre os seres encarnados, que opera nos animais, nas aves e mesmo no reino vegetal, em se observando os frutos e as flores.


A função da mulher no lar é divina, mesmo tendo expressão humana. Quando se diz que a mulher é parte fraca, é por força de expressão; diante do corpo do homem, é um complexo humano aprimorado que o futuro espera para grandes realizações. Não se quer aqui desprezar o seu companheiro, que ocupa na vida funções grandiosas também; cada um no seu lugar, onde Deus põe as criaturas para a co-realização de muitas coisas, buscando sua própria paz. Se Deus fez o homem e a mulher, qual de nós poderemos menosprezar a vontade do Criador? A razão do Espírito tem pouco alcance no que tange à verdade. Somente Deus sabe de tudo; sendo onisciente e onipresente, gera a vida sem erro.


Os seres humanos têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; são dotados de muitos sentidos, mas dormem pela ignorância, por isso não se interessam pela verdade. Os que sabem mais um pouco, reconhecem com isso que nada sabem ante a presença do Criador. A humanidade se encontra caminhando para melhores dias em tudo, até e mesmo no que se refere ao aperfeiçoamento do instrumento físico, que ainda deixa muito a desejar, quando o comparamos ao de um mundo altamente evoluído; no entanto, o corpo de carne na Terra é uma bênção de Deus, instrumento divino para o aperfeiçoamento das almas.


Em João, capítulo seis, versículo quarenta e oito, se vê narrado assim:


Eu sou o pão da vida.


Mas, como encontrar esse pão da vida, para que não tenhamos mais fome? Somente a reencarnação pode nos despertar para essa procura, porque as provações despertam as criaturas para tais interesses. Jesus é o pão da vida, mas como encontrar Jesus? é pelas vidas sucessivas, pois, por elas, recordamos e fixamos na consciência o que a teoria nos ensinou no mundo espiritual. Não podemos esquecer que foi a Doutrina Espírita que mais explicou e revelou essa verdade aos homens que, conscientes dela, entendem a libertação física mais próxima do Pão da Vida, que se aproxima mais de nós, a saciar a nossa fome.


Se a mulher é que dá aos homens as primeiras noções de vida, ela merece o respeito de todos e a devida atenção para cumprir ainda melhor sua missão, que beneficiará a todos.


Nós, do plano espiritual, falando às mulheres, tornamos a dizer que elas são o ponto alto para nós, onde poderemos derramar os elevados conceitos no silêncio para os seus corações sensíveis, e que possam direcionar todos eles para a educação daqueles que as rodeiam. Que não percam a paciência, pois ninguém perde em ser dócil aos ensinamentos de Jesus. Preparem-se para os dias de amanhã, onde os próprios homens enriquecerão seus valores na condição de companheiros e irmãos na mesma jornada, e que o terceiro milênio seja abençoado por Deus pelos canais de Jesus Cristo, para que a Terra seja o paraíso prometido e esperado pelos homens de fé. No entanto, isso é conquista de todas as criaturas reunidas.


Que Deus abençoe o homem e a mulher, para que os dois se tornem um.



Filosofia Espírita  Volume XVIII - cap. 5

João Nunes Maia em parceria com Espírito Miramez


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O CEGO DE NASCENÇA : O CASO NÃO ERA EXPIAÇÃO[...]PORÉM SIGNIFICATIVA MISSÃO[...] O MOÇO CEGO ASSUMIRA O COMPROMISSO [...] A FIM DE DAR TESTEMULHO PÚBLICO DE QUE JESUS É A LUZ DO MUNDO[...]ELE VEIO(JESUS) ...ABRIR OS OLHOS DA ALMA AOS QUE TÊM FOME E SEDE DE LUZ , PONDO AO MESMO TEMPO, A DESCOBERTO, A CEGUEIRA DOS ORGULHOSOS QUE DOGMATIZAM DE SUAS CÁTEDRAS,BLASFEMANDO DO QUE IGNORAM.

 


O CEGO DE NASCENÇA


"Jesus, passando, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os discípulos: Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego, ele ou seus pais? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais, mas isto se deu para que as obras de Deus nele sejam manifestas..

