Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

EADE-ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-ROTEIRO 17 - MODULO 2- AS ESPÍSTOLAS DE TIAGO E PEDRO



EADE - LIVRO I
ROTEIRO
17
Objetivos
Analisar, à luz do Espiritismo, os principais ensinos existentes
nas epístolas escritas por Tiago e por Pedro.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
A epístola de Tiago se resume num conjunto de exortações morais sobre a
paciência nas provações, a origem da tentação, o cuidado no falar, a importância
da fé com obras, do bom relacionamento, da misericórdia e da oração. Bíblia
de Jerusalém. p. 2103.
A primeira epístola de Pedro tem como finalidade [...] sustentar a fé dos
seus destinatários em meio às provações que os assaltam. Bíblia de Jerusalém.
2104.
Na segunda epístola, Pedro coloca os seus leitores de [...] sobreaviso contra os
falsos doutores e responde á inquietação existente sobre a vinda (parusia) do
Cristo. Bíblia de Jerusalém, p. 2005.
AS EPÍSTOLAS DE TIAGO E DE PEDRO
278
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
As epístolas escritas pelos apóstolos Tiago e Pedro, João e Judas são denominadas
católicas ou universais, porque, diferentemente das de Paulo, se
dirigem aos cristãos em geral, e não a comunidades ou pessoas particulares.
1. Epístola de Tiago
Duas dificuldades surgem quando se propõe a estudar essa epístola. A
primeira está relacionada à histórica resistência religiosa de incorporá-la aos
textos canônicos do Novo Testamento. A segunda diz respeito às dificuldades,
também de natureza histórica, para identificar quem, de fato, é Tiago, autor
dessa carta.
A epístola de Tiago, foi aceita progressivamente na Igreja [Católica]. Se sua canonicidade
não parece ter criado problemas no Egito, onde Orígenes a cita como Escritura inspirada,
Eusébio de Cesaréia, no começo do século IV, reconhece que ela ainda é contestada
por alguns. Nas Igrejas de língua siríaca, foi a penas no decurso do século IV que foi
introduzida no cânon do NT [Novo Testamento]. Na África, Tertuliano e Cipriano a
desconhecem e o catálogo de Mommsen (cerca do ano 360) ainda não o contém. Em
Roma, ela não figura no cânon de Muratori, atribuído a santo Hipólito (pelo ano 200)
e é muito duvidoso que sido citada por são Clemente de Roma, e pelo autor dos Pastor
de Hermas. Portento, só se impõe ao conjunto das Igrejas do Oriente e do Ocidente
pelo fim do século IV. 1
Outra dúvida está relacionada à autoria da epístola. Quem é Tiago, autor
desta Epístola? No primeiro momento, somos levados a pensar em Tiago Maior,
irmão de João, ambos membros do colégio apostolar. Pensa-se também em
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 17
279
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
Tiago Menor, também um dos Doze apóstolos. As duas hipóteses, porém, são
contestadas por estudiosos. Na verdade, esse escrito é atribuído a um certo
Tiago, nomeado como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg. 1,1).
Na Antigüidade, as igrejas identificaram como seu autor o Tiago “irmão de
Jesus” (Mc 6:3; Mt 13:55 ) que teve função marcante na primeira comunidade
cristã de Jerusalém (Atos dos Apóstolos 12:17; 15: 13-21; 21:18-26; 1Cor 15:7;
Gl 1:19). Esse Tiago teria sido assassinado, por judeus, no ano 62. Acredita-se
que o autor da epístola não seja também Tiago Maior, irmão de João, porque
Herodes o mandou matar em 44. Pode-se pensar que a autoria da carta é, de
fato, de Tiago Menor, filho de Alfeu, um dos apóstolos de Jesus. 1
Supondo-se que a carta tenha sido escrita por Tiago Menor, que também
foi o chefe da igreja cristã de Jerusalém, a data deste escrito seria anterior ao
ano 62. Entretanto, a opinião predominante é de que se trata de um escrito do
final do século I ou início do século II. A aceitação atual é de que a carta foi
escrita por Tiago Menor, até 62, ano da morte do apóstolo. 1
Seja qual for a sua origem, este escrito é dirigido às “12 tribos da Diáspora” (Tg 1:1), que
são certamente os cristãos de origem judaica, dispersos no mundo greco-romano, sobretudo
nas regiões próximas à Palestina, como a Síria ou o Egito. Que esses destinatários
sejam convertidos do Judaísmo é o que confirma o corpo da carta. O uso constante que
o autor nela faz da Bíblia, supõe que esta lhe é familiar, tanto mais que ele procede, nas
suas argumentações, menos pelo modo de argumentações, a partir de citações explícitas
[...] do que por reminiscências espontâneas e alusões subjacentes por toda parte. Ele se
inspira particularmente na literatura sapiencial, para extrair dela lições de moral prática.
Mas depende também profundamente dos ensinamentos do Evangelho, e seu escrito não
é puramente judaico, como algumas vezes se tem afirmado. Ao contrário, aí se encontram
continuamente o pensamento e as expressões prediletas de Jesus. [...] Em suam, trata-se
de sábio judeu-cristão que repensa, de maneira original, as máximas da sabedoria judaica
em função em função do cumprimento que elas encontram na boca do Mestre. Vemos
seu ponto de vista cristão sobretudo no enquadramento apocalíptico em que situa seus
ensinamentos morais. Esses ensinamentos mostram também sua afinidade com os do
Evangelho de Mateus, mais judaico-cristão. 2
1.1 - Síntese dos principais ensinos da epístola de Tiago
• O benefício das provações
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações,
sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Tenha, porém, a paciência
a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa
alguma. [...] As glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, e o rico, em seu aba
timento, porque ele passará como a flor da erva. Porque sai o sol com ardor, e
a erva seca, e a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim
se murchará também o rico em seus caminhos. Bem-aventurado o varão que
sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual
o Senhor tem prometido aos que o amam.” (Tg 1:2-3, 9-12)
• A fé com obras
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as
obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus
e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em
paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o
corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta
em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a
tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras [...]
Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.”
(Tg 2:14-18, 24)
A fé inoperante é problema credor da melhor atenção, em todos os tempos, a fim de que
os discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais nobre, sem
trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba paisagem
improdutiva.[...] A crença religiosa é o meio. O apostolado é o fim. [...] Guardar, pois,
o êxtase religioso no coração, sem qualquer atividade nas obras de desenvolvimento
da sabedoria e do amor, consubstanciados no serviço da caridade e da educação, será
conservar na terra viva do sentimento um ídolo morto, sepultado entre as flores inúteis
das promessas brilhantes.
• Cuidado no falar
“Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos
mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não
tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo
o corpo. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam;
e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão
grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme
para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é
um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque
um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de
iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o
corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a
281
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais
do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas nenhum homem
pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha
mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens,
feitos à semelhança de Deus de uma mesma boca procede bênção e maldição.
Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.” (Tg 3:1-10)
O pensamento que direciona a epístola de Tiago está expresso nestas suas
palavras: “Mas todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio
para se irar.” (Tg 1:19)
Analisar, refletir, ponderar são modalidades do ato de ouvir. É indispensável que a criatura
esteja sempre disposta a identificar o sentido das vozes, sugestões e situações que
a rodeiam. Sem observação, é impossível executar a mais simples tarefa no ministério
do bem. Somente após ouvir, com atenção, pode o homem falar de modo edificante na
estrada evolutiva. Quem ouve, aprende. Quem fala, doutrina. Um guarda, outro espalha.
Só aquele que guarda, na boa experiência, espalha com êxito. O conselho do apóstolo é,
portanto, de imorredoura oportunidade. E forçoso é convir que, se o homem deve ser
pronto nas observações e comedido nas palavras, deve ser tardio em irarse. Certo, o caminho
humano oferece, diariamente, variados motivos à ação enérgica; entretanto, sempre
que possível, é útil adiar a expressão colérica para o dia seguinte, porqüanto, por vezes,
surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparece. Tenhamos em mente
que todo homem nasce para exercer uma função definida. Ouvindo sempre, pode estar
certo de que atingirá serenamente os fins a que se destina, mas, falando, é possível que
abandone o esforço ao meio, e, irando-se, provavelmente não realizará coisa alguma. 5
2. Epístolas de Pedro
As duas epístolas de Pedro foram aceitas sem contestação desde a Antigüidade.
O apóstolo escreve de Roma, também chamada de “Babilônia” (alusão à
devassidão moral), entre os anos 64 e 67, onde se encontra em companhia de
João Marcos, o evangelista, a quem considera como filho. 3
Escreve aos cristãos “da Diáspora”, especificando os nomes das cinco províncias (1Pe
1:1) que representavam praticamente o conjunto da Ásia Menor. (1Pe 1:1) O que diz do
passado deles sugere que são convertidos do paganismo, embora não se exclua a presença
de judeu-cristãos entre eles. (1Pe 1:18; 2:9; 4:3) É por isso que lhes escreve em grego; e,
se esse grego, simples, mas correto e harmonioso, parece de qualidade boa demais para
o pescador galileu, conhecemos o nome do discípulo secretário que pode tê-lo assistido
na redação: Silvano[...]. 3 (Pe 5:12)

