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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

EADE-ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-ROTEIRO 17 - MODULO 2- AS ESPÍSTOLAS DE TIAGO E PEDRO



EADE - LIVRO I
ROTEIRO
17
Objetivos
Analisar, à luz do Espiritismo, os principais ensinos existentes
nas epístolas escritas por Tiago e por Pedro.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
A epístola de Tiago se resume num conjunto de exortações morais sobre a
paciência nas provações, a origem da tentação, o cuidado no falar, a importância
da fé com obras, do bom relacionamento, da misericórdia e da oração. Bíblia
de Jerusalém. p. 2103.
A primeira epístola de Pedro tem como finalidade [...] sustentar a fé dos
seus destinatários em meio às provações que os assaltam. Bíblia de Jerusalém.
2104.
Na segunda epístola, Pedro coloca os seus leitores de [...] sobreaviso contra os
falsos doutores e responde á inquietação existente sobre a vinda (parusia) do
Cristo. Bíblia de Jerusalém, p. 2005.
AS EPÍSTOLAS DE TIAGO E DE PEDRO
278
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
As epístolas escritas pelos apóstolos Tiago e Pedro, João e Judas são denominadas
católicas ou universais, porque, diferentemente das de Paulo, se
dirigem aos cristãos em geral, e não a comunidades ou pessoas particulares.
1. Epístola de Tiago
Duas dificuldades surgem quando se propõe a estudar essa epístola. A
primeira está relacionada à histórica resistência religiosa de incorporá-la aos
textos canônicos do Novo Testamento. A segunda diz respeito às dificuldades,
também de natureza histórica, para identificar quem, de fato, é Tiago, autor
dessa carta.
A epístola de Tiago, foi aceita progressivamente na Igreja [Católica]. Se sua canonicidade
não parece ter criado problemas no Egito, onde Orígenes a cita como Escritura inspirada,
Eusébio de Cesaréia, no começo do século IV, reconhece que ela ainda é contestada
por alguns. Nas Igrejas de língua siríaca, foi a penas no decurso do século IV que foi
introduzida no cânon do NT [Novo Testamento]. Na África, Tertuliano e Cipriano a
desconhecem e o catálogo de Mommsen (cerca do ano 360) ainda não o contém. Em
Roma, ela não figura no cânon de Muratori, atribuído a santo Hipólito (pelo ano 200)
e é muito duvidoso que sido citada por são Clemente de Roma, e pelo autor dos Pastor
de Hermas. Portento, só se impõe ao conjunto das Igrejas do Oriente e do Ocidente
pelo fim do século IV. 1
Outra dúvida está relacionada à autoria da epístola. Quem é Tiago, autor
desta Epístola? No primeiro momento, somos levados a pensar em Tiago Maior,
irmão de João, ambos membros do colégio apostolar. Pensa-se também em
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 17
279
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
Tiago Menor, também um dos Doze apóstolos. As duas hipóteses, porém, são
contestadas por estudiosos. Na verdade, esse escrito é atribuído a um certo
Tiago, nomeado como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg. 1,1).
Na Antigüidade, as igrejas identificaram como seu autor o Tiago “irmão de
Jesus” (Mc 6:3; Mt 13:55 ) que teve função marcante na primeira comunidade
cristã de Jerusalém (Atos dos Apóstolos 12:17; 15: 13-21; 21:18-26; 1Cor 15:7;
Gl 1:19). Esse Tiago teria sido assassinado, por judeus, no ano 62. Acredita-se
que o autor da epístola não seja também Tiago Maior, irmão de João, porque
Herodes o mandou matar em 44. Pode-se pensar que a autoria da carta é, de
fato, de Tiago Menor, filho de Alfeu, um dos apóstolos de Jesus. 1
Supondo-se que a carta tenha sido escrita por Tiago Menor, que também
foi o chefe da igreja cristã de Jerusalém, a data deste escrito seria anterior ao
ano 62. Entretanto, a opinião predominante é de que se trata de um escrito do
final do século I ou início do século II. A aceitação atual é de que a carta foi
escrita por Tiago Menor, até 62, ano da morte do apóstolo. 1
Seja qual for a sua origem, este escrito é dirigido às “12 tribos da Diáspora” (Tg 1:1), que
são certamente os cristãos de origem judaica, dispersos no mundo greco-romano, sobretudo
nas regiões próximas à Palestina, como a Síria ou o Egito. Que esses destinatários
sejam convertidos do Judaísmo é o que confirma o corpo da carta. O uso constante que
o autor nela faz da Bíblia, supõe que esta lhe é familiar, tanto mais que ele procede, nas
suas argumentações, menos pelo modo de argumentações, a partir de citações explícitas
[...] do que por reminiscências espontâneas e alusões subjacentes por toda parte. Ele se
inspira particularmente na literatura sapiencial, para extrair dela lições de moral prática.
