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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Raça Adâmica."Segundo o ensino dos Espíritos, é uma dessas grandes imigrações, ou se assim o quisermos, uma dessas colônias de Espíritos, vindos de outra esfera, que deu nascimento à raça simbolizada na pessoa de Adão, a qual por essa razão é denominada raça adâmica..." , "...A doutrina que faz originar todo o gênero humano de uma só individualidade, após seis mil anos, não é admissível no estado atual dos conhecimentos. As principais considerações que a contradizem, deduzidas da ordem física e da ordem moral, se resumem nos pontos seguintes..."

Subsídios de Estudos da questão 49

Raça Adâmica

38. Segundo o ensino dos Espíritos, é uma dessas grandes imigrações, ou se assim o quisermos, uma dessas colônias de Espíritos, vindos de outra esfera, que deu nascimento à raça simbolizada na pessoa de Adão, a qual por essa razão é denominada raça adâmica. Quando ela aqui chegou, a Terra era povoada desde tempos imemoriais, como a América o era quando para ali foram os europeus.
A raça adâmica, mais adiantada que as que haviam precedido na Terra, é com efeito a mais inteligente; é ela que empurra todas as outras em direção ao progresso. A Gênese no-la mostra, desde seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, sem ter passado pela infância intelectual, o que não é próprio das raças primitivas, mas que concorda com a opinião de que ela se compunha de Espíritos que já haviam progredido. Tudo prova que ela não é antiga na Terra, e nada se opõe a que ela não tenha, aqui, senão alguns milhares de anos, o que não estaria em contradição nem com os fatos geológicos, nem com as observações antropológicas e tenderia, ao contrário, a confirmá-las.
39. A doutrina que faz originar todo o gênero humano de uma só individualidade, após seis mil anos, não é admissível no estado atual dos conhecimentos. As principais considerações que a contradizem, deduzidas da ordem física e da ordem moral, se resumem nos pontos seguintes.
Do ponto de vista fisiológico, certas raças apresentam tipos particulares característicos, que não permitem, atribuir-lhes uma origem comum. Há diferenças que não são evidentemente o efeito do clima, pois que os brancos se reproduzem no país dos negros sem se tornarem negros e reciprocamente. O ardor do sol tosta e escurece a epiderme, porém jamais transformou um branco num negro, nem lhe achatou o nariz, nem mudou a forma dos traços da fisionomia, nem tornou encarapinhados e lanosos, os cabelos compridos e sedosos. Hoje se sabe que a cor do negro provém de um tecido particular subcutâneo, distintivo dessa raça.
Por isso, é preciso considerar as raças negras, mongólicas, caucásicas, como tendo sua origem própria, tendo nascido simultaneamente ou sucessivamente em diferentes partes do globo; seus cruzamentos deram origem às raças mistas secundárias. Os caracteres fisiológicos das raças primitivas são o índice evidente de que elas provêm de tipos especiais. As mesmas considerações existem, pois, para o homem como para os animais, quanto à pluralidade das origens ou troncos. (Cap. X, nº 2 e segs.).
40. Adão e seus descendentes são representados na Gênese como homens essencialmente inteligentes, pois, que,desde sua segunda geração, constróem cidades, cultivam a terra, trabalham os metais. Seus progressos nas artes e nas ciências são rápidos e duradouros. Não se conceberia que tivessem, como descendentes, povos tão numerosos e tão atrasados, de inteligência tão rudimentar, que ainda em nossos dias ombreiam com a animalidade; que teriam perdido todos os traços e até a menor recordação tradicional daquilo que seus pais faziam. Uma diferença tão radical nas aptidões intelectuais e no desenvolvimento moral atestam, com não menos evidência, uma diferença de origem.
41. Independentemente dos fatos geológicos, a prova da existência do homem sobre a Terra antes da época fixada pela Gênese é tirada da população do globo.
Sem falar da cronologia chinesa, que remonta, segundo se diz, a trinta mil anos, documentos mais autênticos atestam que o Egito, a Índia e outros países eram povoados e florescentes, pelo menos três mil anos antes da era cristã; mil anos, portanto, depois da criação do primeiro homem, segundo a cronologia bíblica. Documentos e observações recentes não deixam nenhuma dúvida hoje sobre as correlações existentes entre a América e os antigos Egípcios; de onde é forçoso concluir que essas regiões já eram povoadas em tal época. Seria pois necessário admitir-se que em mil anos a posteridade de um só homem tivesse podido cobrir a maior parte da Terra; ora, uma tal fecundidade seria contrária a todas as leis antropológicas. (1)
42. A impossibilidade torna-se ainda mais evidente, se admitirmos com a Gênese, que o dilúvio destruiu todo o gênero humano, exceto Noé e sua família, a qual não era numerosa, no ano de 1656 do mundo, ou seja, 2344 anos antes da era cristã. Em realidade, pois, daquele patriarca é que dataria o povoamento do globo; ora, quando os hebreus se estabeleceram no Egito, 612 anos depois do dilúvio, já o Egito era um poderoso império que teria sido povoado, sem falar de outras regiões, pelo menos há seis séculos, pelos próprios descendentes de Noé _ o que não é admissível.
De passagem, observemos que os egípcios acolheram os hebreus como estrangeiros; seria de admirar que eles tivessem perdido a recordação de uma comunidade de origem tão próxima, quando conservaram religiosamente os monumentos de sua história.
Uma lógica rigorosa, corroborada pelos fatos, demonstra, pois, da maneira mais peremptória que o homem está sobre a Terra desde um tempo indeterminado, bem anterior à época indicada pelo Gênesis. Há, da mesma forma, uma diversidade de origens primitivas; pois, demonstrar a impossibilidade de uma proposição, é demonstrar a possibilidade contrária. Se a geologia descobrir traços autênticos da presença do homem antes do grande período diluviano, a demonstração será ainda mais absoluta.
(1) A exposição Universal de 1867 apresentou antigüidades do México, as quais não deixam nenhuma dúvida sobre as relações que os povos desse país tiveram com os antigos Egípcios. Leon Mechedin, numa notícia afixada no templo mexicano da Exposição, assim se exprimia: "É conveniente não publicar antes do tempo oportuno, as descobertas feitas, do ponto de vista da história dos homens, pela recente expedição científica do México; todavia, nada se opõe a que o público saiba, desde já, que a exploração feita assinalou a existência de um grande número de cidades apagadas pelo tempo, mas que a picareta e o incêndio podem tirar de sua mortalha. A escavações descobriram, por toda parte, três camadas de civilização que pareciam dar ao mundo americano uma antigüidade fabulosa."
É assim que, a cada dia, a ciência vem dar do desmentido dos fatos à doutrina que limita a 6000 anos a aparição do homem sobre a Terra, e pretende fazê-lo descender de uma única origem ou tronco.
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A Genese
Allan kardec

