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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Parábola do Juiz Iníquo


Rodolfo Calligaris
Querendo Jesus ensinar a seus discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar, propôs-lhes a seguinte parábola: - "Havia em certa cidade um juiz, que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que vinha constantemente ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não a queria atender, mas depois disse consigo: Se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, mas, como esta viúva me incomoda, julgarei a sua causa, para que ela não continue a molestar-me com suas visitas. Ouvi, acrescentou o Mestre, o que disse esse juiz injusto; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora seja demorado a atendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça". (Lucas, 18:1-8).
Conquanto diferente na forma, esta parábola se assemelha bastante, na essência. Àquela outra, do Amigo Importuno, registrada pelo próprio evangelista”. (Lucas, no cap. II, 5 a 13).
Nesta, como naquela, Jesus nos exorta a confiar na Justiça Divina, na certeza de que, consoante o refrão popular, ela "tarda, mas não falha".
De fato, se mesmo homens iníquos, isto é, maldosos, perversos, insensíveis aos direitos do próximo e indiferente à Moral, como o juiz de que nos fala o texto acima, não resistem ao assédio daqueles que lhes batem à porta com insistência, e, para verem-se livres de importunações, acabam resolvendo-lhes as questões, como poderia Deus, que é a perfeição absoluta, deixar de atender aos nossos justos reclamos e solicitações?
Se, malgrado todas as deficiências e fraquezas dos que, na Terra, presidem aos serviços judiciais, as causas têm que ser solucionadas um dia, ainda que com grande demora, porque duvidar ou desesperançar das providências do Juiz Celestial?
Ele, que não é indiferente sequer à sorte de um pardal, que tudo sabe, tudo pode e tanto nos ama, negligenciaria a respeito de nossos legítimos interesses, deixar-nos-ia sofrer qualquer injustiça, mínima que fosse?
Não!
Quando, pois, sintamos que o ânimo nos desfalece, por afigurar-se que os males que nos afligem sobre excedem nossas forças, oremos e confiemos.
Deus não desampara a nenhum de seus filhos.
Se, às vezes, parece não ouvir as nossas súplicas, permitindo perdurem nosso sofrimento é porque, à feição do lapidário emérito, que se esmera ao extremo no aperfeiçoamento de suas gemas preciosas, também Ele, sabendo ser a dor o melhor instrumento para a lapidação de nossas almas, nos mantém sob a sua ação enérgica, mas eficiente, a fim de que sejam quebradas as estrias de nosso mau caráter, nos expunjamos de nossas mazelas e nos tornemos, o mais breve possível, dignos de ascender à Sua inefável companhia.
Sim, em todos os transes difíceis da existência, oremos e confiemos.
Se o fizermos com fé, haveremos de sentir que, embora os trilhos da experiência que nos cumpre palmilhar continuem cheios de pedras e de espinhos, a oração, jorrando luz à nossa frente, nos permitirá avançar com segurança, vencendo, incólumes, os tropeços do caminho!