Mas depende também profundamente dos ensinamentos do Evangelho, e seu escrito não
é puramente judaico, como algumas vezes se tem afirmado. Ao contrário, aí se encontram
continuamente o pensamento e as expressões prediletas de Jesus. [...] Em suam, trata-se
de sábio judeu-cristão que repensa, de maneira original, as máximas da sabedoria judaica
em função em função do cumprimento que elas encontram na boca do Mestre. Vemos
seu ponto de vista cristão sobretudo no enquadramento apocalíptico em que situa seus
ensinamentos morais. Esses ensinamentos mostram também sua afinidade com os do
Evangelho de Mateus, mais judaico-cristão. 2
1.1 - Síntese dos principais ensinos da epístola de Tiago
• O benefício das provações
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações,
sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Tenha, porém, a paciência
a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa
alguma. [...] As glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, e o rico, em seu aba
timento, porque ele passará como a flor da erva. Porque sai o sol com ardor, e
a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim
se murchará também o rico em seus caminhos. Bem-aventurado o varão que
sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual
o Senhor tem prometido aos que o amam.” (Tg 1:2-3, 9-12)
• A fé com obras
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as
obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus
e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em
paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o
corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta
em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a
tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras [...]
Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.”
(Tg 2:14-18, 24)
A fé inoperante é problema credor da melhor atenção, em todos os tempos, a fim de que
os discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais nobre, sem
trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba paisagem
improdutiva.[...] A crença religiosa é o meio. O apostolado é o fim. [...] Guardar, pois,
o êxtase religioso no coração, sem qualquer atividade nas obras de desenvolvimento
da sabedoria e do amor, consubstanciados no serviço da caridade e da educação, será
conservar na terra viva do sentimento um ídolo morto, sepultado entre as flores inúteis
das promessas brilhantes.
• Cuidado no falar
“Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos
mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não
tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo
o corpo. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam;
e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão
grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme
para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é
um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque
um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de
iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o
corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais
do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas nenhum homem
pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha
mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens,
feitos à semelhança de Deus de uma mesma boca procede bênção e maldição.
Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.” (Tg 3:1-10)
O pensamento que direciona a epístola de Tiago está expresso nestas suas
palavras: “Mas todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio
para se irar.” (Tg 1:19)
Analisar, refletir, ponderar são modalidades do ato de ouvir. É indispensável que a criatura
esteja sempre disposta a identificar o sentido das vozes, sugestões e situações que
a rodeiam. Sem observação, é impossível executar a mais simples tarefa no ministério
do bem. Somente após ouvir, com atenção, pode o homem falar de modo edificante na
estrada evolutiva. Quem ouve, aprende. Quem fala, doutrina. Um guarda, outro espalha.
Só aquele que guarda, na boa experiência, espalha com êxito. O conselho do apóstolo é,
portanto, de imorredoura oportunidade. E forçoso é convir que, se o homem deve ser
pronto nas observações e comedido nas palavras, deve ser tardio em irarse. Certo, o caminho
humano oferece, diariamente, variados motivos à ação enérgica; entretanto, sempre
que possível, é útil adiar a expressão colérica para o dia seguinte, porqüanto, por vezes,
surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparece. Tenhamos em mente
que todo homem nasce para exercer uma função definida. Ouvindo sempre, pode estar
certo de que atingirá serenamente os fins a que se destina, mas, falando, é possível que
abandone o esforço ao meio, e, irando-se, provavelmente não realizará coisa alguma. 5
2. Epístolas de Pedro
As duas epístolas de Pedro foram aceitas sem contestação desde a Antigüidade.