Cap. 3 A Raça Adâmica do Livro  A Caminho da Luz por Emmanuel
As raças adâmicas
O SISTEMA DE CAPELA
Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em
seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação
do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico
sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo
Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos,
cantando as glórias divinas do Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos
para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular
distância existente entre a Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre
o espaço com a
34
EMMANUEL
velocidade aproximada de 300.000 quilômetros por segundo.
Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se purificaram
física e moralmente, examinadas as condições de atraso moral da Terra,
onde o homem se reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores,
como nas eras pré-históricas de sua existência, marcham uns contra os
outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os mais comezinhos
princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do
egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.
UM MUNDO EM TRANSIÇÕES
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas
afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus
extraordinários ciclos evolutivos.
As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas,
como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no
século XX, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da
evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas
daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de
saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à
concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos,
deliberam, então, localizar
35
A CAMINHO DA LUZ
aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra
longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do
seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando,
simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.
ESPÍRITOS EXILADOS NA TERRA
Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de
justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes.
Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas
desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres
de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas.
Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra,
envolvendo-as no halo bendito da sua misericórdia e da sua caridade sem
limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os
sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração
cotidiana e a sua vinda no porvir.
Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo
um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na
prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre;
andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura;
reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o
paraíso perdido nos firmamentos distantes. Por muitos séculos não veriam
a suave luz da Capela, mas
36
EMMANUEL
trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa
misericórdia.
FIXAÇÃO DOS CARACTERES RACIAIS
Com o auxílio desses Espíritos degredados, naquelas eras
remotíssimas, as falanges do Cristo operavam ainda as últimas
experiências sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os
caracteres biológicos das raças humanas. A Natureza ainda era, para os
trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto de experiências
infinitas; tanto assim que, se as observações do mendelismo fossem
transferidas àqueles milênios distantes, não se encontraria nenhuma
equação definitiva nos seus estudos de biologia. A moderna genética não
poderia fixar, como hoje, as expressões dos "genes", porquanto, no
laboratório das forças invisíveis, as células ainda sofriam longos
processos de acrisolamento, imprimindo-se-lhes elementos de astralidade,
consolidando-se-lhes as expressões definitivas, com vistas às
organizações do porvir.
Se a gênese do planeta se processara com a cooperação dos
milênios, a gênese das raças humanas requeria a contribuição do tempo,
até que se abandonasse a penosa e longa tarefa da sua fixação.
ORIGEM DAS RAÇAS BRANCAS
Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram,
proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se haviam
localizado as tri37
A CAMINHO DA LUZ
bos e famílias primitivas, descendentes dos "primatas", a que nos
referimos ainda há pouco. Com a sua reencarnação no mundo terreno,
estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres.
Um grande acontecimento se verificara no planeta
É que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentes das
raças brancas.
Em sua maioria, estabeleceram-se na Ásia, de onde atravessaram o
istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhando-se
igualmente para a longínqua Atlântida, de que várias regiões da América
guardam assinalados vestígios.
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do
Cristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compromissos.
Grande percentagem daqueles Espíritos rebeldes, com muitas
exceções, só puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de muitos
séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados,
permanecem ainda na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra
geral, em virtude do seu elevado passivo de débitos clamorosos.
QUATRO GRANDES POVOS
As raças adâmicas guardavam vaga lembrança da sua situação
pregressa, tecendo o hino sagrado das reminiscências.
As tradições do paraíso perdido passaram de gerações a gerações,
até que ficassem arquivadas nas páginas da Bíblia.
38
EMMANUEL
Aqueles seres decaídos e degradados, a maneira de suas vidas
passadas no mundo distante da Capela, com o transcurso dos anos
reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos
mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e lingüísticas que os
associavam na constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do
Tempo, formaram desse modo o grupo dos árias, a civilização do Egito, o
povo de Israel e as castas da Índia.
Dos árias descende a maioria dos povos brancos da família indoeuropéia
nessa descendência, porém, é necessário incluir os latinos, os
celtas e os gregos, além dos germanos e dos eslavos.
As quatro grandes massas de degredados formaram os pródromos
de toda a organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos
benefícios no seio da raça amarela e da raça negra, que já existiam.
É de grande interesse o estudo de sua movimentação no curso da
História. Através dessa análise, é possível examinarem-se os defeitos e
virtudes que trouxeram do seu paraíso longínquo, bem como os
antagonismos e idiossincrasias peculiares a cada qual.
AS PROMESSAS DO CRISTO
Tendo ouvido a palavra do Divino Mestre antes de se estabelecerem
no mundo, as raças adâmicas, nos seus grupos insulados, guardaram a
reminiscência das promessas do Cristo, que, por sua vez, as fortaleceu no
seio das mas39
A CAMINHO DA LUZ
sas, enviando-lhes periodicamente os seus missionários e mensageiros.
Eis por que as epopéias do Evangelho foram previstas e cantadas
alguns milênios antes da vinda do Sublime Emissário.
Os enviados do Infinito falaram, na China milenária, da celeste figura
do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do
Egito esperavam-no com as suas profecias. Na Pérsia, idealizaram a sua
trajetória, antevendo-lhe os passos nos caminhos do porvir; na Índia
védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos
milênios futuros iluminaria na região escabrosa da Palestina, e o povo de
Israel, durante muitos séculos, cantou-lhe as glórias divinas, na exaltação
do amor e da resignação, da piedade e do martírio, através da palavra de
seus profetas mais eminentes.
Uma secreta intuição iluminava o espírito divinatório das massas
populares.
Todos os povos O esperavam em seu seio acolhedor; todos O
queriam, localizando em seus caminhos a sua expressão sublime e
divinizada. Todavia, apesar de surgir um dia no mundo, como Alegria de
todos os tristes e Providência de todos os infortunados, à sombra do trono
de Jessé, o Filho de Deus em todas as circunstâncias seria o Verbo de Luz
e de Amor do Princípio, cuja genealogia se confunde na poeira dos sóis
que rolam no Infinito. (*)
__________
(*) Entre as considerações acima e as do capítulo precedente, devemos ponderar o
interstício de muitos séculos. Aliás, no que e refere à historicidade das raças adâmicas,
será justo meditarmos atentamente no
40
EMMANUEL
problema da fixação dos caracteres raciais. Apresentando o meu pensamento humilde,
procurei demonstrar as largas experiências que os operários do Invisível levaram a efeito,
sobre os complexos celulares, chegando a dizer da impossibilidade de qualquer cogitação
mendelista nessa época da evolução planetária. Aos prepostos de Jesus foi necessária
grande soma de tempo, no sentido de fixar o tipo humano.
Assim, pois, referindo-nos ao degredo dos emigrantes da Capela, devemos
esclarecer que, nessa ocasião, já o primata hominis se encontrava arregimentado em
tribos numerosas. Depois de grandes experiências, foi que as migrações do Pamir se
espalharam pelo orbe, obedecendo a sagrados roteiros, delineados nas Alturas.
Quanto ao fato de se verificar a reencarnação de Espíritos tão avançados em
conhecimentos, em corpos de raças primigênias, não deve causar repugnância ao
entendimento. Lembremo-nos de que um metal puro, como o ouro, por exemplo, não se
modifica pela circunstância de se apresentar em vaso imundo, ou disforme. Toda
oportunidade de realização do bem é sagrada. Quanto ao mais, que fazer com o
trabalhador desatento que estraçalha no mal todos os instrumentos perfeitos que lhe são
confiados? Seu direito, aos aparelhos mais preciosos, sofrerá solução de continuidade. A
educação generosa e justa ordenará a localização de seus esforços em maquinaria
imperfeita, até que saiba valorizar as preciosidades em mão. A todo tempo, a máquina
deve estar de acordo com as disposições do operário, para que o dever cumprido seja
caminho aberto a direitos novos.
Entre as raças negra e amarela, bem como entre os grandes agrupamentos
primitivos da Lemúria, da Atlântida e de outras regiões que ficaram imprecisas no acervo
de conhecimentos dos povos, os exilados da Capela trabalharam proficuamente,
adquirindo a provisão de amor para suas consciências ressequidas. Como vemos, não
houve retrocesso, mas providência justa de administração, segundo os méritos de cada
qual, no terreno do trabalho e do sofrimento para a redenção. - (Nota de Emmanuel.)

I - Genese Planetária. " Do Livro A Caminho da Luz"

Subsídios para a questão 59 do Livro dos Espíritos, para estudos.

A COMUNIDADE DOS ESPÍRITOS PUROS
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os
fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros
e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam
as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus
um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu,
nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da
organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios
conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da
nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as
balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria
em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor
à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu
Evangelho de amor e redenção.

OS PRIMEIROS TEMPOS DO ORBE TERRESTRE
Que força sobre-humana pôde manter o equilíbrio da nebulosa
terrestre, destacada do núcleo central do sistema, conferindo-lhe um
conjunto de leis matemáticas, dentro das quais se iam manifestar todos os
fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida, por milênios de
milênios? Distando do Sol cerca de 149.600.000 quilômetros e deslocandose
no espaço com a velocidade diária de 2.500.000 quilômetros, em torno
do grande astro do dia, imaginemos a sua composição nos primeiros
tempos de existência, como planeta.
Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas
e das energias físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro
da vida, no imenso cadinho onde a temperatura se eleva, por vezes, a 2.000
graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente,
estivesse sendo submetida aos mais diversos ensaios, para examinar-se a
sua qualidade e possibilidades na edificação da nova escola dos seres. As
descargas elétricas, em proporções jamais vistas da Humanidade,
despertam estranhas comoções no grande organismo planetário, cuja
formação se processa nas oficinas do Infinito.

O DIVINO ESCULTOR
Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias
desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o
escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a
Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e
compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a
escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandirse
em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores
devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra,
organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de
matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam
identificar por toda a parte no universo galáxico. Organizou o cenário da
vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos
seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem,
antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios;
estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera,
onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária, e edificou as
usinas de ozone a 40 e 60 quilômetros de altitude, para que filtrassem
convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição
precisa à manutenção da vida organizada no orbe. Definiu todas as linhas
de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as
forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.

O VERBO NA CRIAÇÃO TERRESTRE
A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na
intimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíramlhe
a providência com a palavra "natureza", em todos os seus estudos e
análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio,
como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade semfim.
E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz
do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos
mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu
pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos
espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o
imenso laboratório planetário em repouso.
Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo
dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que
cobria toda a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada.
Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à
superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens.

Cap. 2  A Vida Organizada.
OS PRIMEIROS HABITANTES DA TERRA
Dizíamos que uma camada de matéria gelatinosa envolvera o orbe
terreno em seus mais íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa,
era o celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi o embrião
de todas as organizações do globo terrestre, e, se essa matéria, sem forma
definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação
da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras
manifestações dos seres vivos.
Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células
albuminóides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e
livres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos
oceanos.
Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se
movem ao longo das águas, onde encontram o oxigênio necessário ao
entre tenimento da vida, elemento que a terra firme não possuía ainda em
proporções de manter a existência animal, antes das grandes vegetações;
esses seres rudimentares somente revelam um sentido - o do tato, que deu
origem a todos os outros, em função de aperfeiçoamento dos organismos
superiores.
OS ENSAIOS ASSOMBROSOS
Nessa altura, os artistas da criação inauguram novos períodos
evolutivos, no plano das formas.
A Natureza torna-se uma grande oficina de ensaios monstruosos.
Após os répteis, surgem os animais horrendos das eras primitivas
Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a
combinação das substâncias, na retorta de acuradas observações,
analisavam, igualmente, a combinação prodigiosa dos complexos
celulares, cuja formação eles próprios haviam delineado, executando, com
as suas experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as
possibilidades e necessidades do porvir.
Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e
realizaram-se novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no
limite do possível, em face das leis físicas do globo. Os tipos adequados à
Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se
os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes
experiências. A prova da intervenção das forças espirituais, nesse vasto
campo de operações, é que, enquanto o escorpião, gêmeo dos crustáceos
marinhos, conserva até hoje, de modo geral, a forma primitiva, os animais
monstruosos das épocas remotas, que lhe foram posteriores,
desapareceram para sempre da fauna terrestre, guardando os museus do
mundo as interessantes reminiscências de suas formas atormentadas.

