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sábado, 11 de janeiro de 2014

Aprendendo com o Livro dos Espíritos Questão 129

 
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Comentário de Miramez psicografado João Nunes Maia
 
 
O livre arbítrio se expressa noutro sentido, de difícil entendimento, mesmo para os espiritualistas. Os que escolhem o mal são Espíritos aos quais faltam experiências no campo de ascensão. O que chamamos de mal convida a alma com as facilidades inerentes as suas ilusórias conquistas, e todos nós passamos pelas ilusões da vida. Como precisamos da teoria, para que comecemos as práticas, ninguém toma água, sem primeiro ter a sede, nem come sem apresentar a fome, e pessoa alguma veste, sem primeiro estar nua. Como não passar pelas experiências, para depois vivê-las? Ninguém parte de Deus retamente, sem nenhum problema. As contradições, nós mesmos é que as criamos, para nós mesmos as resolveremos, assegurando o próprio mérito no coração, como sendo o esforço da boa luta.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos Questão 128

 

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 Comentário de Miramez psicografado por João Nunes Maia
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 127

 

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Comentário de Miramez psicografado por João Nunes Maia.
 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O LIVRO ESPÍRITA


 
Albino Teixeira
O livro espírita é luz – clareia o nosso entendimento.
O livro espírita é bússola – norteia os nossos passos.
O livro espírita é pão – alimenta a nossa fé.
O livro espírita é remédio – balsamiza as nossas dores.
O livro espírita é fonte de água pura – sacia a nossa sede.
O livro espírita é sempre o nosso melhor amigo nos caminhos da elevação.
Adquiri-lo é importante.
Lê-lo é imprescindível.
Estudá-lo é sabedoria.
Divulgá-lo é dever.
Agradeçamos a Deus pela bênção do livro genuinamente espírita, em cujas páginas luminescentes encontramos o Pensamento Vivo dos Espíritos Superiores que ditaram a Codificação a Allan Kardec, na revivescência do Evangelho de Jesus.
 
CONFIA E SERVE - Francisco Cândido Xavier – Carlos A. Baccelli - Espíritos diversos

Perispírito, Densidade, Centro de Força e enfermidade segundo Clarêncio

O texto abaixo é uma instrução de Clarêncio sobre o perispírito , seus centro de forças e de sua densidade retirado do Livro Entre a Terra e o Céu

(...)‑ Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo electromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, conseqüentemente, o «habitat» que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. Cada qual de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores que lhe são afins. O crescimento do influxo mental, no veículo electromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre, está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio espírito. Atentos a semelhante realidade, é fácil compreender que sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas manifestações, conforme o tipo de pensamento que nos flui da vida íntima. Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina.
Ouvíamos as preciosas explicações, enlevados, mas Clarêncio, reparando que não nos cabia fugir do quadro ambiente, voltou-se para a garganta enferma de Júlio e continuou:
‑ Não nos afastemos das observações práticas, para estudar com clareza os conflitos da alma. Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito, classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos, assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o «centro coronário» que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência. Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos electromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma. Logo após, anotamos o «centro cerebral», contíguo ao «centro coronário», que ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à Palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É no «centro cerebral» que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos. Em seguida, temos o «centro laríngeo», que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tireóide e das paratireóides. Logo após, identificamos o «centro cardíaco», que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral. Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o «centro esplênico» que, no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos. Continuando, identificamos o «centro gástrico», que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização e, por fim, temos o «centro genésico», em que se localiza o santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos.
O instrutor fêz pequena pausa de repouso e prosseguiu:
‑ Não podemos olvidar, porém, que o nosso veículo sutil, tanto quanto o corpo de carne, é criação mental no caminho evolutivo, tecido com recursos tomados transitoriamente por nós mesmos aos celeiros do Universo, vaso de que nos utilizamos para ambientar em nossa individualidade eterna a divina luz da sublimação, com que nos cabe demandar as esferas do Espírito Puro. Tudo é trabalho da mente no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas, a fim de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina.
Clarêncio afagou a garganta doente do menino, dando-nos a idéia de que nela fixava o objeto de nossas ligações, e aduziu:
‑ Quando a nossa mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de força de nossa alma, naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se ao trabalho de reajuste. No caso de Júlio, observamo-lo como autor da perturbação no «centro laríngeo», alteração que se expressa por enfermidade ou desequilíbrio a acompanhá-lo fatalmente à reencarnação.
‑ E como sanará ele semelhante deficiência? – perguntei, edificado com os esclarecimentos ouvidos.
Com a serenidade invejável de sempre, o Ministro ponderou:
‑ Nosso Júlio, de atenção encadeada à dor da garganta, constrangido a pensar nela e padecendo-a, recuperar-se-á mentalmente para retificar o tônus vibratório do «centro laríngeo», restabelecendo-lhe a normalidade em seu próprio favor.
E decerto para gravar, com mais segurança, a elucidação, concluiu:
‑ Júlio renascerá num equipamento fisiológico deficitário que, de algum modo, lhe retratará a região lesada a que nos reportamos. Sofrerá intensamente do órgão vocal que, sem dúvida, se caracterizará por fraca resistência aos assaltos microbianos, e, em virtude de o nosso amigo haver menosprezado a bênção do corpo físico, será defrontado por lutas terríveis, nas quais aprenderá a valorizá-lo.
Em seguida, porém, o instrutor desdobrou várias operações magnéticas, a benefício do pequeno enfermo, que se mantinha calmo, e, com os agradecimentos das duas solícitas irmãs que nos ouviam, atentamente, despedimo-nos de retorno ao nosso domicílio espiritual.(cap 20 Conflitos da alma do livro Entre a Terra e o Céu).