O apóstolo escreve de Roma, também chamada de “Babilônia” (alusão à
devassidão moral), entre os anos 64 e 67, onde se encontra em companhia de
João Marcos, o evangelista, a quem considera como filho. 3
Escreve aos cristãos “da Diáspora”, especificando os nomes das cinco províncias (1Pe
1:1) que representavam praticamente o conjunto da Ásia Menor. (1Pe 1:1) O que diz do
passado deles sugere que são convertidos do paganismo, embora não se exclua a presença
de judeu-cristãos entre eles. (1Pe 1:18; 2:9; 4:3) É por isso que lhes escreve em grego; e,
se esse grego, simples, mas correto e harmonioso, parece de qualidade boa demais para
o pescador galileu, conhecemos o nome do discípulo secretário que pode tê-lo assistido
na redação: Silvano[...]. 3 (Pe 5:12)

«A finalidade dessa epístola é sustentar a fé dos seus destinatários em meio
às provações que os assaltam. [...] Trata-se, antes, de prepotências, injúrias e
calúnias que os convertidos sofrem [...].» 3
Outras idéias que norteiam a carta dizem respeito à corajosa perseverança
nas provações, tendo Cristo como modelo (1Pe2:21-25;3:18; 4:1); os cristãos
devem sofrer com paciência como Jesus sofreu, revelando a fé que possuem
(1Pe 2:19; 3:14; 4:12-19; 5:9) e agir com mansidão (1Pe3:8-17; 4:17-11).
A primeira epístola, é um escrito de natureza prática, mas que possui
apreciável riqueza da doutrina cristã. «Nele se encontra um maravilhoso resumo
da teologia em voga na época apostólica, teologia de comovente ardor
na sua simplicidade.» 4
Na segunda epístola, Pedro alerta os leitores contra os falsos doutores e
faz comentários sobre a demora da parusia (segunda vinda do Cristo). 4
2.1 - Síntese dos principais ensinos das epístolas de Pedro
• Exortação à uma vida santificada
“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e
esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,
como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que
antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou,
sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. [...] Purificando a
vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amaivos
ardentemente uns aos outros, com um coração puro [...]. Deixando, pois,
toda malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações
[...]. Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais
das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver
honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em
vós observem. [...] Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai
o rei.” (1Pe 1:13-15; 22; 2:1;11-12; 17)
• Exortação ao amor fraternal
“E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando
os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis, não tornando mal
por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção. Porque
quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus
lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a.
Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos
às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males. E qual é
aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” (1Pe 3:8-1)
A sublime exortação constitui poderosa síntese das teorias de fraternidade. O entendimento
e a aplicação do “amai-vos” é a meta luminosa das lutas na Terra. [...] O amor a
que se refere o Evangelho é antes a divina disposição de servir com alegria, na execução
da Vontade do Pai, em qualquer região onde permaneçamos. 8
• Cuidados contra os falsos mestres
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos doutores, que introduzirão encobertadamente heresias de perdição
e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o
caminho da verdade; e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas;
sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição
não dormita. [...] Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento,
para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva; porque, falando
coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne
e com dissoluções aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro,
prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque
de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.” (2Pe 2:1-3; 17-19)
• A vinda do Senhor
“Amados, escrevo-vos, agora, esta segunda carta, em ambas as quais
desperto com exortação o vosso ânimo sincero, para que vos lembreis das palavras
que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento
do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos, sabendo primeiro isto:
que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias
concupiscências e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque desde
que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da
criação. Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde
a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da
água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
águas do dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra
se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da
perdição dos homens ímpios. Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um
dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo
para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham
a arrepender-se. Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os
céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a
terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas
coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e
apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão,
e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.”(2 Pe 3:1-13)
As duas epístolas de Pedro destacam a importância suportarmos com bom ânimo as
provações e a convivência fraterna. Para o sucesso dessa empreitada é necessário que
identifiquemos os males da vida e suas origens.
O esclarecimento íntimo é inalienável tesouro dos discípulos sinceros do Cristo. O
mundo está cheio de enganos dos homens abomináveis que invadiram os domínios da
política, da ciência, da religião e ergueram criações chocantes para os espíritos menos
avisados; contam-se por milhões as almas com eles arrebatadas às surpresas da morte
e absolutamente desequilibradas nos círculos da vida espiritual. Do cume falso de suas
noções individualistas precipitam-se em despenhadeiros apavorantes, onde perdem a
firmeza e a luz. Grande número dos imprevidentes encontram socorro justo, porquanto
desconheciam a verdadeira situação. Não se achavam devidamente informados. Os
homens abomináveis ocultavam-lhes o sentido real da vida. Semelhante benemerência,
contudo, não poderá atingir os aprendizes que conhecem, de antemão, a verdade. O aluno
do Evangelho somente se alimentará de equívocos deploráveis, se quiser. Rodopiará,
por isso mesmo, no torvelinho das sombras se nele cair voluntariamente, no capítulo
da preferência individual.