«A finalidade dessa epístola é sustentar a fé dos seus destinatários em meio
às provações que os assaltam. [...] Trata-se, antes, de prepotências, injúrias e
calúnias que os convertidos sofrem [...].» 3
Outras idéias que norteiam a carta dizem respeito à corajosa perseverança
nas provações, tendo Cristo como modelo (1Pe2:21-25;3:18; 4:1); os cristãos
devem sofrer com paciência como Jesus sofreu, revelando a fé que possuem
(1Pe 2:19; 3:14; 4:12-19; 5:9) e agir com mansidão (1Pe3:8-17; 4:17-11).
A primeira epístola, é um escrito de natureza prática, mas que possui
apreciável riqueza da doutrina cristã. «Nele se encontra um maravilhoso resumo
da teologia em voga na época apostólica, teologia de comovente ardor
na sua simplicidade.» 4
Na segunda epístola, Pedro alerta os leitores contra os falsos doutores e
faz comentários sobre a demora da parusia (segunda vinda do Cristo). 4
2.1 - Síntese dos principais ensinos das epístolas de Pedro
• Exortação à uma vida santificada
“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e
esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,
como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que
antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou,
sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. [...] Purificando a
vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amaivos
ardentemente uns aos outros, com um coração puro [...]. Deixando, pois,
toda malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações
[...]. Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais
das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver
honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em
vós observem. [...] Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai
o rei.” (1Pe 1:13-15; 22; 2:1;11-12; 17)
• Exortação ao amor fraternal
“E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando
os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis, não tornando mal
por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que
283
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção. Porque
quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus
lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a.
Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos
às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males. E qual é
aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” (1Pe 3:8-1)
A sublime exortação constitui poderosa síntese das teorias de fraternidade. O entendimento
e a aplicação do “amai-vos” é a meta luminosa das lutas na Terra. [...] O amor a
que se refere o Evangelho é antes a divina disposição de servir com alegria, na execução
da Vontade do Pai, em qualquer região onde permaneçamos. 8
• Cuidados contra os falsos mestres
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos doutores, que introduzirão encobertadamente heresias de perdição
e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o
caminho da verdade; e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas;
sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição
não dormita. [...] Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento,
para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva; porque, falando
coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne
e com dissoluções aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro,
prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque
de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.” (2Pe 2:1-3; 17-19)
• A vinda do Senhor
“Amados, escrevo-vos, agora, esta segunda carta, em ambas as quais
desperto com exortação o vosso ânimo sincero, para que vos lembreis das palavras
que primeiramente foram ditas pelos santos profetas e do mandamento
do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos, sabendo primeiro isto:
que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias
concupiscências e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque desde
que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da
criação. Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde
a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da
água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as
284
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro
águas do dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra
se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da
perdição dos homens ímpios. Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um
dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo
para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham
a arrepender-se. Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os
céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a
terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas
coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e
apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão,
e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.”(2 Pe 3:1-13)
As duas epístolas de Pedro destacam a importância suportarmos com bom ânimo as
provações e a convivência fraterna. Para o sucesso dessa empreitada é necessário que
identifiquemos os males da vida e suas origens.
O esclarecimento íntimo é inalienável tesouro dos discípulos sinceros do Cristo. O
mundo está cheio de enganos dos homens abomináveis que invadiram os domínios da
política, da ciência, da religião e ergueram criações chocantes para os espíritos menos
avisados; contam-se por milhões as almas com eles arrebatadas às surpresas da morte
e absolutamente desequilibradas nos círculos da vida espiritual. Do cume falso de suas
noções individualistas precipitam-se em despenhadeiros apavorantes, onde perdem a
firmeza e a luz. Grande número dos imprevidentes encontram socorro justo, porquanto
desconheciam a verdadeira situação. Não se achavam devidamente informados. Os
homens abomináveis ocultavam-lhes o sentido real da vida. Semelhante benemerência,
contudo, não poderá atingir os aprendizes que conhecem, de antemão, a verdade. O aluno
do Evangelho somente se alimentará de equívocos deploráveis, se quiser. Rodopiará,
por isso mesmo, no torvelinho das sombras se nele cair voluntariamente, no capítulo
da preferência individual.
O ignorante alcançará justificativa.
A vítima será libertada.
O doente desprotegido receberá enfermagem e remédio.
Mas o discípulo de Jesus, bafejado pelos benefícios do Céu todos os dias, que se rodeia
de esclarecimentos e consolações, luzes e bênçãos, esse deve saber, de antemão, quanto
lhe compete realizar em serviço e vigilância e, caso aceite as ilusões dos homens abomináveis,
agirá sob a responsabilidade que lhe é própria, entrando na partilha das aflitivas
realidades que o aguardam nos planos inferiores. 7
285
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. BIBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo:
Paulus, 2002. Item: Introdução às epístolas Católicas. São Paulo, p. 2102.
2. ______. p. 2103.
3. ______. p. 2104.
4. ______. p. 2105.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Espírito Emmanuel.
27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 77 (Convém refletir), p. 169-170.
6. ______. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 39 (Fé inoperante), p. 95-96.
7. ______. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 43 (Vós, portanto...), p. 105-106.
8. ______. Cap. 90 (De coração puro), p. 203-204.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 17 - As epístolas de Tiago e de Pedro

Formar grupos para o estudo dos principais
ensinos existentes nas epístolas citadas neste Roteiro.
Apresentar, ao final da reunião, uma síntese do
assunto analisado, à luz da Doutrina Espírita.


