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terça-feira, 31 de julho de 2012

Síntese Espírita



O Espiritismo é uma Doutrina que se caracteriza por três aspectos fundamentais: o religioso, o filosófico e o científico.

É, portanto, simultaneamente, Religião, Filosofia e Ciência.

Oferece, assim, ao ser humano, tudo quanto precisa no sentido de aperfeiçoar-se. Moral. Espiritual. Intelectualmente.

O aspecto religioso, o mais aceito e difundido no Brasil, baseia-se na moral cristã, consubstanciada no Evangelho, que é estudado, com muito amor, carinho e respeito.

Seus princípios constituem, sem dúvida, a preocupaçdo maior do espírita, no dia-a-dia da existência.

Pelo afeiçoamento ao aspecto religioso, ou evangélico - o que acontece, mesmo, por impulso natural -, procura praticar a caridade, através da cooperação no campo da Assistência Social, criando, ou ajudando, instituições beneficentes, com vistas ao amparo à criança, ao adolescente e à velhice.

A feição religiosa é essencial no processo de melhoria interior.

O aspecto evangélico é, assim, o que mais de perto fala à sensibilidade da gente brasileira, sempre inclinada à bondade, por autêntica expressão de amor.

O aspecto filosófico, de extrema beleza e encantamento, fundamenta-se na milenária indagação do homem: De onde viemos o que estamos fazendo na Terra, para onde iremos depois da morte, ou desencarnação?...

Aborda, por conseguinte, velho tema dos compêndios filosóficos: “o problema do ser, do destino e da dor”, que inspirou Léon Denis a escrever portentoso livro com esse título.

A filosofia espírita projeta luz, com inigualável abundância, sobre as causas do sofrimento humano.

O estudo da reencarnação contribui para dar ao homem unia visão mais lógica, mais racional, mais perfeita de Deus e de Seus atributos: Amor, Sabedoria e Justiça.

A Lei de Causa e Efeito, segundo a qual colhe o homem o que semeia, é claramente explicado pela palingenesia.

As diversidades morais, intelectuais e físicas, que tanto perturbam o não-espírita, levando,-o a estranhas conjecturas, encontram na lei de Causa e Efeito, a que os orientais dão os nomes de Carma, roda dos nascimentos, lúcida explicação.

A Filosofia Espírita, ao nível de compreensão de qualquer vessoa, por mais humilde, sob o ponto de vista da cultura, é, segundo definição de Léon Denis, um dos mais insignes discípulos de Allan Kardec, a Doutrina "que luariza de esperanças a noite de nossas vidas”.

A feição científica motiva, no Brasil, menor número de apreciadores, embora sua presença seja quase imperiosa em todos os estudos espíritas.

Na Europa, as experimentações de natureza científica são objeto de fundamental importância dos espíritas, que as colocam em termos de prioridade.

Em nosso País, embora estudemos com amor e respeito esse aspecto, enaltecendo-lhe a grandeza e imprescindibilidade, nossa preocupação maior cinge-se aos dois aspectos já fixados: o religioso e o filosófico. É um problema congénito.

Falam mais de perto ao coração, ao sentimento.

E o brasileiro - quem não sabe disso? - é muito coração, muito sensibilidade.

O lado científico da Doutrina é estudado mais por necessidade de ilustração doutrinária, tendo em vista o enriquecimento, ou, pelo menos, o aprimoramento das possibilidades expositivas - orais ou escritas.

Valorizar o tríplice aspecto do Espiritis-mo constitui inalienável dever de todos nós, que empunhamos a bandeira desfraldada por Allan Kardec, o eminente sábio lionês.

Estimar, no entanto, um ou outro aspecto, é problema pessoal, relacionado, naturalmente, com a formação e os ascendentes espirituais de cada um.