O ignorante alcançará justificativa.
A vítima será libertada.
O doente desprotegido receberá enfermagem e remédio.
Mas o discípulo de Jesus, bafejado pelos benefícios do Céu todos os dias, que se rodeia
de esclarecimentos e consolações, luzes e bênçãos, esse deve saber, de antemão, quanto
lhe compete realizar em serviço e vigilância e, caso aceite as ilusões dos homens abomináveis,
agirá sob a responsabilidade que lhe é própria, entrando na partilha das aflitivas
realidades que o aguardam nos planos inferiores. 7
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. BIBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo:
Paulus, 2002. Item: Introdução às epístolas Católicas. São Paulo, p. 2102.
2. ______. p. 2103.
3. ______. p. 2104.
4. ______. p. 2105.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Espírito Emmanuel.
27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 77 (Convém refletir), p. 169-170.
6. ______. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 39 (Fé inoperante), p. 95-96.
7. ______. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 43 (Vós, portanto...), p. 105-106.
8. ______. Cap. 90 (De coração puro), p. 203-204.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro

Formar grupos para o estudo dos principais
ensinos existentes nas epístolas citadas neste Roteiro.
Apresentar, ao final da reunião, uma síntese do
assunto analisado, à luz da Doutrina Espírita.


Fonte: FEB

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Método de Kardec - por J.Herculano Pires

O Método de Kardec
Kardec nasceu no início do século XIX, numa fase de aceleramento do processo cultural em nosso mundo. Formou-se na cultura do século, sob a orientação de Pestalozzi, o mestre por excelência. Especializou-se em Pedagogia, que podemos chamar de Ciência da Cultura, e até aos cinqüenta anos de idade
exerceu intensas atividades pedagógicas, tornando-se o sucessor de Pestalozzi na Europa. Não se fez padre nem pastor, mas cientista e filósofo, na despretensão e na humildade de quem não procurava elevadas posições, mas aprimorar os seus conhecimentos. Adquiriu no estudo, nas atividades teóricas e na prática, o mais amplo conhecimento dos problemas culturais do seu tempo.
Vivendo em Paris, considerada então como o cérebro do mundo, impôs-se ao consenso geral como homem de elevada cultura, um intelectual por excelência. Colocado num momento crucial da evolução terrena, viu e viveu o drama cultural da época. E só aos 50 anos de idade, maduro e culto, deparou com o problema nodal do tempo e procurou solucioná-lo em termos culturais. Esse problema se resumia no seguinte: a cultura clássica, religiosa e filosófica, desabava ao impacto do desenvolvimento das Ciências, sem a menor capacidade para enfrentar o realismo científico e salvar os seus próprios valores fundamentais.
Formado na tradição cultural do Século XVIII, herdeiro de Francis Bacon, René Descartes e Rousseau, compreendeu claramente que o problema do seu tempo repousava na questão do método. Os fenômenos espíritas se verificavam com intensidade, como uma espécie de reação natural aos excessos do empirismo, no bom sentido do termo, que era a aplicação do método experimental a todo o Conhecimento. A tradição espiritual rejeitava esses excessos mas não dispunha de armas para combatê-los. Kardec resolveu aplicar o
método experimental ao estudo dos fenômenos espíritas.
Logo aos primeiros resultados verificou que o nó do problema estava no seguinte: o método experimental se aplicava apenas à matéria, excluindo-se o espírito que era considerado como imaterial e portanto inverificável.
Mas se havia fenômenos espíritas era evidente que o espírito, manifestando-se na matéria, tornava-se acessível à pesquisa. Tudo dependia, pois, do método. Era necessário descobrir um método de investigação
experimental dos fenômenos espíritas. Era claro que esse método não podia ser o mesmo aplicado à pesquisa dos fenômenos materiais, considerados como os únicos naturais. Mas porque os únicos? Porque as manifestações do espírito eram consideradas como sobrenaturais, regidas por leis divinas.
Já Descartes, no Século XVII, lutando contra o dogmatismo escolástico, mostrara a unidade de alma e corpo na manifestação do ser humano e advertira contra o perigo de confusão entre esses dois elementos constitutivos do homem. Kardec se sentia bem esteiado na tradição metodológica e conseguiu provar que os fenômenos espíritas eram tão naturais como os fenômenos materiais. Ambos estavam na Natureza, espírito e matéria correspondiam a força e matéria, os dois elementos fundamentais de tudo quanto existe.
