A sua referência sobre Doutrina Espírita na Internet
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100 anos de "O Livro dos Espíritos"
José Herculano Pires
Texto em homenagem aos 100 anos comemorado à 18 de abril de
1957
Autorização para disponibilização na Internet gentilmente
cedida por Heloísa Pires
Texto transcrito a partir de "O Livro dos Espíritos", edição
Centro Espírita Perdão e Caridade (Lisboa - Portugal)
Índice
Com este livro, a 18 e abril de 1857, raiou para o mundo a era espírita. Nele
se cumpria a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito da
Verdade. Dizer isso equivale a afirmar que «O Livro dos Espíritos» é o código de
uma nova fase da evolução humana. E é exatamente essa a sua posição na história
do pensamento. Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro
e depois esquecer num canto da estante. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo,
lendo-o e relendo-o constantemente.
Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a
pedra fundamental do Espiritismo, o seu marco inicial. O Espiritismo surgiu com
ele e com ele se propagou., com ele se impôs e consolidou no mundo. Antes deste
livro não havia Espiritismo, e nem mesmo esta palavra existia. Falava-se em
Espiritualismo e Neo-Espiritualismo, de maneira geral, vaga e nebulosa. Os fatos
espíritas, que sempre existiram, eram interpretados das mais diversas maneiras.
Mas, depois que Kardec o lançou à publicidade, «contendo os princípios da
doutrina espírita», uma nova luz brilhou nos horizonte mentais do mundo.
Há uma seqüência histórica que não podemos esquecer, ao tomar este livro nas
mãos. Quando o mundo se preparava para sair do caos das civilizações primitivas,
apareceu Moisés, como o condutor de um povo destinado a traças as linhas de um
novo mundo: e de suas mãos surgiu a Bíblia. Não foi Moisés quem a escreveu, mas
foi ele o motivo central dessa primeira codificação do novo ciclo de revelações:
o cristão. Mais tarde, quando a influência bíblica já havia modelado um povo, e
quando este povo já se dispersava por todo o mundo gentio, espalhando a nova
lei, apareceu Jesus: e das suas palavras, recolhidas pelos discípulos, surgiu o
Evangelho.
A Bíblia é a codificação da primeira revelação cristã, o código hebraico em
que se fundiram os princípios sagrados e as grandes lendas religiosas dos povos
antigos. A grande síntese dos esforços da antiguidade em direção ao espírito.
Não é de admirar que se apresente muitas vezes assustadora e contraditória, para
o homem moderno. O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã, a que
brilha no centro da tríada dessas revelações, tendo na figura do Cristo o sol
que ilumina as duas outras, que lança a sua luz sobre o passado e o futuro,
estabelecendo entre ambos a conexão necessária. Mas assim como, na Bíblia, já se
anunciava o Evangelho, também neste aparecia a predição de um novo código, o do
Espírito da Verdade, como se vê em João, XIV. E o novo código surgiu pelas mãos
de Allan Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade, no momento exato em
que o mundo se preparava para entrar numa fase superior de desenvolvimento.
Hegel, em suas lições de estética, mostra-nos as criações monstruosas da arte
oriental, - figuras gigantescas, de duas cabeças e muitos braços e pernas, e
outras formas diversas, - como a primeira tentativa do Belo para dominar a
matéria e conseguir exprimir-se através dela. A matéria grosseira resiste à
força do ideal, desfigurando-o nas suas representações. Mas acaba sendo
dominada, e então aparecem no mundo as formas equilibradas e harmoniosas da arte
clássica. Atingido, porém, o máximo de equilíbrio possível, o Belo mesmo rompe
esse equilíbrio, nas formas românticas e modernas da arte, procurando superar o
seu instrumento material, para melhor e mais livremente se exprimir. Essa
grandiosa teoria hegeliana nos parece perfeitamente aplicável ao processo das
revelações cristãs: das formas incongruentes e aterradoras da Bíblia, passamos
ao equilíbrio clássico do Evangelho, e deste à libertação espiritual de «O Livro
dos Espíritos».
Cada fase da evolução humana se encerra com uma síntese conceptual de todas
as suas realizações. A Bíblia é a síntese da antiguidade, como o Evangelho é a
síntese do mundo greco-romano-judaico,, e «O Livro dos Espíritos» a do mundo
moderno. Mas cada síntese não traz em si tão somente os resultados da evolução
realizada, porque encerra também os germens do futuro. E na síntese evangélica
temos de considerar, sobretudo, a presença do Messias, como uma intervenção
direta do Alto para a reorientação do pensamento terreno. É graças a essa
intervenção que os princípios evangélicos passam diretamente, sem necessidade de
readaptações ou modificações, em sua pureza primitiva, para as páginas deste
livro, como as vigas mestras da edificação da nova era.
