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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Angústia

Angústia?

Ao que se conhece, todo tratamento para a supressão da ansiedade está baseado ou complementado pelo serviço em favor de alguma causa nobre ou em auxílio de alguém.

Faça o melhor que puder, em qualquer situação, com tamanho devotamento à felicidade alheia que não sofrerá arrependimento ou remorso, em tempo de crise.

Se você almeja situações que presentemente não consegue alcançar, faça o melhor que possa, onde esteja e, sem dúvida, trabalhando sempre, você atingirá o lugar que deseja.

Se você receia a velhice do corpo, lembre-se de que a resistência física avançada no tempo não é a noite de hoje e sim o alvorecer de amanhã.



pelo Espírito André Luiz - Do livro: Canteiro de Ideías, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Do projeto de caixa geral de socorro e outras instituições para os espíritas

Do projeto de caixa geral de socorro e outras instituições para os espíritas

(Revista Espírita julho de 1866)

Num dos grupos espíritas de Paris, um médium recebeu ultimamente a comunicação que segue, do Espírito de sua avó:

“Meu caro filho, vou falar-te um instante das questões de caridade que te preocupavam esta manhã, a caminho do trabalho.
“As crianças que são entregues a amas mercenárias e as mulheres pobres que são forçadas, com desprezo do pudor que lhes é caro, a servir, nos hospitais, de material experimental para os médicos e para os estudantes de medicina, são duas grandes chagas que todos os bons corações devem aplicar-se em curar, e isto não é impossível. Que os espíritas façam como os católicos. Que eles economizem um pouquinho por semana e, capitalizando esses recursos, chegarão a fundações sérias, grandes e realmente eficazes. A caridade que alivia um mal presente é uma caridade santa, que eu encorajo com todas as minhas forças, mas a caridade que se perpetua em fundações imortais como as misérias que são destinadas a aliviar, é uma caridade inteligente e que me tornaria feliz ao vê-la posta em prática.
“Gostaria que um trabalho fosse elaborado com o fito de criar de início um primeiro estabelecimento de proporções restritas. Quando se tivesse visto o bom resultado dessa primeira criação, passar-se-ia a outra, que seria aumentada pouco a pouco, como Deus quer que seja aumentada, porque o progresso se realiza por uma marcha lenta, sábia, calculada. Repito que o que proponho não é difícil; não haverá um único espírita verdadeiro que ousaria faltar ao apelo para o alívio de seus semelhantes, e os espíritas são bastante numerosos para formar, pela acumulação de um tanto por semana, um capital suficiente para um primeiro estabelecimento a serviço das mulheres doentes, que seriam cuidadas por mulheres, e que deixariam então de ocultar seus sofrimentos para salvaguardar o seu pudor.
“Entrego estas reflexões à meditação das pessoas benevolentes que assistem à sessão, e estou bem convicta que elas darão bons frutos. Os grupos do interior ligar-se-iam prontamente a uma ideia tão bela e ao mesmo tempo tão útil e paternal. Além do mais, seria um monumento do valor moral do Espiritismo tão caluniado, e que continuará a ser encarniçadamente caluniado ainda por muito tempo.
“Eu disse que a caridade local é boa e que é útil a um indivíduo, mas ela não eleva o espírito das massas como uma obra duradoura. Não seria belo que se pudesse repelir a calúnia dizendo aos caluniadores: “Eis o que nós fizemos. A árvore se reconhece pelo fruto; uma árvore má não dá bons frutos, e a boa árvore não os dá maus.”
“Pensai também nas pobres crianças que saem dos hospitais e que vão morrer em mãos mercenárias, dois crimes simultâneos: o de entregar a criança desarmada e fraca e o daquele que a sacrificou sem compaixão. Que todos os corações elevem seus pensamentos para as tristes vítimas da sociedade imprevidente, e que procurem encontrar uma boa solução para salvá-las de suas misérias. Deus quer que tentemos, e dá os meios de alcançar o objetivo; é preciso agir. Triunfamos quando temos fé, e a fé transporta montanhas. Que o Sr. Kardec trate da questão em seu jornal, e vereis como será aclamada com dedicação e entusiasmo.
“Eu disse que era necessário um monumento material que atestasse a fé dos espíritas, como as pirâmides do Egito atestam a vaidade dos Faraós, mas, em vez de fazer loucuras, fazei obras que levam a marca do próprio Deus. Todo mundo deve compreender-me; não insisto.
“Retiro-me, meu caro filho. Tua boa avó, como vês, ama sempre os seus netos, como te amava quando eras criancinha. Quero que tu os ames como eu, e que penses em encontrar uma boa organização. Tu podes, se quiseres e, se necessário, nós te ajudaremos. Eu te abençoo 
“MARIE G...”