Fonte: FEB

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Método de Kardec - por J.Herculano Pires

O Método de Kardec
Kardec nasceu no início do século XIX, numa fase de aceleramento do processo cultural em nosso mundo. Formou-se na cultura do século, sob a orientação de Pestalozzi, o mestre por excelência. Especializou-se em Pedagogia, que podemos chamar de Ciência da Cultura, e até aos cinqüenta anos de idade
exerceu intensas atividades pedagógicas, tornando-se o sucessor de Pestalozzi na Europa. Não se fez padre nem pastor, mas cientista e filósofo, na despretensão e na humildade de quem não procurava elevadas posições, mas aprimorar os seus conhecimentos. Adquiriu no estudo, nas atividades teóricas e na prática, o mais amplo conhecimento dos problemas culturais do seu tempo.
Vivendo em Paris, considerada então como o cérebro do mundo, impôs-se ao consenso geral como homem de elevada cultura, um intelectual por excelência. Colocado num momento crucial da evolução terrena, viu e viveu o drama cultural da época. E só aos 50 anos de idade, maduro e culto, deparou com o problema nodal do tempo e procurou solucioná-lo em termos culturais. Esse problema se resumia no seguinte: a cultura clássica, religiosa e filosófica, desabava ao impacto do desenvolvimento das Ciências, sem a menor capacidade para enfrentar o realismo científico e salvar os seus próprios valores fundamentais.
Formado na tradição cultural do Século XVIII, herdeiro de Francis Bacon, René Descartes e Rousseau, compreendeu claramente que o problema do seu tempo repousava na questão do método. Os fenômenos espíritas se verificavam com intensidade, como uma espécie de reação natural aos excessos do empirismo, no bom sentido do termo, que era a aplicação do método experimental a todo o Conhecimento. A tradição espiritual rejeitava esses excessos mas não dispunha de armas para combatê-los. Kardec resolveu aplicar o
método experimental ao estudo dos fenômenos espíritas.
Logo aos primeiros resultados verificou que o nó do problema estava no seguinte: o método experimental se aplicava apenas à matéria, excluindo-se o espírito que era considerado como imaterial e portanto inverificável.
Mas se havia fenômenos espíritas era evidente que o espírito, manifestando-se na matéria, tornava-se acessível à pesquisa. Tudo dependia, pois, do método. Era necessário descobrir um método de investigação
experimental dos fenômenos espíritas. Era claro que esse método não podia ser o mesmo aplicado à pesquisa dos fenômenos materiais, considerados como os únicos naturais. Mas porque os únicos? Porque as manifestações do espírito eram consideradas como sobrenaturais, regidas por leis divinas.
Já Descartes, no Século XVII, lutando contra o dogmatismo escolástico, mostrara a unidade de alma e corpo na manifestação do ser humano e advertira contra o perigo de confusão entre esses dois elementos constitutivos do homem. Kardec se sentia bem esteiado na tradição metodológica e conseguiu provar que os fenômenos espíritas eram tão naturais como os fenômenos materiais. Ambos estavam na Natureza, espírito e matéria correspondiam a força e matéria, os dois elementos fundamentais de tudo quanto existe.
Daí sua conclusão, até hoje inabalada, e confirmada na época pelas manifestações dos próprios Espíritos que o assistiam: a Ciência do Espírito correspondia às exigências da época. Mas era necessário desenvolvê-la segundo a orientação metodológica da Ciência da Matéria, pois essa orientação provara a
sua eficiência. A questão era simples: na investigação dos problemas espirituais o método dedutivo teria de ser substituído pelo método indutivo. Mas essa questão se tornava complexa porque a tradição espiritualista, cristalizada nos dogmas das igrejas, repelia como herética e profanadora a aplicação da pesquisa científica aos problemas espirituais.
Kardec enfrentou a questão com extraordinária coragem. Enfrentou sozinho, sem o apoio de nenhum poder terreno, todo o poderio religioso da época. Teve então de colocar-se entre os fogos cruzados da Religião, da Filosofia e da Ciência. Os teólogos o atacavam na defesa de seus dogmas, a Filosofia o considerava um intruso e a Ciência o condenava como um reativador de superstições que ela já havia praticamente destruído. A vitória de Kardec definiuse bem cedo. A Ciência Psíquica Inglesa, a Parapsicologia Alemã e a
Metapsíquica Francesa nasceram da sua coragem e das suas pesquisas. Mais de cem anos depois, Rhine e Mac Dougal fundariam nos Estados Unidos a Parapsicologia moderna, seguindo a mesma orientação metodológica de Kardec.
E a sua vitória se confirmou plenamente em nossos dias, quando as pesquisas parapsicológicas endossaram as conclusões de Kardec e logo mais a própria Física e a Biologia fizeram o mesmo. A palavra paranormal, criada por Frederic Myers e hoje adotada na Parapsicologia, substituiu em definitivo, no campo científico, a classificação errônea de sobrenatural dada aos fenômenos espirituais.

O Espírito como Objeto

O espírito como objeto Kardec transformou o espírito, entidade metafísica, em objeto específico da pesquisa científica. Nem mesmo a reação kantiana, nos séculos XVIII e XIX, com a crítica da razão, estabelecendo os supostos limites do conhecimento em termos do Empirismo inglês, impediu essa transformação. Na própria Alemanha o Prof. Frederico Zollner, da Universidade de Leipzig,
submeteu o espírito à investigação kardeciana e Schrenck Von Notzing, em Berlim, instalou o primeiro laboratório de pesquisa espírita do mundo. Hoje os cientistas soviéticos, na maior fortaleza ideológica do materialismo no mundo, provaram sem querer a existência do espírito e de seu corpo espiritual, a que
passaram a chamar de corpo bioplasmático. As pesquisas realizadas com o fenômeno da morte mostrou-lhes que o corpo material é vitalizado por ele e por ele mantido em função. A última novidade da Biologia soviética é essa descoberta que atenta contra o materialismo de Estado.
O espírito convertido em objeto de investigações físicas e biológicas é hoje a prova inegável da vitória de Kardec. Mas Kardec avançou além dessa posição atual. Ele não se limitou a pesquisar o espírito como objeto acessível à percepção sensorial. Da mesma maneira por que o pensamento, na Lógica, é um
objeto não-físico — e hoje na Parapsicologia um objeto extrafísico — Kardec submeteu o espírito a pesquisas psicológicas e provou a sua realidade energética, a sua natureza dupla, de energia espiritual pura manifestada no corpo espiritual, de natureza semimaterial. Os instrumentos de que se serviu para essa audaciosa pesquisa constituem hoje os campos de força da percepção extra-sensorial, cuja realidade palpável foi demonstrada pelas experiências de laboratório dos mais eminentes parapsicólogos. A aparelhagem mediúnica das pesquisas de Kardec, ridicularizadas pelos sabichões do tempo, como Richet os classificou, é hoje cientificamente reconhecida, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra, na Alemanha quanto na URSS.
Kardec desenvolveu o seu método de pesquisa tendo por base o processo de comunicação. Hoje estamos na época da comunicação e essa palavra adquiriu um valor científico de importância básica. Mas a palavra comunicaçãojá era, no tempo de Kardec, uma categoria da Filosofia Espírita e designava um elemento fundamental da pesquisa espírita. A comunicação mediúnica abriu para o homem uma nova dimensão na sua concepção do mundo e da vida. E Kardec dedicou-lhe todo um tratado, com O Livro dos Médiuns, estabelecendo as regras metodológicas da comunicação entre os vivos da Terra e os supostos mortos do
Além. Nenhum tratado atual de Parapsicologia conseguiu superar o que Kardec descobriu e expôs nesse volume.
Com essa descoberta Kardec revolucionou o campo central das estruturas religiosas. O problema da Revelação, que representava uma fortaleza aparentemente inexpugnável da Religião, o seu mistério essencial e fundamental, foi cruamente esclarecido. E a posição metodológica de Kardec enriqueceu-se com a possibilidade de investigar as próprias bases da Religião. Mostrando que a fonte da Revelação é a comunicação mediúnica, Kardec pôde estabelecer a relação entre Ciência e Religião de maneira definitiva. Existe, explicou ele, a Revelação Espiritual, que consiste no ensino de leis do mundo espiritual através
da comunicação mediúnica, e existe a Revelação Científica, que consiste na explicação de leis do mundo material através da comunicação científica, feita pelos pesquisadores. A Ciência Espírita utilizou-se dessas duas formas de revelação e estabeleceu a conjugação de ambas para o controle do conhecimento
da realidade, que é o objetivo direto da Ciência.
Foi assim que Kardec, adotando uma orientação metodológica segura e nunca dela se afastando, conseguiu, finalmente, desdobrar a moderna concepção do mundo, revelando a face oculta da própria Terra em que vivemos e aniquilando o último reduto do maravilhoso ou sobrenatural. Graças a ele, ao seu
trabalho gigantesco e ao sacrifício total da sua existência, os cientistas atuais poderão prosseguir no desenvolvimento das Ciências, sem tropeçar nas barreiras supersticiosas, mitológicas, mágicas e teológicas do passado. Kardec completou a Ciência com a sua contribuição espantosa. Fez, praticamente sozinho, no campo do espírito, e em apenas quinze anos de trabalho, o que milhares de equipes de cientistas, no campo da matéria, realizaram através de pelo menos três séculos.
E a precisão do seu método se confirma nas conclusões inabaladas e inabaláveis a que chegou sozinho, muitas vezes criticado pelos seus próprios companheiros, que o acusavam de personalismo centralizador. Faltava aos próprios companheiros o espírito científico que o sustentou na batalha sem tréguas. Os que hoje desejam confundir as coisas, ignorando o problema metodológico em Kardec, aceitando mistificações grosseiras de espíritos pseudosábios, servem apenas para provar, ainda em nossos dias, como e quanto Kardec avançou no futuro, superando de muito o seu tempo e o nosso tempo.
Só a ignorância orgulhosa ou a inteligência vaidosa e interesseira
podem hoje querer superar Kardec, quando a própria Ciência e a própria Filosofia atuais estão ainda rastreando as conquistas de Kardec, nos rumos de futuras descobertas.(Destacado pelo Blog)
O Espiritismo evolui, como tudo evolui no Universo. Esse é um axioma espírita. Mas a obra de superação de Kardec pertence às gerações do amanhã, pois a geração atual não revelou ainda condições sequer para
compreender Kardec. Por outro lado, é bom lembrar que a superação de Kardec não será mais do que o prosseguimento do seu trabalho, o desdobramento da sua obra, na medida em que o homem se torne mais apto a compreender o que Kardec ensinou. O atraso atual do movimento espírita nos sugere, mesmo, que
talvez o próprio Kardec tenha de voltar à Terra, como os Espíritos lhe disseram na ocasião em que esteve entre nós, para completar a sua obra, que homem nenhum foi capaz até o momento de ampliar em qualquer sentido.
Os leitores que desejarem verificar as comprovações parapsicológicas atuais das pesquisas de Kardec poderão fazê-lo em duas fontes: a nossa tradução anotada de O Livro dos Médiuns e o nosso livro Parapsicologia Hoje e Amanhã, em sua quarta edição. Neste último encontrarão um capitulo especial
sobre a descoberta do corpo bioplasmático pelos físicos e biólogos soviéticos.
Fotografias da aura das coisas e dos seres têm sido apresentadas como
fotografias da alma e justamente rejeitadas pelas pessoas de bom senso. Essas fotos pertencem à fase da efluviografia nas experiências com as câmaras
Kyrillian. As fotografias do corpo bioplasmático são as que realmente correspondem à alma.

