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domingo, 9 de dezembro de 2012

3 - TRAÇO ESPÍRITA

Trecho do Evangelho Segundo O Espiritismo
Cap. 17 Sede Perfeitos item 7 ( O Dever)

O Dever
Lázaro
Paris, 1863
7. O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, e depois para com os outros. O dever é a lei da vida: encontramo-lo nos mínimos detalhes, como nos atos mais elevados. Quero falar aqui somente do dever moral, e não do que se refere às profissões.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido, porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhas, e suas derrotas não sofrem repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu livre-arbítrio: o aguilhão da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte e sustenta, mas ele se mostra freqüentemente impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem. Mas como precisar esse dever? Onde ele começa? Onde acaba? O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejaríeis ver transposto em relação a vós mesmos.
Deus criou todos os homens iguais para a dor; pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelos mesmos motivos, a fim de que cada um pese judiciosamente o mal que pode fazer. Não existe o mesmo critério para o bem, que é infinitamente mais variado nas suas expressões. A igualdade em relação a dor é uma sublime previsão de Deus, que quer que os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal desculpando-se com a ignorância dos seus efeitos.
O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. É uma intrepidez da alma, que enfrenta as angústias da luta. É austero e dócil, pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, mas permanecendo inflexível diante de suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais que a si mesmo; é a um só tempo, juiz e escravo na sua própria causa.
O dever é o mais belo galardão da razão; ele nasce dela, como o filho nasce da mãe. O homem deve amar o dever, não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque ele transmite à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever se engrandece e esplende, sob uma forma sempre mais elevada, em cada uma das etapas superiores da humanidade. A obrigação moral da criatura para com Deus jamais cessa, porque ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, mas deseja que a grandeza da sua obra resplandeça aos seus olhos.
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3 - TRAÇO ESPÍRITA
E - Cap.XVII - Item 7
O companheiro, contado na estatística da Nova Revelação, não pode viver de modo
diferente dos outros, no entanto, é convidado pela consciência a imprimir o traço de sua
convicção espírita em cada atitude.
Trabalha - não ao jeito de pião consciente enrolado ao cordel da ambição desregrada,
aniquilando-se sem qualquer proveito. Age construindo.
Ganha - não para reter o dinheiro ou os recursos da vida na geladeira da usura. Possui
auxiliando.
Estuda - não para converter a personalidade num cabide de condecorações acadêmicas
sem valor para a humanidade. Aprende servindo.
Prega - não para premiar-se em torneios de oratória e eloqüência, transfigurando a
tribuna em altar de suposto endeusamento. Fala edificando.
Administra - não para ostentar-se nas galerias do poder, sem aderir à responsabilidade
que lhe pesa nos ombros. Dirige obedecendo.
Instrui - não para transformar os aprendizes em carneiro destinados à tosquia constante,
na garantia de propinas sociais e econômicas. Ensina exemplificando.
Redige - não para exibir a pompa do dicionário ou render homenagens às extravagâncias
de escritores que fazem da literatura complicado pedestal para o incenso a si mesmos.
Escreve enobrecendo.
Cultiva a fé - não com o intento pretensioso de escalar o céu teológico pelo êxtase
inoperante, na falsa idéia de caprichos e privilégios. Crê realizando.
O espírita vive como vivem os outros, mas em todas as manifestações da existência é
chamado a servir aos outros, através da atitude.


Livro: Opinião Espírita ditado por Emmanuel e André Luiz psicografia de Waldo Vieira e Chico Xavier

2 - O MESTRE E O APÓSTOLO

Trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Cap. 1" Não vim destruis as Leis-- As três revelações" item 7
7. Da mesma maneira que disse o Cristo: "Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento", também diz o Espiritismo: "Eu não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento". Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica. Ele vem cumprir, na época predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.
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2 - O MESTRE E O APÓSTOLO
E - Cap. 1 - Item 7
Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.
Jesus, o Mestre.
Kardec, o professor.
Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.
Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.
Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na
sombra.
Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.
Jesus caminha sem convenções.
Kardec age sem preconceitos.
Jesus exige coragem de atitudes
Kardec reclama independência mental.
Jesus convida ao amor.
Kardec impele à caridade.
Jesus consola a multidão.
Kardec esclarece o povo.
Jesus acorda o sentimento.
Kardec desperta a razão.
Jesus constrói
Kardec consolida.
Jesus revela.
Kardec descortina.
Jesus propõe.
Kardec expõe.
Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.
Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.
Jesus afirma que é preciso nascer de novo.
Kardec explica a reencarnação.
Jesus reporta-se a outras moradas.
Kardec menciona outros mundos.
Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um
pela próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.
Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.
Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida,Jesus e Kardec estão
perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.
Jesus, a porta.
Kardec, a chave.
( Livro : Opinião Espírita -Chico Xavier e Waldo Vieira  ditado por
Emmanuel e André Luiz)

