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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

GARIMPO DE AMOR "...As vidas possuem o amor no seu imo, mas não o conhe­cem. Necessitam de alguém que as desperte para o significa­do profundo e o valor incomparável desse tesouro."

GARIMPO  DE AMOR
 

Narra antiga lenda persa que um homem residia em prós­pera herdade, na cidade de Golconda, com sua família, al­guns camelos e outros animais, um pomar generoso e um rio de águas cantantes que lhe passava pelos fundos da proprie­dade.
 
A existência sorria-lhe bênçãos e nenhuma outra preo­cupação o afligia.
 
Oportunamente passou pela sua vivenda um homem re­ligioso, que viajava convidando as almas à reflexão e à fé. Pediu-lhe hospedagem e foi recebido com carinho.
 
Após o jantar, na primeira noite da sua estada, o visi­tante indagou-lhe:
 
- És feliz, homem? Observo que sorris e desfrutas de algumas regalias da vida. Gostaria de saber se possuis dia­mantes ou pedras outras preciosas, que são as bases da felicidade?
 
O anfitrião, algo surpreendido, respondeu-lhe:
 
- Em realidade, sinto-me muito feliz. Tenho uma família saudável, que amo e pela qual sou amado, desfrutamos to­dos de saúde e confiamos em Deus. Sou negociante próspero, mas não ambicioso, dispondo do necessário para prover o lar de tudo quanto se faz indispensável. Mas não tenho jóias, nem mesmo quaisquer outras pedras preciosas. Apesar dis­so, sim, sou feliz.
 
- Lamento decepcionar-te - redargüiu o vicejante. - Se não possuis diamantes, talvez jamais os hajas visto, não sabes o que é a felicidade, tampouco és realmente fe­liz.
 
Passando a outros temas, logo depois, recolheram-se ao leito.
 
O homem, que se sentia feliz, começou a pensar na in­formação que recebera, e pôs-se a ponderar a respeito do valor dos diamantes. Passou uma noite maldormida.
 
No dia seguinte, o hóspede foi-se adiante, e, ao despe­dir-se, insistiu, sugerindo:
 
- Pensa nos diamantes, conforme te falei.
 
A partir dali, o homem tranqüilo passou a cobiçar dia­mantes. Procurou conhecer alguns, e perdeu a paz.
 
Resolveu, por fim, vender a propriedade, deixou uma grande parte do dinheiro com um cunhado, a quem confiou a família, enquanto seguiu em longa viagem na busca de diamantes.
 
Vadeou rios, atravessou florestas, visitou montanhas e vales, venceu desertos, buscando sempre diamantes, sem ja­rnais os conseguir.
 
Passaram-se os anos, ele envelheceu procurando dia­mantes, a enfermidade o vitimou e a morte arrebatou-o, sem que houvesse alcançado a felicidade através das pedras famosas.
 
Sua família, que houvera perdido o contato com ele, dis­persou-se e sofreu amargamente o abandono, a miséria, a separação...
 
Aquele que lhe houvera comprado a propriedade, vivia feliz e era generoso para com todos.
 
Mais de um decênio transcorrido, o religioso viajante retornou à propriedade e procurou informar-se a respeito do antigo generoso anfitrião. Foi informado de que já não resi­dia ali, de que houvera vendido a casa e as terras, sem que se soubesse do destino que elegera.
 
Convidado a pernoitar na mesma residência, após o jan­tar, enquanto conversava com o senhor que o hospedava, observou sobre a lareira algumas pedras que brilhavam no crepitar das labaredas. Levantou-se, segurou algumas delas, aproximou-as da claridade, e perguntou, emocionado:
 
- Onde encontraste estas gemas?
 
- Entre os seixos e outras pedras no riacho - respondeu-­lhe o anfitrião, desinteressado. - Os animais pisam-nas, en­quanto sorvem a água transparente, e porque me pareceram muito originais, trouxe algumas para decorar a lareira.
 
- Homem de Deus! - exclamou o religioso, trêmulo, quase a desvairar. - Estas pedras são diamantes. Amanhã, muito cedo, leva-me ao córrego...
 
... E passou uma noite inquieta, aflito.
 
Pela alva, seguiu com o proprietário na direção do rega­to, e quando lá chegaram, o religioso, com olhar- de lince, constatou que as águas transparentes deslizavam sobre um leito de diamantes brutos, negros, brancos, amarelos, des­prestigiados entre calhaus sem valor.
 
Desse modo, descobriu-se uma das maiores minas de diamantes do mundo, de onde saíram pedras, fábulosas, al­gumas denominadas como Príncipe Orloff, Ko-i-Noor, etc., que dormem em museus famosos do mundo ou brilham nas coroas de muitos reis.
 
O homem, que era feliz sem conhecer diamantes, dei­xou-os no quintal da residência para ir procurá-los, mundo afora, sem nunca os encontrar...
 
 
*
 
 
O mesmo fenômeno ocorre com o amor.
 
As vidas possuem o amor no seu imo, mas não o conhe­cem. Necessitam de alguém que as desperte para o significa­do profundo e o valor incomparável desse tesouro. No entan­to, muitos se referem ao amor como algo que está em tal ou qual lugar, apresenta-se nesta ou naquela situação, sob uma ou outra condição, indicando lugares onde raramente pode ser encontrado.
 
O amor radica-se no imo de todos os seres pensantes, esperando somente ser identificado, para realizar o mister para o qual se destina.
 
Não exige sacrifício nem qualquer imposição externa, pois que pulsa, mesmo quando ignorado, realizando o seu mister até o momento em que estua de beleza e harmonia, dominando as paisagens que o agasalham.
 