Obra de J . Herculano Pires , entitulada  A Pedra e o Joio.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Educação espírita na nova era


--- Questão [#001]
Sendo o espiritismo uma doutrina de profundas conseqüências morais e  sociais
como abordaríamos os jovens da nova era ou como levar a doutrina a estes jovens?

Resposta: Com a proposta racional, coerente e profunda do Espiritismo bem
estudado e bem compreendido. A doutrina contém as respostas necessárias, para
satisfazer as ansiedades humanas permanentes e os conflitos do atual momento
histórico. Mas… o movimento espírita está longe de compreender e praticar essa
proposta. Por isso, tantos jovens, que fizeram evangelização, mocidade e
pertencem a famílias espíritas, quando chegam à Universidade, acabam por deixar
a nossa doutrina.. É que o Espiritismo tem evidências científicas, coerência
filosófica, experiências religiosas desprovidas dos dogmatimos e
hierarquizações, misticismos e alienações passadas e além disso é uma proposta
pedagógica altamente avançada. Mas o movimento espírita reduziu tudo isso a uma
seita de proporções acanhadas, com rivalidades por cargos, com um entendimento
meramente religioso (o que inclui de novo misticismo, hierarquias e dogmas),
desprezando o aspecto científico, ignorando a filosofia e a pedagogia. Dessa
forma, não pode atender às ansiedades e carências do jovem contemporâneo.
Idolatria a determinados médiuns, que passaram a ser os “gurus” do movimento
espírita; livros superficiais, na linha de auto-ajuda; a exploração comercial
de livros “espíritas” fracos no conteúdo e na forma; o desconhecimento e até o
desprezo da figura e da obra de Kardec (e não se trata de falar em Kardec,
porque todos falam dele e o usam, mas de compreender de fato a sua proposta); o
autoritarismo nos centros e nas federações… são apenas alguns dos problemas que
as cabeças mais pensantes identificam. Já na década de 1970, Herculano Pires
alertava contra tudo isso. De lá para cá, a coisa piorou muitíssimo. É com isso
que vamos fazer uma Nova Era? Copiando o misticismo, a irracionalidade e o
autoritarismo das formas institucionais passadas? Devemos voltar às origens e
ao mesmo tempo dialogar com a cultura contemporânea. Voltar às origens é nos
inspirarmos em Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne etc.; no Brasil, em
Herculano Pires, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo,  e, como modelo de
mediunidade séria, equilibrada e avessa a toda essa idolatria vigente, cito a
grande Yvonne Pereira. E dialogar com o mundo é estar presente, nas
universidades, nos movimentos sociais, na vida contemporânea e não nos
tornarmos uma seita isolada e alienada!!!… Com isso sim, podemos formar uma
juventude embebida em ideiais elevados e firme em suas convicções e preparada
para enfrentar os desafios de hoje e de amanhã.

--- Questão [#002]
Qual é a missão da casa espírita na educação e formação da criança espírita?

Resposta: Para cumprir essa missão, a casa espírita deveria ser reformulada. A
criança, o adolescente e o jovem devem participar naturalmente do centro
espírita. Nada de grupos estanques: crianças de um lado, jovens de outro,
iniciantes, diretoria, etc. Tudo isso são hierarquias que não condizem com a
idéia da reencarnação. Sabemos que podemos ter entre nós um jovem muito
evoluído, que a maturidade mental e espiritual independe de idade… portanto,
categorizar os grupos por faixa etária é um erro. O Centro espírita deveria ser
como uma família, com a convivência natural de diferentes idades, participando
de diferentes atividades. A criança pode dar a sua ajuda em atividades sociais;
a criança deve ter contato com a mediunidade; o jovem pode fazer palestras,
coordenar grupos de estudos, já atuar mediunicamente, dar passes etc… Basta ver
como era com Eurípedes Barsanulfo. Ele tinha a escola espírita, mas os alunos
vinham à noite participar da sessão mediúnica. Ao mesmo tempo, aprendiam a
caridade, ajudando Eurípedes a cuidar dos doentes, dos obsedados, a fazer o
rótulo dos remédios e assim por diante. Ou seja, Espiritismo se aprende na
prática e no estudo participativo, interessante e não através de apostilinhas
pré-programadas, em grupos fechados. Recomendo sempre a leitura de uma
encantadora passagem de Kardec, na Revista Espírita de 1865, a respeito de um
menino de 9 anos de idade, que fez uma sessão mediúnica para uma senhora. O
menino era ninguém mais ninguém menos que Gabriel Delanne. Hoje, se Delanne
reencarnasse e freqüentasse um centro espírita, só iria ter contato com a
comunicação dos Espíritos depois de passar por evangelização, mocidade, curso
de iniciação mediúnica etc. etc. quando chegasse a isso, talvez nem fosse mais
espírita.

--- Questão [#003]
Seria possível, em sua opinião, incorporar os métodos de Pestalozzi na educação
espírita nessa nova era? e, se afirmativo, quais os pontos a serem ressaltados?