Daí sua conclusão, até hoje inabalada, e confirmada na época pelas manifestações dos próprios Espíritos que o assistiam: a Ciência do Espírito correspondia às exigências da época. Mas era necessário desenvolvê-la segundo a orientação metodológica da Ciência da Matéria, pois essa orientação provara a
sua eficiência. A questão era simples: na investigação dos problemas espirituais o método dedutivo teria de ser substituído pelo método indutivo. Mas essa questão se tornava complexa porque a tradição espiritualista, cristalizada nos dogmas das igrejas, repelia como herética e profanadora a aplicação da pesquisa científica aos problemas espirituais.
Kardec enfrentou a questão com extraordinária coragem. Enfrentou sozinho, sem o apoio de nenhum poder terreno, todo o poderio religioso da época. Teve então de colocar-se entre os fogos cruzados da Religião, da Filosofia e da Ciência. Os teólogos o atacavam na defesa de seus dogmas, a Filosofia o considerava um intruso e a Ciência o condenava como um reativador de superstições que ela já havia praticamente destruído. A vitória de Kardec definiuse bem cedo. A Ciência Psíquica Inglesa, a Parapsicologia Alemã e a
Metapsíquica Francesa nasceram da sua coragem e das suas pesquisas. Mais de cem anos depois, Rhine e Mac Dougal fundariam nos Estados Unidos a Parapsicologia moderna, seguindo a mesma orientação metodológica de Kardec.
E a sua vitória se confirmou plenamente em nossos dias, quando as pesquisas parapsicológicas endossaram as conclusões de Kardec e logo mais a própria Física e a Biologia fizeram o mesmo. A palavra paranormal, criada por Frederic Myers e hoje adotada na Parapsicologia, substituiu em definitivo, no campo científico, a classificação errônea de sobrenatural dada aos fenômenos espirituais.

O Espírito como Objeto

O espírito como objeto Kardec transformou o espírito, entidade metafísica, em objeto específico da pesquisa científica. Nem mesmo a reação kantiana, nos séculos XVIII e XIX, com a crítica da razão, estabelecendo os supostos limites do conhecimento em termos do Empirismo inglês, impediu essa transformação. Na própria Alemanha o Prof. Frederico Zollner, da Universidade de Leipzig,
submeteu o espírito à investigação kardeciana e Schrenck Von Notzing, em Berlim, instalou o primeiro laboratório de pesquisa espírita do mundo. Hoje os cientistas soviéticos, na maior fortaleza ideológica do materialismo no mundo, provaram sem querer a existência do espírito e de seu corpo espiritual, a que
passaram a chamar de corpo bioplasmático. As pesquisas realizadas com o fenômeno da morte mostrou-lhes que o corpo material é vitalizado por ele e por ele mantido em função. A última novidade da Biologia soviética é essa descoberta que atenta contra o materialismo de Estado.
O espírito convertido em objeto de investigações físicas e biológicas é hoje a prova inegável da vitória de Kardec. Mas Kardec avançou além dessa posição atual. Ele não se limitou a pesquisar o espírito como objeto acessível à percepção sensorial. Da mesma maneira por que o pensamento, na Lógica, é um
objeto não-físico — e hoje na Parapsicologia um objeto extrafísico — Kardec submeteu o espírito a pesquisas psicológicas e provou a sua realidade energética, a sua natureza dupla, de energia espiritual pura manifestada no corpo espiritual, de natureza semimaterial. Os instrumentos de que se serviu para essa audaciosa pesquisa constituem hoje os campos de força da percepção extra-sensorial, cuja realidade palpável foi demonstrada pelas experiências de laboratório dos mais eminentes parapsicólogos. A aparelhagem mediúnica das pesquisas de Kardec, ridicularizadas pelos sabichões do tempo, como Richet os classificou, é hoje cientificamente reconhecida, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, na Alemanha quanto na URSS.
Kardec desenvolveu o seu método de pesquisa tendo por base o processo de comunicação. Hoje estamos na época da comunicação e essa palavra adquiriu um valor científico de importância básica. Mas a palavra comunicaçãojá era, no tempo de Kardec, uma categoria da Filosofia Espírita e designava um elemento fundamental da pesquisa espírita. A comunicação mediúnica abriu para o homem uma nova dimensão na sua concepção do mundo e da vida. E Kardec dedicou-lhe todo um tratado, com O Livro dos Médiuns, estabelecendo as regras metodológicas da comunicação entre os vivos da Terra e os supostos mortos do
Além. Nenhum tratado atual de Parapsicologia conseguiu superar o que Kardec descobriu e expôs nesse volume.
