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domingo, 16 de dezembro de 2012

Os "obsessores", gente como a gente."(...)Creio que é em Emmanuel que a gente lê que o ódio é o amor que enlouqueceu.."

Os "obsessores", gente como a gente

Hermínio C. Miranda
Qualquer abordagem à complexa problemática da obsessão deve começar, a meu ver, com uma atitude preliminar de humildade e amor fraterno. Ainda que isto possa parecer mera pregação com um toque de falsa modéstia, não é nada disto. A humildade constitui ingrediente indispensável a qualquer tarefa de natureza mediúnica, dado que é ainda bastante limitado o conhecimento dessa preciosa faculdade humana. Temos de nos apresentar diante da tarefa com a honesta intenção de aprender com o seu exercício, ainda que, paradoxalmente, munidos de todo o conhecimento teórico que for possível adquirir previamente. Quando a gente pensa que já sabe tudo sobre mediunidade, eis que ela se revela sob aspectos que ainda não tínhamos percebido ou apresenta facetas desconhecidas e aparentemente inexplicáveis. É como se cada sessão tivesse uma espécie de individualidade diferente de todas as demais, ainda que semelhante em suas características básicas. tal como as pessoas, ou seja, tão iguais umas com às outras e, ao mesmo tempo, tão diferentes.
E por falar em pessoas, vamos colocar a segunda preliminar, a de que o trato com a obsessão deve ser iluminado pelo amor fraterno. Por uma razão tão simples e óbvia que parece infantil, mas que se põe como de vital importância para o bom êxito do trabalho pretendido, ou seja, a de que os espíritos são gente como a gente. E gente que sofre e que, portanto, precisa de compreensão e paciência. São pessoas em conflito consigo mesmas e, portanto, com outros, com o mundo, com a vida , com Deus e com o próprio amor. Creio que é em Emmanuel que a gente lê que o ódio é o amor que enlouqueceu.. É verdade e tanto é verdade que mesmo este amor enlouquecido ainda é amor; como temos tido oportunidade de observar tantas vezes.
Lembro-me de um caso desses em que foi por esse caminho que encontrei o acesso que buscava ao coração do manifestante enfurecido daquela noite. Sua desesperada indignação dirigia-se a uma mulher que, aparentemente, manipulara impiedosamente suas emoções no passado. Chegara para ele a hora da vingança e ele a exercia com toda a força de seu ódio, tentando convencer-se de que o fazia com o maior dos prazeres. Agora, sim, tinha-a em seu poder! Sustentava-se no rancor secular e era isso mesmo que ele dizia. Sem aquele ódio, não seria nada nem ninguém, pois aquilo acabara constituindo a razão de ser de sua existência. Em situações como essa, o ódio e o ilusório prazer da vingança funcionam como biombos atrás dos quais a gente esconde, pelo menos por algum tempo, as próprias frustrações e procura abafar a voz incorruptível da consciência. Enquanto procuramos cobrar faltas cometidas contra nós, esquecemos dos nossos crimes e afrontas à lei divina.
Esse era o cenário e esse era o drama que tínhamos diante de nós. Que estava ele na posição de um obsessor, estava. Não se importa se assim o considerássemos. A vingança, no seu entender, era direito que ninguém poderia contestar-lhe. "Ela não errou? A lei não diz que somos todos responsáveis pelos atos que praticados? E não diz mais que quem fere com a espada, com a espada será ferido? Esta aí no seu evangelho!", dizem os vitoriosos. "Ela é uma peste. Você nem imagina como aquela mulher é ruim! E agora que estou aqui, cobrando minha parte, vem vocês com peninha dela! E sabe de uma coisa? Não se meta nisso não. O caso é comigo. Deixa que eu resolvo!"
Esse é o tom. Como fazê-lo mudar, não apenas o discurso, mas o procedimento, a maneira de avaliar a situação e de redirecionar suas emoções em tumulto? E perguntam, às vezes: "Você não acha que eu tenho razão?" Até que sim, se examinarmos o problema na estreiteza do seu contexto pessoal. É compreensível o rancor, gerado por uma dolorosa decepção com a pessoa em quem confiou e à qual entregou seu próprio coração e até sua vida. Mas esse espaço mental é exíguo demais para se colocarem todos os dados do problema. A vida não é uma só, a lei não é punitiva, mas educativa, e, acima de tudo, não há sofrimento inocente, a não ser nos grandes lances do devotamento ao próximo, nas tarefas missionárias. Por outro lado, se a lei permite ou tolera a vingança, embora não a aprove jamais, é porque aquele que erra se expõe à correção. Os obsessores mais experientes, sabem que somente conseguem cobrar aquilo que têm como crédito pessoal, precisamente porque, segundo ensinou o Cristo, o "pecador se torna escravo do pecado" e não sai de lá enquanto não pagar até o último centavo, ou seja, enquanto restar um reclamo na sua própria consciência. Não é preciso que ninguém cobre, mesmo porque a dívida é com a lei, representada em cada um de nós no silêncio da intimidade, mas o vingador não quer saber de tais sutilezas.