OS ANTEPASSADOS DO HOMEM
O reino animal experimenta as mais estranhas transições no período
terciário, sob as influências do meio e em face dos imperativos da lei de
seleção.
Mas, o nosso raciocínio ansioso procura os legítimos antepassados
das criaturas humanas, nessa imensa vastidão do proscênio da evolução
anímica.
Onde está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos
procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com o propósito de localizálas
no Espaço e no Tempo. Compreendemos, afinal, que Adão e Eva
constituem uma lembrança dos Espíritos degredados ria paisagem
obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a
personalidade das criaturas.
Examinada, porém, a questão nos seus prismas reais, vamos
encontrar os primeiros antepassados do homem sofrendo os processos de
aperfeiçoamento da Natureza. No período terciário a que nos reportamos,
sob a orientação das esferas espirituais notavam-se algumas raças de
antropóides, no Plioceno inferior. Esses antropóides, antepassados do
homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no
mundo, tiveram a sua evolução em pontos convergentes, e daí os
parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do
chimpanzé da atualidade.
Reportando-nos, todavia, aos eminentes naturalistas dos últimos
tempos, que examinaram meticulosamente os transcendentes assuntos do
evolucionismo, somos compelidos a esclarecer que não houve
propriamente uma "descida da árvore", no início da evolução humana.
As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a
orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade
dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies,
dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento,
em marcha para a racionalidade.
Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de
desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral .

A GRANDE TRANSIÇÃO
Os antropóides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela
superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as
influências do meio e formando os pródromos das raças futuras em seus
tipos diversificados; a realidade, porém, é que as entidades espirituais
auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões biológicas.
Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do
invisível. As pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de Neanderthal,
reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado, e outras
descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são
um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos
de Jesus, até fixarem no "primata" os característicos aproximados do
homem futuro.
Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a
fronte dessas criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que
um dia as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo
perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas regiões
siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.
Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo
à elegância dos tempos do porvir.
Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos
antepassados das raças humanas.
Como poderia operar-se semelhante transição? Perguntará o vosso
critério científico.
Muito naturalmente.
Também as crianças têm os defeitos da infância corrigidos pelos
pais, que as preparam em face da vida, sem que, na maioridade, elas se
lembrem disso.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 59

 
Diz também a Bíblia que o mundo foi criado em seis dias e põe a época da sua criação há quatro mil anos, mais ou menos, antes da era cristã. Anteriormente, a Terra não existia; foi tirada do nada: o texto é formal. Eis, porém, que a ciência positiva, a inexorável ciência, prova o contrário. A história da formação do globo terráqueo está escrita em caracteres irrecusáveis no mundo fóssil, achando-se provado que os seis dias da criação indicam outros tantos períodos, cada um de, talvez, muitas centenas de milhares de anos. Isto não é um sistema, uma doutrina, uma opinião insulada; é um fato tão certo como o do movimento da Terra e que a Teologia não pode negar-se a admitir, o que demonstra evidentemente o erro em
que se está sujeito a cair tomando ao pé da letra expressões de uma linguagem freqüentemente figurada. Dever-se-á daí concluir que a Bíblia é um erro? Não; a conclusão a tirar-se é que os homens se equivocaram ao interpretá-la.
Escavando os arquivos da Terra, a Ciência descobriu em que ordem os seres vivos lhe apareceram na superfície, ordem que está de acordo com o que diz a Gênese, havendo apenas a notar-se a diferença de que essa obra, em vez de executada milagrosamente por Deus em algumas horas, se realizou, sempre pela Sua vontade, mas conformemente à lei das forças da Natureza, em alguns milhões de anos. Ficou sendo Deus, por isso, menor e menos poderoso? Perdeu em sublimidade a Sua obra, por não ter o prestígio da instantaneidade? Indubitavelmente, não. Fora mister fazer-se da Divindade bem mesquinha idéia, para se não reconhecer a sua onipotência nas leis eternas que ela estabeleceu para regerem os mundos. A ciência, longe de apoucar a obra divina, no-la mostra sob aspecto mais grandioso e mais acorde com as noções que temos do poder e da majestade de Deus, pela razão mesma de ela se haver efetuado sem derrogação das leis da Natureza.
A existência do homem antes do dilúvio geológico ainda é, com efeito, hipotética. Eis aqui, porém, alguma coisa que o é menos. Admitindo-se que o homem tenha aparecido pela primeira vez na Terra 4.000 anos antes do Cristo e que, 1650 anos mais tarde, toda a raça humana foi destruída, com exceção de uma só família, resulta que o povoamento da Terra data apenas de Noé, ou seja: de 2.350 anos antes da nossa era. Ora, quando os hebreus emigraram para o Egito, no décimo oitavo século, encontraram esse país muito povoado e já bastante adiantado em civilização. A História prova que, nessa época, as Índias e outros países também estavam florescentes, sem mesmo se ter em conta a cronologia de certos povos, que remonta a uma época muito mais afastada. Teria sido preciso, nesse caso, que do vigésimo quarto ao décimo oitavo século, isto é, que num espaço de 600 anos, não somente a posteridade de um único homem houvesse podido povoar todos os imensos países então conhecidos, suposto que os outros não o fossem, mas também que, nesse curto lapso de tempo, a espécie humana houvesse podido elevar-se da ignorância absoluta do estado primitivo ao mais alto grau de desenvolvimento intelectual, o que é contrário a todas as leis antropológicas.
A diversidade das raças corrobora, igualmente, esta opinião, O clima e os costumes produzem, é certo, modificações no caráter físico; sabe-se, porém, até onde pode ir a influência dessas causas. Entretanto, o exame fisiológico demonstra haver, entre certas raças, diferenças constitucionais mais profundas do que as que o clima é capaz de determinar. O cruzamento das raças dá origem aos tipos intermediários. Ele tende a apagar os caracteres extremos, mas não os cria; apenas produz variedades. Ora, para que tenha havido cruzamento de raças, preciso era que houvesse raças distintas. Como, porém, se explicará a existência delas, atribuindo-se-lhes uma origem comum e, sobretudo, tão pouco afastada? Como se há de admitir que, em poucos séculos, alguns descendentes de Noé se tenham transformado ao ponto de produzirem a raça etíope, por exemplo?
Tão pouco admissível é semelhante metamorfose, quanto a hipótese de uma origem comum para o lobo e o cordeiro, para o elefante e o pulgão, para o pássaro e o peixe. Ainda uma vez: nada pode prevalecer contra a evidência dos fatos. Tudo, ao invés, se explica, admitindo-se: que a existência do homem é anterior à época em que vulgarmente se pretende que ela começou; que diversas são as origens; que Adão, vivendo há seis mil anos, tenha povoado uma região ainda desabitada; que o dilúvio de Noé foi uma catástrofe parcial, confundida com o cataclismo geológico; e atentando-se, finalmente, na forma alegórica peculiar ao estilo oriental, forma que se nos depara nos livros sagrados de todos os povos. Isto faz ver quanto é prudente não lançar levianamente a pecha de falsas a doutrinas que podem, cedo ou tarde, como tantas outras, desmentir os que as combatem. As idéias religiosas, longe de perderem alguma coisa, se engrandecem, caminhando de par com a Ciência. Esse o meio único de não apresentarem lado vulnerável ao cepticismo.
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O dia certo da criação da Terra e o momento em que surgiu o homem na face da mesma escapa a qualquer inventiva que deseje oferecer os dados exatos, para a curiosidade humana. Alguns escritores modernos atiram críticas desrespeitosas ao velho livro iniciado pelo Legislador Hebreu, por este dizer que a Terra foi feita em seis dias apenas. Esquecem-se esses defensores da verdade que a própria verdade, em se visitando a humanidade, veste a capa da relatividade, para não ser um veículo de perturbação. Muitos segredos existentes na Bíblia estão em forma de parábolas ou envolvidos na letra, para oferecer conforto às variadas classes de criaturas. Encontramos esse processo de comunicação no próprio Novo Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele usou as parábolas para falar à multidão. Esse modo de falar por vezes atravessa séculos e mais séculos, conduzindo a mensagem para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, como Ele mesmo Se refere aos ansiosos pela verdade. A própria ciência moderna nos dá uma visão da paciente mutação das coisas. Vejamos a transformação do carvão em diamante, feita pela natureza em milhões de anos. Nada é feito com violência. Observemos a petrificação de animais encontrados nas rochas, e a própria pedra que já foi água em passado de difícil demarcação.
O fanatismo em tomo da Bíblia é obra dos homens que ainda não alcançaram o bom senso, pois ele existe em todas as religiões, senão na própria ciência ou filosofia. Compete a cada um de nós um estudo sério sobre a matéria e uma meditação respeitosa sobre os assuntos ventilados no Livro Sagrado, chegando à conclusão de que o bem feito por ele em todo o mundo ultrapassa as nossas esperanças em outras fontes. O próprio Jesus a chamou de lei, dizendo: “Não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento.” E o Novo Testamento sentiu-se seguro ligado ao Velho, como criança obediente ao pai, para depois ajudá-lo no seu roteiro de novas eras. O Mestre tinha grande zelo no cumprimento das escrituras, pois foi Ele mesmo, do mundo espiritual, quem enviou Moisés e os profetas, no anúncio de todas as verdades, do modo que elas foram pregadas, para depois consolidá-las com a Sua própria presença, que o mundo recebeu como um prêmio dos Céus, para nunca mais se esquecer dessas bênçãos de Deus aos filhos da Terra.
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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita-Livro I- Cristianismo e Espiritismo Roteiro 4 : Judaísmo