Autor: Martins Peralva

Nas fronteiras da epilepsia

Nas fronteiras da epilepsia

Autor: Núbor Orlando Facure

Dostoiewisk e Machado de Assis, portadores de epilepsia, utilizaram-se de protagonista de seus romances para descreverem suas próprias crises. Vultos ilustres da História tiveram epilepsia, mas, para o homem comum, é na sarjeta das ruas que ele costuma tomar contato e se amedrontar com a violência da crise convulsiva.
Embora Hipócrates tenha feito em seus escritos uma brilhante descrição da crise do Grande Mal, indicando o cérebro como o responsável por toda essa sintomatologia, a Epilepsia foi tida como uma doença mental pelos séculos afora e só depois do surgimento da Neurologia, no século passado, é que a Epilepsia passou a ser compreendida com uma síndrome decorrente de uma lesão orgânica no cérebro.
Hoje entende-se a epilepsia como uma descarga elétrica desorganizada que atinge os neurônios cerebrais, provocando sintomas correlacionados com a área cerebral afetada.
Embora os relatos mediúnicos do porte de No Mundo Maior e Nos Domínios da Mediunidade ditados pelo Espírito André Luiz, façam descrições inconfundíveis de sintomatologia epiléptica em seus protagonistas, submissos à interferência espiritual francamente obsessora, a medicina de hoje rejeita qualquer presença espiritual na gênese de crises epilépticas, especialmente pelo temor de ver ressurgir a nefasta participação de "demônios" dos antigos textos bíblicos, versão da qual a Idade Média e a Inquisição souberam tirar proveito.
Os exames sofisticados de hoje identificam os traumas, as infeções, os tumores e as degenerações entre diversas outras causas de natureza orgânica para a etiologia da Epilepsia, entretanto, nenhum desses exames está apropriado para detectar as vibrações do plano espiritual que nos fariam compreender mais profundamente a natureza essencial do problema da Epilepsia.
Nem sequer de longe pretendemos excluir a gênese cerebral da manifestação epiléptica, mas a visão exclusivamente materialista da Medicina tradicional a envolve de um obscurantismo estúpido que não lhe permite identificar um outro universo de interferência situado na dimensão espiritual que, como causa ou como agravante, interfere na freqüência e na constelação de sintomas que o epiléptico manifesta.
Negando a interferência do Espírito, a Medicina não consegue enxergar que, através do próprio estudo da Epilepsia, ela teria muito o que aprender, por exemplo, com o que os pacientes epilépticos vivenciam durante as chamadas "crises psíquicas", nas quais observa-se uma riqueza de expressão clínica cognitiva, que o simples desarranjo de neurônios em "curto-circuito" não tem argumentos para justificar.
Na classificação das crises epilépticas, a Neurologia destaca um tipo de crise chamada Crise Focal ou Parcial em que não há comprometimento da consciência e a sintomatologia será decorrente do local no cérebro afetado pela descarga neuronal desorganizada. Na área motora, o paciente irá apresentar contrações musculares na mão, no braço, na perna ou em qualquer outra parte do corpo correspondente à região motora do cérebro afetado.
Numa área sensitiva, os sintomas serão referidos como adormecimentos, sensações estranhas ou deformações no membro atingido.
No grupo das crises focais é que estão incluídas as crises psíquicas nas quais o paciente relata sensações subjetivas que experimenta espontaneamente, podendo ter duração de minutos, horas ou dias.
As descrições clássicas das crises psíquicas fazem referência mais comumente às crises de "Dejá vú" e de "Jamais Vú". Esses dois quadros são reconhecidos como decorrentes de lesões na base do cérebro na região dos lobos temporais.
No "Dejá vú" (já visto), o paciente relata uma sensação de familiaridade com o ambiente ou com as pessoas, mesmo que lhe sejam estranhas e que ele as esteja vendo pela primeira vez. Num local que lhe seja completamente desconhecido, o paciente, ao ter sua crise, sente uma forte impressão de que já conhece ou já esteve naquele lugar.
Na crise do "Jamais vú" (jamais visto), o paciente manifesta sensação de estranheza em lugares conhecidos ou por pessoas da sua convivência.
Ambas as situações que descrevemos podem ocorrer ocasionalmente com qualquer pessoa normal, mas, no epiléptico, essas sensações são comumente repetitivas e duradouras.
Muitos epilépticos apresentam crises psíquicas freqüentes mas que têm merecido pouco destaque por parecerem corriqueiras, como as mudanças súbitas de humor, um entristecimento súbito ou uma agressividade imotivada e desproporcional que pode beirar a violência.
Neste artigo, estou interessado em relatar outros tipos de crises psíquicas, relativamente raras, em que os próprios pacientes têm muita dificuldade em achar termos adequados para descrevê-las. Elas merecem, ao meu ver, um estudo meticuloso, procurando-se valorizar as verdadeiras sensações dessas experiências subjetivas, que os pacientes procuram nos passar, sentindo inclusive, com freqüência, a incredulidade que a maioria dos médicos manifesta ao ouvi-los.
Os relatos dessas crises, à primeira vista, parecem inconsistentes, inverossímeis, superficiais, misturando-se com os sintomas da própria ansiedade com que os pacientes convivem quando vítimas desse tipo de crise. Elas podem ser muito demoradas e não tem o caráter ictal de subtaniedade das crises convulsivas. Não há uma afetação da consciência mas sim da percepção de funções complexas como da noção de tempo, do espaço, da realidade, do movimento, da noção do Eu e até do pensamento.
Essas várias sensações no nível de vivência psíquica do indivíduo, a mim parecem fornecer preciosa observação da fronteira entre as experiências vividas física ou espiritualmente por esses pacientes.
Uns poucos relatos que fizeram esses pacientes ajudaram-me a confirmar que o mundo mental de cada um de nós transita numa dimensão espiritual que transcende a experiência física.
