Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

“ DEUS TEM CAMINHOS PARA TODOS OS FILHOS EXTRAVIADOS “


 
 
               Pedro Augusto Souza Gonçalves, jovem de 22 anos, inconformado com sua moléstia crônica – sofrendo desde os oito anos de idade, com certa freqüência, de fortes convulsões epilépticas, resistentes a tratamento médico constante-, pôs um ponto final em sua vida física, com certeiro projétil, a sete de junho de 1988.
            Residia no Rio de Janeiro, RJ, sua terra natal, com seus pais João Francisco Gonçalves Netto e Elza Souza Gonçalves, em Copacabana, à Avenida Atlântica, 4022 apartamento 502.
           
            Porém, apenas três meses após o lamentável episódio, Pedro Augusto, em Uberaba, comunicou-se novamente com seus queridos progenitores, em longa e confortadora mensagem, “ relatando fatos de que apenas ele, seus pais e irmãos tinham conhecimento”, conforme esclarecimento de seu pai.
            Agora, mais consciente de sua provação terrena, ele sofre, submetendo-se a “ severo tratamento “, e sente-se profundamente arrependido, mas otimista diante do futuro, ao afirmar que “ a esperança já está em meu coração “ e “ Deus tem caminhos para todos os filhos extraviados “.
 
            Querida Mãezinha Elza e meu pai João.
            Estou informado de que pude vir até aqui, trazer-lhes as minhas notícias, pela concessão de amigos que consideraram o merecimento dos pais queridos, porque, de mim mesmo, ainda me encontro nas faixas de severo tratamento.
            Perdoem-me a tribulação que lhes causei com a minha deserção da vida.  Confesso-lhes que tudo fiz para evitar aquele amargo desfecho de minhas inquietações.  Nervos doentes substituindo a fé que me cabia acalentar, a fim de vencer em minha provação.  Estava longe de compreender que todas as criaturas suportam o fardo de que precisarão se desvencilhar, um dia, para se encontrarem consigo mesmas.
            Mãezinha Elza, lutei muito.  Assim pensei, admitindo erroneamente que milhares de pessoas não sofriam muito mais do que eu mesmo.  Detinha a vantagem de viver ao lado dos familiares queridos e parecia cego para não reconhecer que nada me faltava para ser tranqüilo e feliz.
            Um ponto, porém, me atormentava o pensamento.  Cedo reconheci que eu não poderia constituir uma família como desejava e deixei-me iludir com isso, quando há tantas crianças doentes e desajustadas esperando o amparo de alguém que lhes tutele a existência infortunada.  Esqueci-me de que eu poderia incorporar-me no trabalho de uma instituição das muitas que amparam os pequeninos sofredores... E, porque não me seria possível uma vida igual à vida de outros rapazes, a idéia de revolta contra a vida se apoderou de mim.
            Estou aqui nesta mesma sala onde estive um dia, buscando orientação e esclarecimento, e se não me foi possível a demora de mais alguns dias para ouvir os amigos que me reconfortariam, explicando-me o que seja a provação na vida de alguém, agora vejo todos e ouço a todos os que trocam opiniões, reconhecendo que me seria tão fácil suportar a carência de meus recursos genésicos, abraçando a vida que a Divina Providência me reservara.
            Penso, atualmente, na legião de jovens aos quais algumas frases bastariam para esclarecê-los e traçar-lhes novos rumos!
            Não sei explicar-lhes o conflito que passou a possuir-me, desde que alguns companheiros me informaram de que as minhas dificuldades orgânicas eram irreversíveis!  Criando nomes supostos para disfarçar-me, tentei ouvir muitos médicos ou acadêmicos de Medicina que me ouviam com atenção.  Todos eram unânimes na opinião de que eu era vítima de problema sem solução.
            Ao mesmo tempo, inflamava-me com o propósito de casar-me e ser feliz num lar, em que pudesse usufruir a vida de um homem comum.  No entanto, a depressão, de que me vi acometido, ganhou todas as minhas resistências e entreguei-me à desencarnação voluntária, ignorando que a vida continuava.
            Não tenho recursos para evadir-me da realidade e, por isso, preciso assumir o meu gesto infeliz.  Sou claro em minhas afirmativas porque estou diante dos pais queridos, aos quais não posso enganar, conquanto reconheça que me competia uma entrevista com ambos na intimidade da família, e com isso, talvez, conseguisse um caminho para a minha própria libertação.
            Pais queridos, perdoem-me aquele projétil que eu devia ter evitado, perdoem-me a ingratidão a que me entreguei quase inconscientemente, e continuem nas orações por mim, de vez que me envergonho de expor aqui a minha fragilidade.
            No instante terrível em que me vi arrasado pelas próprias mãos encontrei rente comigo aquele benfeitor, que ainda me segue as experiências, fornecendo-me as chaves do conhecimento superior – esse amigo humanitário e abnegado que me colheu nos braços, quando já não possuía qualquer recurso de auto-sustentação.  Ele me solicitou chamá-lo pelo nome de vovô Francisco, e me abençoa e socorre em todos os meus obstáculos, e me afirma que Deus tem caminhos para todos os filhos extraviados.  Estou consolado com a possibilidade de dizer-lhes isso.
            Estou melhorando, porque os meus primeiros dias, aqui na Vida Espiritual, foram momentos do alucinado que já deixei de ser.
            Muito grato por virem até aqui, na idéia de que colheriam alguma notícia do filho devedor que sou eu, sensibilizando-me com a decisão de romperem com os empeços da viagem, a fim de que eu pudesse rogar-lhes a bênção.
            Pais queridos, do meu amanhã ainda nada sei, mas a confiança em Deus está novamente comigo e, com isso, compreendo que todas as minhas lutas serão superadas sem que eu, por enquanto, saiba como.  Peço-lhes desculparem o filho infeliz  que era tão feliz em nossa família e não sabia.
            Deus me favorecerá com oportunidades de trabalho para que me sinta reposto no caminho da segurança e do bem.  Sofri muito e ainda sofro, mas a esperança já está em meu coração e sei que aprenderei a viver e a servir.
            Não posso continuar porque a emoção me constringe a garganta e o pensamento, mas seguirei adiante com a certeza de que me desculparam a leviandade e a doença, e me amam com o mesmo carinho dos dias passados.  Mãezinha Elza, as suas lágrimas me lavaram a alma, e com o seu amor me sinto à frente de novo dia.
            Pais queridos, a todos os nossos entreguem as minhas lembranças, e recebam o coração do filho que não  soube compreendê-los, mas que os ama com todas as forças da própria vida.
            Até que eu volte melhor amanhã do que hoje me sinto, guardem as saudades e o imenso carinho do filho sempre mais reconhecido,
                                                                                  Pedro Augusto.
 