La Fontaine escreveu que "nada tem poder sobre o amor; o amor tem-no sobre todas as coisas."
 
O amor converte os sentimentos humanos e sublima-os, tornando-os santificados e libertadores.
 
Gandhi afirmava que "por mais duro que alguém seja, der­reterá no fogo do amor; se não derreter, é porque o fogo não é bastante forte."
 
O amor espera pacientemente no leito do rio existencial humano até o momento em que seja descoberto, passando pelo período de desbaste da ganga externa, a fim de que a sua luminescência esplenda em toda a sua glória estelar.
 
Não surge completo, acabado. Necessita ser trabalha­do, aprimorado, bem orientado.
 
Quanto mais é aplicado, mais se aformoseia, e quanto mais é repartido, mais se multiplica em poder, valor e signifi­cado.
 
É o grande desafio para a existência humana, para a conquista do Espírito imortal.
 
 
*
 
 
O amor é um garimpo de diamantes estelares que deve ser explorado.
 
Possui gemas de diferentes qualidades e valores muito diversos.
 
De acordo com a coragem e a decisão de quem busca encontrar as suas riquezas insuperáveis, sempre oferece no­vos matizes e configurações especiais.
 
Assim pensando, ocorreu-nos compor uma pequena obra na qual pudéssemos apresentar- o amor sob diferentes enfo­ques, relacionando-o com variadas situações e em relação a alguns desafios existenciais.
 
Não se trata de um trabalho original, nem de profundidade, pois que não foram esses os objetivos a que nos propumos.
 
Buscamos expressar o nosso pensamento conforme as propostas de Jesus exaradas no Seu Evangelho, em atual colocação psicológica, com caráter terapêutico para o cor­po, para a emoção, para a mente, para o ser eterno que somos todos nós.
 
Esperando haver alcançado a meta que desenhamos, exoramos as bênçãos de Deus para todos nós, guardando a certeza de que os amáveis leitores que viajarem conosco através das páginas que lhes trazemos, concluí-las-ão certamen­te renovados e confiantes na vitória do amor em qualquer contingência existencial.
 
Joanna de Ângelis
 
Maia (Portugal), 1º de novembro de 2002.
 
(prefácio da obra Garimpo de Amor - Editora LEAL)

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 63

 
 
A matéria bruta é o primeiro estágio; o tempo a coloca em estado receptivo, e a força vital dar-lhe-á movimento. Assim, ela avança pelo desabrochar das suas qualidades intrínsecas, buscando vida, modificando estruturas e criando condições para servir de corpo ao Espírito imortal, na qualidade de filho mais próximo do Senhor. Tudo vem de Deus. A própria Bíblia afirma essa verdade, e ela realmente é filha do Criador em todos os seus aspectos. Tudo se processa em variadas concordâncias, na luz universal. Devemos estudar para conhecer, para discernir, e a razão não deve ficar estática; ela também obedece à lei da ascensão, a que chamamos de evolução, caindo com o tempo em um reino mais amplo, o da intuição. Esta avança com o tempo e nas bênçãos do espaço, buscando pela maturidade o estado de conscientização, que é o fenômeno da consciência, antes dividida em vários estágios, em um só volume unificado, reunindo todas as experiências absorvidas em inúmeras reencarnações, mostrando todas as qualidades como em um livro, a quem quer que seja. É a luz em cima do alqueire a que se referem os ensinamentos do Senhor Jesus.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 62

 
 
O Espírito desejoso de conhecer a si mesmo e o ambiente onde vive é aquele que está disposto a dar o primeiro passo na eternidade dos esclarecimentos espirituais, e não perde tempo, no tempo que passa a nosso favor. A matéria é a presença divina a nossa frente. Pode-se dizer que é o seio da geração que transforma constantemente os seus próprios valores, em claridades benfeitoras. Tudo na vida é fecundado. O sexo vai desde a forma unicelular até os anjos, em uma ascensão de esplendor, dando e fazendo ambiente para que a vida se expresse nas bênçãos de Deus. O princípio vital fecunda a matéria, que vira mãe por se consubstanciar em movimento, expressando a vida com maior fulgor e mostrando tonalidades de belezas em todos os seus gestos e que, conseqüentemente, busca outras formas mais elevadas.
O estudo das transformações já é fascinante, e se torna muito mais, quando nos conscientizamos destes valores em nós mesmos. O ser espiritual, encarnado ou desencarnado, quando começa a auto-educação, no silêncio de cada dia, sem reclamar, sem discutir, ou sem exigir, mesmo em detrimento de sua própria paz transitória, com o espaço de tempo acenderá uma luz no seu próprio céu interior, em conexão com a luz que sustenta e gera vidas, que lhe bafejará todo o ser, garantindo-lhe uma paz imperturbável no coração e no reino da consciência, mostrando-lhe que valeu a pena sofrer, lutar e confiar no trabalho empreendido por dentro, porque todo o exterior passou a lhe obedecer, para a conquista dá felicidade que todos almejamos. Abençoemos a matéria, pois ela é nosso veículo de trabalho e de esperança!