Parábola do Avarento


Rodolfo Calligaris
"As terras de um homem rico produziram abundantemente. Ele, então, discorria consigo: Que hei de fazer, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Finalmente disse: farei isto: derrubarei os meus celeiros, construirei outros maiores, e neles guardarei toda a colheita e os meus bens. E direi à minha alma: tens muitos bens em depósito para largos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, disse a esse homem: Insensato, nesta noite mesmo virão demandar tua alma; e as coisas que ajuntaste, para quem serão? Assim acontece àquele que entesoura para si, e não é rico em Deus” (Lucas, 12:16-21).
E' determinação divina que o homem deva conquistar o pão com o suor do próprio rosto. Isso equivale a dizer que, para atender às necessidades da vida física, ele é obrigado a trabalhar, pois a natureza não lhe oferece, de mão beijada, quanto baste para saciar-lhe à fome e a sede, nem tampouco os recursos com que se proteger contra as intempéries.
Através dessa luta pela existência, que é uma bênção (e não maldição, como alguns erroneamente supõem), o homem vai-se desenvolvendo em todos os sentido: ganha ciência, aptidão e sensibilidade, resultando daí sua evolução e o progresso do meio em que exerce suas atividades.
Infelizmente, porém, muitos se preocupam em demasia com esse problema, em detrimento das questões de ordem espiritual, deixando-se levar pela ambição, pelo desejo insaciável de acumular bens de fortuna, o que não raro se transforma em verdadeira obsessão.
A avareza, a sórdida e feroz avareza, passa a comandar-lhes as ações, sufocando todo e qualquer sentimento nobre e altruísta que se contraponha à idéia fixa de aumentar, aumentar continuamente, esses tesouros. . .
Esquecem-se de que, quando menos o esperarem serão arrebatados pela morte, tendo que deixar aqui toda a fortuna que labutaram por acumular durante a vida, para que outros a desfrutem ou esbanjem a seu bel-prazer.
Sê se compenetrassem dessa verdade, certamente não poriam tanto empenho em ajuntar riquezas para uma vida efêmera, cuja duração não vai além de uns poucos anos. Buscariam, antes, tornar-se ricos em Deus, pela prática constante da caridade, do amor ao próximo, e pelo esforço diuturno no sentido de libertar-se daquilo que mais os amesquinha e mais fortemente os agrilhoa à prisão terrestre: a cupidez, a usura, o apego às coisas materiais.
"Ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não penetram nem roubam" dissera o Mestre de outra feita.
Esses tesouros são as virtudes cristãs, são as boas qualidades do coração, que devemos cultivar, se quisermos de fato assegurar-nos a vida eterna nos páramos celestiais.
As obras de benemerência e os esforços que se façam para formar um caráter reto e puro constituem a grande colheita da vida.
Todo ato nosso em benefício de outrem, assim como todo cuidado em vencer nossas imperfeições, suscita um impulso para cima, equivalente a um depósito de tesouro no céu.
Busquemos, pois, no Evangelho de N. Senhor Jesus Cristo, a inspiração sobre como gerir os "talentos" que nos tenham sido concedidos temporariamente, lembrando-nos sempre do avarento da parábola, cuja alma, na mesma noite em que fazia planos para "o futuro", foi chamada pelo Senhor...

“Se alguém me Servir, meu Pai o Honrará”


Rodolfo Calligaris
“Em verdade, em verdade vos digo: se grão de trigo que cai na terra não morrer, ficará só;
mas, se ele morrer, produzirá muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém me quiser servir, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo.
Se alguém me servir, meu Pai o honrará”.
(João, 12:24-26.)
Há que se distinguirem no homem duas coisas bem diferentes: a individualidade e a personalidade.
Individualidade é a centelha emanada de Deus, cujo destino é evoluir do átomo ao infinito.
Personalidade é o conjunto de elementos psicossomáticos que caracterizam a pessoa, ou cada uma das encarnações da centelha espiritual.
A individualidade permanece para todo o sempre, é imortal; a personalidade dura apenas a existência corpórea, do nascimento à morte.
A personalidade é, por assim dizer, apenas um capítulo da história do ser; a individualidade é a obra em elaboração, à qual se vão acrescentando sempre novos capítulos. Em cada permanência na Terra, cumpre-nos adquirir as experiências que ela pode ensejar ao desenvolvimento de nosso Espírito, preparando-nos pouco a pouco para a escalada a planos a vez mais altanados.
Lamentavelmente, apesar de quase todos dizermos espiritualistas e apregoarmos nossa fé na vida eterna, poucos nos conduzimos de conformidade com tais convicções.
O que vemos, por toda a parte, é um desinteresse generalizado pelas questões espirituais e um apego total, absoluto, às coisas materiais. É uma negligência completa pelo que diz respeito ­à edificação da individualidade, enquanto tudo se sacrifica ao comprazimento da personalidade. ­
Ao invés de envidarmos sérios esforços no sentido de «sermos» hoje um pouco melhores que fomos ontem, pois que desse desenvolvimento espiritual é que há de resultar a nossa felicidade no dia de amanhã, cuidamos apenas “ter” mais dinheiro, mais fama, mais prestigio social, esquecendo-nos de que estas coisas, gratas à nossa personalidade, não constituem ­patrimônio efetivamente nosso, não nos acompanharão além da sepultura e, pois, de nada valerão na esfera da espiritualidade.
Por afeiçoar-nos em demasia à “vida neste mundo”, que passa, célere, para encerrar-se melancolicamente sob sete palmos de chão, deixamos ­de cultivar as virtudes cristãs, tesouro que a traça não corrói, o ladrão não rouba e a ferrugem não desgasta» — única moeda capaz de assegurar-nos o ingresso nas regiões ditosas do Mundo Maior.
Como diz o texto evangélico em tela, se o grão de trigo não morrer, isto é, não se desfizer da camada cortical que encerra o embrião, não germinará e conseqüentemente não poderá multiplicar-se.
Semelhantemente, para que nossa individualidade logre repontar, crescer e produzir maravilhosos frutos de altruísmo, mister se faz seja rompida a casca grossa do personalismo egoísta que a envolve.
Para consegui-lo, um só meio existe: seguir o exemplo do Mestre incomparável, entregando-nos a uma vivência de abnegação, exercitando-nos nas tarefas de auxílio ao próximo.
Amando e servindo nossos irmãos em humanidade, estaremos amando e servindo ao Cristo, pois, conforme sua afirmação, cada vez que assistimos a um desses “pequeninos” é a ele próprio que o fazemos.
Quem se ache empenhado nesse trabalho, continue, persevere. Embora o mundo o ignore ou não lhe reconheça os méritos, no devido tempo “o Pai celestial o honrará”.
(Revista Reformador de março de 1966)

