O PERDÃO NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO
ADOLESCENTE
Na transição da adolescência, o jovem saudável é muito susceptível de
mudança de comportamentos e de atitudes mentais. Raramente as mágoas se
lhe fazem profundas, produzindo sulcos perturbadores que se transformam em
conflitos para o futuro, porque tudo parece acontecer com rapidez, cedendo,
um fato, lugar a outro mais recente, dessa forma, não se fixando muito as
impressões negativas, exceto aquelas que se repetem ou que lhe causam
choque, estupor ou castração psicológica.
Desse modo, as ocorrências desagradáveis podem ser superadas com
relativa facilidade, desde que haja substitutos para as mesmas, diminuindo as
impressões de descontentamento e mal-estar.
Formando a personalidade e definindo-se na eleição do que lhe apraz
aceitar ou rejeitar, o perdão assume um papel de importância no seu dia-a-dia,
abrindo-lhe possibilidades para os relacionamentos felizes. Há, naturalmente,
exceções, quando se trata de personalidades psicopatas, temperamentos
instáveis e vingativos, que acumulam o resíduo do ressentimento ao invés de
coletar as experiências positivas e substituir aqueloutros que são de natureza
desagradável.
O perdão aos erros alheios representa começo de maturidade no jovem,
que se revela tolerante, compreensivo, dando aos outros o direito de equivocarse
e abrindo espaço para o auto-perdão. Mediante essa conduta se renova,
não permanecendo em atitudes depressivas após a constatação do erro, antes
se dispondo a seguir em frente, superando a situação infeliz e recuperando-se
ao primeiro ensejo. Com essa atitude, a vida adquire um sabor agradável e as
ocorrências passam a merecer a consideração produtiva, aquela que soma
recursos que podem ser aplicados em favor do bem comum.
É uma forma de superar os melindres e complexos de inferioridade,
porque o adolescente dá-se conta do quanto éimportante a sua presença no
mundo, pelo seu significado existencial, pelo que pode realizar e pelo próprio
sentido de sua vida.
Quando perdoa, despoja-se de ondas perturbadoras que lhe ameaçam a
casa mental, ampliando a capacidade de amor sem exigência, porque percebe
que todas as pessoas se equivocam e são credoras de entendimento, quanto
ele próprio o é. Isso lhe proporciona uma empatia favorável à existência
terrestre, que perde as marcas agressivas que lhe pareciam ameaçar,
constatando a fragilidade humana, que lhe cumpre entender e auxiliar a
fortificar-se..
É certamente uma lição preciosa para o seu desenvolvimento afetivo,
emocional e social. Desde que todas as pessoas são dependentes umas das
outras e cometem os mesmos erros com variação de escala e de gravidade,
compreende o desafio que é viver com equilíbrio, intercambiando fraternidade,
que constitui suporte de vitalidade. Ninguém que viaje pelo rumo da existência
terrestre sem o apoio das amizades, sem o intercâmbio fraternal, que não
tombe em terrível alienação.
Dessa forma, o perdão, como fenômeno natural entre os indivíduos,
fascina o jovem que desperta para a existência adulta, descobrindo que a vida
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é enriquecedora e que errar é experiência perfeitamente natural, porém
levantar-se do erro é compromisso que não pode ser adiado sob pretexto
algum. No entanto, para que a pessoa reconsidere a atitude e se erga do
deslize, é indispensável que lhe seja oferecida oportunidade, que se lhe
distenda a mão amiga sem recriminação ou qualquer outra exigência. Somente
assim a vida se torna digna de ser vivida com elevação.
A aprendizagem do perdão pode ser comparada com a metodologia do
ensino, aplicada no cotidiano. A pessoa que se dispõe a aprender qualquer
coisa é levada a errar, no começo, repetir a tentativa até que as experiências
se fixem no inconsciente e passem espontaneamente à consciência, de onde
se irradiam para os hábitos. Assim, também, as conquistas morais, que são
resultados de tentames ora com êxitos, ora com insucessos, O erro de um
momento ensina como não mais se deve proceder, dessa maneira adquirindose
o automatismo para agir com correção.
Essa tarefa educadora é reflexo do perdão que se dá e do que se recebe.
Ninguém, no mundo, que não necessite de oferecê-lo, tanto quanto de recebêlo.
Concedê-lo, porém, é sempre melhor, porque expressa enriquecimento
interior e disposição de auxiliar-crescendo, enquanto consegui-lo traduz
equívoco que poderia ser evitado. A aprendizagem, todavia, em qualquer
circunstância, oferece valioso contributo para uma existência tranqüila.
Todas as criaturas necessitam pensar profundamente no perdão. Quando
alguém é ofendido, o seu agressor tomba em nível vibratório e a vítima
prossegue no padrão em que se encontra. Se reage, devolvendo o insulto, a
agressão, igualmente, desce à condição de inferioridade; se permanece em
tranqüilidade, demora-se no mesmo patamar. Entretanto, quando perdoa,
ascende e localiza-se emocional e psiquicamente em situação melhor do que o
seu opositor. Não foi por outra razão que Jesus, como Psicoterapeuta Invulgar,
proclamou a necessidade do perdão como condição de plenitude para o ser.
O adolescente, descomprometido com ressentimentos anteriores, aberto
às novas lições da vida, sempre encontrará, no ato de perdoar, uma forma de
realizar-se, preenchendo os vazios do sentimento e superando as constrições
de uma família-problema, um lar difícil, circunstâncias perturbadoras que
passam a dar significado diferente à sua existência, liberando-o das
reminiscências amargas e dos traumas que, por acaso, teimem por
permanecer-lhe no ser.
Essa atitude de perdoar é resultado também de exercícios. Ao analisar a
situação do agressor, compreendendo que ele se encontra infeliz e exterioriza
essa situação mediante a agressividade, torna mais fácil a atitude da desculpa,
que se encoraja em olvidar a ofensa, perdoar sinceramente. Inicia-se nas
pequenas conjunturas desagradáveis que vão sendo ultrapassadas sem
vínculos de mágoas, na necessidade pessoal também de ser compreendido, e,
portanto, perdoado, criando um clima de legítima fraternidade que permite ao
outro ser aceito conforme se apresenta, entendendo-lhe as dificuldades de
amadurecimento e de atitude, dessa forma ajudando-o sem impor-lhe
percalços pelo caminho.
O verdadeiro e compensador período da adolescência é aquele que
guarda melhores recordações, responsáveis pela estruturação do caráter e da
personalidade, devendo ser a fase na qual ocorrem as expressões de
amadurecimento psicológico, superando a criança caprichosa que não sabe
desculpar e abrindo campo para o desenvolvimento do indivíduo compassivo e
fraterno, que está disposto a contribuir com valiosos tesouros para a
dignificação humana.
Quando se ama, portanto, o perdão é um fenômeno natural, que se
exterioriza como conseqüência da atitude aberta de aceitar o próximo na
condição em que se apresenta, porém, exigir-se ser melhor cada dia, e mais
nobre em cada oportunidade que surge.
Adolescencia e Vida.
Divaldo/Joana de Angelis
Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
terça-feira, 7 de agosto de 2012
O SER E O TER NA ADOLESCENCIA
O SER E O TER NA ADOLESCENCIA
A princípio, no conflito que surge com a adolescência, o jovem não se
preocupa, normalmente, com a posse nem com a realização interior, face aos
apelos externos que o convocam à tomada de conhecimento de tudo quanto o
cerca.
Vivendo antes em um mundo especial, cujas fronteiras não iam além dos
limites do lar e da família, no máximo da escola, rompem-se, agora, as
barreiras que o detinham, e surge um campo imenso, ora fascinante, ora
assustador, que ele deve conhecer e conquistar, a fim de situar-se no contexto
de uma sociedade que se lhe apresenta estranha, caprichosa, assinalada por
costumes e atitudes que o surpreendem. Os seus pensamentos primeiros são
de submeter tudo a uma nova ordem, na qual ele se sinta realizado e
dominador, alçado à categoria de líder reformista, que altere a paisagem
vigente e dê-lhe novos contornos. Lentamente, à medida que se vai adaptando
aos fatores predominantes, percebe que não é tão fácil operar as mudanças
que pretendia impor aos outros, e ajusta-se ao “modus operandi” existente ou
contribui para as necessárias e oportunas alterações por que passam os
diferentes períodos da cultura e do comportamento humano.
Observando que a sociedade contemporânea se baseia muito no poder e
no ter, predominando os valores amoedados e as posições de destaque, em
uma competitividade cruel e desumana, é tomado pela ânsia de amealhar
recursos para triunfar e programar o futuro de ordem material. Não lhe ocorrem
as necessidades espirituais, as de natureza ético-moral, porque tudo lhe
parece um confronto de oportunidades e de poderes que entram em choque,
até que haja predominância do mais forte. Por outro lado, dá-se conta da
rapidez com que passa o carro do triunfo e procura fruir ao máximo, imediatamente,
toda a cota possível de prazer e de destaque, receando o futuro, face
ao exemplo daqueles que ontem estavam no ápice e agora, após o tombo
produzido pela realidade, encontram-se esquecidos, perseguidos ou
desprezados.