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 61

 
 
Há diferentes estados da matéria, dependendo do grau que ela se encontra na pauta da ascensão, entretanto, em se buscando o princípio, ela é a mesma em qualquer lugar a que foi chamada a servir. O agente ideador de todos os corpos que buscam a perfeição é pois, o movimento. As forças se intercruzam em um campo formado pelo cinetismo e formam corpos diferentes, com diferenciação na própria matéria; essa é a riqueza das coisas que foram estabelecidas pelo grande Arquiteto do Universo. A Inteligência Suprema é sábia e soberana, e se nós outros achamos que existem muitos segredos na natureza, na verdade existem muito mais do que imaginamos. É, pois, infinita a lavoura de pesquisas. O que os homens, e nós mesmos, já conseguimos entender e, por vezes, dominar, ainda não é um traço na imensa escrita divina nas mãos dos arcanos da divindade.
Os corpos orgânicos e inorgânicos mostram alguma diferenciação no que toca a sua presença, todavia, nos seus fundamentos é a mesma matéria primitiva a obedecer ao tempo, à força da gravidade e ao agente universal que encontra campo de afinidade na profundidade do seu seio e ali ativa outros movimentos, objetivando o despertamento dos valores que em tudo existe, doados pelo amor d'Aquele que nos deu a própria vida. Devemos saber que toda a matéria é visitada por fora e por dentro por esse agente universal, entretanto, nos corpos que já mostram maturidade e que passam a ser corpos orgânicos, ele encontra coesão, animalizando a própria matéria e dando aspectos de mais vida. Ele, esse agente divino, é que lhe faz surgir movimento próprio, caindo o corpo na classificação de outro reino, que é o dos corpos orgânicos.
O que tentamos escrever sobre esse assunto são leves traços, para que possas achar “onde enfiar a linha na agulha e costurar livremente" a vida toda. Cada criatura é um pesquisador, e é da sua obrigação estudar, meditar, examinar e chegar às conclusões que correspondem à verdade. Cada um de nós temos de dar a nossa cooperação na grande estrutura universal do saber, porque todos nós estamos procurando saber o que Deus escreveu no grande livro da natureza, e isso é altamente compensador; desperta no nosso coração uma alegria grandiosa pelo domínio que vamos alcançando nas direções que nos compete percorrer. Não podemos nunca desprezar a matéria. Ela é o primeiro passo para o nosso aprendizado. Se o Espírito não precisasse da matéria, ela não existiria. O Espírito é irmão da matéria em toda a sua extensão de vida, a luz é irmã das trevas, onde quer que estejam essas duas forças, e Deus é Pai de tudo que existe e que, porventura, venha a existir.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 60

 
 
As divisões dos seres são inumeráveis, no reino da Terra; contudo, eles se encontram existindo com a mesma força espiritual de Deus. As divisões dos reinos são escalas, onde cabe a cada um existir e viver do modo que a sua constituição comportar, pelo despertar de valores existentes na gradatividade das eras. Os seres a que chamamos inorgânicos estão se preparando, no seio do tempo, para alcançarem organismos compatíveis com as suas necessidades de viver melhor. Todos os seres da Terra, todos os animais e mesmo as plantas, começaram há milhões de anos como sendo unicelulares, para depois serem transformados em formas variadas, pelas mãos invisíveis dos benfeitores da eternidade, Espíritos angélicos que se ocupam com o despertamento dos dons que dormem nos animais, nos homens e na natureza.
Os seres que têm movimento próprio se encontram em uma escala mais elevada de vida. A árvore está em estado de sonho, com o seu psiquismo em fase de formação, já com certas sensibilidades que retratam algumas emoções. Os animais tanto mostram os movimentos internos dos seus órgãos, como os externos, e o próprio instinto se consagra em uma escala maior do que nas árvores. Os homens já mostram as claridades evolutivas como criaturas superiores, porque são dotados de razão. Nesses, a inteligência se manifesta pela força da evolução - se esse é bem o termo -, que põe a pensar todos os sábios do mundo, principalmente os materialistas, que sempre perguntam no silêncio dos laboratórios: de onde vem a inteligência? Somente a presença do Espírito no corpo pode responder. Verdade é que eles ainda não acreditam, mesmo vendo e tocando, negam por imaturidade espiritual. Deus não fez nada escondido: nós é que não temos qualidades para assimilar as verdades estabelecidas pelas leis do Criador, porém, a maturidade nos confere os meios de descobrir segredos escondidos desde o princípio, nas dobras do próprio tempo, de acordo com as nossas necessidades.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Estudos: Série Psicológica Módulo 1 " A Estrutura da Psique 1"

Publicaremos estas video aulas em toda Terça Feira, Sábado e Domingo

Estudos :Série Psicológica " Introdução"


Estamos divulgando a todos interessados , um estudo da série Psicológica de Joana de Angelis psicografada por Divaldo Franco que realmente nos faz entender quem somos nós e de como devemos enfrentar os nossos traumas , medos, egoísmo e dentre muitos outros agregados, este programa esta disponível  na TV Cei e estaremos publicando em nosso blog. Estudem e divulguem!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita(FEB) Livro I- Espiritismo e Cristianismo Roteiro 5