A ideia de uma caixa central e geral de socorro formada entre os espíritas já foi concebida e emitida por homens animados de excelentes intenções, mas não basta que uma ideia seja grande, bela e generosa, é preciso, antes de tudo, que ela seja exequível. Certamente demos mostras suficientes de nosso devotamento à causa do Espiritismo para não ser suspeito de indiferença a respeito disso. Ora, é precisamente por força de nossa própria solicitude que buscamos alertar contra o entusiasmo que cega. Antes de empreender uma coisa, é preciso friamente calcular-lhe os prós e os contras, a fim de evitar revezes sempre desagradáveis, que não deixariam de ser explorados por nossos adversários. O Espiritismo só deve marchar com passo firme, e quando põe os pés num lugar, deve estar seguro de pisar em terreno firme. Nem sempre a vitória é do mais apressado, mas muito mais seguramente daquele que sabe aguardar o momento propício. Há resultados que não podem ser senão obra do tempo e da infiltração da ideia no espírito das massas. Saibamos, pois, esperar que a árvore esteja formada, antes de lhe pedir uma colheita abundante.
Há muito tempo nós vos propúnhamos tratar a fundo da questão em tela, para situá-la no seu verdadeiro terreno e premunir contra as ilusões de projetos mais generosos do que refletidos, cujo abortamento teria consequências lamentáveis. A comunicação relatada acima, sobre a qual tiveram a bondade de pedir nossa opinião, nos oferece a ocasião muito natural. Examinaremos, pois, tanto o projeto de centralização dos recursos quanto o de algumas outras instituições e estabelecimentos especiais para o Espiritismo.
Antes de tudo convém sondar o estado real das coisas. Sem dúvida os espíritas são muito numerosos e seu número cresce incessantemente. Sob este ponto de vista, ele oferece um espetáculo único, o de uma propagação inusitada na história das doutrinas filosóficas, porque não há uma só, sem excetuar o Cristianismo, que tenha ligado tantos partidários em tão poucos anos. Isto é um fato notório que confunde os próprios antagonistas. E o que não é menos característico, é que essa propagação, em vez de fazer-se num centro único, opera-se simultaneamente em toda a superfície do globo e em milhares de centros. Disso resulta que os adeptos, embora sejam muito numerosos, ainda não formam, em parte alguma, uma aglomeração compacta.
Essa dispersão, que à primeira vista parece uma causa de fraqueza, é, ao contrário, um elemento de força. Cem mil espíritas disseminados num país fazem mais pela propagação da ideia do que se estivessem amontoados numa cidade. Cada individualidade é um foco de ação, um germe que produz brotos; por sua vez, cada broto produz mais ou menos, e os ramos, que se reúnem pouco a pouco, cobrirão a região mais prontamente do que se a ação partisse de um ponto único. É absolutamente como se um punhado de grãos tivesse sido atirado ao vento, em vez de serem postos todos no mesmo buraco. Graças a essa quantidade de pequenos centros, a doutrina é menos vulnerável do que se tivesse um só, contra o qual seus inimigos poderiam dirigir toda a sua força. Um exército primitivamente compacto que é dispersado pela força ou por qualquer outra causa, é um exército perdido. Aqui o caso é diferente. A disseminação dos espíritas não é um caso de dispersão, é o estado primitivo tendendo à concentração, para formar uma vasta unidade. A primeira está no fim; a segunda está no seu nascedouro.
Àqueles, pois, que se lamentam de seu isolamento numa localidade, respondemos: Agradecei ao céu, ao contrário, por vos haver escolhido como pioneiros da obra em vossa região. Cabe a vós lançar aí as primeiras sementes. Talvez elas não germinem imediatamente; talvez não chegueis a recolher os frutos; talvez mesmo tenhais que sofrer em vosso trabalho, mas pensai que não se prepara uma terra sem trabalho, e tende certeza de que, mais cedo ou mais tarde, o que tiverdes semeado frutificará. Quanto mais ingrata for a tarefa, mais méritos tereis, ainda que apenas rasgásseis o caminho aos que virão depois de vós.
Sem dúvida, se os espíritas devessem ficar sempre no estado de isolamento, seria uma causa permanente de fraqueza; mas a experiência prova quanto a doutrina é vivaz, e sabemos que para cada ramo abatido, há dez que renascem. Sua generalização é, pois, uma questão de tempo. Ora, por mais rápida que seja a sua marcha, ainda é preciso o tempo suficiente e, enquanto se trabalha na obra, é preciso saber esperar que o fruto esteja maduro antes de colhê-lo.
Essa disseminação momentânea dos espíritas, essencialmente favorável à propagação da doutrina, é um obstáculo à execução de obras coletivas de certa importância, pela dificuldade, senão pela impossibilidade, de reunir num mesmo ponto elementos bastante numerosos.
Dirão que é precisamente para obviar esse inconveniente, para apertar os laços de confraternidade entre os membros isolados da grande família espírita, que se propõe a criação de uma caixa central de socorro. Certamente este é um pensamento grande e generoso que seduz à primeira vista, mas já se refletiu nas dificuldades de execução?
Uma primeira questão se apresenta. Até onde estender-se-ia a ação dessa caixa? Limitar-se-ia à França, ou compreenderia os outros países? Há espíritas em todo o globo. Os de todos os países, de todas as castas e de todos os cultos não são nossos irmãos? Se, pois, a caixa recebesse contribuições de espíritas estrangeiros, o que aconteceria infalivelmente, teria ela o direito de limitar sua assistência a uma única nacionalidade? Poderia conscienciosamente e caridosamente perguntar ao que sofre se é russo, polonês, alemão, espanhol, italiano ou francês? A menos que faltasse ao seu objetivo, ao seu dever, ela deveria estender a sua ação do Peru à China. Basta pensar na complicação das engrenagens de tal empresa para ver quanto ela é quimérica.
Suponhamo-la circunscrita à França, e não seria menos uma administração colossal, um verdadeiro ministério. Quem quereria assumir a responsabilidade de um tal manejo de fundos? Para uma gestão dessa natureza não bastariam integridade e devotamento: seria necessária uma alta capacidade administrativa. Admitindo-se, entretanto, vencidas as primeiras dificuldades, como exercer um controle eficaz sobre a extensão e a realidade das necessidades, sobre a sinceridade da qualidade de espírita? Semelhante instituição em breve veria surgirem adeptos, ou que tais se dizem, aos milhões, mas não seriam estes que iriam alimentar a caixa. A partir do momento que ela existisse, julgá-la-iam inesgotável, e em breve ela se veria impossibilitada de satisfazer a todas as exigências de seu mandato. Fundada sobre tão vasta escala, consideramo-la impraticável, e de nossa parte, não lhe daríamos a mão.
Por outro lado, não teria ela que temer oposição à sua própria constituição? O Espiritismo apenas nasce e ainda não está, por toda parte, em odor de santidade, para que se julgue ao abrigo de suposições malévolas. Não poderiam enganar-se quanto às suas intenções numa operação de tal gênero? Não poderiam supor que, sob uma capa, oculte ele outro objetivo? Numa palavra, fazer assimilações, de que seus adversários alegariam exceção de justiça para excitar a desconfiança contra ele? Por sua natureza, o Espiritismo não é nem pode ser uma filiação, nem uma congregação. Ele deve, pois, no seu próprio interesse, evitar tudo quanto lhe desse aquela aparência.
Então é preciso que, por medo, o Espiritismo fique estacionário? Não é agindo, perguntarão, que ele mostrará o que é, que dissipará a desconfiança e vencerá a calúnia? Sem sombra de dúvida, mas não se deve pedir à criança o que exige as forças da idade viril. Longe de servir ao Espiritismo, seria comprometê-lo e expô-lo aos golpes e à chacota de seus adversários e ligar seu nome a coisas quiméricas. Certamente ele deve agir, mas no limite do possível. Deixemos-lhe, pois, tempo de adquirir as forças necessárias, e então ele dará mais do que se pensa. Ele não está nem sequer completamente constituído em teoria. Como querem que ele dê o que só pode ser o resultado da completude da doutrina?
Aliás, há outras considerações que importa levar em conta.