Trechos concernente as lições supracitadas no capítulo anterior.
(...) ‑ Compete-nos, então – observou Hilário, atencioso ‑, atribuir importante papel às enfermidades na esfera humana. Quase todas estarão no mundo, desempenhando expressivo papel na regeneração das almas.
‑ Exatamente.
‑ Cada «centro de força» ‑ ponderei – exigirá absoluta harmonia, perante as Leis Divinas que nos regem, a fim de que possamos ascender no rumo do Perfeito Equilíbrio ...
‑ Sim – confirmou Clarêncio ‑, nossos deslizes de ordem moral estabelecem a condensação de fluidos inferiores de natureza gravitante, no campo electromagnético de nossa organização, compelindo-nos a natural cativeiro em derredor das vidas começantes às quais nos imantamos.
Hilário, conduzindo mais longe as próprias divagações, perguntou:
‑ Imaginemos, contudo, um homem puramente selvagem, a situar-se em plena ignorância dos Desígnios Superiores, que se confia a delitos indiscriminados ... Terá nos tecidos sutis da alma as lesões cabíveis a um europeu supercivilizado, que se entrega à indústria do crime?
Clarêncio sorriu, compreensivo, e acentuou:
‑ Sigamos devagar. Comentávamos, ainda há pouco, o problema da evolução. Assim como o aperfeiçoado veículo do homem nasceu das formas primárias da Natureza, o corpo espiritual foi iniciado também nos princípios rudimentares da inteligência. É necessário não confundir a semente com a árvore ou a criança com o adulto, embora surjam na mesma paisagem da vida. O instrumento perispirítico do selvagem deve ser classificado como protoforma humana, extremamente condensado pela sua integração com a matéria mais densa. Está para o organismo aprimorado dos Espíritos algo enobrecidos, como um macaco antropomorfo está para o homem bem-posto das cidades modernas. Em criaturas dessa espécie, a vida moral está começando a aparecer e o perispírito nelas ainda se encontra enormemente pastoso. Por esse motivo, permanecerão muito tempo na escola da experiência, como o bloco de pedra rude sob marteladas, antes de oferecer de si mesmo a obra-prima ... Despenderão séculos e séculos para se rarefazerem, usando múltiplas formas, de modo a conquistarem as qualidades superiores que, em lhes sutilizando a organização, lhes conferirão novas possibilidades de crescimento consciencial. O instinto e a inteligência pouco a pouco se transformam em conhecimento e responsabilidade e semelhante renovação outorga ao ser mais avançados equipamentos de manifestação ... O prodigioso corpo do homem na Crosta Terrestre foi erigido pacientemente, no curso dos séculos, e o delicado veículo do Espírito, nos planos mais elevados, vem sendo construído, célula a célula, na esteira dos milênios incessantes ...
E, com um olhar significativo, Clarêncio concluiu:
‑ ... até que nos transfiramos de residência, aptos a deixar, em definitivo, o caminho das formas, colocando-nos na direção das esferas do Espírito Puro, onde nos aguardam os inconcebíveis, os inimagináveis recursos da suprema sublimação.
Calara-se o instrutor, mas o assunto era por demais importante para que eu me desinteressasse dele apressadamente.
Recordei os inúmeros casos de moléstia obscuras de meu trato pessoal e aduzi:
‑ Decerto a Medicina escreveria gloriosos capítulos na Terra, sondando com mais segurança os problemas e as angústias da alma ...
‑ Gravá-los-á mais tarde – confirmou Clarêncio, seguro de si. – Um dia, o homem ensinará ao homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os males reside nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem no psiquismo.
Sorridente, acrescentou:
‑ Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo, preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus instrumentos de expressão.
No objetivo de aprender, observei:
‑ É por isso que temos os vales purgatoriais, depois do túmulo ... a morte não é redenção ...
‑ Nunca foi – esclareceu o Ministro, bondoso. – O pássaro doente não se retira da condição de enfermo, tão só porque se lhe arrebente a gaiola. O inferno é uma criação de almas desequilibradas que se ajuntam, assim como o charco é uma coleção de núcleos lodacentos, que se congregam uns aos outros. Quando de consciência inclinada para o bem ou para o mal perpetramos esse ou aquele delito no mundo, realmente podemos ferir ou prejudicar a alguém, mas, antes de tudo, ferimos e prejudicamos a nós mesmos. Se eliminamos a existência do próximo, nossa vítima receberá dos outros tanta simpatia que, em breve, se restabelecerá, nas leis de equilíbrio que nos governam, vindo, muita vez, em nosso auxílio, muito antes que possamos recompor os fios dilacerados de nossa consciência. Quando ofendemos a essa ou àquela criatura, lesamos primeiramente a nossa própria alma, de vez que rebaixamos a nossa dignidade de espíritos eternos, retardando em nós sagradas oportunidades de crescimento.
‑ Sim – concordei ‑, tenho visto aqui aflitivas paisagens de provação que me constrangem a meditar ...
‑ A enfermidade, como desarmonia espiritual – atalhou o instrutor ‑, sobrevive no perispírito. As moléstias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao diagnóstico humano, por muito tempo persistirão nas esferas torturadas da alma, conduzindo-nos ao reajuste. A dor é o grande e abençoado remédio. Reeduca-nos a atividade mental, reestruturando as peças de nossa instrumentação e polindo os fulcros anímicos de que se vale a nossa inteligência para desenvolver-se na jornada para a vida eterna. Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modificações, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execução não poderemos fugir sem graves prejuízos para nós mesmos.
Nosso domicílio, porém, estava agora à vista.
Os raios dourados da manhã varriam o horizonte longínquo.
Despediu-se o Ministro, paternal.
Aquele era um dos momentos em que, desde muito, se devotava ele à oração.