 
                                               Notas e Identificações
 
1 – Psicografada em reunião pública do GEP, na noite de 17 de setembro de 1988.
2 – ainda me encontro nas faixas de severo tratamento – Refere-se ao tratamento médico do corpo espiritual ( Ver item cinco do Capítulo 9 )
3 – Estou aqui,  nesta mesma sala  onde estive um dia – De fato, esteve no GEP, em Uberaba, em março de 1986.
4 – vovô Francisco – Trata-se, provavelmente, do bisavô paterno, desencarnado no Estado do Espírito Santo, no início do século.
5 – Pedro Augusto – Pedro Augusto Souza Gonçalves nasceu no Rio de Janeiro, a oito de outubro de 1965.  Dedicava-se à arte fotográfica, possuindo um laboratório completo, e pretendia estabelecer-se nesse ramo de atividade ou similar.        
 Livro Porto De Alegria -  Francisco Cândido Xavier  Espíritos Diversos
 
 

HORAS DE TRANSIÇÃO


Emmanuel 
 
          Cultiva a paciência e resguarda-te em paz.
          Recorda a multidão descontrolada, ante o perigo iminente.
          Memoriza os desastres ocorridos, seja nos recintos fechados ou nos estádios abertos, quando algum grito alucinante anuncia determinadas perturbações.
          Grupos amedrontados se entrechocam, por vezes a se ferirem, ou a se massacrarem mutuamente.
          Semelhante imagem se aplica igualmente à Terra, nos dias de transição, quais os da atualidade, em que milhões de criaturas encontram problemas a se agigantarem de extensão.
          O mundo, nesses eventos, lembra efetivamente um anfiteatro de proporções imensas, no qual vastas multidões sofrem a pressão de acontecimentos cruéis.
          E essas crises pesam sobre a vida particular, motivando estranhos comportamentos na esfera de individuo para individuo.
          E assim que anotamos companheiros de experiência a se desorientarem, nas mais diversas condições de trabalho e de luta.
          Esse exige a desvinculação apressada de compromissos que abraçou voluntariamente pouco lhe importando as lagrimas daqueles que se estorcegam de dor, em se observando lesados nos sentimentos mais caros; outro pisa sobre os irmãos indefesos que tombam, aqui e ali, sem perguntar pelos sofrimentos que causam; aquele agride quantos lhe cruzem o caminho; e ainda outros muitos assumem atitudes infelizes, precipitando-se na mutilação deles mesmos, a pretexto de senhorearem a frente do escape.
          Se te encontras  diante de situações assim complexas, em que pessoas amadas parecem enlouquecidas, no anseio unicamente dos interesses próprios, desertando de obrigações respeitáveis, dilapidando alheios sentimentos, depredando corações ou largando-se nos gestos temerários que lhes acarretam inimagináveis padecimentos, acalma-te e ora, serve e espera.
          A tormenta é transitória.
          Lembra o Sol renascente, recompondo o campo, após uma noite de tempestade e entenderás a harmonia inarredável com que a vida marca as obras de Deus.
 
Livro- “Pronto Socorro” – Autor – Emmanuel – Psicografia – Francisco Candido Xavier.
Digitado por Doris Day.

