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terça-feira, 31 de julho de 2012

A Escolha de Dirigentes Espíritas

A Escolha de Dirigentes Espíritas

Após socorrer-se da imagem do corpo humano como modelo integrado e funcional de uma instituição, Paulo propõe aos discípulos de Corinto a seguinte distribuição de tarefas:

* apóstolos,
* médiuns psicofônicos (profetas),
* expositores (mestres),
* médiuns de cura para doenças orgânicas (milagres),
* médiuns de cura para distúrbios mentais e emocionais (dom de cura),
* trabalhos de assistência social, *
* trabalhos administrativos,
* médiuns xenoglóssicos (dom de línguas).
* Destaca-se que a função, digamos, gerencial da instituição ficou posta em sétimo lugar, numa hierarquia de oito atividades específicas, nas quais avulta o exercício de bem definidas faculdades mediúnicas.

É claro o recado: Paulo deseja as tarefas administrativas reduzidas a um mínimo indispensável e que não se sobreponham às demais, que considera prioritárias, embora ele insista na importância de cada uma para o conjunto, cabendo aos apóstolos, como trabalhadores diretos da palavra do Cristo, a indiscutível liderança do grupo, sempre que presentes.
Lamentavelmente, contudo, os administradores das comunidades – núcleo central da futura classe sacerdotal – não se conformavam com esse posicionamento que, praticamente, nenhum poder lhes conferia, e trataram de manobrar para subverter a escala de valores do Apóstolo dos Gentios. Para encurtar uma longa história: decorrido não mais que um século, eles estavam no topo da estrutura, uma vez que os ocupantes iniciais dessa posição – os apóstolos – já haviam partido, e os médiuns haviam sido, pouco a pouco, silenciados.
Por outro lado, a partir de certo momento, a Igreja Primitiva optou pelo critério quantitativo, que produzia massas maiores de manobrar. Acontece que os núcleos de poder atraem precisamente aqueles que buscam o exercício do poder e não os que desejam contribuir com a sua modesta parcela de trabalho, mas não se sentem fascinados pelo mando. O resultado foi o que se viu e ainda se vê: uma instituição rigidamente hierarquizada, volumosa pirâmide de poder civil, econômico, social e político, na qual pouco espaço resta – se é que resta – para implementação do ideário do Cristo, que teria de ser, necessariamente, a prioridade absoluta do sistema.
Essas reflexões ocorrem a propósito de situações semelhantes ou muito parecidas, que estamos testemunhando no movimento espírita contemporâneo, com disputas entre os que desejam entrar e os que não querem sair, mesmo após 20 ou 30 anos de comando. Em alguns desses casos, segundo sabemos, a regra é uma espécie de vitalidade que vai aos extremos da intenção dinástica.
Esboçam-se, em tais casos, verdadeiras campanhas, segundo modelos político-partidários, nos quais figura, com destaque, intensa atividade promocional desta ou daquela chapa. Confesso, contudo, certo desconforto, quando percebo um açodamento maior e uma paixão mais intensa nas campanhas que se travam, às claras e nos bastidores, em torno de certos postos de comando administrativo. E, principalmente, de um travo meio estranho de azedume e hostilidade entre as diversas facções.
Se eu tivesse de votar, gostaria de conhecer, com antecedência, a verdadeira motivação dessas pessoas, o que de fato pretendem fazer uma vez assumidas as funções para as quais forem eventualmente escolhidas, e que tipo de contribuição se comprometem a dar, não apenas no trato da Doutrina. Isto se pode aferir com a possível aproximação, ainda que não com a precisão desejável, pelo que as pessoas empenhadas na disputa tenham dito, escrito ou realizado, no passado, e as posturas que hajam assumido como espíritas, dentro e fora do movimento. É claro que, uma vez que os eleitores as escolhem e elas assumem os cargos, é o consenso resultante de cada um que vai determinar os rumos da ação administrativa, mas não apenas isso, e, principalmente, de que maneira será tratada a Doutrina dos Espíritos, da qual o movimento é apenas o corpo físico?
Se me concedem, pois, o modesto direito de sugerir ou opinar sobre algo, deixem-me pedir aos companheiros que escolhem dirigentes no movimento espírita um momento de silêncio interior, de serena meditação, de lúcida avaliação, uma cuidadosa preparação, a fim de que possam exercer com plena consciência de suas responsabilidades o direito de decidir a quem serão entregues as tarefas administrativas e representativas do movimento espírita.
O voto de cada um pode acarretar inesperadas conseqüências, a curto, médio ou a longíssimo tempo, tanto na sustentação do Espiritismo enquanto Doutrina, que traz em si as matrizes ideológicas do futuro, como tentativa frustrada (mais uma!) de implementar um modelo racional e inteligente a promover as reformas éticas de que tanto necessita a civilização moderna.

Hermínio C. Miranda

Primícias do Reino

Primícias do Reino

O Evangelho - a nova ou a boa nova - é a mais expressiva história de uma vida, através de outras vidas, iluminando a vida de todos os homens. É a história de um Homem que se levanta na História e faz-se maior do que a História, dividindo-a com o Seu Nascimento, de modo a constituir-se o marco rutilante dos fastos do pensamento universal.

Esta, a mais significativa história jamais narrada, encontra-se, todavia, sintetizada em "O Novo Testamento", modesta Obra de pouco mais de trezentas e cinqüenta páginas. Grafada por duas testemunhas pessoais de todos os acontecimentos, Mateus e João, e confirmada pelos depoimentos de outras que conviveram com Ele, tais como Pedro, - que pede a Marcos escrevê-la para os romanos recém-convertidos - e Lucas, que a recolhe de Paulo, o chamado da estrada de Damasco, de Maria, Sua Mãe, de Joana de Cusa, de Maria de Magdala e de outros, escrevendo, para a grande massa dos gentios conversos. Outros depoimentos de conhecedores e participantes diretos reaparecem nas Epístolas para culminarem na visão do Apocalipse.