Fonte:
Livro Entre a Terra e o Céu cap. 20 e 21, psicografado por Chico Xavier ditado por André Luiz

sábado, 14 de dezembro de 2013

Deus Existe?



Deus Existe?


Os teólogos do Cristianismo Ateu, da Teologia Radical da Morte de Deus, são anjos rebelados e decaídos do Paraíso Medieval. Nesta fase de inquietações e contradições que marca os flancos bovinos do Século XX com imenso sinal de interrogação em ferro e em brasa, a tese da Morte de Deus, oriunda da II Guerra Mundial e inspirada no episódio do louco de Nietzche, anuncia a liquidação final do espólio medieval no pensamento contemporâneo. Os bens desse espólio se constituem dos imóveis patrimoniais de um Cristianismo deformado, com as suas catedrais gigantescas, a estrutura econômico-financeira do Vaticano, os artigos da velha simonia contra a qual Lutero se rebelou e os inesgotáveis lotes de quinquilharias sagradas, vestes e paramentos ornamentais, símbolos e dogmas das numerosas Igrejas Cristãs. Essa a razão por que, matando Deus, os novos teólogos pretendem colocar o Cristo provisoriamente em seu lugar. A imensa literatura religiosa medieval, que superou de muito os absurdos dos sofistas gregos, destina-se ao arquivo milenar da estupidez humana.