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
5
Objetivos
• Esclarecer, em linhas gerais, a missão desempenhada por
Moisés.
• Justificar a importância do Decálogo para a humanidade.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO I - ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
• Moisés foi um judeu criado na casa real do faraó egípcio. Estando Moisés com
na idade de quarenta anos fugiu para o deserto, após ter agredido um egípcio
que maltratou um judeu. (Êxodo, 2:11-12. Atos dos Apóstolos, 7:23-24)
• Na lei moisaica há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte
Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra,
apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. A lei de
Deus está formulada nos Dez Mandamentos. Allan Kardec: O evangelho segundo
o espiritismo. Cap. 1, item 2.
• Moisés [...] foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão,
vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina
[...]. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 2.
MOISÉS, O MENSAGEIRO DA
PRIMEIRA REVELAÇÃO
59
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Informações históricas
A Bíblia nos relata que Abraão teve dois filhos: Isaac, nascido de sua esposa
Sarah, e Ismael, de sua escrava egípcia, Hagar. (Gênesis, 21:1-21. Atos dos
Apóstolos, 7: 2-8) Isaac, considerado o legítimo herdeiro, casou-se com Rebeca
(Gênesis, capítulo 24) e teve dois filhos: Esaú e Jacó. Este, cuja progenitura
ganhou do irmão em troca de um prato de lentilhas, casou-se com Raquel,
com quem teve dois filhos: José e Benjamim. No entanto, Jacó teve mais dez
filhos, cinco de Lia, irmã de Raquel, com quem se casara primeiro, e cinco de
escravas. (Gênesis, 35: 23-26.)
Os hebreus, descendentes de Jacó, chamavam a si próprios de filhos de
Israel ou israelitas, e formaram as doze tribos de Israel. Os irmãos de José
venderam-no como escravo ao faraó egípcio, mas, em razão de sua sabedoria e
influência, tornou-se vice-rei do Egito. (Gênesis, 37:1-36. Atos dos Apóstolos,
7:8-10)
Devido à fome reinante, os judeus foram viver no Egito, inclusive os
irmãos de José. (Gênesis, 42 a 50) Por influência deste, os judeus se tornaram
numerosos no Egito. No entanto, ocorrendo substituição no trono egípcio,
o novo faraó temendo que os filhos de Israel se tornassem demasiadamente
poderosos, como estava acontecendo, tornou-os escravos. (Atos dos Apóstolos,
7:11-18)
O povo hebreu esteve cativo no Egito por cerca de quatrocentos anos,
oprimido por penosos trabalhos de construção e de cultivo de cereais. Mais
SUBSÍDIOS
MÓDULO I
Roteiro 5
60
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
tarde, o faraó determinou que se lançassem ao Nilo todos os meninos hebreus,
recém-nascidos para que não se mantivesse a progenitura racial judaíca. (Êxodo,
1:15-22. Atos dos Apóstolos, 7)
Uma das mães israelitas, da casa de Levi (um dos filhos de Jacob), teve
um filho, escondendo-o durante três meses. Porém, não podendo conservá-lo
oculto por mais tempo, tomou um cesto de junco betumado com resina e pez,
meteu dentro o menino e deixou o cesto boiar entre os canaviais, à margem
do rio Nilo. A irmã do menino conservou-se escondida a alguma distância
para ver o que aconteceria. Chegou a filha do faraó e, vendo o cesto no meio
do canavial, mandou uma criada buscá-lo. Abriu-o e viu o menino chorando.
Ficou cheia de pena e disse: “É um filho de hebreus”. A irmã da criança
aproximou-se e perguntou: “Quereis que vá chamar uma mulher israelita para
amamentar esse menino?” Ela respondeu: “Vai, sim”. A menina foi chamar a
própria mãe, que, sob a proteção da filha do faraó, amamentou o menino e
acompanhou de perto sua educação, sem revelar o parentesco que havia entre
ambos. A mãe adotiva de Moisés deu-lhe este nome porque das águas o tinha
tirado. (Êxodo, 2:1-10)
Moisés, judeu de nascimento, foi, portanto, educado por uma egípcia da
casa real. (Atos dos Apóstolos, 7:20-22) Estando Moisés com aproximadamente
quarenta anos de idade, não suportava mais ver a aflição dos israelitas, cativos
do rei do Egito. Certa vez, ao ver um judeu sendo maltratado, Moisés, defendeu
o irmão de raça, matando ou ferindo o egípcio. (Êxodo, 2:11-12. Atos dos
Apóstolos, 7:23-24)
Sentenciado à morte pelo faraó, Moisés fugiu para a terra de Midian (ou
Madian), vivendo com a família de Jertro, um sacerdote. Moisés casa-se, então
com Zípora, uma das seis filha do sacerdote, com quem teve um filho chamado
Gérson (Êxodo, 2:15-22) e, mais tarde, outro de nome Elieser.
Na solidão do deserto, cuidando de ovelhas, Moisés meditava a respeito de
tudo o que lhe tinha ocorrido, desde o nascimento. Elaborou então um plano
que serviria, no futuro, de base para a constituição da fé judaica. O sofrimento
e a solidão do deserto fizeram Moisés entender que os deuses egípcios jamais
ajudariam os hebreus, cujas práticas devocionais eram muito simples, se comparadas
com os rituais egípcios. Percebeu, assim que todos os descendentes
de Jacó adoravam ídolos caseiros, os therafins tribais, e os obscuros deuses da
natureza, os elohins. Moisés concluiu, por inspiração, que, na verdade, existia
apenas um único e poderoso Deus, capaz de agir sobre os demais e sobre
61
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
todas as coisas, tal como um século antes afirmara o faraó Amenotep IV, que
pregava a existência de um único Deus (a divindade solar Athen/Athon). 4
(Êxodo, capítulos 3 e 4)
2. Moisés: o mensageiro da primeira revelação divina
Certo dia, andando pelo deserto com suas ovelhas, perto do monte Sinai,
pertencente à cadeia montanhosa do Horeb, Moisés viu um anjo, que surgiu
numa chama de fogo, dentro de uma sarça. Reparou que o fogo ardia, mas a
sarça não se consumia. Então, o anjo disse:
Moisés, Moisés! Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus
de Jacob! Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor.
Conheço-lhe o sofrimento. [...] Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o
meu povo, os filhos de Israel, do Egito. Então disse Moisés a Deus: Quem sou eu para ir
a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel? Deus lhe respondeu: Eu serei contigo; e este
será o sinal de que eu te enviei: depois de haver tirado o povo do Egito, servireis a Deus
neste monte. (Êxodo, 3:1-22)