«O Livro dos Espíritos» não é, porém, apenas, a pedra fundamental ou o marco
inicial da nova codificação. Porque é o seu próprio delineamento, o seu núcleo
central e ao mesmo tempo o arcabouço geral da doutrina. Examinando-o, em relação
às demais obras de Kardec, que completam a codificação, verificamos que todas
essas obras partem do seu conteúdo. Podemos definir as várias zonas do texto
correspondentes a cada uma delas.
Assim como, na Bíblia, há o núcleo central do Pentateuco, e no Evangelho o do
ensino moral do Cristo, no «Livro dos Espíritos» podemos encontrar uma parte que
se refere a ele mesmo, ao seu próprio conteúdo: é o constante dos Livros I e II,
até o capítulo quinto. Este núcleo representa, dentro da esquematização geral da
codificação, que encontramos no livro, a parte que a ele corresponde. Quanto aos
demais, verificamos o seguinte:
1º) «O Livro dos Médiuns», seqüência natural deste livro, que trata
especialmente da parte experimental da doutrina, tem a sua fonte no Livro II, a
partir do capítulo sexto até o final. Toda a matéria contida nessa parte é
reorganizada e ampliada naquele livro, principalmente a referente ao capítulo
nono: «Intervenção dos Espíritos no mundo corpóreo».
2º) «O Evangelho segundo o Espiritismo» é uma decorrência natural do Livro
III, em que são estudadas as leis morais, tratando-se especialmente da aplicação
dos princípios da moral evangélica, bem como dos problemas religiosos da
adoração, da prece e da prática da caridade. Nessa parte, o leitor encontrará,
inclusive, as primeiras formas de «Instruções dos Espíritos», comuns aquele
livro, com a transcrição de comunicações por extenso e assinadas, sobre questões
evangélicas.
3º) «O Céu e o Inferno» decorre do Livro IV, «Esperanças e Consolações», em
que são estudadas os problemas referentes às penas e aos gozos terrenos e
futuros, inclusive com a discussão do dogma das penas eternas e a análise de
outros dogmas, como o da ressurreição da carne, e os dos paraíso, inferno e
purgatório.
4º) «A Gênese, os milagres e as predições», relaciona-se aos capítulos II,
III e IV do Livro I, e capítulo IX, X e XI do Livro II, assim como as partes dos
capítulos do Livro III que tratam dos problemas genésicos e da evolução física
da terra. Por seu sentido amplo, que abrange ao mesmo tempo as questões da
formação e do desenvolvimento do globo terreno, e as referentes a passagens
evangélicas e escriturísticas, esse livro da codificação se ramifica de maneira
mais difusa que os outros, na estrutura da obra-mater.
5º) Os pequenos livros introdutórios ao estudo da doutrina, «O Principiante
Espírita» e «O que é o Espiritismo», que não se incluem propriamente na
codificação, também eles estão diretamente relacionados com «O Livro dos
Espíritos», decorrendo da «Introdução» e dos «Prolegomenos».
Esta rápida apreciação da estrutura de «O Livro dos Espíritos», em suas
ligações com as demais obras da codificação, parece-os suficiente para mostrar
que ele constitui, como dissemos, no início, o arcabouço filosófico do
Espiritismo. Contém, segundo Kardec declarou no frontispício, «Os princípios da
doutrina espírita». É, portanto, o seu tratado filosófico. Embora não tenha sido
elaborado em linguagem técnica, e não observe os rigores da minúcias exposição
filosófica, é todo um complexo e amplo sistema de filosofia que nele se expõe.
Ao apreciá-lo, sob esse aspecto, devemos considerar que Kardec não era um
filósofo, mas um educador, um especialista em pedagogia, discípulo emérito de
Pestalozzi. Daí o aspecto antes didático do que propriamente de exposição
filosófica que imprimiu ao livro.
Em segundo lugar, a obra não foi propriamente escrita por ele, mas elaborada
com as respostas dadas pelos Espíritos às suas perguntas, nas sessões
mediúnicas, com as meninas Boudin e Japhet, e mais tarde com outros médiuns.
Em terceiro lugar, o livro não se destinava a forma escola filosófica, a
conquistar os meios especializados, mas apenas a divulgar os princípios da
doutrina de maneira ampla, convocando os homens em geral para o estudo de uma
realidade superior a todas as elucubrações do intelecto.
Em quarto lugar, o próprio Kardec teve o cuidado de advertir, nos «Prolegomenos»
, que evitava os prejuízos do espírito de sistema, como vemos neste trecho, em
que se refere ao ensino dos Espíritos: «Ce livre est le recueil de leurs
enseignements; il a été écrit par l'ordre et sous la dictée d'Esprits supérieurs
pour établir les fondements d'une philosophie rationelle, dégagée des préjugés
de l'esprit de systhème.»