Ao todo, vinte e sete pequenos livros constituídos por duzentos capítulos e sete mil novecentos e cinqüenta e sete versículos, em linguagem simples: quatro narrativas evangélicas, um Atos dos Apóstolos (atribuído a Lucas), catorze epístolas de Paulo (1), uma de Tiago Menor, duas de Pedro, três de João, uma de Judas (Tadeu) e o Apocalipse de João.

Discutidas e examinadas séculos a fio foram, no entanto, fixadas pelo Concílio de Trento (1545-1553), que lhes reconheceu a autenticidade, após compulsados os documentos históricos, constituídos pelos fragmentos das primeiras cópias manipuladas pelos cristãos decididos dos dias seguintes aos discípulos que fundaram as Igrejas então florescentes. . .

Embora as pequenas variantes de narrativas - o que lhes dá o testemunho inconteste da opinião pessoal dos escritores - através dos quatro evangelistas, a história do Filho do Homem é uma só.

Mateus (Levi) escreveu-a para os israelitas que se cristianizaram, comparando a Boa Nova com os Textos Antigos e utilizando-se das figuras comuns ao pensamento hebreu. (2)

Marcos (também chamado João), filho de Maria, de Jerusalém, em cujo lar os cristãos se reuniam o onde o Apóstolo Pedro, libertado do presídio se acolheu, que conheceu de perto as lides apostólicas junto a Paulo e Barnabé, dos quais se afastou em Perge, na Panfília, retornando a Jerusalém, tendo sido convocado mais tarde pelo próprio Pedro, à sementeira em Roma, em cuja ocasião grafou a sua narrativa. (3)

Lucas, recém-convertido por Paulo, residiu em Cesaréia, no lar do diácono Filipe de quem, emocionado, ouviu os mesmos fatos contados por Tiago Menor. Erudito, nascido em Antioquia, de cultura helênica, é o narrador deslumbrado e comovido dos feitos e palavras de Jesus. É o mais lindo dos quatro Evangelhos, impregnado da mansuetude do Cordeiro. Escrevendo. Escrevendo ao "excelente Teófilo", é dedicado à grande grei dos gentios, arrebatada pelo verbo candente de Paulo, seu mestre (4). Prosseguirá escrevendo, mais tarde, os Atos dos Apóstolos com o seu inconfundível estilo.
João, o discípulo amado, místico por excelência, escreveu para os cristãos que já conheciam a Mensagem com segurança. Aprofundou a sonda reveladora e se adentrou no colóquio do Mestre com Nicodemos, sobre o novo renascimento, de cujo colóquio, possivelmente, participara como ouvinte. Começa o seu estudo com a transcendente questão do Verbo e o encerra no Apocalipse com a fulgurante visão medianímica de Jerusalém Libertada. O seu, é o Evangelho espiritual.

Escritos inicialmente na língua falada por Jesus, o arameu, excetuando-se provavelmente Lucas, logo foram traduzidos para o grego, corporificando o pensamento do Mestre, que se dilataria por toda a Terra . . .

A mais comovente história que já se escreveu.
O maior amor que o mundo conheceu.
O Exemplo mais fecundo que jamais existiu.
A vida de Jesus é o permanente apelo à mansidão, à dignidade, ao amor, à verdade.
Amá-lO é começar a vivê-lO.
Conhecê-lO é plasmá-lO na mente e no coração.
A vida que comporta a história de nossa vida - eis a Vida de Jesus!
A perene alegria, a boa mensagem de júbilo - eis o Evangelho!


(Notas da Autora espiritual). (1) A Epístola aos Hebreus, no Concílio de Trento, foi atribuída ao Apóstolo Pedro, enquanto o de Cartago a supunha de autor ignorado. Preferimos a primeira assertiva. (2) Papias (75-150) informava que Meu'>ateus apresenta no seu Evangelho "os ditos do Senhor". (3) Marcos, que servia de intérprete a São Pedro, registrou com exatidão ainda que não pela ordem, palavras e obras de Jesus. (4) Dante afirmava que Lucas "é o escriba da mansidão de Jesus".

Amélia Rodrigues/ Divaldo Franco

Pai, Perdoa-lhes



Quando o sangue do Redentor, exigido pelo interesse das classes parasitárias, borrifou a face de algozes postados ao pé da cruz, a alma do Eterno vibrou flamejante de cólera no seio do Infinito.
Então o Deus que expulsou Adão e Eva do Paraíso, privando-os das delícias do Éden por motivo de uma desobediência; o Deus que amaldiçoou o fratricida Caim, condenando-o à erraticidade;
0 Deus que mergulhou o mundo nas águas do dilúvio, exterminando a geração corrompida dos primeiros tempos;
O Deus que mandou fogo abrasador sobre Sodoma e Gomorra, para punir a licenciosidade dos seus habitantes; o Deus que sepultou na voragem o exército do Faraó, quando perseguia Israel foragido;
O Deus que arrasou os campos do Egito, enviando sete terríveis pragas para dobrar a cerviz daquela orgulhosa nação; o Deus que aniquilou as hordas dos filisteus, quando em luta com os filhos do povo eleito; o Deus que imprimiu direção à funda de David, abatendo o gigante Golias;
O Deus que milagrosamente injetou novos vigores nos músculos flácidos de Sansão, para abater o templo gentio sobre os idólatras ali reunidos; o Deus forte e zeloso, cognominado Senhor dos Exércitos, que punia os pecadores até à quinta geração com desusada severidade;
O Deus cuja voz remedava o soturno ribombo do trovão, e cuja presença era precedida de relâmpagos e coriscos que incendiaram as sarças do Sinai; o Deus onipotente, terrível em suas vinditas, ao ver o sangue do seu Unigênito, alçou a destra, e ia ordenar ao anjo do extermínio que extinguisse para sempre a Humanidade perversa e má, assassina de seu filho, quando o olhar sereno de Jesus a Ele se alçou, partindo ao mesmo tempo dos seus augustos lábios já lívidos e trêmulos pela aproximação da morte, a seguinte súplica: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
O Pai quedou-se. A destra, então alçada, pendeu inerte; e, desde esse momento, a onipotência de Deus, que até ali se ostentara pela força, começou a manifestar-se pelo amor.

