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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vida e Valores (Gratidão)



Encontramos um ensino notável de Paulo de Tarso, o grande Apóstolo do Cristianismo nascente, quando disse: Dai graças a Deus por todas as coisas.
Esse ensinamento de Paulo, naturalmente enfoca a questão da gratidão.
Via o Apóstolo a importância de se agradecer.
Percebemos que esta não é uma praxe entre as criaturas humanas. Todos nós gostamos de receber. E como gostamos! Mas, a questão é na hora de agradecer.
Parece que as pessoas que fazem as coisas para nós, que nos atendem de alguma forma, no nosso juízo profundo, não fazem mais que sua obrigação, quando não é verdade.
Aí começamos a encontrar espetáculos tenebrosos de ingratidão. Espetáculos de ingratidão que começam, muitas vezes, dentro de nossa casa, dentro do lar.
Quantas vezes, conversando com psicanalistas, com psicólogos,  eles falam das reclamações, das queixas de muitos filhos referentemente aos seus pais.
É muito difícil encontrar filhos que não tenham queixas de seus pais. Nada obstante vale pensar que os pais também teriam queixas dos seus filhos, mas porque os amam, os toleram.
Desse modo, vemos com muita estranheza a ingratidão dos filhos pelos pais. Muitos alegam que sua mãe têm defeitos A, defeitos B; outros dizem que seu pai tem esse ou aquele defeito. Um diz que sua mãe não liga para ele, não lhe dá importância, outro diz que sua mãe o abafa.
Outros falam que seus pais nunca os abraçaram, nunca os beijaram. Outros falam que seus pais são muito exigentes, que o pai é muito cobrador.
E nós ficamos pensando. Naturalmente aqueles que reclamam tanto dos pais, seja do pai, seja da mãe, nunca se detiveram para pensar que, por mais complicado seja o pai, seja a mãe, eles têm uma virtude pela qual se tem que ser perpetuamente agradecido.
Sim. Foram eles que nos deixaram nascer, para que tivéssemos essa vivacidade que temos hoje, para que tivéssemos essa liberdade que temos hoje, para que pudéssemos ser como somos hoje. Devemos a eles, com todos os defeitos que eles possam ter.
É natural pensar que quem não consegue agradecer ao seu pai, à sua mãe que lhe deram a vida física, que lhe concederam a oportunidade do corpo físico, da vida na Terra, dificilmente agradecerá aos outros, aos estranhos. Aquele que não agradece a seus pais, não agradece a ninguém.
Alguns dizem: Mas eu não amo a minha mãe. Outros afirmam: Mas eu não amo  meu pai, essa é uma outra questão.
Analisando tudo isso, dentro do enfoque reencarnacionista,  podemos bem admitir que, na maioria das vezes, os filhos e os pais são Espíritos antagônicos, Espíritos que tiveram experiências não muito felizes em outras existências e que, por isso, quando chegam no mesmo lar, debaixo do mesmo teto, a Divindade propõe que eles se acertem. Essa inconsciência relativamente ao passado, esse esquecimento que o passado nos impõe na nova vida, é para que nós nos acertemos e não para que criemos problemas com a questão da ingratidão.
É por isso que vale a pena pensar que a gratidão é uma virtude de quem consegue amar, mas também de quem consegue raciocinar.
Mesmo sabendo que não sentimos amor pela pessoa que nos atende, mas ela nos atende. Então, precisamos ser-lhe gratos.
Verificando essa dificuldade dentro dos lares, quando muitos filhos são ingratos para com seus pais, ficamos a pensar o que eles encontrarão pelos caminhos afora, o que a vida lhes reservará. Porque se a gente não é capaz de dedicar esse sentimento de agradecimento pela vida, pelo corpo físico, pelas oportunidades, pelo lar, pela escolaridade que tivemos, mesmo pelas lutas que nos conferiram valor, quem não consegue agradecer isto, como vai agradecer outras coisas?
A gratidão, sem dúvida, é a nossa demonstração de amadurecimento, é a nossa demonstração de maturidade diante da vida.
Todas as pessoas que nos fazem bem, que nos ajudam a crescer, mormente quem nos deu o corpo físico, são dignas do nosso agradecimento.
Agradecer é servir a vida, é uma forma de ser feliz.
*   *   *
Somente quando conseguimos agradecer a pai e mãe é que estendemos essa gratulação a outras pessoas, porque os amigos mais próximos são eles, nossos pais.
Às vezes, encontramos o hábito ruim, que vem se implantando mesmo dentro dos lares, que é o hábito de não se ensinar aos filhos a agradecer.
As relações dos nossos filhos começam com os servidores domésticos, com as empregadas domésticas. Porque são empregadas domésticas, passa pelo imaginário geral que essas pessoas não devem receber agradecimento. Como não?