A PARÁBOLA DO RICO


 
Irmão X
 
Na pequena assembléia espiritual, estudávamos a Parábola do Rico.
Alguns intelectuais, brilhantes no mundo, inclinavam-se comovidos ante a necessidade de penetrarem a luz dos capítulos simples do Evangelista.
Na cátedra das lições costumeiras, a figura de Pedro Richard nos acompanhava com atenção generosa e sincera.
O quadro não era muito diferente das circunstâncias em que se poderia realizar sobre a Terra.
A esfera espiritual próxima do planeta é uma figura de transição, em que o gosto terrestre tem quase absoluta predominância.
O amplo recinto oferecia o aspecto de um parlamento singelo e acolhedor e, como ponto central, aquele velhinho, amigo de Ismael e de Jesus, com os cabelos nevados, parecendo feitos com a luz prateada das mais dolorosas experiências, ensinava o sentido oculto das preciosas lições do Cristo.
– Afinal – exclama um dos meus amigos –, existem realmente os grandes usurários e os ricos infelizes no mundo. São os dilapidadores dos bens coletivos, porque a movimentação do dinheiro poderia incentivar o trabalho, atenuando as dificuldades dos mais infortunados.
– Entretanto – atalha um dos presentes –, temos as fortunas dos grandes beneméritos da Humanidade. Um Rockefeller, um Carnegie, que estimulam as grandes iniciativas, em favor do bem público, não serão ricos amados de Deus? E os Henry Ford, que transformam os pântanos em parques industriais, onde milhares de criaturas ganham honestamente o pão da vida, não merecem o respeito amoroso das multidões?
A apreciação sobre os ricos da Terra prosseguia animada, quando alguém se lembrou de submeter a Richard o assunto, em sua feição substancial.
O generoso velhinho, no entanto, replicou judiciosamente:
– Antes de tudo, só Deus pode julgar em definitivo as suas criaturas; mas, como considero o planeta terrestre uma abençoada escola de dor que conduz à alegria e de trabalho que encaminha para a felicidade com Jesus, devo assinalar que, na carne, não conheço senão Espíritos cheios de débitos pesados, com as mais vastas obrigações, perante a obra de Deus, que é o país infinito das almas. Quem será o Senhor das riquezas, senão o próprio Pai que criou o Universo? Onde estão os bancos infalíveis, ou os milionários que possam dispor eternamente dos bens financeiros que lhes são confiados? As expressões cambiais do mundo são convenções que outras convenções modificam. Basta, às vezes, um sopro leve das marés sociais para que todos os quadros da riqueza humana se transformem. Tenho de mim para comigo que, no mundo, o dinheiro a gastar, como a dívida financeira a resgatar são também oportunidades que o Senhor de Todas as Coisas nos oferece, para que sejamos dignos dele. O crédito exige a virtude da ponderação com a bondade esclarecida e o débito reclama a virtude da paciência com o amor ao trabalho.
A essas palavras justas, que nos conduziam a um campo de novas especulações sentimentais, um dos nossos irmãos de esforço, antigo socialista extremado na Terra, entusiasmando-se, talvez em excesso, com as elucidações do generoso mentor, exclamou efusivamente:
– Muito bem! sempre encontrei no capital um fantasma para a felicidade humana.
Pedro Richard endereçou-lhe o olhar, cheio de mansuetude, e explicou com bondade:
– Quem te afirmou que o capital no mundo é um erro?
E depois de uma pausa, dando a conhecer que desejava acentuar suas palavras, acrescentou:
– Podemos assinalar a dedo os raríssimos homens da Terra que conseguem trabalhar sem o aguilhão. O capital será esse aguilhão, até que as criaturas entendam o divino prazer de servir. Para os mais abastados, ele tem constituído a preocupação bendita da responsabilidade, e para a generalidade dos homens, o estímulo ao trabalho. O capital é um recurso de sofrimento purificador, não somente para os que o possuem, mas para quantos se esforçam pelo obter. É o meio através do qual o amor de Deus opera sobre toda a estruturação da vida material no globo; sem sua influência, as expressões evolutivas do mundo deixariam a desejar, mesmo porque os Espíritos encarnados estariam longe de compreender os valores legítimos da vida, sem a verdadeira concepção da dignidade do trabalho.
O nosso amigo quedou-se em meditação.
Aqueles esclarecimentos generosos e simples profundamente nos surpreendiam.
O mentor benévolo e sábio continuou as suas elucidações evangélicas. Explicações desconhecidas e inesperadas surgiam de seus lábios, derramando-se em nossos espíritos, como jatos de luz. Eram novas claridades sobre a figura incompreendida e luminosa do Cristo, revelações de sentimentos que nos conduziam ao máximo de admiração.
Grande número de literatos desencarnados no Brasil, filiados às mais diversas escalas, escutavam-lhe os conceitos simples e profundos.
Foi então que, ao fim dos estudos, e nas derradeiras observações, um velho conhecedor das letras evangélicas adiantou-se para o velhinho bom, interrogando:
– Richard, as tuas explicações são judiciosas e derramam novas claridades em nosso íntimo. Mas, sempre ponderei uma questão de essencial interesse, nessa parábola do Evangelho. Por que motivo o santificador Espírito de Abraão, personificando a Providência Divina junto de Lázaro redimido, não atendeu às súplicas do Rico desventurado? Não era este também um filho de Deus? Observando os teus esclarecimentos de agora, sinto esta interrogação cada vez mais forte em minh'alma, porque, afinal, o homem rico do mundo pode ser, muitas vezes, uma criatura indigente na aspereza das provas. Como esclarecer esse problema que nos induz a supor certa insensibilidade nas almas gloriosas que já se redimiram das vicissitudes da existência material?
O esclarecido comentador da palavra de Jesus replicou com veemência e brandura:
– Insensibilidade nos mensageiros do bem? Esse conceito nasce da nossa deficiência de verdadeira compreensão. Abraão e Lázaro viram nos sofrimentos do Rico a misericórdia inesgotável do Pai Celestial que, dos nossos erros mais profundos, sabe extrair a água amargosa que nos há de curar o coração. Ambos compreenderam que seria contrariar os desígnios divinos levar ao irmão torturado uma água mentirosa que lhe não mataria a sede espiritual. Quanto ao mais, que pedia o Rico ao Espírito generoso de Abraão? Rogava-lhe que Lázaro voltasse ao mundo para dar a seus pais, a sua mulher, a seus filhos e irmãos as verdades de Deus, a fim de que se salvassem. Como não se lembrou de pedir a difusão dessas mesmas verdades, entre todas as criaturas? Por que razão somente pensou nos seus amados pelo sangue, quando todos os homens, nossos irmãos, têm necessidade da paz de Deus, que é a água viva da redenção? A solicitação do Rico é muita semelhante à maioria das súplicas que partem dos caminhos escuros da Terra, filhas do egoísmo ambicioso ou do malfadado espírito de preferência das criaturas, orações que nunca chegam a Deus, por se apagarem no mesmo círculo de sombra e ignorância em que foram geradas pela insensatez dos homens indiferentes!...
O nosso amigo religioso recebera também a sua lição.
As elucidações evangélicas do dia estavam terminadas.
No recanto silencioso, a que me recolho com as heranças tristes da Terra, intensifiquei as minhas reflexões sobre a grandeza desconhecida do Cristo e, contemplando as perspectivas angustiosas dos quadros sociais da existência terrestre, comecei a meditar, com mais interesse, na profunda Parábola do Rico.
 
