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sábado, 4 de agosto de 2012

Transfiguração, Multiplicação dos pães, e "Ressurreições" operadas por Jesus



Autor: Therezinha Oliveira

A Transfiguração (Mt. 17 1/8, Mc. 9 2/8 e Lc. 9 28/36. )
Resumamos as narrativas evangélicas:

Jesus levou Pedro, Tiago e João em particular a um alto monte, com o propósito de orar.

Enquanto ele orava:

seu rosto se modificou, resplandecia como o sol;
suas vestes tomaram-se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias (ambos já desencontrados) e conversavam os três sobre sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.

Explicação espírita do fenômeno
A transfiguração é "uma transformação fluídica, uma espécie de aparição perispirítica, que se produz sobre o próprio corpo do vivo" ; "geralmente é perceptível a todos os assistentes e com os olhos do corpo, precisamente por se basearem na matéria carnal visível". Pode-se dar pela vontade da própria pessoa ou sob influência externa. (Vide Allan Kardec, "A Gênese", cap. XIV, item 39; e a "Revista Espírita" de março de 1859.) Quando orou, Jesus se expandiu perispiritualmente, superpondo ao corpo novo aspecto e apresentando grande irradiação. A luminosidade propagou-se às suas vestes e através delas.

Quanto à presença de Moisés e Elias, foi um fenômeno de materialização (Pedro, Tiago e João eram médiuns de efeitos físicos), que será estudado em aula posterior.

A multiplicação de pães e peixes
Relatam os evangelistas que Jesus por 2 vezes multiplicou pães e peixes para atender à multidão que o seguira até uma região "deserta" (longe de cidades) e ali ficara ouvindo-o e recebendo curas mas, por não se terem munido de alimentos, estavam a ponto de passar fome.

A primeira multiplicação é relatada por Mt, 14 vs. 13/23, Mc. 6 vs. 30/44, Lc. 9 vs, 10/17 e Jo. 6 vs, l/15. A segunda somente por Mt. 15 32/39 e Mc. 8 1/10.

As diferenças entre as duas são pequenas, pois em ambas Jesus:

aproveitou o de que dispunham (alguns pães e peixes) ;
mandou que o povo se assentasse em grupos (ordenou a multidão);
orou (tomando os pães e peixes, ergueu os olhos aos céus e os abençoou);
depois fez a repartição entre os discípulos e estes para o povo;
todos comeram à vontade (milhares de homens, além das mulheres e crianças) ;
e ainda sobraram muitos cestos com pedaços de pão e de peixe, que Jesus mandou recolher para nada se perder.
Como explicar esse fenômeno?
Kardec entende que não houve o fenômeno materialmente ("A Gênese", cap. XV, item 48). A passagem seria simbólica, representando que Jesus "alimentou" espiritualmente a multidão que, magnetizada por sua presença e atenta à sua palavra, nem sentiu a falta de alimento físico. Assim queria Jesus que os discípulos também "alimentassem" o povo, quando lhes disse:

"Não é preciso que se retirem; dai-lhes vós de comer".

Também se pode pensar que, além dos poucos pães e peixes trazidos pelos discípulos, outras pessoas tivessem mais alimentos consigo e, ante o exemplo de doação generosa, acabaram por entregá-los também para a repartição entre todos. Aí, deu e sobrou.

Entretanto, não seria impossível um fenômeno de efeitos físicos, materializando substâncias. Em "O Livro dos Médiuns" (cap. VIII, Do Laboratório do Mundo Invisível), vemos que os espíritos podem não só reproduzir aparência de alimentos mas fazer que essas substâncias materializadas dêem até "a impressão de saciedade", quando ingeridas.

Mas para que teria Jesus realizado um fenômeno de efeitos físicos assim, multiplicando pães e peixes? Talvez com o objetivo de ensinar que precisamos pensar no próximo, no que ele necessita, e ajudar a atender essa necessidade; fazer isso orientando e ordenando o povo, doando o que nos for possível, buscando também o auxílio espiritual (orou antes de multiplicar) e não desperdiçando recursos (mandou recolher o que sobrasse).

Qual foi a repercussão?
Foi grande. A multidão, depois, queria proclamar rei a Jesus.

Mas ele não aceitou. E advertiu a todos: "Trabalhai não pela comida que perece mas pela que permanece para a vida eterna", ou seja, que procurassem assimilar sua mensagem, seus ensinos e exemplos.

Ressurreições
No Velho e no Novo Testamentos, há relatos de ressurreições, isto é, de pessoas que estavam mortas e voltaram a viver.

Como aceitar tais relatos se, à luz da Ciência, fatos assim são impossíveis e também não mais os vemos ocorrer nos dias de hoje?

O que a Ciência constata são casos em que as pessoas sofreram:

morte clínica: com parada cardíaca, perda da respiração, da consciência e dos movimentos; ' - letargia (do latim, letargia): perda momentânea da sensibilidade e do movimento, dando ao corpo aparência de morte real;
catalepsia (do grego, katálepsis): perda momentânea, algumas vezes espontânea, da sensibilidade e do movimento em determinada parte do corpo.
São, os três, estados patológicos ou anômalos. Geralmente a pessoa pode se recuperar deles, em minutos ou dias, havendo as condições e ajuda adequadas.

Explicação espírita de tais estados
Havendo desligamento parcial do perispírito, o espírito deixa de tomar contato, temporariamente, com determinada região do corpo ou no seu todo, porque lhe falta o elemento de ligação com ele.

O desligamento perispiritual pode se dar por causas orgânicas ou espirituais (inclusive por influência de outrem). Mas enquanto os laços fluídicos não se desataram totalmente e o corpo ainda tem vitalidade, sem lesão irreversível nos órgãos, será possível fazer a pessoa retomar ao normal:

restaurando as condições do funcionamento orgânico;
auxiliando fluidicamente (magnetismo humano ou espiritual) ;
estimulando o espírito à ação sobre o corpo;
afastando o espírito perturbador (se houver).
Mas, ao tempo de Jesus, se uma pessoa caísse em estado letárgico não haveria no local um médico que a examinasse e soubesse reconhecer que ela estava viva. (Quase não havia "doutores" na Palestina, naquela época, e muitos dos que assim se consideravam eram rabinos e, às vezes, curandeiros ; conheciam-se poucos remédios genuínos, se bem que se usassem várias ervas medicinais).

Por isso, as pessoas em estado letárgico acabavam sendo consideradas mortas. E como o sepultamento de cadáveres era feito no próprio dia da morte (às vezes de modo imediato: Atos 5, 1/11), podia não dar tempo de a pessoa se recuperar da letargia.