Claro que elas estão recebendo um salário para nos servir, para nos ser úteis, no entanto, toda criatura se sente feliz, gratificada, quando lhe agradecemos.
É por isso que vale a pena agradecer a toda criatura que, de alguma forma, nos atende.
O servidor doméstico pôs a comida à mesa: Muito obrigado, Fulano. Retirou o nosso copo, o nosso prato: Obrigado, Fulano. Porque a criatura pode fazer com má vontade.
Se aprendemos a agradecer, ela terá gosto em nos servir, gosto em nos atender. E, nessas relações todas que estabelecemos uns com outros, não podemos perder de vista a questão energética, a questão vibratória.
Aquela criatura que sabe que nós a estamos desdenhando, vibra mal com relação a nós, faz as coisas vibrando negativamente. Será capaz de impregnar aquilo que nos serve, aquilo com que nos atende. E não custa dizer à nossa servidora doméstica: Fulana, Beltrana, por favor, traga-me um café. Fulana, Beltrana, muito obrigado. Não custa, é uma palavra a cada momento em que nos sintamos agraciados.
Quantas vezes entramos num restaurante, chamamos o garçom de moço ou garçom, não lhe sabemos o nome, nem temos interesse em saber, e o tratamos como se ele não fizesse mais do que a obrigação ao nos servir.
É verdade, ele recebe salário para nos servir, mas, como pessoas amorosas, como pessoas que buscam a paz no mundo e querem ajudar com aquilo que lhes é mais fácil, não nos custaria agradecer ao garçom que nos serve à mesa.
Com toda certeza, cada vez que ele vier à mesa para nos servir, ele terá um sorriso, terá alegria, terá aquela satisfação em colocar no nosso prato, no nosso copo aquilo que estamos solicitando.
A grande questão é trabalharmos, energeticamente, as relações, sabedores do quanto o indivíduo se sente feliz quando recebe um agradecimento.
O balconista, quem é que agradece ao balconista? Ele não faz mais que a obrigação, ele está recebendo para isso, esse é o discurso que nós usamos.
Mas é tão bom quando alguém nos atende e, depois de termos feito o balconista descer todos os produtos para que nós verificássemos qual deles iríamos levar e, às vezes, não levamos, depois daquele sacrifício todo nós dizermos: Muito obrigado, você foi muito gentil.
Quantas vezes essa criatura, que está do outro lado, atendendo no balcão, espera uma palavra de alguém, diante das crises humanas que está vivendo.
Há algum tempo, saindo do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, dirigindo o carro, estava com um amigo e passei pela jovem que cobrava a entrada do estacionamento. Parei o carro e entreguei-lhe o tiquet, ela me disse o valor e, por trás dessa moça registrei uma presença espiritual.
Era um senhor de cabeça branca, com ar preocupado, e dizia-me assim: Mexa com ela, brinque com ela, ela é do Ceará. Naquele átimo, olhei aquela jovem entristecida, aborrecida, e disse-lhe: Olá, cearense. Ela abriu um sorriso.
Como é que o senhor sabe que eu sou do Ceará? Eu digo: Pelo seu jeito. E ela ficou feliz, agradecida.
Eu lhe disse: Muito obrigado, embora ela estivesse ali para atender a todo mundo que fosse pagar o estacionamento.
Agradecer não deveria ser uma obrigação, deveria ser uma alegria, um dever nosso de fraternidade.
Por isso, desde os tempos apostólicos, Paulo de Tarso nos ensinou com relação a Deus: Dai graças a Deus por todas as coisas e, quando agradeço o meu próximo,  estou agradecendo a Deus que o colocou no meu caminho.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 139, apresentado
por Raul Teixeira,
 sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em abril de 2008.
 Exibido pela NET, Canal 20,
Curitiba, no dia 15 de março de 2009.

Em 13.07.2009.

Vida e Valores (Assistência Espiritual)