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Espiritos Sofredores" item 8

Ferdinand Bertin

Nota - Um médium do Havre evocou o Espírito de pessoa dele conhecida, que respondeu: - "Quero comunicar-me, porém não posso vencer o obstáculo existente entre nós. Sou forçado a deixar que se aproximem estes infelizes sofredores." Seguiu-se então a seguinte comunicação espontânea:
"Estou num medonho abismo! Auxilia-me... Oh! meu Deus! quem me tirará deste abismo? Quem socorrerá com mão piedosa o infeliz tragado pelas ondas? Por toda parte o marulho das vagas, e nem uma palavra amiga que me console e ajude neste momento supremo. Entretanto, esta noite profunda é bem a morte com seus horrores, quando eu não quero morrer!... Oh! meu Deus! não é a morte futura, é a passada! Estou para sempre separado dos que me são caros... Vejo o meu corpo, e o que há pouco sentia era apenas a lembrança da angustiosa separação... Tende piedade de mim, vós que conheceis o meu sofrimento; orai por mim, pois não quero mais sentir as lacerações da agonia, como tem acontecido desde a noite fatal!... Ê essa, no entanto, a punição, bem a pressinto... Conjuro-vos a orar!... Oh! o mar... o frio... vou ser tragado pelas ondas!... Socorro!... Tende piedade; não me repilais! Nós nos salvaremos os dois sobre esta tábua!... Oh! afogo-me! As vagas vão tragar-me sem que aos meus reste o consolo de me tornarem a ver... Mas não! que vejo? meu corpo balouçado pelas ondas... As preces de minha mãe serão ouvidas... Pobre mãe! se ela pudesse supor seu filho tão miserável como realmente o é, decerto pediria mais; acredita, porém, que a morte santificou o passado e chora-me como mártir e não como infeliz castigado!... Oh! vós que o sabeis, sereis implacáveis? Não, certo intercedereis por mim. François Bertin." (1)
(1) Nota da Editora (FEB) à 21ª edição, em 1973: O Espírito, na página anterior, foi designado pelo nome Ferdinand, exatamente como no original. Consultamos diversas edições francesas (páginas 324/5), inclusive a 4ª, de 1869.
Desconhecido inteiramente esse nome, não sugeria sequer à memória do médium uma vaga lembrança, pelo que supôs fosse de algum desgraçado náufrago que se lhe viesse manifestar espontaneamente, como sucedia várias vezes. Mais tarde soube ser, efetivamente, o nome de uma das vítimas da grande catástrofe marítima ocorrida nessas paragens a 2 de dezembro de 1863. A comunicação foi dada a 8 do mesmo mês, 6 dias, portanto, depois do sinistro. O indivíduo perecera fazendo tentativas inauditas para salvar a equipagem e no momento em que se julgava ao abrigo da morte. Não tendo qualquer parentesco com o médium, nem mesmo conhecimento, por que se teria manifestado a este em vez de o fazer a qualquer membro da família? É que os Espíritos não encontram em todas as pessoas as condições fluídicas imprescindíveis à manifestação. Este, na perturbação em que estava, nem mesmo tinha a liberdade da escolha, sendo conduzido instintiva e atrativamente para este médium, dotado, ao que parece, de aptidão especial para as comunicações deste gênero. Também é de supor que pressentisse uma simpatia particular, como outros a encontraram em idênticas circunstâncias. A família, estranha ao Espiritismo, talvez infensa mesmo a esta crença, não teria acolhido a manifestação como esse médium.
Posto que a morte remontasse a alguns dias, o Espírito lhe experimentava ainda todas as angústias. Evidente, portanto, que não tinha consciência da situação; acreditava-se vivo, lutando com as ondas, mas ao mesmo tempo se referindo ao corpo como se dele estivesse separado; grita por socorro, diz que não quer morrer e fala logo após da causa da sua morte, reconhecendo nela um castigo.
Toda essa incoerência denota a confusão das idéias, fato comum em quase todas as mortes violentas.
Dois meses mais tarde, a 2 de fevereiro de 1864, o Espírito de novo se comunicou espontaneamente pelo mesmo médium, dizendo-lhe o seguinte:
"A piedade que tivestes dos meus tão horríveis sofrimentos aliviou-me. Compreendo a esperança, entrevejo o perdão, mas depois do castigo da falta cometida. Sofro continuamente, e, se por momentos permite Deus que eu entreveja o fim da minha desventura, devo-o às preces de caridosas almas apiedadas da minha situação. Oh! esperança, raio celeste, quão bendita és quando te sinto despontar-me na alma!... Mas, oh! o abismo escancara-se, o terror e o sofrimento absorvem o pensamento de misericórdia. A noite, sempre a noite!... a água, o bramir das ondas que me tragaram, são apenas pálida imagem do horror em que se envolve o meu Espírito... Fico mais calmo quando posso permanecer junto de vós, pois assim como a confidência de um segredo ao peito amigo nos alivia, assim a vossa piedade motivada pela confidência da minha penúria, acalma o sofrimento e dá repouso ao meu Espírito...
"Fazem-me bem as vossas preces, não me as recuseis. Não quero reapossar-me desse hórrido sonho que se transforma em realidade quando o vejo... Tomai o lápis mais vezes. Muito me aliviará o comunicar convosco."
Dias depois, numa reunião espírita em Paris, dirigiram-se a este Espírito as seguintes perguntas, por ele englobadas numa única comunicação e mediante outro médium. na forma abaixo.
Eis as perguntas:
Quem vos levou a comunicar espontaneamente pelo outro médium? De que tempo datava a vossa morte quando vos manifestastes?
Quando o fizestes parecíeis duvidar ainda do vosso estado, ao mesmo tempo que externáveis angústias de uma morte horrível: tendes agora melhor compreensão dessa situação?
Dissestes positivamente que a vossa morte era uma expiação: podereis dizer-nos o motivo dessa afirmativa?
Isso constituirá ensinamento para nós e ser-vos-á um alívio. Por uma confissão sincera fareis jus à misericórdia de Deus, a qual solicitaremos em nossas preces.
Resposta. - Em primeiro lugar parece impossível que uma criatura humana possa sofrer tão cruelmente. Deus! Como é penoso ver-se a gente constantemente envolta nas vagas em fúria, provando incessante este suplício, este frio glacial que sobe ao estômago e o constringe!
"Mas, de que serve entreter-vos com tais cenas? Não devo eu começar por obedecer às leis da gratidão, agradecendo-vos a vós todos que vos interessastes pelos meus tormentos? Perguntastes se me manifestei muito tempo depois da morte?
"Não posso responder facilmente. Refletindo, avaliareis em que situação horrível estou ainda. Penso que para junto do médium fui trazido por força estranha à minha vontade e - coisa inexplicável - servia-me do seu braço com a mesma facilidade com que me sirvo neste momento do vosso, persuadido de que ele me pertencesse. Agora experimento mesmo um grande prazer, como que um alívio particular, que... mas ah! ei-lo que vai cessar. Mas, meu Deus! terei forças para fazer a confissão que me cumpre?"
Depois de ser muito animado, o Espírito ajuntou: -"Eu era muito culpado, e o que mais me tortura é ser tido por mártir, quando em verdade o não fui... Na precedente existência eu mandara ensacar várias vítimas e atirá-las ao mar... Orai por mim!"
Comentário de S. Luís a esta comunicação
Esta confissão trará grande alívio ao Espírito, que efetivamente foi bem culpado! Honrosa, porém, foi a existência que vem de deixar: - era amado e estimado de seus chefes. Essa circunstância era o fruto do seu arrependimento e das boas resoluções que tomou antes de voltar à Terra, onde, tanto quanto fora cruel, desejara ser humano. O devotamento que demonstrou era uma reparação, sendo-lhe porém preciso resgatar as passadas faltas por uma expiação final - a da morte que teve. Ele mesmo quis purificar-se pelo sofrimento das torturas que a outros infligira, e reparai que uma idéia o persegue: o pesar de ser tido como mártir. Será tomada em consideração essa humildade. Enfim, ele deixou o caminho da expiação para entrar no da reabilitação, no qual por vossas preces podereis sustentá-lo, fazendo que o trilhe a passo mais firme e resoluto.