Do livro Pontos e Contos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Considerações de Emmanuel sobre Paulo de Tarso

Considerações de Emmanuel sobre Paulo de Tarso

Autor: Emmanuel

CONSIDERAÇÕES DE EMMANUEL SOBRE PAULO DE TARSO

Não são poucos os trabalhos que correm mundo, re­lativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: — Por que mais um livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou informações mais detalhadas de sua vida?

Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda, responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos pro pomos, transferindo ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do pla­no espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios.

Nosso escopo essencial não poderia ser apenas reme­morar passagens sublimes dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legitima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério. Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educa­tivas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.

As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos de­sejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.

Em toda parte há tendências à ociosidade do espí­rito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entre­gam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, prefe­rindo as dominações e regalos de ordem material.

Observando esse panorama sentimental é útil recor­darmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.

Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no como um fanático de coração res­sequido. Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e rís­pido, inclinado a combater os companheiros, com vaida­de quase cruel. Não nos deteremos nessa posição extremista. Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome.

Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministé­rio divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pes­soal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma. O convite ao ministério chega, ás vezes, de maneira sutil, inesperada­mente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarcerament os, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da

sua vida. Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz.

O Mestre chama-o, da sua esfera de claridadeS imor­tais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: — Senhor, que queres que eu faça?

Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e cons­tante.

Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalhO próprio, a fim de Ir ao encontro de Jesus, é o nosso objetivo.

Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo.

Sem Estevão, não teríamos Paulo de Tarso. O gran­de mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que podería­mos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com miste­riosa beleza. A contribuição de Estevão e de outras per­sonagens desta história real vem confirmar a necessida­de e a universalidade da lei de cooperação. E, para ve­rificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fins de empreender a re­novação do mundo.

Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo.

Desde já, vejo os críticos consultando textos e com­binando versículos para trazerem á tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem-intencionados agradecemos sin­ceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para os que vivam em espírito; e ao pedan­tismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica.

Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos cora­ções, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo.



Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941.


Do livro Paulo e Estevão. Pelo Espírito Emmanuel.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Visão Espírita do Homem

Visão Espírita do Homem

Autor: Deolindo Amorim

Já se sabe que o perispírito não é uma invenção
do Espiritismo, como não é um conceito abstrato.
É um elemento real, que tem propriedades e
toma formas visíveis. Com o Espiritismo,
entretanto, em virtude das experiências
mediúnicas que já se acumularam até hoje, o
estudo desse “corpo intermediário”
necessariamente se tornou mais específico,
permitindo que se lhe reconheçam propriedades
relevantes no mecanismo psico-fisiológico. Além
de outros autores, considerados clássicos na
literatura espírita, Gabriel Delanne dedicou boa
parte de seus trabalhos ao perispírito, e trouxe,
por isso mesmo, uma contribuição significativa e
ainda válida em toda a plenitude. Estudou ele,
por exemplo, as “Provas da existência do
perispírito - sua utilidade - seu papel”, no
alentado livro O Espiritismo perante a Ciência. E,
assim, em toda a obra de Delanne, realmente
portentosa, há o que se estudar e pensar a
respeito do perispírito. Não se precisaria fazer
referência a outros, aliás bastante conhecidos no
meio espírita, porque não temos objetivo de
erudição nesta breve crônica jornalística.
Queremos acentuar, sim, o perispírito ou
mediador fluídico tem funções próprias no
composto humano, não é uma criação
imaginária...
Na antigüidade oriental, como na grega, como
entre doutores da Igreja, admitiu-se claramente
a existência de uma “substância”, um corpo, um
elemento equivalente, afinal de contas, entre as
duas realidades fundamentais: a matéria e o
Espírito. Os nomes são diversos e, por isso, há
uma infinidade de expressões para traduzir a
significação do perispírito (terminologia do
Espiritismo) no conjunto psicossomático. Existem
até uns tantos preciosismos de linguagem,
verdadeiras sutilezas verbais para dizer o que
seja, no fundo, esse “corpo bioplásmico”,
segundo a moderníssima denominação
resultante de experiências realizadas na Rússia.
Há contextos espiritualistas em que se encontra
o perispírito, dividido ou apresentado sob outras
rubricas, com as especificações que lhe são
atribuídas. Mas o que é fundamental no caso é a
existência, necessária, de um elemento que se
interpõe no binômio corpo-espírito. A Doutrina
Espírita prefere chamá-lo simplesmente de
perispírito, com explicações acessíveis a todos os
níveis de instrução.
Sob o ponto de vista histórico, entretanto, além
do que já se encontra em velhas fontes orientais,
como noutros ramos da literatura antiga, convém
considerar que na Escolástica primitiva, muito
influenciada por Platão e Agostinho, também se
admitiu a constituição trinária do ser humano:

