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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A pobreza feliz


 Emmanuel
 
Quem se empobrece de ambições inferiores, adquire a luz que nasce da sede de perfeição espiritual.
Quem se empobrece de orgulho, encontra a fonte oculta da humildade vitoriosa.
Quem s empobrece de exigências da vida física, recebe os tesouros inapreciáveis da alma.
Quem se empobrece de aflições inúteis, em torno das posses efêmeras da Terra, surpreende a riqueza da paz em si mesmo.
Quem se empobrece de vaidade, amealha as bênçãos do serviço.
Quem se empobrece de ignorância, ilumina-se com a chama da sabedoria.
Não vale amontoar ilusões que nos enganam somente no transcurso de um dia.
Não vale sermos ricos de mentira, no dia de hoje, para sermos indigentes da verdade, no dia de amanhã.
Ser grande, à frente dos homens, é sempre fácil. A astúcia consegue semelhante fantasia sem qualquer obstáculo.
Mas ser pequenino, diante das criaturas, para servirmos realmente aos interesses do Senhor, junto da Humanidade, é trabalho de raros.
Bem aventurada será sempre a pobreza que sabe se enriquecer de luz para a imortalidade, porque o rico ocioso da Terra é o indigente da Vida Mais Alta e o pobre esclarecido do mundo é o espírito enobrecido das Esferas Superiores, que será aproveitado na extensão da Obra de Deus.

 DINHEIRO (Francisco Cândido Xavier – por Emmanuel)
 

A MISSÃO DO CRISTO



Francisco Cândido Xavier

Em nossa reunião pública os estudos foram orientados pelo item 4 do capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo, sobre a missão do Cristo. A mensageira espiritual Maria Dolores trouxe-nos o poema Confidência de Natal. Muitos de nossos companheiros, que nos auxiliavam nas tarefas, solicitaram que a página poética de nossa irmã fosse enviada para a sua cobertura doutrinária, a fim de obtermos mais ampla complementação para os nossos estudos sobre o tema.
Faço isso com satisfação, agradecendo-lhe desde já a atenção que puder dispensar ao nosso pedido.
 
CONFIDÊNCIA  DE  NATAL

Maria Dolores

Senhor Jesus!
Vi o homem moderno
Em teu Natal,
Recordando viajor a deter-se em caminho
Junto de construção descomunal.
– Agradeço, Senhor, dizia ele,
O rio de progresso em que me inundo
De alegria esfuziante,
As maravilhas que enviaste ao mundo
Pelos canais do cérebro triunfante.
Agradeço à Ciência de alto nível,
Cintilação do Gênio a servir-me de rastros,
Que me conduz ao colo de outros astros
no foguete de força quase incrível.
Agradeço o avião, o carro, o asfalto,
O mundo todo em casa a circuito instantâneo,
O átomo cativo, as usinas de urânio,
O soro, a anestesia, o antígeno, o cobalto,
As máquinas de espécie diferente,
Desde o computador à enceradeira,
Que estendem reconforto a Terra inteira,
Impulsionando os povos para a frente.
Agradeço o auto-estudo a que me elevas,
Para que me conheça sem alarme,
A fim de imunizar-me
Contra o assalto das trevas.
Entretanto, Senhor, ao procurar-Te em prece
Que o sentimento forma e a palavra não diz,
Minha vida te busca e te deseja.
Guarda e inspira minh’alma, enfim, para que eu seja
Plenamente feliz!
Nisso, o homem calou-se em pranto mudo.
E entendi, afinal,
Que embora a inteligência brilhe em tudo
E em quase tudo se engrandeça, embora,
Eis que sem ti, Senhor,
O coração da Terra sofre e chora
Entre a fome de paz e a carência de amor.
        