É muito comum nós escutarmos o ditado popular: Diga-me com quem andas e te direi quem és. Quem não conhece isto?
E, naturalmente, usamos esta expressão, para designar as pessoas que têm más companhias, que andam em boas companhias. Pela companhia que a gente escolhe, as pessoas nos caracterizam.
Fulano é bom menino, ele procura boas companhias. Fulana é boa moça, está sempre com boa gente.
E o contrário: Ele não vale nada, vê o tipo de pessoa com que ele anda.
Os seres espirituais têm uma outra maneira de encarar isso. Ao invés de dizer como nós dizemos, dize-me com quem andas e te direis quem és, eles têm uma outra maneira de informar:
Dize-me quem és e te direi com quem andas.
Porque os Espíritos partem do princípio que nós é que definimos aqueles seres que queremos como nossos acompanhantes espirituais. Todos nós temos acompanhantes espirituais indubitavelmente, quer nós acreditemos neles, quer não acreditemos neles. Quer sejamos materialistas, ateus, quer sejamos espiritualistas.
O fato é que, como afirmou Paulo de Tarso, nós estamos cercados por uma nuvem de testemunhas.
Testemunhas positivas, que querem nos ver crescer, avançar, progredir, e testemunhas negativas, aquelas que estão prontas para puxar-nos os tapetes.
Vale a pena enfocar a questão da assistência espiritual que todos temos, já que estamos cercados por nuvens de testemunhas; já que a população espiritual do planeta é muito maior do que a população encarnada no planeta. Isso quer dizer, há muito maior número de seres no mundo espiritual, do que de seres na Terra, envergando um corpo físico como nós.
Desse modo, é impossível que nós não tenhamos um acompanhamento espiritual grande. Mas, nem sempre esse acompanhamento espiritual é formado por seres que nos assistem, mas sim, por seres que nos rodeiam.
Aqueles que nos assistem, o fazem por afinidade conosco, por algum tipo de interesse junto a nós. Interesse em nossa evolução, em nosso progresso, em nosso crescimento, ou interesse em nossa desdita, em nossa infelicidade.
Mas, tudo isso não deixa de ser assistência espiritual.
Quem define o tipo de assistência espiritual somos nós, pela forma como se vive.
Esses assistentes espirituais, quando positivos, quando do bem, têm seu ponto máximo naquele ser que nós chamamos de anjo guardião.
Todos nós temos nossos anjos guardiães. Esses anjos guardiães são Espíritos que Deus estabeleceu que seriam nossos guias aqui na Terra, nossos tutores aqui no mundo. Inspirando-nos, acompanhando-nos, orientando-nos para o melhor, sempre para o melhor.
O anjo guardião sempre nos dá as boas dicas, os bons direcionamentos. Ele se comporta como o irmão mais velho ou como um pai extremado, um pai muito atencioso, que estivesse sempre desejoso de ver seus filhos felizes. Essa é a postura do anjo guardião.
Às vezes, nós damos muito trabalho ao nosso anjo guardião, porque tudo quanto ele nos sugere, nós fazemos o contrário, nós desacatamos, nós desobedecemos. E, por causa disto, certamente advêm sobre nós infelicidades, tormentos, dificuldades, quando não ouvimos a voz inspirativa do nosso anjo guardião.
Todos nós, detentores desses seres espirituais que nos assistem, deveremos aprender a travar contato mais próximo, mais íntimo com o nosso anjo guardião, que é o maior dos assistentes que acompanham a nossa vida aqui no planeta.
É esse anjo guardião o ser que Deus colocou para nos atender, para nos entender, colocou à nossa disposição.
Vale a pena que treinemos contato com esse anjo guardião. Como é que a gente consegue isto?
Através do exercício de silêncios íntimos.
Se somos pessoas, se formos indivíduos buscando sempre barulhos, tumultos, agitação; se gostarmos de muita atividade excessivamente barulhenta, com certeza não conseguimos o silêncio íntimo, para fazer ponte com nosso anjo guardião.
Ele é o ponta-de-lança da nossa vida. É ele que define aquilo que nós pretendemos conseguir, nos ajuda naquilo que desejamos alcançar, nos inspira para o bem e nos impulsiona para Deus.
Vale a pena pensarmos nesses assistentes espirituais sim, mas entendendo, que nosso dever imediato é contatar com intimidade o nosso anjo guardião.
* * *
É graças ao nosso anjo guardião, que muitas situações nos são evitadas, porque ele trata de nos anteceder em muitos lugares, em muitos acontecimentos, para que nós não sejamos apanhados de surpresa.
Quantas vezes é ele que nos inspira mudanças de caminho, a adoção de determinado caminho. É ele que nos inspira voltar à casa, depois de termos saído, e aí descobrimos que ficou uma panela no fogão aceso, que ficou uma panela sobre a chama acesa.
É ele que nos orienta para olhar o berço da criança, que às vezes está de bruços, sufocada. É ele que nos orienta dar uma olhada no carro, antes de ligarmos a chave, e percebemos que há alguma alteração, algum vazamento. O nosso anjo guardião está sempre a postos, conduzindo-nos os passos, orientando-nos os passos.
Mas, nem sempre nós desenvolvemos afinidade com nosso anjo guardião. Às vezes, nossos interesses, nossas práticas, nossas ações buscam mais os assistentes negativos, os nossos comparsas espirituais, comparsas de nossos erros, comparsas de nossos equívocos.
Muitas vezes, nós damos mais atenção espiritual aos seres que nos querem puxar para baixo, porque eles nos inspiram, por exemplo, para a bebida e nós vamos, nos inspiram para o acinte à vida, e nós adotamos a sua inspiração, nos inspiram para o crime, e nós vamos, nos incitam para a droga, e nós vamos.
Certamente, ninguém recebe somente uma inspiração. Quando nos vem à mente uma idéia negativa, paralelamente vem outra positiva: Fulano, faça isto, e a outra voz interna que diz: Não faça isto. Beltrano, prove isto, e outra voz interna que nos sugere: Não prove isto. E fica por conta do nosso livre-arbítrio, decidir o que fazemos e o que não fazemos.
Os nossos assistentes espirituais positivos, os Benfeitores Espirituais de nossas vidas, estão sempre pelejando para que nós acertemos, para que cresçamos, para que soframos menos. Mas eles não nos podem impedir sofrer, se nós buscamos o sofrimento.
É por isto que nos cabe ter mais atenção para com nossa vida, porque, de acordo com a maneira que nós formos, estabeleceremos quais serão as entidades espirituais que nos acompanharão, que formarão esse grupo de testemunhas acompanhando nossa vida, cobrindo e secundando os nossos atos.
É por causa disto que Jesus Cristo orientava-nos para o fato de ser Ele o Caminho, ser Ele a Verdade, dirigindo-nos para a grande Vida.
Não é à toa que Paulo de Tarso nos propunha: Vede prudentemente como andais, porque a forma pela qual nós andamos, os destinos que buscamos, definirão a assistência espiritual com que contaremos.
Não adianta as pessoas dizerem que sua vida está indo para trás, que elas não têm sorte na vida, se seus pensamentos, se suas ações, se suas buscas, são de má índole, são de má qualidade.
Se quando a pessoa pensa em alguém ou em alguma coisa, pensa sempre para baixo, pensa sempre negativamente, é óbvio, que o tipo de entidades espirituais que lhe darão assistência, que a acompanharão, serão entidades de baixo nível.
Temos a responsabilidade sobre a assistência espiritual que temos.
Era muito comum, ao tempo do saudoso Chico Xavier, as pessoas dizerem que se aproximavam de Chico Xavier e se sentiam bem, sentiam-se agasalhadas, sentiam-se abraçadas por Chico Xavier, que dava a cada pessoa a sensação de que eram as mais amadas por ele, graças a esse envolvimento espiritual de Chico Xavier, a influência positiva que ele exercia sobre as pessoas.
Isso porque Chico Xavier tinha uma assistência espiritual notável. O Espírito Emmanuel, seu guia espiritual, seu anjo guardião, criava em torno dele uma aura de paz, de felicidade, de alegria, com toda responsabilidade que o Chico tinha nas suas realizações.
Era por isso, pela vida que ele levava, que merecia a assistência do Espírito Emmanuel.
Muitos de nós gostaríamos de ter como guias espirituais Espíritos positivamente bons, almas nobres, Espíritos angélicos. Mas, para isso, nós temos que fazer a parte que nos cabe aqui na Terra: a luta por ser bons, a luta por melhorar a nossa maneira de viver, a luta por melhorar aqueles que estão à nossa volta, e semear pelos caminhos por onde passamos as sementes da felicidade.
Nossos assistentes espirituais, estão profundamente relacionados aos nossos hábitos, aos nossos pensares, ao nosso psiquismo.
Por causa disso, vale a pena que você, que eu, que nós todos, busquemos ao longo dos nossos caminhos, maior entrosamento com o nosso anjo guardião, desenvolvendo silêncios íntimos, o ato de orar e de meditar profundamente.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 146, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 09.11.2008.
Em 09.02.2009.