1) a alma habita numa casa que lhe é
essencialmente estranha; o corpo é o albergue, o
hábito, o recipiente, o invólucro da alma; além de
semelhante imagem, é também usada a do
matrimônio.
2) o corpo e a alma estão unidos por um “spiritus
physucys”, que serve de intermediário;
3) corpo e alma estão unidos pela personalidade
como em uma espécie de união hipostática.
(Barnarco Bartmann - “Teologia Dogmática” - I
vol., Edições Paulinas)

Tão forte lhe parece a união da alma com o
corpo, com a intercalação desse - “spiritus
physucus”, que funciona como intermediário, que
o Autor chega a compará-la a uma espécie de
união hipostática, isto é, união do Verbo divino
com a natureza humana. A idéia de um
“invólucro” ou “intermediário”, uma vez que o
Espírito precisa de um revestimento para que
possa conviver com o corpo, faz parte dos
contextos espíritas, sejam quais forem os nomes
que se lhe dêem. É o persipírito, sem tirar nem
por.
Como o perispírito, a reencarnação, por sua vez,
também já teve adeptos na Igreja, embora contra
ela se tenha pronunciado e firmado sentença o
Concílio de Constantinopla. Mas o certo é que
Orígenes, teólogo e exegeta, defendeu a tese da
preexistência, o que, aliás, é fato muito citado.
Outros teólogos, como se sabe, adotaram a tese
“criacionista”, isto é, a criação da alma com o
corpo ou para o corpo. Justamente nesse ponto,
um dos maiores doutores de sua época - Santo
Agostinho - se defrontou com dificuldades para
conciliar a criação da alma com o “pecado
original”. Quem o diz é ainda Bartmann, na
mesma obra (já referida), e ele próprio, o autor
de “Teologia Dogmática”, também encontra
obscuridade. Vejamos: Se é incompreensível que
a alma derive do ato corpóreo da geração,
todavia também o criacionismo apresenta não
pequenas dificuldades. Já Santo Agostinho não
sabia explicar como a alma, criada por Deus,
podia nascer com o pecado original. A
dificuldade conserva seu valor também para nós.
Outra dificuldade pode surgir da consideração de
uma criação contínua até o fim do mundo, de um
número incalculável de atos diretos de Deus. mas
o ponto-chave do problema, como denuncia o
Autor, está justamente nesta decorrência da tese
“criacionista”: Pareceria, por fim, necessário
admitir uma cooperação imediata de Deus, nas
numerosas gerações manchadas pela culpa. Não
se pode responder à primeira dificuldade senão
recorrendo ao mistério do pecado original. E no
mistério esbarra tudo, não há mais saída para o
raciocínio...
Contrapondo-se à idéia da criação do Espírito
juntamente com o corpo, a Doutrina Espírita
propõe outra análise do problema, nestes
termos:
“Donde vem a aptidão extranormal que muitas
crianças em tenra idade revelam, para esta ou
aquela arte, para esta ou aquela ciência,
enquanto outras se conservam inferiores ou
medíocres durante a vida toda?”
“Donde, em certas crianças, o instinto precoce
que revelam para os vícios ou para as virtudes,
os sentimentos inatos de dignidade ou de
baixeza, contrastando com o meio em que elas
nasceram?” (O Livro dos Espíritos - questão 222).
Se, realmente, o Espírito fosse criado por Deus
no ato do nascimento, seria o caso de admitir,
ainda que por absurdo, criação de indivíduos que
nascem com tendências para a perversão ou para
a delinqüência. Seria obra de Deus?!...
A tese da preexistência explica as inclinações
inatas para o bem ou para o mal, embora a
Doutrina Espírita não negue a influência
fortíssima da educação, do meio social, da
cultura e de outros fatores contingentes. Mas o
Espírito, ao voltar à Terra, pela reencarnação,
traz certa bagagem de conhecimentos, virtudes
ou vícios, responsáveis pelo curso de sua
existência, com todos os altos e baixos deste
mundo. Deus não iria criar para a vida um
Espírito que já estivesse marcado com as paixões
inferiores. Todos começam “simples e
ignorantes” - ensina a Doutrina - mas o próprio
arbítrio, que é indispensável à experiência
individual, pode desviar o Espírito da rota mais
justa e levá-lo aos despenhadeiros morais.
“Simples e ignorantes” é a expressão textual da
Doutrina “O Livros dos Espíritos - questões 115-
121-133-634. É o ponto de partida. Daí por
diante, cada qual adquire sua experiência através
das vidas sucessivas. É um princípio que nos faz
compreender a responsabilidade individual, ao
passo que, se admitíssemos a criação juntamente
com o corpo, chegaríamos a esta conclusão a
fatal: se a criatura é má, se abusa de suas
faculdades ou de seus recursos para dar
expansão a tendências viciosas, não é
responsável por seu procedimento, uma vez que
nasceu assim, foi criada assim por Deus,
colocada no corpo, ao nascer, com todas as suas
mazelas morais. No entanto, o princípio da
responsabilidade individual é válido no tempo e
no espaço, segundo o Espiritismo.
Outra, portanto, é a perspectiva da reencarnação,
que já teve defensores no seio da Igreja, embora
condenada, mais tarde, como heresia. O
desenvolvimento do Espírito modifica o
perispírito, e este, pela ação plasmadora, tem
influência sobre o corpo. Como já vimos, não
apenas Platão, luminar da constelação grega da
antigüidade, esposou a concepção trinária do
homem, mas entre escolásticos também houve
partidários dessa concepção. O homem tríplice
não desagrega a unidade básica do EU. Com esta
visão antropológica, a Doutrina Espírita situa o
homem na Terra, em relação ao presente e ao
passado, apontando-lhe o caminho do futuro,
sem ilusões nem quimeras.