Com essa descoberta Kardec revolucionou o campo central das estruturas religiosas. O problema da Revelação, que representava uma fortaleza aparentemente inexpugnável da Religião, o seu mistério essencial e fundamental, foi cruamente esclarecido. E a posição metodológica de Kardec enriqueceu-se com a possibilidade de investigar as próprias bases da Religião. Mostrando que a fonte da Revelação é a comunicação mediúnica, Kardec pôde estabelecer a relação entre Ciência e Religião de maneira definitiva. Existe, explicou ele, a Revelação Espiritual, que consiste no ensino de leis do mundo espiritual através
da comunicação mediúnica, e existe a Revelação Científica, que consiste na explicação de leis do mundo material através da comunicação científica, feita pelos pesquisadores. A Ciência Espírita utilizou-se dessas duas formas de revelação e estabeleceu a conjugação de ambas para o controle do conhecimento
da realidade, que é o objetivo direto da Ciência.
Foi assim que Kardec, adotando uma orientação metodológica segura e nunca dela se afastando, conseguiu, finalmente, desdobrar a moderna concepção do mundo, revelando a face oculta da própria Terra em que vivemos e aniquilando o último reduto do maravilhoso ou sobrenatural. Graças a ele, ao seu
trabalho gigantesco e ao sacrifício total da sua existência, os cientistas atuais poderão prosseguir no desenvolvimento das Ciências, sem tropeçar nas barreiras supersticiosas, mitológicas, mágicas e teológicas do passado. Kardec completou a Ciência com a sua contribuição espantosa. Fez, praticamente sozinho, no campo do espírito, e em apenas quinze anos de trabalho, o que milhares de equipes de cientistas, no campo da matéria, realizaram através de pelo menos três séculos.
E a precisão do seu método se confirma nas conclusões inabaladas e inabaláveis a que chegou sozinho, muitas vezes criticado pelos seus próprios companheiros, que o acusavam de personalismo centralizador. Faltava aos próprios companheiros o espírito científico que o sustentou na batalha sem tréguas. Os que hoje desejam confundir as coisas, ignorando o problema metodológico em Kardec, aceitando mistificações grosseiras de espíritos pseudosábios, servem apenas para provar, ainda em nossos dias, como e quanto Kardec avançou no futuro, superando de muito o seu tempo e o nosso tempo.
Só a ignorância orgulhosa ou a inteligência vaidosa e interesseira
podem hoje querer superar Kardec, quando a própria Ciência e a própria Filosofia atuais estão ainda rastreando as conquistas de Kardec, nos rumos de futuras descobertas.(Destacado pelo Blog)
O Espiritismo evolui, como tudo evolui no Universo. Esse é um axioma espírita. Mas a obra de superação de Kardec pertence às gerações do amanhã, pois a geração atual não revelou ainda condições sequer para
compreender Kardec. Por outro lado, é bom lembrar que a superação de Kardec não será mais do que o prosseguimento do seu trabalho, o desdobramento da sua obra, na medida em que o homem se torne mais apto a compreender o que Kardec ensinou. O atraso atual do movimento espírita nos sugere, mesmo, que
talvez o próprio Kardec tenha de voltar à Terra, como os Espíritos lhe disseram na ocasião em que esteve entre nós, para completar a sua obra, que homem nenhum foi capaz até o momento de ampliar em qualquer sentido.
Os leitores que desejarem verificar as comprovações parapsicológicas atuais das pesquisas de Kardec poderão fazê-lo em duas fontes: a nossa tradução anotada de O Livro dos Médiuns e o nosso livro Parapsicologia Hoje e Amanhã, em sua quarta edição. Neste último encontrarão um capitulo especial
sobre a descoberta do corpo bioplasmático pelos físicos e biólogos soviéticos.
Fotografias da aura das coisas e dos seres têm sido apresentadas como
fotografias da alma e justamente rejeitadas pelas pessoas de bom senso. Essas fotos pertencem à fase da efluviografia nas experiências com as câmaras
Kyrillian. As fotografias do corpo bioplasmático são as que realmente correspondem à alma.

Obra de J . Herculano Pires , entitulada  A Pedra e o Joio.