Após estes esclarecimentos, leiamos e analisemos os 3 casos em que Jesus "ressuscitou" pessoas, que foram:

o filho da viúva de Naim (Lc. 7 vs. l1/17);
a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum (Lc. 8 40/42 e 49/56) ;
Lázaro (Jo. l 1, 1/45).
Observações:
No caso da filha de Jairo e de Lázaro, Jesus afirma textualmente que a pessoa não está morta mas dorme. Também ocorreria o mesmo quanto ao filho da viúva de Naim.
Jesus orou antes de "ressuscitar" Lázaro; certamente o fez também nas outras vezes mas, ou não foi em voz alta, ou não ficou relatado.
Os discípulos estavam sempre por perto; mas provavelmente se utilizava Jesus dos fluidos de Pedro, Tiago e João (médiuns de efeitos físicos), pois estes apóstolos foram os únicos que admitiu entrassem com ele para fazer a "ressurreição" da filha de Jairo.
Jesus se encaminhou para o túmulo de Lázaro, que "era uma gruta, a cuja entrada tinham posto uma pedra". Esclarece bem o evangelista João, pois o sepultamento, entre os judeus, não era feito sob a terra (como o fazemos atualmente) mas nas rochas, em cavernas naturais ou artificiais, fechando-se a entrada por meio de pedras, para proteger de eventual ataque de animais. Preferiam sepultar em lugares distanciados das habitações, fora dos muros da c idade.
Portanto, apesar de sepultado logo após a sua "morte", Lázaro não estava sob a terra mas numa gruta, com oxigenação suficiente para sobreviver ao estado letárgico em que caíra.
"Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias", disse Marta, irmã de Lázaro, quando Jesus mandou removessem a pedra da entrada do sepulcro. Era o que Marta pensava mas não a realidade, pois Lázaro não morrera, e seu corpo, em estado letárgico, não estava em decomposição.
Nos três casos, Jesus falou diretamente à pessoa para que se levantasse. Em espírito, podiam ouvi-lo e agir sobre o corpo, após haverem recebido a ajuda fluídica de Jesus. No caso da menina, Lucas diz expressamente: "voltou-lhe o espírito" (quer dizer que estava afastado) e então "ela imediatamente se levantou".
(Vide "O Livro dos Espíritos", 2a parte, cap. VIII, pergs. 422/424 e "A Gênese", cap. XV, itens 37 a 40.) Por mais admirável que a "ressurreição" física nos pareça, ela é de efeito temporário, pois um dia o "ressuscitado" terá de desencarnar mesmo.

Que haverá "ressurreição" espiritual para todos nós, além da morte do corpo, é verdade, pois continuaremos a viver em espírito. Porém, em que estado despertaremos nesse além? Felizes ou infelizes, conforme nossos pensamentos, sentimentos e ações.

Que mais nos importa, então? É a "ressurreição" moral, o despertamento nosso em espírito, para sairmos da "morte espiritual" (erro, inércia, vício, usura, etc.) na direção da vivência correta e plena de nossas potencialidades espirituais.

Autoconsciência



Autor: Joanna de Ângelis (espírito)

À medida que o ser amadurece psicologicamente, podendo discernir o que deve e pode fazer em relação ao que pode mas não deve ou deve porém não pode realizar, surge a autoconsciência que o predispõe ao crescimento interior livre de conflitos e tribulações.

Normalmente, nos períodos primordiais do desenvolvimento moral e espiritual, predominam em sua faculdade de agir os conceitos que lhe chegam do exterior, as opiniões conflitivas que o cercam, as diretrizes que são estabelecidas por outras pessoas que se acreditam possuidoras de valores que podem orientar vidas. Não raro, porém, esses comportamentos contraditórios que se chocam uns contra os outros, mais confundem as pessoas do que as direcionam para os fins enobrecidos da existência, por estarem quase sempre assinalados pelas paixões pessoais, nas quais predomina o ego em detrimento dos sentimentos solidários.

O principiante, manipulado por uns e outros, em tais circunstâncias perde-se no báratro estabelecido e sem experiência ruma em direções confusas, descobrindo-se enganado, desconsiderado nos ideais que busca, logo tombando, não poucas vezes, na descrença e no desencanto.

Quando, porém, aprende a ouvir e a reflexionar, examinando as informações ministradas e cotejando-as com o conhecimento exarado na experiência do século, realizando suas próprias investigações, torna-se capaz de avaliar os exageros que defluem dos entusiasmos inoportunos, as precauções descabidas que são comuns aos temperamentos tímidos ou cépticos, passando a construir os alicerces para as suas crenças na lógica, na vivência pessoal, e a todos respeitando, mas não os levando em consideração naquilo que diz respeito às suas opiniões e caprichos informativos.

Esse processo demanda tempo e experiência, mediante os quais são avaliadas as propostas do conhecimento e as necessidades do sentimento.

Estagiando cada indivíduo em nível de consciência diferente, que corresponde às conquistas pessoais da emoção e do desenvolvimento intelectual, o mesmo acontecimento é visto de maneira mui pessoal, conforme o grau de percepção e análise individual.

Eis porque as experiências podem ser apresentadas a todos de maneira uniforme, mas cada um é convidado a vivenciá-las de forma própria e de acordo com os recursos que lhe estão disponíveis.

Nunca se apresentam duas experiências iguais para tipos diferentes. O acontecimento pode ter características semelhantes, mas sucederá de maneira bem especial de cada um, face à diversidade de enfrentamento que surge no momento de executá-lo.

A autoconsciência desvela recursos inesgotáveis que permanecem adormecidos, aguardando o momento hábil para manifestar-se. É semelhante ao agradável calor que faz desabrochar a vida, amadurecer os frutos e alegrar os corações após invernia demorada e destrutiva.

*

Aprende a observar para agir com segurança.

Não te permitas influenciar por opiniões apressadas e sem estrutura lógica mesmo que aureoladas por atraentes configurações.

Águas paradas não refletem apenas paz, mas ocultam estagnação e morte.

A experiência é estrada atraente e desafiadora, que cada pessoa deve percorrer com os próprios pés.

Os atavismos que remanescem na conduta e na reflexão mental, tendem a conduzir o individuo às repetições de comportamentos já vivenciados, sem permitirem o despertar de maior interesse pelas novas expressões da realidade.

Os hábitos da meditação em torno dos pensamentos vitalizados deve constituir um processo de amadurecimento das idéias, a fim de que passem a ter significado útil propiciador de crescimento íntimo.

Passo a passo, a mente se dilata e a compreensão dos objetivos existenciais se faz mais clara, ensejando mais harmonia interna e encantamento exterior em relação aos quadros de incomparável beleza que emolduram as paisagens.

Nesse crescimento íntimo, os fatores que geram medo, amargura, insegurança, ansiedade, são diluídos pela autoconsciência que se firma nos painéis delicados do Espírito, tornando-se mecanismo de segurança e de harmonia.