Um deles é médico, freqüenta meu consultório desde garoto, por ter convulsões decorrentes de neurocisticercose e, recentemente, procurou-me, acompanhado da esposa, com uma certa inquietação, tentando relatar que, nos últimos dois dias, tinha perdido a capacidade de acompanhar a passagem do tempo. Não era a identificação do tempo, das horas ou do dia e da noite. Ele dizia ser uma perda da "noção do tempo". Os acontecimentos processavam-se na sua mente e quando ele se dava conta, esses acontecimentos já tinham acabado de ocorrer. Ao dirigir-se para seu consultório, conduzindo seu carro pela estrada, fazia as curvas, mas sempre com a idéia de que isso não lhe tomava tempo, porque ocorria na sua mente, literalmente falando, antes de acontecerem fisicamente. O que tinha em mente, do trajeto que percorria, não era uma imaginação, era o próprio acontecimento. Dizia que não lhe fazia sentido o antes ou o depois, porque, tudo o que ocorria em seqüência, ele vivenciava ocorrendo simultaneamente. Sua esposa o auxiliava como auxiliar de anestesia e na entrevista me contava que apesar de permanecer o tempo todo com essas sensações que descrevia. Ele procedia normalmente enquanto anestesiava seus pacientes, apenas dizia que toda atitude que tomava já lhe parecia ter ocorrido não como uma premonição, mas com um acontecimento "já feito", se assim podemos dizer, por ele, e, ao terminar a anestesia, para sua mente, os fatos lhe pareciam continuar acontecendo.
A neurologia descreve, também um estado de crise psíquica em que o paciente tem a sensação constante de estar vivendo um sonho. É chamado de "Dreamy States" pelos clássicos.
Tivemos dois pacientes que nos relataram episódios em que sentiam uma alteração no que eles chamavam de "realidade". Uma jovem senhora referia que essas sensações a perturbavam a anos, principalmente à noite e se estivesse perto de muitas pessoas. Isto a deixava insegura. Parecia fazer as coisas por instinto. Insistia em dizer que nas crises tinha a sensação de estar vivendo em um "estágio antes da realidade".
Um outro paciente com crises semelhantes a acrescentava que também tinha a impressão de "não estar vivendo a realidade" e tudo que fazia, para ele, "não tinha conteúdo emocional".
Duas crianças e dois adultos jovens, que já acompanhávamos por antecedentes de convulsões, nos relataram episódios de percepção alterada no movimento dos objetos e do próprio pensamento.
Ouvi deles expressões do tipo: "os movimentos das coisas e das pessoas parecem aceleradas": "quando estendo as mãos para pegar um objeto, parece que meus gestos são muito rápidos"; as pessoas atravessam a rua muito depressa"; "fica difícil atravessar a rua com os carros todos correndo"; "tudo ao redor parece estar acelerado"; "as pessoas parecem falar muito rápido". Um dos garotos dizia ser acordado pela crise. Para um deles, o seu próprio pensamento, quando em crise, parecia acelerado.
Nessas horas ele evitava o diálogo com receio de demonstrar aos outros alguma perturbação. Um desses pacientes, com 23 anos, é pintor e dizia que nas crises sentia que tudo passava lentamente, seus próprios gestos ao lidar com o pincel lhe pareciam ser feito em câmara lenta, embora seus colegas não confirmavam essa vagareza. Ele se sentia assim por mais de uma semana seguida, entrando e saindo das crises sem qualquer motivo aparente.
Uma senhora que também acompanhávamos por ter desmaios, tinha um eletrencéfalo com alterações focais no hemisfério esquerdo e uma tomografia cerebral típica de neurocisticercose. Ela contava que vinha tendo episódios em que parecia se deslocar, sentia-se estar muito longe, "como se num outro mundo", "ocupando um outro espaço". Esses episódios duravam 20 minutos e, a seguir, mantendo-se sempre muito lúcida, ela sentia a cabeça vazia, ficava pálida e ofegante. Outros quadros, mais complexos e às vezes muito elaborados, têm sido rotulados como alucinatórios e comumente relacionados com as disritmias do lobo temporal ou as patologias do sono.
Alguns pacientes dizem sentir-se fora do corpo, sensação que a neurologia chama de "despersonalização". Para outros, os objetos que vêem ou os sons que ouvem, estão aumentados, diminuídos ou distorcidos. Às vezes há uma concentração de cenas e episódios memorizados e o paciente, num relance, recapitula toda a sua existência. Dá-se o nome de "visão panorâmica" da vida.
Tivemos, entre muitos outros, o caso de uma garota de nove anos que nos consultava devido manifestações comuns de epilepsia.
Ela nos relatou que por algumas ocasiões, estando absolutamente desperta, se sente saindo do seu corpo em completa lucidez. Numa dessas últimas crises estava sentada no sofá, assistindo televisão quando, subitamente, se vê, ao lado do corpo físico. Questionei sobres seus medos nesta hora e qual sua atitude ao se ver nessa duplicidade.
Ela respondeu-nos com muita simplicidade que, assustada, procurou se dirigir para perto da televisão para ver se o seu corpo ali sentado a acompanhava.
Os quadros que descrevemos não surpreenderiam qualquer neurologista habituado a atender casos de epilepsia. Seguramente serão atribuídos à presença de distúrbios da atividade neuronal, especialmente do lobo temporal e a maioria deles vai se ver livre dessas crises com medicação disponível para atuar especificamente nas disritmias dessa região.
É curioso, entretanto, que, essas descrições, os relatos de como esses pacientes vivenciam ou "decodificam" a noção do sentido do tempo, da apreensão da realidade, da relação espaço-tempo no deslocamento dos objetos, da síntese e projeção do pensamento, nos permite despretensiosamente conjeturar uma série de semelhanças com certas descrições não acadêmicas na literatura espiritualista.
Os textos especializados em descrições sobre técnicas de meditação, por exemplo, revelam que os "grandes mestres" e "místicos" que atingem os graus mais profundos de interiorização da consciência, fazem interessantes descrições em ralação ao sentido do tempo, ao espaço ocupado pela matéria, à velocidade das partículas de matéria/energia que sintonizam, bem como, o turbilhão do fluxo do pensamento, descrições estas, que ao meu ver, têm correspondência muito provocativa com as dos epilépticos que aqui registramos.
Para nós, espíritas, os conceitos de tempo no mundo espiritual, de espaço na dimensão extra-física, de projeções do pensamento, de deslocamento do corpo espiritual podem ser facilmente reconhecidos nessa série de histórias que registramos. As lesões objetivas que a massa cerebral evidencia nesses quadros são, para mim, nada mais que portas de intercessões entre as duas dimensões, a expressão física de uma realidade que o corpo nos permite palpar e a percepção espiritual que vivenciamos sem os sentidos perceberem.