Galho verde


Capítulo 8, item 4
“... A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente
impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos...”
“... Durante o tempo em que seus instintos dormitam, ele é mais
flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que podem
modificar sua natureza e fazê-lo progredir...”
(Capítulo 8, item 4.)
Quando crianças, somos como uma “argila frágil” ou mesmo como um
galho verde prontos para ser modelados ou direcionados pelos nossos pais,
que têm por missão desenvolver nossos potenciais como uma de suas
principais tarefas. Grande parte de nossas percepções e reações emocionais
foram internalizadas em razão da influência dos adultos à nossa volta. Desde o
nascimento, somos todos extremamente sensíveis ao ambiente em que
vivemos; por isso, os adultos devem meditar sobre as posturas que irão tomar
em relação às crianças, pois terão grave importância em seu desenvolvimento
futuro.
Determinados atos no ambiente familiar podem “melhorar” e “desenvolver”,
ou “deteriorar” e “inibir” a organização psicoespiritual da personalidade infantil.
Um ponto básico para compreensão e aceitação dos conceitos de
educação em profundidade é o fato de que as crianças, no início de seu
desenvolvimento, são “forçadas” a aceitar as regras dos pais, que se
esquecem de que os filhos não são “livros em branco”, mas almas antigas que
carregam consigo enorme bagagem de experiências em seu “curriculum”
espiritual.
Cada criança é um mundo à parte. Embora existam necessidades
generalizadas para todas, também a individualidade de cada uma deve ser
respeitada, pois os filhos, mesmo de uma só família, são diferentes entre si,
inclusive os gêmeos umvitelinos.
Impraticável tentar vestir mãos diferentes com a mesma luva ou
enquadrar todas as crianças em igual padrão educativo.
Não se podem determinar modelos, receitas e atitudes absolutamente
fixas e rígidas.
Aceita-se com flexibilidade que cada criança terá sua importância à
medida que desenvolve sua personalidade.
Todas as crianças gostam e necessitam de correr, de brincai; de
estudar, de comer e de ser educadas convenientemente, mas cada uma terá
características peculiares e não poderá correr, brincar, estudar e comer como
as outras, nos mesmos moldes ou figurinos.
Um outro ponto importante é que, em muitas circunstâncias, as reações
educativas dos pais não atendem basicamente às necessidades dos filhos,
porém às deles mesmos. Inconsciente-mente, tentam educá-los através das
projeções de seus conflitos, frustrações e problemas pessoais, nunca atingindo
uma dinâmica profunda e direcionada às reais necessidades dos filhos. Certos
adultos vivem suas dificuldades interiores na vida da criança, tentando resolver
seus problemas nos problemas infantis, sentindo-se destroçados ou vitoriosos
conforme as derrotas e os triunfos dos filhos. O resultado disso tudo será uma
pessoa atingindo a maioridade completamente desconectada de suas
realidades e profundamente desorientada.
Um fato a destacar éo sofrimento dos filhos em razão de constantes
atitudes inibitórias provocadas por adultos que se comportam com excessivo
controle e zelo. Impedem que as crianças expressem gestos e raciocínios
espontâneos, bem como a sua forma de ser.
Desencorajam-nas a promover suas idéias inatas, desestimulam-lhes as
vocações naturais, alteram-lhes as atividades para as quais teriam toda uma
habilidade instintiva e faculdades apropriadas e impedem o desenvolvimento
de sua própria índole, prejudicando-as.
Portanto, deveremos ser cuidadosos na análise de nossas influências
paternais junto aos filhos, porque em “nome da missão” ou da “educação filial”
não nos é licito forçar ou distorcer os “galhos verdes”, impondo-lhes opiniões e
decisões e deixando de proporcionar-lhes gradativamente o hábito das próprias
escolhas. Superprotegidos contra os erros, defendidos dos problemas e
dificuldades, vemo-los crescendo à sombra dos pais, indecisos até sobre a
mais simples opção, numa situação de dependência e apego que se prolonga,
em muitos casos, durante toda a encarnação e também, por que não, nas
futuras.
“A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente impulso, à
medida que se desenvolvem os órgãos”, (1) e as crianças vão adquirindo uma
maior possibilidade de se expressar como realmente são. A partir daí, devem
ser educadas de forma coerente com seu caráter instintivo e traços de
personalidade - fruto dos conhecimentos que adquiriram nas existências
anteriores.
Nunca porém nos padrões da coerção, da exigência, da comparação, da
crítica constante ou da superproteção - fatores de insegurança e de desajustes
psicológicos profundos.
Pais generosos, de espírito totalmente isento de crítica destrutiva,
aproximam-se das crianças com o objetivo real de lapidá-las num clima
constante de muito amor e compreensão, jamais se esquecendo de que elas
não são suas, mas “almas eternas” em estágio temporário no recinto de nosso
lar. São criaturas de Deus a caminho da luz.

Livro : Renovando Atitudes/ Hammed

Aparências( Renovando Atitudes)


Capítulo 21, item 1
“A árvore que produz maus frutos não é boa, e a árvore que produz
bons frutos não é má; porque cada árvore se conhece pelo seu próprio
fruto. Não se colhem figos dos espinheiros e não se cortam cachos de
uva de sobre as sarças...”
(Capítulo 21, item 1.)
Fugimos constantemente de nossos sentimentos interiores por não
confiarmos em nosso poder pessoal de transformação e, dessa forma, forjamos
um “disfarce” para sermos apresentados perante os outros.
Anulamos qualquer emoção que julgamos ser inconveniente dizendo
para nós mesmos: ‘‘eu nunca sinto raiva”, “nunca guardo mágoa de ninguém”,
vestindo assim uma aparência de falsa humildade e compreensão.
Máscaras fazem parte de nossa existência, porque todos nós não
somos totalmente bons ou totalmente maus e não podemos fugir de nossas
lutas internas. Temos que confrontá-las, porque somente assim é que
desbloquearemos nossos conflitos, que são as causas que nos mantêm
prisioneiros diante da vida.
Devemos nos analisar como realmente somos.
Nossos problemas íntimos, se resolvidos com maturidade,
responsabilidade e aceitação, são ferramentas facilitadoras para construirmos
alicerces mais vigorosos e adquirirmos um maior nível de lucidez e
crescimento.
Não devemos nunca mantê-los escondidos de nós próprios, como se
fossem coisas hediondas, e sim aceitar essas emoções que emergem do
nosso lado escuro, para que possamos nos ver como somos realmente.
Por não admitirmos que evoluir é experimentar choques existenciais e
promover um constante estado de transformação interior é que, às vezes,
deixamos que os outros decidam quem realmente somos nós, colocando-nos,
então, num estado de enorme impotência perante nossas vidas.
A maneira de como os outros nos percebem tem grande influência sobre
nós. Amigos opressores, religiosos fanáticos, pais dominadores e cônjuges
inflexíveis podem ter exercido muita influência sobre nossas aptidões e até
sobre nossa personalidade.
Portanto, não nos façamos de superiores, aparentando comportamentos
de “perfeição apressada”; isso não nos fará bem psiquicamente nem ao menos
nos dará a oportunidade de fazer autoburilamento.
Deixemos de falsas aparências e analisemos nossas emoções e
sentimentos, aprimorando-os. Canalizadas nossas energias, faremos delas
uma catarse dos fluxos negativos, transmutando-as a fim de integrá-las
adequadamente.
Aceitar nossa porção amarga é o primeiro passo para a transformação,
sem fugirmos para novo local, emprego ou novos afetos, porque isso não nos
curará do sabor indesejável, mas somente nos transportará a um novo quadro
exterior. Os nossos conflitos não conhecem as divisas da geografia e, se não
encarados de frente e resolvidos, eles permanecerão conosco onde quer que
estejamos na Terra.
Para que possamos fazer alquimia das correntes energéticas que
circulam em nossa alma, procedamos à auto-observação e à auto-análise de
nossa vida interior, sem jamais negar a nós mesmos o produto delas.
Lembremo-nos de que, por mais que se esforcem as más árvores para
parecer boas, mesmo assim elas não produzirão bons frutos. Também os
homens serão reconhecidos, não pelos aparentes “frutos”, não por
manifestarem atos e atitudes mascarados de virtudes, mas por ser criaturas
resolvidas interiormente e conscientes de como funciona seu mundo
emocional.
Somente pessoas com esse comportamento estarão aptas a ser árvores
produtoras de frutos realmente bons.