Somente alguns adolescentes, mais amadurecidos psicologicamente, que
procedem de lares equilibrados e saudáveis, despertam para a aquisição dos
valores íntimos, da conquista do conhecimento, dos títulos universitários com
os quais esperam abrir as portas da vitória mais tarde. Assim, empenham-se
na busca dos tesouros do saber, das experiências evolutivas, das realizações
de crescimento íntimo, lutando com denodo em favor do auto-aprimoramento e
da auto-afirmação, no mundo de contrastes e desaires. Nesses jovens, o ser
tem um grande significado, porque faz desabrochar os requisitos íntimos que
estão dormindo e aguardam ser convocados para aplicação e vivencia.
Nesse sentido, não se faz necessário ser superdotado. É mesmo comum
encontrar jovens com menos elevado QI, que conseguem, pela perseverança,
pelo exercício, a vitória sobre os impedimentos ao seu progresso, enquanto
outros mais bem aquinhoados deixam-se vencer pelos desajustes, sem o
empenho de superar as dificuldades. Porque reconhecem as facilidades de
aprendizagem, menosprezam o esforço que deve acompanhar todo trabalho de
aquisição de cultura ou qualquer outro recurso evolutivo, perdendo as
excelentes oportunidades que deparam, não vencendo a barreira do desafio
para o crescimento.
Permanecem com o patrimônio intelectual sem o conveniente
desenvolvimento ou, quando o realizam, derrapam para a delinqüência,
aplicando os tesouros da mente na ação equivocada dos triunfos de mentira.
O esforço para ter surge com as motivações de crescimento intelectual e
compreensão das necessidades humanas em favor da sobrevivência, da
construção da família, da distinção social, das esperanças de fruir gozos
naturais em forma de férias e recreações, de jogos e prazeres, projetando as
expectativas para a velhice, que esperam conseguir tranqüila e confortável. O
ter, passa a significar o esforço pelo conseguir, pelo amealhar, reunindo
moedas e títulos que facilitem a movimentação pelas diferentes áreas do
relacionamento humano. Essa ambição, perfeitamente justa e compreensível,
de natureza previdenciária e lógica, pode tornar-se, no entanto, o objetivo único
da existência, levando ao desespero e à insatisfação, porque a posse apenas
libera de preocupações específicas, mas não harmoniza o ser interiormente.
Não poucas vezes, o possuir faz-se acompanhar do medo de perder, gerando
receios injustificáveis e neurotizantes. O verdadeiro amadurecimento
psicológico do ser propicia-lhe visão otimista da vida, auxiliando-o a ter sem ser
possuído, em desfrutar sem escravizar-se, em dispor hoje e buscar amanhã,
não lhe constituindo motivo de aflição o receio da perda, da pobreza, porque
reconhece que tudo transita, indo e voltando, raramente permanecendo por
tempo indeterminado, já que a vida física é igualmente transitória, instável.
A verdadeira sabedoria ensina que se pode ter, sem deixar de lado o
esforço por ser auto-suficiente, equilibrado, possuidor não possuído,
identificado com os objetivos essenciais da experiência carnal, que são a
imortalidade, o progresso, o desenvolvimento de si mesmo com vistas à sua
libertação da carne, o que ocorrerá, sem qualquer dúvida, e, no momento
próprio, ao encontrar-se equipado de recursos para a harmonia. Os padrões do
capitalismo sempre impõem ter mais, enquanto que os do comunismo expõem
suprir as necessidades básicas sob a regência do Estado, que é sempre
impiedoso e sem sentimento, porque tem um caráter empresarial e nunca um
sentido de humanidade. O jovem, ainda indeciso nas atitudes a tomar, não se
dá conta do significado de ser lúcido e feliz, tendo ou deixando de ter, livre para
aspirar o que melhor lhe apraz e realizar-se interiormente, desfrutando dos
bens da vida sem escravidão, sem alucinação.
Quando o indivíduo é mais ele mesmo, identificado com a sua realidade
espiritual, consome menos, vive melhor, cresce e amadurece mais, superando
os desafios com otimismo e produzindo sempre com os olhos postos no futuro.
Para esse cometimento, é necessário que, desde cedo, na adolescência, seja
elaborada uma escala de valores, a fim de definir quais os de importância e os
secundários, de tal modo que a sua seja uma proposta de vida realizadora e
eficiente.
Quando deseja ter mais e se afadiga por conseguir sempre os lucros de
todos os empreendimentos, a sua é uma existência frustrada, ansiosa, sem
justificativa, porque a sede de possuir atormenta-o e deixa-o sempre
insatisfeito, porque vê aqueloutros que lhe estão à frente e lhe fazem sombra
na realização como criatura triunfadora no mundo. Essa ambição igualmente
tem início na juventude por falta de direcionamento espiritual e emocional,
tornando o adolescente um ser fisiológico, imediatista, e não uma criatura em
desenvolvimento para as altas construções da humanidade.
O jovem, que deseja ser, desenvolve a sua inteligência emocional,
aprendendo a identificar os sentimentos das demais pessoas, a dominar os
impulsos perturbadores e insensatos, a manter controle sobre as emoções
desordenadas, a ter serenidade para enfrentar relacionamentos tumultuados e
difíceis, preservando a própria identidade.
Essa inteligência emocional depende da constituição do seu cérebro, que
se modelou e se equipou de recursos compatíveis com as necessidades de
evolução em razão dos seus atos em reencarnações passadas, mas que pode
alterar para melhor sempre que o deseje e insista na cultura dos valores éticomorais.
É necessário ter recursos para uma existência digna, porém é
indispensável ser sóbrio e equilibrado, nobre e empreendedor, conhecendo-se
interiormente e trabalhando-se sempre, a fim de se tornar um adulto sadio e um
idoso sábio.
Adolescencia e Vida.
Divaldo/ Joana de Angelis
A princípio, no conflito que surge com a adolescência, o jovem não se
preocupa, normalmente, com a posse nem com a realização interior, face aos
apelos externos que o convocam à tomada de conhecimento de tudo quanto o
cerca.
Vivendo antes em um mundo especial, cujas fronteiras não iam além dos
limites do lar e da família, no máximo da escola, rompem-se, agora, as
barreiras que o detinham, e surge um campo imenso, ora fascinante, ora
assustador, que ele deve conhecer e conquistar, a fim de situar-se no contexto
de uma sociedade que se lhe apresenta estranha, caprichosa, assinalada por
costumes e atitudes que o surpreendem. Os seus pensamentos primeiros são
de submeter tudo a uma nova ordem, na qual ele se sinta realizado e
dominador, alçado à categoria de líder reformista, que altere a paisagem
vigente e dê-lhe novos contornos. Lentamente, à medida que se vai adaptando
aos fatores predominantes, percebe que não é tão fácil operar as mudanças
que pretendia impor aos outros, e ajusta-se ao “modus operandi” existente ou
contribui para as necessárias e oportunas alterações por que passam os
diferentes períodos da cultura e do comportamento humano.
Observando que a sociedade contemporânea se baseia muito no poder e
no ter, predominando os valores amoedados e as posições de destaque, em
uma competitividade cruel e desumana, é tomado pela ânsia de amealhar
recursos para triunfar e programar o futuro de ordem material. Não lhe ocorrem
as necessidades espirituais, as de natureza ético-moral, porque tudo lhe
parece um confronto de oportunidades e de poderes que entram em choque,
até que haja predominância do mais forte. Por outro lado, dá-se conta da
rapidez com que passa o carro do triunfo e procura fruir ao máximo, imediatamente,
toda a cota possível de prazer e de destaque, receando o futuro, face
ao exemplo daqueles que ontem estavam no ápice e agora, após o tombo
produzido pela realidade, encontram-se esquecidos, perseguidos ou
desprezados.
Somente alguns adolescentes, mais amadurecidos psicologicamente, que
procedem de lares equilibrados e saudáveis, despertam para a aquisição dos
valores íntimos, da conquista do conhecimento, dos títulos universitários com
os quais esperam abrir as portas da vitória mais tarde. Assim, empenham-se
na busca dos tesouros do saber, das experiências evolutivas, das realizações
de crescimento íntimo, lutando com denodo em favor do auto-aprimoramento e
da auto-afirmação, no mundo de contrastes e desaires. Nesses jovens, o ser
tem um grande significado, porque faz desabrochar os requisitos íntimos que
estão dormindo e aguardam ser convocados para aplicação e vivencia.
Nesse sentido, não se faz necessário ser superdotado. É mesmo comum
encontrar jovens com menos elevado QI, que conseguem, pela perseverança,
pelo exercício, a vitória sobre os impedimentos ao seu progresso, enquanto
outros mais bem aquinhoados deixam-se vencer pelos desajustes, sem o
empenho de superar as dificuldades. Porque reconhecem as facilidades de
aprendizagem, menosprezam o esforço que deve acompanhar todo trabalho de
aquisição de cultura ou qualquer outro recurso evolutivo, perdendo as
excelentes oportunidades que deparam, não vencendo a barreira do desafio
para o crescimento.
Permanecem com o patrimônio intelectual sem o conveniente
desenvolvimento ou, quando o realizam, derrapam para a delinqüência,
aplicando os tesouros da mente na ação equivocada dos triunfos de mentira.