Todo aquele que se expõe ao duro retorno do reajuste pode estar certo de haver-se atritado com alei anteriormente. A conclusão lógica e inescapável é a de que, quando o nosso querido passou pelo dissabor de uma traição ou do abandono, estava na fase de retorno, na sofrida simetria de seus equívocos anteriores. Isto, porém, nunca estamos prontos para admitir quando nos encontramos na dolorosa postura do obsessor. Achamos, então, que esta é a nossa vez. Que perdão, nada! Sempre que perdoei me dei mal, costumam dizer. Vence, no mundo, aquele que grita, impõe e domina, não o que abaixa cabeça e marca a si mesmo com o carimbo da covardia.
Em suma: o nosso querido obsessor não era diferente de nenhum de nós, ainda prisioneiros de paixões milenares que repercutem e ecoam de século em século e vão aos milênios. É um ser humano, uma pessoa, gente como a gente. O que ele deseja, embora nunca o admita espontaneamente, é que tenhamos paciência para ouvi-lo, compreendê-lo, cuidar da sua dor, ainda que, conscientemente, também não a reconheça. Por isso após todo o seu catártico destampatório, ele se mostrava convicto de estar coberto de razão e, por isso, vitorioso no seu valente debate com o grupo. Só nesse ponto, contudo, tinha alguma condição para nos ouvir. Até então fora dono absoluto da palavra, dos argumentos, da indignação, da situação, enfim. Ele perseguia a moça porque queria e porque podia fazê-lo e estamos conversados.
Estava, portanto, dando a conversa por encerrada e pronto para retomar logo sua tarefa de ficar à espreita da sua vítima, como o gato que vigia o rato, no preciso e curioso dizer de Kardec.
É nesses momentos, contudo, que a inspiração parece funcionar melhor e, por isso, nosso doutrinador comentou, como quem apenas dá conta de um fato óbvio por si mesmo: "Isto tudo quer dizer, então, que você ainda a ama, não é? Recuperado do momentâneo aturdimento, ele teve a honestidade e a bravura de reconhecer que sim, ainda a amava, a despeito de tudo. Tínhamos chegado, afinal, ao seu coração, ao âmago da sua angústia, ao núcleo de suas dores e até de suas esperanças. E mais uma vez tínhamos diante de nós não um implacável obsessor convencido do seu legítimo direito de cobrar uma falta cometida contra si mesmo, mas um ser humano igualzinho a nós, sofrido, solitário, perdido na sua dor, mas principalmente, no seu ódio que, afinal de contas, não passava de um grande e inesquecível amor enlouquecido. Pois não é isso mesmo que aconteceu com a gente? Ou já aconteceu? Não é um irmão(ou irmã) que ali está ansioso, na secreta esperança de que consigamos, afinal, convencê-lo de que ele ainda a ama? Por isso sempre digo a eles , e a mim também, que amar é um estranho verbo, porque não tem passado. Você não diz que amou alguém. Se amou mesmo, de verdade, então continua amando. Mário de Andrade dizia que amar é verbo intransitivo e tinha razão, mas é também defectivo, porque não se conjuga em tempo passado. O amor é para sempre. Por isso, também dizia Edgar Cayce que o amor não é possessivo, ele apenas é. Claro, ele é da essência de Deus e, portanto, do ser, isto é, de todos nós. E ser é verbo e é substantivo.
Foi por essas e outras que acabei descobrindo que o amor é também da essência da tarefa dita desobsessão e que prefiro conceituar como diálogo com atormentados companheiros de jornada evolutiva que, eventualmente, estejam vivendo dolorosos papéis de obsessor. Quem não se sentir em condições pessoais de ver no chamado obsessor uma pessoa humana como a gente mesmo, então deve dedicar-se a outra tarefa no grupo. A seara é imensa, não falta trabalho para ninguém. Já alertava o Cristo, ao seu tempo, que era necessário orar para que o Pai mandasse mais obreiros, sempre escassos e insuficientes. Com a sua deslumbrante lucidez, Paulo explicou para a posteridade as inúmeras tarefas à nossa disposição em qualquer grupamento humano que se propõe a servir ao próximo. É só ler, para recordar, os capítulos 12, 13, 14 da sua Primeira Epístola aos Coríntios, e que constituem o primeiro "Livro dos Médiuns" do cristianismo. Aqueles que desejarem devotar-se ao trabalho gratificante da desobsessão que leiam de maneira especial, demorada e meditada, o capítulo 13, no qual o tema tratado é o da caridade, ou seja, o amor atuante.
Por tudo isso e mais o que não ficou dito, entendo que , na tarefa chamada de desobsessão, o ingrediente básico é o amor, que sempre saberá como encontrar o que dizer ao ser humano que temos diante de nós na mesa mediúnica. Doutrinação é palavra inadequada para caracterizar esse trabalho. Que teria eu a ensinar ao companheiro ou à companheira que comparece ao grupo mediúnico? Não há como ensinar pontos doutrinários teóricos a quem está vivendo a realidade, que conhecemos mais pelo estudo do que pela vivência. Eis porque costumo dizer que muito pouco ou quase nada tenho ensinado às pessoas desencarnadas que comparecem aos nossos trabalhos mediúnicos. Em compensação, devo a todos eles ensinamentos preciosos, recortados diretamente das páginas pulsantes da vida. E por isso, nunca saberia expressar toda a minha gratidão pela oportunidade que me foi concedida de trabalhar junto dos queridos "obsessores".