Tendo assim falado, misturou saliva com terra e, fazendo barro, aplicou-o nos olhos do cego dizendo: Vai lavar-te no tanque de Siloé. Ele foi, lavou-se e voltou com vista." - João, 9:1-7.


A pergunta dos discípulos sobre os motivos da cegueira daquele homem não foi descabida, No entanto, o caso não era de expiação para o padecente, nem de provação para seus pais. Tratava-se de modesta, porém significativa missão.


O Espírito encarnado no moço cego assumira, no Além, o compromisso de nascer privado da vista a fim de dar testemunho público de que Jesus é a luz do mundo, o Messias prometido.


Após haver respondido à interpelação que lhe foi dirigida, o Mestre aproximou-se do cego, e, untando-lhe os olhos com barro, composto de saliva e terra, disse-lhe: Vai lavar-te no tanque de Siloé. Ele foi, lavou-se e voltou vendo.


Porque teria o Senhor usado aquela original terapêutica? Não poderia operar a cura independente do processo empregado? Ele agiu assim para completar o testemunho que o moço havia de dar, por isso que a denominação Siloé quer dizer Enviado.


Se os homens daquele tempo, e de todos os tempos, dispondo, embora, de vista física, tivessem "olhos de ver", por certo se convenceriam de que Jesus, de fato, é o Filho de Deus. Sendo, porém, cegos de espírito, nenhuma conclusão tiraram outrora, nem tiram na atualidade, dos prodígios e das maravilhas por Ele levadas a efeito.


Nada obstante, o milagre em apreço causou escândalo. A testemunha do Enviado foi levada à presença dos fariseus, que a interrogaram minuciosamente. O caso foi narrado com simplicidade e firmeza. Não havia negá-lo. Era evidente.


Mas, alegaram os sofistas adversários do Senhor: Esse que te curou não é de Deus, não guardou o sábado. E, obstinados em sua incredulidade, mandaram vir os pais do mancebo e os interpelaram: E' este o vosso filho, que dizeis haver nascido cego? Como, pois, ele agora vê?


Sim, este é nosso filho que nasceu cego; como, porém, agora vê, não sabemos; interrogai-o diretamente, já tem idade, falará por si. Assim disseram os pais, temendo serem expulsos da sinagoga, porque estava já estabelecida aquela pena para os que confessassem ser Jesus, o Cristo.


De novo, pois, é chamado o ex-cego, a quem disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que aquele que te curou é pecador. Redarguiu o mancebo: Se é pecador, não sei; de uma coisa estou bem certo: eu era cego, e agora vejo; desde que há mundo, nunca , se soube que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.


Mas, como foi isso? objetaram os fariseus. Já vo-lo disse, retrucou o humilde instrumento da Verdade porque desejais ouvir de novo? Quereis, acaso, tornar-vos discípulos de Jesus? Discípulo dele és tu, revidaram os fariseus; nasceste todo em pecados, e queres ensinar-nos? E, injuriando-o, expulsaram-no. O Mestre, tendo ciência do sucedido, procurou-o e a ele revelou-se, dizendo:


— Crês tu no Filho

— Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia?

— Já o viste, e é ele quem fala contigo.

— Creio, Senhor. E o adorou.


Concluiu, então, Jesus: Eu vim a este mundo para um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam; e os que vêem, se tornem cegos. Assim, realmente, tem acontecido. No desempenho de sua missão, o divino Enviado vai iluminando os simples que intimamente se confessam inscientes, e confundindo os vaidosos e presumidos que se julgam sábios.


Ele veio, de fato, abrir os olhos da alma aos que têm fome e sede de luz, pondo, ao mesmo tempo, a descoberto, a cegueira dos orgulhosos que dogmatizam de suas cátedras, blasfemando do que ignoram.


A história se repete. O que se passou com o Enviado, quando no desempenho das exemplificações que realizou no cenário terreno, passa-se, agora, com relação à fenomenologia e à ética espíritas.


O farisaísmo hodierno continua sofismando e negando. Um grande número, temendo excomunhão, não reflete em público a luz que bruxuleia em seu íntimo.


Todavia: Veritas vincit.


Vinícius