Atitude Mental na Vida Diária

Atitude Mental na Vida Diária

Autor: J. Herculano Pires

1 - Ao acordar, diga a si mesmo: Deus me concede mais um dia de experiências e aprendizado. É fazendo que se aprende. Vou aproveitá-lo. (Repita isso várias vezes, procurando manter essas palavras na memória.)


2 - Ligue-se a pensamentos bons e alegres. Repila as más idéias. Compreenda que você nasceu para ser bom e normal. As más idéias e as más tendências existem para você vendê-las, nunca para se entregar.


3 - Mude a maneira de encarar os semelhantes. Na essência somos todos iguais. Se alguém está irritado, não entre em sua irritação. Trate-o com bondade. Ajude-o que também será ajudado.


4 - Vigie seus sentimentos, pensamentos e palavras nas relações com os outros. O que damos recebemos de volta.


5 - Não se considere vítima. Você pode estar sendo o algoz sem perceber. Pense nisto constantemente para melhorar suas relações com os outros. Viver é permutar. Examine o que você troca com os outros.


6 - Ao sentir-se abatido, não entre nesse astral. É difícil sair dele. Lembre-se de que seus males são passageiros, mas se você os alimenta eles durarão. É você que sustenta seus males. Cuidado com isso!

7 - Freqüente a instituição com que se sintoniza. Não fique pulando de uma para outra. Quem não tem constância, nada consegue.

8 - Se você tem visões, sente toques, ou arrepios, não se preocupe, nem se assuste com esses efeitos físicos. Leia diariamente, de manhã e à noite, ao deitar-se, um trecho de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, medite sobre o que leu. Abra o livro ao acaso. Neutralize influências negativas com o poder de sua vontade.


9 - Reformule o conceito de si mesmo. Você não é um pobrezinho abandonado no mundo. Os próprios vermes são protegidos por leis naturais. Estabeleça pouco a pouco o controle de si mesmo, com paciência e confiança. Você não depende dos outros. Depende de sua mente. Mantenha-a arejada.


10 - Estude as obras de Allan Kardec.


O Alcoolismo

O Alcoolismo

Autor: Victor Hugo (espírito)