Vinícius.

A Letra que Mata

A Letra que Mata

"Para que sirvamos em novidade de Espírito e não na velhice da letra". (Romanos, 7:6)


Em sua famosa Epístola aos Romanos, afirmou Paulo de Tarso: "Morremos para aquilo em que estamos retidos", acrescentando logo a seguir: "Para que sirvamos em novidade de Espírito, e não na velhice da letra".

Esta afirmação do apóstolo equivale a esta outra, também exarada no livro dos Atos dos Apóstolos: "A letra mata e o Espírito vivifica", com a significação de que, tanto nos livros dos profetas como nos Evangelhos, devemos deixar de lado a interpretação segundo a letra, para nos atermos tão-somente ao significado segundo o espírito.

Ao contrário do que sucedeu com os apóstolos diretos de Jesus, Paulo de Tarso, assim que travou conhecimento com os ensinos da Boa Nova, deixou para trás todos os preconceitos e o apego às vãs tradições, para abraçar incondicionalmente os imorredouros preceitos legados por Jesus Cristo.

Enquanto alguns dos apóstolos praticavam o batismo de água, Paulo proclamava que "não veio para batizar mas sim para evangelizar". Enquanto os apóstolos, ainda apegados às tradições da circuncisão, alimentavam sentimentos favoráveis à continuidade dessa prática, ele combatia frontalmente tudo aquilo que viesse a favorecê-la, não hesitando mesmo em enfrentar o Apóstolo Pedro, na cidade de Antióquia, refutando os ensinamentos do velho apóstolo e dizendo que "eles eram preceitos de homens e não de Deus".

Na realidade, não se pode apegar ao formalismo das letras, mas é necessário extrair delas o Espírito que vivifica. É imperioso que assim suceda, pois, do contrário, cairemos nos mesmos erros dos nossos antepassados.

Quando Jesus Cristo afirmou: "eu e o Pai somos um", ele não pretendeu dizer que isso implicava numa aberrante trindade, onde ele, como filho, era parte integrante do Pai. O sentido de suas palavras foi de dizer que entre ele e o Pai existe perfeita identidade, tendo por isso se convertido num seu autêntico mensageiro na Terra. Ele executou a vontade do Pai, mas deixou bem claro a sua dependência dele, e mesmo a sua submissão. Para ilustração mencionemos apenas a sua oração no Horto das Oliveiras, quando disse: "Meu Pai, seja feita a tua vontade e não a minha".

Aqui também cabe um esclarecimento sobre as palavras que abrem o Evangelho de João: "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito que está no seu seio, esse o fez conhecer". (João, 1:18).

Ora, não se pode conceber a idéia de ser Jesus o Unigênito de Deus, uma vez que isso implicaria na crença de ser ele o Filho único, o único gerado por Deus.

O próprio Cristo desmente esse conceito quando, em Espírito, disse a Madalena, segundo o que está explícito no próprio Evangelho de João: "Não me detenhas porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus". (João, 20:17).

Neste último trecho evangélico ficou bem evidenciado que Deus é Pai de todos, que todos são seus filhos, desde os mais bondosos, que são denominados santos, até os mais maldosos, que são chamados demônios.

"Morremos para aquilo em que estamos retidos" significa dizer que, devido ao excessivo apego ao formalismo da letra, fica retida a evolução do Espírito vivificante, por isso é necessário morrer para aquilo que retém o nosso progresso espiritual, a fim de viver para as coisas novas e retumbantes, que na realidade alçam os nossos Espíritos para Deus, enquadrando-os na célebre sentença de Jesus Cristo: "Conheça a verdade e ela vos fará livres".

Pagar o Mal com o Bem

Pagar o Mal com o Bem

"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo.
Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia,e orai pelos que
vos perseguem e caluniam para serdes filhos de vosso Pai que está nos Céus, o qual faz
nascer o seu sol para os bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos".
(Mateus, 5:43-45)

Amar os inimigos, eis um preceito exarado por Jesus Cristo, algo difícil de ser observado, principalmente no estágio evolutivo da Humanidade. Somente Espíritos e altamente evoluídos podem exercer essa faculdade. O exemplo maior nos foi propiciado pelo próprio Jesus, que pediu a Deus que perdoasse os seus algozes, aqueles que o perseguiam, que o condenaram, que o flagelaram e que o crucificaram. O Cristo perdoou os seus desafetos, porque os amava como irmãos.

No entanto, a palavra amar, no sentido empregado por Jesus, deve ser entendida em seu sentido amplo, pois é óbvio que não podemos dispensar a um nosso desafeto, o mesmo carinho, ternura e dedicação que dispensamos a um amigo.