Como se vê, «estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos
prejuízos do espírito de sistema», e não criar uma nova escola filosófica, o que
implicaria toda uma rígida sistematização. Esse propósito vem ao encontro do
pensamento dos filósofos modernos, como vemos, por exemplo, em Ernest Cassirer,
que em sua «Antropologia Filosófica», referindo-se à inconveniência dos
sistemas, diz: «Cada teoria se converte num leito de Procusto, em que os fatos
empíricos são obrigados a se acomodar a um padrão preconcebido». Max Scheller,
por sua vez, comenta: «Dispomos de uma antropologia científica, outra filosófica
e outra teológica, que se ignoram entre si». Kardec esquivou-se precisamente a
isso, tanto mais que o espírito de sistema seria a própria negação dos objetivos
da doutrina.
Quanto ao problema da linguagem técnica, não devemos nos esquecer de que o
livro se destinava ao grande público, e não apenas aos especialistas. Podemos
lembrar, a propósito, o exemplo de Descartes, que escreveu o seu «Discurso do
Método» em francês, quando o latim era a língua oficial da filosofia, porque
desejava dar-lhe maior divulgação. Mesmo que Kardec fosse um filósofo
especializado, a linguagem técnica não serviria aos seus propósitos nesta obra.
Quanto ao método didático, não seria este o primeiro livro de filosofia a
dele se socorrer. Podemos lembrar, por exemplo, «A Ética», de Espinosa. Kardec
inicia este livro com a definição de Deus, como Espinosa naquele, e se não segue
a forma geométrica de exposição, por meio de definições, axiomas, proposições e
escólios, segue entretanto a forma lógica, através de perguntas e respostas,
intercaladas de comentários e explicações. Há, aliás, curiosas similaridade de
estrutura, de posição, de ligações histórica e de princípios, entre esses dois
livros, reclamando estudo mais aprofundado. Como as há entre o que se pode
chamar a revolução cartesiana e o Espiritismo, a começar pelos famosos sonhos de
Descartes e a sua convicção de haver sido inspirado pelo Espírito da Verdade.
Yvonne Castellan, num breve, falho, às vezes gritantemente injusto, mas em
parte simpático estudo da doutrina referindo-se ao «Livro dos Espíritos», mostra
que: «O sistema é completo, e compreende uma metafísica, inteiramente repleta de
considerações físicas ou genéticas, e uma moral.» Numa análise mais séria, a
autora teria visto que a estrutura é mais complexa do que supôs.
O livro começa pela metafísica, passando depois à cosmologia, à psicologia,
aos problemas propriamente espíritas da origem e natureza do espírito e suas
ligações com o corpo, bem como aos da vida após a morte, para chegar, com as
leis morais, à sociologia e à ética, e concluir, no Livro IV, com as
considerações de ordem teológica sobre as penas e gozos futuros e a intervenção
de Deus na vida humana. Todo um vasto sistema, sem as exigências opressoras ou
os prejuízos do espírito de sistema, numa estrutura livre e dinâmica, em que os
problemas são postos em debate.
Lembrando-nos dos primórdios do Cristianismo, podemos dizer que o Espiritismo
tem sobre ele uma vantagem, no tocante ao problema filosófico. A simplicidade de
«O Livro dos Espíritos» não chegar ao ponto de nos obrigar a adaptar sistema
antigos aos nossos princípios, como aconteceu com Santo Agostinho e São Tomás,
em relação a Platão e Aristóteles, para a criação da chamada filosofia cristã. O
Espiritismo já tem o seu próprio sistema, na forma ideal que o futuro
consagrará, e cujas vantagens vimos acima.
Por outro lado, é curioso notar que «O Livro dos Espíritos» se enquadra numa
das formas clássicas e mais fecundamente livres da tradição filosófica: o
diálogo. Por tudo isso, vê-se que Kardec, sem ser o que se pode chamar um
filósofo profissional, tinha muita razão ao afirma, no capítulo VI da
«Conclusão», referindo-se ao Espiritismo «Sa force est dans sa philosphie, dans
l'appel qu'il fait à la raison, au bon-sens»
Hegel definiu a estrutura e a função do diálogo, identificando as suas leis
com as do próprio ser: tese, antítese e síntese. Mais tarde, Marx e Engels
deslocaram o diálogo dessas concepção ontológica, para lhe dar um sentido
materialista e revolucionário. Coube a Hamilin, entretanto, defini-lo em seu
aspecto mais fecundo, como um processo de fusão necessária da tese e da
antítese, na produção de uma nova idéia ou nova tese.
Este, a nosso ver, é o processo dialético do Espiritismo, que em vez de dar
ênfase à contradição em si, à luta dos opostos, prefere dá-la à harmonia, à
fusão dos contrários, para uma nova criação. E é nesse sentido que se desenvolve
o diálogo no «Livro dos Espíritos».