Sem nos determos no exame dos fatores sócio-psicológicos causais do alcoolismo generalizado, de duas ordens são as engrenagens que o desencadeiam, - observado o problema do ponto de vista espiritual.
Antigos viciados e dependentes do álcool, em desencarnando não se liberam do hábito, antes sofrendo-lhe mais rude imposição.
Prosseguindo a vida, embora a ausência do corpo, os vícios continuam vigorosos, jungindo os que a eles se aferraram a uma necessidade enlouquecedora. Atônitos e sedentos, alcoólatras desencarnados se vinculam às mentes irresponsáveis, de que se utilizam para dar larga à continuação do falso prazer, empurrando-os, a pouco e pouco, do aperitivo tido como inocente ao lamentável estado de embriaguez.
Os que lhes caem nas malhas, tornam-se, por isso mesmo, verdadeiros recipientes por meio dos quais absorvem os vapores deletérios, caindo, também, em total desequilíbrio, até quando a morte advém à vítima, ou as Soberanas Leis os recambiam à matéria, que padecerá das dolorosas injunções constritoras que lhe impõe o corpo perispiritual...
Normalmente, quando reencarnados, os antigos viciados recomeçam a atividade mórbida, servindo, a seu turno, de instrumento do gozo infeliz, para os que se demoram na Erraticidade inferior...
Outras vezes, os adversários espirituais, na execução de uma programática de desforço pelo ódio, induzem os seus antigos desafetos à iniciação alcoólica, mediante pequenas doses, com as quais no transcurso do tempo os conduzem à obsessão, desorganizando-lhes a aparelhagem físio-psíquica e dominando-os totalmente.
No estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade.
Não se afastando a causa espiritual, torna-se menos provável a libertação, desde que, cessados os efeitos de quaisquer terapêuticas acadêmicas, a influência psíquica se manifesta, insidiosa, repetindo-se a lamentável façanha destruidora...
A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece.
Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de status, atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.
Pelos idos de 1851, porque enxameassem os problemas derivados da alcoolofilia, Magno Huss realizou, por vez primeira, um estudo acurado da questão, promovendo um levantamento dos danos causados no indivíduo e alertando as autoridades para as conseqüências que produz na sociedade.
Os que tombam na urdidura alcoólica, justificam-lhe o estranho prazer, que de início lhes aguça a inteligência, faculta-lhes sensações agradáveis, liberando-os dos traumas e receios, sem se darem conta de que tal estado é fruto das excitações produzidas no aparelho circulatório, respiratório com elevação da temperatura para, logo mais produzir o nublar da lucidez, a alucinação, o desaparecimento do equilíbrio normal dos movimentos...
Inevitavelmente, o viciado sofre uma congestão cerebral intensa ou experimenta os dolorosos estados convulsivos, que se tornam perfeitos delírios epilépticos, dando margem a distúrbios outros: digestivos, circulatórios, nervosos que podem produzir lesões irreversíveis, graves.
A dependência e continuidade do vício conduz ao delirium tremens, resultante da cronicidade do alcoolismo, gerando psicoses, alucinações várias que culminam no suicídio, no homicídio, na loucura irrecuperável.
Mesmo em tal caso, a constrição obsessiva segue o seu curso lamentável, já que, não obstante destrambelhadas as aparelhagens do corpo, o espírito encarnado continua a ser dominado pelos seus algozes impenitentes em justas de difícil narração...
Além dos danos sociais que o alcoolismo produz, engendrando a perturbação da ordem, a queda da natalidade, a incidência de crimes vários, a decadência econômica e moral, é enfermidade espiritual que o vero Cristianismo erradicará da Terra, quando a moral evangélica legítima substituir a débil moral social, conveniente e torpe.

Ao Espiritismo cumpre o dever de realizar a psicoterapia valiosa junto a tais enfermos e, principalmente, a medida preventiva pelos ensinos corretos de como viver-se em atitude consentânea com as diretrizes da Vida Maior.

Livro: Calvário de Libertação. Psicografia de Divaldo Franco

A MENSAGEM DE HUMBERTO DE CAMPOS

30/07/2012



No dia 20 de dezembro de 1935, Humberto de Campos transmitiu significativa mensagem através de Chico Xavier, intitulada “A Ordem do Mestre”, e, inicialmente, inserida no livro “Palavras do Infinito”.
A mensagem, de belíssimo conteúdo, relata um diálogo que, na vizinhança do Natal, o Mestre travou com João Evangelista, arguindo-o sobre a situação do Evangelho na Terra. Falando sobre as dificuldades que ainda imperam para que a sua Palavra seja assimilada, em espírito e verdade, o vidente de Patmos ouve Jesus perguntar:
- Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
João respondeu:
- É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios, confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça dolorida, os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa. (os destaques são meus)
Na atualidade, em relação ao Espiritismo, mormente no que tange ao Movimento organizado, não podemos dizer o mesmo que João disse quanto ao dinheiro...
Reconhecemos que muitos núcleos do Cristianismo Redivivo sobrevivem com grandes dificuldades no campo econômico, com os adeptos que os frequentam se desdobrando para cobrir as inevitáveis despesas de sua manutenção, embora pouquíssimas sejam as Federações Espíritas que sustentam obras de assistência social junto aos mais desvalidos.
Todavia, copiando a informação que o autor do “Apocalipse” transmite ao Cristo, infelizmente, caso o Senhor nos fizesse as mesmas interrogações, poderíamos dizer a Ele que, nas hostes do Espiritismo Cristão, “com amarga ironia, o poder é uma defecação do demônio no chão acolhedor” de sua casa...
Sim, porquanto, muito dificilmente encontramos um só companheiro de Ideal, que, ocupando este ou aquele cargo administrativo, não tenha consentido que o poder lhe subisse a cabeça.
Sob este prisma, tanto tem defecado o demônio “no chão acolhedor” da Doutrina, que, sinceramente, chego a imaginar que ele está com disenteria!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 30 de julho de 2012.

Filhos com Deficiência

Filhos com Deficiência

A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas.

Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas consciências e nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações.

Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados?

Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino?

Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham seus filhos inseridos, enchem-se de ternura, de dedicação, vendo nos rebentos, achacados no corpo ou na mente, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos.

Seu filho com deficiência, não o descreia, é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida.

Seus filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade.

Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro, para destruir vidas no mundo, para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral.

Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psico-cerebrais, tangidos pela Síndrome de Down, mas, também, os que resolveram mergulhar nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, mantendo-se com os fulcros de energias perispirituais sob graves distúrbios que deverão ser recompostos por meio da reencarnação.

Indivíduos que, no passado, se atiraram à insana destruição corporal, arremessando-se de altitudes, ou sob pesados veículos, ou deixando-se afogar no bojo de massa líquida, podem retornar agora na posição de filhos da sua carne, marcados por hemi, para ou tetraplegias, por cegueira, mudez, surdez ou outras dramáticas situações que estão situadas no território das teratologias.

O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias; o domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos.

Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psico-nervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de freqüência variada, de caráter simples ou crônico.

Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superar as próprias deficiências, colocando-se aparelhados de resignação e esforço íntimo para que suplantem-se a si mesmos, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade.

Ame seus rebentos problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com o preito da ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador.

Forre-se de carinho, de paciência, de tranqüilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.

Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles.

Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte, mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos descabidos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador, sofrendo por seu turno o ter que vê-los resgatar, sem outra opção que não seja abraçá-los e se colocarem, você e eles, sob a luz do amor de Deus, resignadamente.

Theresa de Brito/Raul Teixeira

Considerando a Obsessão



Com etiologia muito complexa, a alienação por obsessão continua sendo um dos mais terríveis flagícios para a Humanidade.

Não significando a morte o fim da vida, antes o inicio de nova expressão de comportamento, em que o ser eterno retorna ao Mundo Espiritual donde veio, a desencarnação liberta a consciência que jazia agrilhoada aos liames carnais, ora desarticulando, ora ampliando as percepções que melhor se fixaram nos painéis da mente, fazendo que o ser, agora livre do corpo físico, se revincule ou não aos sítios, pessoas ou aspirações que sustentou durante a vilegiatura carnal.

O amor, por constituir alta aspiração do Espírito, mantém-no em comunhão com os objetivos superiores que lhe representam sustento e estímulo, na marcha do progresso. Assim, também, o ódio e todo o seu séqüito de paixões decorrentes do egoísmo e do orgulho, reatam os que romperam os grilhões da carne àqueles que foram motivo das suas aflições e angústias, especialmente se se permitiram guardar as idéias e reações negativas equivalentes.

Sutilmente a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsidente penetra a mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais necessárias à manutenção de superior padrão vibratório, começa a dar guarida ao pensamento infeliz, incorporando-o às próprias concepções e traumas que vêm do passado, através de cujo comportamento cede lugar à manifestação ingrata e dominadora da alienação obsessiva.

Vezes outras, através do processo da agressividade violenta, com que a indução obsessiva desorganiza os registros mentais da alma encarnada, produz-se o doloroso e lamentável domínio que se trans­forma em subjugação de longo curso.

Noutras oportunidades, inspirando sentimentos nefastos, latentes ou não no paciente desavisado, os desencarnados em desdita nele instalam o seu baixo teor vibratório, logrando produzir variadas distonias psíquicas e emocionais, que o atormentam e desgovernam, graças à inditosa dependência em que passa a exaurir-se, a expensas da vontade escravizante do hóspede que o encarcera e aflige...

Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do Mundo Espiritual inferior.

Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em demorado trânsito pelas faixas das fixações tormentosas do passado, donde vimos para as sintonias superiores que buscamos.

Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de obsessões, na Terra.

Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens, e não apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos de várias ex­pressões, como os de um encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro, de um encarnado sobre um desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não tem merecido dos cientistas nem dos religiosos o cuidado, o estudo, o tratamento que exige.

Antes, vinculados a preconceitos injustificáveis, os cientistas e religiosos se entregavam à indiferença, quando não à perseguição sistemática aos portadores de obsessões, acreditando que, ao destruírem as vítimas de tão grave enfermidade, aniquilavam a ignorada causa do problema...

Aliás, ainda hoje, a situação. é idêntica, variando, apenas, na forma de encarar a questão.

Mesmo as modernas Ciências, que se preocupam em conhecer profundamente a psique humana, colocam, a priori, os problemas obsessivos à margem, situando-os em posições muito simplistas, já que os seus pesquisadores se encontram atados a raciocínios e conclusões de fisiologistas e psicólogos do século passado, que se diziam livres de qualquer vinculação com a alma...

Repontam, é verdade, aqui e ali, esforços individuais, tentando formular respostas claras e objetivas às tormentosas interrogações da afligente quão severa problemática, logrando admitir a possibilidade da interferência da mente desencarnada sobre o deambulante do escafandro orgânico.

Terapêutica salutar, porém, para a magna questão, é a Doutrina Espírita. Não apenas como profilaxia, mas, ainda, como terapêutica eficiente, por assentar as suas lições e postulados nos sublimes ensinamentos de Jesus-Cristo, com toda a justiça cognominado “O Senhor dos Espíritos”, graças à sua ascendência, várias vezes demonstrada, ante as Entidades ignorantes, per­turbadoras e obsessoras.