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
4
Objetivos • Destacar as principais características do Judaísmo.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO I - ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
• Segundo as tradições, o Patriarca Abraão, considerado o pai do povo judeu,
partiu de Ur, sua cidade natal, porque recebera de Deus as seguintes instruções:
Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa
de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra. Gênesis, 12:1-3
• A religião judaica tem como princípio a idéia de Deus único. Trata-se de sua
pedra fundamental. A lei moisaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus.
O protegido de Termutis (mãe adotiva de Moisés) [...], foi inspirado a reunir
todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo
e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são
até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito. Emmanuel:
Emmanuel, cap. 2.
• Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte
Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra,
apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. Allan
Kardec: O evangelho segundo o espiritismo, cap. 1, item 2.
O JUDAÍSMO
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Informações históricas
É surpreendente a influência exercida pelos judeus na cultura ocidental,
quando se considera a simplicidade de suas origens e o tamanho minúsculo
do território onde se fixaram: cerca de 250 quilômetros de extensão e 80 quilômetros
de largura na parte mais ampla.
A palavra judeu deriva de Judéia, nome de uma parte do antigo reino de
Israel. A religião é também chamada de moisaica, já que considera Moisés
um dos seus fundadores. O Estado de Israel define o judeu como alguém cuja
mãe é judia, e que não pratica nenhuma outra fé. Aos poucos, porém, esta
definição foi ampliada para incluir o cônjuge. O judaísmo não é apenas uma
comunidade religiosa, mas também étnica. 10
O povo de Israel acredita-se descendente dos patriarcas Abraão, Isaac e
Jacob, e das matriarcas Sarah (Sarai ou Sara), Rebeca, Raquel e Lia, os quais
teriam moldado os caracteres da raça pela aliança que fizeram com Deus.
Segundo as tradições, Abraão, um habitante da alta Mesopotâmia, deixou
a cidade de Ur, em Harã – atualmente situada no sul do Iraque –, partindo
com sua esposa Sarah e Ló, um sobrinho e demais pessoas do seu clã, em busca
da terra habitada pelos cananeus, onde criaria os seus filhos. Abraão teria
recebido de Deus a inspiração de estabelecer-se nesse país, fundando ali uma
descendência, cumulada de favores por Deus e objeto de Sua especial predileção.
(Gênesis, capítulo 12) O local onde Abraão foi viver recebeu o nome de
Canaã ou Terra Prometida. O poder patriarcal de Abraão foi, com a sua morte,
SUBSÍDIOS
MÓDULO I
Roteiro 4
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
transferido ao seu filho Isaac (ou Isaque) e deste para Jacob (ou Jacó), que, por
sua vez, o passou para seus doze filhos. 7 (Gênesis, capítulo 35)
Sabe-se, porém, que o primeiro filho de Abraão não foi Isaque, este era filho
que teve com Sara, sua esposa (Gênesis, 21:1-8), gerado após o nascimento do
primogênito Ismael com a escrava egípcia Hagar ou Agar (Gênesis, 16:1-16).
Após a morte de Sara, Abraão casa com Quetura que lhe geraram seis filhos:
Zinrã, Jocsã, Meda, Mídia, Isbaque e Suá (Gênesis, 25: 1-7) Abrão, entretanto,
considerou o seu herdeiro legítimo apenas Isaque. (Gênesis, 25: 5)
Os doze filhos de Jacó, considerados os legítimos descendentes de Abraão
formam as doze tribos judaicas. Um dos filhos de Jacó com Raquel (Gênesis,
30:22-26), chamado José, foi vendido como escravo ao faraó egípcio, mas, em
razão da fama e autoridade por ele conquistadas, tornou-se vice-rei do Egito.
Por volta de 1700 a.C., o povo judeu migra para o Egito em razão da fome,
onde é escravizado por aproxidamamente 400 anos. (Êxodo, 1:1-14) A libertação
do povo judeu ocorre por volta de 1300 a.C., seguida da fuga do Egito,
comandada por Moisés – um judeu, criado por Termutis, irmã do faraó, após
tê-lo recolhido das águas do rio Nilo. (Êxodo, 2:1-20) Saindo do Egito, os excativos
atravessam o Mar Vermelho, vivendo 40 anos no deserto e submetendose
a todo tipo de dificuldades, próprias da vida nômade. O grande êxodo dos
israelitas foi, segundo a Bíblia, de 603.550 homens. 19 (Números, 1:46)
Durante a peregrinação pelo deserto, Moisés recebe as Tábuas da Lei,
também chamadas Decálogo ou Dez Mandamentos, no monte Sinai, cadeia
montanhosa de Horeb, fundando, efetivamente, a religião judaica. (Êxodo,
20:1-17; 34:1-4. Deuteronômio, 5:1-21)
As Tábuas da Lei foram guardadas em uma arca – Arca da Aliança –,
especialmente construída para abrigá-las. (Êxodo, 25: 10-16; 37: 1-5); haveria
ainda um tabernáculo para a arca (Êxodo, 25:1-9); um propiciatório de ouro que
deveria ser colocado acima da Arca (Êxodo, 25: 17-22) e uma mesa de madeira
de lei, coberta de ouro, contendo castiçais, também de ouro, e outros objetos
necessários ao cerimonial religioso. (Êxodo, 25: 23-40) A arca e os Dez Mandamentos
acompanharam os judeus durante o tempo em que permaneceram no
deserto com Moisés. Antes de morrer, logo após ter localizado Canaã, Moisés
nomeou Josué, filho de Num, seu sucessor, cumprindo, assim, a profecia de que
encontraria a Terra Prometida antes de sua morte. (Deuteronômio, 34:1-5)
Josué foi inspirado a atravessar o rio Jordão, levando consigo os filhos de
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Israel à terra que lhe foi prometida por Deus, segundo relatos de suas escrituras.
(I Samuel, 1:20-28; 2:18-26) Do deserto, rio Jordão até o Líbano, daí até
o rio Eufrates, abrangendo o território dos heteus, estendendo-se até o mar,
em direção ao poente. (Josué, 1: 4) Acontece que essa terra já era habitada
por diferentes povos (cananeus, heteus, heveus, ferezeus, girgaseus, amorreus
e os jebuseus), que foram dominados pelos judeus. (Josué, 3:10; 5:1) Tudo
isso aconteceu no século XIII a.C., aproximadamente. As terras conquistadas
são divididas em doze partes e entregues a cada uma das tribos judaicas. Os
cananeus e outros povos continuaram em luta com os judeus conquistadores
por algum tempo, até serem contidos pelo representante da tribo de Judá.
(Juízes, 1:1-36)
Após a morte de Josué, cada tribo é governada por juízes, como Samuel
(I Samuel, 20-28; 2:18-26). Os juizes passaram a governar as tribos porque os
judeus, abandonando o culto a Deus, passaram a adorar outros deuses, como
Baal e Astarote. (Juízes, 2:11-16) Posteriormente, os juizes foram substituídos
por reis (I Samuel, 8: 1-6; 9-12) como Saul, da tribo de Benjamin (I Samuel, 10:
1-27), Davi (I Samuel, 16: 1; 10-13. II Samuel, 5: 1-4. I Reis, 2: 11) e Salomão
(I Reis, 1:46-48), filho de Davi (II Samuel, 5:13-14; II Crônicas, 9: 30-31), que
constrói o primeiro templo de Jerusalém, entre 970 e 931 a.C. Com a morte
de Salomão, Roboão, seu filho, torna-se rei, mas no seu reinado acontece a
revolta das tribos de Israel (II Crônicas, 10), separando-se a tribo de Davi (ou
de Israel) das demais (II Crônicas, 10:18-19), definitivamente.
As tribos se organizam em dois reinos: o de Judá e o de Israel.
O reino de [...] Judá manteve a antiga capital do rei David (Jerusalém) e com ela o templo
histórico do rei Salomão, o que lhe acarretou ascendência religiosa, embora a cidade de
Jerusalém viesse a ser conquistada pelo babilônio Nabucodonosor [em 586 a.C.] e mais
tarde pelo romano Pompeu. 16
Nabucodonosor, então rei da Babilônia, destrói o templo de Salomão e
deporta a maioria do povo de Judá. A partir desse exílio na Babilônia é que
se pode falar de Judaísmo ou religião judaica, propriamente dita. O reino de
Israel, na Samaria, é destruído em 721 a.C. No ano 586 a.C., mantendo-se a
divisão das tribos judaicas em dois reinos, nascem a esperança e a fé no advento
de um messias, o enviado de Deus, capaz de restaurar a unidade do povo,
garantindo-lhe soberania divina sobre a humanidade. 9
Os judeus voltam à Palestina em 538 a.C. Reconstroem aí o templo de
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Salomão, vivendo breves períodos de independência, interrompidos pelas
constantes invasões das potências estrangeiras. Entre os séculos II e IV a.C.,
migrações voluntárias difundem a religião e a cultura judaicas por todo o
Oriente Médio. Em 63 a.C., Jerusalém é conquistada pelos romanos, sob o
comando de Pompeu.
Jerusalém [...] figurou como capital do reino da Judéia, sob a dinastia de Herodes. Em
conseqüência de sublevação dos judeus, foi [Jerusalém] novamente cercada e incendiada
por tropas romanas, sob o comando do general e futuro imperador Tito. Reduzida a
colônia no tempo do imperador Adriano (sob o nome de Élia Capitolina), restaurou-lhe
a denominação tradicional (Jerusalém) o imperador Constantino. 15