 
O  CRISTO  MODERNO

Irmão Saulo

A modernidade da Cristo não está na figura de gravata e chapéu que tentaram sobrepor à sua imagem clássica. Está na interpretação nova do Cristo que surge das pesquisas históricas e da revelação espiritual que rompe o túmulo da letra. Sepultado na letra que mata, durante dois milênios, o Cristo ressuscita para o terceiro milênio no espírito que vivifica, segundo a expressão paulina. É a nova ressurreição no terceiro dia, cada dia correspondendo a um milênio.
O Cristo ressuscitado substitui o Cristo morto da tragédia grega da Paixão. Não mais o vemos pregado na cruz ou enterrado junto ao Calvário. O homem moderno sente o Cristo ao seu lado. Se todos ressuscitamos e continuamos atuantes na vida, por que motivo o Cristo, Nosso Senhor, continuaria morto? Essa tese é do apóstolo Paulo em sua I Epístola aos Coríntios, mas só agora se impõe à consciência do mundo. Porque só agora o mundo está preparado para compreendê-la. Os mitos do passado se dissolvem à luz da razão esclarecida e a fé se renova ante as conquistas da Ciência, até agora acusada de inimiga da Fé.
Graças a isso Maria Dolores pôde ver, neste Natal, o homem moderno, junto à sua construção descomunal, dialogar solitário com o Cristo moderno que é o seu contemporâneo de todas as encarnações e reencarnações, no passado, no presente e no futuro. A figura clássica do Cristo sobrevive intacta ao longo da História, porque não é a figura de um homem do passado, mas o ideal humano que todos buscamos, o arquétipo divino que nasce do mito para a realidade vivencial de todos os tempos.
O pranto mudo em que o homem se cala, nasce da fonte oculta das suas desilusões. De que valem as conquistas da Ciência e as construções descomunais, se a inteligência vitoriosa continua faminta de paz e amor? O reconhecimento dessa realidade áspera lembra o instante em que a vara de Moisés fez brotar a água do coração da rocha. Este é o Natal do reencontro. No fundo de si mesmo o homem moderno vê nascer o novo Cristo que, no entanto, é o companheiro de sempre a oferecer-lhe as diretrizes de paz e amor.
 
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
 
 

NO MOMENTO DE JULGAR


                                               
Emmanuel

No momento de julgar alguém, como poderás julgar esse alguém, de todo, se não conheces tudo?
Terá sucedido um crime, estarrecendo a multidão.
Suponhamos que um homem desequilibrado haja posto uma bomba em certa casa, no intuito de destruir-lhe os moradores. Entretanto, por trás dele estão aqueles que fabricaram o engenho mortífero; os que o conservaram para utilização em momento oportuno; os outros que lhe identificaram o perigo, aprovando-lhe a existência; e aqueles outros ainda que, indiferentes,lhe acompanharam o fogo no estopim, se a mínima disposição de apagá-lo.
De que maneira medirias o remorso do espírito de um homem assassinado, na hipótese desse mesmo assassinado haver provocado o seu contendor até que o antagonista lhe furtasse o corpo, num instante de insanidade? E como observarias o pesar do semelhante, à vezes, ilhado no fundo de uma penitenciária, na posição de um vivo-morto, quando o imaginado morto permanece vivo? E com que metro verificarias o sofrimento de um e outro?
Com que pancadas ou palavras agressivas conseguirias punir, durante algumas horas, a criatura menos feliz que já carrega em si o tormento da culpa, à feição de suplício que lhe atenaza o coração, noite e dia?
Ante a queda moral de alguém, é mais razoável entrarmos para logo no assunto, na condição de partícipes dela, antes que nos alcemos à indébita função de censores.
Não precisaríamos tanto de justiça, se não praticássemos a injustiça e nem tanto de medicina se não tivéssemos doença.
Necessitaríamos, porventura, na Terra, de tantas e tão multiplicadas lições, em torno do bem, se o mal não nos armasse riscos, quase que em todas as direções do Planeta?
E onde estão aqueles que estejam usufruindo a glória da instalação segura no bem, sem o prejuízo de algum mal, ou aqueles outros que atravessam os espinheiros do mal, sem a vantagem de algum bem?
No momento de julgar, peçamos a Inspiração da Providência Divina para os magistrados que as circunstâncias vestiram com a toga, a fim de que acertem, nas suas decisões,em louvor do equilíbrio geral, porquanto é tão delicado o encargo de juiz chamado a interferir no corpo da ordem social, quão difícil é a tarefa do cirurgião convocado para interferir no corpo físico.
E quanto a nós outros, os que não somos trazidos a sentenças de lei, já que não nos achamos compromissados para isso, usemos a sobriedade e a compaixão em todos os nossos processos de vivência pessoal no cotidiano, conscientes, quanto devemos estar, de que os justos são as âncoras dos injustos e de que os bons constituem a esperança para todos aqueles que a maldade ensandece.
No momento de julgar, ainda que te coloquem no último banco, entre os últimos réus, e mesmo que se te negue o direito de defender a própria consciência edificada e tranqüila, a ninguém condenes, nem mesmo àqueles que, porventura, te condenem.
Usa sempre a misericórdia e acertarás.
Digitado por: Ismael Soares de Almeida