O Espiritismo é uma crença filosófica, e basta simpatizar com os princípios fundamentais da doutrina para ser espírita. Falamos dos espíritas convictos e não dos que afivelam a máscara, por motivos de interesses ou outros também pouco confessáveis. Esses não se contam, porquanto neles não há nenhuma convicção. Dizem-se espíritas hoje, na esperança de daí tirar vantagens; serão adversários amanhã, se não encontrarem o que buscam, ou então se farão de vítimas de sua dedicação fictícia, e acusarão os espíritas de ingratidão por não sustentá-los. Não seriam os últimos a explorar a caixa geral, para se compensar de especulações abortadas ou reparar desastres causados por sua incúria ou por sua imprevidência, e a lhe atirar pedras, se ela não os satisfizer. Isso tudo não deve parecer estranho, porquanto todas as crenças contam com semelhantes auxiliares e testemunham a representação de semelhantes comédias.
Há também a massa considerável dos espíritas por intuição; os que são espíritas pela tendência e pela predisposição de ideias, sem estudo prévio; os indecisos, que ainda flutuam, à espera dos elementos de convicção que lhes são necessários. Sem exagero, podemos estimá-los em um quarto da população. É o grande canteiro onde se recrutam os adeptos, mas eles ainda não podem ser levados em conta.
Entre os espíritas reais, aqueles que constituem o verdadeiro corpo dos adeptos, há certas distinções a fazer. Na primeira linha há que colocar os adeptos de coração, animados de fé sincera, que compreendem o objetivo e o alcance da doutrina e aceitam todas as consequências para si mesmos; seu devotamento é a toda prova e sem segundas intenções; os interesses da causa, que são os da Humanidade, são sagrados para eles, e eles jamais os sacrificarão a uma questão de amor-próprio ou de interesse pessoal. Para eles, o lado moral não é uma simples teoria; eles esforçam-se por pregar pelo exemplo; não só têm a coragem de sua opinião, mas consideram-na uma glória, e, conforme a necessidade, sabem pagar com sua pessoa.
Vêm a seguir os que aceitam a ideia como filosofia, porque ela lhes satisfaz a visão, mas cuja fibra moral não é suficientemente tocada para compreenderem as obrigações que a doutrina impõe aos que a adotam. O homem velho está sempre ali, e a reforma de si mesmo lhes parece tarefa muito pesada. Mas como não estão menos firmemente convencidos, entre eles encontram-se propagadores e zelosos defensores.
Depois, há pessoas levianas, para quem o Espiritismo está todo inteiro nas manifestações. Para eles é um fato, e nada mais. O lado filosófico passa desapercebido. O atrativo de curiosidade é para eles o móvel principal. Extasiam-se ante o fenômeno e ficam frios ante uma consequência moral.
Enfim, há o número ainda muito grande dos espíritas mais ou menos sérios que não puderam colocar-se acima dos preconceitos e do que os outros dirão, retidos pelo medo do ridículo, bem como aqueles cujas considerações pessoais ou de família e interesses por vezes respeitáveis a administrar, são forçados, de certo modo, a se manterem afastados. Todos esses, numa palavra, que por uma ou por outra causa, boa ou má, não se põem em evidência. A maioria não desejaria mais do que confessar-se espírita, mas não ousam ou não podem. Isso virá mais tarde, à medida que virem outros fazê-lo e perceberem que não há perigo. Esses serão os espíritas de amanhã, como outros são os da véspera. Contudo, não se pode esperar muito deles, porque é necessária uma força de caráter que não é dada a todos, para enfrentar a opinião em certos casos. É preciso, pois, levar em consideração a fraqueza humana. O Espiritismo não tem o privilégio de transformar subitamente a Humanidade, e se a gente pode admirar-se de uma coisa, é do número de reformas que ele já operou em tão pouco tempo. Ao passo que nuns, onde encontra o terreno preparado, ele entra, por assim dizer, de uma vez, noutros só penetra gota a gota, conforme a resistência que encontra no caráter e nos hábitos.
Todos esses adeptos se incluem no cômputo, e por mais imperfeitos que sejam, são sempre úteis, embora num limite restrito. Até nova ordem, se servissem apenas para diminuir as fileiras da oposição, isto já seria alguma ciosa. É por isso que não se deve desdenhar nenhuma adesão sincera, mesmo parcial.
Mas quando se trata de uma obra coletiva importante, para a qual cada um deve trazer seu contingente de ação, como seria a de uma caixa geral, por exemplo, convém levar em conta essas considerações, porque a eficácia do concurso que se pode esperar está na razão da categoria a que pertencem os adeptos. É bem evidente que não se pode contar muito com os que não levam a sério o lado moral da doutrina e, ainda menos, com os que não ousam mostrar-se.
Restam, pois, os adeptos da primeira categoria. Desses, certamente, tudo se pode esperar. São os soldados de vanguarda, e que o mais das vezes não esperam o chamado quando se trata de dar provas de abnegação e devotamento, mas numa cooperativa financeira, cada um contribui conforme os seus recursos, e o pobre não pode dar senão o seu óbolo. Aos olhos de Deus, esse óbolo tem um grande valor, mas para as necessidades materiais ele tem apenas o seu valor intrínseco. Tirando todos aqueles cujos meios de subsistência são limitados, aqueles mesmo que tiram a subsistência do seu trabalho, o número dos que poderiam contribuir um pouco largamente e de maneira eficaz é relativamente restrito.
Uma observação ao mesmo tempo interessante e instrutiva é a da proporção dos adeptos segundo as categorias. Essa proporção variou sensivelmente e se modifica em razão do progresso da doutrina; mas neste momento ela pode ser avaliada aproximadamente da maneira seguinte:
1.ª categoria, espíritas completos, de coração e devotamento, 10%;
 categoria, espíritas incompletos, buscando mais o lado científico que o lado moral, 25%;
 categoria, espíritas levianos, só interessados nos fatos materiais, 5%, (esta proporção era inversa há dez anos);
4ª categoria, espíritas não confessos ou que se ocultam, 60%.
Relativamente à posição social, evidenciam-se duas classes gerais: de um lado, aqueles cuja fortuna é independente; do outro, os que vivem do trabalho. Em 100 espíritas da 1.ª categoria, há em média 5 ricos para 95 trabalhadores; na 2ª, 70 ricos para 30 trabalhadores; na 3ª, 80 ricos para 20 trabalhadores; e na 4.ª, 99 ricos para l trabalhador.
Seria ilusão pensar que em tais condições uma caixa geral pudesse satisfazer a todas as necessidades, quando a do mais rico banqueiro não bastaria. Não seriam milhares de francos necessários anualmente, mas alguns milhões.
De onde vem essa diferença na proporção entre os que são ricos e os que não o são? A razão é muito simples: os aflitos acham no Espiritismo uma imensa consolação que os ajuda a suportar o fardo das misérias da vida; dá-lhes a razão dessas misérias e a certeza de uma compensação. Assim, não nos surpreende que, tirando mais proveito do benefício, eles o apreciem mais e o tomem mais a sério do que os felizes do mundo.
As pessoas se admiraram que, quando semelhantes projetos vieram a público, nós não nos apressamos em apoiá-los e patrociná-los. É que, antes de tudo, apegamo-nos a ideias positivas e práticas; o Espiritismo é para nós uma coisa muito séria para empenhá-lo prematuramente em vias onde pudesse encontrar decepções. De nossa parte, não há nisso nem despreocupação nem pusilanimidade, mas prudência, e sempre que ele estiver maduro para avançar, não ficaremos na retaguarda. Não é que nos atribuamos mais perspicácia do que aos outros; é que a nossa posição, permitindo-nos a visão de conjunto, permite-nos julgar os pontos fortes e os fracos, talvez melhor do que aqueles que se acham num círculo mais restrito. Aliás, damos a nossa opinião e não pretendemos impô-la a ninguém.