Resposta: Não é que seja possível, a proposta de Pestalozzi faz parte da
pedagogia espírita. E os princípios centrais são: a pedagogia do amor, da ação
e da liberdade. E uma não se dá sem a outra. O Espírito só se desenvolve, seja
no decorrer de suas sucessivas existências, seja na presente encarnação, se ele
toma nas próprias mãos a obra de seu aperfeiçoamento – o que é um ato de
liberdade – e realiza as suas potencialidades na ação concreta. Mas para que
ele queira fazer isso, não adianta violêntá-lo, obrigá-lo… é preciso despertar
a sua vontade de evolução através do amor! Eis o resumo de toda a pedagogia
espírita e pestalozziana.

--- Questão [#004]
Qual é a influência da tv na educação de nossas crianças, e  qual é  a
responsabilidade da casa espirita?

Resposta: A influência é geralmente muito negativa, salvo alguns poucos canais
e programas educativos. Mas não adianta proibir a criança, porque qualquer
proibição é contraproducente, tem muitas vezes o efeito contrário ao desejado.
O que é preciso é que a família, a escola, a casa espírita ofereçam
alternativas culturais estimulantes, que cativem o interesse e desenvolvam as
potencialidades da criança. Não se atrái uma criança que assiste TV, joga
vídeogame e vai ao cinema, com apostilas de evangelização (e muitas delas
parecem destinadas a crianças do início do século XX, com linguagem melosa,
paternalista e rebuscada). O estudo do espiritismo deve ser estimualado por
filmes, pesquisas, produções artísticas, debates, uso de internet etc. etc. ou
seja, deve captar a capacidade da criança para a reflexão, para a produção,
para a interação… A criança deve ter acesso direto aos textos de Kardec e desde
cedo ter acesso a parte científica e filosófica do espiritismo e não apenas à
religiosa, como o nome “evangelização”  aliás pressupõe.

--- Questão [#005]
Percebe-se que além do uso de métodos especificos e de deerminadas técnicas, o
educando precisa de alguém que lhe inspire confiança e segurança, qual deve ser
a enfâse da Educação Espírita na nova Era: o uso adequado de métodos e técnicas
ou o uso racional dos sentimentos e das virtudes? Julgo as duas coisas
importantes, mas qual deve ser o enfoque principal?

Resposta: Técnicas e métodos pedagógicos são totalmente secundários e mudam
segundo a época, os costumes, os avanços tecnológicos. O importante é a
compreensão das finalidades fundamentais da educação, que é o desenvolvimento
integral do ser, rumo à transcendência; o importante é o papel do educador, que
deve ser aquele que provoca, instiga, desencadeia esse desenvolvimento, graças
ao seu amor, ao seu exemplo e seu contágio moral e intelectual.

--- Questão [#006]
Encontramos edições de alguns currículos para a evangelização infanto-juvenil,
mas notamos que diante do progresso pedagógico na seara espírita necessitamos
de uma nova proposta curricular para nossa evangelização. Como um grupo
espírita deve proceder para criar esta proposta? E ainda, quais as reais
necessidades a serem observadas para se implantar tal proposta curricular?

Resposta: Vou mais longe do que isto. Não concordo com “propostas curriculares”
em geral. A educação deve partir do interesse dos educandos. Na escola
convencional também deveria ser assim. Imagino uma educação em que grupos,
indivíduos, proponham pesquisas, produções, temas etc. e levem adiante seus
projetos com a orientação entusiástica do professor. Por que motivo, alguém
deve se sentar e premeditar antecipadamente o que diferentes grupos, em
diferentes circunstâncias, deverão estudar? Para que tudo programadinho,
previsto, preparado? É preciso dar espaço à criatividade, convocar as pessoas a
criarem suas próprias propostas. Para se implantar uma proposta aberta assim, é
preciso conhecer muito bem o espiritismo e ser democrático, afetivo, fazendo
uma opção sincera pelo não-autoritarismo.

--- Questão [#007]
"Nova era" significa nova época. Sabemos que a natureza não dá saltos e que as
pessoas são as mesmas da "era velha". Não deveríamos centrar-nos na educação
espírita dos espíritas para façamos proselitismo pela vivência e não apenas por
palavras?

Resposta: Realmente, a natureza não dá saltos. Basta ver que muitos espíritas
continuam com os mesmos vícios religiosos do passado: autoritarismo,
misticicismo, alienação social etc. Então, é preciso primeiro educar os
espíritas a entenderem de fato a proposta espírita.

--- Questão [#008]
Sendo o objetivo maior do Espiritismo promover a reforma interior o ser, como
deveria se comportar a educação espírita frente à heterogeneidade evolutiva que
não permite que todos tenham condições de entender os princípios espíritas por
razões cognitivas ou mesmo sociais e culturais? Poderia-se pensar numa educação
genérica para reforma íntima sem necessariamente passar declaradamente pelos
princípios básicos do espiritismo e dessa forma tornando mais amplo o campo de
atuação da educação espírita?

Resposta: A pergunta parte de dois pressupostos equivocados: primeiro o
objetivo maior do espiritismo não é a “reforma íntima”. Este termo não aparece
nas obras de Kardec. Considero-o altamente problemático, porque reforma implica
numa idéia de que algo está em ruínas, que é preciso consertar. O objetivo do
espiritismo é a educação e educar não é reformar, mas promover o processo de
aperfeicoamento do espírito, o desabrochar de sua divindade interior. Segundo,
a educação espírita, se bem entendida, não é necessariamente a doutrinação dos
princípios espíritas, mas uma visão diferente da própria educação e ela pode
ser aplicada com qualquer pessoa, de qualquer credo, porque se trata de uma
influência moral e intelectual de espírito a espírito, no sentido de despertar
a evolução do outro. Esteja o outro em que patamar evolutivo for, pertença o
outro a que religião for, é sempre possível, espiritamente falando exercer
sobre ele um contágio de amor e aperfeiçoamento, respeitando suas crenças
individuais. Apenas para aqueles que quiserem, introduziremos os princípios
propriamente da doutrina espírita, resguardando-se sempre a liberdade de
pensamento de cada um. Educação espírita é isso: não-proselitista, tolerante,
aberta, abrangente…Uma proposta cultural e universal, destinada a todos os
seres humanos e jamais uma idéia de formar espíritas em massa.

--- Questão [#009]
Poderia nos informar qual deve ser o objetivo da Educação Espírita, não só
junto às crianças, mas também em conduta dos pais?

Resposta: O objetivo da Educação espírita é renovar os modelos tradicionais de
educação, entendendo-se alguns princípios básicos que vou resumir aqui da
seguinte maneira: 1) que a criança é um ser reencarnado, com individualidade
própria, herdeira de si mesma e que tem como tal direito ao nosso respeito; 2)
que o tripé que sustenta toda prática pedagógica deve ser aquele que já
mencionei acima: a liberdade, a ação e o amor; 3) que a finalidade da educação
é o desenvolvimento integral do ser aqui, na vida presente e além, na
eternidade; 4) que todo processo de educação é antes um despertar da
auto-educação do indivíduo, porque não educamos de fato nimguém: o máximo que
podemos fazer é ajudar um processo de auto-educação, através da nossa
influência, de nosso amor e de nosso exemplo; 5) que a educação deve incentivar
o indivíduo para a solidariedade e para a fraternidade e isso inclui uma visão
de crítica social e um engajamento por mudanças planetárias.

--- Questão [#010]
Por que, mesmo pais e educadores, já se encontrando preocupados com a questão,
não se vê muitas escolas de ensino formal baseadas na Doutrina Espírita? de que
forma dever-se-ia pensar a questão da Educação Espírita para a educação formal?

Resposta: O movimento espírita até agora negligenciou a educação espírita,
detendo-se muito mais no aspecto religioso e assistencial. Estamos atrasados:
Eurípedes Barsanulfo, Anália Franco, Herculano Pires, Vinicius, Ney Lobo, Tomás
Novelino deram o exemplo. É preciso trabalhar pela educação espírita em todos
os setores, criando inclusive escolas, faculdades e universidades.
(Entendendo-se sempre que tais instituições não poderão ser locais de
proselitismo e fanatismo – tome-se como exemplo as PUCs do Brasil, onde há
pluralismo ideológico e, ao mesmo tempo, há espaço para a veiculação dos
princípios cristãos, segundo a teologia católica.)