O esforço para ter surge com as motivações de crescimento intelectual e
compreensão das necessidades humanas em favor da sobrevivência, da
construção da família, da distinção social, das esperanças de fruir gozos
naturais em forma de férias e recreações, de jogos e prazeres, projetando as
expectativas para a velhice, que esperam conseguir tranqüila e confortável. O
ter, passa a significar o esforço pelo conseguir, pelo amealhar, reunindo
moedas e títulos que facilitem a movimentação pelas diferentes áreas do
relacionamento humano. Essa ambição, perfeitamente justa e compreensível,
de natureza previdenciária e lógica, pode tornar-se, no entanto, o objetivo único
da existência, levando ao desespero e à insatisfação, porque a posse apenas
libera de preocupações específicas, mas não harmoniza o ser interiormente.
Não poucas vezes, o possuir faz-se acompanhar do medo de perder, gerando
receios injustificáveis e neurotizantes. O verdadeiro amadurecimento
psicológico do ser propicia-lhe visão otimista da vida, auxiliando-o a ter sem ser
possuído, em desfrutar sem escravizar-se, em dispor hoje e buscar amanhã,
não lhe constituindo motivo de aflição o receio da perda, da pobreza, porque
reconhece que tudo transita, indo e voltando, raramente permanecendo por
tempo indeterminado, já que a vida física é igualmente transitória, instável.
A verdadeira sabedoria ensina que se pode ter, sem deixar de lado o
esforço por ser auto-suficiente, equilibrado, possuidor não possuído,
identificado com os objetivos essenciais da experiência carnal, que são a
imortalidade, o progresso, o desenvolvimento de si mesmo com vistas à sua
libertação da carne, o que ocorrerá, sem qualquer dúvida, e, no momento
próprio, ao encontrar-se equipado de recursos para a harmonia. Os padrões do
capitalismo sempre impõem ter mais, enquanto que os do comunismo expõem
suprir as necessidades básicas sob a regência do Estado, que é sempre
impiedoso e sem sentimento, porque tem um caráter empresarial e nunca um
sentido de humanidade. O jovem, ainda indeciso nas atitudes a tomar, não se
dá conta do significado de ser lúcido e feliz, tendo ou deixando de ter, livre para
aspirar o que melhor lhe apraz e realizar-se interiormente, desfrutando dos
bens da vida sem escravidão, sem alucinação.
Quando o indivíduo é mais ele mesmo, identificado com a sua realidade
espiritual, consome menos, vive melhor, cresce e amadurece mais, superando
os desafios com otimismo e produzindo sempre com os olhos postos no futuro.
Para esse cometimento, é necessário que, desde cedo, na adolescência, seja
elaborada uma escala de valores, a fim de definir quais os de importância e os
secundários, de tal modo que a sua seja uma proposta de vida realizadora e
eficiente.
Quando deseja ter mais e se afadiga por conseguir sempre os lucros de
todos os empreendimentos, a sua é uma existência frustrada, ansiosa, sem
justificativa, porque a sede de possuir atormenta-o e deixa-o sempre
insatisfeito, porque vê aqueloutros que lhe estão à frente e lhe fazem sombra
na realização como criatura triunfadora no mundo. Essa ambição igualmente
tem início na juventude por falta de direcionamento espiritual e emocional,
tornando o adolescente um ser fisiológico, imediatista, e não uma criatura em
desenvolvimento para as altas construções da humanidade.
O jovem, que deseja ser, desenvolve a sua inteligência emocional,
aprendendo a identificar os sentimentos das demais pessoas, a dominar os
impulsos perturbadores e insensatos, a manter controle sobre as emoções
desordenadas, a ter serenidade para enfrentar relacionamentos tumultuados e
difíceis, preservando a própria identidade.
Essa inteligência emocional depende da constituição do seu cérebro, que
se modelou e se equipou de recursos compatíveis com as necessidades de
evolução em razão dos seus atos em reencarnações passadas, mas que pode
alterar para melhor sempre que o deseje e insista na cultura dos valores éticomorais.
É necessário ter recursos para uma existência digna, porém é
indispensável ser sóbrio e equilibrado, nobre e empreendedor, conhecendo-se
interiormente e trabalhando-se sempre, a fim de se tornar um adulto sadio e um
idoso sábio.
Adolescencia e Vida.
Divaldo/ Joana de Angelis
A disciplina do pensamento e a reforma do caráter
A disciplina do pensamento e a reforma do caráter
O pensamento, dizíamos, é criador. Não atua somente em
torno de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua
principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele,
construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida
presente e futura. Modelamos nossa alma e seu invólucro com os nossos
pensamentos; estes produzem formas, imagens que se imprimem na matéria sutil,
de que o corpo fluídico é composto. Assim, pouco a pouco, nosso ser povoa-se de
formas frívolas ou austeras, graciosas ou terríveis, grosseiras ou sublimes; a
alma se enobrece, embeleza ou cria uma atmosfera de fealdade. Segundo o ideal a
que visa, a chama interior aviva-se ou obscurece-se.
Não há assunto mais importante que o estudo do
pensamento, seus poderes e sua ação. É a causa inicial de nossa elevação ou de
nosso rebaixamento; prepara todas as descobertas da Ciência, todas as
maravilhas da Arte, mas também todas as misérias e todas as vergonhas da
humanidade. Segundo o impulso dado, funda ou destrói as instituições como os
impérios, os caracteres como as consciências. O homem só é grande, só tem valor
pelo seu pensamento; por ele suas obras irradiam e se perpetuam através dos
séculos.
O Espiritualismo experimental, muito melhor que as doutrinas
anteriores, permite-nos perceber, compreender toda a força de projeção do
pensamento, que é o princípio da comunhão universal. Vemo-lo agir no fenômeno
espírita, que facilita ou dificulta; seu papel nas sessões de experimentação é
sempre considerável. A telepatia demonstrou-nos que as almas podem impressionar-se,
influenciar-se a todas as distâncias; é o meio de que se servem as humanidades
do espaço para comunicarem entre si através das imensidades siderais. Em
qualquer campo das atividades sociais, em todos os domínios do mundo visível ou
invisível, a ação do pensamento é soberana; não é menor sua ação, repetimos, em
nós mesmos, modificando constantemente nossa natureza íntima.
As vibrações de nossos pensamentos, de nossas palavras,
renovando-se em sentido uniforme, expulsam de nosso invólucro os elementos que
não podem vibrar em harmonia com elas; atraem elementos similares que acentua
as tendências do ser. Uma obra, muitas vezes inconsciente, elabora-se; mil
obreiros misteriosos trabalham na sombra; nas profundezas da alma esboça-se um
destino inteiro; em sua ganga o diamante purifica-se ou perde o brilho.
Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no
dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de
nosso pensamento. É por isso que a prece improvisada, ardente, o impulso da
alma para as potências infinitas, tem tanta virtude. Nesse diálogo solene do
ser com sua causa, o influxo do Alto invade-nos e desperta sentidos novos. A
compreensão, a consciência da vida aumenta e sentimos, melhor do que se pode
exprimir, a gravidade e a grandeza da mais humilde das existências. A oração, a
comunhão pelo pensamento com o universo espiritual e divino é o esforço da alma
para a beleza e para a verdade eternas; é a entrada, por um instante, nas
esferas da vida real e superior, aquela que não tem termo.
Se, ao contrário, nosso pensamento é inspirado por maus
desejos, pela paixão, pelo ciúme, pelo ódio, as imagens que cria sucedem-se,
acumulam-se em nosso corpo fluídico e o entenebrecem. Assim, podemos à vontade
fazer em nós a luz ou a sombra, o que afirmam tantas comunicações de
além-túmulo. Somos o que pensamos, com a condição de pensarmos com força,
vontade e persistência. Mas, quase sempre, nossos pensamentos passam constantemente
de um a outro assunto. Pensamos raras vezes por nós mesmos, refletimos os mil
pensamentos incoerentes do meio em que vivemos. Poucos homens sabem viver do
próprio pensamento, beber nas fontes profundas, nesse grande reservatório de
inspiração que cada um traz consigo, mas que a maior parte ignora. Por isso
criam um invólucro povoado das mais disparatadas formas. Seu Espírito é como
uma habitação franca a todos os que passam. Os raios do bem e as sombras do mal
lá se confundem, num caos perpétuo. É o combate incessante da paixão e do
dever, em que, quase sempre, a paixão sai vitoriosa. Antes de tudo, é preciso
aprender a fiscalizar os pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma
direção determinada, um fim nobre e digno.
A fiscalização dos pensamentos implica a fiscalização
dos atos, porque, se uns são bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o
nosso procedimento achar-se-á regulado por uma concatenação harmônica. Todavia,
se nossos atos são bons e nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa
aparência do bem e continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas
influências, mais cedo ou mais tarde, derramar-se-ão fatalmente sobre nossa
vida.
Às vezes observamos uma contradição surpreendente entre
os pensamentos, os escritos e as ações de certos homens, e somos levados, por
essa mesma contradição, a duvidar de sua boa-fé, de sua sinceridade. Muitas
vezes não há mais do que uma interpretação errônea de nossa parte. Os atos
desses homens resultam do impulso surdo dos pensamentos e das forças que eles
acumularam em si no passado. Suas aspirações atuais, mais elevadas, seus pensamentos
mais generosos traduzir-se-ão em atos no futuro. Assim, tudo se combina e
explica quando se consideram as coisas do largo ponto de vista da evolução; ao
passo que tudo fica obscuro, incompreensível, contraditório, com a teoria de
uma vida única para cada um de nós.