O Materialismo e o Ateísmo do Renascimento, acolitados pelo Ceticismo, o Positivismo e o Pragmatismo, formam o cortejo do féretro gigantesco e sombrio, manchado de cinza e sangue, da pavorosa arrogância em que se transformou a pregação de humildade, os exemplos de tolerância e simplicidade do Messias crucificado. É o lixo do famoso Milênio, carreado para a Porta do Monturo do Templo de Jerusalém, para ser lançado nas geenas ardentes. Dispensa-se o inventário, porque não sobraram herdeiros. Nenhuma civilização morreu de maneira mais inglória do que essa, em que Deus figurou como o carrasco impiedoso da Humanidade ingênua e ignorante.

Apesar da rudeza dessa visão trágica, assim pintada em cores fortes na tela de um pintor primitivista (bem ao gosto do século), ela não implica a negação da necessidade histórica da Idade Média. Pelo contrário, o fundo histórico desse panorama, na perspectiva tumultuada das civilizações da mais remota antiguidade, todas fundadas na força, na violência e nos arbítrios das civilizações massivas que vêm da lendária Suméria até a Macedônia e a Pérsia, projetando-se num impacto em Esparta e Roma, e um clarão de beleza e consciência em Atenas (que também não escaparia aos eclipses da escravidão e da execução de Sócrates) justificam histórica e antropologicamente a tragédia humana desses séculos de primarismo e barbárie que sucederam ao estranho advento do Cristianismo. Nada se pode condenar nesse panorama monstruoso, em que as idéias cristãs, renovando tímidos lampejos de esperanças frustradas e revigorando-os na visão de esperanças futuras, penetravam na massa e a ela se misturavam como o fermento da parábola evangélica. As leis naturais da evolução criadora, segundo a expressão de Bergson e de acordo com a tese dialética de Hegel, levavam ao fogo de Prometeu (roubado ao Céu) o caldeirão implacável das fusões dantescas, na percepção intuitiva de Wilhelm Dilthey, os elementos conjugados das civilizações mortas. Os deuses mitológicos eram caldeados nas próprias chamas votivas de seus templos, fundindo-se com Iavé, o Deus Único dos hebreus, para modelagem futura do Deus Cristão, que nascera da palavra mágica do Messias: Pai.

Mas até que os homens pudessem compreender o sentido dessa breve palavra, desse átomo oral, os detritos ferventes do caldeirão medieval teriam de escorrer pelas muralhas do preconceito e da ignorância, queimando o solo do planeta e a frágil carne humana. Não é de admirar que as atrocidades da II Guerra Mundial tenham feito o mesmo. Em meados do Século XX estávamos ainda bem próximos das fogueiras da Inquisição e dos instintos ferozes dos antigos sátrapas das civilizações massivas, monstruosas expansões das tribos bárbaras, em que os ritos do sangue e do ódio ao semelhante purificavam a túnica dos sacerdotes e das vestais, manchadas pelos sacrifícios humanos e pela prostituição sagrada nos altares e nas escadarias dos templos. Os abutres da guerra devoravam Prometeu em cada vítima da loucura hitlerista e chafurdavam na prostituição sagrada dos mitos da violência, essa Górgora terrível e insaciável do Jardim das Hespérides nazista. A histeria e o sadismo, a brutalidade e o homossexualismo campeavam livres nas guarnições de heróis, como um Estige de lamas que escorresse do Fuherer para a Alemanha, asfixiando as mais belas conquistas da sua tradição cultural a invadir e contaminar as nações vencidas. Os campos de concentração e suas câmaras de gás destruíam a confiança no homem, revelavam a falência do Humanismo e a fé em Deus nas cinzas das incinerações brutais. Na Itália dos poetas e cantores tripudiavam os asseclas do Duce, submisso ao Fuherer, e no Japão das cerejeiras e dos Kaikais o fanatismo dos kamikazes desafiava a insensibilidade de Truman, que não tardou a lançar suas bombas atômicas sobre Nagasaki e Hiroshima, no mais monstruoso genocídio da História.