Herdeiro das realizações do passado, o ser desperta sob os camartelos dos atos perturbadores, mas também sob a inspiração das idéias enobrecidas que passearam pela sua mente e, de alguma forma, constituíram motivo de iluminação e de razão.

Havendo predominância das heranças nefastas, ressumam como conflitos e tormentos, que podem ser decodificados pela claridade dos ensinamentos morais do Evangelho de Jesus, que convida a mudanças de comportamento através de bem sucedida sintonia com os ideais de beleza, de fraternidade, de caridade.

Descobre que o seu é o destino estelar e que marcha inexoravelmente no rumo da Grande Ventura, sendo os impedimentos momentâneos desafios que lhe cumpre vencer.

Sem abandonar os valiosos contributos que lhe vêm do mundo externo, vivencia as nobres expressões do pensamento, superando obstáculos e superando-se no que diz respeito às tendências para a sombra, o vulgar, o já realizado...

A autoconsciência desabrocha e a vida adquire sentido profundo e encantador.

O mal dos maus já não faz qualquer mal.

As perseguições da inveja e da inferioridade não mais atingem os sentimentos enobrecidos.

A calúnia não encontra ressonância nos painéis da emoção.

A maledicência não cria embaraços impeditivos.

E o ser avança autoconsciente do que deve fazer, porque realizá-lo e para que esforçar-se para a preservação da sua paz pessoal e, por extensão, pela de todos.

*

Um homem desejou construir um lar para viver tranqüilamente com a família.

Mandou um engenheiro e um arquiteto planejarem a casa e os detalhes que lhe pareciam mais convenientes para uma residência cômoda e prazenteira.

Quando começou a construção, recebeu a visita de um amigo, que apresentou várias sugestões mudando o plano inicial.

Entusiasmado com as opiniões, pediu aos técnicos que corrigissem os alicerces, redesenhassem algumas linhas e, com despesas a mais, conseguiu alterar o primeiro projeto.

Posteriormente, outro amigo, e mais tarde outro mais, trouxeram opiniões descabidas que redundaram em alterações absurdas e gastos exagerados.

Ao terminar a construção, a mesma se tornou inabitável, estranha.

Calmamente, ele convocou os mesmos engenheiro e arquiteto e disse como desejava a sua futura casa.

Iniciada a obra, veio alguém apresentar-lhe sugestão, ao que ele contestou:

— Esta casa é para mim e irei fazê-la conforme acredito ser comodidade após ouvir os especialistas em construção. Não alterarei nada, a fim de atender às descabidas opiniões dos amigos, porque a casa dos amigos é aquele monstrengo que abandonei. Está será a minha casa conforme penso e desejo...

A autoconsciência tem dimensão do que é melhor para quem o deseja.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 14 de maio de 2001, em Düsseldorf, Alemanha.)

Autodescobrimento



Autor: Joanna de Ângelis (espírito)

Muito antes da valiosa contribuição dos psiquiatras e psicólogos humanistas e transpessoais, quais Jubler Ross, Grof, Raymond Moody Júnior, Maslow, Tart, Viktor Frankl, Coleman e outros, que colocaram a alma como base dos fenômenos humanos, a psicologia espírita demonstrou que, sem uma visão espiritual da existência física, a própria vida permaneceria sem sentido ou significado.

O reducionismo, em psicologia, torna o ser humano um amontoado de células sob o comando do sistema nervoso central, vitimado pelos fatores da hereditariedade e pelos caprichos aberrantes do acaso.

A saúde e a doença, a felicidade e a desdita, a genialidade e as patologias mentais, limitadoras e cruéis, não passam de ocorrências estúpidas da eventualidade genética.

Assim considerado, o ser humano começaria na concepção e anular-se-ia na morte, um período muito breve para o trabalho que a Natureza aplicou mais de dois bilhões de anos, aglutinando e aprimorando moléculas, que se transformaram em um código biológico fatalista...

Por outro lado, a engenharia genética atual, aliando-se à biologia molecular, começa a detectar a energia como fator causal parea a construção do indivíduo, que passa a ser herdeiro de si mesmo, nos avançados processos das experiências da evolução.

Os conceitos materialistas, desse modo, aferrados ao mecanismo fatalista, cedem lugar a uma concepção espiritualista para a criatura humana, libertando-a das paixões animais e dos atavismos que ainda lhe são predominantes.
Inegavelmente, Freud e Jung ensejaram uma visão mais profunda do ser humano com a descoberta e estudo do inconsciente, assim como dos arquéticos, respectivamente, constatando a realidade do Espírito, como explicação para os comportamentos variados dos diferentes indivíduos que, procedentes da mesma árvore genética, apresentam-se fisiológica e psicologicamente opostos, bem e mal dotados, com equipamentos de saúde e de desconserto.

Não nos atrevemos a negar os fatores hereditários, sociais e familiares na formação da personalidade da criança. No entanto, adimos que eles decorrem de necessidades da evolução, que impõem a reencarnação no lugar adequado, entre aqueles que propiciam os recursos compatíveis para o trabalho de auto-iluminação, de crescimento interior.

O lar exerce, sem qualquer dúvida, como ocorre com o ambiente social, significativa influência no ser, cujos ônus serão o equilíbrio ou a desordem moral, a harmonia física ou psíquica correspondente ao estágio evolutivo no qual se encontra.

A necessidade, portanto, do auto descobrimento, em uma panorâmica racional torna-se inadiável, a fim de favorecer a recuperação, quando em estado de desarmonia, ou o crescimento, se portador de valores intrínsecos latentes. Enquanto não se conscientize das próprias possibilidades, o indivíduo aturde-se em conflitos de natureza destrutiva, ou foge espetacularmente para estados depressivos, mergulhando em psicoses de vária ordem, que o dominam e inviabilizam a sua evolução, pelo menos momentaneamente.

A experiência do auto descobrimento faculta-lhe identificar os limites e as dependências, as aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão.

Remanescem-lhe no comportamento, como herança dos patamares já vencidos pela evolução, a dualidade do negativismo e do positivismo diante das decisões a tomar.

Não identificado com os propósitos da finalidade superior da Vida, quando convidado à libertação dos vícios e paixões perturbadores, das aflições e tendências destrutivas, essa dualidade do negativo e do positivo desenha-se-lhe no pensamento, dificultando-lhe a decisão.

É comum, então, o assalto mental pela dúvida: Isto ou aquilo? A definição faz-se com insegurança e o investimento para a execução do propósito novo diminui ou desaparece face às contínuas incertezas.

