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Comentário do Espírito Miramez:
Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q203c.html
121. Por
que de dois filhos do mesmo pai, educados nas mesmas condições, um é às
vezes inteligente e o outro estúpido, um bom e o outro mau? Por que o
filho de um homem de gênio é, algumas vezes, um tolo, e o de um tolo, um
homem de gênio?
É
um fato esse que vem em abono da origem das idéias inatas; prova, além
disso, que a alma do filho não procede, de sorte alguma, da dos pais; se
assim não fosse, em virtude do axioma que a parte é da mesma natureza
que o todo, os pais transmitiriam aos filhos as suas qualidades e
defeitos próprios, como lhes transmitem o princípio das qualidades
corporais. Na geração, somente o corpo procede do corpo, mas as almas
são independentes umas das outras.
Fonte: Livro :" O que é o Espiritismo"Capitulo III - Solução de alguns problemas pela
Doutrina Espírita- O homem durante a vida terrena
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O
Evangelho segundo o Espiritismo » Capítulo IV - Ninguém poderá ver o
reino de Deus se não nascer de novo » Ressurreição e reencarnação »
Ressurreição e reencarnação
4. A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só
os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não
acreditavam nisso. As idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre
muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas
e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam
eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de
que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição pressupõe voltar
à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser
materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já
se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é
a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo
especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A
palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a
Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles,
João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois
que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois,
podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado.
5. Ora,
entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus
– que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: “Mestre, sabemos que
vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto
ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com
ele.”
Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.”
Disse-lhe Nicodemos: “Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?”
Retorquiu-lhe
Jesus: “Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem não renasce da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. – O que é nascido
da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. – Não te
admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo. – O
Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz mas não sabes donde vem ele,
nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do
Espírito.”
Respondeu-lhe
Nicodemos: “Como pode isso fazer-se?” – Jesus lhe observou: “Pois quê!
és mestre em Israel e ignoras estas coisas? Em verdade, em verdade, eu
vos digo, que não falamos senão o que sabemos e que não damos
testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso
testemunho. – Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da
Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas do céu?” (S. JOÃO, 3:1 a 12.)
6.
A idéia de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam
reviver na Terra se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos,
notadamente nas acima reproduzidas (nos 1, 2, 3). Se fosse
errônea essa crença, Jesus não houvera deixado de a combater, como
combateu tantas outras. Longe disso, ele a sanciona com toda a sua
autoridade e a põe por princípio e como condição necessária, quando diz:
‘”Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.” E insiste,
acrescentando: Não te admires de que eu te haja dito ser PRECISO nasças de novo.
7. Estas palavras: Se um homem não renasce da água e do Espírito foram interpretadas no sentido da regeneração pela água do batismo. O texto primitivo, porém, rezava simplesmente: não renasce da água e do Espírito, ao passo que nalgumas traduções as palavras – do Espírito – foram substituídas pelas seguintes: do Santo Espírito, o
que já não corresponde ao mesmo pensamento. Esse ponto capital ressalta
dos primeiros comentários a que os Evangelhos deram lugar, como se
comprovará um dia, sem equívoco possível. [1]
8. Para se apanhar o verdadeiro sentido dessas palavras, cumpre também se atente na significação do termo água que ali não fora empregado na acepção que lhe é própria.
Muito
imperfeitos eram os conhecimentos dos antigos sobre as ciências
físicas. Eles acreditavam que a Terra saíra das águas e, por isso,
consideravam a água como elemento gerador absoluto. Assim é que na Gênese se
lê: “O Espírito de Deus era levado sobre as águas; flutuava sobre as
águas; – Que o firmamento seja feito no meio das águas; – Que as águas
que estão debaixo do céu se reúnam em um só lugar e que apareça o
elemento árido; – Que as águas produzam animais vivos que nadem na água e pássaros que voem sobre a terra e sob o firmamento.”
Segundo
essa crença, a água se tornara o símbolo da natureza material, como o
Espírito era o da natureza inteligente. Estas palavras: “Se o homem não
renasce da água e do Espírito, ou em água e em Espírito”, significam
pois: “Se o homem não renasce com seu corpo e sua alma.” É nesse sentido
que a princípio as compreenderam.
Tal interpretação se justifica, aliás, por estas outras palavras: O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. Jesus estabelece aí uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. O que é nascido da carne é carne indica claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito independe deste.
9. O Espírito sopra onde quer; ouves-lhe a voz, mas não sabes nem donde ele vem, nem para onde vai: pode-se entender que se trata do Espírito de Deus, que dá vida a quem ele quer, ou da alma do homem. Nesta
última acepção – “não sabes donde ele vem, nem para onde vai” –
significa que ninguém sabe o que foi, nem o que será o Espírito. Se o
Espírito, ou alma, fosse criado ao mesmo tempo que o corpo, saber-se-ia
donde ele veio, pois que se lhe conheceria o começo. Como quer que seja,
essa passagem consagra o princípio da preexistência da alma e, por
conseguinte, o da pluralidade das existências.
10. Ora,
desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado
pela violência e são os violentos que o arrebatam; – pois que assim o
profetizaram todos os profetas até João, e também a lei. – Se quiserdes
compreender o que vos digo, ele mesmo é o Elias que deve vir. – Ouça-o
aquele que tiver ouvidos de ouvir. (S. MATEUS, 11:12 a 15.)