Conta a tradição judaica que, a partir daquele instante, Deus concedeu
poderes a Moisés, permitindo, com o auxílio de seu irmão Aarão, o resgate
dos judeus das terras egípcias. A retirada dos judeus ocorreu após árduas lutas,
entremeadas com as manifestações da prodigiosa mediunidade de Moisés,
que culminaram no surgimento das dez pragas, a saber: transformação das
águas dos reservatórios naturais e dos utensílios em sangue; invasão de rãs;
disseminação de piolhos; invasão de enxames de moscas; peste nos animais;
úlceras e tumores nos homens e animais; chuva de pedras; invasão de gafanhotos;
surgimento das trevas, transformando o dia em noite; condenação à
morte de todos os filhos primogênitos dos egípcios, inclusive o filho de faraó
(Êxodo, 4-14).
Ao sair do Egito, transportando uma multidão de judeus, os exércitos de
faraó fazem a última tentativa de mantê-los prisioneiros, mas Moisés consegue,
pela sua mediunidade, o prodígio de abrir caminho nas águas do Mar
Vermelho (Êxodo, 14: 1-31).
Contam, ainda, as tradições do Judaísmo que Moisés conduziu os israelitas
pelo deserto, durante quarenta anos, antes de localizarem a Canaã,
a terra prometida por Deus a Abraão. (Êxodo, capítulo 17 a 40) A vida dos
judeus no deserto foi dura, repleta de grandes e pequenos obstáculos, antes de
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
62
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
se organizarem como nação e de se unirem em torno de uma única religião,
fundada com o recebimento do Decálogo ou Dez Mandamentos, no monte
Sinai. (Êxodo, 20: 1-26)
Consta que, para suprir a fome de milhares de judeus (cerca de 600 mil),
Deus teria concedido o manah, alimento que caía do céu em forma de chuva.
(Êxodo, 16:4-5) Estando Moisés com o povo num lugar sem água, viu-se em
extrema dificuldade, já que as pessoas ameaçavam apedrejá-lo. Ele, então, recorre
a Deus no sentido de solucionar o problema. O Senhor orienta Moisés
a ir até a pedra de Horeb e feri-la com a mesma vara com a qual ele tocara o
rio. Moisés segue as orientações dadas pelo Senhor, e a água surge para saciar
a sede do povo. (Êxodo, 15: 23-27. Capítulo 17)
No terceiro mês após a saída do Egito, diz a tradição, que os israelitas chegaram
ao pé do Sinai, armaram suas tendas e Moisés subiu até o cimo, onde o
Senhor lhe disse: “Manda que lavem as vestes e estejam prontos para o terceiro
dia. Nesse dia, quando soar a trombeta, que todos se aproximem do monte”.
Moisés obedeceu ao Senhor e, na madrugada do terceiro dia, houve trovões e
relâmpagos, e uma espessa nuvem envolveu o Sinai. Ouviu-se o som estridente
de trombetas.Todos se atemorizaram. (Êxodo, capítulo 19)
Moisés levou os israelitas para junto da montanha, e o Senhor promulgou,
então, o Decálogo, pelas mãos de Moisés, em duas tábuas de pedra (Êxodo, 20:
1-21. Deuteronômio, 5:6-21).
Na lei moisaica há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a
lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos
costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. A lei de Deus está formulada
nos Dez Mandamentos seguintes:
I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis,
diante de mim, outros deuses estrangeiros. – Não fareis imagem es- culpida, nem figura
alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja
nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano.
II. Não pronunciareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus.
III. Lembrai-vos de santificar o dia do sábado.
IV. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor
vosso Deus vos dará.
V. Não mateis.
VI. Não cometais adultério.
VII. Não roubeis.
VIII. Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo.
IX. Não desejeis a mulher do vosso próximo.
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
63
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
X. Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,
nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam. 1
Esclarecem, ainda, os Espíritos da Codificação:
É de todos os tempos e de todos os países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter divino.
Todas as outras são leis que Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor,
um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados
abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir
autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos
os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava apoiar-se na
autoridade de Deus; mas, só a idéia de um Deus terrível podia impressionar criaturas
ignorantes, em as quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o
sentimento de uma justiça reta. 1
Com o Decálogo inicia-se verdadeiramente a religião judaica, organizada
por Moisés, ficando estabelecidas as bases da teocracia do Judaísmo.
Além de médium, Moisés era legislador e homem como os demais. A grande lei, diz
ele, foi transmitida diretamente por Deus. Mas, conhecidos, como hoje se conhecem, os
fenômenos psíquicos, logo se percebe que um Espírito elevado foi o mensageiro daqueles
mandamentos, que o profeta transmitiu à posteridade com as falhas infalíveis do crivo
humano e os acréscimos que a época impunha. 3
Devemos considerar que, devido ao nível evolutivo de Moisés, é improvável
que ele conversasse diretamente com Deus.
A [...] Lei ou a base da Lei, nos dez mandamentos, foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus,
porquanto todos os movimentos de evolução material e espiritual do orbe se processaram,
como até hoje se processam, sob o seu augusto e misericordioso patrocínio. 8
É importante destacar também o seguinte:
As [...] seitas religiosas, de todos os tempos, pela influenciação dos seus sacerdotes,
procuram modificar os textos sagrados; todavia, apesar das alterações transitórias, os
dez mandamentos, transmitidos à Terra por intermédio de Moisés, voltam sempre a
ressurgir na sua pureza primitiva, como base de todo o direito no mundo, sustentáculo
de todos os códigos da justiça terrestre. 7
Moisés possuía uma mediunidade prodigiosa, desenvolvida na intimidade
do templo egípcio. Todavia, o seu Espírito ainda tinha muito o que evoluir.
Por esse motivo há discrepâncias entre o que ensinava, tendo como base o
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
64