Nunca houve, aliás, um diálogo como este. Jamais um homem se debruçou, com
toda a segurança do homem moderno, nas bordas do abismo do incognoscível, para
interrogá-lo, ouvir as suas vozes misteriosas, contradizê-lo, discutir com ele,
e afinal arrancar-lhe os mais íntimos segredos. E nunca, também, o abismo se
mostrou tão dócil, e até mesmo desejoso de se revelar ao homem em todos os seus
aspectos.
Sócrates ouvia as vozes do seu «daimon» e discutia com o Oráculo de Delfos.
Mas Kardec não se limitou a isso: foi mais longe, dialogando com todo o mundo
invisível, analisando rigorosamente as suas vozes, ouvindo inferiores e
superiores, para descobrir as leis desse mundo, as formas de vida nele
existentes, o mecanismo das suas relações com o nosso.
O método dialético é o processo natural do desenvolvimento, tanto do
pensamento como de todas as coisas. Emmanuel, certa vez, comparou o Velho
Testamento a um apelo dos homens a Deus, e o Novo Testamento, à resposta de
Deus. Aceitando essa imagem, podemos dizer que «O Livro dos Espíritos» é a
síntese desse diálogo, é o momento em que segundo a definição de Hamelin, o
apelo e a resposta se fundem na compreensão espiritual, abrindo caminho a uma
nova fase da vida terrena.
Ao publicar «A Gênese», em 1868, Kardec pôde acentuar que «O Livro dos
Espíritos», lançado dez anos antes, continuava tão sólido como então. Nenhum dos
seus princípios fundamentais havia sido abalado pela experiência, todos
permaneciam em pé. Hoje, cem anos depois, se ainda vivesse entre nós, o
codificador poderia dizer o mesmo.
E isso num século em que o mundo se transformou de maneira vertiginosa, em
que a chamada ciência positiva foi revirada de ponta a ponta, em que as
concepções filosóficas sofreram tremendos impactos. Há conceitos que, à primeira
vista, parecem desmentidos, ou pelo menos postos em dúvida pela ciência. É o
caso do fluido universal, mas somente quando o confundimos com o conceito
científico do éter espacial.
Na verdade, o desenvolvimento da ciência se processa exactamente na direcção
dos princípios espíritas. A desintegração da matéria pela física nuclear, a
concepção da matéria como concentração de energia, a percepção cada vez mais
clara de uma estrutura matemática do universo, a conclusão a que alguns
cientistas são forçados a chegar, de que, por trás da energia parece haver outra
coisa, que seria o pensamento, tudo isso nos mostra que Kardec tinha razão ao
proclamar que nem Deus, nem a religião verdadeira, nem portanto o Espiritismo
tinham nada a perder com o avanço da ciência. Pelo contrário, só tem a ganhar,
como os fatos demonstram, dia a dia.
Essa segurança dos princípios espíritas decorre da legitimidade da fonte
espiritual deste livro, da pureza dos seus meios de transmissão mediúnica, da
precisão do método kardeciano.
A fonte, como se vê pela revelação espontânea e inesperada do Espírito da
Verdade a Kardec, segundo as anotações autobiográficas de «Obras Póstumas», e
pela confirmação posterior de tantos outros Espíritos, ou como se pode
constatar, lógica e historicamente, pelo processo de restabelecimento do
Cristianismo, que o Espiritismo realiza, é a mesma de que precedeu aquele. Não é
Kardec, nem este ou aquele Espírito em particular, nem um grupo de homens, mas
toda a falange do Espírito da Verdade, enviada à terra em cumprimento da
promessa de Jesus a fonte espiritual de «O Livro dos Espíritos».
Quanto aos meios mediúnicos de transmissão, correspondiam à pureza da fonte.
As médiuns que serviram a esse trabalho foram duas meninas, Caroline e Julie
Boudin, de 16 e 14 anos respectivamente, a que mais tarde se juntaria outra
menina, a Srta. Japhet, no processo de revisão do livro. As reuniões se
realizavam na casa da família Boudin, na intimidade do lar, entre pessoas
amigas, e as respostas dos Espíritos eram transmitidas por meio da cesta de
bico, a que se adaptava um lápis. As meninas punham as mãos sobre a cesta e esta
se movimentava, escrevendo as mensagens, com absoluta impossibilidade de ação
dos médiuns na escrita. Mais tarde, seguindo instruções dos próprios Espíritos,
Kardec submete o livro ao controle de outros médiuns, mas todos escolhidos
criteriosamente. Além disso, as respostas dos Espíritos eram confrontadas com as
comunicações obtidas em outros grupos, em obediência ao princípio da
universalidade das revelações, que veremos a seguir.