Fazem-se imprescindíveis alguns requisitos para que seja logrado o auto descobrimento com a finalidade de bem-estar e de logros plenos, a saber: insatisfação pelo que se é, ou se possui, ou como se encontra; desejo sincero de mudança; persistência no tentame; disposição para aceitar-se e vencer-se; capacidade para crescer emocionalmente.

Porque se desconhece, vitimado por heranças ancestrais - de outras reencarnações -, de castrações domésticas, de fobias que prevalecem da infância, pela falta de amadurecimento psicológico e outros, o indivíduo permanece fragilizado, suscetível aos estímulos negativos, por falta de auto-estima, do auto-respeito, dominado pelos complexos de inferioridade e pela timidez, refugiando-se na insegurança e padecendo aflições perfeitamente superáveis, que lhe cumpre ultrapassar mediante cuidadoso programa de discernimento dos objetivos da vida e pelo empenho em vivenciá-lo.

Inadvertidamente ou por comodidade, a maioria das pessoas aceita e submete-se ao que poderia mudar a benefício próprio, auto punindo-se, e acreditando merecer o sofrimento e a infelicidade com que se vê a braços, quando o propósito da Divindade para com as suas criaturas é a plenitude, é a perfeição.

Dominado pela conduta infantil dos prêmios e dos castigos, o indivíduo não amadurece o eu profundo, continuando sob o jugo dos caprichos do ego, confundindo resignação com indiferença pela própria realização da ocorrência - dor sem revolta, porém atuando para erradicá-la.

Liberando-se das imagens errôneas a respeito da vida, o ser deve assumir a realidade do processo da evolução e vencer-se, superando os fatores de perturbação e de destruição.

Ao apresentarmos o nosso livro aos interessados na decifração de si mesmos, tentamos colocar pontes entre os mecanismos das psicologias humanista e transpessoal com a Doutrina Espírita, que as ilumina e completa, assim cooperando de alguma forma com aqueles que se empenham na busca interior, no auto descobrimento.

Não nos facultamos a ilusão de considerar o nosso trabalho mais do que um simples ensaio sobre o assunto, com um elenco amplo de temas coligidos no pensamento dos eméritos da alma e com a nossa contribuição pessoal.

Uma fagulha pode atear um incêndio.

Um fascículo de luz abre brecha na treva.

Uma gota de bálsamo suaviza a aflição.

Uma palavra sábia guia uma vida.

Um gesto de amor inspira esperança e doa paz.

Esta é uma pequena contribuição que dirigimos aos que sinceramente se buscam, tendo Jesus como Modelo e Terapeuta Superior para os problemas do corpo, da mente e do espírito.

Rogando escusas pela sua singeleza, permanecemos confiantes nos resultados felizes daqueles que tentarem o auto descobrimento, avançando em paz.

Salvador, 30 de novembro de 1994.

Livro: Autodescobrimento: uma busca interior. Psicografia do médium Divaldo Franco

A Desfiguração do Cristo



Autor: J. Herculano Pires

O interesse em desfigurar o Cristo vem dos planos inferiores do mundo espiritual e se manifesta de várias formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.



A gigantesca luta empreendida pelo apóstolo Paulo, após a sua conversão, para preservar a pureza dos ensinos de Jesus e da sua excelsa figura, em meio aos próprios apóstolos do Mestre, revela de maneira eloqüente, a dificuldade dos homens para compreenderem a Verdade Cristã.



Os gnósticos-docetas do primeiro século sustentavam que Jesus não tinha realidade física, que o seu corpo era apenas aparente. Sua posição contrariava as teses da encarnação do Cristo, apresentando-o como uma espécie de Deus mitológico, sob a influência das idéias helenísticas. O Docetismo exerceu grande influência em Alexandria, propagando-se a Éfeso, onde o apóstolo João instalara a sua Escola Cristã. João refutou a tese doceta como herética, pois além de não corresponder à realidade histórica, transformava o Cristo num falsário.



A fábula dos docetas ( como o apóstolo Paulo a classificou) apresentava-se como uma das mais estranhas desfigurações do Cristo, fornecendo elementos ricos e valiosos aos mitólogos para negarem a existência real e histórica de Jesus de Nazaré.



Essa teoria absurda reapareceu na França, através de uma obra confusa e carregada de pesado misticismo ridicularizante. Um advogado de Bordeaux, Jean Baptiste Roustaing, elaborou essa obra através de comunicações mediúnicas atribuídas a Moisés, os Apóstolos e os Evangelistas. Um grupo místico do Rio de janeiro adotou com entusiasmo essa obra, conseguindo apossar-se da Federação Espírita Brasileira, e até hoje a propaga e sustenta, contra a maioria das instituições espíritas do Brasil e do mundo. É inacreditável o fanatismo dos roustainguistas, o que se justifica pela sua mentalidade anti-racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional do Cristianismo e do Espiritismo. Esses defensores do absurdo chegam a citar a obra mistificadora Os quatro evangelhos, como uma das dez mais importantes da literatura mundial, e Roustaing, como uma das maiores figuras da Humanidade. Kardec condenou essa obra, o que provocou um revide de Roustaing.



Hoje só existe um símbolo para o Cristo: o da Ressurreição. Provada cientificamente a existência do corpo espiritual, provada a continuidade da vida triunfante após a morte, provada a herança de Deus na imensidade do Cosmos povoado de mundos, provada a ineficácia das instituições religiosas e seus métodos para levar os homens a Deus, pois que a maioria se afastou de Deus e o considera como superstição estúpida, só a figura do Cristo Ressuscitado, triunfando sobre a veleidade do poderes terrenos e confirmando em si mesmo a verdade dos seus ensinos, poderá libertar as consciências do apego às coisas perecíveis, dando-lhes a confiança no poder superior do espírito. Se somos espíritos não apenas um corpo material, e se temos a certeza de que o Cristo continua vivo e a nos inspirar em nossas lutas no caminho do bem, por que cultivamos a morte e até mesmo as imagens de um cadáver que não foi encontrado no túmulo?



A desfiguração do Cristo atingiu o máximo nessas imagens frias que dormem o ano inteiro nas criptas das Igrejas, à espera do seu enterro anual, com luto, choro e velas acesas. O sadismo humano se revela num automatismo consciencial que o perpetua nas gerações sucessivas. Chegou o momento de compreendermos que o Cristo está diante de nós, na plenitude de sua vida e seu poder, procurando despertar-nos do pesadelo da morte.



Harmonia - Revista Espírita nº 64 - Fevereiro/2000

O Céu e o Inferno

O Céu e o Inferno

Autor: J. Herculano Pires

Allan Kardec apresenta a verdadeira face do desejado Céu, do temido Inferno, como também do chamado Purgatório. Põe fim às penas eternas, demonstrando que tudo no universo evolui.