O que acaba de ser dito a respeito da criação de uma caixa geral e central de socorro, aplica-se naturalmente aos projetos de fundação de estabelecimentos hospitalares e outros. Ora, aqui a utopia é ainda mais evidente. Se é fácil pôr um projeto no papel, não é o mesmo quando se chega às vias e meios de execução. Construir um edifício ad hoc já é uma enormidade, e quando estivesse pronto, seria preciso provê-lo de pessoal suficiente e capaz, depois assegurar a sua manutenção, porque tais estabelecimentos custam muito e nada rendem. Não são apenas grandes capitais que se requerem, mas grandes rendimentos. Admitamos, entretanto, que à força de perseverança e de sacrifícios chegue-se a criar, como dizem, um pequeno modelo; quão mínimas não seriam as necessidades que ele poderia satisfazer em relação à massa e à disseminação dos necessitados em um vasto território! Seria uma gota d’água no oceano, e se há tantas dificuldades para um só, mesmo em pequena escala, muito pior seria se se tratasse de multiplicá-los. O dinheiro assim empregado, portanto, não resultaria em proveito senão de alguns indivíduos, ao passo que, judiciosamente repartido, ajudaria a viver um grande número de infelizes.
Seria um modelo, um exemplo, que seja, mas por que aplicar-se em criar quimeras, quando as coisas existem prontas, montadas, organizadas, com meios poderosos de que jamais disporão os particulares? Esses estabelecimentos deixam a desejar; há abusos; eles não suprem todas as necessidades, isto é evidente, contudo, se os compararmos ao que eram há menos de um século, constataremos uma imensa diferença e um progresso constante. A cada dia vê-se a introdução de um melhoramento. Não podemos, pois, duvidar que com o tempo novos progressos sejam realizados, pela força das coisas. As ideias espíritas devem, infalivelmente, apressar a reforma de todos os abusos, porque, melhor que outras, elas penetram os homens com o sentimento do dever; por toda parte onde elas penetrarem, os abusos cairão e o progresso se efetivará. Portanto, em difundi-las é que se faz necessário empenhar-se: aí está a coisa possível e prática; aí está a verdadeira alavanca, alavanca irresistível quando ela tiver adquirido uma força suficiente pelo desenvolvimento completo dos princípios e pelo número dos adeptos sérios. A julgar o futuro pelo presente, podemos afirmar que o Espiritismo terá levado à reforma de muitas coisas muito antes que os espíritas tenham podido acabar o primeiro estabelecimento do gênero desse de que falamos, se algum dia o empreendessem, mesmo que todos tivessem que dar um cêntimo por semana. Por que, então, gastar suas energias em esforços supérfluos, em vez de concentrá-las no ponto acessível e que seguramente deve conduzir ao objetivo? Mil adeptos ganhos para a causa e espalhados em mil lugares diversos apressarão mais a marcha do progresso do que um edifício.
Diz o Espírito que ditou a comunicação acima que o Espiritismo deve se afirmar e mostrar o que é por um monumento durável à caridade. Mas de que serviria um monumento à caridade, se a caridade não estiver no coração? Ele ergue uma obra mais durável que um monumento de pedra: é a doutrina e suas consequências, para o bem da Humanidade. É para isso que cada um deve trabalhar com todas as suas forças porque ele durará mais que as pirâmides do Egito.
Pelo fato de que esse Espírito se engana, segundo nós, sobre esse ponto, isto nada lhe tira de suas qualidades. Incontestavelmente, ele está animado de excelentes sentimentos, mas um Espírito pode ser muito bom, sem ser um apreciador infalível de todas as coisas; nem todo bom soldado é necessariamente um bom general.
Um projeto de realização menos quimérica é o da formação de sociedades de socorros mútuos entre os espíritas de uma mesma localidade. Mas, ainda aqui, não é possível isentar-se de algumas das dificuldades que assinalamos: a falta de aglomeração e a cifra ainda pequena daqueles com os quais se pode contar para um concurso efetivo. Outra dificuldade vem da falsa assimilação que se faz dos espíritas a certas classes de indivíduos. Cada profissão apresenta uma delimitação claramente marcada. Pode facilmente estabelecer-se uma sociedade de socorro mútuo entre pessoas de uma mesma profissão, entre pessoas de um mesmo culto, porque elas se distinguem por alguma coisa de característica, e por uma posição de certo modo oficial e reconhecida. Assim não se dá com os espíritas, que não são registrados como tais em parte alguma, e cuja crença não é atestada por nenhum título. Há espíritas de todas as classes sociais, em todas as profissões, em todos os cultos, e em parte alguma eles constituem uma classe distinta. Sendo o Espiritismo uma crença fundada numa convicção íntima, da qual não se deve satisfação a ninguém, conhecemos apenas aqueles que se põem em evidência ou que frequentam os grupos, e não o número considerável daqueles que, sem se ocultar, não fazem parte de nenhuma reunião regular. Eis por que, a despeito da certeza em que se está de que os adeptos são numerosos, é difícil chegar a uma cifra suficiente, quando se trata de uma operação coletiva.
Acerca das sociedades de socorros mútuos, apresenta-se outra consideração. O Espiritismo não forma, nem deve formar classe distinta, pois se dirige a todos; por seu princípio, ele deve estender sua caridade indistintamente, sem inquirir sobre a crença, porque todos os homens são irmãos. Se ele fundar instituições de caridade exclusivas para os seus adeptos, é forçado a perguntar ao que reclama assistência: “Sois dos nossos? Que prova nos dais? Se não, nada podemos fazer por vós.” Assim, ele mereceria a censura de intolerância que dirige aos outros. Não, para fazer o bem, o espírita não deve sondar a consciência e a opinião, e mesmo que tenha diante de si um inimigo de sua fé, mas infeliz, ele deve ir em seu auxílio, no limite de suas faculdades. É agindo assim que o Espiritismo mostrará o que ele é, e provará que vale mais do que o que se lhe opõem.
As sociedades de socorros mútuos se multiplicam por todos os lados e em todas as classes de trabalhadores. É uma excelente instituição, prelúdio do reino da fraternidade e da solidariedade, de que se sente necessidade. Elas beneficiam os espíritas que delas participam, como a todo mundo. Por que fundá-las só para eles, com exclusão dos outros? Que ajudem a propagá-las, porque são úteis; que, para torná-las melhores, nelas façam penetrar o elemento espírita, nelas entrando eles próprios, o que seria mais proveitoso para eles e para a doutrina. Em nome da caridade evangélica inscrita em sua bandeira; em nome dos interesses do Espiritismo, nós os concitamos a evitar tudo quanto possa estabelecer uma barreira entre eles e a Sociedade. Agora que o progresso moral tende a reduzir as que dividem os povos, o Espiritismo não deve erigi-las; sua essência é de penetrar em toda parte; sua missão, melhorar tudo o que existe; ele nisso falharia se se isolasse.
Devendo, pois, ser individual a beneficência, e neste caso, sua ação não será mais limitada do que se for coletiva? A beneficência coletiva tem vantagens incontestáveis, e longe de censurá-la nós a encorajamos. Nada mais fácil do que praticá-la nos grupos, recolhendo por meio de cotizações regulares ou de donativos facultativos os elementos de um fundo de socorro. Mas então, agindo num círculo restrito, o controle das verdadeiras necessidades é fácil; o conhecimento que delas se pode ter permite uma distribuição mais justa e mais proveitosa. Com uma módica quantia, bem distribuída e dada com discernimento, podem ser prestados mais serviços reais do que com uma grande soma dada sem conhecimento de causa e por assim dizer ao acaso. É, pois, necessário dar-se conta de certos detalhes, se não se quiser gastar seus recursos sem proveito. Ora, compreende-se que tais cuidados seriam impossíveis se se operasse em vasta escala. Aqui nada de dédalo administrativo, nada de pessoal burocrático. Algumas pessoas de boa vontade, e eis tudo.
Não podemos senão encorajar com todas as forças a beneficência coletiva nos grupos espíritas. Nós conhecemos alguns em Paris, no interior e no Estrangeiro, que são fundados, senão exclusivamente, pelo menos principalmente com esse objetivo, e cuja organização nada deixa a desejar. Lá, membros dedicados vão a domicílio inquirir dos sofrimentos e levar o que às vezes vale mais do que os socorros materiais: as consolações e o encorajamento. Honra a eles, porque bem merecem do Espiritismo! Que cada grupo assim haja em sua esfera de atividade, e todos juntos realizarão maior soma de bens do que uma caixa central quatro vezes mais rica.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