4 PERFIL DO ATENDENTE FRATERNO-" Atendimento Fraterno Parte 5"


Equipe do Projeto
Uma descoberta importante feita por profissionais da Psicologia foi que a
eficácia da ajuda possível de ser prestada a alguém por um terapeuta não
depende tanto da escola psicológica a que o mesmo está vinculado mas,
sobretudo, a valores subjetivos relacionados com o seu comportamento —
diríamos, seu carisma, o amor que irradia — que o torna uma pessoa dotada
de qualidades inter-pessoais relevantes e qualidades intímas (força interior)
que o credenciam para o trabalho.
Em sendo uma pessoa tolerante (sem ser conivente), expressará um
respeito e uma aceitação incondicionais em relação ao ajudado, separando
sempre o ser, o Espírito, da problemática que o inquieta, que deverá ser vista
como um jugo, um acessório incômodo que a personalidade assumiu e,
portanto, temporário, que nada tem a ver com aquele ser de humanas paixões,
mas de essência divina, que lhe cabe amar com todas as veras de seu sentimento.
De posse dessa compreensão terá facilidade em ser autêntico (sem ser
grosseiro), pois no espaço do Atendimento Fraterno não há campo para
dissimulação da parte de quem atende, que deverá expressar sentimentos com
sinceridade e interesse real de ajudar. Quando dizemos sinceridade, não
estamos aconselhando que a pretexto de ser real, se deixe de guardar as
conveniências e o bom tom.
O atendente fraterno será sempre uma pessoa comedida e discreta,
dosando aquela informação cujo teor integral o ajudado não teria ainda
condições de suportar. Somente assim ele inspirará confiança e perceberá
adequadamente os sentimentos e emoções do outro a quem ajuda, recebendo
a inspiração dos bons Espíritos e transformando aquela vivência confusa e
deformada da pessoa a quem atende em algo compreensível e passível de
renovação.
É um dos objetivos do Atendimento Fraterno levar o atendido a essa
compreensão de si mesmo (ainda que em níveis superficiais, no início) para
que ele atendido — seja capaz de flexibilizar suas crenças pouco racionais e
lógicas e alterar os seus valores, a forma de ver a vida e a própria situação,
tornando-se mais otimista, para, a partir daí, fazer uma programação de vida,
traçar um roteiro evolutivo que envolva a superação das dificuldades na
ocasião apresentadas.
Não cabe ao atendente fraterno passar receitas prontas, encaminhar
soluções que saiam exclusivamente de sua cabeça. É preciso a adesão, a “cumplicidade”
do atendido, que deverá
estar disposto a assumir a rédea da própria vida. Bom mesmo será quando o
ajudado tomar a orientação que recebe (discretamente) como uma descoberta
sua, porque, nesse caso, ele se aplicará com mais energia ao esforço pela
superação de obstáculos. Voltaremos a esse assunto mais adiante, no capítulo
seguinte.
É da responsabilidade da Direção da Casa estabelecer o perfil ideal do
atendente fraterno, que será passado ao Coordenador do serviço que, por sua
vez, se incumbirá de organizar um processo seletivo capaz de identificar esses
valores humanos e incorporá-los ao trabalho.
Digamos que um perfil apropriado englobaria duas ordens de requisitos: os
humanos básicos e os de natureza doutrinária.
Entre os primeiros alinham-se as seguintes qualidades: saber ajudar-se, ou
seja, a pessoa já ter uma equação de vida bem delineada; interesse fraternal
por outras pessoas, que sintetizaremos com a expressão: gostar de gente; bom
repertório de conhecimentos, não apenas do ponto de vista informativo mas
também vivencial; hábito de oração e de estudo — oração para mantê-lo na
sintonia com os bons Espíritos, e estudo para mantê-lo atualizado e em
condição de compreender as pessoas; ser pessoa moralizada, ou seja, estar
conscientemente vivendo mais em função da essência — o Espírito — que da
aparência — a vida transitória do corpo e dos prazeres —; eqüanimidade,
ponderação, equilíbrio emocional, paciência e segurança, que constituem um
leque de conquistas emocionais e psíquicas que o capacitam a lidar

com situações desafiadoras.
Entre os requisitos doutrinários ou relacionados com a vivência espírita
incluiríamos: integração nas atividades do Centro e conhecimento da sua
estrutura de funcionamento; familiaridade com o Evangelho de Jesus;
conhecimento da Doutrina Espírita — obras básicas da Codificação e obras
complementares sobre mediunidade e obsessão/desobsessão, especialmente
as de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda; obras sobre educação e
comportamento humano — e, por fim, competência para aplicar passes.

No primeiro grupo de requisitos, os referentes às qualidades humanas,
inúmeras outras além das apresentadas poderiam ser aventadas. Em verdade,
toda e qualquer qualidade humana soma para a eficiência do atendimento. A
nossa intenção não é, nem poderia ser, esgotálas, mas levantar o rol das
principais, segundo nossa óptica.
Algumas qualidades e requisitos não foram inclui-dos por estarem
relacionados com o próprio crescimento do atendente na tarefa e que se
adquirem com a prática. Entre estes está a empatia que é o sentir dentro, ou
seja profundamente, a sensibilidade para intuir ou perceber a experiência do
outro. Este tema será objeto de um estudo mais detalhado no capítulo 7.
O Atendimento Fraterno, conquanto seja uma atividade que requer dos
atendentes a posse de habilidades interpessoais, na dinâmica da Casa Espírita
assume um caráter eminentemente inspirativo, em que atendentes e atendidos
são auxiliados pelos bons Espíritos que se vinculam
à tarefa, os primeiros, recebendo intuições quanto à natureza dos problemas
enfocados e as sugestões a serem fornecidas para a solução dos mesmos e os
segundos, recebendo o apoio emocional indispensável, a fim de que tenham
confiança para se desvelarem.