Lendo-se este livro com atenção vê-se que a sua estrutura corresponde a um verdadeiro processo de julgamento. Na primeira parte temos a exposição dos fatos que o motivaram e a apreciação judiciosa, sempre serena, dos seus vários aspectos, com a devida acentuação dos casos de infração da lei. Na segunda parte o depoimento das testemunhas. Cada uma delas caracteriza-se por sua posição no contexto processual. E diante dos confrontos necessários o juiz pronuncia a sua sentença definitiva, ao mesmo tempo enérgica e tocada de misericórdia. Estamos ante um tribunal divino.


Os homens e suas instituições são acusados e pagam pelo que devem, mas agravantes e atenuantes são levados em consideração à luz de um critério superior.



A 30 de Setembro de 1863, como se pode ver em Obras Póstumas, Kardec recebeu dos Espíritos Superiores este aviso: "Chegou a hora de a Igreja prestar contas do depósito que lhe foi confiado, da maneira como praticou os ensinamentos do Cristo, do uso que fez de sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que conduziu os espíritos". Esse julgamento começava com a preliminar constituída pelo Evangelho Segundo o Espiritismo e devia continuar com O Céu e o Inferno. Dentro de dois anos, em seu número de Setembro de 1865, a Revista Espírita publicaria em sua seção bibliográfica a notícia do lançamento do quarto livro de Codificação Espírita: O Céu e o Inferno. Faltava apenas A Gênese para completar a obra da Codificação da III Revelação.



Dois capítulos de O Céu e o Inferno foram publicados antecipadamente na Revista: o capítulo intitulado Da apreensão da morte, vigorosa peça de acusação, no número de Janeiro de 1865, e o capítulo Onde é o Céu, no número de Março do mesmo ano. Apareceram ambos como se fossem simples artigos para a Revista, mas o último trazia uma nota final anunciando que ambos pertenciam a uma "nova obra que o Sr. Allan Kardec publicará proximamente". Em Setembro a obra já aparece anunciada como à venda.



Kardec declara que, não podendo elogiá-la nem criticá-la, a Revista se limitava a publicar um resumo do seu prefácio, revelando o seu conteúdo. Os capítulos antecipadamente publicados aparecem, o primeiro com o mesmo título com que saíra e o segundo com o título reduzido para O Céu.



Estava dado o golpe de misericórdia nos dogmas fundamentais da teologia do cristianismo formalista, tipo inegável de sincretismo religioso com que o Cristianismo verdadeiro, essencial e não formal conseguira penetrar na massa impura do mundo e levedá-la à custa de enormes sacrifícios. Kardec reafirma o caráter científico do Espiritismo. Como ciência de observação a nova doutrina enfrenta o problema das penas e recompensas futuras à luz da História, estabelecendo comparações entre as idealizações do céu e do inferno nas religiões anteriores e nas religiões cristãs, revelando as raízes históricas, antropológicas, sociológicas e psicológicas dessas idealizações na formulação dos dogmas cristãos.



A comparação do inferno pagão com o inferno cristão é um dos mais eficazes trabalhos de mitologia comparada que se conhece. A mitologia cristã se revela mais grosseira e cruel que a pagã. Bastaria isso para justificar o Renascimento. O mergulho da humanidade no sorvedouro medieval levou a natureza humana a um retrocesso histórico só comparável ao do nazi-fascismo em nosso tempo. Os intelectuais materialistas assustaram-se com o retrocesso do homem nos anos 40 do nosso século e puseram em dúvida a teoria da evolução. Se houvessem lido este livro de Kardec, saberiam que a evolução não se processa em linha reta; mas em ascensão espiralada.



Vemos assim que este livro de Kardec tem muito para ensinar, não só aos espíritas, mas também aos luminares da inteligência néo-pagã que perdem o seu tempo combatendo o Espiritismo, como gregos e romanos combateram inutilmente o Cristianismo. O processo espírita se desenvolve na linha de sequência do processo cristão. A conversão do mundo ainda não se completou. Cabe ao Espiritismo dar-lhe a última demão, como desenvolvimento natural, histórico e profético do Cristianismo em nosso tempo.



A leitura e o estudo sistemático deste livro se impõem a espíritas e não-espíritas, a todos os que realmente desejam compreender o sentido da vida humana na Terra. Mesmo entre os espíritas este livro é quase desconhecido. A maioria dos que o conhecem nunca se inteirou do seu verdadeiro significado. Kardec nos dá nas suas páginas o balanço da evolução moral e espiritual da humanidade terrena até os nossos dias. Mas ao mesmo tempo estabelece as coordenadas da evolução futura. As penas e recompensas de após a morte saem do plano obscuro das superstições e do misticismo dogmático para a luz viva da análise racional e da pesquisa
científica. É evidente que essa pesquisa não pode seguir o método das ciências de mensuração, pois o seu objetivo não é material, mas segue rigorosamente as exigências do espírito científico moderno e contemporâneo.



O grave problema da continuidade da vida após a morte despe-se dos aparatos mitológicos para mostrar-se com a nudez da verdade à luz da razão esclarecida.


Buscai e Acharei



Autor: Rodolfo Calligaris

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;
porque todos os que pedem, recebem; os que buscam, acham;e a quem bate, se abre."

(Mateus, 7:7-8.)


Com essas palavras, Jesus exortou à oração e à confiança em Deus, na certeza de que Ele não deixará, jamais, de atender às nossas necessidades, sejam elas coisas materiais ou espirituais, desde que façamos a nossa parte, diligenciando por obtê-las.

Para não deixar a menor dúvida sobre esse ponto, após fazer aquela tríplice referência à solicitude com que devemos conduzir-nos, para que o céu nos ajude, o Mestre repete-a, afirmando, categoricamente, que "todos os que pedem, recebem; os que buscam, acham; e a quem bate, se abre".

Muitos homens supõem que, sendo Deus onisciente, sabe perfeitamente o de que carecemos e tudo fará por nós sem que precisemos pedir-Lhe nada, nem dar-nos a qualquer incômodo.

Demonstram, com essa atitude, que não compreenderam as promessas do Evangelho.

Primeiramente, a razão do "pedir" não é informar a Deus do que havemos mister, nem lembrá-Lo de algo que, porventura, tenha esquecido, porque, de fato, Ele sabe de tudo a nosso respeito e não é de Sua natureza fazer-se rogado para derramar-nos as Suas bênçãos.

Com o "pedir", confessamos nossa indigência, nossa fraqueza, e, com esse ato de humildade e de fé, teríamos aquelas condições de receptividade indispensáveis para que a graça divina possa atuar sobre nós, fortalecendo-nos o ânimo, de modo a levarmos a bom termo os nossos empreendimentos, inspirando-nos soluções adequadas aos problemas que nos aflijam, assim como infundindo-nos paciência e resignação, quando se trate de vencermos uma prova difícil.