--- Questão [#011]
Qual a diferença entre Educação Espírita para Educação Espírita na nova era? A
educação espírita não é única?

Resposta: Não entendo essa pergunta. Só existe Educação Espírita. Quando se
fala em nova era, estamos esperando que essa educação venha a contribuir para a
formação de novos tempos para a humanidade.

--- Questão [#012]
De que forma podemos adotar uma Educação Espírita durante a Evangelização
Infanto-Juvenil, na qual a criança fica apenas no máximo 60 min uma vez por
semana no CE?

Resposta: Acho que esta questão já ficou respondida em itens anteriores, quando
dissemos que a participação da criança no centro deveria transcender a chamada
evangelização.

--- Questão [#013]
Poderia explicar a relação entre educação espírita e o ensino intelectual? de
que forma aquela poderia ou deveria ser utilizada nesta?

Resposta: Segundo a visão pedagógica que estamos propondo, não há separação
estrita entre ensino intelectual, moral, estético, porque tudo deve estar
presente simultaneamente. Hoje a interdisciplinaridade apóia essa idéia. A
verdadeira educação espírita promove o desenvolvimento integral do espírito.

--- Questão [#014]
Você acha que a maioria dos Centros estão preparados para dar uma boa educação
espírita para as pessoas?

Resposta: Raríssimos estão, porque se estruturam predominantemente em propostas
meramente assistencialistas e entendem o espiritismo apenas no seu aspeto
religioso. Quando fazem cursos, organizam estudos, aplicam os métodos
tradicionais, apostilados, seriados, não-participativos… quando não aplicam até
mesmo provas, como na escola, com nota e direito à repetência por faltas… Tudo
isso é exatamente o contrário da educação espírita.

--- Questão [#015]
Como trabalhar a educação espírita com jovens cujo os pais não são espíritas?

Resposta: Esta questão considero respondida na questão 8.

--- Questão [#016]
A educação Espirita ainda está longe de atingir seus objectivos, pois veja-se
aqui em Portugal ainda há rivalidades entre Centros, faz-se grande enfase
quando vem algum Palestrador do Brasil? Entendo que a educação Espirita começa
por nós mesmos, pois só então poderemos então ajudar a alterar o que está
errado. Qual a sua opinião?

Resposta: Sem dúvida alguma, o primeiro compromisso de todo espírita é com sua
auto-educação e isso inclui tanto o seu aperfeiçoamento moral, quanto a
ampliação do universo cultural, incluindo-se a arte, a ciência e a filosofia.
Uma real mudança de perspectiva diante da vida apaga todas essas mesquinharias
de rivalidades, de disputas por poder, de vaidades pessoais e igualmente de
idolatria…

--- Questão [#017]
Não seria bom para a Doutrina Espírita, a entrada, definitiva e total, da
filosofia, nos curriculos escolares desde o ensino fundamental?

Resposta: A filosofia é excelente para exercitar a reflexão crítica, para dar
clareza ao raciocínio, para ampliar a cultura de idéias. Entretanto, é preciso
haver uma proposta que resgate a filosofia do nihilismo em que caiu, para que
aulas de filosofia não se tornem treinamento do relativismo. Recomendo aos
interessados que leiam meu artigo sobre o assunto, que está na internet
http://www.hottopos.com/videtur15/dora.htm

--- Questão [#018]
Como educar as crianças de bairros pobres, em ocasiões de distribuições de
sopas, nos princípios espíritas, sem conflitos religiosos?

Resposta: Bem, a resposta seria de novo muito longa. A pergunta não teria
sentido se a prática social espírita estivesse sendo comprendida como ela deve
ser… Os espíritas deveriam estar nos bairros pobres, alfabetizando, promovendo
a cultura, a consciência social e política, o diálogo democrático e fraterno e
não apenas praticando o assistencialismo. Numa proposta cultural, democrática,
o respeito às outras religiões é evidente. Ensina-se espiritismo apenas para
aqueles que quiserem. Devemos deixar claro que somos espíritas, mostrar que
justamente o espírita é ecumênico, aberto, tolerante e fraterno, que a proposta
espírita é fazer um mundo melhor… Se formos dar sopa e obrigarmos os
“assistidos” (também não gosto dessa palavra e tudo o que ela encerra, porque é
paternalista) a ouvir doutrinações espíritas, estaremos prestando duplo
desserviço ao Espiritismo e a uma possível melhoria social. É preciso, em
primeiro lugar, saber ouvir o outro e não chegar com todas as respostas prontas
e toda a caridade paternalista que gostamos de praticar, muitas vezes, apenas
para nos sentirmos bons e caridosos, sem realmente pensar numa forma mais
eficaz, mais profunda de transformar a sociedade e mudar de fato a vida
daquelas pessoas.
Autor: Dora Incontri
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

O estudo do Evangelho pelo espírita

O estudo do Evangelho pelo espírita

--- Questão [#001]
No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?

Resposta: Todos nós, no decorrer  de nosso processo evolutivo, criamos pontos
de vistas e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se
nossos interesses mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem
claras insistimos na rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se
a estes, que Jesus disse: "eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem
compreendem." (Mateus, 13: 13)

--- Questão [#002]
O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou
se deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Resposta: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma,
entendo, que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus
aspectos, devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

--- Questão [#003]
Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Resposta: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais
clareza a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia, deve ser sempre levado
em conta no estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a
nortear-nos no entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos
fechar questão num único modo de compreender determinada passagem, pois o
entendimento se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido
Xavier, nas páginas 331 a 333  temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro "Luz
Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa autoria
disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho:
http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip


--- Questão [#004]
Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação
Kardequiana, expressa na Codificação?

Resposta: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso
levarmos em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do
mesmo modo interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz
Alcíone na obra de Emmanuel citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto
caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem
conhecimento e aplicação de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver
alcançado o termo da lição do Mestre, com uma simples leitura vagamente
raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem do Cristo precisa ser
conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições, não basta
estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém, nos
ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da
existência. Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica,
qualquer dos demais conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende
conhecer e empregar, a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

--- Questão [#005]
Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Resposta: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser
Jesus, o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na
condução de seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a
moral espírita e a moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até
então vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo
usando os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o
Espiritismo", ou seja, Evangelho segundo a ótica espírita.


--- Questão [#006]
Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre o ano -4
e o ano -7 a.c, e morreu entre  o ano 26 e 30. Como se explica que no livro Há
Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus no ano  33 (o
convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte  de Jesus.

Resposta: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão
necessária, porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique
claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
Brasil. Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha
Espírita, ele foi um dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo
assim, Emmanuel não é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado,
como de boa evolução espiritual. Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus
desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos
atuais? Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium. O livro
"Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito a
amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os
historiadores têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que
não há nem mesmo prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo
não foi encontrado, e se não há corpo, como comprovar a morte? Ou seja, nem
eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar aguardando, para
no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta
importância. Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para
trazerem à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados
agradecemos sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível,
declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que
vivam em espírito; e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos,
recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito
vivifica."


--- Questão [#007]
Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um centro
espírita posso estudar o evangelho  em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Resposta: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais
aconselhável. Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso
alguns quesitos, porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos
princípios espíritas, uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição
para o auto-conhecimento e para o  estudo de obras ligadas ao Evangelho, entre
outros.

--- Questão [#008]
O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do livro
"O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá de
complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso de
perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Resposta: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no estudo
do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes, como a
série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz
Imperecível, alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros;
inclusive os 6 Volumes Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já
se acham entre os livros raros e não mais editados.

--- Questão [#009]
Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Resposta: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão
n° 3

--- Questão [#010]
Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que um grupo se
reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se sabendo de
antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns ja
desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a
presença de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Resposta: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa  Espírita. A
reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio para as
próprias reuniões mediúnicas.