Livro: Renovando Atitudes- Francisco do Espírito Santo / Hammed

Os opostos( Renovando Atitudes)


Capítulo 10, item 12
“... Como continuassem a interrogá-lo, ele se ergueu e lhes disse:
Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a primeira pedra.
Depois, abaixando-se de novo, continuou a escrever sobre a terra...”
(Capítulo 10, item 12.)
“Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a primeira pedra”,
assim enunciou Jesus Cristo diante da mulher surpreendida em adultério.
Ele conhecia a intimidade das criaturas humanas e as via como um livro
completamente aberto.
Sabia de suas carências e necessidades condizentes com seu grau
evolutivo, bem como conhecia todo o mecanismo proveniente de sua “sombra”,
quer dizer, a soma de tudo aquilo que elas não desejam ter e ver em si
mesmas.
O termo “sombra” foi desenvolvido por Carl Gustav Jung, eminente
psiquiatra e psicólogo suíço, para conceituar o somatório dos lados rejeitados
da realidade humana, que permanecem inconscientes por não querermos vêlos.
Jesus sabia que todos ali presentes fariam daquela mulher um “bode
expiatório” para aliviar suas consciências de culpa, projetando sobre ela seus
sentimentos e emoções não aceitos e apedrejando-a sumariamente, conforme
as leis da época.
Em conseqüência, todos ali reunidos sentiriam momentaneamente um
alívio ao executá-la, ou mesmo, “livres dos pecados”, pois nela seriam
projetados os chamados defeitos repugnantes e desprezíveis, como se
dissessem para si mesmos: “não temos nada com isso”.
O Mestre, porém, induziu-os a fazer uma “introspecção”, impulsionandoos
para uma viagem interior, indagando: “quem de vós não tem pecados?”
Somos, a todo instante, tentados a encobrir nossas vulnerabilidades ou
“pontos fracos” por não aceitarmos ser natural que parte de nós é segura e
generosa, enquanto outra duvida e éegoísta.
Faz-se necessario admitirmos nossos “pecados” porque somente dessa
forma iremos confrontar-nos com nossos “sótãos fechados” e promover nosso
amadurecimento espiritual.
Admitindo nossos lados positivo e negativo, em outras palavras, nossa
“polaridade”, passaremos a observar nossa ambivalência, rejeitando assim as
barreiras que nos impedem de ser autênticos. Urge que reconheçamos nossa
condição humana de pessoas em processo de desenvolvimento evolucional.
Ao assumirmos, porém, nossos “opostos” como elementos naturais da
estrutura humana (egoísmo-desinteresse, dominação-submissão, adulaçãoaversão,
ciúme-indiferença, malíciaingenuidade, vaidade-desmazeLo, apegoapatia),
aprendemos a não nos comportar como o pêndulo - ora num extremo,
ora no outro.
A balança volta sempre ao ponto de equilíbrio, e éjustamente essa a
nossa meta de aprendizagem na Terra. Nem avareza, nem esbanjamento, nem
preguiça, nem superentusiasmo, nem tanto lá, nem tanto cá, tudo com
“eqüanimidade”, isto é, dando igual importância aos lados, a fim de acharmos o
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meio-termo.
As polaridades unidas formam a totalidade, ou a unidade, mesmo
porque nossa visão depende de ambas as partes unidas, para que nossas
observações e estruturas não sejam claudicantes. Em suma, unir as
polaridades em nossa consciência nos torna unos ou seres totais.
Com essa determinação, vamos adquirir um bom nível de
permeabilidade e conseguir transcender os limites e interligar nossos opostos,
atingindo um estado de consciência elevada, o que permitirá que nosso
consciente e nosso inconsciente se fundam numa “unidade total”.
As pesquisas da atualidade analisaram as metades do cérebro e
chegaram à conclusão de que cada uma tem funções, capacidades e suas
respectivas áreas, onde atuam as diferentes responsabilidades da psique
humana.
O lado esquerdo cuida da lógica, da linguagem, da leitura, da escrita,
dos cálculos, do tempo, do pensamento digital e linear e do lado direito do
corpo, entre outras coisas, enquanto que o direito se prende às percepções da
forma, da sensação do espaço, da intuição, do simbolismo, da atemporidade,
da música, do olfato e do lado esquerdo do corpo, entre outras funções.
Usar a totalidade cerebral é ter uma visão real da vida que nos cerca;
portanto, com apenas metade do cérebro, teremos a bipartição da verdade, ou
melhor, a não-conexão dos opostos.
O Mestre afirmou-nos: “Eu e meu Pai somos um”, (1) querendo dizer
que Ele era pleno, pois enxergava tudo no Universo como um “todo”, através
de sua consciência iluminada e integralizada.
Jesus não agia dividido em “pares opostos “Não pensava e não sentia
como homem ou mulher, mas como espírito eterno; não visualizava o interior e
exterior, antes observava o Universo e a nós por inteiro, “dentro e fora”,
argumentando que o “Reino de Deus” e “as muitas moradas da Casa do Pai”
estavam no exterior e, ao mesmo tempo, no interior.
Por isso, não há nada a corrigir ou a consertar em nós, a não ser
melhorar a nossa própria forma de ver as coisas, aprendendo a conhecer
amplamente as interligações dos opostos, a fim de atingirmos o equilíbrio
perfeito.
“Pecado”, em síntese, são as extremidades de nossa polaridade
existencial. Daí decorre a afirmação de Jesus de Nazaré aos homens que
somente olhavam um dos lados do fato naquele julgamento e que, ao mesmo
tempo, escondiam sentimentos e emoções que gostariam que não existissem.
Em suma, a ferramenta vital para interligar os opostos chama-se amor,
porque amar é buscar a unificação das pessoas e das coisas, pois ele quer
fundir e não dividir, O amor tem que ser absolutamente incondicional porque,
enquanto for seletivo e preferencial, não será amor real. Quem ama realmente
constitui um “nós”, isto é, “une”, sem anular o próprio eu
O sol emite raios para todas as criaturas e não distribui sua
luminosidade segundo o merecimento de cada um. Assim também é o amor do
Mestre: não diferencia bons e maus, certos e errados, poderosos e simples,
não separa, nem divide, simplesmente ama a todos, pelo próprio prazer de
amar.
(1) João 10:30.