LEI DE CONSERVAÇÃO

02 - Lei de Conservação
Pergunta 711 -O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens? - "Esse direito é consequente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumprí-lo."
Pergunta 715 - Como pode o homem conhecer o limite do necessário? - "Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa."
1 - O DINHEIRO
De fato, o dinheiro constitui pesada responsabilidade para o seu possuidor.
Não compra a felicidade e, muitas vezes, torna-se responsável por incontáveis desditas.
Apesar disso, a sua ausência quase sempre se transforma em fator de desequilíbrio e miséria com que se atormentam multidões em desvario.
O dinheiro, em si mesmo, não tem culpa: não é bom nem mau.
A aplicação que se lhe dá, torna-o agente do progresso social, do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes, moral, ou causa de inomináveis desgraças.
Sua validade decorre do uso que lhe é destinado. Com ele se adquirem o pão, o leite, o medicamento, dignificando o homem pelo trabalho.
Sua correta aplicação impõe responsabilidade e discernimento, tornando-se fator decisivo na edificação dos alicerces das nações e estabilizando o intercâmbio salutar entre os povos.

Por meio dele irrompem o vício e a corrupção, que arrojam criaturas levianas em fundos despenhadeiros de loucura e criminalidade.
Para consegui-lo, empenham-se os valores da inteligência, em esforços exaustivos, por meio dos quais são fomentados a indústria, o comércio, as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os conhecimentos.
No submundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando, a astúcia e a indignidade favorecem os disparates da emoção, aliciando as ambições desregradas para o consórcio da anarquia com o prazer.
Por seu intermédio, uns são erguidos aos píncaros da paz, da glória humana, enquanto outros são arrojados às fumas pestilentas do pavor e da desagregação moral em que sucumbem.
Sua presença ou ausência é relevante para a quase totalidade dos homens terrenos.
Para o intercâmbio, no movimento das trocas de produtos e valores, o dinheiro desempenha papel preponderante.
Graças a ele, estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.
Usa-o sem escravizar-te.
Possui-o sem deixar-te por ele possuir. Domina-o antes que te domine.
Dirigi-o com elevação, a fim de que não sejas mal conduzido.
Mediante sua posse, faze-te pródigo, sem te tornares perdulário.
Cuida de não submeter tua vida, teus conceitos, tuas considerações e amizades ao talante do seu condicionamento.
Previdente, multiplica-o a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou a ambição que tresvaria.
De como te servires do dinheiro, construirás o céu da alegria ou o inferno de mil tormentos para ti mesmo.
Se te escasseia nas mãos a moeda, não te suponhas vencido.
Ter ou deixar de ter, importa pouco, na economia moral da tua existência.
O importante será a posição que assumas em relação à posse.
Não te desesperes pela ausência do dinheiro. Como há aqueles que se fizeram servos do que têm, há-os, também, escravizados aos que gostariam de ter.
O dinheiro é meio, não meta.
Imprescindível colocar-te jubilosamente na situação que a vida te brindou, padronizando as diretrizes e os desejos pessoais dentro dos limites transitórios da experiência educativa por que passas, conseqüência natural do mau uso que fizeste do dinheiro que um dia possuíste.
Por outros recursos poderás ajudar o próximo e erigir a felicidade pessoal, conforme as luminosas lições com que o Evangelho te pode enriquecer a vida.
Essencial é viver bem e em paz com ou sem o dinheiro.
2 - DESPERDÍCIOS
Há muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria entre os homens.
O que há abundante em tua mesa falta em muitos lares.
O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.
O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.
O desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade.
O homem, desejando fugir das realidades transcendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as "indústrias da inutilidade", abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irresponsabilidade, em que sucumbe por fim.
A vida é simples nas suas exigências quase ascéticas. Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se, complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensável, desperdiçam valores, tempo e oportunidades edificantes para o próprio burilamento.

Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades; desperdiçam tempo em repousos e férias demorados, que anestesiam os centros combativos de ação da alma encarnada;
-desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades;
-desperdiçam medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapassados;
-desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;
-desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo; desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;
-desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estragaram, em alucinada correria para lugar nenhum ...
Não se recupera a malbaratada oportunidade. Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.
O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.
Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.
Reparte a tua fartura com a escassez do teu próximo.
Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-ás multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas, generosas.
Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus feitos ficarão aguardando o teu retorno.
Como semeares, assim colherás.
O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.
Sê pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguirás será crédito ou débito na contabilidade da tua vida perene.
3 - PRESENÇA DO EGOÍSMO
No fundo das desgraças humanas o egoísmo sempre aparece como causa essencial.
Urde a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que passa ignorado.
Remanescente das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor, logrando triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem organizar o bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática autodefesa.
Examinemo-lo em algumas nuanças:
O mentiroso acredita que se exime à responsabilidade do cometimento que oculta e, não raro, avança no rumo da infâmia ou calúnia logo a oportunidade se lhe faça propícia.
O egoísmo é-lhe o nefando inspirador.
O perseguidor crê-se amparado pela necessidade do desforço justo ou que procura justificar, transformando-se em implacável algoz.
O egoísmo sustenta-o na empresa inditosa.

O sensualista perverte o próximo, desrespeitando a honestidade das vítimas que lhe caem nas armadilhas.
O egoísmo absorvente emula-o ao desar contínuo. O avaro amealha com sofreguidão, cobrando à sociedade um tributo absurdo, devorando os bens alheios e permitindo-se devorar pela sandice.
O egoísmo faz-se-lhe a força que o propele na infeliz tarefa.
O assaltante de qualquer denominação apropria-se indebitamente, utilizando-se, subrepticiamente, da astúcia, da temeridade, do cinismo, da loucura.
O egoísmo domina-o feroz.
O misantropo arroga-se direitos na infelicidade que se impõe e exerce enérgico domínio em torno dos próprios passos com que não amaina a melancolia em que se compraz.
O egoísmo concita-o à lamentável situação.
O vício de qualquer tipo, exercendo dominação sobre o homem, sem facultar a outrem qualquer ensancha de prazer.
Crê-se merecedor de tudo e a si mesmo se concede somente direitos e permissividades.
Morbo pestilencial, no entanto, consome aquele que o agasalha e vitaliza.
Destrói em volta, sem embargo aniquila-se.
O conhecimento da vida espiritual constitui o antídoto eficaz a tão violento quão generalizado mal: o egoísmo.
Descarta-te de excessos e, disposto a vencê-lo, distribui o que te seja também necessário.
Não é uma conclamação à imprevidência, tampouco apoio à avareza.
Imprescindível combater por todos os modos possíveis esse adversário que se assenhoreia da alma e lhe estrangula as possibilidades de libertação.
Ama e espraia-te.
Desculpa e cresce na fraternidade. Serve e desdobra a esperança.
Ora e dilata os valores da iluminação espiritual, clarificando mentes e corações no propósito excelente de vencer em definitivo esse verdugo que tem sido a matriz de todos os males que pesam na economia moral, social e espiritual da Humanidade.
4 - AMOR-PRÓPRIO
É dos mais perigosos inimigos do homem. Ardilosamente oculta as intenções de que se nutre e exterioriza falsas argumentações com que se impõe, malévolo.
Ataca no momento azado, após realizar hábeis manobras, persistentes e vigorosas.
Consegue ocultar os objetivos reais que o açulam e enfileira-se com destaque entre os mais graves destruidores da harmonia íntima da criatura.
Intoxica quem o conduz e desfere dardos venenosos com segurança, produzindo vítimas que tombam, inermes, sob seus certeiros aguilhões.
Impiedoso, compraz-se quando esmaga e afivela à face a máscara de falsa compaixão com que dissimula os sorrisos da vitória nefasta.
Desvela-se sob artifícios e consegue desviar a atenção da sua tarefa lúgubre.
A queda do próximo alegra-o; a desdita de alguém emula-o; o descoroçoamento do lutador fascina-o; a derrota do adversário diverte-o ...
Este venal servidor da desdita chama-se amor-próprio.
Fere-se com facilidade e melindra-se sob pretextos imaginosos e fúteis.
Arregimenta o desculpismo para si mesmo e a fiscalização severa para os outros.
Por artimanhas domina os sentimentos e perturba o discernimento de quem lhe dá guarida.
Filho dileto do orgulho, é irmão gêmeo do egoísmo e célula cancerígena responsável por muitos reveses na vida das criaturas.
Combate-o com todas as forças.
Não lhe dês guarida nem convivas com as suas astúcias.
O amor a si mesmo recomendado por Jesus não objetiva os triunfos imediatos nem as situações acomodatícias.
Ajuda o Espírito a emergir das torpezas e a libertar-se das contingências transitórias, mediante a autodoação, a renúncia, a abnegação e o amor ao próximo.
Vidas que se podiam glorificar pelas oportunidades ditosas que fruem, malogram quando o amor-próprio as dirige.
Construções superiores do bem soçobram quando o amor-próprio as sitia.
Grupamentos humanos de relevância se desagregam quando o amor-próprio semeia o separatismo .
... E as guerras - conseqüência dos pequeninos conflitos que se travam nos grupos familiares - decorrem do amor-próprio doentio de governos arbitrários e enlouquecidos que tripudiam sobre os direitos humanos, e, transformados em abutres, logo sucumbem sobre os escombros dos vencidos em que se refestam ...
Jesus caluniado, agredido, desrespeitado, abandonado e crucificado, lecionando o amor fraternal - antítese do amor-próprio - e atestando a suprema força de que se encontrava investido, ofertou-nos, sábio, a mensagem-advertência salvadora contra esse inimigo que habita em nós e deve ser combatido sem tréguas: o amor-próprio.
5 - RENOVAÇÃO
A poda propicia a renovação da planta.
A drenagem faculta a modificação do campo. A decantação aprimora a qualidade do líquido.
O cautério enseja a laqueação de vasos e a destruição dos tecidos contaminados.
A modificação dos hábitos viciosos fomenta o entusiasmo que liberta do comodismo pernicioso e da atividade perturbadora.
Imperioso o esforço para a renovação que gera bênção e é matriz de prodigiosas conquistas.
Renovar idéias - haurindo no manancial inesgotável do Evangelho a inspiração superior.
Renovar palestras - mediante o exercício salutar do pensamento comedido e nobre.
Renovar atividades - colocando o "sal" da alegria e a gota de amor em cada tarefa a ser realizada.
Renovar objetivos - pelo estudo contínuo das metas e meios para a libertação espiritual, tendo em vista a decisão irrevogável de triunfar sobre as imposições afligentes que conspiram no mundo contra a paz verdadeira do Espírito.
Renovar é processo fecundo de produzir. Não apenas renovar para variar, antes reativar os valores que jazem vencidos pela rotina pertinaz, ou redescobrir os ideais que, a pouco e pouco, são consumidos pelo marasmo, vencidos pela modorra, desarticulados pelas contingências da mecânica realizadora.
A renovação interior - poda moral - desse modo, exige disciplina e sacrifício para lograr o êxito que se pretende colimar.
Diante da questão desagradável, que já consegues resolver, renova a paciência e tenta uma vez mais.
Ante a pessoa irritante que já conseguiu fazer-se antipática, renova conceitos e insiste na fraternidade um pouco mais.
Em face do antagonista gratuito que logra desagradar-te, renova o esforço de vencer-te e sê gentil ainda mais.
Perante o sofrimento que parece destruir-te, renova-te pela oração e confia mais.
O discípulo do Evangelho, que desdenha o milagre da renovação, pode ser comparado ao trabalhador que menospreza a esperança - tornando-se vítima fácil para o fracasso.
Jesus, o Sublime Exemplo, ensinando a perene urgência da renovação dos propósitos superiores, cercou-se de pessoas difíceis de ser amadas, compreendidas, ajudadas, não desperdiçando situações nem circunstâncias negativas, armadilhas e astúcias em momentos de aflitivas conjunturas, propiciando-nos, assim, a demonstração do valor do ideal e da vivência do bem, conseguindo todos renovar e tudo modificar, em razão dos objetivos elevados do Seu ministério entre os homens.
Sem reclamar contra o pecado, renovou os pecadores. Sem invectivar a astúcia, renovou as vítimas da perturbação bem urdida.
Sem reagir contra os que O perseguiam em caráter contumaz, renovou todos os que se facultavam à Sua palavra.
Toda a mensagem que nos legou, mediante palavras ou ações, constitui um poema e um hino de bênçãos à renovação do homem, do mundo e da Humanidade.
6 - HEROÍSMO DA RESIGNAÇÃO
O imediatismo dos interesses apaixonados confunde-a com demência ou a tem em conta de deficiência de forças para poder investir violentamente contra as circunstâncias.
Não falta quem se rebele contra os seus necessários impositivos.
Tacham-na de cobardia moral.
Crêem-na ultrapassada, nos dias voluptuosos do tecnicismo moderno.
Todavia, a resignação é bênção lenificadora, quando a vida responde em dor e sombra, infortúnio e dificuldade aos apelos do homem.
Alternativa redentora, que somente os bravos se conseguem impor, reforça os valores espirituais para as lutas mais ingentes da inteligência e do sentimento.
Não deflui de uma atitude de medo, porquanto isso seria injustificado ante as Leis Superiores, mas resulta de morigerada e lúcida reflexão que favorece o perfeito entendimento das imposições evolutivas.