--- Questão [#011]
Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o Espiritismo?

Resposta: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela
obra, apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento.
Kardec ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo
mais amplo no livro A Gênese.

--- Questão [#012]
Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo, onde os
ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Resposta: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho. No ESE
Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais o
Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho. Há
muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho
Testamento, podendo deste modo, nos auxiliarem.

--- Questão [#013]
Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não subi ao
Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter
acontecido? Como o espírita deve entender essa passagem?

Resposta: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto
conforme a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai
para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e
vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma
referência, aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de
amizade. É de se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles.
Quem já viu um ser amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no
sepulcro chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma
conversa com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia
morrido, apenas mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela
sentiu nesse momento. Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de
emoção. Segundo a narrativa de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o
túmulo abraçaram os pés do Senhor. É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque
ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele
momento, realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que
vinha desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que
aqui ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua
nova missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se
a vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.


--- Questão [#014]
Nas casas espíritas ouço muito falar sobre  "Ensinamento da Doutrina e do
Evangelho para as Crianças " mas nunca vi  um programa aberto a todos
direcionado ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se
achar que necessita, temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas
sinto falta de ESTUDAR o Evangelho  "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.

Resposta: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica, é
preciso que se crie nas CEs grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para nossa reeducação;
e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os Espíritos
envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

--- Questão [#015]
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Resposta: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus
quando nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar
de tudo que ele estava ensinando. Desta forma, é grande a ligação entre
cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é uma filosofia cristã, por isso um
livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que não se confunda, é o que é
cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

--- Questão [#016]
O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Resposta: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário.
Estou com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho.
Devemos no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente
reeducacional contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que
o estudo da parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e
muito no objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.

Autor: Cláudio Fajardo

Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

Evangelização Infantil - Entrevista com Chico Xavier

Evangelização Infantil

Essa entrevista foi realizada por Sônia Barsante Santos e publicada pelo jornal “A Flama Espírita”, de Uberaba – MG, em 25 de dezembro de 1971 sob o título de “Entrevista com Chico Xavier sobre o Pré-Mocidade.

P – Como o Senhor vê o curso Pré-Mocidade?
R – Nós reconhecemos pessoalmente a nossa incompetência para interferir nos assuntos de educação, mas, como espírita militante, nós vemos no Curso Pré-Mocidade uma iniciativa das mais edificantes, porque o Curso encontra os nossos companheiros reencarnados entre a infância e a juventude num período em que nós acreditamos seja mais proveitosa a aplicação de normas educativas capazes de auxiliar a criatura durante a sua encarnação na Terra. Concordamos que o Pré-Mocidade é um empreendimento dos mais dignos e que merece a atenção de todas as instituições do Espiritismo Cristão, principalmente.

PROGRAMA PARA OS JOVENS
P – Sendo a fase da adolescência de transição. o que o Senhor julga mais importante para se dar aos jovens neste Curso?

R – Cremos que é nossa obrigação ministrar conhecimentos práticos em torno da vida prática, idéias tão sólidas quanto possíveis, quanto á realidade da vida em si. Precisamos acordar não só a juventude como também a madureza para as questões da autenticidade. Devemos ser nós mesmos com a aceitação até mesmo de nossas próprias imperfeições, para que venhamos a conhecer-nos por dentro,melhorando o nosso padrão de vida íntima, com a reforma que a Doutrina Espírita nos aconselha e com o aproveitamento máximo de nosso tempo de reencarnação.
ESTUDO EM GRUPO
P – O estudo em grupo é hoje um método muito divulgado. Este método é vantajoso para o adolescente?
R – Tanto para os jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente até porque nós não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de agir sozinho, procurando agir em grupo. Ele reconheceu a sua missão divina, constituiu um grupo de doze companheiros para debater os assuntos relativos á doutrina salvadora do Cristianismo, que o Espiritismo hoje restaura, procurando imprimir naquelas mentes, vamos dizer, todo o programa que ainda hoje é programa para nossa vida, depois de quase vinte séculos. Programa de vivência que nós estamos tentando conhecer e tanto quanto possível aplicar na Doutrina Espírita, no campo de nossas lides e lutas cotidianas.
MOTIVAÇÃO DE AULAS DOUTRINÁRIAS
P – De que modo podemos fazer o adolescente interessa-se realmente pelas aulas de Doutrina? Que motivação usaríamos?
R – Creio que um entendimento entre os professores para que eles possam estudar o problema do relacionamento entre eles e os alunos é uma iniciativa que nós não podemos desprezar, porque aprendemos com os nossos benfeitores espirituais que cada espírito é um mundo por si. Que Deus não dá cópias; cada um de nós é uma criação independente, de modo que precisamos estudar a natureza, as tendências, os problemas, as dificuldades, as facilidades de cada um de nossos companheiros que levam o nome de nossos aprendizes, para que venhamos a beneficiá-los com a nossa influência, os ensinamentos de que sejamos portadores. Mas embora sejamos apaixonados pelas estórias que usam apólogos e símbolos, nós acreditamos que estamos atravessando agora num período de progresso da Humanidade em que devemos usar a verdade tanto quanto possível, mas a verdade que não fira, a verdade que não destrua, porque se o professor é autêntico, descobre autenticidade em seu aluno; encontra a chave para penetrar na mente e no coração do aluno, de modo a auxiliá-lo. Então o problema do relacionamento é problema vital em toda escola. Devemos estudar, observar bem para que nós venhamos a criar o clima capaz de interessar os nossos irmãos adolescentes no estudo da verdade. Entretanto, somos também de parecer que cada Centro Espírita é um educandário em que os adultos também estão na mesma posição. Nós precisamos descobrir quais as motivações para que os adultos se interessem pela Doutrina Espírita. Não somente receber os benefícios, como sejam os benefícios da prece, do passe, do amparo espiritual, do auxilio magnético, mas a luta da criatura em si para o conhecimento dela própria, à luz da verdade. São assuntos da atualidade, que nós precisamos estudar, estudar para penetrá-los devidamente.

P – Para despertar então no adolescente o amor à Doutrina, o caminho seria este?
R – Cremos que sim: o amor à Doutrina com demonstrações da vida prática.

DEBATES E RESPEITO
P – Quer dizer que o senhor acha que devem constar do programa do Curso Pré-Mocidade, além da parte Doutrinária, aulas práticas?
R – Se houvesse possibilidade, aulas expressando contatos humanos entre os professores e alunos, palestras, conversações em grupo, em que cada um pudesse expor suas idéias, mas sem provocar de nenhum modo em ninguém, nem o espanto, nem o ridículo, quando estas idéias destoassem das idéias chamadas normais entre as pessoas. O aluno poderia se exteriorizar como ele é, o professor aceitá-lo como ele é, ajudá-lo como ele é, para que ele possa produzir melhor na vida dele. Nós estamos atravessando uma época em que toda imposição espiritual significa violência, e o espírito humano recusa a violência. Nós estamos diante de uma revolução no mundo, uma revolução pacífica contra a violência entre as pessoas humanas. Então precisamos de senso de humanidade no trato com os outros e este trato uns com os outros. A base deste trato chama-se respeito. Se não respeitamos as idéias do aluno, ele não nos respeita. De modo que precisamos estabelecer esta linha de definição.