Não basta, porém, pedir. É preciso, em complemento, "procurar" e "bater", isto é, que nos mexamos, que trabalhemos persistentemente, até atingirmos o objetivo colimado.

Assim, quer almejemos a conquista de uma situação mais confortável, quer desejemos vencer nossas inferioridades morais a fim de formarmos um caráter reto, seja o benefício que for, os esforços próprios são absolutamente necessários.

Esperar que Deus nos dê esses bens, dispensando-nos de qualquer colaboração, fora insensatez, porquanto, neste ou naquele terreno, "o progresso é filho do trabalho".

Há outra classe de homens que, igualmente, nada pedem a Deus. É a dos auto-suficientes, que, confiando apenas em si mesmos, julgam tudo poderem conseguir só com os recursos de sua inteligência e operosidade.

A esse Deus não castiga, como erroneamente se afirma por aí, mas abandona-os às próprias forças. As quedas e frustrações que, na certa, virão a sofrer, incumbir-se-ão de abater-lhes o orgulho, fazendo que reconheçam suas limitações e se voltem para o Alto.

Não sejamos, portanto, nem dos que se mantêm apáticos, inertes, esperando que Deus preveja e proveja tudo para eles; nem destes outros, arrogantes, presunçosos, que acreditam poderem prescindir do auxílio de Deus.

Oremos, confiantes, e trabalhemos, perseverantes; assim procedendo, sempre acharemos quem nos estenda mãos amigas, e todas as portas abrir-se-nos-ão, pois não há obstáculos que não sejam removidos ante o empenho de uma vontade inquebrantável, aliada a uma fé viva e operante.

O problema da insatisfação



Autor: Vianna de Carvalho

A insatisfação, que medra, assustadora, numa avalanche crescente. em todos os arraiais da Sociedade terrena, procede, de certo modo, da programática educacional das criaturas que, desde cedo, recebem orientação e adestramento em moldes eminentemente imediatistas, como se a vida devesse abraçar. apenas, o estreito limite entre o berço e o túmulo...

Centralizando todas as aspirações no trâmite carnal, o triunfo, conforme os padrões hedonistas, tem como finalidade à aquisição de valores para o gozo, o destaque na comunidade, a tranqüilidade que decorra de um estômago saciado, um sexo atendido e as vaidades estimuladas...

No entanto, mesmo quando tal ocorrência vem de ser lograda, acompanhada de emoções estésicas, eis que o sonhador da roupagem carnal se depara com outro tipo de necessidade que deflui do espírito, no seu processo de reeducação pelo impositivo reencarnacionista.

O homem não são, exclusivamente, as suas necessidades orgânicas e emocionais que se enquadram na argamassa fisiopsicológica.

O berço e o túmulo representam, no processo da evolução, meios de que se utiliza a Sabedoria Divina para que o ser indestrutível entre e saia do corpo, adquirindo experiências. fixando aprendizagem, modelando caracteres, crescendo na fraternidade e santificando o amor, que arranca das expressões do instinto de posse para a sublimação através da renúncia e do sacrifício...

Concebendo a vida como um jogo fugaz de sensações, em que o homem dotado de recursos amoedados mais é feliz porque mais consegue, coloca todas as ambições no estreito condicionamento da posse material, que amargura, quando escassa e frustra. quando farta.

De forma alguma os valores da rápida aquisição conseguem produzir no homem a verdadeira harmonia, tendo-se em vista que, impelido pelo próprio instinto de preservação da espécie, se não vigia, mais ambiciona, quanto mais detém.

A posse, no entanto, de forma alguma faculta equilíbrio emocional. Quando é abundante, produz o receio da perda, estimulando a existência dos fantasmas do medo de perder a posição e os recursos que lhe significam a vida... E, quando é exígua, favorece a escravidão ao que se gostaria de possuir, como fuga psicológica às inquietações quase sempre injustificáveis.

O homem deve arrimar-se nos valores éticos, que ele próprio constrói a pouco e pouco em si e à sua volta, compensando-se no ideal altruísta, com que desata as emoções superiores que lhe jazem em gérmen, crescendo moralmente e superando as injunções do cárcere físico, mediante cuja ascensão consegue a lucidez que lhe dá a perfeita visão da vida e lhe dilata os horizontes em torno do que lhe convém e do que deve fazer.

Situando as metas da existência além dos prazeres transitórios e frustrantes, irmanado à fé libertadora, com que se arma de resistências para a dor, para o mal, para os distúrbios de qualquer natureza, logra superar-se e planar além de quaisquer vicissitudes negativas, através de cujo comportamento fruirá a real felicidade.

Não cobiçando mais do que lhe é lícito reter; não se afadigando em demasia pelas aquisições transitórias; não se antecipando sofrimentos advindos do receio do futuro; não vivendo exclusivamente para o corpo, os insucessos aparentes são convertidos em lições que amadurecem para os próximos empreendimentos, fixando o bem em si mesmo, com que se ala nos rumos do Bem Incessante após a vilegiatura orgânica, libertando-se das vestes físicas com a alegria do escafandrista que retorna à tona, concluída a tarefa feliz no seio das águas profundas...

A insatisfação que a tantos amargura, enferma e conduz a distonias de largo porte, pode e deve ser combatida através de uma pauta salutar de objetivos e de diretrizes evangélicas, conforme Allan Kardec extraiu dos conceitos morais das insuperáveis lições do Cristo, fazendo do Espiritismo o mais completo compêndio de otimismo e de sabedoria conhecido nos tempos hodiernos.

Reflexionando em torno dos valores reais, como dos aparentes, o homem de bem, inteligente, que sente necessidade de mais profundas e nobres aspirações para ser feliz, mergulha a mente e o sofrimento no exercício do amor, em seu sentido mais elevado, defrontando a grandeza da vida e realizandose por fim em paz.

Vianna de Carvalho (espírito) / psicografia de Divaldo Franco

Não basta Compreender a Doutrina; é Preciso, Sobretudo, Assimilá-la



Autor: J. Herculano Pires

Não basta aceitar os princípios renovadores da Doutrina dos Espíritos. É preciso vivê-los. Todas as doutrinas são sistemas lógicos, acessíveis à compreensão intelectual. Desse ponto de vista, o Espiritismo pode ser compreendido por qualquer pessoa curiosa e de capacidade mental comum. Trata-se de uma doutrina clara, baseada em princípios de fácil assimilação, embora por baixo dessa simplicidade existam problemas complexos, de ordem científica e filosófica. É tão fácil compreendê-lo, desde que se estude criteriosamente as suas obras básicas.