O TÚNEL MEDIÚNICO

Irmão Saulo

 Na hora em que a descoberta da antimatéria pela Física levanta a hipótese dos universos duplos, cientificamente elaborada, a imagem do túnel mediúnico reveste-se de maior expressão. Essa imagem é também uma elaboração científica, e por sinal do eminente físico inglês Sir Oliver Lodge que sustentou o seguinte: Vivemos num mundo só, num verdadeiro Universo, mas que deve ser compreendido como Universo, dividido em duas partes. De um lado fica a planície dos Homens e do outro o planalto dos Espíritos. Dividindo as duas regiões ergue-se a montanha desconhecida.
A curiosidade humana é imensa e desde todos os tempos os homens vêm cavando e perfurando a base da montanha no anseio de ver o que existe do outro lado.Pouco a pouco um túnel foi sendo aberto. E de súbito os homens começaram a ouvir pancadas surdas que vinham ao seu encontro. São os moradores do planalto que, impelidos pela mesma curiosidade, perfuram também o seu túnel. Dia a dia as pancadas se tornam mais audíveis de lado a lado. As duas equipes se aproximam e chegamos no momento em que a abertura do túnel se torna iminente.
Essa imagem encontra o referendo atual da hipótese físico-astronômica dos Universo duplos. Isaac Azimov, em seu livro “O Universo”, considerando que as partículas de antimatéria produzidas em laboratório explodem ao encontrar-se com partículas correspondentes de matéria,numa explosão dupla, em que as duas se desintegram, propõe a existência de um elemento intermediário que ao mesmo tempo separa e liga os dois universos. Esses elementos corresponde à teoria do fluido universal no Espiritismo, tendo as mesmas características genéticas, dinâmicas e funcionais desse fluido.
Por outro lado, essas características são as mesmas do perispírito, elemento procedente do fluido universal e que serve de ligação entre o espírito e o corpo,na constituição psicossomática do homem. E é graças a esse elemento intermediário que ocorrem os fenômenos mediúnicos, permitindo a comunicação dos Espíritos através de pessoas especialmente sensíveis,como no caso de Francisco Cândido Xavier. O túnel mediúnico se abre, assim, pelo duplo esforço dos médiuns e dos espíritos,no anseio recíproco de vencerem a morte e a separação, para atingirem a era cósmica da comunicação transespaciais e transtemporal.
Nesse irrefreável e surdo processo, que se desenvolve nas profundezas do próprio homem,à revelia da sua cultura sensorial e portanto exterior, os Espíritos se mostram mais interessados no desenvolvimento moral da Humanidade Terrena. Isso porque a evolução intelectual do homem já o capacita para a integração na Humanidade Cósmica, que povoa os Universos duplos pelo Infinito. Essa a razão por que Chico Xavier, no seu trabalho psicográfico de mais de 40 anos, tendo publicado até agora 116 livros, além de milhares de mensagens incursionando várias vezes pelo campo das Ciências - recebe maior quantidade de comunicações de natureza filosófica e moral.