A aproximação de um inimigo acarreta sensações diferentes daquelas que acontecem quando um amigo se aproxima de nós. Isso resulta de uma lei natural, a da repulsão e assimilação dos fluidos, pois o pensamento malévolo, de um modo geral, acarreta uma corrente fluídica que origina uma impressão abominável, enquanto que, por outro lado, o pensamento benévolo envolve-nos num pensamento sumamente agradável.

Amar o nosso inimigo poderá representar um contra-senso e parecer um verdadeiro paradoxo para muitos; entretanto, devemos ter em mente as palavras de Jesus, contidas em Mateus 5:25, advertindo-nos para que envidemos esforços no sentido de nos "reconciliarmos com os nossos adversários, enquanto estivermos com eles no caminho, para não acontecer que sejamos entregues aos juizes e estes nos mandem colocar na prisão". É óbvio que o sentido real dessas palavras do Mestre é de concitar-nos à reconciliação com o nosso inimigo enquanto estivermos vivendo com ele aqui na Terra.

Paulo Alves de Godoy

A Negação de Pedro

A Negação de Pedro

"E Pedro o seguia de longe, até o pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados para ver o fim." (Mateus, 26:58)


Afirma Emmanuel que o fracasso, como qualquer êxito, tem causas positivas.

Pedro foi admoestado reiteradas vezes por Jesus no sentido de "orar e vigiar"; e o fracasso do humilde pescador Galileu teve origem na sua desatenção. Ninguém poderá, entretanto, "atirar-lhe a primeira pedra", porque todos nós participamos igualmente das mesmas negações. Ainda não aprendemos a seguir as advertências do Mestre, contidas nas páginas dos Evangelhos.

Na descrição de Meu'>ateus, vimos Pedro "seguir o Mestre de longe", permanecer "no pátio do sumo sacerdote" e "assentar-se entre os criados para ver o fim".

O mesmo quadro se repete há vinte séculos, pois, ainda agora, continuamos a seguir o Cristo à distância, temerosos de perdermos as vantagens que a vida material nos oferece.

Quando convocados para o trabalho, geralmente demorava-nos "no pátio" do convencionalismo terreno, onde se desenvolvem as tarefas transitórias que constituem a preocupação primária do homem, entre "os criados" dos interesses imediatistas e dos conchavos que levam alguns a se locupletarem à custa dos direitos alheios, preferindo "ver de longe o fim" das tarefas desenvolvidas pelos seareiros mais animosos.

Esse modo de agir leva muitos ao fracasso, do mesmo modo como fracassou o velho apóstolo. Estes também chorarão amargamente quando o "cantar do galo" anunciar-lhes que está prestes a findar-se mais uma de suas tarefas terrenas, esvaindo-se assim mais uma oportunidade redentora de um ciclo reencarnatório.

O episódio da negação de Pedro tem por objetivo principal demonstrar a necessidade imperiosa da "oração e vigilância" para não se cair nas malhas das tentações oriundas das nossas próprias inferioridades, pois, mesmo aqueles que estão colocados em posições proeminentes no desempenho das missões terrenas, poderão tornar-se vítimas das investidas das entidades trevosas, que tudo fazem no sentido de protelar o processo grandioso e incessante da implantação do reinado da luz na face da Terra.

Muitos homens fracassam porque não se revestem da couraça da fé e da decisão inabalável de servir o Cristo no setor que lhe foi atribuído pelo Alto.

As negações ou vacilações de Pedro ocorreram em etapas distintas no decurso do Messiado de Jesus:

A primeira, segundo a narração do próprio Mateus (16:22-23), teve lugar quando Pedro "tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se disse a Pedro: "Para trás de mim, satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens".

A segunda ocorreu quando o Mestre, em companhia de Pedro, Tiago e João, desciam do Monte Tabor, após a transfiguração. Os três apóstolos estavam face a face com um dilema: o Cristo havia confabulado com o Espírito de Elias, e as escrituras preconizavam que Elias viria na frente do Cristo a fim de preparar-lhe o caminho. Ou as escrituras estavam erradas, ou aquele que ali estava não era o Cristo. Se Elias era Espírito desencarnado, como poderia ser o precursor de Jesus, que já estava entre os homens?

Daí a indagação: "Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhe falara de João Batista." (Meu'>ateus, 17:10-13).

A terceira está contida em Lucas 22-31: "Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos".

A quarta ocorreu quando Pedro, no pátio do sumo sacerdote, nega Jesus por três vezes consecutivas (Lucas 22:54-62), passando a chorar amargamente quando o cantar do galo fez com que ele se lembrasse do vaticínio do Mestre em torno do seu fracasso.

O valoroso apóstolo de Jesus, apesar da sua idade avançada, foi com João e Tiago um dos que gozaram de maior confiança por parte do Mestre. Os três tomaram parte, invariavelmente, em todos os acontecimentos importantes no decurso da missão do Mestre, e algumas das vacilações ocorridas, como pode ser visto, se prenderam mais ao seu idealismo e ao desejo insopitável de servir a causa esposada pelo Meigo Rabi.

No decurso do Messiado de Jesus ocorreram muitas outras negações, de muito maior envergadura:

Os escribas e fariseus negaram o Mestre quando, apesar de todos os sinais por ele propiciados, evidentemente corroborado pelas próprias escrituras e por quase todos os profetas, vieram lhe pedir um sinal do céu.

Os setenta discípulos narrados por João, no versículo 60, capítulo 6, do seu Evangelho, negaram o Cristo quando, ouvindo o seu discurso, foram se debandando, um após outro, não se conformando com a forma de servir por ele esboçada.