Transformação Interior e o Mundo de Regeneração



Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito), psicografia de Divaldo Franco.

“A fim de que o mundo se transforme é
necessário que haja a modificação do ser
humano para melhor, por ser a célula máter da
sociedade. Enquanto mantiver a enfermidade
espiritual resultante do atraso evolutivo,
nenhuma força externa conseguirá alterar a
marcha moral do planeta, desde que os seus
habitantes recusem-se à transformação interior.
Os momentos que vivemos são de esforço
autoiluminativo, graças às revelações que
descem à Terra com maior frequência e às
informações seguras em torno do processo de
mudança, oferecendo a visão do futuro que a
todos nos espera.
As lições do Mestre de Nazaré, desde há dois mil
anos, convocam-nos ao procedimento moral
correto, à convivência pacífica e ao cumprimento
dos deveres de solidariedade e apoio aos que se
encontram na retaguarda da ignorância, ou
sofrendo os necessários fenômenos de
recuperação pela dor, mediante os testemunhos,
através das experiências aflitivas...
Cada um deve preparar-se para acompanhar a
marcha do progresso, integrando a legião dos
construtores do novo período da Humanidade.
Anunciado por Jesus esse período de transição,
tanto como referendado pelo Apocalipse, narrado
por João evangelista e os profetas que se
manifestaram a esse respeito ao longo da
História, chega o momento de cumprir-se os
divinos desígnios que reservam para a Terra
generosa o destino regenerador, sem as marcas
do sofrimento na sua feição pungitiva e
desesperadora.
As forças do mal, porém, teimam em manter o
quadro atual de desolação, ao lado dos abusos
de toda ordem, porque pretendem continuar
explorando psiquicamente os incautos que se
lhes vinculam através dos hábitos doentios em
que se comprazem na ilusão material.
A morte inevitável, porém, a todos arrebata, e
quando despertam no além-túmulo, estorcegam
na realidade, lamentando os equívocos e
necessitando de oportunidade para reparação.
Esse não mais se dará no planeta Terra, que
deixará de ser de provas, mas em outro de
natureza inferior, onde se deverá expungir a
maldade e a falência moral em situação muito
mais aflitiva e mais amarga."

Livro: Amanhecer de uma Nova Era

LUZ DO AMOR

LUZ DO AMOR


Meus irmãos:
A Criação de Nosso Pai é expressão genuína de Seu Amor incomensurável.
Tudo fulge nos domínios do Universo Divino...
A flor, na haste da planta, é uma estrela de cor e perfume, engalanando de beleza e candura os caminhos por que passam os seres humanos;
A água, brotando da fonte ou caindo em gotículas na feição singela do orvalho, é bendita estrela fecundante, deixando refletir os mistérios do Poder Criador, para que os homens conheçam a saúde e a riqueza mineral...
A terra que nos produz o pão por obra da fartura, se constitui de infinitos e pequeninos grãos e são esses exércitos que nos suportam as ações e reações de conduta, obedecendo ao poder radiante da Luz Criadora do Todo-Sábio...
O Sol é uma grande estrela a nos governar os destinos no Planeta...
E as estrelas cintilantes da abóbada celeste são ninhos de mundos, que alcançam esplendor na luz soberana do excelso Pai...
Tudo vibra, tudo pulsa, tudo brilha na pauta divina da harmonia que nasce da Vontade de Deus!...
Por isso, amigos, o convite de Jesus, em seu Evangelho de redenção, é o fulgor de sua pureza e santidade a nos propor, pelos testemunhos inigualáveis que apresenta, o “Brilhe a Vossa Luz!”....
Amemo-nos! Só o Amor é Vida e nele, que retrata o Pai e Criador de todos nós, encontraremos as respostas para nossos anseios e a definitiva solução para os males que possam existir em nós!...
Quando o Senhor deliberou enviar-nos o Consolador, na feição do Espiritismo Evangélico, agiu por Misericórdia, certo de que, à luz da Verdade sem véus, converter-nos-íamos à Caridade – a mais alta expressão do Amor que se esquece, para exaltar a Luz de Deus, nosso eterno Pai!
Convertamos dores em esperança; desafios em trabalho útil; amarguras em perdão sincero; provas e sacrifícios em luz interior!
Que a doce Mãe de Jesus nos ampare e abençoe!