Não nos é possível sequer conceber o Nada, o vazio absoluto, do qual Deus teria saído como o Ser Absoluto. Tirar o Absoluto do Nada é uma contradição que nosso entendimento repele. A existência de Deus, como anterior à Criação é inconcebível. E se algo existia antes, temos um poder criador anterior a Deus. A tese budista do Universo incriado, que sempre existiu, subordina o poder de Deus a essa existência misteriosa e inexplicável. Nos limites da nossa mente esses problemas não cabem, são mistérios que serviram para todos os sofismas, jogos de palavras e conclusões monstruosas do pensamento teológico. Mas quando aplicamos o bom-senso, com a devida modéstia de criaturas finitas e efêmeras, diante do Infinito e da Eternidade, podemos reduzir o ilimitado aos limites da realidade inteligível. Então o raciocínio dedutivo, de ordem científica, que parte do chão da existência evidente, para alcançar pouco a pouco as alturas acessíveis, nos coloca diante de uma realidade que podemos dominar. Deus como Existente, que existe na nossa realidade humana, pode ser tocado com os dedos e sentido, captado pelo nosso sensório comum. Não necessitamos da percepção extra-sensorial para captar sua existência. O grande erro das religiões é apresentar Deus como enigma insolúvel e exigir que o amemos de todo o coração e todo o entendimento. Essa colocação contraditória levou-as a um absurdo ainda maior, o de transformar Deus num tirano sádico que nos criou para submeter-nos à tortura e à perdição. Por mais que se fale em amor, misericórdia e piedade, essas palavras nada valem diante das ameaças da escatologia religiosa.

Mas Deus como Existente é o Pai que Jesus nos apresenta em termos racionais, pronto a nos guiar e amparar, a nos dar pão e não cobras quando temos fome e a nos convidar incessantemente para o seu Reino de Harmonia e Beleza. Se podemos percebê-lo em nós mesmos, na nossa consciência e no nosso coração, se podemos vê-lo em seu poder criador numa folha de relva, numa flor, num grão de areia e numa estrela, se podemos conviver com ele e sentarmos com ele à mesa e partir o pão com os outros, então ele realmente existe em nossa realidade humana e o podemos amar, e de fato o amamos de todo o coração e de todo o entendimento. Deus como Existente é o nosso companheiro e o nosso confidente. Não dependemos de intermediários, de atravessadores do mercado da simonia para expor-lhe as nossas dificuldades e pedir a sua ajuda. A existência de Deus se prova então pela intimidade natural (não sobrenatural) que com ele estabelecemos em nossa própria existência.

Diante desse quadro horripilante, e particularmente dentro dele, nada mais se poderia esperar dos crentes e dos teólogos do que a pergunta amarga e geralmente irônica: Deus existe? Na Antiguidade os sátrapas eram considerados como investidos de prerrogativas divinas. Tudo quanto faziam vinha de Deus e a crendice popular não se atrevia a discutir os direitos humanos ante o perigo sempre iminente da Ira de Deus. Mas após o Renascimento, a Época das Luzes, a crendice transformou-se em crença sofisticada pelas racionalizações abusivas. O homem moderno escorava a sua fé no conceito hebraico da Providência, sempre vigilante e pronta a socorrer a fragilidade humana. Esse homem não poderia suportar a catástrofe que se abatia sobre ele de maneira implacável, ante a mudez comprometedora do Céu. Sua razão aprimorada condenava o passado e jamais supusera possível a sua ressurreição brutal, sob as asas metálicas dos aviões de bombardeio e das bombas voadoras. O ateísmo do passado parecia-lhe agora uma simples atitude pedante. O seu ateísmo, o seu materialismo e o seu pragmatismo, pelo contrário, assentavam-se agora nas bases sólidas de um horror que o deixara só e frágil em face dos carrascos poderosos. Os velhos teólogos não podiam explicar a indiferença divina, o desprezo de Deus pelas suas criaturas que, segundo eles, haviam sido criadas por amor. Os novos teólogos só encontraram uma explicação possível: a Morte de Deus.

Entretanto, por mais esmagado que esteja, o homem não pode ficar sem uma luz de esperança. Os novos teólogos lhe ofereceram então a figura humana de Cristo. Um Deus histórico, existencial, que sofrera e morrera por ele aqui mesmo, na Terra dos Homens. Não foi uma solução pensada, mas nascida das entranhas da desgraça total, das entranhas do horror. Homens que cresceram e se formaram nas crenças em Deus, alimentados pelas ilusões teológicas do Cristianismo, cobravam agora do Cristo as suas promessas frustradas. Ele, o Cristo, assumiria o lugar vazio de Deus em termos de emergência. Foi dessa situação premente que surgiu a aventura do Cristianismo Ateu. Por isso, quando lemos os livros brilhantes dos novos teólogos, transbordantes de uma inteligência vibrátil, mas impotente, que não consegue nem mesmo esclarecer o que é a Morte de Deus, perdendo-se em rodeios e sofismas que nunca atingem uma definição, compreendemos o desespero total a que chegou a inteligência humana ante os enigmas existenciais deste fim dos tempos. Na proporção em que a rotina da vida se restabelece no mundo arrasado, recompondo-se aos impulsos naturais da vitalidade humana, os tempos negros esmaecem na distância, introjetando-se na memória profunda da espécie como arcanos do inconsciente. As forças da vida reagem contra a destruição e a morte, a ponto de fazerem brotar redivivas – indiferentes às ameaças maiores que pesam no horizonte – as flores de antigas e esmagadas esperanças. Queremos todos confiar, queremos todos esperar.