Judas Escariotes negou o Senhor quando, após ter presenciado tantos fatos supranormais e ouvido tantos ensinamentos maravilhosos, entregou-o aos seus verdugos a troco de trinta moedas de prata.

Quando o Mestre formulou uma convocação mais ampla a um grupo de pessoas para que o seguisse, e um alegou que precisava primeira ir sepultar o seu pai, foi outro que necessitava primeiro atender os reclamos da sua casa (Lucas, 9:57-61). Ocorreu ali autêntica negação.

Os próprios irmãos de Jesus negaram-no, pois João afirma em seu Evangelho (7:5), que "nem mesmo seus irmãos criam nele".

O Mancebo de Qualidade (Lucas 18:23), de forma idêntica, negou o Mestre, quando se retirou, após ouvir o conselho para "vender e dar aos pobres tudo quando possuía".

Paulo Alves de Godoy

Os Pais e os Filhos Problema

Os Pais e os Filhos Problema

Os filhos doentes são mensageiros de amor que Deus te envia, para que o amor se desentranhe de qualquer forma do egoísmo enquistado e se inflame de luz, na luz da sublimação". (Emmanuel)

Os laços de família não se verificam por acaso: há uma Lei Divina comandando o destino e a união das almas na vida corpórea. Antes de acolhermos nos braços, com ternura, o ser pequenino, pelas vias da maternidade sagrada, idealizamos para ele o melhor: o corpo mais perfeito, a saúde orgânica integral, a inteligência lúcida; mas não devemos esquecer que essa escolha já foi feita realmente por nós, desde muito tempo, sem ilusões e sonhos, na maioria das vezes, antes de reencarnarmos. Deste modo não devemos alarmar-nos com o que os filhos possam trazer para nós de trabalhos dificuldades e problemas, desde tenra idade.
Nossos filhos, em verdade, não são nossos filhos: São filhos de Deus, e temporariamente se encontram sob nossos cuidados. Junto aos filhos simpáticos, pacíficos e obedientes, surgem também aqueles outros que, desde o berço, já começam a provocar preocupações, irritações, tensões emocionais, aborrecimentos, angústias e canseiras físicas e psíquicas, por apresentarem um temperamento forte de rebeldia e desobediência, destacando-se pela insubordinação e leviandade. São os filhos problema que a Lei da Reencarnação trouxe ao nosso convívio familiar, ensejando a oportunidade de renovação de seus destinos. É o reencontro para a reconciliação indispensável entre pais e filhos, em busca de um melhor futuro espiritual. Na intimidade do coração, os pais sempre indagam quem são estes filhos diferentes que trazem uma maior dose de lutas e trabalhos. O mentor espiritual Emmanuel explica: "Os filhos-problema são aqueles mesmos espíritos que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter e envenenando-lhes os sentimentos".
Os filhos difíceis são filhos de nossas próprias obras, em vidas passadas, que a Providência Divina agora encontra a possibilidade de nos unir pelos laços da consanguinidade, dando-nos a maravilhosa chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação.
A primeira atitude construtiva dos pais, ante os filhos rebeldes, é desenvolverem em si mesmos a grande compreensão, para não se deixarem dominar pela revolta e amargura, julgando que são infelizes e perseguidos pela má sorte... O evangelho de Allan Kardec nos ensina: "Não recuseis, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que o enviou. Uma intuição imperfeita do passado se revela e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou ou foi odiado, que um ou outro veio para perdoar ou para expiar".
Encontramos no livro do espírito André Luiz, "Nos Domínios da Mediunidade" cap. 24, psicografia de Francisco C. Xavier, um fato interessante sobre reencarnação e família. Na encarnação atual, vamos encontrar o pai de nome Júlio, espírita convicto, acometido de paralisia das pernas e que possui quatro filhos desorientados: Américo sofre de perturbação mental. Márcio é vítima do alcoolismo e Guilherme e Benício vivem na leviandade e extravagâncias noturnas. Os Espíritos Superiores revelaram a André Luiz que, em vida passada Júlio, o pai, fora chefe de um grupo de assaltantes e desencaminhou quatro rapazes para aventuras delituosas, os quais, hoje, são seus filhos desequilibrados. Teremos sempre os filhos de que precisamos e merecemos, dentro dos estatutos da Justiça Divina e através dos processos redentores das reencarnações expiatórias.
Os pais espíritas com cérebros esclarecidos e os corações iluminados pela Doutrina Kardecista, devem ficar felizes por encontrarem esta oportunidade grandiosa de cooperar na recuperação de espíritos infelizes; a quem devem e que talvez, há longo tempo, esperam por esta bênção do reencontro.