Entrevista com Divaldo Franco - Segunda parte



O Consolador – Em suas viagens pelos continentes, qual foi a situação que mais marcou sua vida?
As situações que mais me marcaram nas diferentes viagens ao exterior foi sempre poder constatar que nunca nos encontramos a sós. Em momentos muito difíceis em países onde o Espiritismo era totalmente desconhecido, não falando o idioma local, sempre fui inspirado a tomar as decisões acertadas, equacionadas as dificuldades momentâneas que me constituíam desafios. Jamais me faltou esse concurso dos Espíritos superiores, que me proporcionaram divulgar a Doutrina Espírita com dignidade nos mais variados pontos do planeta, deixando sempre marcas positivas, espaços abertos para os que chegaram ou se apresentarão depois.

O Consolador – Temos visto muitas prá-ticas nas casas espíritas que causam depen-dência entre os freqüentadores e trabalha-dores, com hábitos desnecessários e muitas vezes místicos. A tolerância fraternal nos so-licita compreender o estágio de instituições e confrades, uma vez que nós mesmos dela também temos necessidade. Devemos dizer a esses companheiros sobre a inutilidade de algumas práticas que possamos presenciar ou nos dedicarmos simplesmente a divulgar o correto Espiritismo?
Acredito que ambas as formas estão corretas. No entanto, considero que o amor que devemos dedicar à Doutrina esteja acima das conveniências decorrentes das amizades e escrúpulos na abordagem das dificuldades que permeiam o nosso Movimento. Não raro, tais comportamentos inadequados que notamos em diversas casas espíritas são frutos da ignorância, do atavismo ancestral herdado de outras religiões, que são incorporadas às práticas espíritas. Desse modo, conversando com lealdade e em particular com os diretores da instituição, a nós nos cumpre o dever de orientar corretamente, apresentando a pulcritude do Espiritismo, de forma que sejam eliminados esses comportamentos doentios.

Como existem também aqueles indivíduos que se acreditam portadores do conhecimento integral e não aceitam a contribuição dos outros, ajamos conforme nos recomenda a consciência espírita, sem nos preocuparmos com as reações que venham a ocorrer. Como a nossa preocupação não deve ser a de agradar, mas a de esclarecer espiriticamente as criaturas, não receemos em ser leais à Codificação, mesmo quando tenhamos que pagar o ônus da incompreensão dos menos preparados doutrinariamente...

O Consolador – Muitos centros incen-tivam estudos intensos sobre romances e outras obras ditas como complementares em detrimento das obras da Codificação espírita. Que conseqüências doutrinárias esse comportamento poderá acarretar?
O dever básico do centro espírita é divulgar a doutrina conforme no-la ofereceu o egrégio Codificador nas obras básicas e na Revista Espírita entre janeiro de 1858 a março de 1869. O estudo do Espiritismo deve ser realizado nas obras fundamentais. Aquelas que são complementares, por mais respeitáveis que se apresentam, são confirmações e ampliações das obras básicas nas quais se alicerça a Doutrina Espírita.

Como estudar romances, ditos espíritas, sem o conhecimento do Espiritismo, ou mergulhar o pensamento no desdobramento de propostas que são ignoradas na sua estrutura inicial?

Espiritizar os indivíduos, afirma-me o Espírito Joanna de Ângelis, é a tarefa de todos aqueles que divulgam o Espiritismo, especialmente na instituição que lhe ostenta o nome.

O Consolador – Doutrina religiosa, sem dogmas propriamente ditos, sem liturgia, sem símbolos, sem sacerdócio organizado e sem rituais, ao contrário de quase todas as demais religiões, como entender a prática ou adoção de rituais no centro espírita?
A presença de quaisquer práticas ritualísticas no centro espírita desfigura-lhe a condição de fidelidade à Doutrina. Sendo o Espiritismo a religião cósmica do amor, não existem justificativas para quaisquer comportamentos supersticiosos e vinculados a outros credos, pois que proporciona a ligação da criatura com o Criador sem a necessidade de intermediários humanos ou circunstanciais, de pessoas ou de ritos extravagantes e desnecessários.