Livro “Chico Xavier pede licença” Psicografia Francisco C. Xavier Autores diversos

Divulgação de Mensagens Mediúnicas


                                                                 Marta Antunes Moura

Um dos correspondentes da Revista Espírita enviou a  Allan Kardec, a seguinte pergunta,: “Deve-se publicar tudo quanto dizem os Espíritos?” O Codificador do Espiritismo respondeu a indagação com outra pergunta: “(…) seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens?”[1]
Antes, porém, de emitir opinião abalizada sobre o assunto, Kardec  apresenta  ponderadas considerações que merecem ser recordadas, sobretudo porque permanecem atuais:
Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por mais superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos os que deixaram na Terra o envoltório visível. Entretanto, pelo fato de se haverem despojado do homem carnal, nem por isso os Espíritos se revestiram da túnica dos anjos. Encontramo-los de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade; eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, estouvados e zombeteiros; (pseudo sábios); vãos e orgulhosos, de um saber incompleto; hipócritas, malvados e (…) existem os sensuais, os ignóbeis e os devassos, que se arrastam na lama. Ao lado disto, tal como ocorre na Terra, temos seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes (…); resulta que o mundo dos Espíritos compreende seres mais avançados intelectual e moralmente que os nossos homens mais esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores.[2]
Prosseguindo em suas considerações, Kardec enfatiza a necessidade de aprendermos analisar o teor das mensagens mediúnicas, atentos à linguagem utilizada pelo comunicante desencarnado, principalmente quando esta  comunicação é subscrita com o nome de personalidade conhecida, respeitada e amada.
Desde que esses seres [desencarnados] têm um meio patente de comunicar-se com os homens, de exprimir os pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser o reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios. Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias, sensatas e sublimes, conforme o seu caráter e sua elevação. Revelam-se por sua própria linguagem; daí a necessidade de não se aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e submetê-lo a um controle severo. (…).[3]
Os comentários que se seguem, expõem de forma clara o pensamento de Allan Kardec relativo ao assunto, e as suas ponderações devem servir de modelo para todos nós, espíritas, que cotidianamente recebemos notícias do plano espiritual.
Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas. Haverá inconvenientes em publicá-las? Se forem dadas pelo que valem, serão apenas impróprias; se o forem como estudo do gênero, com as devidas precauções, os comentários e os corretivos necessários, poderão mesmo ser instrutivas, naquilo que contribuírem para tornar conhecido o mundo espírita em todos os seus aspectos. Com prudência e habilidade tudo pode ser dito; o mal é dar como sérias coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências. Neste caso, o perigo é maior do que se pensa. (…).[4]
Surgem, então e muito naturalmente, outras indagações: que riscos podem ocorrer, caso sejam divulgadas mensagens mediúnicas triviais, sem maiores exames?  Que problemas poderiam advir da publicação de mensagens pressupostamente assinadas por entidades veneráveis, mas que, aqui e ali, apresentam pontos discordantes quanto à identificação?  Revelando-se como arguto analista, Kardec esclarece:
Em primeiro lugar, essas publicações têm o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de aprofundá-las nem de discernir o verdadeiro do falso, especialmente numa questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários, que não perdem tempo em tirar desse fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita; porque, insistimos, o mal está em considerar como sérias coisas que constituem notórios absurdos. Alguns mesmos podem ver uma profanação no papel ridículo que emprestamos a certas personagens justamente veneradas, e às quais atribuímos uma linguagem indigna delas.[5]
Em suma, assevera Allan Kardec, como conclusão da análise deste assunto, tão útil quanto necessário:
(…) As comunicações grosseiras e inconvenientes, ou simplesmente falsas, absurdas e ridículas, não podem emanar senão de Espíritos inferiores: o simples bom senso o indica.  (…) A importância que, pela publicidade, é concedida às suas comunicações, os atrai, excita e encoraja. O único e verdadeiro meio de os afastar é provar-lhes que não nos deixamos enganar, rejeitando impiedosamente, como apócrifo e suspeito, tudo que não for racional, tudo que desmentir a superioridade que se atribui ao Espírito que se manifesta e de cujo nome ele se reveste. Quando, então, vê que perde seu tempo, afasta-se.[6]
Os espíritas esclarecidos estão compromissados com a Causa, onde quer que se encontrem. Pontuam fidelidade à Doutrina Espírita e não se afastam do propósito de se transformarem em pessoas de bem.  Não se deixam enganar por informações infelizes, mentirosas mesmo, presentes em algumas publicações, supostamente espíritas, mas que não resistem a uma análise séria, e o que é mais grave: contrariam a mais elementar conceituação espírita: o controle universal do ensino dos Espíritos que, brilhantemente, Allan Kardec inseriu no primeiro capítulo de A Gênese. Os Milagres e as Predições, que trata do Caráter da Revelação Espírita. É importante conferir.