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Espíritos Sofredores" item 7

Pascal Lavic

(Havre, 9 de agosto de 1863)
Nota - Este Espírito, sem que o médium o conhecesse em vida, mesmo de nome, comunicou-se espontaneamente.
"Creio na bondade de Deus, que, na sua misericórdia, se compadecerá do meu Espírito. Tenho sofrido muito, muito; pereci no mar. Meu Espírito, ligado ao corpo, vagou por muito tempo sobre as ondas. Deus...
(A comunicação foi interrompida, e no dia seguinte o Espírito prosseguiu.) ...
houve por bem permitir que as preces dos que ficaram na Terra me tirassem do estado de perturbação e incerteza em que me achava imerso. Esperaram-me por muito tempo e puderam enfim achar meu corpo. Este repousa atualmente, ao passo que o Espírito, libertado com dificuldade, vê as faltas cometidas. Consumada a provação, Deus julga com justiça, a sua bondade estende-se aos arrependidos.
"Por muito tempo, juntos erraram o corpo e o Espírito, sendo essa a minha expiação. Segui o caminho reto, se quiserdes que Deus facilite o desprendimento de vosso Espírito. Vivei no seu amor, orai, e a morte, para tantos temerosa, vos será suavizada pelo conhecimento da vida que vos espera. Sucumbi no mar, e por muito tempo me esperaram. Não poder desligar-me do corpo era para mim uma terrível provação, eis por que necessito das preces de quem, como vós, possui a crença salvadora e pode pedir por mim ao Deus de justiça. Arrependo-me e espero ser perdoado. A 6 de agosto foi meu corpo encontrado. Eu era um pobre marinheiro e há muito tempo que morri. Orai por mim. Pascal Lavic."
- P. Onde foi achado o vosso corpo?
- R. Não muito longe de vós.
Nota - O Journal du Havre, de 11 de agosto de 1863, continha o seguinte tópico, do qual o médium não podia ter ciência:
"Noticiamos que a 6 do corrente se encontrara um resto de cadáver encalhado entre Bléville e La Hève. A cabeça, os braços e o busto tinham desaparecido, mas, apesar disso, pôde verificar-se a sua identidade pelos sapatos ainda presos aos pés. Foi reconhecido o corpo do pescador Lavic, que fora arrebatado a 11 de dezembro de bordo do navio L'Alerte, por uma rajada de mar. Lavic tinha 49 anos de idade e era natural da cidade de Calais. Foi a viúva quem lhe reconheceu a identidade."
Nota - A 12 de agosto, como se tratasse desse acontecimento no Centro em que o Espírito se manifestara pela primeira vez, deu este de novo, e espontaneamente, a seguinte comunicação:
"Sou efetivamente Pascal Lavic, que tem necessidade das vossas preces. Podeis beneficiar-me, pois terrível foi a provação por mim experimentada. A separação do meu Espírito do corpo só se deu depois que reconheci as minhas faltas; e depois disso, ainda não totalmente destacado, acompanhava-o no oceano que o tragara. Orai, pois, para que Deus me perdoe e me conceda repouso. Orai, eu vo-lo suplico. Oxalá este desastrado fim de uma infeliz vida terrena vos sirva de grande ensinamento! Deveis ter sempre em vista a vida futura, não deixando jamais de implorar a Deus a sua divina misericórdia. Orai por mim; tenho necessidade que Deus de mim se compadeça. Pascal Lavic."