No ano 6 d.C., a Judéia torna-se uma província de Roma. Em 70 d.C. os
romanos destroem o templo e, em 135, Jerusalém é arrasada. Com a destruição
do templo de Jerusalém pela segunda vez, e da própria cidade, inicia-se o período
da grande dispersão do povo judeu, conhecida como Diáspora.
Espalhados por todos os continentes, os judeus mantêm sua unidade
cultural e religiosa. A Diáspora termina em 1948, com a criação do Estado de
Israel. 9 Existem atualmente cerca de 13 milhões de judeus em todo o mundo;
4,5 milhões vivem no Estado de Israel.
2. A religião judaica
O Judaísmo é a primeira religião monoteísta da Humanidade. Fundamenta-
se na revelação dos Dez Mandamentos transmitidos por Deus (Yaweh)
a Moisés. O Decálogo é considerado o evento fundador da religião de Israel.
Religião que tem como princípio a idéia da existência de Deus único, Criador
Supremo.
Dos Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais
forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as
mutações. Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos
que, se grande era a sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu
orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida. Conscientes da superioridade
de seus valores, nunca perdeu a oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia
espiritual, mantendo-se pouco acessível à comunhão perfeita com as demais raças do
orbe. Entretanto, [...] antecipando-se às conquistas dos outros povos, ensinou de todos
os tempos a fraternidade, a par de uma fé soberana e imorredoura. 20
Um dos maiores teólogos do Judaísmo, Moses Maimônides (1135-1204),
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
desenvolveu treze artigos de fé, intrinsecamente fundamentados na crença em
Deus único, e que são aceitos como o referencial da religião pelo Judaísmo
tradicional.
O Judaísmo possui uma unidade doutrinária simbolizada: a) na Torá
(ou Torah), ou Lei judaica – revelação representada pelo Pentateuco de Moisés
(não possuindo, durante séculos, um país considerado como próprio, os
judeus mantiveram a coesão religiosa pelo estudo dos livros Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio); b) na conquista da liberdade, obtida pela
retirada do Egito, travessia do Mar Vermelho e conquista de Canaã; c) libertação
do cativeiro egípcio, conhecida como Páscoa judaica; d) no conceito de
nação, constituído durante a peregrinação de quarenta anos no deserto, e na
chegada à Terra Prometida (Canaã); e) na crença de serem os judeus o povo
eleito por Deus (entendem que, ao serem escolhidos por Deus, eles assumiram
o fardo de ser povo antes de experimentar os prazeres e a segurança da
nacionalidade). 14
A noção de povo escolhido pela Divindade é uma tradição religiosa que
passa, de geração a geração, como artigo de fé.
Era [...] crença comum aos judeus de então (época do Cristo) que a nação deles tinha de
alcançar supremacia sobre todas as outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão
que a sua posteridade cobriria toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem
atentarem ao fundo, eles acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.
[...] Entretanto [...], os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil:
a prática do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era
esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas [...]. 3
Um ponto doutrinário fundamental da religião judaica é que não é a fé
nem a contemplação que solidificam a relação entre o homem e Deus, mas a
ação: isto é, Deus determina, o homem cumpre a Sua vontade. Sendo assim, o
judeu deve conhecer Deus não por meio da especulação mística ou filosófica,
mas pelo estudo de Sua palavra escrita – a Torá –, pela prece, pela prática da
caridade, e pelas ações que promovem a harmonia. 8
A lei moisaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus. O protegido de Termutis
[...] foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando
o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações
são até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito. Moisés [...] foi o primeiro
a tornar acessíveis às massas populares os ensinamentos somente conseguidos à
custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades. 24
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
Para a fé judaica, Deus é uma presença ativa no mundo, de forma abrangente,
e na vida de cada pessoa, isoladamente. Deus não criou simplesmente a
Humanidade e dela se afastou, deixando-a entregue a si mesma. Ao contrário,
a Humanidade é totalmente dependente de Deus para evoluir e para ser feliz.
Como Deus é também pessoal, está envolvido diretamente em todos os aspectos
da vida de cada pessoa, podendo responder, em particular, às aspirações
individuais durante a prece. Por este motivo, os judeus oram três vezes ao dia
(manhã, tarde e noite), nas práticas do Shabat (sétimo dia da semana, reservado
ao descanso) e nas festas religiosas.
Os judeus não aceitam o dogma do pecado original, defendido pelos católicos
e protestantes. Analisam que esses religiosos fizeram interpretação literal
do livro Gênesis. Os rabinos escreveram no Talmud, item 31: «O sentimento
profundo de nossa liberdade moral se recusa a essa assimilação fatal, que tiraria
a nossa iniciativa, que nos acorrentaria [...] num pecado distante, misterioso,
do qual não temos consciência [...]. Se Adão e Eva pecaram, só a eles cabe a
responsabilidade de seu erro.» 6
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os
saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As
idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros não eram claramente
definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua
ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem
precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição
o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. 2
É importante assinalar que, a despeito de os judeus representarem uma raça
de profetas e médiuns notáveis, em Deuteronômio, 18:9-12, existe a proibição
moisaica de evocar os mortos.
«A proibição feita por Moisés tinha então a sua razão de ser, porque o legislador
hebreu queria que o seu povo rompesse com todos os hábitos trazidos
do Egito, e de entre os quais o de que tratamos era objeto de abusos.» 4
Haja vista que se «Moisés proibiu evocar os Espíritos dos mortos, é uma
prova de que eles podem vir; do contrário, essa interdição seria inútil.» 5
É importante não confundir a lei civil, estabelecida por Moisés para administrar
o povo judeu, nos distantes tempos da sua organização, com a Lei
Divina, inserida nos Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por ele.
«Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra,
apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.» 1
Há, na atualidade, uma corrente do Judaísmo – denominada Judaísmo
Messiânico – que procura unir o Judaísmo com o Cristianismo, conscientes
de que Jesus é o Messias do povo judeu.
3. Os livros sagrados do Judaísmo
Os ensinamentos religiosos do Judaísmo estão consolidados nas obras
que se seguem, consideradas sagradas.
Torah - A palavra Torah significa a correta direção e, por extensão, “ensinamento”,
“doutrina” ou “lei”. A base da Torah é o pentateuco moisaico,
existente no Velho Testamento, e que representa a Lei Escrita de Deus, cujo
núcleo central é o Decálogo. O primeiro livro é Gênesis (Bereshit), que trata
da origem do mundo e do homem; o segundo é Êxodo (Shemot), que narra
a fuga dos judeus do cativeiro do Egito; o terceiro é Levítico (Vayikra), que
trata das práticas sacerdotais; o quarto é Números (Bamidbar), que traz o recenseamento
do povo judeu; o quinto livro é Deuteronômio (Devarim), com
discursos de Moisés e o código de leis familiares, civis e militares. Existe também
a Torah Oral (Lei Oral ou Mishnah), que explica o Pentateuco moisaico.
A Torah é um rolo de pele de animal Kosher (diz-se de animais ruminantes
que possuem pata fendida, tais como: boi, cervo e ovelha/carneiro), contendo
os cinco primeiros livros bíblicos. As cópias da Torah, existentes em todas as
sinagogas do mundo, têm exatamente o mesmo texto. 9
Os Profetas (Neviim)
Trata-se da mais antiga história escrita de que há registro no mundo. Esses livros surgiram
muito antes de haver algo como a história comparada ou a análise de fontes. No
entanto, o objetivo dos livros históricos do Antigo Testamento não era propriamente
registrar a história, e sim dar a ela uma interpretação religiosa. Dois dos livros históricos
receberam nomes de mulher. Os livros de Rute e de Ester são histórias curtas e belas, com
mulheres no papel principal. Os livros proféticos são Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze
Profetas Menores, assim chamados por causa da brevidade de suas obras: Oséas, Joel,
Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Segundo seu próprio testemunho, os profetas foram chamados para proclamar a vontade