Livro: Atendimento Fraterno ( Divaldo) - Projeto Manoel Philomeno de Miranda

sábado, 8 de dezembro de 2012

20- Necessidade de valorização


Os destrutivos gigantes da alma, que exteriorizam os tormentos e a imaturidade do ego, de alguma forma refletem um fenômeno psicológico, às vezes de procedência inconsciente, noutras ocasiões habilmente estabelecido,que é a necessidade da sua valorização.
Quando escasseiam os estímulos para esse cometimento do eu, sem crescimento interior, que não recebe compensação externa mediante o reconhecimento nem a projeção da imagem, o ego sobressai e fixa-se em mecanismos perturbadores a fim, de lograr atenção, desembaraçando-se, dessa forma, do conflito de inferioridade, da sensação de incompletude.

Tivesse maturidade psicológica e recorreria a outros construtores gigantes
da alma, como o amor, o esforço pessoal, a conscientização, a solidariedade, a filantropia, desenvolvendo as possibilidades de enriquecimento interior capazes de plenificação.

Acostumado às respostas imediatas, o ego infantil deseja os jogos do prazer a qualquer preço, mesmo sabendo que logo terminam deixando frustração, amargura e novos anelos para fruir outros. A fim de consegui-lo e por não saber dirigir as aspirações, asfixia-se nos conflitos perturbadores e atira-se ao desespero. Quando assim não ocorre, volta-se para o mundo interior e reprime os sentimentos, fechando-se no estreito quadro de depressão.

Renitente, faculta que ressumam as tendências do prazer, mascaradas de
auto-aflição, de autoflagelação, de autodepreciação.

Entre muitos religiosos em clima de insatisfação pessoal, essa necessidade de valorização reaparece em estruturas de aparente humildade, de dissimulação, de piedade, de proteção ao próximo, estando desprotegidos de si mesmos...

A humildade é uma conquista da consciência que se expressa em forma
de alegria, de plenitude. Quando se manifesta com sofrimento, desprezo por si mesmo, violenta desconsideração pela própria vida, exibe o lado oculto da vaidade, da violência reprimida e chama a atenção para aquilo que, legitimamente, deve passar despercebido.

A humildade é uma atitude interior perante a vida; jamais uma indumentária exterior que desperta a atenção, que forja comentários, que
compensa a fragilidade do ego.

O caminho para a conscientização, de vigilância natural, sem tensão, fundamentando-se na intenção libertadora, é palmilhado com naturalidade e cuidado.

Jesus, na condição de excepcional Psicoterapeuta, recomendava a vigilância antes da oração, como forma de auto-encontro, para depois ensejarse a entrega a Deus sem preocupação outra alguma.

A Sua proposta é atual, porqüanto o inimigo do homem está nele, que vem
herdando de si mesmo através dos tempos, na esteira das reencarnações
pelas quais tem transitado. Trata-se do seu ego, dissimula-dor hábil que conspira contra as forças da libertação.

Não podendo fugir de si mesmo nem dos fatores arquetípicos coletivos, o ser debate-se entre o passado de sombras — ignorância, acomodação, automatismos dos instintos — e o futuro de luz — plenitude através de esforço
tenaz, amor e auto-realização — recorrendo aos dias presentes, conturbados pelas heranças e as aspirações. No entanto, atraído pela razão à sua fatalidade biológica — a morte — transformação do soma — histórica — a felicidade — e espiritual — a liberdade plena — vê o desmoronar dos seus anseios e reconstrói os edifícios da esperança, avançando sem cessar e
conquistando, palmo a palmo, a terra de ninguém, onde se expressam as próprias emoções conturbadas.

Essa necessidade de valorização egóica pode ser transformada em realização do eu mediante o contributo dos estímulos.

Cada ação provoca uma reação equivalente. Quando não se consegue
uma resposta através de um estímulo positivo, como por exemplo: — Eu te
amo, para uma contestação equivalente: — Eu também, recorre-se a uma
negativa: — Ninguém me ama, recebendo-se uma evasiva — Não me inclua nisso. Sob trauma ou rancor, o estímulo expressa-se agressivo: — Não gosto de ninguém, para colher algo idêntico: — A recíproca é verdadeira.

Os estímulos são fontes de energia. Conforme dirigidos, brindam com resultados correspondentes.

O ego que sente necessidade de valorização, sem o contributo do self em
consonância, utiliza-se dos estímulos negativos e agressivos para compensarse, sejam quais forem os resultados.

O importante para o seu momento não é a qualidade da resposta estimuladora,
mas a sua presença no proscênio onde se considera ausente.

Verdadeiramente, no inter-relacionamento social, quando todos se
encontram, o ego isola suas vítimas para chamar a atenção ou bloqueia-as de tal
forma que não ficam ausentes, porém tornam-se invisíveis. Encontram-se
no lugar, todavia, não estão ali. Essa invisibilidade habilmente buscada
compensa o conflito do ego, mantendo a autoflagelação de que não énotado,
não possui valores atraentes. Tal mortificação neurótica introjeta as imagens infelizes e personagens míticas do sofrimento, que lhe compõem o quadro de desamparo emocional de desdita pessoal.