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Decálogo, e o que exemplificava.
A legislação de Moisés está cheia de lendas e de crueldades compatíveis com a época,
mas, escoimada de todos os comentários fabulosos a seu respeito, a sua figura é, de fato,
a de um homem extraordinário, revestido dos mais elevados poderes espirituais. Foi o
primeiro a tornar acessíveis às massas populares os ensinamentos somente conseguidos
à custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades. 6
A saída do Egito é comemorada como sendo a Páscoa Judaica. É uma
das tradições primitivas mais festejadas, mas sem o cerimonial e a concepção
extremista do passado. A tradição transmitida às gerações futuras diz que essa
festa foi, até a morte de Moisés, comandada por Miriam, sua irmã (a que ficou
vigiando-o quando, em criança, foi colocado numa cesta no Nilo), e se caracterizava
por danças e cânticos alegres, animados pelos sons de tamborins. 4
Moisés era possuidor de uma personalidade magnética, dominadora, hábil manipulador
das massas e grande líder. Sabia incutir nas almas supersticiosas e ignorantes os temores
animistas de um Deus vingador e zeloso. A sua prodigiosa mediunidade de efeitos físicos,
associada à de outros auxiliares diretos, sobretudo a do seu irmão Aarão, que tinha
o dom da fala e do convencimento, foram fatores que contribuíram para organizar a
nação e a religião judaicas. Contudo, Moisés era um produto do meio onde fora criado
em que o conhecimento espiritual era usado para obter domínio junto às mentes vacilantes.
Outro costume herdado da sua educação egípcia está relacionado à infidelidade
conjugal, incomum entre os judeus mas difundida entre os não-hebreus. Acredita-se
que Moisés desentendeu vezes sem conta com a sua irmã Miriam a este respeito, pois, é
sabido que o missionário teve outras esposas, além de Zipporah [Zípora]. 4 (Números,
12:1-16. Juízes, 4:11)
Acredita-se que Moisés, educado na cultura egípcia, teria sido um sacerdote
de Osíris. 2 Ele julgava o ritual da religião faraônica muito complicado
e que merecia ser simplificado. Para ele os rituais mais significativos estavam
diretamente relacionados aos números, fazendo surgir, assim, as bases da
Cabala Judaica.
Este foi o ponto inicial da cisão ocorrida entre Moisés e os egípcios. Dessa
forma, rompe com a tradição dos chamados iniciados. Ele ensinou, a todos, os
mistérios da Cabala, mas sob o véu do simbolismo, de forma que somente os
Espíritos mais adiantados ou argutos conseguiram entende-la. Por essa razão
é que muitos livros de Moisés podem parecer infantis aos que desconhecem o
lado oculto dos ensinamentos, transmitidos de forma oral. 2,4 e 5
A tradição ora da Cabalal não é repassada a qualquer adepto do Judaísmo.
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
65
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
É, antes, confiada a 70 discípulos escolhidos segundo as idéias existentes em
Números, 11:16-17 e 25. A esotérica iniciação judaíca acontece com a compreensão
do Livro da Criação, ou Sepher Jersirah, e do Livro dos Princípios,
ou Zohah. São obras de leitura e entendimento difíceis, uma vez que a linguagem
abstrata é incompreensível para quem não tem a chave da iniciação
(transmitida oralmente). Um dos mestres do pensamento esotérico moderno,
Eduardo Schuré, não tem dúvidas de que Moisés teria escrito o livro Gênesis
em hieróglifos, em três sentidos diferentes, confiando a chave da interpretação
e a explicação dos mesmos, oralmente, aos seus sucessores.
A chave e as explicações estariam relacionadas não apenas aos números,
mas à sonoridade da pronúncia das palavras que, parece, induziriam a um
estado de transe e ligação com Espíritos. Ainda segundo este estudioso, na
época de Salomão o livro Gênesis teria sido traduzido em caracteres fenícios
e, quando em cativeiro na Babilônia, Esdras o teria redigido em caracteres
arianos caldaicos. Os tradutores gregos da Bíblia tinham uma informação
superficial da chave e explicações de Moisés. São Jerônimo, que fez a versão
da Bíblia para o latim, nada sabia das tradições. Foi assim que se perdeu, pelo
menos para os religiosos não-judeus, o entendimento esotérico dos ensinamentos
de Moisés. 2, 4 e 5
Até agora, a Humanidade da era cristã recebeu a grande Revelação em três aspectos
essenciais: Moisés trouxe a missão de Justiça; O Evangelho, a revelação de insuperável
Amor, e o Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime
tarefa da Verdade. No centro das três revelações encontra-se Jesus-Cristo, como o
fundamento de toda a luz e de toda a sabedoria. É que, com o Amor, a Lei manifestou-se
na Terra no seu esplendor máximo; a Justiça e a Verdade nada mais são que os instrumentos
divinos de sua exteriorização, com aquele Cordeiro de Deus, alma da redenção
de toda a Humanidade. A Justiça, portanto, lhe aplainou os caminhos, e a Verdade,
conseguintemente, esclarece os seus divinos ensinamentos [...]. 9
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
66
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro, FEB, 2005. Cap. 1, item 2, p. 53-55.
2. DURVILLE, Henri – A ciência secreta. Tradução. de um membro do círculo
esotérico. São Paulo: O Pensamento, s/d, p. 293-340.
3. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.Cap. O Espiritismo
entre as religiões, item Moisés, p. 173.
4. POTTER, Charles – História das religiões. Tradução de J. Sampaio Ferraz.
São Paulo: Ed. Universitária. 1994, cap. 1 (Moisés), p. 41-80.
5. SMITH, Huston – As religiões do mundo. Tradução de Merle Scoss. São
Paulo, Editora Cultrix, 2002. Cap. 7 (Judaísmo), p. 261-301.
6. XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 2 (A ascendência do evangelho), item: A
lei moisaica, p. 27.
7. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006, questão 268, p. 161.
8. ______. Questão 269, p. 161.
9. ______. Questão 271, p. 162.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 5 - Moisés, o mensageiro da primeira revelação
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Dinamizar o estudo por meio de pequenos
grupos que deverão ser orientados a ler, analisar
e debater a missão desempenhada por Moisés e a
importância do Decálogo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A fatalidade e os pressentimentos