Autor: Walter Barcelos

Ansiedade

Ansiedade

Definimos comportamento como o conjunto de reações e condutas de um indivíduo em resposta a um estímulo. Em outras palavras, é a forma de ser, agir e reagir exclusiva de cada pessoa.
Nossas convicções íntimas é que determinam nossos comportamentos exteriores; portanto, reside em nós mesmos a influência que exercemos sobre as situações imediatas ou sobre as circunstâncias futuras de nossa vida. Nenhuma de nossas condutas ou atitudes manifestadas é livre de efeitos. Embora possa não ser notada no momento, futuramente será percebida e influenciará outros eventos em outras ocasiões.
O poder das crenças e dos pensamentos é fator impressionante nas ocorrências de nosso cotidiano.
Sabendo dessas verdades, não seria de vital importância que observássemos melhor nossos pensamentos habituais e analisássemos nossas crenças mais profundas?Não seria mais adequado verificarmos onde estamos pondo nosso poder de fé?
É freqüente idealizarmos ansiosamente o nosso futuro.Atribuímos momentos felizes e expectativas irreais à nossa vida,encaixando-os em ocasiões especiais como a formatura,o casamento,os filhos,um bom emprego.Quase sempre,quando o fato se concretiza,ficamos por demais frustrados,pois a realidade nunca corresponde exatamente à nossa idealização precipitada.
A preocupação pode produzir ansiedade,levando-nos,a partir então,a imaginar fatos catastróficos.Quando nos preocupamos com o futuro,não vivemos o agora e sofremos imensa imobilização,que toma conta do nosso presente,advinda de coisas que irão ou não acontecer no amanhã.A reunião de todas as nossas ansiedades não poderá alterar nosso destino;somente nosso empenho,determinação e vontade no momento presente é que poderá transformá-lo para melhor.
As situações calamitosas que imaginamos apenas se materializarão,se as dramatizarmos constantemente.Se imprimirmos com pensamentos trágicos os fatos e acontecimentos da vida,eles assumirão proporções que não tinham a princípio e,realmente,se tornarão realidade.Criaturas trágicas atrairão certamente a tragédia.
Crer com firmeza que Deus nunca erra e sempre está se manifestando e se pronunciando em tudo e em todos será sempre um método feliz de se despreocupar.Crer que Ele está sempre disposto a nos prover de tudo o que necessitamos para o nosso amadurecimento espiritual é o melhor antídoto contra a ansiedade e os excessos de imaginação dramática.
Deus é a “Consciência do Universo”,a “Alma da Natureza” e a “Harmonia das Forças Cósmicas”.
As Entidades Benevolentes e Sábias que elaboram os fundamentos da Doutrina Espítita responderam que :”...Deus é eterno,infinito,imutável,material'>imaterial,único,onipotente,soberanamente justo e bom(...)do vosso ponto de vista(...)porque credes abranger tudo.”
Acreditar que a vida é perfeita e que nada existe que não tenha uma razão de ser nos conduzirá sempre ao discernimento de que tudo está certo de maneira inequívoca e absoluta.Mesmo quando estamos iludidos pelos aspectos exteriores das coisas,pela falta de fé,pelos exageros de qualquer matiz,ainda assim a Vida Providencial nos levará a “um só rebanho e um só Pastor”.
Lembremo-nos,porém,de que a imaginação serve para criarmos quadros de alegria,beleza,progresso
amor.No entanto,se a estivermos usando para produzir tristeza,ansiedade,abandono,medo e desconfiança,o melhor a fazer é interronper o negativismo e mudar o estado mental.
Cada um transita pelo caminho certo,na hora exata,de acordo com seu estado evolutivo.Não há com que nos preocuparmos;tudo está absolutamente correto,porque todos estamos amparados pela sabedoria providencial das Leis Divinas.