O conhecimento dos fatores causais dos sofrimentos premia o homem com a tranqüila responsabilidade que assume, em relação aos gravames que os motivaram.
Quiçá a resignação exija mais dinâmica da coragem para submeter-se, do que requereria a reação rebelada da violência.
Entrementes, a atitude resignada não significa parasitismo nem desinteresse pela luta. Ao contrário, enseja fecundo labor ativo de reconstrução interior, fixação de propósitos salutares em programa eficaz de enobrecimento.
Ceder, agora, a fim de conseguir mais tarde. Aguardar o momento oportuno, de modo a favorecer-se com melhores resultados
Reagir pela paciência e mediante a confiança imbatível em Deus, apesar do quanto conspire, aparentemente contra.
Crer sem desfalecimento, embora as aparências aziagas.
Porfiar no serviço edificante sem engendrar técnicas da astúcia permissiva, quando tudo se apresenta em oposição.
Manter-se na alegria, não obstante sofrendo ou incompreendido, abandonado ou vencido, expressa os triunfos da resignação no homem consciente dos objetivos reais da existência na Terra.
O metal em altas temperaturas funde-se. O rio caudaloso na planície espalha-se.
A semente no solo adubado transforma-se.
O cristão ativo na construção do testemunho resigna-se.
A própria reencarnação é um ato de submissão, quanto a desencarnação, desde que ocorrem independentemente da vontade do aprendiz que se deve resignar às exigências superiores da evolução.
Resignação, por conseguinte, é conquista da não violência do Espírito que supera paixões e impulsos vis, a fim de edificar-se e triunfar sobre si mesmo e, em conseqüência, sobre os fatores negativos que lhe obstaculam o avanço libertador.
Joanna de Ângelis