Nesse comportamento doentio do ego, a necessidade de valorização, porque não possui recursos relevantes para expor, expressa-se na enganosa autocomiseração que lhe satisfaz as exigências perturbadoras, e relaxa,
completando-se emocionalmente.

Quando o self assoma e governa o ser, os estímulos são sempre positivos,
mesmo que tenham origem negativa ou agressiva, porque exteriorizam o bemestar que lhe é próprio.

Se alguém diz: Não gosto de você, a mensagem transacional retorna
elucidando : — Eu, no entanto, o estimo.
Se a proposta afirma: — Detesto-o, a comunicação redargue: — Eu o admiro.
Não se contamina nem se amargura, porque, em equilíbrio, possui valor,
não tendo necessidade de valorização.

O Ser Consciente
Joana de Angelis/Divaldo

19 Inveja


Remanescente dos atavismos inferiores, a inveja é fraqueza moral, a
perturbar as possibilidades de luta do ser humano.
Ao invés de empenhar-se na autovalorização, o paciente da inveja lamenta
o triunfo alheio e não luta pelo seu; compete mediante a urdidura da intriga e
da maledicência; aguarda o insucesso do adversário, no que se compraz;
observa e persegue, acoimado por insidiosa desdita íntima.
Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro
de atenção, credor de todos os cultos e referências.
Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral que não
considera a vida como patrimônio divino para todos, senão, para si apenas.
Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal,
nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.
Normalmente moroso e sem determinação, resultado da sua morbidez
inata, o enfermo de inveja nunca se alegra com a vitória dos outros, nem com a
alheia realização.
A inveja descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas
vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia, porém cujos
danos ocorrem no fulcro gerador, perturbando-lhe a atividade, o
comportamento.
A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na-cuidadosa reflexão do eu
profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro, avaliando os recursos
de que dispõe e considerando que a sua realidade é única, individual, não
podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da
evolução de cada um.
O cultivo da alegria pelo que é e dos recursos para alcançar outros novos
patamares enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus, como
meio e meta para alcançar a saúde ideal, que lhe facultará a perfeita
compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas,
formando um todo holístico na Grande Unidade.

Livro: O Ser Consciente
Divaldo/Joana de Angelis

SIRVAMOS SEMPRE


Reunião pública de 06.11.61
1ª. Parte, cap. VII, § 16
Não apenas nos dias de arrependimento e reparação.
Em todas as circunstâncias, o serviço é o antídoto do mal.
***
Caíste na trama de enganos terríveis e arrepiaste caminho, sonhando reabilitar-te.
Não desperdices a riqueza das horas, amontoando lamentações.
Levanta-te e serve nos lugares onde esparziste a sombra dos próprios erros, e granjearás,
na humildade, apoio infalível ao reajuste.
***
Arrostas duros problemas na vida particular.
Livra-te do fardo inútil da aflição sem proveito.
Reanima-te e serve no quadro de provações em que te situas, e a diligência funcionará, por
tutora prestigiosa, abrindo-te a senda ao concurso fraterno.
***
Padeces obscura posição no edifício social.
Segue imune ao micróbio da inveja.
Movimenta-te e serve no anonimato e o devotamento surgir-te-á por luminosa escada á
subida.
***
Sofres o assalto de calúnias ferozes.
Esquece a vingança, que seria aviltamento em ti mesmo.
Silencia e serve, olvidando as ofensas, e conquistarás, no perdão com atividade no bem,
escudo invencível contra os dardos da injúria.
***
Suportas afrontoso assédio de espíritos inferiores, inclinando-te á queda na obsessão.
Abstém-te da queixa improfícua.
Resiste e serve, dedicando-te ao socorro dos que choram em dificuldades maiores, e
surpreenderás, na beneficência, o acesso à simpatia e á renovação dos próprios adversários.
***
Preguiça é o ópio das trevas.
Os que não trabalham transformam-se facilmente em focos de tédio e ociosidade, revolta e
desespero, desequilíbrio e ressentimento, pessimismo e loucura.
***
Sirvamos sempre.
Quem busca realmente servir, nunca dispõe de motivos para se arrepender.