O método de Kardec transformou-se no método da própria doutrina, e tem, na
sua própria simplicidade, a garantia da sua eficiência. Podemos resumi-lo assim:
1.º) Escolha de colaboradores mediúnicos insuspeitos, tanto do ponto de vista
moral, quando da pureza das faculdades e da assistência espiritual;
2.º) Análise rigorosa das comunicações, do ponto de vista lógico, bem como do
seu confronto com as verdades científicas demonstradas, pondo-se de lado tudo
aquilo que não possa ser logicamente justificado;
3.º) Controle dos Espíritos comunicantes, através da coerência de suas
comunicações e do teor de sua linguagem;
4.º) Consenso universal, ou seja, concordância de várias comunicações, dadas
por médiuns diferentes, ao mesmo tempo e em vários lugares, sobre o mesmo
assunto.
Armado desses princípios, escudado rigorosamente nesse critério, Kardec pôde
realizar a difícil tarefa de reunir a série de informações que lhe permitiram
organizar o livro. Interessante lembrar que esse mesmo critério, em parte, havia
sido ensinado por João, em sua primeira epístola (IV:1) bem como pelo apóstolo
Paulo, em sua primeira epístola aos coríntios. As raízes do método kardeciano
estão no Novo Testamento.
Não se pode confundir, porém, o método doutrinário com os métodos de
investigação científica dos fenômenos espíritas. No trato mediúnico, a premissa
da existência do Espírito e da possibilidade da comunicação já está firmada. O
que importa é o controle da legitimidade da comunicação. Na pesquisa científica,
tudo ainda está para ser descoberto e provado. As investigações científicas
podem variar infinitamente de processos e métodos, de acordo com os
investigadores. As sessões mediúnicas não podem fugir ao método kardeciano, que
se comprovou na prática, há um século, o único realmente eficiente, e que
procede, como vimos, das reuniões mediúnicas da era apostólica.
Problemas secundários, como o da assinatura de certas comunicações por nomes
céleres, são explicados por Kardec na «Introdução ao Estudo da Doutrina
Espírita», publicando apenas a mensagem, como fez com a maioria das respostas
deste livro. Essas assinatura, segundo dizem, afastam da obra muitos leitores,
que a consideram mistificação grosseira.
A explicação está na sinceridade de Kardec e na sua fidelidade ao Espíritos
que lhe revelaram a doutrina. Ocultar-lhes os nomes seria deixar uma
possibilidade de lhe atribuírem a obra, e ele sempre fez questão de precisar que
não passava de um colaborador dos autores espirituais. Além disso, suas
explicações a respeito são absolutamente claras, para todos os que estão aptos a
compreender o fenômeno espírita em sua plenitude
Kardec examina o problema científico do Espiritismo nos capítulos VII e VII
da «Introdução ao estudo da doutrina espírita». Vejamos um trecho bastante
esclarecedor, cuja tradução o leitor encontrará no lugar próprio desta edição: «La
science propement dite, comme science, est donc incompétente pour se prononcer
dans la question du spiritisme: elle n'a pas à s'en occuper, et son jugement,
quel qu'il soit, favorable ou non, ne saurait être d'aucun poids.»
Não obstante, Kardec insiste no caráter científico da doutrina. Caráter
próprio, como ele explica nos capítulos citados, pois se trata de uma ciência
que deve ter os seus próprios métodos, uma vez que o seu objeto não é a matéria,
mas o espírito.
Por que essa insistência no caráter científico? Porque «O Livro dos
Espíritos» vem abrir uma nova era no estudo dos problemas espirituais. Até a sua
publicação, esses problemas eram tratados de maneira empírica ou apenas
imaginosa. As religiões, como seus intrincados sistemas teológicos, ou as ordens
ocultas, as corporações místicas e teosóficas, deslocavam os problemas do
espírito para o terreno do mistério. O conhecimento humano se dividia, para nos
servirmos das expressões de Santo Agostinho, na «iluminação divina» e na
«experiência».
O Espiritismo veio modificar essa ordem de coisas, mostrando a possibilidade
de encararmos os problemas espirituais através da experiência agostiniana, ou
seja, através da mesma razão que aplicamos aos problemas materiais. Nesse
sentido, «O Livro dos Espíritos» se apresenta como um divisor de águas. Tudo
aquilo que, antes dele, constitui o espiritualismo, pode ser chamado
«espiritualismo utópico», e tudo o que vem com ele e depois dele, seguindo a sua
linha doutrinária, «espiritualismo científico», como fazem os marxistas com o
socialismo de antes e depois de Marx.
Esta a posição especial de «O Livro dos Espíritos», no plano da cultura
espiritual. Com ele, o espírito e os seus problemas saíram do terreno da
abstração, para se tornarem acessíveis à investigação racional, e até mesmo à
pesquisa experimental. O sobrenatural tornou-se natural. Tudo se reduziu a um
questão de conhecimento das leis que regem o universo.