A simples compreensão de uma doutrina, porém, não implica a sua vivência. Além de compreendê-la, temos de senti-la. Somente quando compreendemos e sentimos o Espiritismo, quando o incorporamos à nossa personalidade, quando o assimilamos profundamente em nosso ser, é que podemos vivê-lo. Daí a razão de Allan Kardec ter afirmado a existência de vários tipos de espíritas, concluindo que “o verdadeiro espírita se conhece pela sua transformação moral”. Espiritismo compreendido e vivido transforma moralmente o homem.





Viver o Espiritismo, entretanto, não é viver no meio espírita, fazendo ou freqüentando sessões, lendo obras doutrinárias ou ouvindo conferências. Pode fazer-se tudo isso, e ainda mais, - pode-se até mesmo gastar muito dinheiro e tempo em obras de assistência social, - atendendo apenas à compreensão intelectual da doutrina, sem vivê-la. Porque viver o Espiritismo é pautar todas as ações pelos princípios doutrinários. É moldar a conduta pela doutrina. É agir, em todas as ocasiões, como o verdadeiro espírita de que fala Allan Kardec.





Ainda neste ponto, porém, é necessário lembrar que não basta a conduta externa. Não basta a aparência. Nada mais avesso, aliás, às aparências, do que o Espiritismo. Anti-formal por excelência, contrário aos convencionalismos sociais e religiosos, o Espiritismo, como dizia Kardec: “é uma questão de fundo e não de forma”. Por isso mesmo, não podemos vivê-lo de maneira externa. Antes da conduta exterior, temos de reformar a nossa conduta interna, modificar nossos hábitos mentais e verbais. Pensar, falar e agir de acordo com os princípios renovadores da moral espírita, que é a própria moral evangélica, racionalmente esclarecida pela Doutrina do Consolador.





Surge ainda uma dificuldade, que devemos tentar esclarecer. Chegados a este ponto, muita gente nos perguntará, como sempre acontece, quando falamos a respeito: “O espírita deve então sujeitar-se rigidamente a um molde doutrinário?” Não, pois se assim fizesse estaria impedindo o seu livre desenvolvimento moral. Quando falamos em “moldar a conduta”, fazêmo-lo num sentido de orientação, nunca de esquematização. O espírita deve ser livre, pois, como acentuava o apóstolo Paulo “onde não há liberdade não está o Espírito do Senhor”. Só a liberdade dá responsabilidade, e só a responsabilidade produz a verdadeira moral.





Ao procurar viver o Espiritismo, devemos portanto evitar as atitudes formais que conduzem ao artificialismo, e conseqüentemente à mentira e à hipocrisia. Como se vê, esse é o caminho contrário ao da Doutrina dos Espíritos, é o caminho tortuoso da Doutrina dos Homens, no plano mundano. Devemos ser naturais. E como modificar a nossa natureza inferior, sendo naturais? Primeiro, compreendendo que temos essa natureza inferior e precisamos modificá-la, o que fazemos pela compreensão da doutrina; depois, sentindo a necessidade de modificá-la, o que fazemos pela assimilação emocional da doutrina. Nossa transformação moral deve começar de dentro, e não de fora. Dos pensamentos e sentimentos, e não das atitudes exteriores. Deve ser uma transformação para Deus ver, não para os homens verem.





A falta de compreensão desse problema leva muitos espíritas a posições incômodas dentro da doutrina, e o que é pior, a posições comprometedoras para o movimento doutrinário. E leva também a lamentáveis confusões, principalmente no tocante ao problema religioso. Quando compreendemos, porém, que o Espiritismo não é somente um sistema doutrinário para assimilação intelectual, mas que é sobretudo, vida, norma de vida, e principalmente, seiva renovadora da vida humana na terra, então compreendemos que não é possível separar-se, dos seus aspectos científicos e filosóficos, o seu poderoso aspecto religioso. Lembremos ainda o que dizia Kardec, ou seja, que o Espiritismo é forte justamente por afirmar e esclarecer as mesmas verdades fundamentais da religião.

Poluição e Psicosfera



Autor: Joanna de Ângelis (espírito) / psicografia de Divaldo Franco

Ecólogos de todo o mundo preocupam-se, na atualidade, com a poluição devastadora, que resulta dos detritos superlativos que são atirados nos oceanos, nos rios, lagos e "terras inúteis" circunjacentes às grandes metrópoles, como o tributo pago pelo conforto e pelas conquistas tecnológicas, desde os urgentes ingredientes e artefatos para a sobrevivência, às indústrias bélicas, às de explorações novas, às "de inutilidade" que atiram fora centenas de milhões de toneladas de lixo, óleos e resíduos em todo lugar.

Além dessas, convém recordarmos a de natureza sonora, dos centros urbanos, produzindo distonias graves e contínuas...

Os mais pessimistas, porém, prevêm a possível destruição da vida vegetal, animal e hominal como efeito dos excessivos restos produzidos pelos engenhos de que o homem se utiliza, e logo o esmagarão após transformar a Terra num caos...

Mais grave, demonstram os técnicos no assunto importante, é a poluição atmosférica, graças às substancias venenosas que são expelidas pelas fábricas em forma de resíduos, pelos motores de explosão a se multiplicarem fantástica, insaciavelmente, e os inseticidas usados para a agricultura...

Voluptuoso e desconsertado por desvarios múltiplos do homem, as máquinas avançam, dirigidas pela inconcebível ganância, desbastando reservas florestais e influindo climatericamente com transformações penosas nas regiões, então, vencidas...

O espectro de calamidades não imaginados ronda e domina com segurança muitos departamentos ambientais ora reduzidos à aridez...

Cifras assustadoras denotam o quanto se desperdiça na inutilidade—embora a elevada estatística chocante dos que se estorcegam na mais ínfima miséria, rebocando-se na coleta dos montes de lixo, a cata de destroços de que possam retirar o mínimo para sobreviver!—comprovando que no galvanizar das paixões, o homem moderno, à semelhança de Narciso, continua a contemplar a imagem refletida nas águas perigosas da vaidade e do egoísmo em que logo poderá asfixiar-se, inerme ou desesperado. No entanto, irrefletido, impõe-se exigências dispensáveis, a que se escraviza, complicando a própria e a situação dos demais usuários dos recursos da generosa mãe-Terra.

Nesse panorama deprimente, e para sanar alguns dos males imediatos e outros do futuro, sugestões e programas hão surgido preocupando as autoridades responsáveis pelos Organismos Mundiais, no sentido de serem tomadas providências coletivas e salvadoras urgentes. Algumas já estão sendo postas em prática, embora em número reduzido, tais o reflorestamento; a ausência de tráfego com motores de explosão em algumas cidades uma vez por semana; a tentativa da industrialização do lixo, com aproveitamento de energia, adubos e outros; controle no uso de pesticidas na lavoura; técnicas não poluentes com o fim de gerar energia; as áreas verdes na cidades; a segurança por meio de controle das experiências nucleares, a fim de ser evitada a contaminação . . .