Livro: Justiça Divina
Emmanuel/Chico Xavier

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

02 - A CARTA DO MUNDO


Em todos os departamentos da Terra, reconhecemos a cooperação dos grandes
missionários com a Sabedoria Divina.
De época a época, de civilização a civilização, vemo-los, à maneira de abelhas laboriosas e
felizes, retirando o mel da ciência nas flores maravilhosas da vida, esparsas no campo
infinito da Natureza.
O mundo sofria as calamidades mefíticas, mas a Medicina respeitável saneou o pântano e
continua vencendo a enfermidade e a morte.
Vagueava a fome entre populações exaustas; todavia, o comércio esclarecido solucionou o
problema doloroso.
Os perigos do mar afligiam os continentes, dificultando as comunicações; entretanto, o navio
rápido venceu o dorso do abismo.
As sombras noturnas invadiam as cidades e os campos, desafiando as lanternas
bruxuleantes; contudo, a lâmpada de Edison resplandeceu, expulsando as trevas.
Moviam-se as máquinas primitivas, pesadamente, extorquindo copioso suor dos servos
cativos; no entanto, a energia elétrica diminuiu os sacrifícios do braço escravizado.
Questões difíceis dos povos atormentavam as administrações nas metrópoles distantes entre
si; mas o avião, qual poderosa ave metálica, cortou os céus, eliminando a separação.
A cultura exigia canais para beneficiar as mais diversas regiões do Planeta e o rádio
respondeu às reclamações, unindo os países uns aos outros.
Corações apartados no plano material padeciam angústias, sequiosos de intercâmbio, e o
telefone, de algum modo, curou semelhante ansiedade.
Nos hospitais e nos lares, a dor física torturava milhões de sofredores; a anestesia, porém,
aliviou-lhes o padecimento.
Em todos os ângulos da evolução terrestre, observamos o concurso dos apóstolos humanos
nas edificações divinas. Transitam nas artes ë nas ciências, no comércio e na indústria, no
solo e nas águas, construindo, colaborando e melhorando, sob os desígnios superiores que
nos assinalam os destinos.
Para quase todos os flagelos que atormentam a Humanidade, encontraram lenitivo e socorro.
Todavia, para um deles, todo o esforço tem sido vão. Monstro de mil tentáculos, envolve as
criaturas desde o sílex, rastejando entre as nações cultas de hoje, como se arrastava entre
as tribos selvagens de ontem. Envenena as fontes da mais adiantada cultura, turva a mente
dos pensadores mais nobres, obscurece o sentimento dos mais fiéis mordomos da economia
terrestre, investe as posições mais simples, tanto quanto as situações mais altas. Não
reconhece a inteligência, nem a sensibilidade; alimenta-se de ódio e ruínas, mastiga
violência e morte em todas as latitudes do Globo. Derruba templos e oficinas, lares e
escolas, pratica ignominiosos crimes com assombrosa indiferença. Ri-se das lágrimas,
espezinha ideais, tritura esperanças...
Esse é o monstro da guerra que asfixia a Europa e a América com a mesma força com que
constringia a garganta do Egito e da Babilônia.
Por cercear-lhe a ação esmagadora, organizam-se ligas e cruzadas, tratados e alianças em
todos os tempos; improvisam-se conferências em Londres e Paris. Em Washington e
Moscou, renova-se a geografia e modificam-se os sistemas políticos.
O flagelo, contudo, prossegue dominando, destruindo, esfrangalhando, matando...
Para extinguir-lhe a existência nefasta, só existe um recurso infalível – a aplicação dos
princípios curativos e regeneradores do Médico Divino. Esses princípios começam na
humildade da manjedoura, com escalas pelo serviço ativo do Reino de Deus, com o auxilio
fraterno aos semelhantes, com a adaptação à simplicidade e à verdade, com o perdão aos
outros, com a cruz dos testemunhos pessoais, com a ressurreição do espírito, com o
prosseguimento da obra redentora através da abnegação e da renúncia, da longanimidade e
da perseverança no bem até ao fim da luta, terminando na Jerusalém libertada, símbolo da
Humanidade redimida.
Será, todavia, remédio das nações, quando as almas houverem experimentado a sua
essência divina.
Não é receituário atuando, problematicamente, de fora para dentro. É medicação viva,
renovando de dentro para fora.
Não é demagogia religiosa. É vida permanente.
Não se trata de plataforma verbalista e, sim, de transformação substancial.
Jesus encontrou os discípulos, um por um.
O indivíduo é coluna sagrada no templo do Cristianismo.
Negue cada qual a si mesmo – disse-nos o Mestre –, tome a sua cruz e siga-me.
Eis por que o Evangelho é a Carta do Mundo que glorificará a paz na Terra, depois de
impressa no Coração do Homem.


Pontos e Contos
Chico Xavier / Irmão X

Espírita: Não se Turbe o Vosso Coração


ADILTON PUGLIESE
“No mundo tereis aflições. Eu porém venci o mundo e, comigo, também vencereis.” (João,
16:33.)
“Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim.” (João, 14:1.)