*
É bom viver em contato pelo pensamento com os
escritores de gênio, com os autores verdadeiramente grandes de todos os tempos e
países, lendo, meditando suas obras, impregnando todo o nosso ser da substância
de sua alma. As radiações de seus pensamentos despertarão em nós efeitos
semelhantes e produzirão, com o tempo, modificações de nosso caráter pela
própria natureza das impressões sentidas.
E necessário escolhermos com cuidado nossas leituras,
depois amadurecê-las e assimilar-lhes a quintessência. Em geral lê-se demais,
lê-se depressa e não se medita. Seria preferível ler menos e refletir mais no
que se leu. É um meio seguro de fortalecer nossa inteligência, de colher os
frutos de sabedoria e beleza que podem conter nossas leituras. Nisso, como em
todas as coisas, o belo atrai e gera o belo, do mesmo modo que a bondade atrai
a felicidade, como o mal atrai o sofrimento.
O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o
desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as grandes obras.
A palavra é brilhante, mas degenera demasiadas vezes em conversas estéreis, às
vezes maléficas; com isso, o pensamento se enfraquece e a alma esvazia-se. Ao
passo que na meditação o Espírito se concentra, volta-se para o lado grave e
solene das coisas; a luz do mundo espiritual banha-o com suas ondas. Há em
volta do pensador grandes seres invisíveis que só querem inspirá-lo; é à meia-luz
das horas tranqüilas ou então à claridade discreta da lâmpada de trabalho que
melhor podem entrar em comunhão com ele. Em toda parte e sempre uma vida oculta
mistura-se com a nossa.
Evitemos as discussões ruidosas, as palavras vãs, as
leituras frívolas. Sejamos sóbrios em relação aos jornais, pois a sua leitura,
fazendo-nos passar continuamente de um assunto para outro, torna o Espírito
ainda mais instável. Vivemos numa época de anemia intelectual, que é causada
pela raridade dos estudos sérios, pela procura abusiva da palavra pela palavra,
da forma enfeitada e oca, e, principalmente, pela insuficiência dos educadores
da mocidade. Apliquemo-nos a obras mais substanciais, a tudo o que pode esclarecer-nos
a respeito das leis profundas da vida e facilitar nossa evolução. Pouco a
pouco, edificar-se-ão em nós uma inteligência e uma consciência mais fortes e
nosso corpo fluídico iluminar-se-á com os reflexos de um pensamento elevado e
puro.
Dissemos que a alma oculta profundezas onde o
pensamento raras vezes desce, porque mil objetos externos ocupam-no incessantemente.
Sua superfície, como a do mar, é muitas vezes agitada; mas por baixo se
estendem regiões inacessíveis às tempestades. Aí dormem as potências ocultas,
que esperam nosso chamamento para emergirem e aparecerem. O chamamento raras
vezes se faz ouvir e o homem agita-se em sua indigência, ignorante dos tesouros
inapreciáveis que nele repousam.
É necessário o choque das provações, as horas tristes e
desoladas para fazer-lhe compreender a fragilidade das coisas externas e
encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para a descoberta de suas verdadeiras
riquezas espirituais.
É por isso que as grandes almas se tornam tanto mais
nobres e belas quanto mais vivas são suas dores. A cada nova desgraça que as
fere têm a sensação de se haverem aproximado um pouco mais da verdade e da
perfeição, e com esse pensamento experimentam uma espécie de volúpia amarga.
Levantou-se no céu de seu destino uma nova estrela, cujos raios trêmulos penetram
no santuário de sua consciência e lhe iluminam os recônditos. Nas inteligências
de cultura elevada faz sementeira a desgraça: cada dor é um sulco onde se
levanta uma seara de virtude e beleza.
Em certas horas de nossa vida, quando morre nossa mãe,
quando se desmorona uma esperança ardentemente acariciada, quando se perde a
mulher, o filho amado, cada vez que se despedaça um dos laços que nos ligavam a
este mundo, uma voz misteriosa eleva-se nas profundezas de nossa alma, voz
solene que nos fala de mil leis augustas, mais veneráveis que as da Terra, e
entreabre-se todo um mundo ideal. Mas os ruídos do exterior abafam-na bem depressa
e o ser humano recai quase sempre em suas dúvidas, em suas hesitações, na
vulgaridade de sua existência.
*
Não há progresso possível sem observação atenta de nós
mesmos. É necessário vigiar todos os nossos atos impulsivos para chegarmos a
saber em que sentido devemos dirigir nossos esforços para nos aperfeiçoarmos.
Primeiramente, regular a vida física, reduzir as exigências materiais ao
necessário, a fim de garantir a saúde do corpo, instrumento indispensável para
o desempenho de nosso papel terrestre; em seguida, disciplinar as impressões,
as emoções, exercitando-nos em dominá-las, em utilizá-las como agentes de nosso
aperfeiçoamento moral; aprender principalmente a esquecer, a fazer o sacrifício
do “eu”, a desprender-nos de todo o sentimento de egoísmo. A verdadeira
felicidade neste mundo está na proporção do esquecimento próprio.
Não basta crer e saber, é necessário viver nossa
crença, isto é, fazer penetrar na prática diária da vida os princípios
superiores que adotamos; é necessário habituarmo-nos a comungar pelo pensamento
e pelo coração com os Espíritos eminentes que foram os reveladores, com todas
as almas de escol que serviram de guias à humanidade, viver com eles numa
intimidade cotidiana, inspirarmo-nos em suas vistas e sentir sua influência
pela percepção íntima que nossas relações com o mundo invisível desenvolvem.
Entre essas grandes almas é bom escolher uma como exemplo,
a mais digna de nossa admiração e, em todas as circunstâncias difíceis, em
todos os casos em que nossa consciência oscila entre dois partidos a tomar,
inquirirmos o que ela teria resolvido e procedermos no mesmo sentido.
Assim, pouco a pouco iremos construindo, de acordo com
esse modelo, um ideal moral que se refletirá em todos os nossos atos. Todo
homem, na humilde realidade de cada dia, pode ir modelando uma consciência
sublime. A obra é vagarosa e difícil, mas para isso são-nos dados os séculos.
Concentremos, pois, muitas vezes nossos pensamentos,
para dirigi-los, pela vontade, em direção ao ideal sonhado. Meditemos nele
todos os dias, à hora certa, de preferência pela manhã, quando tudo está
sossegado e repousa ainda à nossa volta, nesse momento a que o poeta chama “a
hora divina”, quando a Natureza, fresca e descansada, acorda para as claridades
do dia.
Nas horas matinais, a alma, pela oração e pela
meditação, eleva-se com mais fácil impulso até às alturas donde se vê e compreende
que tudo – a vida, os atos, os pensamentos – está ligado a alguma coisa grande
e eterna e que habitamos um mundo em que potências invisíveis vivem e trabalham
conosco. Na vida mais simples, na tarefa mais modesta, na existência mais
apagada, mostram-se, então, faces profundas, uma reserva de ideal, fontes possíveis
de beleza. Cada alma pode criar com seus pensamentos uma atmosfera espiritual
tão bela, tão resplandecente, como nas paisagens mais encantadoras; e na morada
mais mesquinha, no mais miserável tugúrio, há frestas para Deus e para o
infinito!
*
Em todas as nossas relações sociais, em nossas relações
com os nossos semelhantes, é preciso lembrarmo-nos constantemente de que os
homens são viajantes em marcha, ocupando pontos diversos na escala da evolução
pela qual todos subimos. Por conseguinte, nada devemos exigir, nada devemos
esperar deles que não esteja em relação com seu grau de adiantamento.
A todos devemos tolerância, benevolência e até perdão;
porque se nos causam prejuízo, se escarnecem de nós e nos ofendem, é quase
sempre pela falta de compreensão e de saber, resultantes de desenvolvimento
insuficiente. Deus não pede aos homens senão o que eles têm podido adquirir à
custa de lentos e penosos trabalhos. Não temos o direito de exigir mais. Não
fomos semelhantes aos mais atrasados deles? Se cada um de nós pudesse ler em
seu passado o que foi, o que fez, quanto não seria maior nossa indulgência para
com as faltas alheias! Às vezes, também nós carecemos da mesma indulgência que
lhes devemos. Sejamos severos conosco e tolerantes com os outros. Instruamo-los,
esclareçamo-los, guiemo-los com doçura, é o que a lei de solidariedade nos
preceitua.
*
Enfim, é preciso saber suportar todas as coisas com
paciência e serenidade. Seja qual for o procedimento de nossos semelhantes para
conosco, não devemos conceber nenhuma animosidade ou ressentimento; mas, ao
contrário, saibamos fazer reverter em benefício de nossa própria educação moral
todas as causas de aborrecimento e aflição. Nenhum revés poderia atingir-nos,
se, por nossas vidas anteriores e culpadas, não tivéssemos dado margem à adversidade.
É isso o que muitas vezes se deve repetir. Chegaremos, assim, a aceitar todas
as provações sem amargura, considerando-as como reparação do passado ou como
meio de aperfeiçoamento.
De grau em grau chegaremos, assim, ao sossego de
espírito, à posse de nós mesmos, à confiança absoluta no futuro, que dão a
força, a quietação, a satisfação íntima, permitindo-nos permanecer firmes no
meio das mais duras vicissitudes.