Afirma-se que por onde o homem e a civilização passam ficam os sinais danosos da sua jornada, em forma de aridez, destruição e morte.

As grandes Nações materialmente, estruturadas e guindadas ao ápice pela previsão futurológica de mentes e computadores que prometiam tudo resolver, fazendo soberbas e vãs as criaturas, foram surpreendidas, há pouco, pelas conseqüências gerais da própria impetuosidade, no resultado da guerra no Oriente Médio, fazendo-as parar e modificando, em muitas delas, as estruturas e programas, previsões e soberania pelas exigências do deus petróleo em que estabeleceram as bases do seu poderio e das suas glórias, decepcionadas, atônitas..

Algumas tiveram a economia abalada, padecendo crises que resultaram do gravame geral, modificando a política interna e externa, num atestado de nulidade quanto aos compromissos humanos assumidos, à segurança e precariedade das humanas forças.

Como resultado, apressam-se as negociações internacionais por acordos diplomáticos e conchavos político-econômicos, enquanto a fome, campeando desassombradamente, confirma a falência dos cálculos e das fantasias materialistas, visivelmente per turbadas no testemunho dos seus líderes em convulsas transações com que tentam reequilibrar o poderio avassalado, quando, não, perdido ..

O poder de um dia. qual efêmera glória, sempre muda de mão e local, fazendo oscilarem, mudarem de rumo os interesses e as supostas proteções, fruto, indubitavelmente, de uma poluição descuidada—a de natureza moral!

A força e a grandeza de alguns povos até há pouco mandatários da Terra cederam lugar aos potentados reais, que se demoravam desconsiderados e as exigências da fome ameaçadora e voraz os situou como as legitimas potências que são disputadas, após o deus negro: o arroz, o trigo, o milho e o sorgo cujos celeiros, quase vazios no mundo, deles necessitam com urgência para a sobrevivência dos seres

Todavia, o homem ingere e disparate mais terrível poluição, venenosa quão irrefreável graças ao cultivo de lamentáveis atitudes em que persevera e se compraz: referimo-nos à poluição mental que interfere na ecologia psicosférica da vida inteligente, intoxicando de dentro para fora e desarticulando de fora para dentro.

Estando a Terra vitimada pelo entrechoque de vibrações, ondas e mentes em desalinho, como decorrência do desamor, das ambições desenfreadas, dos ódios sistemáticos, as funestas conseqüências se faz em presentes não apenas nas guerras externas e destrutivas, mas também nas rudes batalhas no lar, na -família, no trabalho, nas ruas da comunidade, no comportamento. Intoxicado pela ira, vencido pelo desespero que agasalha, foge na direção dos prazeres selvagens nos quais procura relaxar tensões, adquirindo mais altas cargas de desequilíbrio em que se debate.

A poluição mental campeia livre, favorecendo o desbordar daquela de natureza moral, fator primacial para as outras que são visíveis e assustadoras

O programa, no entanto, para o saneamento de tão perigoso estado de coisas, já foi apresentado por Jesus, o Sublime Ecólogo que em a Natureza, preservando-a, abençoando-a, dela se utilizou, apresentando os métodos e técnicas da felicidade, da sobrevivência ditosa nos incomparáveis discursos e realizações de que inundou a História, estabelecendo as bases para o reino de amor e harmonia, sem fim, sem dores, sem apreensões...

Nunca reagiu o Mestre—sempre agiu com sabedoria

Jamais se permitiu ferir -- deixou-se, porém crucificar,

Nenhuma agressão de Sua parte—facultou-se, no entanto, ser agredido.

Por onde passou, deixou concessões de esperança, bálsamo de reconforto, amenidade e paz. Seus caminhos ficaram floridos pelas alegrias e abençoados pelos frutos da saúde renovada.

Rei Solar, fez-se servo humilde de todos, mantendo-se inatingido, embora o ambiente em que veio construir a Vida Nova para os tempos futuros..

Repassa-Lhe a sublime trajetória.

Busca-O!

Faze uma pausa na terrível conjuntura em que te encontras e recorda-O.

Para toda enfermidade, Ele tem a eficiente terapia; para as calamidades destes dias, Ele tem a solução.

Ama e serve, portanto, como possas, quanto possas, quando possas.

A Terra sairá do caos que a absorve e voltarão o ar puro, a água cristalina, a relva repousante, o trinar dos pássaros, o fulgor do sol e o faiscar das estrelas em nome do Pai Criador e de Jesus, o Salvador Perene de todos nós.

Texto retirado do livro Após a Tempestade,

Considerações de Emmanuel sobre Paulo de Tarso

Considerações de Emmanuel sobre Paulo de Tarso

Autor: Emmanuel

CONSIDERAÇÕES DE EMMANUEL SOBRE PAULO DE TARSO

Não são poucos os trabalhos que correm mundo, re­lativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: — Por que mais um livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou informações mais detalhadas de sua vida?

Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda, responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos pro pomos, transferindo ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do pla­no espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios.

Nosso escopo essencial não poderia ser apenas reme­morar passagens sublimes dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legitima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério. Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educa­tivas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.

As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos de­sejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.

Em toda parte há tendências à ociosidade do espí­rito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entre­gam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, prefe­rindo as dominações e regalos de ordem material.

Observando esse panorama sentimental é útil recor­darmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.

Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no como um fanático de coração res­sequido. Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e rís­pido, inclinado a combater os companheiros, com vaida­de quase cruel. Não nos deteremos nessa posição extremista. Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome.

Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministé­rio divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pes­soal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma. O convite ao ministério chega, ás vezes, de maneira sutil, inesperada­mente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarcerament os, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da

sua vida. Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz.

O Mestre chama-o, da sua esfera de claridadeS imor­tais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: — Senhor, que queres que eu faça?

Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e cons­tante.

Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalhO próprio, a fim de Ir ao encontro de Jesus, é o nosso objetivo.

Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo.

Sem Estevão, não teríamos Paulo de Tarso. O gran­de mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que podería­mos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com miste­riosa beleza. A contribuição de Estevão e de outras per­sonagens desta história real vem confirmar a necessida­de e a universalidade da lei de cooperação. E, para ve­rificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fins de empreender a re­novação do mundo.

Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo.

Desde já, vejo os críticos consultando textos e com­binando versículos para trazerem á tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem-intencionados agradecemos sin­ceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para os que vivam em espírito; e ao pedan­tismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica.

Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos cora­ções, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo.



Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941.


Do livro Paulo e Estevão. Pelo Espírito Emmanuel.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.