Do irmão e menor servidor de todos,

Chico Xavier

(Mensagem psicografada dia 08 de julho de 2013 no Grupo Espírita da Bênção, em Mário Campos, MG, pelo médium Wagner G. Paixão)

Expiação individual e/ou coletiva

Editorial
 •  Redação
O culpado busca em si mesmo o seu mais inexorável castigo. (C.I. 2a parte, cap VII, II)1
De modo diverso procede a justiça divina, cujas punições correspondem ao progresso dos seres aos quais elas são infligidas. (C.I. 2a parte, cap VII, III)1
As agonias da Terra têm por premissa as alegrias do céu. (C.I. 2a parte, cap VIII, Marcel)1
Eu quis expiar o orgulho, na última existência, sob a condição de servo. (C.I. VII, Antônio B)1
As tribulações, as vicissitudes, as dificuldades e dores humanas são sempre as consequências de uma vida anterior, culposa ou mal aproveitada. (C.I. VII, Erasto)1
Era a segunda vez que eu expiava a privação da vista. Tendo já expiado, ainda me faltava reparar. (C.I. VII, final, José)1
Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. (Ev. III 15)2
Não há faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. (L.E. Introdução, VI)3
Primeira ordem – Espíritos puros: Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. (L.E. 113)3
Deus impõe a encarnação aos Espíritos com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. (L.E. 132)3
O fim objetivado com a reencarnação é a expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. (L.E. 167, 178)3
Para os Espíritos, não há trevas, salvo as que podem achar-se por expiação. (L.E. 246)3
As vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro. (L.E. 399)3
As classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. (L.E. 931)3
A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito. (L.E. 998)3
Os privados da visão deveriam considerar-se como bem-aventurados da expiação. (R.E. 1863)4
A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falha cometida. – Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. (R.E. 1863)4
É erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. – Assim, nada há de irracional em admitir que um Espírito na erraticidade escolha ou solicite uma existência terrena que e o leve a reparar seus erros passados. (R.E. 1863)4
Bendigo a chama; bendigo os sofrimentos; bendigo a prova, que era uma expiação. (R.E. 1863)4
O que lhe acontece é uma expiação; se quer que esta cesse, terá que se melhorar e provar as boas intenções, começando por se mostrar boa e caridosa para com os inimigos. (R.E. 1864)4
Há provações sem expiação, como há expiações sem provação. (R.E. 1864)4
Essas almas deserdadas desde o nascimento neste mundo já viviam e expiam, em corpos disformes, suas faltas passadas. (R.E. 1864)4
Aliás, quem sabe se esse menino, supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no mundo dos Espíritos, e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação terrena a uma simples enfermidade? (R.E. 1865)4
Por que esses dois seres são feridos juntos? Porque participaram da mesma vida; estavam ligados durante a provação, e devem estar reunidos na vida de expiação. (R.E. 1865)4
O fato seguinte apresenta um caso instrutivo, como aplicação da soberana justiça e como explicação do que por vezes parece inexplicável em certas posições da vida. (R.E. 1867)4
O mesmo sucede quando se trata de crimes cometidos solidariamente por um certo número de pessoas. As expiações também são solidárias, o que não suprime a expiação simultânea das faltas individuais. (O.P. Primeira parte – As expiações coletivas)5

1. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno.
2. ____. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
3. ____. O Livro dos Espíritos.
4. ____. Revista Espírita.
5. ____. Obras Póstumas.

Considerações oportunas sobre a obsessão

Questão sugere que reflitamos sempre.
 •  F. Altamir da Cunha
1. Existe algum sintoma que nos faça concluir que estamos obsidiados?
O exercício do autoconhecimento possibilita a identificação de qualquer alteração no nosso comportamento, alertando-nos sobre uma possível influência espiritual negativa – obsessão. Mas é preciso que adquiramos uma certa prática, porque muitas vezes os sintomas de uma obsessão simples, como arrepios, dores de cabeça, mudança de humor etc., também poderão ser reflexos de distúrbios naturais no nosso organismo, sem que necessariamente estejam associados à obsessão.
2. Como podemos interpretar a culpabilidade de alguém que está obsidiado e pratica um delito?
Esse caso requer um comentário a mais. O fato de alguém ter praticado o delito sob o domínio de um espírito, num estágio de subjugação, atenua o seu débito, por não ser ele portador de total liberdade nessa circunstância; porém não o isenta totalmente de culpa, pois toda obsessão se instala com uma certa permissividade, por parte do obsidiado. É normalmente fruto de sua invigilância, contrariando o ensinamento de Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
3. Como podemos diferenciar nossos pensamentos dos pensamentos de um espírito que esteja nos obsidiando?
Mais uma vez fazemos referência à sabedoria do Mestre Jesus, convidando-nos à vigilância e à oração. Toda pessoa no seu senso normal está familiarizada com os seus pensamentos e desejos mais comuns. Mantendo-se vigilante, ela saberá identificar quando esses pensamentos e desejos estão sendo alterados ou substituídos por outros de ordem inferior, gerando prejuízos para si e/ou para os outros. Assim identificados, poderemos concluir sobre uma provável obsessão.
4. Com relação aos reflexos das obsessões sobre a nossa saúde, como decidir entre procurar um médico ou uma casa espírita?
Nós, principalmente, que atendemos na Casa Espírita, através do diálogo fraterno, nos deparamos constantemente com casos que apresentam dúbio aspecto, ou seja, apresentam sintomas que identificam tanto problemas que requerem tratamento médico quanto espiritual. Essa dubiedade deve-se ao fato de sermos espíritos encarnados; naturalmente acontece uma mútua influência: o corpo influenciando o espírito e vice-versa. Sabemos que existem doenças físicas que geram obsessões e obsessões que geram doenças físicas. Daí a necessidade de orientarmos para que sejam feitos os dois tratamentos – espiritual e médico.
5. A obsessão apenas existe por ação de um desencarnado sobre um encarnado?
Não. Com relação à ação e à passividade entre vítima e verdugo, podemos ter o seguinte:
– Desencarnado sobre encarnado
Esta é a obsessão mais conhecida, e resulta normalmente da ação persistente e maldosa de espíritos desencarnados. Mas também pode acontecer quando espíritos em desequilíbrio, porém não necessariamente maus, são atraídos para os encarnados por força de laços afetivos, afinidades vibratórias, ou à procura de ajuda.
– Encarnado sobre desencarnado
As causas mais comuns (não as únicas) são: a inconformação do encarnado, lamentando e desejando a permanência do ente querido que desencarnou; no caso de desafetos, a emissão de pensamentos negativos por parte do encarnado influencia negativamente o desencarnado. Estas atitudes geram fortes laços magnéticos, que atrai o desencarnado, dificultando o seu retorno ao plano espiritual e fazendo-o sofrer.
– Desencarnado sobre desencarnado
Embora provoque surpresa nas pessoas desinformadas com relação à vida após a morte, é oportuno esclarecer que a morte não elimina ódio e mágoas cultivados enquanto no corpo físico. Muitos espíritos que retornam à espiritualidade, dominados por esse sentimento, não conseguem de imediato apagar de seus corações o desejo incontrolável de vingança. Nesta condição, não apenas obsidia o inimigo enquanto este se encontra no corpo físico, como aguarda a sua desencarnação para continuar o plano de vingança no plano espiritual.
– Encarnado sobre encarnado
Não podemos esquecer que através de pensamentos, palavras e ações, influenciamos e somos influenciados constantemente, e que essa influência pode ser positiva ou negativa. De forma que, se a influência causa sofrimento ou cerceia a liberdade do outro, está assim caracterizada a obsessão.
Portanto, podemos afirmar que o déspota, o ciumento possessivo, o patrão que escraviza, o subalterno preguiçoso e rebelde, pais dominadores que furtam a liberdade e criam dependências nos filhos, são exemplos de obsessores encarnados que escravizam e fazem sofrer outros encarnados.