O Consolador – Considerando-se que o Espiritismo é uma religião eminentemente educadora e que o Espírito reencarna para aperfeiçoar-se, você não acha que as atividades que visam à evangelização da criança não têm recebido o apoio na proporção da importância da tarefa?
É de lamentar essa constatação em inúmeros centros espíritas. Acreditam os seus diretores que são imortais no corpo, sem a preocupação de preparar as novas gerações para os substituírem, tanto quanto trabalhar a criança, a fim de produzir uma sociedade feliz, sem vícios nem conflitos, que o Espiritismo dirime e equilibra.

Esse infeliz comportamento traduz a ignorância em torno da educação, que mereceu do insigne Allan Kardec, o nobre educador, páginas de relevante beleza.

Educar a criança de hoje, é dever inadiável, a fim de não se ter que punir o cidadão do futuro, conforme o pensamento de nobre filósofo grego...

O Consolador – Nota-se que há no meio espírita um verdadeiro movimento ico-noclasta que tem tachado pejorativamente de conservadores, de donos da verdade e de censores todos aqueles que se preocupam com a manutenção do nível de equilíbrio, de sobriedade, de fidelidade doutrinária. Será que esse movimento mundial de ques-tionamento de padrões éticos, que surgiu nas últimas décadas do século XX, está chegando ao Movimento Espírita?
Vivemos o momento da grande transição e é natural que ocorram fenômenos dessa natureza, especialmente quando se trata da preservação dos valores ético-morais da sociedade. O tédio emocional decorrente da exaustão dos sentidos no gozo da inutilidade e das paixões subalternas rebela-se contra tudo quanto invita à reflexão, à preservação do bom, do nobre, do belo, convidando à rebelião, às mudanças, na busca de novos estímulos para a sobrevivência daqueles que se lhe fazem vítimas.

O Espiritismo é doutrina grave e profunda, que não se adapta às novidades com que muitos desejam mascará-lo, de modo a permanecerem na futilidade e no sensacionalismo.

Aqueles espíritas sérios que zelam pela preservação dos valores doutrinários sobreviverão aos modismos, porque a Doutrina permanecerá conforme a recebemos de Allan Kardec e dos nobres Espíritos que a Codificaram e a desdobraram através dos anos.

O Consolador – Um fato bem peculiar em grande parte da Europa é a existência de Grupos Espíritas fundados e mantidos por brasileiros, cujos trabalhadores e freqüentadores são em sua maioria brasileiros. Poucos grupos conseguiram despertar nos europeus a vontade de aprender mais sobre a Doutrina Espírita, no seu tríplice aspecto. O que está faltando?
Acredito que essa é a fase inicial, decorrência natural da dificuldade de alguns grupos ainda não realizarem atividades no idioma do país em que se encontram. Por outro lado, a falta de livros traduzidos para os diversos idiomas – e que vem sendo solucionado pelo CEI com muita eficiência – também contribui para o desinteresse dos nacionais.

Esse esforço dos brasileiros é valioso sob todos os aspectos considerados: sustenta-lhes a fé, ajuda o seu próximo e oferece oportunidade de conhecer o Espiritismo àquele que, por acaso, se venha a interessar.

Esse fenômeno ocorreu também com o Cristianismo em Roma, convém lembrar. Ademais, conheço excelentes grupos na Europa que estão encontrando ressonância entre os nascidos nos países em que se encontram fixados. Aguardemos, confiantes, auxiliando esses admiráveis desbravadores.

O Consolador – Como conseguir estreitar mais estes laços e, por conseguinte, contar com a participação dos europeus nas atividades espíritas?
A questão é delicada, especialmente em se considerando que o Espiritismo não é doutrina que impõe, mas que expõe. O europeu, em geral, exceção aos da Península Ibérica, onde o Movimento espírita encontra-se muito bem organizado e difundido, sofreu muitas guerras, experimentou muitas dificuldades, cansou-se da fé religiosa que lhe foi oferecida e vive um período de agnosticismo, senão de materialismo, em alguns disfarçado em postura religiosa vazia de religiosidade...

Com os esforços que vêm sendo envidados pelas sociedades que estão conseguindo registros oficiais e do CEI, confiamos que haverá mais estreitamento entre os brasileiros e os europeus que simpatizam com o Espiritismo.

O Consolador – Quando gostamos muito de uma coisa, é natural que queiramos compartilhá-la. Por que evitarmos o proselitismo, se estamos plenamente convencidos de que o Espiritismo seria tão benéfico e consolador para todos?
O proselitismo, conforme vem sendo praticado por diversas seitas e doutrinas de variadas denominações, tem sido mais prejudicial do que útil, porque faz adeptos inconscientes, fanáticos, presunçosos...