Quando chega a idade, as ilusões e as esperanças vãs
caem como folhas mortas; mas as altas verdades aparecem com mais brilho, como
as estrelas no céu de inverno através dos ramos nus de nossos jardins.
Pouco importa, então, que o destino não nos tenha
oferecido nenhuma glória, nenhum raio de alegria, se tiver enriquecido nossa
alma com mais uma virtude, com alguma beleza moral. As vidas obscuras e
atormentadas são, às vezes, as mais fecundas, ao passo que as vidas suntuosas
nos prendem, bastas vezes e por muito tempo, na corrente formidável de nossas
responsabilidades.
A felicidade não está nas coisas externas nem nos
acasos do exterior, mas somente em nós mesmos, na vida interna que soubermos
criar. Que importa que o céu esteja escuro por cima de nossas cabeças e os
homens sejam ruins em volta de nós, se tivermos a luz na fronte, alegria do bem
e a liberdade moral no coração? Se, porém, eu tiver vergonha de mim mesmo, se o
mal tiver invadido meu pensamento, se o crime e a traição habitarem em mim,
todos os favores e todas as felicidades da Terra não me restituirão a paz
silenciosa e a alegria da consciência. O sábio cria, desde este mundo, para si
mesmo, um refúgio seguro, um lugar sagrado, um retiro profundo aonde não chegam
as discórdias e as contrariedades do exterior. Do mesmo modo, na vida do espaço
a sanção do dever e a realização da justiça são de ordem inteiramente íntima;
cada alma traz em si sua claridade ou sua sombra, seu paraíso ou seu inferno.
Mas, lembremo-nos de que nada há irreparável; a situação atual do Espírito
inferior não é mais que um ponto quase imperceptível na imensidade de seus
destinos.
Léon Denis. Livro : O problema do ser do destino e da dor.
Léon Denis. Livro : O problema do ser do destino e da dor.
A Vontade
A vontade
O estudo do ser, a que consagramos a primeira parte
desta obra, deixou-nos entrever a poderosa rede de forças, de energias ocultas
em nós. Mostrou-nos que todo o nosso futuro, em seu desenvolvimento ilimitado,
lá está contido no gérmen. As causas da felicidade não se acham em lugares
determinados no espaço; estão em nós, nas profundezas misteriosas da alma, o
que é confirmado por todas as grandes doutrinas.
“O reino dos céus está dentro de vós”, disse o Cristo.
O mesmo pensamento está por outra forma expresso nos Vedas:
“Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces.”
A sabedoria persa não é menos afirmativa: “Vós viveis
no meio de armazéns cheios de riquezas e morreis de fome à porta.” (Suffis Ferdousis).
Todos os grandes ensinamentos concordam neste ponto: É
na vida íntima, no desabrochar de nossas potências, de nossas faculdades, de
nossas virtudes, que está o manancial das felicidades futuras.
Olhemos atentamente para o fundo de nós mesmos,
fechemos nosso entendimento às coisas externas e, depois de havermos habituado
nossos sentidos psíquicos à escuridade e ao silêncio, veremos surgir luzes
inesperadas, ouviremos vozes fortificantes e consoladoras. Mas, há poucos
homens que saibam ler em si, que saibam explorar as jazidas que encerram
tesouros inestimáveis. Gastamos a vida em coisas banais, improfícuas;
percorremos o caminho da existência sem nada saber de nós mesmos, das riquezas
psíquicas, cuja valorização nos proporcionaria gozos inumeráveis.
Há em toda alma humana dois centros ou, melhor, duas
esferas de ação e expressão. Uma delas, a exterior, manifesta a personalidade,
o “eu”, com suas paixões, suas fraquezas, sua mobilidade, sua insuficiência.
Enquanto ela for a reguladora de nosso proceder, teremos a vida inferior,
semeada de provações e males. A outra, interna, profunda, imutável, é, ao mesmo
tempo, a sede da consciência, a fonte da vida espiritual, o templo de Deus em
nós. É somente quando esse centro de ação domina o outro, quando suas impulsões
nos dirigem, que se revelam nossas potências ocultas e que o Espírito se afirma
em seu brilho e beleza. É por ele que estamos em comunhão com “o Pai que habita
em nós”, segundo as palavras do Cristo, com o Pai que é o foco de todo o amor,
o princípio de todas as ações.
Por um desses centros perpetuamo-nos em mundos
materiais, onde tudo é inferioridade, incerteza e dor; pelo outro temos entrada
nos mundos celestes, onde tudo é paz, serenidade, grandeza. Somente pela
manifestação crescente do Espírito divino em nós chegaremos a vencer o “eu”
egoísta, a associar-nos plenamente à obra universal e eterna, a criar uma vida
feliz e perfeita.
Por que meio poremos em movimento as potências internas
e as orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! Os usos persistentes,
tenazes, dessa faculdade soberana permitir-nos-á modificar a nossa natureza,
vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte.
É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um
alvo determinado. Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar.
Sua mobilidade constante e sua variedade infinita oferecem limitado acesso às
influências superiores. É preciso saber se concentrar, colocar o pensamento
acorde com o pensamento divino. Então, a alma humana é fecundada pelo Espírito
divino, que a envolve e penetra, tornando-a apta a realizar nobres tarefas,
preparando-a para a vida do espaço, cujos esplendores ela começa fracamente a
entrever desde este mundo. Os Espíritos elevados vêem e ouvem os pensamentos
uns dos outros, com os quais são harmonias penetrantes, ao passo que os nossos
são, as mais das vezes, somente discordâncias e confusão. Aprendamos, pois, a
servir-nos de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que
é grande, à harmonia universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os
mundos.
*
A vontade é a maior de todas as potências; é, em sua
ação, comparável ao ímã. A vontade de viver, de desenvolver em nós a vida,
atrai-nos novos recursos vitais; tal é o segredo da lei de evolução. A vontade
pode atuar com intensidade sobre o corpo fluídico, ativar-lhe as vibrações e,
dessa forma, apropriá-lo a um modo cada vez mais elevado de sensações,
prepará-lo para mais alto grau de existência.
O princípio de evolução não está na matéria, está na
vontade, cuja ação tanto se estende à ordem invisível das coisas como à ordem
visível e material. Esta é simplesmente a conseqüência daquela. O princípio
superior, o motor da existência, é a vontade. A vontade divina é o supremo
motor da vida universal.
O que importa, acima de tudo, é compreender que podemos
realizar tudo no domínio psíquico; nenhuma força permanece estéril quando se
exerce de maneira constante, visando alcançar um desígnio conforme ao direito e
à justiça.
É o que se dá com a vontade; ela pode agir tanto no
sono como na vigília, porque a alma valorosa, que para si mesma estabeleceu um
objetivo, procura-o com tenacidade em ambas as fases de sua vida e determina
assim uma corrente poderosa, que mina devagar e silenciosamente todos os
obstáculos.
Com a preservação dá-se o mesmo que com a ação. A vontade,
a confiança e o otimismo são outras tantas forças preservadoras, outros tantos
baluartes opostos em nós a toda causa de desassossego, de perturbação, interna
e externa. Bastam, às vezes, por si sós, para desviar o mal; ao passo que o
desânimo, o medo e o mau-humor nos desarmam e nos entregam a ele sem defesa. O
simples fato de olharmos de frente para o que chamamos o mal, o perigo, a dor,
a resolução de os afrontarmos, de os vencermos, diminuem-lhes a importância e o
efeito.
Os americanos têm, com o nome de mind cure (cura mental) ou ciência cristã, aplicado esse método à
terapêutica e não se pode negar que os resultados obtidos são consideráveis.
Esse método resume-se na fórmula seguinte: “O pessimismo enfraquece; o otimismo
fortalece.” Consiste na eliminação gradual do egoísmo, na união completa com a
Vontade Suprema, causa das forças infinitas. Os casos de cura são numerosos e
apóiam-se em testemunhos irrecusáveis.[i]
De resto, foi esse – em todos os tempos e com formas diversas
– o princípio da saúde física e moral.
Na ordem física, por exemplo, não se destroem os
infusórios, os infinitamente pequenos, que vivem e se multiplicam em nós; mas
se ganham forças para melhor lhes resistir. Da mesma forma, nem sempre é
possível, na ordem moral, afastar as vicissitudes da sorte, mas se pode
adquirir força bastante para suportá-las com alegria, sobrepujá-las com esforço
mental, dominá-las por tal forma que percam todo o aspecto ameaçador, para se
transformarem em auxiliares de nosso progresso e de nosso bem.
Em outra parte demonstramos, apoiando-nos em fatos recentes,
o poder da alma sobre o corpo na sugestão e auto-sugestão.[ii]
Limitar-nos-emos a lembrar outros exemplos ainda mais concludentes.
Louise Lateau, a estigmatizada de Bois-d'Haine, cujo
caso foi estudado por uma comissão da Academia de Medicina da Bélgica, fazia,
meditando sobre a Paixão do Cristo, correr à vontade o sangue dos seus pés,
mãos e lado esquerdo. A hemorragia durava muitas horas.[iii]
Pierre Janet observou casos análogos na Salpêtrière, em
Paris. Uma extática apresentava estigmas nos pés quando lhos metiam num aparelho.[iv]
Louis Vivé, em suas crises, a si mesmo dava ordem de sangrar-se
em horas determinadas e o fenômeno produzia-se com exatidão.