A tese espinosiana da impossibilidade do milagre, como violação da ordem
natural, veio comprovar-se nas suas demonstrações. E as leis dessa ordem, como
vemos no capítulo primeiro do Livro III, são todas naturais, quer digam respeito
às relações materiais, quer às espirituais e morais. Não existe o sobrenatural,
senão para a ignorância humana das leis naturais, uma vez que o universo é um
sistema único, e todas as suas partes se entrosam na grande estrutura.
A natureza religiosa do «Livro dos Espíritos», ressalta desde as suas
primeiras páginas. Como já vimos, Kardec o inicia pela definição de Deus Mas o
Deus espírita não é antropomórfico, não é um ser constituído à imagem e
semelhança do homem, como o das religiões. A definição espírita é incisiva:
«Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.»
Assim como, para Espinosa, Deus é a substância infinita, para Kardec é a
inteligência infinita. Mas assim como erraram os que confundiram a substância
espinosiana com o Universo, assim também se enganam os que confundem a
inteligência infinita com o homem finito, e a religião espírita com os
formalismos religiosos.
Os atributos de Deus não se confundem com os precários atributos humanos: ele
é eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom.
Deus não se confunde com o Universo, pois é o criador e o mantenedor do
Universo. Entretanto, ao tratar da justiça de Deus, vemos Kardec empregar uma
terminologia antropomórfica, falando em castigos e recompensas, o que tem dado
motivo a afirmar-se que o Deus espírita é semelhante ao das religiões.
A explicação desse fato, que à primeira vista parece contraditória, está no
item décimo do capítulo primeiro: «L'homme peut-il comprendre la nature intime
de Dieu? Non, c'est un sens qui lui manque.» E logo a seguir vem a explicação de
Kardec a respeito. Mais adiante, no item treze, encontramos a resposta de que os
atributos de Deus, a que nos referimos acima, são apenas uma interpretação
humana, aquilo que o homem pode conceber a respeito de Deus, nos eu estágio
atual de evolução. Kardec, portanto, emprega a linguagem que podemos empregar,
de maneira compreensiva, para tratar de Deus. Não humaniza a Deus, mas apenas o
coloca ao alcance da compreensão humana.
Não obstante, a natureza de Deus, como inteligência infinita e causa
primária, é sempre resguardada. Vemos isso em todo o primeiro capítulo e em
muitas outras passagens do livro. No capítulo sobre o Panteísmo, qualquer
confusão entre o Criador e a Criação foi afastada. O Deus espírita não é
antropomórfico, mas também não é panteísta. Por outro lado, «O Livro dos
Espíritos» veda imediatamente o caminho às especulações ilusórias e imaginosas
sobre a natureza de Deus.
Uma vez que falta ao homem o meio de compreendê-lo, inútil será tentar a sua
definição através de suposições ingênuas ou atrevidas. É o que vemos no item
14.º do primeiro capítulo, no estabelecimento de um princípio que define de
maneira absoluta a posição do Espiritismo em face do problema, separando-o
decisivamente de todas as escolas de teologia especulativa ou de ocultismo de
qualquer espécie. Vejamos esse trecho fundamental no original francês, podendo o
leitor encontrar a sua tradução no lugar próprio deste volume:
«Dieu existe, vous v'en pouvez douter, c'est l'essentielç; croyez-moi,
n'allez pas au delà; ne vous égarez pas dans un labyrinthe d'ou vous ne pourriez
sortir; cela ne vous rendrait pas meilleurs, mas peut-être un peu plus
orgueilleux, parce que vous croiriez savoir, et qu?en réalité vous ne sauriez
rien, Laissez donc de côté tous ces systèmes; vous avez assez de choses que vous
touchent plus directement, à commencer par vouas memes; étudiez vos propes
imperfections afin de vous en débarrasser, cela vous sera plus utile que de
vouloir pénétrer ce qui est impénetrable.»
Deus, como inteligência infinita ou suprema, é o que é. Não comporta
especulações ociosas, definições imaginosas. O homem deve conter-se nos limites
de si mesmo, cuidar das suas imperfeições, melhorar-se. Basta-lhe saber que Deus
existe, e que é justo e bom. Disso ele não pode duvidar, porque «pela obra se
reconhece o obreiro», a própria natureza atesta a existência de Deus, sua
própria consciência lhe diz que ele existe, e a lei geral da evolução comprova a
sua justiça e a sua bondade. Descartes dizia que Deus está na consciência do
homem como a marca do obreiro na sua obra. Os Espíritos confirmam esse
princípio, mas vão além, mostrando que a marca do obreiro está em todas as
coisas, na natureza inteira. A negação de Deus é, para o Espiritismo, como a
negação do sol. O ateu, o descrente, não é um condenado, um pecador
irremissível, maus um cego, cujos olhos podem ser abertos, e realmente o serão.
Porque Deus é necessariamente existente, segundo o princípio cartesiano. Nada se
pode entender sem Deus. Ele é o centro e a razão de ser de tudo quanto existe.