de Deus. Muitas vezes eles usam a fórmula: “Diz o Senhor”. 11
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
Escritos Poéticos - Entre estes, há os cento e cinqüenta Salmos, que representam
os escritos de maior significado histórico e religioso do Velho Testamento.
Surgiram, possivelmente, em 587 a.C., antes da destruição de Jerusalém.
Foram elaborados para os serviços do templo e para a comemoração das festas
judaicas. Cerca de metade dos salmos é de Davi, significando isto que muitos
foram escritos por este ou para este rei. Outro escrito poético, reconhecidamente
de notável beleza, é o Livro de Job, que aborda o significado do sofrimento e a
justiça de Deus. 12
Talmud/Talmute ou “estudo”, é a principal obra do Judaísmo rabínico,
porque, segundo a tradição, Moisés não recebeu apenas a Lei Escrita de Deus
(Torah), mas também a Lei Falada, que deveria ser transmitida oralmente para
complementar o entendimento do que está escrito. Essa é a forma que os rabinos
orientam os seus fiéis e estudam os ensinamentos do Judaísmo. Do Talmute
originam-se todas as normas haláquicas (fundamentos das leis judaicas) e as
orientações não - haláquicas (aggaadah): ensinos éticos e interpretação de
textos bíblicos. O Talmute expressa a essência da cultura e da religião judaicas,
assim como o caminho espiritual que o povo judeu deve seguir. Há dois tipos
de Talmute: o da Babilônia e o de Jerusalém. O Talmud Babilônico consiste na
compilação das leis, inclusive a Torah, tradições, preceitos morais, comentários,
interpretações e debates registrados nas academias rabínicas da Babilônia e de
Israel, por volta do século quinto, abrangendo um período de mil anos (do século
V a.C. ao V d.C.), aproximadamente. O Talmud de Jerusalém foi publicado um
século antes do Babilônico. 13, 7
4. A cabala judaica. O calendário religioso
A Cabala é uma das correntes místicas do Judaísmo. O termo significa
literalmente recepção e, por extensão, tradição. Também pode ser traduzido
como recebimento, e transmissão de ensinamentos, porque os judeus místicos
afirmam que a Lei escrita só poderia ser explicada pela Lei oral, ensinada de
acordo com as pessoas e circunstâncias, secretamente. Essa tradição oral é
transmitida de geração a geração durante milênios. Trata-se de um tema tão
misterioso que, durante séculos, só homens casados e com mais de quarenta
anos eram autorizados a estudá-lo. Esta regra já não é totalmente aceita e, hoje,
homens e mulheres estudam os princípios básicos da Cabala. 17
Exige-se um certo grau de sabedoria e de maturidade espirituais para um
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
judeu aprender «interpretá-lo fielmente, nas épocas remotas. [...] Os livros
dos profetas israelitas estão satu rados de palavras enigmáticas e simbólicas,
constituindo um monumento parcialmente decifrado da ciência secreta dos
hebreus.» 21
Poucos judeus conhecem ou conheceram profundamente a Cabala.
Moisés foi um deles. Para os místicos judeus, somente através da Cabala conseguiremos
eliminar definitivamente a guerra, as destruições e as maldades
existentes no mundo. O primeiro cabalista teria sido o patriarca Abraão. Ele
teria visto as maravilhas da existência humana e dos mundos mais elevados.
O conhecimento adquirido por Abraão teria sido transmitido oralmente aos
seus descendentes. O primeiro trabalho sobre a Cabala, o Sefer Yetzirah, ou
Livro da Criação, é atribuído a Abraão. Esse texto básico da Cabala ensina que
existem trinta e dois caminhos da sabedoria organizados, por sua vez, em dez
itens denominados Sefirot ou Luzes Divinas. Estas luzes divinas, representadas
nas 22 letras do alfabeto hebraico, são canais que o Criador utilizou na obra da
Criação. As letras são consideradas os alicerces ou vasos da criação, e incluem
todas as combinações e permutações através das quais Deus criou o mundo
com palavras. A Cabala procura, essencialmente, descobrir a origem de tudo
o que existe: o Universo e a Terra; o ser humano, sua vida e morte; o mal; a
senda do bem; o poder da prece, etc. 18
O Antigo Testamento é um repositório de conhecimentos secretos, dos
iniciados do povo judeu, e somente os grandes mestres da raça poderiam. A
grande contradição do Judaísmo é, sem dúvida, a não-aceitação do Cristo
como o seu Messias.
A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido
pelo povo judeu. Os sacerdotes não esperavam que o Redentor procurasse a hora mais
escura da noite para surgir na paisagem terrestre. Segundo a sua concepção, o Senhor
deveria chegar no carro magnificente de suas glórias divinas, trazido do Céu à Terra pela
legião dos seus Tronos e Anjos; deveria humilhar todos os reis do mundo, conferindo
a Israel o cetro supremo da direção de todos os povos do planeta; deveria operar todos
os prodígios, ofuscando a glórias dos Césares. 22
Para os judeus, a vinda do Messias à Terra, surgindo sobre nuvens, com
grande majestade, cercado de seus anjos e ao som de trombetas, tinha um significado
muito maior do que a simples vinda de uma entidade investida apenas
de poder moral. Por isso mesmo, os judeus, que esperavam no Messias um rei
terreno, mais poderoso do que todos os outros reis, destinado a colocar-lhes a
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
nação à frente de todas as demais e a reerguer o trono de David e o de Salomão,
não quiseram reconhecê-lo no humilde filho de um carpinteiro, sem autoridade
material. No entanto, estejamos certos:
Jesus acompanha-lhe a marcha dolorosa através dos séculos de lutas expiatórias regeneradoras.
Novos conheci mentos dimanam do Céu para o coração dos seus patriarcas e
não tardará muito tempo para que vejamos os judeus compreendendo integralmente a
missão sublime do verdadeiro Cristianismo e aliando-se a todos os povos da Terra para
a Caminhada Salvadora, em busca da edificação de um mundo melhor. 23
O Judaísmo possui um calendário litúrgico ou religioso, conhecido como
Círculo Sagrado, cujas festas principais são: 9
• Rosh Hashaná: Ano Novo (mais ou menos em setembro). É o dia da
comemoração do aniversário da criação do mundo e o dia em que o Eterno
abre o livro da vida e da morte, escrevendo nele os atos que todos os viventes
realizaram durante o ano.
• Yom Kippur: Dia da Expiação (também em setembro). Esse é o dia
mais sagrado do ano. Os judeus adultos passam-no na Sinagoga, em orações e
súplicas, observando um rigoroso jejum de 25 horas, buscando o perdão divino
para os seus pecados. Reza a tradição que neste dia Deus fecha o livro da vida
e da morte, selando o destino de cada indivíduo para o ano seguinte.
• Pessach: Páscoa. É celebrada aproximadamente em catorze de abril,
no início da primavera. Comemorando-se a libertação do povo de Israel da
escravidão no Egito. São 8 dias de comemoração.
• Shavuot: Festa das Semanas (mais ou menos em maio). É a festa máxima
do Judaísmo, pois comemora a entrega da Torá (feita por Deus) a Moisés,
no Monte Sinai. Ela também é conhecida como Hag ha Bicurim (Festa das
Primícias).
55
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 1, item 2, p. 55.
2. ______. Cap. 4, item 4, p. 90-91.
3. ______. Cap. 18, item 2, p. 325-326..
4. ______. O que é o espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 1, p.
139 (Terceiro diálogo - o padre).
5. ______. p. 140.
6. ______. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos. Ano décimo primeiro,
1868/publicada sob a direção de Allan Kardec. Tradução de Evandro Noleto
Bezerra (poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima). Rio de Janeiro: FEB,
2005. Novembro de 1868. Nº 11, p. 456-459 (Do pecado original segundo
o Judaísmo).
7.ALGAZ, Isaac. Síntese da história judaica. http://www.tryte.com.br/judaismo/
co-leção/br/livro2/sintese.htm.
8. BRIAN, Lancaster. Elementos do judaísmo. Tradução de Marli Berg. 1. ed.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1995, p. 15-16.
9. http://www.conhecimentosgerais.com.br. Acessar os itens: Religiões reveladas
e Judaísmo.
10. HELLERN, V. Notaker, H. GAARDNER, J. O livro das religiões. Tradução
de Isa Maria Lando. 9. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.Cap.
(Religiões surgidas no oriente médio:monoteísmo), item: Judaísmo, p. 98
11. ______. p. 105-106.
12. ______. p. 106-107.
13. ______. p. 108.
14. LAMM, Maurice. Judaísmo. Tradução de Dagoberto Mensch. 1. ed. São
Paulo: Sefer, 1999, p. 256.
15. MACEDO, Roberto. Vocabulário histórico-geográfico dos romances de
Emmanuel. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Vervete: Jerusalém, p. 122.
16. ______. p. 123 (Judá).
17. PROPHET, Elisabeth Clare. Cabala: o caminho da sabedoria. Tradução
de Urbana Rutherford. 1. ed. Rio de Janeiro, Record-Nova Era, 2002. Contracapa.
18. ______. Capítulos 1, 3, 6, 7 e 8.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Divaldo fala sobre tragédias coletivas