Lágrimas ( Renovando Atitudes)


Capítulo 5 item 1
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bemaventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino
dos céus é para eles.”
(Capítulo 5 item 1.)
Lágrimas são emoções materializadas que romperam as barreiras do
corpo físico. Em realidade, representam os excessos de energia que
necessitamos extravasar.
Nem sempre são as mesmas fontes que determinam as lágrimas, pois
variadas são as nascentes geradoras que as expelem através dos olhos.
Lágrimas nascidas do amor materno são vistas quase que
corriqueiramente nos olhos das mães apaixonadas pelos filhos.
Lágrimas de alegria marejam nos olhos dos enamorados, pelas emoções
com que traçam planos de felicidade no amor.
Lágrimas geradas pela dor de quem vê o ente querido partir nos braços da
morte física, entre as esperanças de reencontrá-lo logo mais, na vida eterna.
Lágrimas de amigos que apertam mãos nas realizações e uniões
prósperas são sempre nascentes puras de emotividade sadia oriundas do
coração.
Há, porém, lágrimas criadas pelos centros de desequilíbrio, que mais se
assemelham a gotas de fel, pois, quando jorram, congestionam os olhos,
tornando-os de aspecto agressivo, de cor carmim, entre energias danosas que
embrutecem a vida.
Lágrimas de inveja e revolta que brotam nos olhares dos orgulhosos e
despeitados, quando identificam criaturas que vencem obstáculos, alcançando
metas e exaltando as realizações ditosas que se propuseram edificar.
Lágrimas de angústia e desconforto que umedecem as pálpebras dos
inconformados e rebeldes, os quais, por não respeitarem a si mesmos e aos
outros, sofrem como conseqüência todos os tipos de desencontros nos
caminhos onde transitam desesperados.
Lágrimas de pavor e devassidão, em uma análise mais profunda, são
tóxicos destilados pela fisionomia dos corruptos, que lesam velhos, crianças e
famílias inteiras na busca desenfreada de ouro e poder.
Lágrimas dissimuladas que gotejam da face dos hipócritas e sedutores,
os quais, por fraudarem emoções, acreditam sair ilesos perante as leis naturais
da vida.Conta-se que lágrimas espessas rolaram dos olhos dos ladrões
crucificados entre o Senhor Jesus, no’Gólgota.
As gotas de lágrima do mau ladrão fecundaram, no terreno dos
sentimentos, as raízes da reflexão e do discernimento, que permitiram entender
o porque dos corações rígidos e inflexíveis. A humanidade aprendeu que há
hora de plantar e tempo de ceifar e que nem todos estão ainda aptos a
compreender a essência espiritual, nascendo, portanto, dessa percepção o
“perdão incondicional”.
Mas dos olhos do bom ladrão deslizaram as lágrimas dos que já
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admitiram seus próprios erros, vitalizando o solo abundantemente e fazendo
germinar as sementes poderosas que permitem às consciências em culpa usar
sempre “amor incondicional” para si mesmas e para os outros, como forma de
restaurar sua vida para melhor.
Isso fez com que os seres humanos se aproximassem cada vez mais do
patamar da reparação e do enorme poder de transformação que existem neles
mesmos, reformulando e reorganizando gradativamente suas vidas.
Estabeleceu-se assim, na Terra, o “arrependimento” - sentimento verdadeiro de
remorso pelas faltas cometidas e que serve para renovação de conceitos e
atitudes.
No teu mergulho interior, pondera tuas lágrimas, analisa-as e certifica-te
dos sentimentos que lhes deram origem.
Que sejam sadias tuas fontes geradoras de emoções e que esse líquido
cristalino que escorre sobre tuas faces te levem ao encontro da paz interior,
entre alicerces de uma vida plena.

Problemas morais sobre o suicídio


Revista Espírita, novembro de 1858
Questões dirigidas a São Luís, por intermédio do senhor C..., médium falante e vidente, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sessão do dia 12 de outubro de 1858.
1. Por que o homem que tem a firme intenção de se destruir, se revolta com a idéia de ser morto por um outro, e se defenderia contra os ataques no próprio momento em que vai cumprir seu desígnio? - R. Porque o homem tem sempre medo da morte; quando se a dá a si mesmo, está superexcitado e tem a cabeça desarranjada, e cumpre esse ato sem coragem e medo, e sem, por assim dizer, ter o conhecimento do que faz, ao passo que, se tivesse a escolha, não veríeis tantos suicidas. O instinto do homem leva-o a defender a sua vida, e, durante o tempo que se escoa entre o instante que seu semelhante se aproxima para matá-lo e aquele no qual o ato é cometido, ele tem sempre um movimento de repulsão instintiva da morte que o leva a repelir esse fantasma, que não é apavorante senão para o Espírito culpado. O homem que se suicida não experimenta esse sentimento, porque está cercado de Espíritos que o impelem, que o ajudam em seus desejos, e lhe fazem perder completamente a lembrança do que não é ele, quer dizer, de seus parentes e daqueles que o amam, e de uma outra existência. O homem nesse momento é todo egoísmo.
2. Aquele que, desgostoso da vida, mas não quer suicidar-se e quer que sua morte sirva para alguma coisa, é culpável por procurá-la num campo de batalha, defendendo o seu país? - R. Sempre. O homem deve seguir o impulso que lhe é dado; qualquer que seja a carreira que abrace, qualquer que seja a vida que conduza, está sempre assistido por Espíritos que o conduzem e o dirigem com o seu desconhecimento; ora, procurar ir contra os seus conselhos é um crime, uma vez que aí estão colocados para nos dirigir, e que esses bons Espíritos, quando queremos agir por nós mesmos, aí estão para nos ajudar. Entretanto, se o homem conduzido por seu próprio Espírito, quer deixar esta vida, abandona-o, e reconhece sua falta mais tarde, quando se acha obrigado a recomeçar uma outra existência O homem deve ser provado para se elevar; deter seus atos, por entrave ao seu livre arbítrio, seria ir contra Deus, e as provas, nesse caso, se tomariam inúteis, uma vez que os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e ignorante; é preciso, pois, para chegar às esferas felizes, que progrida, se eleve em ciência e em sabedoria, e não é senão na adversidade que o Espírito colhe sua elevação do coração e compreende melhor a grandeza de Deus.
3. Um dos assistentes observou que crê ver uma contradição entre essas últimas palavras de São Luís e as precedentes, quando disse que o homem pode ser levado ao suicídio por certos Espíritos que a isso o excitam. Nesse caso, cederia a um impulso que lhe seria estranho. - R. Não há contradição. Quando eu disse que o homem impelido ao suicídio, estava cercado de Espíritos que o solicitavam a isso, não falei dos bons Espíritos que fazem todos os esforços para disso desviá-lo; deveria estar subentendido; todos sabemos que temos um Anjo guardião, ou, se preferis, um guia familiar. Ora, o homem tem seu livre arbítrio; se, apesar dos bons conselhos que lhe são dados, persevera nessa idéia que é um crime, ele a cumpre e é ajudado nisso pelos Espíritos levianos e impuros que o cercam, que ficam felizes em verem que ao homem, ou Espírito encarnado, também lhe falta coragem para seguir os conselhos de seu bom guia, e, freqüentemente, do Espírito de seus parentes mortos que o cercam, sobretudo em circunstâncias semelhantes.