Encontra-se a mesma ordem de fatos em certos sonhos,
bem como nos fenômenos chamados “noevi” ou sinais de nascença.[v] Em
todos os domínios da observação, achamos a prova de que a vontade impressiona a
matéria e pode submetê-la a seus desígnios. Essa lei manifestas-se com mais
intensidade ainda no campo da vida invisível. É em virtude das mesmas regras
que os Espíritos criam as formas e os atributos que nos permitem reconhecê-los
nas sessões de materialização.
Pela vontade criadora dos grandes Espíritos e, acima de
tudo, do Espírito divino, uma vida repleta de maravilhas desenvolve-se e se
estende, de degrau em degrau, até ao infinito, nas profundezas do céu, vida
incomparavelmente superior a todas as maravilhas criadas pela arte humana e
tanto mais perfeita quanto mais se aproxima de Deus.
Se o homem conhecesse a extensão dos recursos que nele
germinam, talvez ficasse deslumbrado e, em vez de se julgar fraco e temer o
futuro, compreenderia a sua força, sentiria que ele próprio pode criar esse
futuro.
Cada alma é um foco de vibrações que a vontade põe em movimento.
Uma sociedade é um agrupamento de vontades que, quando estão unidas, concentradas
num mesmo fito, constituem centro de forças irresistíveis. As humanidades são
focos ainda mais poderosos, que vibram através da imensidade.
Pela educação e exercício da vontade, certos povos
chegam a resultados que parecem prodígios.
A energia mental, o vigor de espírito dos japoneses,
seu desprezo pela dor, sua impassibilidade diante da morte, causaram pasmo aos
ocidentais e foram para eles uma espécie de revelação. O japonês habitua-se
desde a infância a dominar suas impressões, a nada deixar trair dos desgostos,
das decepções, dos sentimentos por que passa, a ficar impenetrável, a não se
queixar nunca, a nunca se encolerizar, a receber sempre com boa cara os
reveses.
Tal educação retempera os ânimos e assegura a vitória
em todos os terrenos. Na grande tragédia da existência e da História, o
heroísmo representa o papel principal e é a vontade que faz os heróis.
Esse estado de espírito não é privilégio dos japoneses.
Os hindus chegam também, com o emprego do que eles chamam a hatha-yoga, ou exercício da vontade, a
suprimir em si o sentimento da dor física.
Numa conferência feita no Instituto Psicológico de
Paris e que Les Annales des Sciences
Psychiques, de novembro de 1906, reproduziram, Annie Besant cita vários
casos notáveis devidos a essas práticas persistentes.
Um hindu possuirá bastante poder de vontade para
conservar um braço erguido até se atrofiar. Outro deitar-se-á numa cama eriçada
de pontas de ferro sem sentir nenhuma dor. Encontra-se mesmo esse poder em
pessoas que não praticaram a hatha-yoga.
A conferencista cita o caso de um de seus amigos que, tendo ido à caça do tigre
e tendo recebido, por causa da imperícia de um caçador, uma bala na coxa,
recusou submeter-se à ação do clorofórmio para a extração do projétil,
afirmando ao cirurgião que teria suficiente domínio sobre si mesmo para ficar
imóvel e impassível durante a operação. Esta efetuou-se; o ferido tinha plena
consciência de si mesmo e não fez um só movimento. “O que para outro teria sido
uma tortura atroz, nada era para ele; havia fixado sua consciência na cabeça e
nenhuma dor sentira. Sem ser yogui,
possuía o poder de concentrar a vontade, poder que, nas Índias, se encontra freqüentemente.”
Pelo que se acaba de ler, pode-se julgar quão diferente
dos nossos são a educação mental e o objetivo dos asiáticos. Tudo, neles, tende
a desenvolver o homem interior, sua vontade, sua consciência, à vista dos
vastos ciclos de evolução que se lhes abrem, enquanto o europeu adota, de
preferência, como objetivo, os bens imediatos, limitados pelo círculo da vida
presente. Os alvos em que se põe à mira nos dois casos são diferentes; e essa
divergência resulta da concepção essencialmente diferente do papel do ser no
universo. Os asiáticos consideraram por muito tempo, com um espanto misturado
de piedade, nossa agitação febril, nossa preocupação pelas coisas contingentes
e sem futuro, nossa ignorância das coisas estáveis, profundas, indestrutíveis,
que constituem a verdadeira força do homem. Daí o contraste surpreendente que
oferecem as civilizações do Oriente e do Ocidente. A superioridade pertence
evidentemente à que abarca mais vasto horizonte e se inspira nas verdadeiras
leis da alma e de seu futuro. Pode ter parecido atrasada aos observadores
superficiais, enquanto as duas civilizações fizeram paralelamente sua evolução,
sem que entre uma e outra houvesse choques excessivos. Mas, desde que as necessidades
da existência e a pressão crescente dos povos do Ocidente forçaram os asiáticos
a entrar na corrente dos progressos modernos – tal é o caso dos japoneses –,
pode-se ver que as qualidades eminentes dessa raça, manifestando-se no domínio
material, podiam assegurar-lhes igualmente a supremacia. Se esse estado de
coisas se acentuar, como é de recear, se o Japão conseguir arrastar consigo
todo o Extremo Oriente, é possível que mude o eixo da dominação do mundo e
passe de uma raça para outra, principalmente se a Europa persistir em não se
interessar pelo que constitui o mais alto objetivo da vida humana e em
contentar-se com um ideal inferior e quase bárbaro.
Mesmo restringindo o campo de nossas observações à raça
branca, aí vamos verificar também que as nações de vontade mais firme, mais
tenaz, vão pouco a pouco tomando predomínio sobre as outras. É o que se dá com
os povos anglo-saxônios e germânicos. Estamos vendo o que a Inglaterra tem
podido realizar, através dos tempos, para execução de seu plano de ação. A
Alemanha, com seu espírito de método e continuidade, soube criar e manter uma
poderosa coesão em detrimento de seus vizinhos, não menos bem dotados do que
ela, mas menos resolutos e perseverantes. A América do Norte prepara também
para si um grande lugar no concerto dos povos.
A França é, pelo contrário, uma nação de vontade fraca
e volúvel. Os franceses passam de uma idéia a outra com extrema mobilidade e a
esse defeito não são estranhas as vicissitudes de sua História. Seus primeiros
impulsos são admiráveis, vibrantes de entusiasmo. Mas, se com facilidade
empreendem uma obra, com a mesma facilidade a abandonam, quando o pensamento já
a vai edificando e os materiais se vão reunindo silenciosamente ao seu
derredor. Por isso o mundo apresenta, por toda parte, vestígios meio apagados
de sua ação passageira, de seus esforços depressa interrompidos.
Além disso, o pessimismo e o materialismo, que cada vez
mais se alastram entre eles, tendem também a amesquinhar as qualidades
generosas de sua raça. O positivismo e o agnosticismo trabalham
sistematicamente para apagar o que restava de viril na alma francesa; e os
recursos profundos do espírito francês atrofiam-se por falta de uma educação
sólida e de um ideal elevado.
Aprendamos, pois, a criar uma “vontade de potência”, de
natureza mais elevada do que a sonhada por Nietzsche. Fortaleçamos em torno de
nós os espíritos e os corações, se não quisermos ver nossas sociedades votadas
à decadência irremediável.
*
Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O
homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas
forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de,
mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na
série das suas existências, quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei
divina. E é nisso que se verifica a palavra celeste: “A fé transporta
montanhas.”
Não é consolador e belo poder dizer: “Sou uma
inteligência e uma vontade livres; a mim mesmo me fiz, inconscientemente,
através das idades; edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade e
agora conheço a grandeza e a força que há em mim. Amparar-me-ei nelas; não deixarei
que uma simples dúvida as empane por um instante sequer e, fazendo uso delas
com o auxílio de Deus e de meus irmãos do espaço, elevar-me-ei acima de todas
as dificuldades; vencerei o mal em mim; desapegar-me-ei de tudo o que me
acorrenta às coisas grosseiras para levantar o vôo para os mundos felizes!”
Vejo claramente o caminho que se desenrola e que tenho
de percorrer. Esse caminho atravessa a extensão ilimitada e não tem fim; mas,
para guiar-me na estrada infinita, tenho um guia seguro – a compreensão da lei
de vida, progresso e amor que rege todas as coisas; aprendi a conhecer-me, a
crer em mim e em Deus. Possuo, pois, a chave de toda elevação e, na vida imensa
que tenho diante de mim, conservar-me-ei firme, inabalável na vontade de enobrecer-me
e elevar-me, cada vez mais; atrairei, com o auxílio de minha inteligência, que
é filha de Deus, todas as riquezas morais e participarei de todas as maravilhas
do Cosmo.
Minha vontade chama-me: “Para frente, sempre para
frente, cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina!” E com ela
conquistarei a plenitude da existência, construirei para mim uma personalidade
melhor, mais radiosa e amante. Saí para sempre do estado inferior do ser
ignorante, inconsciente de seu valor e poder; afirmo-me na independência e
dignidade de minha consciência e estendo a mão a todos os meus irmãos,
dizendo-lhes:
Despertai de vosso pesado sono; rasgai o véu material
que vos envolve, aprendei a conhecer-vos, a conhecer as potências de vossa alma
e a utilizá-las. Todas as vozes da Natureza, todas as vozes do espaço vos
bradam: “Levantai-vos e marchai! Apressai-vos para a conquista de vossos
destinos!”