O Espiritismo não deverá realizar esse tipo de divulgação, arrastando multidões para as suas fileiras, considerando os diversos níveis psicológicos de consciência em que se situam os indivíduos, o que não permite uma aglutinação na horizontal dos interesses.

É válida a tentativa de elucidar e conquistar novos adeptos, isto porém se dará no momento quando houver maior amadurecimento espiritual e moral dos indivíduos, após saturar-se das paixões dissolventes a que se aferram.

O Consolador – A todo instante somos colocados diante de situações que exigem nossa imediata avaliação e inevitável julgamento. Que fazer, no âmbito profissional ou familiar, para adotar o princípio cristão sem correr o risco de falharmos por omissão?
Como nos encontramos na Terra, torna-se inevitável que participemos dignamente das imposições vigentes no mundo, avaliando e julgando. Tenhamos como exemplo as autoridades que devem exercer as suas funções, os chefes de setores, os responsáveis por atividades que abrangem grupos humanos e sociais...

O não julgar a que se refere o Evangelho constitui uma advertência a não pensarmos mal dos outros, a não concluirmos apressadamente quando não conhecemos os fatos, a não atirarmos pedras em nosso próximo. Dispondo porém, de argumentos, de informações e dados, é-nos concedido o direito de avaliar e de julgar de maneira equilibrada, contribuindo para a regularização do que esteja errado, a fim de ser corrigido.

Não podemos concordar com tudo, o que nos pode empurrar para uma postura hipócrita, pusilânime ou conivente com o erro...

O Consolador – Qual o melhor caminho para que desenvolvamos dentro de nós o amor cristão pelo próximo, a bondade espontânea no coração e foquemos nossas vidas mais pelos caminhos da solidariedade, essa virtude ainda tão esquecida?
Confesso não conhecer esse melhor caminho. Na minha experiência de uma longa existência e como decorrência da convivência com os Espíritos amigos aprendi a compreender o meu próximo, tentando ser melhor, mesmo que, com dificuldades, permitindo que os outros pensem de mim o que lhes aprouver, enquanto estarei procurando pensar o melhor de todos... Tenho aprendido a não revidar o mal com o mal, e embora sabendo que tenho inimigos – em ambos os planos da Vida – luto para não ser inimigo de ninguém, e venho buscando cumprir com o dever com que sou honrado na atual reencarnação.

O Consolador – Há um ano, quando comemorávamos 150 anos de existência de O Livro dos Espíritos, foi lançada esta Revista, redigida especialmente para circular na internet. Passados doze meses, que avaliação você faz da criação da revista e da importância da internet na difusão do Espiritismo no globo em que vivemos?
Recordo-me com imenso júbilo da planificação do primeiro número da nossa cara Revista eletrônica e acompanhei o seu processo de crescimento e de qualidade, graças à cooperação de novos articulistas, entrevistados e a segura direção dos caros Astolfo e José Carlos.

A internet, como tudo que o homem toca e corrompe infelizmente, tornou-se veículo de informações incorretas, de agressões, de desmoralizações, de infâmias, de degradação e de crime... mas também de grandiosas realizações que dignificam o gênero humano e preparam a sociedade para dias mais belos e mais felizes.

Nesse sentido, a Revista vem realizando o seu papel de difundir o Espiritismo com elegância, nunca se permitindo vulgaridade, qualquer tipo de arrogância ou de combate inútil, fiel aos postulados da Codificação, o que me faz recordar os excelentes artigos da Revue Spirite, fundada e dirigida por Allan Kardec até a data da sua desencarnação – 31/03/1869 – cujo sesquicentenário comemoramos desde janeiro próximo passado.

Penso que se Allan Kardec estivesse reencarnado, nestes dias, utilizar-se-ia da internet com a mesma nobreza com que recorreu à imprensa do seu tempo na divulgação e defesa do Espiritismo diante dos seus naturais adversários.

Parabéns à Revista eletrônica, aos seus diretores e a todos os seus cooperadores.
Fonte: Jornal Mundo Espírita - Agosto/2008


 

sábado, 15 de dezembro de 2012

O Aprendiz Desapontado:..."- O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo, é o trabalho..."