A Caridade


Revista Espírita, agosto de 1858
Pelo Espírito de São Vicente de Paulo.
Sociedade de estudos espíritas, sessão de 8 de junho de 1858.
Sede bons e caridosos, eis a chave dos céus que tendes em vossas mãos; toda a felicidade eterna está encerrada nessa máxima: amai-vos uns aos outros. A alma não pode se elevar às regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; não encontra felicidade e consolação senão no impulso da caridade; sede bons, sustentai vossos irmãos, deixai de lado essa horrível chaga do egoísmo; esse dever cumprido deve vos abrir o caminho da felicidade eterna. De resto, dentre vós, quem não sentiu seu coração pulsar, sua alegria interior dilatar pela ação de uma obra caridosa? Não deveríeis pensar senão nessa espécie de volúpia, que uma boa ação proporciona, e permaneceríeis, sempre, no caminho do progresso espiritual. Os exemplos não faltam; não há senão a boa vontade, que é rara. Vede a multidão de homens de bem, dos quais vossa historia vos evoca a piedosa lembrança. Eu vo-los citaria aos milhares aqueles cuja moral não tinha por objetivo senão melhorar vosso globo. O Cristo não vos disse tudo o que concerne a essas virtudes de caridade e de amor? Por que deixar de lado esses divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras; o coração a todas essas doces máximas? Gostaria que as leituras evangélicas fossem feitas com mais interesse pessoal; abandona-se esse livro, dele se faz uma palavra oca. Uma carta fechada; deixa-se esse código admirável no esquecimento: vossos males não provêm senão do abandono voluntário em que deixais esse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes do devotamento de Jesus, e meditai-as. Estou envergonhado comigo mesmo, de ousar vos prometer um trabalho sobre a caridade, quando penso que nesse livro encontrareis todos os ensinamentos que devem vos conduzir, pela mão, às regiões celestes.
Homens fortes, cingi-vos; homens fracos, fazei vós armas de vossa doçura, de vossa fé; tende mais persuasão, mais constância na propagação de vossa nova doutrina; não é senão um encorajamento que viemos vos dar; senão para estimular vosso zelo e vossas virtudes que Deus nos permite nos manifestar a vós; mas, querendo, não se teria necessidade senão da ajuda de Deus e de sua própria vontade: as manifestações espíritas não são feitas senão para os de olhos fechados e os corações indóceis. Há, entre vós, homens que têm a cumprir missões de amor e de caridade; escutai-os, elevai sua voz; fazei resplandecer seus méritos, e vos exaltareis a vós mesmos pelo desinteresse e pela fé viva com a qual vos penetrarão.
As advertências detalhadas seriam muito longas para dar, sobre a necessidade de alargar o círculo da caridade, e dela fazer participar todos os infelizes, cujas misérias são ignoradas, todas as dores que devem ser procuradas, em seus redutos para consolá-los em nome desta virtude divina: a caridade. Vejo com felicidade quantos homens eminentes e poderosos ajudam esse progresso que deve ligar, entre elas, todas as classes humanas: os felizes e os infelizes. Os infelizes, coisa estranha! se dão todos a mão e sustentam suas misérias, uns pelos outros. Por que os felizes são mais retardatários para escutarem a voz dos infelizes? Por que é preciso que seja mão possante e terrestre que dê o impulso às missões caridosas? Por que não se responde com mais ardor a esses chamados? Por que deixar as misérias mancharem, como por prazer, o quadro da Humanidade?
A caridade é a virtude fundamental, que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem ela, as outras não existem: sem caridade, não há fé nem esperança; porque, sem a caridade, não há esperança em uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos guie. Sem a caridade, não há fé, porque a fé não é senão um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa; é a sua conseqüência decisiva.
Quando deixar o coração se abrir ao pedido do primeiro infeliz que vos estende a mão; quando lhe der, sem perguntar se sua miséria não é fingida, ou se o mal num vício lhe é causa; quando deixar toda justiça nas mãos divinas; quando deixar o castigo das misérias mentirosas ao Criador; enfim, quando fizer a caridade tão-só pela felicidade que ela proporciona, e sem procurar a sua utilidade, então, sereis os filhos que Deus amará e que ele chamará para si.
A caridade é a âncora eterna da salvação em todos os globos: é a mais pura emanação do próprio Criador; é sua a própria virtude, que ele dá à criatura. Como desejaríeis desconhecer essa suprema bondade? Qual seria, com esse pensamento, o coração bastante perverso para pisotear e enxotar esse sentimento todo divino? Qual seria o filho bastante mau para se revoltar contra essa doce carícia: a caridade?
Não ouso falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também têm o pudor das suas obras; mas creio que a obra que comecei, é uma daquelas que devem mais contribuir para o alívio de vossos semelhantes. Vejo, freqüentemente, Espíritos pedirem, por missão, para continuarem a minha obra; eu as vejo, minhas doces e caras irmãs, em seu piedoso e divino ministério; vejo-as praticar as virtudes, que vos recomendo, com toda a alegria que proporciona essa existência de devotamento e de sacrifício; é uma grande felicidade, para mim, ver quanto o seu caráter é honroso, quanto sua missão é amada e docemente protegida Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar, grandemente, a obra de propagação de caridade; encontrareis a recompensa dessa virtude pelo seu próprio exercício; não há alegria espiritual que ela não dê desde a vida presente. Sede unidos; amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja.
Agradecemos a São Vicente de Paulo pela bela e boa comunicação que consentiu nos dar. - Gostaria que fosse proveitosa a todos.
Poderíeis nos permitir algumas perguntas complementares, a respeito do que acabais de nos dizer? - Eu o desejo muito; meu objetivo é vos esclarecer; perguntai o que quiserdes.
1. A caridade pode entender-se de dois modos: a esmola propriamente dita, e o amor aos semelhantes. Quando nos dissestes que é preciso deixar seu coração abrir ao pedido do infeliz que nos estende a mão, sem perguntar se sua miséria não é fingida, não quisestes falar da caridade do ponto de vista da esmola? - R. Sim, unicamente nesse parágrafo.
2. Dissestes que é preciso deixar à justiça de Deus a apreciação da miséria fingida; parece-nos, entretanto, que dar sem discernimento às pessoas que não têm necessidade, ou que poderiam ganhar sua vida por um trabalho honroso, é encorajar o vício e a preguiça. Se os preguiçosos encontrassem, muito facilmente, a bolsa dos outros aberta, eles se multiplicariam ao infinito, em prejuízo dos verdadeiros infelizes. - R. Podeis discernir aqueles que podem trabalhar, e então a caridade vos obriga tudo fazer para lhes proporcionar trabalho; mas há, também, pobres mentirosos que sabem simular o jeito das misérias que não têm; é para estes que é preciso deixar a Deus toda a justiça.
3. Aquele que não pode dar senão cinco francos, e deve escolher entre dois infelizes que lhe pedem, não tem razão em perguntar, quem tem, realmente, maior necessidade, ou deve dar sem exame ao primeiro que chega? - R. Deve dar àquele que pareça ser o mais sofredor.
4. Não se pode considerar, também, como fazendo parte da caridade, a maneira de praticá-la? - R. É, sobretudo, na maneira pela qual se presta o serviço, que a caridade é verdadeiramente meritória; a bondade é, sempre, o indício de uma alma bela.
5. Que gênero de mérito concedeis àqueles que chamam benfeitores ásperos? - R. Não fazem o bem senão pela metade. Recebem seus benefícios, mas eles não comovem.
6. Jesus disse: "Que vossa mão direita não saiba o que dá a vossa mão esquerda." Aqueles que dão por ostentação têm alguma espécie de mérito? - R. Não têm senão o mérito do orgulho, pelo qual serão punidos.
7. A caridade cristã, em sua mais larga acepção, não compreende também a doçura, a benevolência e a indulgência pelas fraquezas alheias? - R. Imitai Jesus; Ele vos disse tudo isso; escutai-o mais do que nunca.
8. A caridade é bem intencionada quando feita exclusivamente entre as pessoas de uma mesma seita, ou de um mesmo partido? - Não; é sobretudo esse Espírito de seita e de partido que é preciso abolir, porque todos os homens são irmãos. É sobre essa questão que concentramos nossos esforços.
9. Suponho um indivíduo que vê dois homens em perigo; deles não pode salvar senão um, mas um é seu amigo e o outro seu inimigo; a quem deve salvar? - Deve salvar seu amigo, porque esse amigo podia reclamar daquele que crê amá-lo; quanto ao outro, Deus se encarregará dele.