Mas isso não acontece apenas pelo influxo das forças vitais. Acontece sobretudo pela certeza íntima, que todos trazemos em nós, de que cometemos um erro imperdoável ao alimentar nas gerações sucessivas um conceito falso de Deus. Muitas vezes essa certeza aparece como simples suspeita, desprovida de provas que lhe dêem validade ôntica. Mesmo assim ela nos sustenta no presente e nos faz esperar. Os reflexos dessa situação ocidental no Oriente não-cristão provocaram o mesmo abalo e a mesma desconfiança que sentimos. Os mestres indianos, os gurus e bonzos que viviam isolados em seu orgulhoso ascetismo, ciosos de seus segredos milenares, fizeram-se caixeiros viajantes perfumados e sorridentes, assessorados por técnicos em relações públicas, para venderem aos ocidentais os mistérios sagrados. Essa atitude, embora não seja geral, revela a suspeita insidiosa no inconsciente guru quanto à validade tradicional de suas técnicas religiosas. O pesadelo da guerra e o desespero posterior contribuíram de maneira decisiva para que o mundo se transformasse na Aldeia Global de Mac Luhan. Parece que pelo menos acreditamos todos, no Ocidente e no Oriente, que o mundo de comunicação de massa nos oferece a opção coletiva de esperar sem preocupações, pois todos sabemos que se apertarem os botões da guerra nuclear morreremos na solidariedade absoluta. A destruição não será mais tão dolorosa e lenta. Seremos aniquilados de um só golpe, na morte tecnológica.

Deus ressurge, se não no seu amor, ao menos na sua Justiça. Já será um consolo para os que sempre sofreram e morreram, enquanto outros vivem felizes no uso e abuso dos bens terrenos. A idéia de um Pai todo poderoso, e no entanto insensível à miséria e ao sofrimento da maioria dos filhos, sempre perturbou os que pensam e levou muitas criaturas à revolta e à descrença. De duas, uma: ou aceitavam a injustiça ou não admitiriam a existência de Deus. Bastaria isso para nos mostrar que o conceito de Deus, formulado pelas religiões e sustentado a ferro e fogo através dos milênios, não pode estar certo. Precisamos examinar esse grave problema enquanto não apertam os botões do Juízo Final.

Herculano Pires do Livro Concepção Existencial de Deus

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A pobreza feliz


 Emmanuel
 
Quem se empobrece de ambições inferiores, adquire a luz que nasce da sede de perfeição espiritual.
Quem se empobrece de orgulho, encontra a fonte oculta da humildade vitoriosa.
Quem s empobrece de exigências da vida física, recebe os tesouros inapreciáveis da alma.
Quem se empobrece de aflições inúteis, em torno das posses efêmeras da Terra, surpreende a riqueza da paz em si mesmo.
Quem se empobrece de vaidade, amealha as bênçãos do serviço.
Quem se empobrece de ignorância, ilumina-se com a chama da sabedoria.
Não vale amontoar ilusões que nos enganam somente no transcurso de um dia.
Não vale sermos ricos de mentira, no dia de hoje, para sermos indigentes da verdade, no dia de amanhã.
Ser grande, à frente dos homens, é sempre fácil. A astúcia consegue semelhante fantasia sem qualquer obstáculo.
Mas ser pequenino, diante das criaturas, para servirmos realmente aos interesses do Senhor, junto da Humanidade, é trabalho de raros.
Bem aventurada será sempre a pobreza que sabe se enriquecer de luz para a imortalidade, porque o rico ocioso da Terra é o indigente da Vida Mais Alta e o pobre esclarecido do mundo é o espírito enobrecido das Esferas Superiores, que será aproveitado na extensão da Obra de Deus.