Morte na boate- Richard Simonetti

Tragédias como a de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que vitimou 231 pessoas sempre suscitam a dúvida crucial: Maktub? Estava escrito?
            A meu ver está escrito apenas que morreremos um dia, mas sem definição do dia e hora, já que estes pertencem às contingências humanas, subordinadas ao livre-arbítrio.   Raros vivem integralmente o tempo concedido por Deus para as experiências humanas. Multidões retornam antes do tempo à espiritualidade por cuidarem mal do corpo, por se comprometerem no vício, no desregramento, na indisciplina, no crime…
            Há quem diga que débitos cármicos, nascidos de desvios cometidos em passadas existência teriam originado uma espécie de resgate coletivo na funesta madrugada.
            Além de logisticamente complicado juntar pessoas que queimam e sufocam seus semelhantes para morte igual, tal resgate lembra a pena de talião defendida por Moisés, o olho por olho, à distância do amor que cobre a multidão dos pecados, ensinado por Jesus.
            Há sempre a ideia supostamente consoladora, de que tudo vem de Deus. Assim pensando, seria, porventura, mais razoável imaginar que Deus estimula a negligência, a indisciplina, os vícios, os assassinatos, as bebedeiras, a agressividade, a maldade, a violência, as guerras, que diziam milhões de pessoas para que as pessoas paguem suas dívidas?
            Seria razoável imaginar que Deus inspirou os americanos a soltar duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, para que 200 mil japoneses quitassem seus débitos?
Essas mortes são de inspiração humana, jamais divina.
            O verdadeiro consolo está em considerar que o Espírito, a individualidade pensante, não morrerá jamais.
            Nascer e morrer são apenas duas faces da mesma moeda: a vida imortal, que se estende ao infinito, no desdobrar de experiências que nos conduzem à perfeição. Então, como diz Jesus, não mais experimentaremos a experiência da morte, em planos de matéria densa como a Terra. Nessa concepção está o verdadeiro consolo.
Quanto aos nossos amados, que nos antecedem no retorno à Espiritualidade, estão ausentes apenas aos nossos olhos.
            Se pudéssemos ver saberíamos que eles nos procuram, sofrem com nossa angústia, perturbam-se com nosso desconsolo, fortalecem-se com nossa coragem, vibram com nossas esperanças, torcem para que sejamos firmes e fortes no enfrentar os embates da existência a fim de que o reencontro mais tarde se dê em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando-nos luminoso porvir.
Transcrito do site Rede Amigos Espíritas

Amor e Família em Novos Tempos."...Por isso, no Espiritismo o amor não é instinto (necessidade orgânica) nem desejo ou simples fazer sexual (sensorialidade) mas a aspiração suprema de beleza e espiritualidade nas perspectivas da transcendência..."(...)a Educação, que tem de renovar os seus conceitos básicos sobre o seu objeto, o educando. Em primeiro lugar a educação familial, que deve basear-se na afetividade, nas relações de amor e compreensão entre pais e filhos. Educação com violência é domesticação. O mundo da criança não é o mesmo do adulto e este tem de descer a esse mundo, voltar à sua própria infância para não esmagar a infância dos filhos..." ...Kardec ensina que a criança, embora tenha o seu passado em geral lamentável, nasce vestida com a roupagem da inocência para tocar o coração dos pais e despertar-lhes o amor e a ternura, de que ela necessita para o desenvolvimento das suas potencialidades humanas. Se fazemos o contrário, despertamos na criança o seu passado de erros e depois a condenamos por seus instintos. Essa tese kardeciana é hoje dominante nos meios pedagógicos..."



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Amor e Família em Novos Tempos