A inveja


Revista Espírita, julho de 1858
Dissertação moral ditada pelo Espírito de São Luís ao senhor D.....
São Luís nos havia prometido, em uma das sessões da Sociedade, uma dissertação sobre a Inveja. O senhor D..., que começava a se tornar médium, e que ainda duvidava um pouco, não da Doutrina da qual era um dos mais fervorosos adeptos, e que compreende em sua essência, quer dizer, do ponto de vista moral, mas da faculdade que nele se revelava, evocou São Luís, em seu nome particular, e lhe dirigiu a seguinte pergunta :
- Consentiríeis dissipar minhas dúvidas, minhas inquietações, sobre minha força medianímica, escrevendo, por meu intermédio, uma dissertação que havíeis prometido à Sociedade para a terça-feira, 1º de junho? - R. Sim; para tranqüilizá-lo, consinto.
Foi então que o trecho seguinte lhe foi ditado. Anotaremos que o senhor D... se dirigiu a São Luís com um coração puro e sincero, sem prevenção, condição indispensável para toda boa comunicação! Não era uma prova que fazia: ele não duvidava senão de si mesmo, e Deus permitiu que fosse atendido, a fim de lhe dar os meios de se tornar útil. O senhor D... é hoje um dos médiuns mais completos, não só por uma grande facilidade de execução, mas por sua aptidão para servir de intérprete a todos os Espíritos, mesmo aqueles de ordem mais elevada, que se exprimem fácil e voluntariamente por seu intermédio. Aí estão, sobretudo, as qualidades que se devem procurar num médium, e que este pode sempre adquirir com a paciência, a vontade e o exercício. O senhor D... não teve necessidade de muita paciência; ele tinha em si a vontade e o fervor unidos a uma aptidão natural. Alguns dias bastaram para levar sua faculdade ao mais alto grau. Eis o ditado que lhe foi feito sobre a Inveja:
"Vede este homem: seu Espírito está inquieto, sua infelicidade terrestre está em seu auge; ele inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seu semelhante; seu coração está destroçado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que ele re-aquece, que lhe sugere, sem cessar, os mais fatais pensamentos: "Terei essa volúpia, essa felicidade? Isso me é devido, não obstante, como a estes; sou homem como eles; por que seria deserdado?" E se debate sob sua impotência, vítima dos horríveis suplícios da inveja. Feliz ainda se essas funestas idéias não o levarem para a beira de um abismo. Entrado nesse caminho, ele se pergunta se não deve obter pela violência o que acredita lhe ser devido; se não irá expor, a todos os olhos, o mal horrível que o devora. Se esse infeliz tivesse apenas olhado abaixo de sua posição, teria visto o número daqueles que sofrem sem se lamentar, ainda bendizendo o Criador; porque a infelicidade é um benefício do qual Deus se serve para fazer a pobre criatura avançar para o seu trono eterno.
Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus; essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas; a Inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo; a caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, que se irão um a um à medida que os homens de boa-vontade, que virão depois de vós, se multiplicarem. Amém."

A preguiça


Revista Espírita, junho de 1858
Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Hermance Dufaux
(5 de maio de 1858)

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Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. Foi a um deles e o abordou dizendo: "Que fazes tu aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revólveres o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário." E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros, agradecendo-lho em seu coração.
O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo: "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo;" e o senhor tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.
Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu companheiro trabalhar.
Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: "Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe deu uma peça de prata, despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado;" não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.

II

Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa.
Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor Cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.