O Aprendiz Desapontado
Um menino que desejava ardentemente residir no Céu, numa
bonita manhã, quando se encontrava no campo, em companhia de
um burro, recebeu a visita de um Bom Espírito.
Reconheceu, depressa, o emissário de Cima, pelo sorriso bondoso
e pela veste resplandecente.
O rapazelho gritou:
- Mensageiro de Jesus, quero o paraíso! Que fazer para chegar até
lá?!
O Espírito respondeu com gentileza:
- O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo, é o
trabalho.
O pequeno, que não parecia muito diligente, ficou pensativo.
O enviado de Deus então disse:
- Venho a este campo, a fim de auxiliar a Natureza que tanto nos
dá.
- o menino ficou pensativo. E o Espírito convidou:
- Queres ajudar-me a limpar o chão, carregando estas pedras para
o fosso vizinho?
O menino respondeu:
- Não posso.
O emissário celeste se dirigiu ao burro:- Você quer ajudar-me?
O animal pacientemente,transportou tudo.
O Espírito passou a dar ordens: - Abramos um caminho.
- Eu não! Disse o menino.
- Ajudarei... prontificou-se o burro.
-Vamos mover o arado. Sugeriu o Espírito.
-Safa! Não quero nada , disse o menino.
-Eu ajudo... apresentou-se o burro
Durante a sementeira, o pequeno repousava e o burro trabalhava.
Abriram um filete de água.
O jovem, cheio de saúde e de leveza, permanecia amuado,
choramingando sem razão.
No fim do dia, o campo estava lindo.
Canteiros bem desenhados surgiam ao centro, ladeados por fios
de água benfeitora.
As árvores pareciam orgulhosas de proteger os canteiros. O vento
parecia um sopro divino no matagal.
A Lua espalhou intensa claridade.
O Espírito abraçou o obediente animal.
- Deus abençoe sua contribuição, meu amigo, disse o Espírito.
O menino viu que o mensageiro se punha de volta, gritou,
ansioso:
- Espírito querido, quero seguir contigo, quero ir para o Céu!...
O emissário divino respondeu, porém:
- O paraíso não foi feito para gente preguiçosa.
E o emissário informou:
Se você deseja encontrá-lo, aprende primeiramente a obedecer
com o burro que soube ser disciplinado e educado também.
E assim esclarecendo subiu para as estrelas, deixando o rapazinho
desapontado, mas disposto a mudar de vida.

A Vida Fala.
Néio Lúcio/Chico Xavier

O Poder Da Gentileza:..."O exemplo é mais vigoroso que a argumentação. A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder."

O Poder Da Gentileza
Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num
bairro pobre, onde centenas de crianças desamparadas cresciam
sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade.
O prefeito ouvir-lhe o plano e disse-lhe:
- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma
casa e autorizaremos a providência.
O benfeitor dos meninos desprotegidos considerou:
- Mas doutor, não dispomos de recursos... Que fazer?
- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.
Diante de sua figura humilde, o prefeito disse:
- O senhor não pode intervir na administração.
O professor muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite
daquele sábado, pensando, pensando...
Domingo, muito cedo saiu a passear, sob as grandes árvores, na
direção de antigo mercado.
Ia comentando, na oração silenciosa:
- Meu Deus como agir? Não receberemos um pouso para as
criancinhas, Senhor?
Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.
O movimento era enorme. Muitas compras. Muita gente.
Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e
tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça
vazia, exclamou:
- Meu velho, venha cá.
O professor acompanhou-a sem vacilar.
À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta
quilos de verdura, a matrona recomendou:
- Traga-me esta encomenda.
Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.
Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram
elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:
- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
- Perfeitamente – respondeu o interpelado -, dê suas ordens.
Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio
metro de lenha para o fogão.
Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou
algumas toras.
Em seguida, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a
com sacrifício da própria roupa.
Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordens de buscar
um peru assado. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em
pouco tempo. Logo mais, atirou-se à limpeza de extenso recinto
em que se efetuaria lauto almoço.
Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no
fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou
a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete
por autoridades respeitáveis.
Reservadamente, indagou sua irmã, que era a dona da casa,
quanto ao novo conhecimento, conversando ambos na surdina.
Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível
desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos
trabalhos.
- Não pense nisto – respondeu com sinceridade -, tive muito
prazer em ser-lhe útil.
No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na sua
casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe
desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado
à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o
patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com
satisfação.
O professor teve os olhos úmidos a alegria e o reconhecimento... e
agradecendo e beijou-lhe as mãos, respeitoso.
A bondade dele vencera os impedimentos legais.
O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.
A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.