DURAÇÃO DAS AULAS
P – Qual seria a duração de maior rendimento doutrinário para uma aula do Pré-Mocidade?
R – Máximo de quarenta (40) minutos, para não cansar; meia hora no mínimo. Vou explicar: não tenho experiência no magistério espiritual, sou médium e mau médium.
EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
Encontramos no movimento de Evangelização da criança, aquele verdadeiro movimento de formação espiritual da infância, diante do futuro!…
Com essas palavras, o nosso querido companheiro CHICO XAVIER inicia sua entrevista concedida ao TRIÂNGULO ESPÍRITA, a propósito do mais sério movimento espírita nacional: a evangelização da criança.Eis, na íntegra, a entrevista:
FORMAÇÃO ESPIRITUAL DA INFÂNCIA
P – Como o senhor vê o movimento de Evangelização da criança?
R – Há muitos anos, nós todos, os companheiros de Doutrina Espírita, encontramos no movimento de Evangelização da criança, aquele verdadeiro movimento de formação espiritual da infância, diante do futuro. Há muito tempo acompanho o Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita do Estado de São Paulo, e admiro profundamente o trabalho que ali se realiza neste setor. Creio que devemos incrementar esse trabalho, tanto quanto nos seja possível, associando as lições evangélicas com as interpretações da Doutrina Espírita, à luz dos princípios codificados por Allan Kardec. Será uma situação ideal, que só os professores poderão definir como necessário.

APOIO AOS EVANGELIZADORES
P – Qual a tarefa do dirigente espírita junto aos evangelizadores?
R – Cremos que o dirigente de Instituição Espírita, a nosso ver, deveria prestigiar no máximo o trabalho dos evangelizadores, porque eles funcionam dentro da Organização Espírita-cristã, como legítimos educadores dos pequeninos que amanhã tomarão o nosso lugar, em todos os setores da experiência terrestre. Esse trabalho é grande e sublime demais para ser subestimado, por isso mesmo nós admitimos, que o assunto não pode escapar do apoio dos dirigentes espíritas, que, naturalmente, se estão devidamente conscientizados de suas tarefas, hão de apoiar os professores como sendo companheiros dos mais estimáveis na Seara Espírita evangélica.

SIMPÓSIO SOBRE EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
P – O Que o senhor acha da realização do Simpósio sobre Evangelização da Criança?
R – Nós acreditamos que o Simpósio é uma necessidade, porque favorece a troca dos pontos de vista e dos estudos experimentais que possam ser realizados entorno da educação espírita-cristã, dedicada à criança; antes da ministração de ensinamentos mais claros e mais definitivos da Doutrina Espírita, aplicada à nossa própria vivência, no caminho da Terra.
O Simpósio é como se fora uma reunião de pais ou responsáveis observando que tipo de alimentação pode ser dado a determinadas comunidades infantis. Antes das lições em si, o Simpósio é sempre uma preparação dee contatos. E nós não podemos esquecer isto, sem nos perdermos na precipitação, que acaba sempre em prejuízo e em atividade inútil dentro de nossas instituições.

PROGRAMA DE ESTUDOS
P – Quais as matérias que os espíritos gostariam que fossem estudadas neste Simpósio?
R – Temos ouvido o espírito de Emmanuel há muitos aos com respeito a estes assuntos, e ele admite, sem nenhuma exigência, porque os nossos amigos espirituais não nos violentam em atitude alguma, ele considera que seria muito interessante os professores encarnados na Terra, e que se encontram nessa maravilhosa tarefa de preparação do futuro na mente infantil, ele considera que seria interessante reuniões deles, selecionando os temas espíritas, dentro da atualização dos nossos processos atuais de vivência, para que a criança possa se desenvolver para a vida adulta, com o conhecimento possível das estradas e experiências que a esperam no dia de amanhã. Nós sempre nos desvelamos em nossas casas, no ensino da bondade, do perdão, das atitudes evangélicas em si, mas precisávamos descobrir um meio de comunicar à criança, algum ensinamento em torno da lei de Causa e Efeito, mostrando determinados tópicos do mais expressivos para o mundo infantil, com respeito à reencarnação, o problema da imortalidade da alma.
Muitas vezes, encontramos crianças traumatizadas pela perda de irmãos pequeninos, pela perda de pais, pela perda de amigos, de parentes próximos, e nos esquecemos de que os pequeninos, também, esperam uma palavra de consolo e de esclarecimento, qual acontece com os adultos, diante dos processos de desencarnação.
E muitas vezes, nós esquecemos de conduzir a criança para este tipo de lição, para este tipo de comentários, com receio de apressar na mente da criança determinados pensamentos com relação à morte do corpo. Precisávamos estudar quais os meios de começar a oferecer à criança, bases para que ela se conheça no mundo em que está vivendo e naquele mundo social em que vai viver. Mas, é assunto dos professores, porque os espíritos amigos dizem sempre que, aqueles que se reencarnam na Terra para determinadas tarefas, não devem ser incomodados com opiniões estranhas a eles mesmos, desde que, se eles receberam estes encargos, é porque eles os merecem, e está na órbita das responsabilidades deles. Os professores espíritas reencarnados têm essa responsabilidade, esse encargo a cumprir, selecionar os assuntos, para fortalecer e amparar a criança diante do futuro.

PROGRAMAÇÃO DAS AULAS INFANTIS
P – Em face do desenvolvimento mental da criança, da influência dos meios de comunicação do processo de aprendizagem, justificar-se-ia a programação de aulas predominantemente de Doutrina Espírita?
R – Pelo menos depois de 8 a 10 anos de idade, acreditamos que sim, porque a mente infantil de 9 a 10 anos de idade, já se encaminha para uma posição consolidada na reencarnação, que a criança está começando a viver. As 10 anos, dos 10 aos 12, temos um mundo de informações para dar à criança, e isso a nosso ver é muito necessário, porque a criança está encontrando hoje, um mundo diferente daquele que os adultos de agora encontraram há 40, 50, 30 anos atrás. Há muitos pequeninos que são chamados aos 8, 9, 10, e 11 anos de idade a facear problemas que só adultos conheciam há 10 anos passados. Hoje, autoridades da Europa e da América do Norte, em diversos comentários e estudos de revistas de divulgação científica, muitas autoridades andam impressionadas com o suicídio entre crianças, suicidios de crianças de 10, de 11, de 12, de 13.
Ainda ontem, tivemos em nossa casa, aqui na Comunhão Espírita Cristã, um casal de São Paulo que vinha desolado à procura de reconforto, porque o filho único do casal, um menino de 12 para 13 anos se enforcou deliberadamente, tão-só porque encontrou uma negativa da parte dos pais, para ir a cinema, depois de ter ido ao cinema durante algumas noites consecutivas. Isto é muito importante.
Estes suicídios nessa idade não eram comuns, nem mesmo conhecidos há 15, 20 anos atrás. Crianças que sofrem a perda de pais ou que são abandonadas pelos pais e que se suicidam mesmo, se afogam, se envenenam, procuram armas, atiram contra si próprias. Isto é um problema sério para todos aqueles que se sentem vinculados à tarefa de socorro à criança.

O ENSINO E A REALIDADE
P – O que o senhor tem a nos dizer sobre material didático constante de apólogos e símbolos para as Escolas Espíritas de Evangelização, desde a faixa de 5 a 13 anos?
R – Nós estamos vendo discussão em torno do assunto, por toda parte.Uns não querem que a criança ouça apólogos com vozes humanas em animais, outros exigem que este material seja posto em função. Não estando dentro do movimento de educação da criança nos meios espíritas, nós não temos o direito de opinar, porque só devemos opinar num assunto quando estamos em atividade dentro dele.
Mas, como criatura humana que sou, creio que até os 6 anos nessa faixa, uma árvore, uma borboleta, uma fonte, uma andorinha conversar, isto ajuda muito a criança.
Agora, depois dos 6 ou 7 anos é interessante que a criança entre num mundo de realidades objetivas, para que ela não acuse o adulto de mentiroso. Mas, não devemos levar tão longe essa idéia de que estejamos mentindo.
A criança nos primeiros tempos de vida, tem necessidade da história tocada de amor, tocada de ternura, beleza, espiritualidade. E o apólogo em que os animais comparecem conversando entre si, dando lições, este apólogo é sempre um agente muito proveitoso no esclarecimento da mente.
Não vemos nenhum inconveniente, mas deixamos o assunto para os técnicos.


Transcrita do livro A Terra e o Semeador – IDE – Instituto de Difusão Espírita – 5ª edição.