Assim, nada mais justo, e necessário, portanto, seguir este conselho de Bezerra de Menezes: “(…) Mantenhamo-nos, por isso, vigilantes. Jesus na Revelação e Kardec no esclarecimento resumem para nós códigos numerosos de orientação e conduta. (…).”[7]


[1] Allan Kardec. Revista Espírita- Jornal de estudos Psicológicos.  Ano II, novembro de 1859, pág. 423.
[2] Ibid., pág. 423/424.
[3] Ibid., pág. 424.
[4] Ibid., pág. 425.
[5] Ibid. ibid., pág. 425.
[6] Ibid., pág. 427.
[7] Juvanir Borges de Souza (coord.). Bezerra de Menezes: Ontem e Hoje. Pt. 3,, cap. 16, pág. 153. (mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, publicada em Reformador de abril de 1977, pág. 104.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. 2ª  ed.  Ano II. Novembro de 1859. Nº 11. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2004.
SOUZA, Juvanir Borges (coordenador). Bezerra de Menezes: Ontem e Hoje. 4ª ed. 4ª imp. Brasília: FEB Editora, 2013.


Fonte : FEB


terça-feira, 19 de novembro de 2013

ALLAN KARDEC E O CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS






                                                        Suely Caldas Schubert

         “Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre          as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de          médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. (...) Essa verificação universal          constitui uma garantia para a unidade futura do Espiritismo e anulará todas as teorias          contraditórias. Aí é que, no porvir, se encontrará o critério da verdade.”
                   Allan Kardec  (ESE  Introdução: Autoridade da Doutrina Espírita)