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 19

 
A.K.: Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, tanto maior admiração lhe devem causar o poder e a sabedoria do Criador. Entretanto, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos errou tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.
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Comentários de Miramez por João Nunes Maia
 
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 18

 
“O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são-lhe precisas faculdades que ainda não possui.”
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Comentário de Miramez por João Nunes Maia
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos Questão 17

 
 
A revelação é gradativa e o será sempre. A evolução científica deve acompanhar a moral, para que haja equilíbrio em todos os pontos de elevação e despertar. E justo que notemos, neste fechar de século, o interesse que os homens e Espíritos desencarnados têm pela difusão do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e o esforço que se faz em todas as nações para a melhoria do homem, em todos os seus aspectos. Só não dá para se notar esse esforço com mais evidência, por estar ele no começo; no entanto, o terceiro milênio que se aproxima revelará essa verdade com acentuação expressiva, pois já existe uma preocupação de certos governantes na educação dos povos, no que se relaciona aos preceitos incomparáveis da Boa Nova do Mestre. Sem o Evangelho no coração das criaturas, jamais haverá paz no mundo, porque ele faculta a conquista da paz, em primeiro lugar, na intimidade de cada um.

sábado, 3 de novembro de 2012

As Bases para transformar-se item 7

7 - O CONHECER-SE PELA AUTO-ANÁLISE

"Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima (Conhece-te a ti mesmo) mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de chegar a isso?" (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Pergunta 919 A.)
À pergunta formulada por Allan Kardec, responde Santo Agostinho, oferecendo o resultado de sua própria experiência:
" — Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma".

Ainda ensina Santo Agostinho, perante a dúvida de como julgar-se a si mesmo: "Quando estais indeciso quanto ao valor de vossas ações, perguntai como as qualificaríeis se tivessem sido praticadas por outra pessoa. Se as censurardes em outros, essa censura não poderia ser mais legítima para vós, porque Deus não usa de duas medidas para a justiça". Insiste, depois, aconselhando: "Formulai, portanto, perguntas claras e precisas, e não temais multiplicá-las".

Através desse processo viremos a nos conhecer, procurando deliberadamente realizar o trabalho de auto-análise, e não apenas nos deixando seguir ao sabor do tempo, reagindo e respondendo nas ocorrências do cotidiano, quando atingidos formos na nossa sensibilidade, ou, ainda, pela ação lapidadora da dor, que por algumas vezes sacode a nossa consciência. A auto-análise é um processo sistemático e permanente de efeitos diários e contínuos, pois vamos ao encontro de nós mesmos para explorar o nosso terreno íntimo, cultivando-o, preparando-o para produzir bons frutos.

Santo Agostinho interrogava a sua própria consciência e diariamente examinava os seus atos, conhecendo o que precisava melhorar e desenvolvendo a força interior de aperfeiçoar-se. A consciência é o campo a ser explorado e cultivado, dela extirpando as más tendências com o esforço da nossa vontade. A consciência reside na mente, que se constitui, conforme nos esclarece André Luiz, de modo semelhante a um edifício de três pavimentos. No andar inferior está o inconsciente, com todo o acervo de experiências do passado, guardando imagens, quadros onde as emoções vividas ligam-se igualmente. Nas camadas mais profundas do inconsciente arquivam-se as histórias de nossas existências anteriores, a refletirem-se hoje através das reminiscências.
No pavimento intermediário está o nosso consciente, o presente vivo, a faculdade pensante, a reflexão, a memória. No andar superior, o superconsciente, a esfera dos ideais, dos propósitos nobres e das disposições divinas, a chama impulsionadora do nosso progresso espiritual, alimentada pelos Planos Superiores da Criação. O consciente pode, quando robustecido e treinado, penetrar nos domínios do inconsciente, remontar os registros de nossa história, recordar as experiências vividas para que as analisemos sob novos ângulos, e modificar aquelas disposições antigas, com a visão ampliada de hoje. Ao mesmo tempo o consciente conjuga, ao receber do superconsciente os rumos delineadores da nossa evolução, os dados do passado, do presente e do futuro, e, computando-os com os recursos da inteligência, apresenta os resultados sob forma de impulsos que nos levam a resoluções, a novos procedimentos.
É um surpreendente mecanismo que nos faz avançar sempre ou, quando não, ao menos estacionar, mas nunca regredir. É importante que deliberemos acelerar o nosso avanço, potencializando o nosso consciente pela auto-análise, o seu alcance e o seu domínio sobre nós mesmos, e exercendo constantes e progressivas mutações individuais. O processo de auto-análise pode e deve ser utilizado mais intensamente pelo homem, como meio de auto-educação permanente e ordenada. No Mundo Maior. Capítulo III. A Casa Mental.