Guias Espirituais

Todos temos, ligados a nós, desde o nosso nascimento, um Espírito bom, que nos tomou sob a sua proteção.
Desempenha, junto a nós, missão de um pai para com seu filho; a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, através das provações da vida.
Sente-se feliz, quando correspondemos à sua solicitude; sofre quando nos vê sucumbir.
Seu nome pouco importa, pois bem pode dar-se que não tenha nome conhecido na Terra.
Invocamo-lo, então, como nosso anjo guardião, nosso bom gênio.
Podemos mesmo invocá-lo sob o nome de qualquer Espírito superior, que mais viva e particular simpatia nos inspire.
Além do anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos.
Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou até entre pessoas que não conhecemos na existência atual.
Eles nos assistem com seus conselhos, e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.
Deus, em nosso anjo guardião, nos deu um guia principal e superior e, nos Espíritos protetores e familiares, guias secundários.
A prece aos anjos guardiães e aos Espíritos protetores devem ter por objeto solicitar-lhes a intercessão junto de Deus, pedir-lhes a força de resistir às más sugestões e que nos assistam nas contingências da vida. (Ev. XXVIII, 11)1 (L.E., 489 a 521)2 (R.E. 1859)3
Pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que incorreu. (L.E. 393)2
O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de as ter conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las, o guia por intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os Espíritos superiores que o assistem, se atende às boas inspirações que lhe dão. (L.E. 399)2
Jesus é o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo. (L.E. 625)2
Guia mais seguro do que a própria consciência não podia Deus haver dado ao homem. (L.E. 876)2
Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo da guarda que o esclarecesse, grande força adquiriria para se aperfeiçoar. (L.E. 919)2
Nunca seria demais lembrar que vos recomendeis ao vosso anjo da guarda, para que vos ajude a vos manter em guarda contra vosso mais cruel inimigo, que é o orgulho. (R.E. 1860)3
Quanto aos Espíritos que podem ser evocados para tais exercícios preparatórios, é preferível dirigir-se ao seu Espírito familiar, que sempre está próximo e jamais nos deixa. (R.E. 1861)3
Por mais baixo que ela vos fale, essa voz do nosso protetor vos dirá que eviteis aquilo que vos pode prejudicar. (R.E. 1862)3
Os guias vos envolvem com seu manto. Deus, o Deus tão bom e vosso Pai, a todos deu um anjo e um irmão. (R.E. 1862)3
Talvez perguntem por que os Espíritos protetores não lhes forçam a retirada. Sem dúvida o podem e, por vezes, o fazem. Mas, permitindo a luta, também deixam o mérito da vitória. (R.E. 1862)3
Agora vejo claramente que fui instrumento, em parte passivo, do Espírito encarregado de me dirigir para o ponto harmonioso, sobre o qual eu me devia modelar, para adquirir a soma das perfeições que me era dado esperar nesta terra. (R.E. 1865)3
Temos lugar de presumir também que os Espíritos ou anjos têm qualquer parte no governo universal, pois foi recebido como dogma de fé que os homens são guardados pelos anjos e que cada um de nós tem seu anjo de guarda. (R.E. 1865)3
Os Espíritos elevados, que nos assistem de ordinário, comunicam-se mais raramente conosco. (R.E. 1866)3
Tendo perdido um filho de sete anos, e tendo-se tornado médium, a mãe teve a mesma criança como guia. (R.E. 1866)3
Cada ser vivo neste mundo tem um anjo que o dirige, acrescenta Santo Agostinho. (R.E. 1868)3
A certeza de não estarmos espiritualmente sozinhos em nossa presente jornada reencarnatória, dá-nos a coragem, paciência e resignação para perseverarmos otimistas no cumprimento dos deveres que, não por acaso, abraçamos.

1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
2. ____. O Livro dos Espíritos.
3. ____. Revista Espírita.