A Allan Kardec, o ínclito Codificador do Espiritismo, coube a tarefa de aprofundar sondas e bisturis no organismo e na etiologia das alienações por obsessão, projetando luz, meridiana sobre a intricada enfermidade da alma. Kardec não somente estudou a problemática obsessiva, como também ofereceu medidas profiláticas e terapêutica salutar, firmado na informação dos Espíritos Superiores, na vivência com os obsidiados, como pela observação profunda e meticulosa com que elaborou verdadeiros tratados de Higiene Mental, que são as obras do Penteu'>ateuco Espírita, esse incomparável monólito de luz, que inaugurou era nova para a Ciência, para a Filosofia, tornando-se o Espiritismo a Religião do homem integral, da criatura ansiosa por religação com o seu Criador.

Diante de qualquer expressão em que se apresentem as alienações por obsessão ou em que se manifestem suas seqüelas, mergulhemos a mente e o coração no organismo da Doutrina Espírita, e, procurando auxiliar o paciente encarnado a desfazer-se do jugo constrangedor, não olvidemos o paciente desencarna­do, igualmente infeliz, momentaneamente transformado em perseguidor ignorante, embora se dizendo cons­ciente, mas sofrendo, de alguma forma, pungentes dores morais.

Concitemos o encarnado à reformulação de idéias e hábitos, à oração e ao serviço, porquanto, através do exercício da caridade, conseguirá, sensibilizar o temporário algoz, que o libertará, ou granjeará títulos de enobrecimento, armando-se de amor e equilíbrio para prosseguir em paz, jornada a fora.

... E em qualquer circunstância procuremos em Jesus, Mestre e Guia de todos nós, o amparo e a proteção, entregando-nos a Ele através da prece e da ação edificante, porque somente por meio do amor o homem será salvo, já que o amor é a alma da caridade.

Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da atualidade. Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do Senhor, em espírito e verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no rumo da felicidade real que nos aguarda, quando desejemos alcançá-la.

Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco

Coisas Terríveis e Ingênuas Figuram nos Livros Bíblicos

Coisas Terríveis e Ingênuas Figuram nos Livros Bíblicos

A palavra de Deus não está na Bíblia, mas na natureza, traduzida em suas leis.

A Bíblia é simplesmente uma coletânea de livros hebraicos, que nos dão um panorama histórico do judaísmo primitivo.

Os cinco livros iniciais da Bíblia, que constituem o Pentateuco mosaico, referem-se à formação e organização do povo judeu, após a libertação do Egito e a conquista de Canaã.

Atribuídos a Moisés, esses livros não foram escritos por ele, pois relatam, inclusive, a sua própria morte.

As pesquisas históricas revelam que os livros da Bíblia têm origem na literatura oral do povo judeu.

Só depois do exílio na Babilônia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do judaísmo, ditada por Deus.

Os relatos históricos da Bíblia são ao mesmo tempo ingênuos e terríveis.

Leia o estudante, por exemplo, o Deuteronômio, especialmente os capítulos 23 e 28 desse livro, e veja se Deus podia ditar aquelas regras de higiene simplória, aquelas impiedosas leis de guerra total, aquelas maldições horríveis contra os que não crêem na “sua palavra”.

Essas maldições, até hoje, apavoram as criaturas simples que têm medo de duvidar da Bíblia.

Muitos espertalhões se servem disso e do prestígio da Bíblia como “palavra de Deus”, para arregimentar e tosquiar gostosamente vastos rebanhos.

As leis morais da Bíblia podem ser resumidas nos Dez Mandamentos.

Mas esses mandamentos nada têm de transcendentes.

São regras normais de vida para um povo de pastores e agricultores, com pormenores que fazem rir o homem de hoje.

Por isso, os mandamentos são hoje apresentados em resumo.

O Espírito que ditou essas leis a Moisés, no Sinai, era o guia espiritual da família de Abrão, Isaac e Jacob, mais tarde transformado no Deus de Israel.

Desempenhando uma elevada missão, esse Espírito preparava o povo judeu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os eus'>deuses da antiguidade eram muitos.

O Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a “palavra de Deus”.

Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados profetas.

O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o eus'>deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do eus'>deus-pai do Evangelho.

Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro.

Deus não ditou nem dita livros aos homens.

Herculano Pires

Porque o Espiritismo é a Terceira Revelação?



“Por que o espiritismo se apresenta com Terceira Revelação, se sabemos que houve muito mais do que três revelações no mundo? Kardec não sabia disso?”

“Kardec sabia. Sabia perfeitamente. Mas acontece o seguinte. As numerosas revelações que houve no mundo, desde a época primitiva, revelações entre os povos primitivos, podemos classificar como as revelações entre os homens da caverna, porque sabemos que os mesmos, como crianças que se iniciavam na vida, tiveram os seus preceptores, aqueles Espíritos superiores que cuidaram deles e os orientaram.