Essas orientações do Mestre, pronunciadas de forma substantiva, têm profundo
significado nos dias atuais. Aliás, em todas as épocas os discípulos sinceros,
os que elegeram as cruzes de seus desatinos como forma purificadora e reabilitadora
perante as leis de
Deus, debruçaram-se sobre essas palavras, desde os antigos pergaminhos,
passando pela maravilha das impressões tipográficas, até os dias modernos,
quando a tecnologia nos possibilita as gravações eletrônicas, o computador e a
Internet.
A partir do momento em que lançou as bases da sua missão, cujas diretrizes
viriam a constituir os Evangelhos, Jesus sabia que as reações mais diversas ocorreriam,
desafiando a Boa Nova. A Alegre Mensagem, esperada havia séculos,
atrairia para ela os corações simples, os que estavam cansados de sofrer, os
adeptos sinceros, que se deixariam imolar pela sua verdade e propagação. Contudo,
o preconceito e o poder da época levantariam armas contra a palavra libertadora,
gerando pânico e temor.
A pregação do Mestre, nos primeiros momentos, ao mesmo tempo que comovia
e atraía seguidores de Sua Causa, que se sensibilizavam com o Seu Verbo
amoroso e esclarecedor, em outros acendia as labaredas da raiva e do despeito,
pois não aceitavam, orgulhosos uns, vaidosos outros, a proposta de mudanças íntimas.
Mas as bases do Cristianismo eram irreversíveis e para ele atrairiam não só
os simples, mas também grandes intelectuais da época, a exemplo do Moço de
Tarso, fariseu e cidadão de Roma, cuja primeira fase na História é caracterizada
como “perseguidor dos cristãos”. Mas, uma vez interpelado pelo Mestre, no famoso
momento na estrada de Damasco, deixa-se seduzir pela força da personalidade
ímpar de Jesus e, então, passa à segunda fase de sua existência, dedicando-se à
causa da novel Doutrina, tornando-se o Apóstolo dos Gentios. As suas cartas estão
impregnadas de relatos de lances heróicos, de lutas, de ameaças e sofrimentos, de
humilhações e constrangimentos provocados por parte daqueles que se tornaram
adversários cruéis das verdades novas.
São passados vinte séculos e o que vemos nos dias atuais? O Cristianismo
consolidando-se como o maior conjunto de religiões do mundo civilizado, com cerca
de 2,1 bilhões de seguidores. Contudo, seus adeptos se afastaram da verdadeira
substância da mensagem primitiva, mantendo-se longe do autêntico sentido dos
ensinamentos de Jesus. A mão do homem deturpou a pureza do Evangelho primitivo,
criando, também, uma estrutura teológica que jamais o Cristo praticou ou sugeriu.
Sabia Ele, porém, que seria assim, e, em sublime momento, nos derradeiros
dias de sua missão, promete que não deixaria a Humanidade órfã, sobretudo os de
boa vontade, os de coração sincero; Ele rogaria ao Pai para, mais tarde, enviar o
Consolador.
Há quase um século e meio, em Paris, este fato aconteceu e, como no tempo
dEle, que não foi reconhecido — até mesmo pelo Precursor dos seus passos, que
enviou dois de seus seguidores para interpelá-lo, se Ele era, realmente, o Cristo
citado nas Escrituras, como narram Mateus (11:2-6) e Lucas (7:18-23): “— És tu
aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” E ouvem, da boca do Mestre, a
incontestável confirmação, pela evidência dos fatos que Ele opera à vista dos discípulos
atônitos e maravilhados: “Ide contar a João o que vistes, e ouvistes: os cegos
vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos
são ressuscitados, aos pobres é anunciado o Evangelho. Bem-aventurado é
aquele que não se escandalizar de mim” — também o Espiritismo ainda não foi
percebido como o retorno de Jesus aos caminhos da Terra, e essa volta triunfal fez
sua apresentação, mostrando suas credenciais no prefácio escrito pelo Espírito de
Verdade em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em 1864: “Os Espíritos do Senhor,
que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao
receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e,
semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos
cegos.”1
Antes, em 19 de setembro de 1861, visitando os grupos espíritas lioneses,
Allan Kardec, repetindo Jesus, através de instrutivo discurso, diz o que tem feito o
Espiritismo: “Impediu inúmeros suicídios, restabeleceu a paz e a concórdia em
grande número de famílias, tornou mansos e pacientes homens violentos e coléricos,
deu resignação àqueles em quem faltava, reconduziu a Deus os que o desconheciam,
destruindo-lhes as idéias materialistas, verdadeira chaga social que
aniquila a responsabilidade moral do homem. Eis o que ele tem feito, o que faz
todos os dias, o que fará mais e mais, à proporção que se espalhar.”2 (Destacamos.)
Quando se apresenta como a Terceira Revelação das Leis de Deus, quando
diz que veio restaurar os erros que foram introduzidos nos Evangelhos, e “que todas
as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as
trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos3, o Espiritismo é anatematizado,
é recusado, é combatido pelo fanatismo dos que alimentam pensamentos preconceituosos,
semelhantes àqueles animados pelos escribas e doutores da lei do
tempo do Cristo.
Por isso, destemido, intimorato, o Espiritismo também declara aos seus
adeptos: Não se turbe o vosso coração, repetindo Jesus, em cujo pensamento está
a viga mestra dos seus postulados.
Tanto Jesus como o Espiritismo foram enviados pelo Pai, sendo o segundo
um pedido do Nazareno ao Criador de todas as coisas: “Eu rogarei a meu Pai para
que vos envie o Consolador.”
Os espíritas estamos, desta forma, credenciados por Deus e por Jesus e confirmados
pela obra granítica de Allan Kardec, a quem devemos a nossa designação.
E, assim amparados, AVANCEMOS! Sem temor de espécie alguma. l
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 e 3 — KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 110. ed. Rio de Janeiro:
FEB — 1995 — p. 23.
2 — WANTUIL, Zêus. THIESEN, Francisco. Allan Kardec, volume II. 2. ed. Rio de
Janeiro: FEB — 1982, p. 215.