         A visão criteriosa e profunda do Codificador estabeleceu que a autoridade da Doutrina Espírita repousa na universalidade do ensino dos espíritos e na concordância entre estes ensinos.
         Trata Kardec, porém, não de comunicações relativas a interesses secundários, mas dos princípios da Doutrina. Quer isso dizer que as revelações dos espíritos, a partir da Codificação aos tempos atuais e futuros, deverão sempre ser submetidas a esse controle, ou seja, ao crivo da razão. Tudo o que venha dos espíritos necessita ser analisado, conforme aconselha Kardec. 
         Esse processo, utilizado por Kardec na composição de O Livro dos Espíritos e demais obras da Codificação, é bem o exemplo  do cuidado e atenção que se deve ter em relação a tudo o que venha da Espiritualidade por intermédio dos médiuns.
         Nas reuniões mediúnicas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, bem como naquelas realizadas nos lares da sra. Plainemaison e da família Baudin, especialmente, o mestre lionês  constatou, no intercâmbio com os espíritos, as suas diferentes condições e capacidades e que estes, considerados individualmente,  não estão de posse de toda a verdade; que o conhecimento de cada um é proporcional ao seu estado evolutivo.
         Desde o início de suas pesquisas, Kardec compreendeu que os espíritos inferiores e mal intencionados procuram enganar os encarnados, mistificando, encobrindo a sua verdadeira condição, utilizando nomes famosos, de vultos veneráveis, utilizando termos como Deus, amor, caridade, citações de frases do Evangelho, às vezes com tal sutileza que enganam até os mais experientes médiuns e outras pessoas, ingênuas e de boa-fé , que tomam conhecimento dessas mensagens. Esses espíritos, não raramente, propõem mudanças, dizem-se encarregados de alguma missão elevada cujo finalidade, segundo eles, é ajudar as pessoas a progredir.
         Ressalta o Codificador :
         “Toda teoria, em manifesta contradição com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura.” (ESE Introdução pág.31)
         Na advertência acima encontramos pontos importantes que devem merecer  uma reflexão mais atenta. Observemos que é uma frase bastante incisiva, que não deixa margem a dúvidas. Qualquer teoria, portanto, que apresente os três pontos citados: contradição com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada. E acrescenta: por mais respeitável  seja o nome que a assina. Este o crivo da razão.
         Interessante mencionarmos que os espíritos bem-intencionados, os bons espíritos, os espíritos superiores, enfim, não temem a análise de suas mensagens, não ficam melindrados, aborrecidos ou magoados; primeiro porque já venceram esses sentimentos negativos;  segundo porque  nada têm a temer quanto ao conteúdo das suas comunicações. Só os espíritos inferiores, os mistificadores, os pseudo-sábios se agastam com isso, tanto quanto os médiuns pelos quais transmitem suas mensagens. As armas  que esses espíritos utilizam são, via de regra, a ironia, o sarcasmo, o deboche, as insinuações dúbias, o tom acusador.
         Para se ter uma idéia da forma como atuam recomendamos a leitura do capítulo 31 de O Livro dos Médiuns, onde estão registradas algumas comunicações apócrifas. Em nota ao final do capítulo, Kardec leciona:
         “De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes, é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa.” (grifamos)
         Temos observado que, nos últimos tempos, esses critérios têm sido deixados de lado, pois aceita-se tudo o que é novidade, algumas realmente estranhas, sem nenhum respaldo doutrinário, que contrariam o bom-senso, e tudo isso fartamente divulgado, como se não fosse importante manter-se a fidelidade à Codificação.
         A falta de estudo, a inexperiência, a ingenuidade podem levar a pessoa a uma situação difícil.  O espírito Erasto, um dos expoentes da falange do Espírito de Verdade, faz uma advertência em O Livro dos Médiuns que requer a nossa atenção:
         “Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” (grifamos) (cap. XX it.230)
         A Doutrina Espírita, como é do conhecimento geral, não proíbe nada, cada um escolhe livremente o seu caminho e as opções de vida, no uso do seu livre-arbítrio,  tornando-se responsável pela própria conduta.
         Entretanto é imprescindível atentar para o fato de que, acima de tudo, como espíritas, devemos ser fiéis à Doutrina dos Espíritos.
         Ao comemoramos o sesquicentenário do lançamento de O LIVRO DOS ESPÍRITOS,  nosso pensamento se volta à data de 18 de abril de 1857, no momento em que Allan Kardec, emocionado, tem em suas mãos, pela primeira vez, a obra impressa, a 1ª edição. Talvez não avaliasse, em sua natural modéstia, que naquele instante o advento do Consolador prometido por Jesus estava se concretizando. Seu esforço, sua abnegação ao cumprimento da missão que lhe fora confiada, sua renúncia íntima e silenciosa o levaram a dedicar os anos restantes de sua vida à causa da Doutrina Espírita.
         Assim, que a nossa homenagem ao Codificador esteja impregnada de nosso profundo amor  e respeito à grandiosa obra por ele empreendida.
         Amar a Doutrina é preservá-la de alterações, de mudanças, de atualizações que lhe desfigurariam os princípios norteadores e luminosos.
         Sejam para Allan Kardec as palavras do Espírito de Verdade:
         “As grandes missões só aos homens de escol são confiadas e Deus mesmo os coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar concurso eficaz.” (O Livro dos Médiuns cap. XXXI it. XV)

 Fonte:http://suelycaldasschubert.webnode.com.br/artigos/

Afinização nos grupos Mediúnicos





“O médium, em meio dessas correntes contrárias, experimenta uma opressão, um mal-estar indefinível, sente-se mesmo, às vezes, como que paralisado, sucumbido.” Léon Denis   (No Invisível)