Tirar Deus do Universo é como tirar o sol do nosso sistema. Simples absurdo.
Mas, pelo fato de não ter a forma humana, de não se assemelhar ao homem, no
tocante à constituição física deste, não se segue que Deus esteja distante do
homem e indiferente a ele. O Deus espírita se assemelha ao aristotélico, pelo
seu poder de atração, mas se afasta dele, quanto à indiferença em relação ao
cosmos. Porque Deus é providência, Deus é amor, é o criador e o pai de tudo e de
todos.
O Universo se define por uma tríade, semelhante às tríades druídicas: Deus,
espírito e matéria. Vemos isso no item 27, quando Kardec pergunta se existem
dois elementos gerais, o espírito e a matéria, e os Espíritos respondem: «Oui, e
par dessus tout cela Dieu, le créatur, le père de toutes choses; ces trois
choses sont le principe de tout ce qui existe, la trinité universelle.» A
matéria, porém, não é só o elemento palpável, pois há nela o fluido universal, o
seu lado fluidico, que desempenha o papel de intermediário entre o plano
espiritual e o propriamente material.
Diante dessa concepção, surge um problema de ordem teológica e
escriturística. Se Deus não se assemelha ao homem, como entender-se a passagem
bíblica segundo a qual ele criou o homem à sua imagem e semelhança? A explicação
vem no item 88, quando Kardec pergunta pela forma do Espírito, não daquele que
ainda está revestido do corpo espiritual ou perispírito, mas do Espírito puro.
Vejamos a pergunta e a resposta no original, cuja tradução o leitor pode
encontrar no lugar próprio do livro: «Les Espirits ont-ils une forme déterminée,
limitée et constante? A vos yeux, non: aux nôtres, oui; c'est, si vous le
voulez, une flame, une lueur, ou une étincelle éthérée.» Como se vê, o homem, na
sua essência, naquilo unicamente em que ele pode assemelhar-se a Deus: não é um
animal de carne e osso, nem mesmo uma forma humana em corpo espiritual, mas uma
centelha etérea. Foi assim que Deus o fez à sua imagem e semelhança.
Colocado o problema fundamental de Deus e da criação, «O Livro dos Espíritos»
entra pelo controvertido terreno da destinação humana. Sua concepção deísta do
Universo é necessariamente teológica. Tudo avança para Deus, do átomo ao
arcanjo, como vimos no item 540, e á frente dessa marcha, no plano terreno,
encontra-se o homem. Vemo-lo numa escala evolutiva, na terra como no espaço: do
imbecil ao sábio, do criminoso ao santo.
A «escala espírita», que começa no item 100, nos oferece uma visão
esquemática dessa escada de Jacó, que vai da terra ao céu. O estudo da
«progressão dos espíritos», que começa no item 114, nos mostra a necessidade do
esforço próprio para que o Espírito se realize a si mesmo, revelando-nos ao
mesmo tempo o papel da Providência, sempre amorosamente voltada para as
criaturas. No estudo sobre «anjos e demônios», que se inicia no item 128,
defrontamo-nos com um debate teórico sobre passagens evangélicas. O problema da
justiça de Deus é equacionado à luz dos ensaios de Cristo, no seu verdadeiro
sentido.
A seguir, «O Livro dos Espíritos» trata da encarnação dos Espíritos e da
finalidade da vida terrena. Combate o materialismo, mostrando a sua
inconsistência. Não são os estudos que levam o homem a ele, não é o
desenvolvimento do conhecimento que o torna materialista, mas apenas a sua
vaidade. É o que vemos no item 148: «Il n'est pas vrai que le matérialisme soit
une conséquence de ces études; c'est l'homme que en tire une fausse conséquence,
car il peut abuser de tout, même des veilleurs choses».
Kardec corrobora a tese dos Espíritos: o materialismo é uma aberração da
inteligência. É o que nos diz no início do seu comentário: «Par une aberration
de l'inteligence, il y a des gens qui ne voient dans les êtres organiques que
l'action de la matière et à rapportent tous nos actes».
E assim prossegue o livro, todo ele impulsionado pelo sopro do espírito,
impregnado pelo sentimento religioso, e mais particularmente, pelo sentido
cristão desse sentimento. Quando, no item 625, Kardec pergunta qual o tipo
humano mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e
modelo, a resposta é incisiva: «Voyes Jésus». E Kardec comenta: «Jésus est pour
l'homme le type de la perfection morale à laquele peut prètendre l'humanité sur
la terre. Dieu nous l'offre comme le plus parfait modelo, et la doctrine qu'il a
enseignée est la plus pure expression de sa loi, parce qu'il etat animé de
l'esprit divin, et l'etre le plus pur qui ait paru sur la terre».