Mensagem do Espírito: Hammed

A VIOLÊNCIA NO CORPO E NA MENTE DO ADOLESCENTE


A adolescência sempre foi considerada um período difícil no
desenvolvimento do ser humano, com mais desafios do que na infância,
criando embaraços para o próprio jovem como para os seus pais e todos
aqueles que com ele convivem.
Trezentos anos antes de Cristo, Aristóteles escrevera que os
adolescentes são impetuosos, irascíveis e tendem a se deixar levar por seus
impulsos, demonstrando uma certa irritabilidade em relação ao comportamento
juvenil. Por sua vez, Platão desaconselhava o uso de bebidas alcoólicas pelos
jovens antes dos dezoito anos, em razão da rápida excitabilidade dos mesmos,
e propunha: Não se despejar fogo sobre fogo.
Os conceitos sobre a adolescência sempre ganharam aceitação,
particularmente quando de natureza censória, intolerante.
No século 17, em sermão fúnebre, um clérigo afirmava que a juventude
era como um navio novo lançado ao oceano sem um leme, sem lastro, ou
piloto para dirigi-lo, como resultado de uma observação externa, sem
aprofundamento, de modo que se pudesse compreender as significativas
transformações que se operam no ser em formação, compelindo-o para as
atitudes anticonvencionais, período assinalado por mudanças estruturais.
Essas mudanças, que se operam na forma física, repercutem
significativamente na conduta psicológica, propondo diferentes
relacionamentos com os companheiros, experimentando novos modelos
educacionais, vivenciais, enquanto todo ele se encontra em maturação
biológica apressada, sem precedentes na sua história orgânica.
Nesse período, compreensivelmente, surgem os conflitos de identidade,
em tentativas internas de descobrir quem é e o que veio fazer aqui na Terra.
Logo depois surgem-lhe as indagações de como conduzir-se e qual a melhor
maneira de aproveitar o período promissor, sem o comprometimento do futuro.
Esse estado de mudanças pode ser breve, nas sociedades mais simples,
mais primitivas, ou prolongado, nas tecnologicamente mais desenvolvidas,
podendo dar-se de maneira abrupta, ou através de uma gradual transição das
experiências antes vivenciadas para as atuais desafiadoras. Em todas as
culturas, porém, apresenta-se com um caráter geral de identidade: alterações
físicas e funcionais da puberdade, assinalando-lhe o início inevitável.
Os hormônios, que desempenham um fundamental papel na
transformação orgânica e na constituição dos elementos secundários do sexo,
igualmente interferem na conduta psicológica, fazendo ressuscitar problemas
que se encontravam adormecidos no inconsciente profundo, na memória do
Espírito reencarnado. Isto porque, a reencarnação é oportunidade de
refazimento e de adestramento para desafios sempre maiores em relação ao
si, na conquista da imortalidade. Na adolescência, em razão das
transformações variadas, antigos vícios e virtudes ressumam como tendências
e manifestam-se, exigindo orientação e comando, a fim de serem evitados
novos e mais graves cometimentos morais perturbadores.
Localizada na base do cérebro, a hipófise tem importância especial na
proposta do desenvolvimento da puberdade. Os seus hormônios permanecem
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inibidos até o momento que sucede um amadurecimento das células do
hipotálamo, que lhe enviam sinais específicos, a fim de que os libere. Tal
fenômeno ocorre em diferentes idades, nunca sendo no mesmo período em
todos os organismos.
Esses hormônios são portadores de uma carga muito forte de estímulos
sobre as demais glândulas endócrinas, particularmente a tireóide, a adrenal, os
testículos e os ovários, que passam a produzir e ativar os seus próprios,
responsáveis pelo crescimento e pelo sexo.
Surgem, então, os andyogênios, os estrogênios e as progestinas, estas
últimas responsáveis pela gravidez. No metabolismo geral, todos eles
interagem de forma que propiciem o desenvolvimento físico e fisiológico
simultâneos.
Nesse período de transformações orgânicas acentuadas, o adolescente,
não poucas vezes, sente-se estranho a si mesmo. As alterações
experimentadas são tão marcantes que ele perde o contacto com a sua própria
realidade, partindo então para o descobrimento de sua identidade de forma
estranha, inquieta, gerando distúrbios que se podem acentuar mais, caso não
encontre orientação adequada e imediata.
Em razão da dificuldade de identificação do si, o jovem tem necessidade
de ajustar-se à imagem do seu corpo, detendo-se nos aspectos físicos, sem
uma percepção correta da realidade, o que o conduz a conclusões
equivocadas, a respeito de ser amado ou não, atraente ou repulsivo, por falta
de uma capacidade real para a avaliação.
Nas meninas, o ciclo menstrual surge de uma forma desafiadora e quase
sempre causa surpresa, reação prejudicial, quando não estão preparadas, por
ignorarem que se trata de um ajustamento fisiológico, ao mesmo tempo
símbolo de maturidade sexual.
A desorientação pode deixar sinais negativos no seu comportamento,
particularmente sensações físicas dolorosas, rejeição e irritabilidade, na área
psicológica, após a menarca.
Outras seqüelas podem ocorrer na pré ou na pós-menstruação, exigindo
terapia própria.
Os rapazes, por sua vez, se não esclarecidos, podem ser surpreendidos
com os fenômenos sexuais espontâneos, como a ereção incontrolada e as
ejaculações desconhecidas.
Nessa fase eles vivem um espaço no qual tudo pode tomar
características de manifestação sexual: odor, som, linguagem, lembrança...
Não sabendo ainda como administrar essas manifestações espontâneas do
organismo, embaraçam-se e descontrolam-se com relativa facilidade.
Certamente, os jovens da atualidade se encontram muito mais informados
do que os outros das gerações passadas, não obstante esses conhecimentos
estejam muito distorcidos na mente juvenil, o que perturba aqueles de
formação tímida ou portadores de qualquer distúrbio ainda não definido.
A questão da maturação sexual nos jovens não tem período demarcado,
podendo ser precoce ou tardia, que resulta em estados de apreensão ou
desequilíbrio, insegurança ou audácia, a depender da personalidade, no caso,
do Espírito reencarnado com o patrimônio dos méritos e dívidas.
O amadurecimento psicológico faz-se, nessa ocasião, com maior rapidez
do que na infância. Há mudanças cognitivas muito fortes, que desempenham
um papel crítico para o jovem cuidar das demandas educacionais, sociais,
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vocacionais, políticas, econômicas, sempre cada dia mais complexas.
As alterações nos relacionamentos, entre pais e filhos, propõem
necessidade de maior intercâmbio no lar, a fim de proporcionar um
desenvolvimento psicológico saudável, quanto intelectual, equilibrado.
Uma outra questão muito significativa do momento da adolescência é o
conflito entre o real e o possível, vivenciado pelo jovem em transição. Ao
constatar que o real deixa-lhe muito a desejar, porque se encontra num período
de enriquecimento psíquico, torna-se rebelde e transtorna-se, o que não deixa
de ser uma característica transitória do seu comportamento.
A harmonia que se deve estabelecer entre o físico e o psíquico, libertando
o adolescente da violência existente no seu mundo interior, será conseguida a
esforço de trabalho, de orientação, de vivências morais e espirituais, o que
demanda tempo e amadurecimento, compreensão e ajuda dos adultos, sem
imposições absurdas, geradoras de outras agressões.



Livro: Adolescência e Vida . Joana de Angelis /Divaldo Franco

O SEMEADOR INCOMPLETO

 
Irmão X
 
 
  