A todos vós que vergais ao peso da vida, que,
julgando-vos sós e fracos, vos entregais à tristeza, ao desespero, ou que
aspirais ao nada, venho dizer: “O nada não existe; a morte é um novo nascimento,
um encaminhar para novas tarefas, novos trabalhos, novas colheitas; a vida é
uma comunhão universal e eterna que liga Deus a todos os seus filhos.”
A vós todos, que vos credes gastos pelos sofrimentos e
decepções, pobres seres aflitos, corações que o vento áspero das provações
secou; Espíritos esmagados, dilacerados pela roda de ferro da adversidade,
venho dizer-vos:
“Não há alma que não possa renascer, fazendo brotar
novas florescências. Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós de
forças desconhecidas. Crede em vós, em vosso rejuvenescimento em novas vidas;
crede em vossos destinos imortais. Crede em Deus, Sol dos sóis, foco imenso, do
qual brilha em vós uma centelha, que se pode converter em chama ardente e
generosa!
“Sabei que todo homem pode ser bom e feliz; para vir a
sê-lo basta que o queira com energia e constância. A concepção mental do ser,
elaborada na obscuridade das existências dolorosas, preparada pela vagarosa
evolução das idades, expandir-se-á à luz das vidas superiores e todos
conquistarão a magnífica individualidade que lhes está reservada.
“Dirigi incessantemente vosso pensamento para esta
verdade: podeis vir a ser o que quiserdes. E sabei querer ser cada vez maiores
e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o meio de realizá-lo; tal é o
segredo da força mental, da qual emanam todas as forças magnéticas e físicas.
Quando tiverdes conquistado esse domínio sobre vós mesmos, não mais tereis que
temer os retardamentos nem as quedas, nem as doenças, nem a morte; tereis feito
de vosso “eu” inferior e frágil uma alta e poderosa individualidade!”
XXI
Léon Denis.
[i] Ver W. James, Reitor da Universidade
Harvard, L'Expérience Religieuse,
págs. 86, 87. Tradução francesa de Abauzit. Félix Alcan, editor, Paris, 1906.
[iii] Dr.
Warlomont - Louise Lateau, la stigmatisée
de Bois-d'Haine, Bruxelas, 1873.
[iv] P.
Janet, “Une extatique”, Bulletin de
1'Institut Psychologique, julho, agosto, setembro de 1901.
[v] Ver,
entre outros, o Bulletin de la Société
Psychique de Marseille, outubro de 1903.
Educa
Na semente minúscula reside o germe do tronco benfeitor.
No coração da terra, há melodias da fonte.
No bloco de pedra, há obras-primas de estatuária.
Entretanto, o pomar reclama esforço ativo.
A corrente cristalina pede aquedutos para transportar-se imaculada.
A jóia de escultura pede milagres do buril.
Também o espírito traz consigo o gene da Divindade.
Deus está em nós, quanto estamos em Deus.
Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é
necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no
empedrado caminho dos milênios.
Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o heroísmo santificante.
Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de pensamento.
Só a grandeza espiritual consegue gerar a palavra equilibrada, o verbo sublime e a voz consoladora.
Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso aperfeiçoamento.
Educa e transformarás a irracional idade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude.
Educa e edificarás o paraíso na Terra.
Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 30. Saúde e Bem-Estar
Saúde e Bem-Estar
O planejamento de qualquer projeto responde pela
qualidade da futura realização. Previsões e detalhes, cálculos e
referências, organograma e execução, constituem a base do labor, do qual
decorrem os êxitos ou insucessos.
Da planificação até a concretização do empreendimento,
quaisquer alterações têm que ser estudadas, a fim de serem introduzidas
sem prejuízo para o conjunto ou excesso de gastos não previstos.
Na mesma linha de raciocínio, uma cuidadosa sementeira
de cardos, com adubação freqüente, outra colheita não resultará, senão
de espinhos e acúleos.
A criatura humana torna-se o que pensa, o que sustenta mentalmente e desenvolve até a fixação.
Lamentavelmente porém, expressiva maioria de indivíduos
somente acalenta idéias negativas, lucubra pessimismo, agasalha
mal-estares. Como resultado, enfraquecem-se-lhe as resistências morais,
debilitam-se-lhe os valores espirituais e alimenta-se da própria
insânia.
Há determinadas provações que são inevitáveis, por
procederem de desmandos de outras existências. Podem, entretanto,
através de construções mentais e humanas edificantes, ser alteradas,
atenuadas e até liberadas, pois que atos saudáveis granjeiam mérito para
superar aqueles que são danosos.
*
Não te atenhas aos atavismos infelizes, revivendo-os,
comentando-os, reestruturando-os nos campos mental e verbal. Eles não te
abandonarão, enquanto não os deixes.
Queixas-te de insucessos, dissabores, enfermidades,
desamor; e, no entanto, aferras-te a eles de tal forma que perdes o
senso de avaliação da realidade, rotulando-te como infeliz e
estacionando aí, sem qualquer esforço de renovação.
Afirma a sabedoria popular com propriedade: Pedra que rola não cria limo, sugerindo alteração de rota, movimento, realização.
Esforça-te para desconsiderar as ocorrências desagradáveis, perturbadoras.
Planeja o teu presente, estabelece metas para o futuro e
põe-te a trabalhar sem desfalecimento, sem autocomiseração, sem
amargura.
Podes e deves alterar para melhor o clima que respiras, o ambiente no qual te encontras.
Não basta pedires a Deus ajuda, porém, deves fazer a tua
parte, sem o que, pouco ou nada conseguirás. Saúde ou doença, bem ou
mal-estar dependem de ti.
*
Narra-se que um sábio caminhava com os discípulos por
uma via tortuosa, quando encontraram um homem piedoso que, ajoelhado,
rogava a Deus o auxiliasse a tirar do atoleiro o carro em que seguia.
Todos olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram.
À frente, alguns quilômetros vencidos, havia um outro
homem, que tinha, igualmente, o carro atolado num lamaçal. Este, porém,
esbravejava reclamando, mas tentava com todo empenho liberar o veículo.
Comovido, o sábio propôs aos discípulos ajudá-lo.
Reunidas todas as forças, logo o transporte foi retirado e, após agradecimentos, o viajante prosseguiu feliz.
Os aprendizes surpresos, indagaram ao mestre: - O
primeiro homem orava, era piedoso e não o ajudamos. Este, que era
rebelde e até vociferava, recebeu nosso apoio. Por que?
Sem perturbar-se, o nobre professor elucidou:
- O que orava, aguardava que Deus viesse fazer a tarefa
que a ele competia. O outro, embora desesperado por ignorância,
empenhava-se, merecendo auxílio.
Será, pois, ideal, que sem reclamar e pensando
corretamente te disponhas a retirar do paul o carro da tua existência, a
fim de seguires feliz adiante com saúde e bem-estar.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Saúde. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Mensagem para os Pais
Dia de Deus
Pensando em Deus, pensa igualmente nos homens, nossos irmãos.
Detém-te, de modo especial, na simpatia e no amparo possível, em favor daqueles que se fizerem pais ou tutores.
As mães são sempre revelações angélicas de ternura,
junto aos sonhos de cada filho, mas é preciso não esquecer que os pais
também amam...
Esse perdeu a juventude, carregando as responsabilidades
do lar; aquele se entregou a pesados sacrifícios, apagando a si mesmo,
para que os filhos se titulassem com brilho na cultura terrestre; outros
se escravizaram a filhinhos doentes; muitos foram banidos do refúgio
doméstico, às vezes, pelos próprios descendentes, exilados que se acham
em recantos de imaginário repouso, por trazerem a cabeça branca por
fora, e, em muitas ocasiões alquebrada por dentro, sob a carga de
lembranças difíceis que conservam em relação aos infortúnios que
atravessaram para que a família sobrevivesse, e, ainda outros
renunciaram à felicidade própria, a fim de se converterem nos guardais
da alegria e da segurança de filhos alheios!...
Compadece-te de nossos irmãos, os homens, que não
vacilaram em abraçar amargos compromissos, a benefício daqueles que lhes
receberam os dons da vida.
Ainda mesmo aqueles que se transviaram ou enlouqueceram,
sob a delinqüência, na maioria dos casos, nos merecem respeitoso apreço
pelas nobres intenções que os fizeram cair.
A vida comunitária, na Terra de hoje, instituiu datas de homenagens às profissões e pessoas.
Lembrando isso, reconhecemos, por nós, que o Dia das
Mães é o Dia do Amor, mas reconhecemos também que o Dia dos Pais é o Dia
de Deus.
Pelo Espírito EmmanuelXAVIER, Francisco Cândido. Seara de Fé. Espíritos Diversos. IDE.
Sonho de Lutero
Conta-se que certa vez Martinho Lutero sonhara. Achava-se nos umbrais* dos tabernáculos eternos. Interrogou então, sofregamente, o anjo ali de guarda:
- Estão aí os protestantes?
- Não, aqui não se encontra um protestante, sequer.
- Que me dizes?! Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?!
- Já lhe disse e repito: não há aqui protestantes.
- Então - tornou, espantado, o sistematizador da Reforma - será que aqui estejam os católicos-romanos, os membros daquela Igreja que abjurei?