A religião espírita se traduz em espírito e verdade. O que interessa a Deus
não é a precária exterioridade dos ritos e do culto convencional, quase sempre
vazio: é o pensamento e o sentimento do homem. A adoração da divindade é uma lei
natural, quanto a lei de gravidade. O homem gravita para Deus como a pedra
gravita para a terra e esta para o sol. Mas as manifestações exteriores da
adoração não são necessárias.
No item 653 vemos a clara resposta dos Espíritos a respeito: «La véritable
adoration est dans le coeur. Dans toutes vos actions songez toujours qu'un
maitre vous regarde». A vida contemplativa é condenada porque inútil, assim
também a monacal, pois Deus não que o cultivo egoísta do sentimento religioso,
mas a prática da caridade, a experiência viva e constante do amor, através das
relações humanas.
«O Livro dos Espíritos» não deixa de lado o problema do culto religioso, que
necessita manifestar a sua religiosidade: Essa manifestação se verifica nas
formas naturais de adoração, uma das quais é a prece. Pela prece o homem pensa
em Deus, aproxima-se dele, põe-se em comunicação com ele. É o que vemos a partir
do item 658. Pela prece, o homem pode evoluir mais depressa, elevar-se mais
rapidamente sobre si mesmo. Mas a prece também não pode ser apenas formal. Por
ela, podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer a Deus, mas desde que
o façamos como o coração, e não apenas com os lábios.
Temos assim a religião espírita, que mais tarde se definirá de maneira mais
objectiva ou directa em «O Evangelho segundo o Espiritismo». Uma religião
psíquica, como a chamou Conan Doyle, equivalente à «religião dinâmica» de
Bergson. No capítulo V da «Conclusão», Kardec afirma: «Le spiritisme est fort
parce qu'il s'appuis sur les bases mêmes de la religon: Dieu, l'âme, les peines
et recompenses futures; parce que surtout il montre ces peines et ces
recompenses comme des conséquences naturelles de la vie terrestre, et que rien,
dans le tableau qu'il offre de l'avenir, ne peut être désavoué par la raison la
plus exigente». Enfim: religião positiva, baseada nas leis naturais, destituída
de aparatos misteriosos e da teologia imaginosa.
Para completar o quadro religioso de «O Livro dos Espíritos» temos ainda o
capítulo XII do Livro III e todo o Livro IV. NO capítulo referido, Kardec trata
do aperfeiçoamento moral do homem, encara os problemas referentes às virtudes e
aos vícios, às paixões, ao egoísmo, define por fim o caráter do homem de bem e
conclui com uma mensagem de Santo Agostinho sobre a maneira de nos conhecermos a
nós mesmos. No Livro IV temos um capítulo sobre as penas e gozos terrenos, que é
um código da vida moral na terra, verdadeiro catecismo da conduta espírita, e um
capítulo sobre as penas e gozos futuros, sobre as conseqüência espirituais do
nosso comportamento terreno.
Este, em linhas gerais, o livro que a 18 de Abril deste ano completou cem
anos, e cujo primeiro centenário foi celebrado em todo o mundo civilizado, pelos
adeptos do Espiritismo. Sua estrutura, como se vê, o coloca entre os tratados
filosóficos, e seu conteúdo se relaciona com todos os aspectos fundamentais do
conhecimento. Sua simplicidade aparente é tão ilusória como a da superfície
tranqüila de um grande rio.
Como no «Discurso do Método», de Descartes, a clareza do texto pode enganar o
leitor desprevenido. As coisas mais profundas e complexas aparecem na linguagem
mais direta e simples, e a compreensão geral do livro só pode ser alcançada por
aquele que for capaz de apreender todos os nexos entre os diversos assuntos nele
tratados.
Até hoje, cem anos depois de sua publicação, «O Livro dos Espíritos» vem
sendo lido e meditado, no mundo inteiro, mas pouco se tem cuidado de analisá-lo
em suas múltiplas implicações e em sua mais profunda significação. Acreditamos
que o segundo século do Espiritismo, que se iniciou neste ano, será assinalado
por uma atitude mais consciente dos próprios espíritas em face deste livro, e
que estudos futuros virão revelar, cada vez de maneira mais clara, o seu
verdadeiro papel na história do conhecimento.
Para concluir, lembremos que sir Oliver Lodge, o grande físico inglês, uma
das mais altas expressões de cultura científica do nosso tempo, considerou o
Espiritismo, no seu livro sobre «A imortalidade pessoal», como «uma nova
revolução copérnica». E Léon Denis, o sucessor de Kardec, legítima expressão da
cultura francesa, proclamou no Congresso Espírita Internacional de Paris, em
1925, e no seu livro «Le Genie Celtique et le Monde Invisible», de 1927, que o
Espiritismo tende a reunir e a fundir, numa síntese grandiosa, todas as formas
do pensamento e da ciência.
Fonte : Portal do Espírito