    Conta-se que existiu um cristão inteligente e sincero, de convicções forte e maneiras francas, que, onde estivesse, atento às letras evangélicas, não deixava de semear a palavra do Senhor.
    Excelente conversador, ocupava a tribuna com êxito invariável. As imagens felizes fluíam-lhe dos lábios quais arabescos maravilhosos de som. Ensinava sempre, conduzia com lógica, aconselhava com acerto, espalhava tesouros verbais. No entanto, reconhecia-se incompreendido de toda gente.
    Em verdade, no fundo, exaltava o amor; todavia, acima de tudo, queria ser amado. Salientava os benefícios da cooperação; contudo, estimava a colaboração alheia, sentindo-se diminuído quando as situações lhe reclamavam concurso fraterno. Sorria, contente, ao receber o titulo de orientador; entretanto, dificilmente sabia utilizar o titulo de irmão. Habituara-se, por isso, ao patriarcado absorvente criado pelos homens na imitação do patriarcado libertador de Deus.
    Com a passagem do tempo, todavia, suas palavras perderam o brilho. Faltava-lhe a claridade interior que somente a integração com Jesus pode proporcionar.
    Servo caprichoso e rígido, insulou-se no estudo das letras sagradas e buscou situar-se nos símbolos da Boa Nova, descobrindo para ele mesmo a posição do semeador incompreendido.
    As estações correram sucessivas e a luz de cada dia encontrou-o sempre sozinho e distante...
    Dizia-se enfastiado das criaturas. Semeara entre elas, afirmava triste, as melhores noções da vida, recebendo, em troca, a ingratidão e o abandono. Sentia-se ausente de sua época, desajustado entre os companheiros e descrente do mundo. E porque não desejava contrariar a si mesmo, retirara-se das atividades sociais, a fim de aguardar a morte.
    Efetivamente, o anjo libertador, decorrido algum tempo, veio subtraí-lo ao corpo físico.
    Estranho, agora, durante muitos anos. Mantinha-se apagada a lâmpada de seu coração. Não possuía suficiente luz para identificar os caminhos novos ou para ser visto pelos emissários celestes.
    O inteligente instrutor, por fim, valeu-se da prece. Afinal, fora sincero em seus pontos de vista e leal a si próprio. E tanto movimentou os recursos da oração que o Senhor, ouvindo-lhe as suplicas bem urdidas, desceu em pessoa aos círculos penumbrosos.
    Sentindo-se agraciado, o infeliz alinhou frases preciosas que Jesus anotava em silencio.
    Depois de longa exposição verbal do aprendiz, perguntou o Mestre, amável:
    - Que missão desempenhaste entre os homens?
    O interpelado fixou o gesto de quem sofre o golpe da injustiça e esclareceu:
    - Senhor, minha tarefa foi semelhante à daquele semeador de tua parábola. Gastei varias dezenas de anos, espalhando tuas lições na Terra. No entanto, não fui bem-sucedido no ministério. As sementes que espargi a mancheias sempre caíram em terra sáfara. Quando não eram eliminadas pelas pedras do orgulho, apareciam monstros da vaidade, destruindo-as, surgiam espinhos da insensatez sufocando-as, crescia o lodo do mal, anulando-me o serviço. Nunca fugi ao esforço de oferecer teus ensinamentos com abundância. Atirei-os aos quatro cantos do mundo, através da tribuna privada ou da praça livre. Todavia, meu salário tem sido o pessimismo e a derrota...
    Jesus fitava-o, condoído. E porque os lábios divinos nada respondessem, o aprendiz acentuou:
    - Portanto, é imperioso reconhecer que te observei as advertências... Fui sincero contigo e fiel a mim mesmo...
    Verificando-se novo intervalo, disse o Senhor com imperturbável serenidade:
    - Se atiraste tantas semente a esmo, que fazias do solo? Acreditas que o Supremo Criador conferiu eternidade ao pântano e ao espinheiro? Que dizer do lavrador que planta desordenadamente, que não retira as pedras do campo, nem socorre o brejo infeliz? É fácil espalhar sementes porque os principais sublimes da vida procedem originariamente da Providencia Divina. A preparação do solo, porém, exige cooperação direta do servo disposto a contribuir com o próprio suor. Que fizeste em favor dos corações que converteste em terra de tua semeadura? Esperavas, acaso que o logo lodacento te procurasse as mãos para ser drenado, que as pedras te rogassem remoção, que os carrascais te pedissem corrigenda? Permaneceria a sementeira fora do plano educativo estabelecido pelo Pai Eterno para o Universo inteiro?
    Ante nova pausa que se fizera, o crente, desapontado, objetou:
    - Contudo, tua parábola não se refere aos nossos deveres para com o solo...
    - Oh! – tornou Jesus, complacente – estará o mestre obrigado a resolver os problemas dos discípulos? Não me reportei a Vinha do Mundo, à charrua do esforço, ao trigo da verdade e ao joio da mentira? Não expliquei que o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se transformou em servo de todos? Não comentei, muitas vezes, as necessidades do serviço?
    O ex-instrutor silenciou em pranto convulso.
    O Senhor, todavia, afagou-lhe pacientemente a fronte e recomendou:
    - Volta, meu amigo, ao campo do trabalho terrestre e não te esqueças do solo, antes de semear. Cada coração respira em clima diferente. Enquanto muitos permanecem na zona fria da ignorância outros se demoram na esfera tórrida das paixões desvairadas. Volta e vive com eles, amparando a cada um, segundo as suas necessidades. Aduba a sementeira do bem, de conformidade com as exigências de cada região. Esse ministério abençoado reclama renuncia e sacrifício. Atendendo aos outros, ajustarás a ti mesmo. Por enquanto, és apenas o semeador incompleto. Espargiste as sementes, mas não consultaste as necessidade de chão. Cada gleba tem as suas dificuldades, os seus problemas e percalços diversos. Vai e, antes de tudo, distribuí o adubo da fraternidade e do entendimento.
    Nesse instante, o ex-pregador da verdade sentiu-se impelido por vento forte. A lei do renascimento arrebatava-o às esferas mais baixas, onde, novamente internado na carne, trabalharia, não para ser compreendido, mas para compreender.
 
  Livro:  Pontos e Contos  Psicografia  Francisco Cândido Xavier  - Pelo espírito:   Irmão X