 DINHEIRO (Francisco Cândido Xavier – por Emmanuel)
 

A MISSÃO DO CRISTO



Francisco Cândido Xavier

Em nossa reunião pública os estudos foram orientados pelo item 4 do capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo, sobre a missão do Cristo. A mensageira espiritual Maria Dolores trouxe-nos o poema Confidência de Natal. Muitos de nossos companheiros, que nos auxiliavam nas tarefas, solicitaram que a página poética de nossa irmã fosse enviada para a sua cobertura doutrinária, a fim de obtermos mais ampla complementação para os nossos estudos sobre o tema.
Faço isso com satisfação, agradecendo-lhe desde já a atenção que puder dispensar ao nosso pedido.
 
CONFIDÊNCIA  DE  NATAL

Maria Dolores

Senhor Jesus!
Vi o homem moderno
Em teu Natal,
Recordando viajor a deter-se em caminho
Junto de construção descomunal.
– Agradeço, Senhor, dizia ele,
O rio de progresso em que me inundo
De alegria esfuziante,
As maravilhas que enviaste ao mundo
Pelos canais do cérebro triunfante.
Agradeço à Ciência de alto nível,
Cintilação do Gênio a servir-me de rastros,
Que me conduz ao colo de outros astros
no foguete de força quase incrível.
Agradeço o avião, o carro, o asfalto,
O mundo todo em casa a circuito instantâneo,
O átomo cativo, as usinas de urânio,
O soro, a anestesia, o antígeno, o cobalto,
As máquinas de espécie diferente,
Desde o computador à enceradeira,
Que estendem reconforto a Terra inteira,
Impulsionando os povos para a frente.
Agradeço o auto-estudo a que me elevas,
Para que me conheça sem alarme,
A fim de imunizar-me
Contra o assalto das trevas.
Entretanto, Senhor, ao procurar-Te em prece
Que o sentimento forma e a palavra não diz,
Minha vida te busca e te deseja.
Guarda e inspira minh’alma, enfim, para que eu seja
Plenamente feliz!
Nisso, o homem calou-se em pranto mudo.
E entendi, afinal,
Que embora a inteligência brilhe em tudo
E em quase tudo se engrandeça, embora,
Eis que sem ti, Senhor,
O coração da Terra sofre e chora
Entre a fome de paz e a carência de amor.
        
 
O  CRISTO  MODERNO

Irmão Saulo

A modernidade da Cristo não está na figura de gravata e chapéu que tentaram sobrepor à sua imagem clássica. Está na interpretação nova do Cristo que surge das pesquisas históricas e da revelação espiritual que rompe o túmulo da letra. Sepultado na letra que mata, durante dois milênios, o Cristo ressuscita para o terceiro milênio no espírito que vivifica, segundo a expressão paulina. É a nova ressurreição no terceiro dia, cada dia correspondendo a um milênio.
O Cristo ressuscitado substitui o Cristo morto da tragédia grega da Paixão. Não mais o vemos pregado na cruz ou enterrado junto ao Calvário. O homem moderno sente o Cristo ao seu lado. Se todos ressuscitamos e continuamos atuantes na vida, por que motivo o Cristo, Nosso Senhor, continuaria morto? Essa tese é do apóstolo Paulo em sua I Epístola aos Coríntios, mas só agora se impõe à consciência do mundo. Porque só agora o mundo está preparado para compreendê-la. Os mitos do passado se dissolvem à luz da razão esclarecida e a fé se renova ante as conquistas da Ciência, até agora acusada de inimiga da Fé.
Graças a isso Maria Dolores pôde ver, neste Natal, o homem moderno, junto à sua construção descomunal, dialogar solitário com o Cristo moderno que é o seu contemporâneo de todas as encarnações e reencarnações, no passado, no presente e no futuro. A figura clássica do Cristo sobrevive intacta ao longo da História, porque não é a figura de um homem do passado, mas o ideal humano que todos buscamos, o arquétipo divino que nasce do mito para a realidade vivencial de todos os tempos.
O pranto mudo em que o homem se cala, nasce da fonte oculta das suas desilusões. De que valem as conquistas da Ciência e as construções descomunais, se a inteligência vitoriosa continua faminta de paz e amor? O reconhecimento dessa realidade áspera lembra o instante em que a vara de Moisés fez brotar a água do coração da rocha. Este é o Natal do reencontro. No fundo de si mesmo o homem moderno vê nascer o novo Cristo que, no entanto, é o companheiro de sempre a oferecer-lhe as diretrizes de paz e amor.
 
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.