LEI DE ADORAÇÃO

01 - Lei de Adoração
Perg. 649 L.E. - Em que consiste a adoração? - "Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma".
Perg. 659 L.E. - Qual o caráter geral da prece? -"A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar n'Ele; é aproximar-se d'Ele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer."
1 - AMAR A DEUS
Amor é vida.
Sem o amor de Deus que tudo vitaliza, a Criação volveria ao caos do princípio.
Antes, portanto, do amor não havia Criação, porque Deus é Amor.
Sem amor ao próximo não se pode amar a Deus. Nesse particular, o Evangelho é todo um hino ao Criador, mediante o eloqüente testemunho de amor ao próximo, apresentado por Jesus.
Em todos os Seus passos o amor se exterioriza numa canção de feitos, renovando, ajudando e levantando os Espíritos.
Não podendo o homem romper a caixa escura do egoísmo, saindo de si na direção da criatura, sua irmã, dificilmente compreenderá o impositivo do amor transcendente em relação à Divindade.
Quando escasseiam os recursos da elevação interior pelo pensamento vinculado ao Supremo Construtor do Cosmo, devem abundar os esforços no labor da fraternidade em direção às demais criaturas, do que decorre, inevitavelmente, a vinculação amorosa com Deus. Porquanto ninguém pode pensar no próximo sem proceder a uma imperiosa necessidade de fazer interrogações que levam à Causa Central.
O homem constitui, indubitavelmente, um enigma que só à luz meridiana da reencarnação - técnica do amor e da Justiça Divina - pode ser entendido.
Na vida, sob qualquer expressão, está manifesto o amor.
Mediante o amor animam-se as forças atuantes e produtivas da Natureza, no mineral, no vegetal, no animal, no homem e no anjo.
Dilata, desse modo, as tuas expressões íntimas, dirigindo-as para o bem e não te preocupes com o mentiroso triunfo do mal aparente.
Exalça a vida e não te detenhas na morte. Glorifica o dever e não te reportes à anarquia.
Fala corretamente e retificarás os conceitos infelizes.
Se te impressionam as transitórias experiências do primitivismo e da barbárie que ainda repontam na Terrra, focaliza a beleza e superarás as sombras e inquietações ...
A maneira mais agradável de adorar a Deus é elevar o pensamento a Ele, por meio do culto ao bem e do amor ao próximo.
Desce à dor e ergue o combalido à saúde íntima; mergulha no paul e levanta ao planalto os que ali encontres; curva-te para socorrer, no entanto, ascende no rumo de Deus pelo pensamento ligado ao Seu amor e vencerás os óbices.
Se desejas, todavia, compreender a necessidade de amar a Deus, acompanha o desabrochar de uma rosa, devolvendo o perfume à vida, o que extrai do solo em húmus e adubo ... Fita uma criança, detém-te num ancião ...
Ama, portanto, pelo caminho, quanto possas - plantas, animais, homens, e te descobrirás, por fim, superiormente, amando a Deus.
2 - ORAÇÃO NO LAR
A transformação do lar em célula viva do Cristianismo operante constitui labor impostergável.
Por mais valiosas se façam as conquistas externas na atividade quotidiana, com vistas ao progresso e à felicidade, se tais aquisições não encontrarem fundações de segurança no reduto doméstico far-se-ão edificações em constante perigo.
Isto, porque, o lar é a matriz geradora da comunidaade ditosa, sobre o qual repousam os sustentáculos das nacionalidades progressistas.
Os distúrbios internos em qualquer máquina de serviço provocam prejuízo na rentabilidade, quando não e dá a paralisação do trabalho com danos imprevisíveis.
A família é o fulcro da maior importância para o homem.
Não obstante os complexos mecanismos da reencarnação, os criminógenos ou os estímulos honoráveis encontram no núcleo familiar as condições fomentadoras para o eclodir das paixões insanas como o das sublimes. Obviamente, nesse capítulo, de quando em quando surgem exceções, como atestando que o diamante valioso, apesar de tombado na lama, fulgura, precioso, ou a pedra bruta, embora o engaste nobre e o estojo especial, de forma alguma adquire valor.
Num lar lucilado pela oração em conjunto onde, a par do exemplo salutar dos cônjuges, a palavra do Senhor recebe consideração e apontamentos superiores, ao menos periodicamente, os dramas passionais, as ocorrências infelizes, os temores e as discórdias cedem lugar à compreensão fraternal, à caridade recíproca, à paciência, ao amor.
Ali se caldeiam os complexos fenômenos da evolução e se resolvem em clima de entendimento os problemas urgentes que dizem respeito à recuperação de cada um. Não apenas se ajustam e se sustentam afetivamente os nubentes, como se organizam os programas iluminativos, retemperando-se ânimo e ideais sob a inspiração do Cristo sempre presente.
Companheiros sinceros queixam-se quanto aos danos promovidos pelos modernos veículos de comunicação de massa.
Diversos expositores do verbo espírita invectivam contra as permissividades hodiernas.
Mentes lúcidas, considerando a áspera colheita de espinhos da atualidade, reagem com emoção por meio da palavra falada ou escrita.
Muitos oferecem programas complexos de ação, talvez impraticáveis, debatem, acusam, vociferam ...
Mas pouco fazem realmente.
O trabalho do bem é paulatino, e a reforma moral, para ser autêntica, será sempre individual, bem laborada, sacrificial.
As técnicas ajudam, todavia, só a persuasão honesta, mediante a qual o homem se conscientiza das necessidades reais, consegue lograr libertá-lo dos compromissos inditosos, engajando-o nas disposições restauradoras.
De pouca monta o esforço para ajudar a renovação do próximo, se não ensinar fixado ao exemplo da própria modificação íntima para melhor.
O exercício evangélico na família a pouco e pouco, em clima de cordialidade e simpatia, consegue neutralizar a má propaganda, as investidas violentas do crime de todo porte que se insinuam e irrompem dominadoras.
Ao realizares o Culto Evangélico do lar não te excedas em tempo, a fim de serem evitados a monotonia e o desinteresse.
Não o imponhas aos que te não compartem as idéias ou preferem, por enquanto, outros rumos.
Tenta a argumentação honesta e branda, convincennte e autêntica.
Insiste junto aos filhinhos para que comunguem contigo do pão do Espírito, conforme de ti recebem o pão do corpo.
Faze, porém, a tua parte.
Se sentires a tentação do desânimo, a amargura da decepção, recorda-te do otimismo dos primeiros cristãos e não desfaleças. Orando em conjunto, recomendavam os invigilantes, os perturbadores e inditosos ao Senhor, haurindo forças na comunhão fraterna para os testemunhos com que ensementaram na Humanidade as excelências da Boa Nova, que ora te alcança o Espírito sem as agruras da perseguição externa e das dolorosas injunções da impiedade humana.
Acenda o sol do Evangelho em casa, reúne-te com os teus para orar e jamais triunfarão trevas em teu lar, em tua família, em teu coração.
3 - DECISÃO NA VERDADE
" ... Havendo eu sido cego, agora vejo." (João: 9-25)
O jovem padecia de cegueira desde o nascimento. Jamais conhecera a luz.
Sua vida se encontrava povoada de trevas, em cujos meandros tateava com aflição.
Jesus abriu-lhe os olhos, concedendo-lhe diamantina claridade da visão.
Inundado pela luz externa que o fascinou, enriqueceu-se de gratidão por Aquele que o libertou.
Instado à informação do fato, deu-a inciso, conciso, num eloqüente testemunho de júbilo.
Não acreditado pelos que o cercavam e inquiriam, reafirmou a ocorrência, asseverando haver sido ele o antigo cego, em face da dúvida que o cercava.
Convidado a opinar sobre quem o beneficiara, fez-se conclusivo: "É um profeta!"
Intimado a injuriar e desmerecer o desconhecido benfeitor, a ingratidão de muitos que logo olvidam o socorro recebido, permitindo-se a dúvida, ao lado da subserviência aos transitórios triunfadores, foi explíciito:
- "Se é pecador, não o sei; uma coisa eu sei: havendo eu sido cego, agora vejo".
Não lhe importava quem Ele era e sim o que lhe fizera.
Defrontam-se no ensino evangélico as duas conjunturas habituais: luz e treva.
Enfrentam-se as duas situações: verdade e mentira.
Duela a suspeita com a convicção.
Teima a pusilanimidade contra o sentimento leal. Insiste o despeito, agredindo a nobreza.
O fato, porém, triunfa.
O bem relevante sobrenada entre as águas turvas do mal enganoso.
Nada importava ao jovem, agora vidente. O essencial era que se encontrava a ver.
Nem assim, diante das evidências, cessava a hostiilidade contra o "Filho de Deus".
O cipoal das paixões humanas, mediante as habilidades da astúcia, abria-se em ardis infelizes, tentando apanhar o incomparável Amigo dos sofredores.
Hoje, no entanto, ainda é assim.
Tropeçam e atropelam-se os cegos do corpo com os do Espírito. Os últimos são piores do que os primeiros porque se negam a ver, preferindo a urdidura da infâmia e da perversidade na qual se distraem e anestesiam a razão.
Cuida-te contra a cegueira imposta pelos preconceitos, pelo orgulho, pelos descalabros de todo porte.
Já fizeste o teu encontro com Jesus.
Agora vês. Beneficia-te da claridade a fim de proogredires.
Não mais acondiciones trevas morais nas antigas sombras dominadoras das paisagens íntimas.
Sai na direção do dia de sol para servir.
Caminha no rumo da luz e referta-te de claridades divinas, difundindo a esperança e a alegria.
Confessa o teu Amigo Sublime perante todos e segue, intimorato, ajudando em nome d'Ele os que ainda se debatem na escuridão donde saíste e que anseiam, também, pela bênção da visão a fim de enxergarem.
4 - MUITOS CHAMADOS
(MATEUS XXII: 1 A 14)
Mesmo hoje é assim ...
Atônitas, as multidões procuram a diretriz do reino dos céus; não obstante, engalfinham-se nas tórridas lutas pela posse da Terra.
Fascinam-se com as narrativas evangélicas e comovem-se ante os padecimentos do Senhor quando lêem a Sua vida; todavia não se resolvem a seguir em definitivo os roteiros iluminativos, por meio dos quais os valores humanos mudam de expressão.
Examinando, igualmente, o comportamento de muitos companheiros de lides, verificarás que a parábola expressiva do Senhor mantém-se em plena atualidade para eles também.
Depois de experimentarem o contato com as legitimidades do Espírito, sentem-se dominados pelo desejo sincero de espraiarem as certezas que a Boa Nova lhes oferece. Entretanto, aos primeiros impedimentos e problemas, perfeitamente consentâneos com a posição evolutiva que os caracteriza, reagem, dizendo-se descrentes, atormentam-se e debandam.
Acreditam que são credores de especiais concesssões, tendo em vista haverem recebido o convite para o banquete na corte do Grande Rei e o terem aceitado com demonstrações de vivo entusiasmo ...
Não lhes acode, porém, ao discernimento, que para qualquer solenidade se fazem indispensáveis compostura própria e traje adequado.
Tais são as ações nobilitantes que conferem investidura e insígnias para o comparecimento ao ágape real.
Por isso, as multidões esfaimadas de amor e sabedoria ainda não se resolveram fartar-se nos celeiros sublimes da Revelação Espírita ora ao alcance de todos, demorando-se em contínua aflição.
Buscando os tesouros do espírito, disputam, aguerridamente, as posses que os "ladrões roubam, as traças roem e a ferrugem gasta ... "
Já que recebeste o chamado para a transformação moral ao alento da luz espírita que te aclara os dédalos do mundo interior, não titubeies. Estuga o passo na senda habitual e reflete, deixando-te permear pelas lições de esperança e renovação com que te armarás para os combates ásperos contra os severos adversários que a quase todos vencem: o egoísmo, o orgulho, a ira, o ciúme e seus sequazes, ensinando, pelo exemplo, fraternidade e amor.
Não te preocupes pelo proselitismo como pelo arrrastamento das multidões à fé que te comove.
Recorda-te de Jesus que não veio para compactuar com as comezinhas paixões, tampouco para agradar os campeões da insensatez - maneira segura de conseguir simpatizantes e adeptos - antes para inaugurar o principado da felicidade ao qual são "muitos chamados", porém poucos escolhidos".
5 - BENFEITORES DESENCARNADOS E PROBLEMAS HUMANOS
A promoção dos chamados mortos à categoria de benfeitores e santos resulta de um atavismo religioso de que o homem só a esforço insistente consegue liibertar-se.
Enquanto transitam pelo corpo material, os menos projetados na sociedade são teimosamente ignorados, quando não sistematicamente abandonados.
Sofredores que por decênios de dor e amargura suportaram em silêncios estóicos a pesada canga das aflições; pessoas humildes que se apagaram nos labores singelos; enfermos em indigência e desprezo, atados a cruzes de demorada agonia; lutadores anônimos que esbarraram em dificuldades e padeceram ignomínias da imprevidência dos seus verdugos; pais e mães inclusos nos cárceres dos deveres sacrificiais, relegados às posições inferiores do lar, tão logo retomam à pátria são içados pelas consciências culpadas à condição santificante com que assim esperam exculpar-se à indiferença e ao desprezo que lhes impuseram.