11.
Se o princípio da reencarnação, conforme se acha expresso em S. João,
podia, a rigor, ser interpretado em sentido puramente místico, o mesmo
já não acontece com esta passagem de S. Mateus, que não permite
equívoco: ELE MESMO é o Elias que deve vir. Não há aí figura,
nem alegoria: é uma afirmação positiva. – “Desde o tempo de João Batista
até o presente o reino dos céus é tomado pela violência.” Que
significam essas palavras, uma vez que João Batista ainda vivia naquele
momento? Jesus as explica, dizendo: “Se quiserdes compreender o que
digo, ele mesmo é o Elias que deve vir.” Ora, sendo João o próprio
Elias, Jesus alude à época em que João vivia com o nome de Elias. “Até
ao presente o reino dos céus é tomado pela violência”: outra alusão à
violência da lei moisaica, que ordenava o extermínio dos infiéis, para
que os demais ganhassem a Terra Prometida, Paraíso dos hebreus, ao passo
que, segundo a nova lei, o céu se ganha pela caridade e pela brandura.
E acrescentou: Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. Essas palavras, que Jesus tanto repetiu, claramente dizem que nem todos estavam em condições de compreender certas verdades.
12. Aqueles
do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo; aqueles que
estavam mortos em meio a mim ressuscitarão. Despertai do vosso sono e
entoai louvores a Deus, vós que habitais no pó; porque o orvalho que cai
sobre vós é um orvalho de luz e porque arruinareis a Terra e o reino
dos gigantes. (ISAÍAS, 26:19.)
13. É também muito explícita esta passagem de Isaías: “Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo.” Se
o profeta houvera querido falar da vida espiritual, se houvera
pretendido dizer que aqueles que tinham sido executados não estavam
mortos em Espírito, teria dito: ainda vivem, e não: viverão de novo. No
sentido espiritual, essas palavras seriam um contra-senso, pois que
implicariam uma interrupção na vida da alma. No sentido de regeneração moral, seriam a negação das penas eternas, pois que estabelecem, em princípio, que todos os que estão mortos reviverão.
14. Mas, quando o homem há morrido uma vez, quando seu corpo, separado de seu espírito, foi consumido, que é feito dele? – Tendo morrido uma vez, poderia o homem reviver de novo? Nesta guerra em que me acho todos os dias da minha vida, espero que chegue a minha mutação. (JOB,14:10,14. Tradução de Le Maistre de Sacy.)
Quando o homem morre, perde toda a sua força, expira. Depois, onde está ele? – Se o homem morre, viverá de novo? Esperarei todos os dias de meu combate, até que venha alguma mutação? (ID. Tradução protestante de Osterwald.)
Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo. (ID. Versão da Igreja grega.)
15.
Nessas três versões, o princípio da pluralidade das existências se acha
claramente expresso. Ninguém poderá supor que Job haja querido falar da
regeneração pela água do batismo, que ele decerto não conhecia. “Tendo o
homem morrido uma vez, poderia reviver de novo?” A
idéia de morrer uma vez, e de reviver implica a de morrer e reviver
muitas vezes. A versão da Igreja grega ainda é mais explícita, se é que
isso é possível: “Acabando os dias da minha existência terrena, esperarei, porquanto a ela voltarei”, ou, voltarei à existência terrestre. Isso é tão claro, como se alguém dissesse: “Saio de minha casa, mas a ela tornarei.”
“Nesta guerra em que me encontro todos os dias de minha vida, espero que
se dê a minha mutação.” Job, evidentemente, pretendeu referir-se à luta
que sustentava contra as misérias da vida. Espera a sua mutação, isto
é, resigna-se. Na versão grega, esperarei parece aplicar-se, preferentemente, a uma nova existência: “Quando a minha existência estiver acabada, esperarei, porquanto
a ela voltarei.” Job como que se coloca, após a morte, no intervalo que
separa uma existência de outra e diz que lá aguardará o momento de
voltar.
16.
Não há, pois, duvidar de que, sob o nome de ressurreição, o princípio
da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus,
ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue
que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo. Um dia, porém,
suas palavras, quando forem meditadas sem idéias preconcebidas,
reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse ponto, bem como em relação a
muitos outros.
17.
A essa autoridade, do ponto de vista religioso, se adita, do ponto de
vista filosófico, a das provas que resultam da observação dos fatos.
Quando se trata de remontar dos efeitos às causas, a reencarnação surge
como de necessidade absoluta, como condição inerente à Humanidade; numa
palavra: como lei da Natureza. Pelos seus resultados, ela se evidencia,
de modo, por assim dizer, material, da mesma forma que o motor oculto se
revela pelo movimento. Só ela pode dizer ao homem donde ele vem, para onde vai, por que está na Terra, e justificar todas as anomalias e todas as aparentes injustiças que a vida apresenta.[2]
Sem
o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências,
são ininteligíveis, em sua maioria, as máximas do Evangelho, razão por
que hão dado lugar a tão contraditórias interpretações. Está nesse
princípio a chave que lhes restituirá o sentido verdadeiro.
Fonte:http://www.ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=886&idioma=1