Revista O Reformador Julho de 2000

Aflições Injustificáveis


ROGÉRIO COELHO
“O Céu começará sempre em nós mesmos e o inferno tem o tamanho da
rebeldia de cada um “. Emmanuel

A felicidade que o homem busca incessantemente, também
incessantemente lhe foge. Ilude-se quem a deseja sem mescla na Terra. Erra
todo aquele que a procura nas coisas perecíveis do mundo material.
Orienta-nos Fénelon 1:
“(...) mau grado às vicissitudes que formam o cortejo inevitável da vida
terrena, poderia ele, pelo menos, gozar de relativa felicidade, se não a
procurasse nas coisas perecíveis e sujeitas às mesmas vicissitudes,
isto é, nos gozos materiais em vez de a procurar nos gozos da alma,
que são um prelibar dos gozos celestes, imperecíveis; em vez de
procurar a paz do coração, única felicidade real neste mundo, ele se
mostra ávido de tudo o que o agitará e turbará, e, coisa singular! O
homem, como que de intento, cria para si tormentos que está nas suas
mãos evitar”.

E afligi-se, então, injustificafamente!...
Com sua habitual lucidez e discernimento, Emmanuel bosqueja o quadro
de aflições das criaturas afirmando 2:
“Desgastam-se e consomem valiosas energias nas aflições
injustificáveis. Enxergam somente a maldade e a treva e nunca se
dignam examinar o tenro broto da semente divina ou a possibilidade
próxima ou remota do bem. Encarceram-se no ‘lado mau’ e perdem,
por vezes, uma existência inteira, sem qualquer propósito de se
transferirem para o ‘lado bom’.

Esclarece Martins Peralva 3:
“Criadas pela vontade do culpado as condições de reabilitação, na
Espiritualidade ou na Terra, encontram os Mensageiros de Deus
recursos para instilar, em sua mente arrependida, já tocada pelo
desejo de felicidade e de fuga ao desespero, elevados princípios que o
levarão a soerguer-se, confiante, do báratro escuro para a renovação
luminosa.
É profundamente humana a mensagem que o Espiritismo trouxe à
Humanidade.
Confortador é o ensino por ele trazido a todos os homens que lhe
dediquem alguns momentos de atenção, buscando conhecer-lhe as
sublimes verdades.”

Exclama Fénelon 4:
“Que de tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe contentarse
com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não
procura parecer mais do que é. Esse é sempre rico, porquanto (...),
não cria para si necessidades quiméricas. E não será uma felicidade a
calma, em meio das tempestades da vida?
” .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 113. Ed. Rio de Janeiro: FEB,
1997, 435p. p. 117-118: Cap. V item 23.
2. XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, 117. Ed. Rio de Janeiro: FEB,
1996, 372p. p. 227: Cap. 108.
3. PERALVA, Martins. O Pensamento de Emmanuel. 5. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994,
240p p.230: Cap. 38
4. KARDEC, Allan. Opus cit. 113 ed., 435p. p. 118

Revista O Reformador Maio de 1999

Por que Perdoar?


JOSÉ SIQUARA DA ROCHA
É comum ouvir-se dizer: - “Não perdôo!” – Ou então: “Perdôo, mas não
esqueço!”
Perdoar com restrições não é perdoar. O perdão deve ser, tem quer ser
total, pleno, sem reservas. O perdão faz bem ao psiquismo, ao físico e à alma de
quem perdoa.
Quando uma pessoa diz que perdoa mas não esquece, está guardando
mágoa e estabelecendo uma condição de sofrimento psíquico-físico e até para a
própria alma, porque esta se conserva cativa a uma vibração negativa.
Quando Pedro perguntou ao Mestre quantas vezes devia perdoar, se até
sete vezes, a resposta foi incisiva:
- “Não sete vezes mas setenta vezes sete”, querendo portanto dizer que
devemos perdoar sempre.
O perdão tem valor ético e místico para quem perdoa, porque com esse ato
ou atitude nós nos libertamos – certamente perdão de verdade, não só de
palavras, mas com sentimento, com amor! – de enorme carga negativa de ódio,
mágoa, suspeição, preconceito, contra quem quer que seja.
Quando temos um pensamento, uma atitude positiva, beneficiamos a nós
mesmos em primeiro lugar. Quando pensamos ou agimos contrariamente, já
prejudicamos inicialmente a nós mesmos, porque já sofremos a ação inicial da
nossa própria vibração negativa.
Quando perdoamos de verdade estamos nos beneficiando, mesmo que
não nos tenha sido solicitado esse perdão, porque aliviados daquela carga
terrível, o que não importa dizer que quem foi perdoado passe de imediato a uma
situação de beatitude, de isenção de culpa. O perdoado não recai de imediato em
estado de pureza.
O perdão, como diz Hermínio C. Miranda em “Cristianismo – a mensagem
esquecida”, p. 145, “não nos repõe em estado de pureza instantânea por um
passe de mágica ou graça divina; ele apenas – e já é muito – nos coloca de novo
na trilha e diz: - ‘Agora você vai e repare o mal que praticou’.