Todas essas revelações têm um sentido preparatório, no tocante a uma revelação de importância fundamental para o desenvolvimento da civilização, que foi a revelação Mosaica, que, como sabemos, deu origem à Bíblia. A Bíblia dos judeus, que é também a Bíblia dos cristãos. Porque o Cristianismo é uma reforma do judaísmo, feita por Jesus, que era judeu. Essa revelação é de importância fundamental, porque estabelecia uma modificação muito profunda nos conceitos sobre Deus e o homem, sobre a vida na Terra e o destino do próprio homem.

Deus Faz a História
A respeito de Deus, podemos acentuar um ponto capital, que é o seguinte; enquanto as revelações, ocorridas nas diversas partes do mundo, nos davam uma idéia de Deus como distanciado do homem, alguém que houvesse, por assim dizer, criado o mundo e depois pouco se tivesse importado com ele, a revelação judaica nos mostra um Deus providencial. É aquilo que estudam os filósofos e se cama providencialismo.

O providencialismo judeu modificou por completo o conceito de Deus. Deus não está ausente do mundo; Deus está presente; Deus faz a História. Ora, Deus, em fazendo a História, a sua participação no mundo dos homens é permanente, é constante. Esta primeira modificação é de uma importância decisiva. É para o homem uma concepção de Deus mais consentânea com a realidade daquilo que nós chamamos, hoje, a estrutura unitária do Universo.

Além disso, a revelação Mosaica nos deu uma idéia de que Deus havia criado o mundo, não se servindo de material já existente, mas produzindo, Ele mesmo, os materiais necessários. É o dogma'>dogma bíblico da criação, a partir do nada. Deus não criou o mundo do nada. O nada parece não ter condições para dar elemento algum a Deus, para que Ele pudesse criar o mundo. O nada bíblico, como nós o entendemos, na sua significação mais profunda, é como o Nirvana, de Buda, que parece ser o nada, a negação de tudo o que existe. Um nada apenas simbólico; um nada relativo; um nada em relação ao tudo o que consideramos na Terra.

Herculano Pires.

O Mistério do Bem e do Mal


“Por que razão devemos pagar o mal com o bem e amar os nossos inimigos? O certo não é o contrário, pagar o mal com o mal e odiar os inimigos? O sujeito que me der uma bofetada leva um tiro que o manda para o inferno. Foi sempre assim que se fez. O mundo é isso. E é por isso que não entendo as religiões, não entendo o Espiritismo. Se eu ficar espírita tenho de deixar de ser homem. Vou ser maricas, bonzinho ou idiota!”

Depois disso, o leitor acrescenta: “Quer me dizer o que é o bem e o que é o mal? Que mistério é esse? Levar uma bofetada é um bem? Matar um bandido é um mal? Quero ver como vocês, espíritas, se saem dessa”.

Nosso espaço é pouco para responder a tudo. Mas, vamos fazer o possível. Mesmo porque não adianta escrever muito. O próprio leitor informa: “Não sou de muito ler e de muito pensar. Sou homem de atividade”.

Vamos por ordem:

1- Os bichos se mordem e se estraçalham. O fraco foge do forte. Mas, o homem não é bicho, é homem. Tem inteligência, consciência, linguagem, sabe falar. Os homens se entendem. Devemos pagar o mal com o bem porque precisamos do bem para viver. O mal aumenta o mal e transforma os homens em bichos. A lei do “olho por olho e dente por dente” pertence às épocas de barbárie. Só o amor produz a civilização, humanizando os costumes e desenvolvendo a solidariedade.

2- Se o leitor ficar espírita, deixará no passado o bicho que existe em cada um de nós, para se tornar uma criatura humana. Aliás, toda religião e toda doutrina espiritualista, sejam quais forem, têm por finalidade de afastar o homem da condição animal, para humanizá-lo. Ser bom, não é ser idiota. Pelo contrário, a idiotice está precisamente em ser mau. Os maus se condenam a si mesmos e acendem um braseiro na consciência.

3- Levar uma bofetada pode ser um bem, quando serve para ensinar o bem, como no caso de Jesus. Matar um bandido é sempre um mal, pois ninguém precisa mais de viver do que um bandido. A vida é a grande educadora das almas. Matar um bandido é retirar a sua possibilidade de regenerar-se, de aprender a ser bom. Em todos os países civilizados o direito penal moderno é contrário à penas de morte. O bandido é um homem em que o animal predomina. Mas, é um homem, um filho de Deus, uma alma pela qual o Cristo se entregou ao suplício da cruz. O bandido é um nosso irmão em erro, que deve ser corrigido e não aniquilado.

4- Um homem de atividade, ou de ação, precisa de ler e pensar. A atividade sem pensamento é impossível. Primeiro pensamos, depois agimos. Os que dizem que preferem agir estão errados, pois na verdade estão agindo sem o necessário critério, que vem da reflexão. Por outro lado, a reflexão se apoia no conhecimento e, que não lê, conhece muito pouco. A boa leitura e o bom pensamento conduzem à ação reta, à atividade certa. Leia mais e pense, sempre, antes de agir.

Herculano Pires