O bom êxito das reuniões mediúnicas repousa numa série de fatores que se conjugam para chegar-se ao resultado almejado.
            Não raras vezes as reuniões têm comprometido o seu rendimento, harmonia e qualidades dos trabalhos sem que os participantes atinem com o motivo de tais dificuldades. Vários detalhes são lembrados para justificar os embaraços e, consequentemente, iniciativas são providenciadas para saná-los.
            Entretanto, existe um fator nem sempre valorizado e que pode ser a causa da queda de produção e qualidade dos trabalhos mediúnicos. Esse fator é a afinização que deve existir entre todos os participantes. Afinização que gera confiança, harmonia, entrosamento e amizade. Afinização que cria, nos instantes consagrados ao intercâmbio com os desencarnados, uma espécie de “tensão” favorável às comunicações.
            Os pensamentos e sentimentos dos integrantes da sessão, estando em determinadas freqüências vibratórias adequadas ao labor da mediunidade é que propiciarão o ambiente necessário para a realização de trabalhos equilibrados e produtivos.
            Muitos dirigentes de sessões atribuem o fraco resultado à falta de concentração e recomendam, várias vezes, no decorrer das atividades que os presentes se mantenham concentrados de maneira firme e constante. Pode acontecer, porém, que um membro do grupo esteja firmemente concentrado, fixando-se mentalmente em Jesus, no bem e na caridade e ao mesmo tempo duvide ou desconfie da autenticidade da comunicação transmitida por determinado médium. Ou critique, intimamente, a doutrinação que está sendo efetuada; se isto ocorrer o equilíbrio da corrente vibratória estará comprometido.
            Quanto mais coeso for o grupo, quanto mais se unir no estudo e na prática mediúnica melhores resultados poderão ser alcançados.
            Todavia, se houver entre os presentes pensamentos divergentes, sentimentos de melindres, ciúmes, desconfiança será impossível conseguir-se êxito. Tais estados íntimos negativos, tornando-se uma constante, produzem vibrações discrepantes, desarmônicas, podendo gerar, no transcurso da sessão, formas-pensamento que atrairão entidades inferiores, abrindo brechas  que irão desequilibrar as tarefas programadas.
            Por outro lado, como afirma Léon Denis, o médium em meio a esse tipo de vibrações sente-se confuso, vacila e duvida, quando não lhe advém um mal-estar súbito, inexplicável.
            É imprescindível mencionar ainda, que os obsessores interessados em obstar os trabalhos visam freqüentemente os participantes da equipe, procurando semear entre eles a discórdia, a inveja, o personalismo e outros estados negativos, de maneira tão  sutil e disfarçada que a maioria não percebe.
            Comumente se atribui aos médiuns as dificuldades no intercâmbio espiritual,  esquecendo os demais membros do grupo de analisar a sua própria participação.
            A participação individual, todavia, é deveras  importante nas tarefas da mediunidade e passa, desde a preparação que antecede as atividades até por uma concentração firme, que estabeleça um certo padrão vibratório favorável a todo o conjunto dos trabalhos,  assim permanecendo até o final da reunião.
            Além disso, se houver entre os participantes uma interação fraterna e amorosa que gera confiança, bem-estar, prazer de trabalhar em equipe, alegria pelo reencontro semanal, tudo isso favorece o intercâmbio com o mundo espiritual.
            É nessa linha de raciocínio que chegamos à responsabilidade de cada integrante.
Responsabilidade que vai muito além da atuação durante os trabalhos; responsabilidade que inclui também o tipo de sentimentos e pensamentos que cada um emite  visto que refletem um estado interior que antecede e subsiste às reuniões.
            Mesmo entre pessoas afinizadas muitas arestas precisam ser superadas, visto que o labor em equipe tem características especiais que nem todos alcançam de imediato ou a ele se ajustam. Mesmo os grupos com larga experiência e reconhecida interação vibratória não estão livres de sofrer, em algum momento e sob certas circunstâncias, o assédio de entidades malévolas e se desestruturar em razão disso.
            Cientes e conscientes de tais possibilidades compete aos participantes de equipes mediúnicas uma constante vigilância, a prática da auto-análise individual e também da avaliação em grupo a fim de ser detectadas a tempo as investidas das sombras.
            Manoel Philomeno de Miranda, Espírito, aconselha aos grupos mediúnicos atividades extras no campo da caridade, convivência e ajuda mútua na esfera do cotidiano pois que o serviço no bem confere maior resistência às influências negativas, enquanto a convivência fraterna faculta maior estreitamente nos laços de afinidade entre todos.
            E, sobretudo, que cada um se revista da couraça da fé e do escudo da prece, cultivando no coração a caridade e a humildade, perseverando sempre pois que os serviços na seara espírita representam a nossa mais sagrada oportunidade de redenção.

                                            Suely Caldas Schubert

Fonte:http://suelycaldasschubert.webnode.com.br/artigos/