Ninguém colocou melhor o problema da família do que Allan Kardec, pois não se apoiou apenas na pesquisa das aparências formais, mas penetrou na substância da questão, no plano das causas determinantes. Por isso nos oferece um esquema tríplice das formações familiais do nosso tempo, a saber:
a)   a família carnal, formada a partir dos clãs primitivos, evoluindo nas miscigenações raciais, através de inumeráveis conflitos ao longo das civilizações progressivas, na fermentação dialética do amor e do ódio. Os grupos assim formados subdividem-se, nas reencarnações progressivas, em inumeráveis subgrupos, que também crescerão e se subdividirão na temporalidade, ou seja, na imensa esteira do tempo, que, segundo Heedegger, acolhe o espírito. São essas as famílias consangüíneas, que se desfazem com a morte.
b)  a família mista, carnal e espiritual, em que os conflitos do amor e do ódio entram em processo de solução, nos reajustamentos das lutas e experiências comuns, definindo-se e ampliando-se as afinidades espirituais entre diversos grupos, absorvendo elementos de outras famílias, nas coordenadas da evolução coletiva. O condicionamento familial, nas relações endógenas e necessárias da vivência em comum, quebra a pouco e pouco as arestas do ódio e das antipatias, restabelecendo na medida do possível as relações simpáticas que se ampliarão no futuro. A desagregação provocada pela morte permitirá reajustes mais eficazes nas sucessivas reencarnações grupais.
c)   a família espiritual, resultante de todos esses processos reencarnatórios, que aglutinará os espíritos afins no plano espiritual, nas comunidades dos espíritos superiores que se dedicam ao trabalho de assistência e orientação aos dois tipos familiais anteriores, mesclando-as de elementos que nelas se reencarnam para modificá-las com seu exemplo de amor e dedicação ao próximo. Essa família não perece, não se desfaz com a morte, crescendo constantemente para a formação de Humanidades Superiores. É fácil, usando-se as medidas da Escala Espírita em O Livro dos Espíritos, identificar-se nas famílias terrenas a presença de vários tipos descritos na referida escala, percebendo-se claramente as funções que exercem no processo evolutivo familial.
A concepção espírita da família, como se vê, é muito mais complexa e de importância muito maior que a das religiões cristãs, que conferem eternidade e inviolabilidade ao sacramento do matrimônio, mas não podem impedir que, na morte, o marido vá parar nas garras do Diabo, a esposa estagiar no Purgatório e os filhos inocentes curtir a sua orfandade nos jardins do céu. A concepção jurídica e terrena da família não vai além dos interesses materiais de uma existência. O mesmo se dá com a concepção sociológica, que faz da família a base da sociedade, ambas perecíveis e transitórias. As pessoas que acusam o Espiritismo de aniquilar a família através da reencarnação revelam a mais completa ignorância da Doutrina ou o fazem por má-fé, na defesa de interesses religiosos-sectários.
A família nasce do amor e dele se alimenta. Não é apenas a base da sociedade, mas de toda a Humanidade. É na família que as gerações se encontram, transmitindo suas experiências de uma para outra. Combater a instituição familial, negar a sua necessidade e a sua eficácia no desenvolvimento dos povos e dos mundos é revelar miopia ou cegueira espiritual, em cultura ou desequilíbrio mental e psíquico, falta de ajustamento à realidade, esquizofrenia não raro catatônica. Isso é evidente no estado de alienação em que essa atitude se manifesta, em pessoas amargas, ressentidas ou extremamente pretensiosas, que desejam mostrar-se originais. Em geral, são criaturas carentes de afetividade. Quando se desligam da família natural ligam-se a grupos de criaturas afins, engajam-se em outras famílias ou tornam-se misantropas destinadas à neurastenia ou à loucura. O instinto gregário da espécie é uma exigência da evolução humana, a que ninguém pode furtar-se sem pagar pelo seu egoísmo.
Os ideólogos da solidão individual esquecem-se de que todas as tentativas nesse sentido fracassaram ao longo da História. Esparta morreu de inanição por falta de relações familiais, enquanto Atenas cresceu e projetou-se num futuro glorioso, pela solidez de seu sistema familial. Roma caiu nas mãos dos bárbaros quando suas famílias se entregaram à degeneração. Os próprios nômades jamais dispensaram o seu sistema de famílias ambulantes. Anarquistas e socialistas delirantes, que sonhavam com sociedades anti-sociais, formadas de indivíduos avulsos e dotadas de grandes depósitos de crianças avulsas – os filhos do Estado – morreram protegidos pelo carinho dos familiares. Robinson Crusoé é a imagem do homem arrebatado ao seu meio, sem perspectivas. Sartre, que rompeu com a tradição familial e demonstrou os inconvenientes da convivência, fazendo uma tentativa de misantropia estóica, nunca dispensou a companhia de Simone de Beauvoir e o cosmopolitismo parisiense, formulou o célebre veredicto: Os outros são o inferno, mas jamais os dispensou. Escrevia no Café de Fiori e quando visitou a URSS exigiu a inclusão no programa oficial de horas de solidão absoluta, mas nessas horas se ralava inquieto, segundo o testemunho de Simone. O homem é relação e a família é o meio de relação em que ele absorve a seiva humana que o faz homem.
Não há interesse maior para a criatura humana no mundo que o seu semelhante, porque é nele que nos realizamos.
Uma paisagem solitária é um motivo edênico de contemplação, e quando alguém aparece, como Sartre observou, imediatamente nos tira a liberdade e nos transforma em objeto. Mas o próprio ato de objetivar-nos permite-nos recuperar a nossa subjetividade dispersada na paisagem. Essa dinâmica de projeção e retroação revela ao mesmo tempo a natureza dialética do ser, estável no soma e instável na psique. Dessa dialética resulta a síntese total da consciência estética, em que o real objetivo e o irreal subjetivo se fundem na percepção estética do amor.
Por isso, no Espiritismo o amor não é instinto (necessidade orgânica) nem desejo ou simples fazer sexual (sensorialidade) mas a aspiração suprema de beleza e espiritualidade nas perspectivas da transcendência. A superação de objetivo e subjetivo se resolve na globalidade do Amor. Por isso o Apóstolo João, no seu Evangelho, define o Ser Supremo na conhecida frase: Deus é Amor. As definições da Filosofia como Amor da Sabedoria (Pitágoras) e Sabedoria do Amor (Platão) revelam a intuição, já na Antiguidade, dessa total globalidade do Amor que o Espiritismo viria explicar mais tarde. O desenvolvimento dessa globalidade se processa na família, em que a afetividade desabrocha para a posterior floração do Amor no processo existencial. As famílias a e b da teoria kardeciana, que explicitamos em nosso esquema, preparam o ser, projetado na existência, para a odisséia das almas viajoras de Plotino, que vão subir e descer pela escada de Jacó nas reencarnações sucessivas, em busca do arquétipo da família e, em que as famílias desse padrão superior se integrarão progressivamente no plano divino das humanidades espirituais que constituirão no Infinito a Humanidade Cósmica. Essa a razão por que René Hubert, filósofo e pedagogo francês contemporâneo, sustenta que os fins da Educação consistem no estabelecimento, na Terra, da República dos Espíritos, através da Solidariedade de consciências.
A Educação Familial é o germe afetivo e puro de que decorre todo o processo educacional do homem. Com o amparo da família, na solidariedade doméstica do lar, por mais obscuro e humilde, é que se realiza a fotossíntese inicial da atmosfera de solidariedade e amor das gerações que modelam o futuro. Cabe aos espíritas implantar na Terra uma nova Educação, com base nos dados da pesquisa espírita e segundo o esquema da Pedagogia Espírita. Essa Pedagogia, iniciada por Hubert (que não é espírita) fundamenta-se nos princípios doutrinários do Espiritismo e destina-se a preparar as novas gerações para a Era Cósmica que se aproxima. Os professores espíritas de todos os graus do ensino têm um dever supremo a cumprir, nesta fase de transição do nosso planeta: procurar compreender os princípios educacionais do Espiritismo e trabalhar pelo desenvolvimento da Educação Espírita.
Estamos entrando na Era Cósmica, numa seqüência natural do desenvolvimento da Era Tecnológica. tudo se encadeia no Universo, como assinala O Livro dos Espíritos. Com o avanço científico e técnico dos últimos séculos, e particularmente do nosso, a Terra amadureceu para a conquista do espaço sideral. O impacto de nossos primeiros contatos com outros mundos já produziu profundas modificações, de que ainda não demos conta, em mundividência. As pesquisas espaciais continuam, ampliando a nossa visão da realidade cósmica. Uma nova civilização está surgindo aos nossos olhos, sob os nossos pés e sobre as nossas cabeças. Mas para que isso aconteça, sem perdermos de todo o equilíbrio cultural, já bastante abalado, temos de cuidar seriamente da renovação de nossos instrumentos culturais básicos, a saber:
a)   a Economia, que deve tornar-se universal, rompendo os diques e as barreiras de um mundo pulverizado, para lhe dar a unidade necessária e a flexibilidade possível para o atendimento dos povos e de suas camadas diversificadas, afastando do planeta os privilégios e os desperdícios, a penúria e a fome. A civilização humana e perfeita, ensina O Livro dos Espíritos, é aquela em que ninguém morre de fome. A duras penas, a nova mentalidade econômica já está se definindo em todas as nações civilizadas, mas o egoísmo das camadas privilegiadas ainda impede a compreensão das exigências de fraternidade e humanismo dos novos tempos.
b)  a Moral, que tem de romper os seus padrões envelhecidos de egoísmo e sociocentrismo, moldados em preconceitos de vaidade, ambição e prepotência, para elevar-se a novos padrões de humanismo, respeito por todos os direitos humanos, até hoje sempre espezinhados na Terra dos Homens, essa expressão de Saint-Exupéry que é um novo chamado à nossa consciência em termos evangélicos. Altruísmo – interesse pelos outros – humildade, fraternidade, tolerância e compreensão, amor, são essas as novas palavras de uma moral realmente cristã. A violência terá de ser expulsa da Terra dos Homens, com seu cortejo de brutalidades. É necessário que o conceito de não-violência se transforme na marca do homem, no signo que o distingue do bruto, do primata inconsciente. A honra e a dignidade humanas são incompatíveis com a estupidez dos broncos, inamissíveis num sistema de civilização. Como adverte Fredric Wertham, a violência é um câncer social, que corrói e destrói toda a estrutura de uma civilização. O homem verdadeiramente homem deve ter vergonha e horror da violência. Ser violento é ser amoral, pois quem não respeita os outros não respeita a si mesmo.
c)   a Educação, que tem de renovar os seus conceitos básicos sobre o seu objeto, o educando. Em primeiro lugar a educação familial, que deve basear-se na afetividade, nas relações de amor e compreensão entre pais e filhos. Educação com violência é domesticação. O mundo da criança não é o mesmo do adulto e este tem de descer a esse mundo, voltar à sua própria infância para não esmagar a infância dos filhos. As pesquisas entre os povos selvagens mostraram que a essência da educação é o amor. Sem amor não se educa, deforma-se. Nos povos selvagens a educação não foi deformada pela idéia do pecado, pelo mito da queda do homem, que envolvera o mundo de violências redentoras capazes de aterrorizar um brutamontes, quanto mais uma criança. Kardec ensina que a criança, embora tenha o seu passado em geral lamentável, nasce vestida com a roupagem da inocência para tocar o coração dos pais e despertar-lhes o amor e a ternura, de que ela necessita para o desenvolvimento das suas potencialidades humanas. Se fazemos o contrário, despertamos na criança o seu passado de erros e depois a condenamos por seus instintos. Essa tese kardeciana é hoje dominante nos meios pedagógicos. Como dizia Gandhi, não se pode levar uma criatura ao bem pelos caminhos do mal. Os povos selvagens são mais civilizados que os povos civilizados, no tocante a esse problema, pois intuem com pureza e ingenuidade o verdadeiro sentido da educação. Educar é um ato de amor, diz Kerchensteiner em nossos dias, endossando o pensamento de todos os grandes pedagogos e educadores da Grécia antiga e do mundo moderno, a partir de Rousseau.
Mas a Educação Espírita tem ainda uma função essencial a desenvolver: o desenvolvimento das faculdades paranormais do educando, preparando-o para as atividades cósmicas da nova era. O Espiritismo foi o revelador dessas faculdades humanas que o passado confundiu com manifestações doentias ou sobrenaturais. O Espiritismo foi a primeira Ciência a mostrar experimentalmente esse engano fatal, de que resultou para a Humanidade terríveis tragédias. Cento e trinta anos antes das descobertas parapsicológicas nesse sentido, a Ciência Espírita demonstrou que as funções anímicas e psico-anímicas da criatura humana eram normais, pertenciam à própria natureza do homem. As pesquisas atuais no Cosmos revelaram que o desenvolvimento das faculdades psi é indispensável ao bom êxito das incursões no espaço sideral. A Educação Espírita é a única que pode enfrentar essas exigências dos novos tempos, cuidando do desenvolvimento dessas faculdades de maneira racional, sem os prejuízos dos falsos conceitos e dos temores infundados das formas de educação religiosas e leigas do nosso tempo.
Cabe assim ao Espiritismo renovar totalmente a cultura atual, reestruturar a Civilização Tecnológica nos rumos da Civilização do Espírito. Esse o fardo leve do Cristo que pesa sobre a consciência de todos os espíritas verdadeiros, nesta hora do mundo, e particularmente sobre a consciência dos educadores espíritas. Nessa civilização o amor não será fonte de decepções, desajustes e tragédias. A Família não se estruturará em preconceitos provindos dos tempos de barbárie, mas na moral evangélica pura, feita de amor e respeito pelas exigências da vida. O amor verdadeiro e espontâneo, puro como água da fonte, livre de interesses secundários, fará da família a fonte de amor que elevará a Terra na Escala dos Mundos. Isto não é sonho nem profecia, é o programa espírita para o Mundo de Amanhã, e que cabe aos espíritas realizar a partir de hoje, sem perda de tempo.
Curso Dinâmico do Espiritismo
Herculano Pires