Revista Espírita, março de 1858
INSTRUÇÕES DADAS POR SÃO LUÍS
Um dos nossos correspondentes nos escreveu o que segue:
"No mês de setembro último, uma embarcação leve, fazendo a travessia de Dunkerque à
Ostende, foi surpreendida por um tempo agitado e pela noite; o barquinho soçobra, e das
oito pessoas que o tripulavam, quatro perecem; as outras quatro, entre as quais me
encontrava, conseguiram se manter sobre a quilha. Permanecemos toda a noite nessa
horrível posição, sem outra perspectiva do que a morte, que nos parecia inevitável e da qual
experimentamos todas as angústias. Ao amanhecer, tendo o vento nos levado à costa,
pudemos ganhar a terra a nado.
"Por que nesse perigo, igual para todos, só quatro pessoas sucumbiram? Anotai que, por
minha parte, é a sexta ou sétima vez que escapo de um perigo tão iminente, e quase nas
mesmas circunstâncias. Sou verdadeiramente levado a crer que mão invisível me protege.
Que fiz para isso? Não sei muito; sou sem importância e sem utilidade neste mundo, e não
me gabo de valer mais do que os outros; longe disso: havia, entre as vítimas do acidente,
um digno eclesiástico, modelo de virtudes evangélicas, e uma venerável irmã de São Vicente
de Paulo, que iam cumprir uma santa missão de caridade cristã. A fatalidade me parece ter
um grande papel no meu destino. Os Espíritos, nela não estariam para alguma coisa? Seria
possível ter, por eles, uma explicação a esse respeito, perguntando-lhes, por exemplo, se são
eles que provocam ou afastam os perigos que nos ameaçam?-"
Conforme o desejo de nosso correspondente, dirigimos as perguntas seguintes ao Espírito de
São Luís que gosta de se comunicar conosco todas as vezes que há uma instrução útil para
dar.
1. Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando
dele escapa, é um outro Espírito que o afasta?
Resp. Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; escolhendo-a se faz uma espécie
de destino, que não pode mais conjurar, uma vez que a ele está submetido; falo de provas
físicas. Conservando o Espírito no seu livre arbítrio, sobre o bem e o mal, é sempre o senhor
para suportar ou repelir a prova; um bom Espírito, vendo-o enfraquecer, pode vir em sua
ajuda, mas não pode influir, sobre ele, de maneira a dominar a sua vontade. Um Espírito
mau, quer dizer, inferior, mostrando-lhe, exagerando-lhe um perigo físico, pode abalá-lo e
amedrontá-lo, mas, a vontade do Espírito encarnado não fica menos livre de todo entrave.
2. Quando um homem está no ponto de perecer por acidente, me parece que o livre arbítrio
nisso não vale nada. Pergunto, pois, se é um mau Espírito que provoca esse acidente, que
dele é, de algum modo, o agente; e, no caso em que se livra do perigo, se um bom Espírito
veio em sua ajuda.
Resp. O bom Espírito ou o mau Espírito não pode senão sugerir bons ou maus pensamentos,
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1858/03d-a-fatalidade.html (1 of 3)7/4/2004 08:13:30
segundo a sua natureza. O acidente está marcado no destino do homem. Quando a tua vida é
posta em perigo, trata-se de uma advertência que tu mesmo a desejaste, a fim de te
desviares do mal e de te tomares melhor. Quando tu escapas desse perigo, ainda sob a
influência do perigo que correste, pensas mais ou menos fortemente, segundo a ação mais ou
menos forte dos bons Espíritos, em te tomares melhor. O mau Espírito sobrevindo (digo mau
subentendendo que o mal ainda está nele), pensas que escaparás do mesmo modo de outros
perigos e deixas, de novo, tuas paixões se desencadearem.
3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossas vidas seria, pois, ainda o
efeito do nosso livre arbítrio?
Resp. Tu mesmo escolheste tua prova: quanto mais ela é rude, melhor tu a suportes, mais tu
te elevas. Aqueles que passam sua vida em abundância e na felicidade humana, são Espíritos
frouxos que permanecem estacionários. Assim, o número dos infortunados sobrepuja em
muito o dos felizes desse mundo, tendo em vista que os Espíritos procuram, em maior parte,
a prova que lhes será a mais frutífera. Eles vêem muito bem a futilidade de vossas grandezas
e de vossas alegrias. Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre perturbada, não seria
isso senão pela ausência da dor.
4. Compreendemos perfeitamente essa doutrina, mas isso não nos explica se certos Espíritos
têm uma ação direta sobre a causa material do acidente. Suponhamos que no momento em
que um homem passa sobre uma ponte, essa ponte se desmorona. Que impeliu o homem a
passar nessa ponte?
Resp. Quando um homem passa sobre uma ponte que deve se romper, não é um Espírito que
o conduz a passar nessa ponte, é o instinto do seu destino que para lá o leva.
5. O que fez desmoronar a ponte?
Resp. As circunstâncias naturais. A matéria tem nelas suas causas de destruição. No caso do
qual se trata o Espírito, tendo necessidade de recorrer a um elemento estranho à sua
natureza para mover as forcas naturais, recorrerá antes à intuição espiritual. Assim tal ponte
adiante se rompe, a água tendo desconjuntado as pedras que a compõe, a ferrugem tendo
corroído a corrente que a suspenda, o Espírito, digo eu, ensinará antes ao homem para que
passe por essa ponte do que fazer romper uma outra sob seus passos. Aliás, tendes uma
prova material do que eu adianto: qualquer acidente que chegue sempre naturalmente, quer
dizer, de causas que se ligam umas as outras, e se conduzem insensivelmente.
6. Tomemos um outro caso no qual a destruição da matéria não seja a causa do acidente.
Um homem mal intencionado atira sobre mim, a bala me roça, não me atinge. Um Espírito
benevolente pode tê-la desviado?
Resp. Não.
7. Os Espíritos podem nos advertir diretamente de um perigo? Eis um fato que parece
confirmá-lo: uma mulher saía de sua casa e seguia pelo boulevar. Uma voz íntima lhe diz:
Vai-te; retorna para tua casa. Ela hesita. A mesma voz se faz ouvir várias vezes; então, ela
volta sobre seus passos; mas, reconsiderando-se, ela se diz: que vou fazer em minha casa?
Dela saí; é sem dúvida um efeito de minha imaginação. Então, ela continua o seu caminho. A
alguns passos dali, uma viga que se soltou de uma casa, atinge-lhe a cabeça e a derruba
inconsciente. Qual era essa voz? Não foi um pressentimento do que ia acontecer a essamulher?
Resp. A do instinto; aliás, nenhum pressentimento tem tais caracteres: sempre são vagos.
8. Que entendeis pela voz do instinto?
Resp. Entendo que o Espírito, antes de se encarnar, tem conhecimento de todas as fases de
sua existência; quando estas têm um caráter saliente, delas conserva uma espécie de
impressão no foro íntimo, e essa impressão, despertando quando o momento se aproxima,
torna-se pressentimento.
Nota. As explicações acima reportam-se à fatalidade dos acontecimentos materiais. A
fatalidade morai está tratada, de modo completo, em O Livro dos Espíritos.