E diz ainda: “O corolário do perdão não é pois a beatificação súbita da
alma, que fica pronta para ir para o céu, é a oportunidade renovada para o
trabalho retificador”.
(Grifo nosso)
O perdoado pode não ter solicitado esse perdão, e a sua culpa continua...
se houver.
Quando, porém, ele se conscientiza do erro, pelo remorso ou pela
conclusão simples e lógica de que errou, pelo reconhecimento do erro, sente a
necessidade de repará-lo. Então aí vai enfrentar a tarefa da reparação, vai ao
trabalho da retificação que lhe exigirá providências saneadoras na pratica do bem,
do amor. Haverá o domínio do egoísmo, do orgulho e a expressão da humildade
sem humilhação, numa demonstração de equilíbrio interior. Em última análise,
portanto, nós em verdade não perdoamos o erro, a falta de alguém. Ninguém tem
essa condição de perdoar. Quando dizemos perdoar e em verdade perdoamos,
apenas, como ficou dito, nos libertamos de uma carga negativa de ódio, de
mágoa, de preconceitos ou suspeição.
Sabemos que, em face da sua justiça ser infinita, nem Deus perdoa no
sentido como entendemos o perdão. Ele simplesmente, em face de sua infinita
misericórdia, nos dá as oportunidades necessárias para que, com a reparação
devida, perdoemos a nós mesmos.
Cada um, portanto, perdoa a si mesmo quando, no esforço constante da
renovação, da reparação, da volta ao caminho direcional para a Verdade, para o
Amor, atinge a meta da reposição, de retificação para o seu reequilíbrio, para a
rearmonização com a Lei do Amor, desrespeitada pelo seu negativo agir.
Na consideração dos atributos da Divindade Criadora, vamos nos fixar na
sua infinita Justiça. Segundo a concepção dos homens, a justiça é cega e por isso
a representam de olhos vendados, para que ela não se deixe influenciar e seja
inflexível no seu julgar. Essa é a justiça dos homens, que é incapaz de procurar,
de conhecer a Verdade para então exarar o seu julgamento, a sua sentença. E
por isso mesmo são do conhecimento de todos nós as injustiças sem conta,
cometidas em nome da Justiça.
Com a divina justiça não acontece assim; ela não tem uma venda nos olhos
mas, na sua onipresença e na sua oniconsciência, tudo conhece, tudo vê, tudo
sabe. É então absolutamente imparcial, não condenando nem perdoando.
No uso do seu livre-arbítrio e da sua relativa liberdade, os Espíritos
cumprem ou não as divinas leis e, neste último caso, como culpados, têm de
arrostar as conseqüências, chegar à conscientização de seu erro e, de motopróprio,
tentar o equilíbrio, a rearmonização, procurando desfazer, compensar,
zerar o seu débito. Desaparecida a causa, cessa o efeito totalmente.
A justiça infinita de Deus aí não interfere, mas se faz presente a sua infinita
misericórdia, segundo a qual o Espírito culposo, em erro, tem todas as
oportunidades para essa volta às origens.
Volta às origens sim, porque sendo todos filhos de Deus, têm de exibir a
sua origem divina, e esse foi o grande empenho de Jesus na sua caminhada entre
nós.
Por isso é que a Lei que regula as nossas ações, atendendo à infinita
justiça do Pai, a Lei de Causa e Efeito não é boa nem má. Ela “anota” os
procedimentos de cada um e a sua ação acompanha a todos os Espíritos, que
são levados mais cedo ou mais tarde à senda da ordem, do equilíbrio, após os
desatinos cometidos no uso do seu livre-arbítrio.
A reparação, devendo ser completa, é no entanto freqüentemente atenuada
em face da misericórdia do Pai, atendendo às modificações operadas no sentir e
no agir de cada um.
A Lei de Causa e Efeito não funciona, portanto, como a Lei de Talião, do
dente por dente, olho por olho.
A conscientização do erro, o desejo e o propósito de emenda e reparação,
a prece, a prática da caridade na vivência do Amor, são condições capazes de
atenuar, como ficou dito, o cumprimento rigoroso da Lei.
Como diz ainda Hermínio Miranda, “as leis atuam independentemente da
nossa vontade ou crença na sua eficácia, e o perdão está implícito no
cumprimento das leis divinas”.

É preciso então estarmos inclinados ao perdão, lembrando sempre as
palavras de Jesus: “Quando te baterem numa face, mostra-lhes também a outra.
Quando te obrigarem a caminhar mil passos, anda também, com eles dois mil.
Quando te tornarem a capa, entrega-lhes também a camisa. Não resistais ao
mal!”

Vale lembrar ainda as palavras da segunda parte da oração ensinada pelo
Mestre aos seus discípulos, conhecida como a “Oração Dominical” ou “Pai
Nosso”: - “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos (...)” Se em
verdade não aprendemos a perdoar, como seremos perdoados?!
A imensa maioria dos que se dizem cristãos repete essas palavras sem a
necessária consciência do que está a dizer, da sua gravidade.
Deus, portanto, como ficou dito, não perdoa. Nós é que deveremos
entender que perdoamos a nós mesmos, quando nos conscientizamos de nossas
culpas e as reparamos com a prática, a vivência do Amor.

Ele também não castiga por que, Amor Infinito, não quer que qualquer das
suas criaturas sofra. Nós castigamos a nós mesmos quando descumprimos as
Suas divinas leis. .

Revista o Reformador Maio de 1999