Precisamos sair da condição de indivíduos conduzidos pelos envolvimentos do meio, reagindo e mudando, para passarmos à categoria de condutores de nós mesmos, com amplo conhecimento das nossas potencialidades em desenvolvimento. É um trabalho de superar a densidade da nossa animalidade, o peso da inércia aos impulsos espiritualizantes, alcançando esferas vibratórias mais elevadas, que passam a modificar a constituição sutil dos envoltórios espiritual e mental. Apontamos, adiante, meios eficazes para progressivamente enveredarmos nessa senda, utilizando-se a prática da auto-análise e desenvolvendo a nossa vontade no combate aos vícios e aos defeitos.

Ney Prieto Peres

As Bases para transformar-se item 6

6 - O CONHECER-SE PELA DOR
6 - O CONHECER-SE PELA DOR

"Todos quantos sejam feridos no coração por reveses e decepções da vida, consultem serenamente a sua consciência, remontem pouco a pouco à causa dos males que os afligem, e verão, se as mais das vezes, não poderão confessar: se eu tivesse feito, ou se não tivesse feito tal coisa, não estaria nesta situação." (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo V. Bem-Aventurados os Aflitos.)

A transgressão aos limites da nossa liberdade de ação, dentro do equilíbrio natural que rege as existências, é quase sempre por nós reconhecida somente através das consequências colhidas através dos efeitos das reações que nos atingem. A semeadura é livre, a colheita é obrigratória. "Quem semeia ventos, colhe tempestades." Pela dor retificamos as nossas mazelas do ontem longínquo ou próximo: de outras existências ou da presente vida. Indubitavelmente, os processos de sofrimento, nas suas mais variadas formas, provocam, na nossa alma, o despertar da consciência e a ampliação do nosso grau de sensibilidade, para percebermos os aspectos edificantes que o coração, nas suas manifestações mais nobres, pode realizar.

Quando enfermos, vítimas do nosso próprio desequilíbrio, sofremos os males físicos das doenças contraídas pela falta de vigilância, que abre nossas defesas vibratórias às investidas bacterianas no campo orgânico. É no tratamento e no restabelecimento da saúde que somos naturalmente levados a meditar sobre as origens e os motivos da doença. Se estamos conformados e obedecemos as orientações médicas, mais rapidamente nos recompomos; se, porém, somos inflexíveis e descremos da necessidade de mudar nossos hábitos, mais lentamente nos restabeleceremos. Quem passa por um período de tratamento, sente e sabe o que sofreu e, nem que seja apenas por autodefesa, toma certos cuidados, como mudar seus costumes, transformar sua conduta, para que não venha a ter uma recaída e, assim, sofrer as mesmas dores, repetir as experiências desagradáveis.

Realiza-se, desse modo, um processo de autoconhecimento com relação a alguns aspectos de nosso comportamento, de nossa forma de vida. Nessas ocasiões em que adoecemos, muitas vezes somos obrigados a permanecer imóveis num leito, semiconscientes ou sentindo dores dilacerantes, à beira do desespero, por vários dias. E quando recebemos o alívio confortador de uma vibração suave, transmitida por um coração amigo que nos cuida ou nos visita, como ficamos agradecidos! Como reconhecemos os valores aparentemente insignificantes dessas expressões de carinho! E quem recebe desperta em si o desejo de proporcionar a outros o mesmo alívio, o mesmo bálsamo. Amplia-se, assim, a nossa sensibilidade ao sofrimento do próximo, além do fortalecimento da fé na bondade do Criador e dos próprios corações humanos.
Quantas criaturas não se transformam radicalmente depois de uma grave enfermidade? Quantos não descobrem dentro de si os valores eternos do espírito, após terem sofrido longos períodos de tratamento ou perdas irreparáveis de entes queridos, após padecerem com dores morais, desilusões de caráter afetivo ou dificuldades materiais, que nos ensinam a valorizar as coisas simples da vida? Quantos que, estando à beira da morte, hoje valorizam a vida, praticando caridades e distribuindo carinho ao próximo?

As dores, sob qualquer forma, ensinam-nos profundamente a nos conhecer, a nos transformar, e, por mais que soframos, precisamos ter a disposição íntima de agradecer, porque no mundo de facilidades e de atrativos para os impulsos do ser imediatista e físico que ainda abrigamos, são as oportunidades que a dor nos proporciona, algumas das maneiras mais eficazes de transformação desse homem animalizado e insensível. Valorizemos a nossa dor, tomemos a nossa cruz e com ela caminhemos para a nossa redenção.

Ney P. Peres