Livro : A Vida Fala
Néio Lúcio/ Chico Xavier

A TENTAÇÃO DO REPOUSO


Num campo de lavoura, grande quantidade de vermes desejava destruir
um velho arado de madeira, muito trabalhador, que lhes perturbava os planos
e, em razão disso, certa ocasião se reuniram ao redor dele e começaram a
dizer:
— Por que não cuidas de ti? Estás doente e cansado...
— Afinal, todos nós precisamos de algum repouso ...
— Liberta-te do jugo terrível do lavrador!
— Pobre máquina! A quantos martírios te submetes!...
O arado escutou... escutou... e acabou acreditando.
Ele, que era tão corajoso, que nem sentia o mais leve incômodo nas mais
duras obrigações, começou a queixar-se do frio da chuva, do calor do Sol, da
aspereza das pedras e da umidade do chão.
Tanto clamou e chorou, implorando descanso, que o antigo companheiro
concedeu-lhe alguns dias de folga, a um canto do milharal.
Quando os vermes o viram parado, aproximaram-se em massa, atacandoo
sem compaixão.
Em poucos dias, apodreceram-no, crivando-o de manchas, de feridas e de
buracos.
O arado gemia e suspirava pelo socorro do lavrador, sonhando com o
regresso às tarefas alegres e iluminadas do campo...
Mas, era tarde.
Quando o prestimoso amigo voltou para utilizá-lo, era simplesmente um
traste inútil.
A história do arado é um aviso para nós todos.
A tentação do repouso é das mais perigosas, porque, depois da
ignorância, a preguiça é a fonte escura de todos os males.
Jamais olvidemos que o trabalho é o dom divino que Deus nos confiou
para a defesa de nossa alegria e para a conservação de nossa própria saúde.

O PROBLEMA DA TENTAÇÃO


O educador, em aula, tentava explicar aos meninos que o móvel das
tentações reside em nós mesmos; contudo, como os aprendizes mostravam
muita dificuldade para compreender, ele se fez acompanhar pelos alunos até
ao grande pátio do colégio.
Ai chegando, mandou trazer uma bela espiga de milho e perguntou aos
rapazes:
— Qual de vocês desejaria devorar esta espiga tal como está?
Os jovens sorriram, zombeteiramente, e um deles exclamou:
— Ora vejam!... quem se animaria a comer milho cru?
O professor então mandou vir à presença deles um dos cavalos que
serviam à escola, instalou alguns obstáculos à frente do animal e colocou a
espiga ao dispor dele, sobre pequena mesa.
O grande eqüino saltou, lépido, os impedimentos e avançou, guloso, para
o bocado.
O professor benevolente e amigo esclareceu, então, bondosamente, ante
os alunos surpreendidos:
— A tentação nos procura, segundo os sentimentos que trazemos no
campo íntimo. Quando cedemos a alguma fascinação indigna, é que a nossa
vontade permanece fraca, diante dos nossos desejos inferiores. As forças que
nos tentam correspondem aos nossos próprios impulsos. Não podemos imaginar
ou querer aquilo que desconhecemos. Por esse motivo, necessitamos
vigiar o cérebro e o coração, a fim de selecionarmos as sugestões que nos
visitam o pensamento.
E, terminando, afirmou:
— As situações boas ou más, fora de nós, são iguais aos propósitos bons
ou maus que trazemos conosco.

Meimei/Chico Xavier
Livro : Pai Nosso

O EFEITO DA CÓLERA


Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo
dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado
vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e
reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada,
semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe
solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos
da consciência dilacerada.
O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se
encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
— Vai em paz e não peques mais.
O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo,
sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos
sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisoulhe
num dos calos que trazia nos pés.
O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a
bengaladas.
Estabeleceu-se grande tumulto.
Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se
do ofensor e falou:
— Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas,
não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado
que tu?
O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou
para o Cristo:
— Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?
Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio
coração.
E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de
amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

Meimei/Chico Xavier.
Livro :Pai Nosso

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

CÓLERA E NÓS: ..."se não dispomos suficientemente de humildade e compaixão, eis que a altivez ferida se assemelha em nós ao estopim afogueado de que a cólera irrompe em fuzilaria de pensamentos descontrolados, arruinando-nos preciosas edificações espirituais do presente e do futuro..."




 Emmanuel
Tema – Prejuízos da Irritação.


Não farias explodir uma bomba dentro e casa, comprometendo a vida daqueles que mais amas. No entanto, por vezes, não vacilamos em detonar a dinamite da cólera, aniquilando as energias dos companheiros que nos trazem apoio e cooperação.
Nesse sentido, vale destacar que cada um de nós desempenha papel determinado na construção do benefício comum; e se contamos, na execução dos nossos deveres, com amigos abnegados, capazes do mais alto sacrifício em nosso favor, temos, ainda, nas linhas da existência, aqueles espíritos que se erigem à condição de nossos credores, com os quais ainda não nos quitamos, de todo, no terreno das contas pessoais, transferidas à contabilidade de hoje pelo saldo devedor de passadas reencarnações. Ocultos na invisibilidade, por efeito da diferença vibratória no estado específico da matéria sutil em que se localizam, quando desencarnados, ou mesmo revestidos na armadura de carne e osso, no plano físico, eles se instalam na sombra da antipatia sistemática ou da perseguição gratuita, experimentando-nos com persistência admirável os propósitos e testemunhos de melhoria interior.
É assim que vamos vencendo em exames diversos, opondo valores morais entesourados na alma ao assédio das provas, como sejam paciência na adversidade resistência na dor, fé nos instantes de incerteza e generosidade perante as múltiplas solicitações do caminho... Chega, porém, o dia em que somos intimados ao teste da dignidade pessoal. Seja pelo dardo do insulto ou pelo espinho da desconsideração, somos alvejados no amor-próprio, e, se não dispomos suficientemente de humildade e compaixão, eis que a altivez ferida se assemelha em nós ao estopim afogueado de que a cólera irrompe em fuzilaria de pensamentos descontrolados, arruinando-nos preciosas edificações espirituais do presente e do futuro.
Estejamos alertas contra semelhante poder fulminativo, orando e abençoado, servindo e desculpando, esquecendo o mal e restaurando o bem.
Decerto, nem sempre a doçura pode ser a marca de nosso verbo ou de nossa atitude porquanto, momentos surgem nos quais o bem geral reclama a governança da providência rija ou da frase salgada de advertência, mas, é preciso não olvidar que a cólera a nada remedeia, em tempo algum, e que, além de tudo, ela estabelece fácil ganho de causa a todos aqueles que, por força de nossa evolução deficitária, ainda se nos alinham, nas trilhas da existência, à conta de nossos inimigos e obsessores.