Revista Espírita 1858 -Março

Fonte : Portal do Espírito

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Suicidas" 3a Parte

FRANÇOIS-SIMON LOUVET

(Do Havre)
A seguinte comunicação foi dada espontaneamente, em uma reunião espírita no Havre, a 12 de fevereiro de 1863:
"Tereis piedade de um pobre miserável que passa de há muito por cruéis torturas?! Oh! o vácuo... o Espaço..... despenho-me... caio... morro... Acudam-me! Deus, eu tive uma existência tão miserável... Pobre diabo, sofri fome muitas vezes na velhice; e foi por isso que me habituei a beber, a ter vergonha e desgosto de tudo.
"Quis morrer, e atirei-me... Oh! meu Deus! Que momento! E para que tal desejo, quando o termo estava tão próximo? Orai, para que eu não veja incessantemente este vácuo debaixo de mim.... Vou despedaçar-me de encontro a essas pedras! Eu vo-lo suplico, a vós que conheceis as misérias dos que não mais pertencem a esse mundo. Não me conheceis, mas eu sofro tanto... Para que mais provas? Sofro! Não será isso o bastante? Se eu tivera fome, em vez deste sofrimento mais terrível e aliás imperceptível para vós, não vacilaríeis em aliviar-me com uma migalha de pão. Pois eu vos peço que oreis por mim... Não posso permanecer por mais tempo neste estado... Perguntai a qualquer desses felizes que aqui estão, e sabereis quem fui. Orai por mim. François-Simon Louvet."
O guia do médium. - "Esse que acaba de se dirigir a vós foi um pobre infeliz que teve na Terra a prova da miséria; vencido pelo desgosto, faltou-lhe a coragem, e, em vez de olhar para o céu como devia, entregou-se à embriaguez; desceu aos extremos últimos do desespero, pondo termo à sua triste provação: atirou-se da Torre Francisco I, no dia 22 de julho de 1857. Tende piedade de sua pobre alma, que não é adiantada, mas que lobriga da vida futura o bastante para sofrer e desejar uma reparação. Rogai a Deus lhe conceda essa graça, e com isso tereis feito obra meritória."
Buscando-se informes a respeito, encontrou-se no Journal du Havre, de 23 de julho de 1857, a seguinte notícia local:
"Ontem, às 4 horas da tarde, os transeuntes do cais foram dolorosamente impressionados por um horrível acidente: - um homem atirou-se da torre, vindo despedaçar-se sobre as pedras. Era um velho puxador de sirga, cujo pendor à embriaguez o arrastara ao suicídio. Chamava-se François-Victor-Simon Louvet. O corpo foi transportado para a casa de uma das suas filhas, à rua de la Corderie. Tinha 67 anos de idade."
    Nota - Seis anos fazia que esse homem morrera e ele se via ainda cair da torre, despedaçando-se nas pedras... Aterra-o o vácuo, horroriza-o a perspectiva da queda... e isso há 6 anos! Quanto tempo durará tal estado? Ele não o sabe, e essa incerteza lhe aumenta as angústias. Isso não equivale ao inferno com suas chamas? Quem revelou e inventou tais castigos? Pois são os próprios padecentes que os vem descrever, como outros o fazem das suas alegrias. E fazem-no, muita vez, espontaneamente, sem que neles se pense - o que exclui toda hipótese de sermos nós o joguete da própria imaginação.