- Tampouco conhecemos aqui os filhos dessa Igreja; não existem aqui romanos.
- Estarão, quem sabe, os partidários de Maomé ou de Buda?
- Não estão, nem uns nem outros.
Intrigado, insistiu Lutero:
- Dar-se-á, acaso, que o Céu se encontre desabitado?!
- Tal não acontece - tornou serenamente o anjo - Incontáveis são os habitantes da casa do Pai, ocupando todas as suas múltiplas moradas.
- Dize-me, então, depressa: quem são os que se salvam, e a que igreja pertencem na Terra?
- A todas e a nenhuma - aclarou por fim o guardião da entrada das Celestes Moradas. - Aqui não se cogita de denominações, nem de dogmas. Os que se salvam são os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições, guardando-se isentos da corrupção do século. Os que se salvam são os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se dos seus defeitos, renascendo todos os dias para uma vida melhor. Os que se redimem são os que amam o próximo e renunciam ao mundo, com suas fascinações. São os que porfiam, transitando pelo caminho estreito, juncado de espinhos: o caminho do dever. Os que se purificam são os que obedecem à voz da consciência, e não aos reclamos do interesse. Os que conquistam a Divina Graça são os que trabalham pela causa da Justiça e da Verdade, que é a Causa Universal e não pelo engrandecimento de causas regionais, de determinadas agremiações com títulos e rótulos religiosos; os que aspiram à glória de Deus, ao bem comum, a felicidade coletiva. Os que se salvam...
- Basta! - atalhou Lutero. Já compreendo tudo: preciso voltar à Terra e introduzir certa reforma na Reforma!...
* Umbral – Do latim UMBRA = Sombra. No Espiritismo é a zona obscura localizada em torno do Planeta. Neste caso, foi usado para designar às portas do Céu, pois no espanhol umbral é igual a “soleira da porta”.
Fonte: “Nas Pegadas do Mestre” – Vinícius Pedro de Camargo – Edição FEB
- Estão aí os protestantes?
- Não, aqui não se encontra um protestante, sequer.
- Que me dizes?! Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?!
- Já lhe disse e repito: não há aqui protestantes.
- Então - tornou, espantado, o sistematizador da Reforma - será que aqui estejam os católicos-romanos, os membros daquela Igreja que abjurei?
- Tampouco conhecemos aqui os filhos dessa Igreja; não existem aqui romanos.
- Estarão, quem sabe, os partidários de Maomé ou de Buda?
- Não estão, nem uns nem outros.
Intrigado, insistiu Lutero:
- Dar-se-á, acaso, que o Céu se encontre desabitado?!
- Tal não acontece - tornou serenamente o anjo - Incontáveis são os habitantes da casa do Pai, ocupando todas as suas múltiplas moradas.
- Dize-me, então, depressa: quem são os que se salvam, e a que igreja pertencem na Terra?
- A todas e a nenhuma - aclarou por fim o guardião da entrada das Celestes Moradas. - Aqui não se cogita de denominações, nem de dogmas. Os que se salvam são os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições, guardando-se isentos da corrupção do século. Os que se salvam são os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se dos seus defeitos, renascendo todos os dias para uma vida melhor. Os que se redimem são os que amam o próximo e renunciam ao mundo, com suas fascinações. São os que porfiam, transitando pelo caminho estreito, juncado de espinhos: o caminho do dever. Os que se purificam são os que obedecem à voz da consciência, e não aos reclamos do interesse. Os que conquistam a Divina Graça são os que trabalham pela causa da Justiça e da Verdade, que é a Causa Universal e não pelo engrandecimento de causas regionais, de determinadas agremiações com títulos e rótulos religiosos; os que aspiram à glória de Deus, ao bem comum, a felicidade coletiva. Os que se salvam...
- Basta! - atalhou Lutero. Já compreendo tudo: preciso voltar à Terra e introduzir certa reforma na Reforma!...
* Umbral – Do latim UMBRA = Sombra. No Espiritismo é a zona obscura localizada em torno do Planeta. Neste caso, foi usado para designar às portas do Céu, pois no espanhol umbral é igual a “soleira da porta”.
Fonte: “Nas Pegadas do Mestre” – Vinícius Pedro de Camargo – Edição FEB
Prece Para Resistir a Uma Tentação
Para Resistir a Uma Tentação
20. Prefácio _ Todo mau pensamento pode ter duas origens: a nossa própria imperfeição espiritual, ou uma funesta influência que age sobre ela. Neste último caso, temos a indicação de uma fraqueza que nos expõe a essas influências, e portanto de que a nossa alma é imperfeita. Dessa maneira, aquele que falir não poderá desculpar-se com a simples influência de um Espírito estranho, desde que esse Espírito não poderia levá-lo ao mal, se o encontrasse inacessível à sedução.
Quando temos um mau pensamento, podemos supor que um espírito malfazejo nos sugere o mal, cabendo-nos inteira liberdade de ceder ou resistir, como se estivéssemos diante da solicitação de uma pessoa viva. Devemos ao mesmo tempo imaginar o nosso Anjo Guardião ou Espírito Protetor, que por sua vez combate em nós essa influência má, esperando com ansiedade a decisão que vamos tomar. Nossa hesitação em atender ao mal é devida à voz do Bom Espírito, que se faz ouvir pela nossa consciência.
Reconhece-se um mau pensamento quando ele se distancia da caridade, que é a base de toda moral verdadeira; quando vem carregado de orgulho, vaidade e egoísmo; quando a sua realização pode causar algum prejuízo a outra pessoa; quando, enfim, nos propõe fazer aos outros o que não quereríamos que os outros nos fizessem. (Caps. XXVIII, nº 15 e XV, nº 10).
21. Prece _ Deus Todo-Poderoso, não me deixeis sucumbir à tentação de cair no erro! Espíritos benevolentes que me protegeis, desviai de mim este mau pensamento, e dai-me a força de resistir à sugestão do mal. Se eu sucumbir, merecerei a expiação da minha falta nesta mesma existência e em outra, porque sou livre para escolher.
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
20. Prefácio _ Todo mau pensamento pode ter duas origens: a nossa própria imperfeição espiritual, ou uma funesta influência que age sobre ela. Neste último caso, temos a indicação de uma fraqueza que nos expõe a essas influências, e portanto de que a nossa alma é imperfeita. Dessa maneira, aquele que falir não poderá desculpar-se com a simples influência de um Espírito estranho, desde que esse Espírito não poderia levá-lo ao mal, se o encontrasse inacessível à sedução.
Quando temos um mau pensamento, podemos supor que um espírito malfazejo nos sugere o mal, cabendo-nos inteira liberdade de ceder ou resistir, como se estivéssemos diante da solicitação de uma pessoa viva. Devemos ao mesmo tempo imaginar o nosso Anjo Guardião ou Espírito Protetor, que por sua vez combate em nós essa influência má, esperando com ansiedade a decisão que vamos tomar. Nossa hesitação em atender ao mal é devida à voz do Bom Espírito, que se faz ouvir pela nossa consciência.
Reconhece-se um mau pensamento quando ele se distancia da caridade, que é a base de toda moral verdadeira; quando vem carregado de orgulho, vaidade e egoísmo; quando a sua realização pode causar algum prejuízo a outra pessoa; quando, enfim, nos propõe fazer aos outros o que não quereríamos que os outros nos fizessem. (Caps. XXVIII, nº 15 e XV, nº 10).
21. Prece _ Deus Todo-Poderoso, não me deixeis sucumbir à tentação de cair no erro! Espíritos benevolentes que me protegeis, desviai de mim este mau pensamento, e dai-me a força de resistir à sugestão do mal. Se eu sucumbir, merecerei a expiação da minha falta nesta mesma existência e em outra, porque sou livre para escolher.
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
Uma Realeza Terrena
Instruções dos Espíritos
Uma Realeza Terrena
• Uma Rainha de França •
Havre, 1863
8. Quem poderia, melhor do que eu, compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: meu reino não é deste mundo? O orgulho me perdeu sobre a Terra. Quem, pois, compreenderia o nada dos reinos do mundo, se eu não compreendesse? O que foi que eu levei comigo, da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E como para tornar a lição mais terrível, ela não me acompanhou sequer até o túmulo! Rainha eu fui entre os homens, e rainha pensei chegar no reino dos céus. Mas que desilusão! E que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, tive de ver acima de mim, mas muito acima, homens que eu considerava pequeninos e os desprezava, por não terem nas veias um sangue nobre! Oh, só então compreendi a fatuidade dos homens e das grandezas que tão avidamente buscamos sobre a Terra!
Para preparar um lugar nesse reino são necessárias a abnegação, a humildade, a caridade, a benevolência para com todos. Não se pergunta o que fostes, que posição ocupastes, mas o bem que fizestes, as lágrimas que enxugastes.
Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao céu, e os degraus do trono não levam até lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai, pois, o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores!
Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui não há ilusões, e logo eles se apercebem de que conquistaram apenas sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis, os únicos que lhes aproveitariam na morada celeste, e que lhes podiam abrir as portas dessa morada.
ende piedade dos que não ganharam o reino dos céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo, é o traço de união entre o céu e a terra. Não o esqueçais!
Fonte : Evangelho Segundo O Espiritismo. Cap. 2
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