Não apenas estes, porém, que merecem pelos padecimentos sofridos uma liberação abençoada.
Crê-se, no entanto, que a morte é ponte para a santificação, mesmo a daqueles que não a merecem.
Supõem que, com a desencarnação, ao se esquecerem com facilidade os descalabros que foram cometidos, pode-se conferir-Ihes uma situação ditosa, ao paladar da trivialidade a que se entregam.
Não o fazem, porém, por amor.
Como exploraram e feriram, usaram e maceraram os que lhes dependiam, direta ou indiretamente, esperam continuar exigindo ajudas que não merecem, em comércio de escravidão contínua com os que já partiram ...
Mentes viciadas pela acomodação aos velhos hábiitos da preguiça e da rebeldia, não logram desprenderrse dos problemas pessoais mesquinhos a que se aferrram, por Ihes aprazer enganar e enganar-se.
Dizem-se em sofrimento e preferem a condição de vítima da Divindade à de colaboradores de Deus.
Asseveram que só o insucesso Ihes ocorre e demoram-se na lamentação ao invés da ação saneadora do mal.
Teimam por receber tratamento especial dos Céus, e, sem embargo, não se facultam crescer, sintonizanndo com as leis superiores que regem a vida.
Rogam bens que não sabem aplicar, desperdiçando valioso tempo em consultas inúteis e conversações fúteis em que mais se anestesiam na autopiedade e na ilusão.
Afirmam que os seus mortos estão no paraíso enquanto eles jazem na Terra, esquecidos.
Fiéis ao ludíbrio pelo artificialismo das oferendas materiais, prometem-lhes missas, "sessões solenes", cultos especiais, flores e outras manobras artificiais com que gostam de insistir na vaidosa presunção da astúcia sistemática.
Em vão, porém.
Quando ditosos, os desencarnados são apenas amigos generosos que intercedem, ajudam e inspiram, mas não podem modificar os compromissos que os seus afeiçoados assumiram desde antes do berço, conforme não se eximiram eles mesmos aos braços da cruz em que voaram no rumo da felicidade.
Quando em desdita no além-túmulo, são para eles inócuas todas as expressões dos chamados "cultos externos" das religiões terrestres.
A oração ungida de amor, as ações caridosas em sua homenagem refrigeram-nos e ajudam-nos a entender melhor a própria situação, armazenando forças para as reencarnações futuras.
Desse modo, esforça-te para resolver os teus problemas sem perturbar os que agora merecem a justa paz depois das lutas ásperas que sofreram.
Respeita a memória dos desencarnados e sem os títulos mentirosos da Terra, tem-nos em conta de amigos queridos não subalternos que te poderão ajudar, porém que necessitam, a seu turno, de evoluir também.
6 - AGRADECIMENTO

Seja qual for a ocorrência que te surpreenda, concitando-te ao júbilo ou à aflição, dá graças.
Não te olvides do valor da gratidão nos passos da vida.
A cada instante estás chamado ao reconhecimento pelas concessões que te enriquecem em experiências, em iluminação, em saúde, em paz e não apenas ante os valores transitórios das moedas e dos títulos que muito se disputam na Terra.
Não te impeças a emoção do reconhecimento, a exteriorização dos sentimentos da gratidão.
Há pessoas que, não obstante a elevação de propósitos, se sentem constrangidas, angustiando-se sem encontrarem a forma de expressar as graças de que estão possuídas. Outras acreditam que não se faz necessário apresentar ao benfeitor os protestos de reconhecimento, porque são mais valiosos os que se demoram silenciados.
Não têm razão os que assim pensam e agem.
Uma palavra de bondade ou uma frase simples, porém imantada pela unção da sinceridade, estimula e alegra quem recebe, concitando a novos cometimenntos, à continuação dos gestos de enobrecimento e amor.
Embora quem se faz útil e goste de ajudar não se deva prender à resposta do beneficiado, não há por que se desconsidere o dever do amor retributivo.
O amor que enfrenta a hostilidade e a transforma ressurge como compreensão no agressor, assim retribuindo a afeição recebida.
Agradece, desse modo, as coisas que te cheguem, como sejam e de que se constituam. Favores divinos objetivam tua felicidade.
Se defrontas problemas, agradece a oportunidade e desafio para a luta pela paz.
Se tropeças na incompreensão, agradece o ensejo de provar a excelência dos teus sentimentos.
Se despertas na enfermidade, agradece a concessão do sofrimento purificador.
Se recebes bondade e afeição, agradece a dádiva para o esforço evolutivo.
Se colhes alegrias e saúde, agradece o tesouro que deves aplicar nas finalidades superiores da vida.
O espinho, o pedregulho chamam a atenção do viandante para o solo por onde transita; o aguilhão impele à rota correta; o testemunho de qualquer condição revela as qualidades íntimas.
Gratidão é sentimento nobre - cultiva-o para o próprio bem.
O sol aquece, a noite tranqüiliza, a chuva alimenta, o adubo fertiliza, a poda revigora - tudo são bênçãos da vida.
Agradece sem cessar as doações divinas que fruis e esparze gratidão onde estejas, com quem te encontres, diante de tudo que recebas ou que te aconteça.
Joanna de Ângelis
Leis Morais da Vida