 Livro Encontro Marcado - Francisco Cândido Xavier

Ante a Cólera




Emmanuel
 "Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos,
 misericordiosos, humildes."- Pedro (I Pedro, 3:8).

 Justo figuremos a cólera, titulando-a com algumas definições, como sejam:
 Força descontrolada.
 Precipitação em doença.
 Acesso de loucura.
 Queda em desequilíbrio.
 Tomada para a obsessão.
 Impulso à desencarnação prematura.
 Perigo de criminalidade.
 Introdução à culpa.
 Descida ao remorso.
 Explosão de orgulho.
 Tempestade magnética.
 Fogo mental.
 Pancadaria vibratória
 Desagregação de energias.
 Perda de tempo.
 Indubitavelmente, todos nós - as criaturas encarnadas e desencarnadas, em evolução na Terra - estamos ainda sujeitos a essa calamidade do mundo íntimo, razão pela qual toda vez em que nos sintamos ameaçados por irritação ou azedume, é prudente nos recolhamos a recanto pacífico, a fim de refletir nas necessidades do próximo e lavar os pensamentos nas fontes da oração.

Emmanuel - Livro Atenção Psicografia Chico Xavier

CÓLERA: ''— Meu filho, tenha cuidado contra a irritação" // ..."Naquele instante, Sobreira, recordando as palavras de sua mãe, não pôde sofrear as lágrimas de arrependimento..."


CÓLERA

 Hilário Silva

Antônio Sobreira, a caminho da garagem onde mantinha pequena frota de caminhões, foi ver a mãezinha doente, que lhe pediu, logo após rápidos instantes de conversa:
— Meu filho, tenha cuidado contra a irritação. Em nossa reunião espírita de ontem à noite, nosso velho amigo Silvério Barcas, desencarnou num ato de imprudência, conclamou a todos trabalhassem contra a cólera. E você tem estado muito nervoso...
— Não se aflija, mãe — respondeu sorrindo.
Entretanto, mal dera alguns passos na rua, foi procurado por um motorista, que lhe disse:
— “Seu” Antônio, venha depressa. O Avelino, seu irmão, atropelou o seu filho.
Indignado, Sobreira entrou no veículo, como fera, e daí a minutos estava, de novo, à frente de casa.
Aglomerava-se o povo em torno de larga mancha de sangue.
Avelino, o seu irmão, dirigiu-se para ele e rogou, transtornado:
— Antônio, perdoe-me! Vinha passando em marcha regular, quando o Antoninho atravessou... Foi questão de um segundo...
— Onde está meu filho? — gritou Sobreira.
Uma senhora logo afirmou que o menino acidentado fora conduzido no colo materno para o hospital, junto de dois médicos que haviam passado, momentos antes.
— Você pagará tudo — falou Sobreira, aos berros para o irmão. — Arranjei o caminhão para você, a fim de matar a fome de sua família, e você mata o meu filho?! Mas você hoje me pagará tudo...
E sem ouvir mais nada, avançou para o pobre motorista, aos murros, deixando-o no chão com várias escoriações e equimoses.
Em seguida, cego de fúria, toma o automóvel, mas, atingindo o hospital, encontra na portaria a esposa sorridente, com o filhinho feliz.
— Graças a Deus — diz ela ao esposo —, nada aconteceu. Antoninho não teve um arranhão.
E o sangue no asfalto? — pergunta Sobreira, varado de assombro e remorso.
Somente então veio a saber que o sangue pertencia ao cachorro de estimação — o Totó, que acompanhava o menino, e que os médicos que haviam atendido, de passagem, eram ambos veterinários.
Naquele instante, Sobreira, recordando as palavras de sua mãe, não pôde sofrear as lágrimas de arrependimento...

Livro: “Almas em Desfile” Psicografia: Francisco C. Xavier e Waldo Vieira Espírito: Hilário Silva