A Irritação
Ao sair do lar, defrontas os problemas da condução e do trânsito,
na busca da tua oficina de trabalho.
Transportes abarrotados, pessoas rudes, multidões apressadas,
violência pela disputa de lugares, ruas e avenidas movimentadas...
*
Se chove, emperra o trânsito e as dificuldades se ampliam.
Se faz sol, o calor produz mal-estar e as reclamações promovem
aborrecimento.
Se dispões de veículo próprio, não te podes mover conforme
gostarias, pelas vias de acesso, em congestionamento crescente.
*
Todos têm que chegar a tempo.
O relógio não pára.
Os que se atrasaram pretendem recuperar os minutos perdidos
e atropelam os que estão ao lado ou à frente...
*
A irritação chega e se instala, perturbando-te e levando-te a
competir também com os agressivos.
As buzinas produzem bulha, os semáforos te interrompem a
marcha, e tudo parece estar contra os teus propósitos.
*
Mantém a calma.
Amanhã, propõe-te a sair de casa mais cedo.
A tranqüilidade de todo um dia merece o teu investimento de
alguns minutos.
Não te irrites, portanto, evitando os perigos da ira, que instala
desequilíbrios graves que podes evitar.
Livro: Episódios Diários
Joana de Angelis
Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
terça-feira, 24 de julho de 2012
Ao Amanhecer
Ao Amanhecer
Dia novo, oportunidade renovada.
Cada amanhecer representa divina concessão que não podes nem deves desconsiderar.
Mantém, portanto, atitude positiva em relação aos acontecimentos que devem ser enfrentados;
otimismo diante das ocorrências que surgirão;
coragem no confronto das lutas naturais;
recomeço de tarefa interrompida; ocasião de realizar o programa planejado.
Cada amanhecer é convite sereno à conquista de valores que parecem inalcançáveis.
À medida que o dia avança, aproveita os minutos, sem pressa nem postergação do dever.
*
Não te aflijas ante o volume de coisas e problemas que tens
pela frente.
Dirige cada ação à sua finalidade específica.
Após concluir um serviço, inicia outro e, sem mágoa dos acontecimentos desagradáveis, volve à lição com disposição, avançando, passo a passo, até o momento de conclusão dos deveres planejados.
*
Não tragas do dia precedente o resumo das desditas e dos aborrecimentos.
Amanhecendo, começa o teu dia com alegria renovada e sem passado negativo, enriquecido pelas experiências que te constituirão recurso valioso para a vitória que buscas.
Livro Episódios Diários.
Autor Espiritual: Joana de Angelis
ADOLESCÊNCIA - FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS
ADOLESCÊNCIA - FASE DE TRANSIÇÃO E DE
CONFLITOS
A adolescência é o período próprio do desenvolvimento físico e psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças, prolongando-se, até aos vinte e dezoito anos,
respectivamente, nos países de clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo.
Nessa fase, há um desdobramento dos órgãos secundários do sexo, dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozóide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz, enquanto as moças apresentam desenvolvimento dos ossos
da bacia, dos seios, o que ocorre com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e dos
conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia, facultando o espaço para desenvolvimento e definição da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando a reencarnação, o adolescente passa a viver a experiência nova, definindo os rumos do comportamento que o tempo amadurecerá através
da vivência dos novos desafios.
Inadaptado ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais criança, encontrando-se, no entanto, sem estrutura organizada
para os jogos da idade adulta. É, portanto, o período intermediário entre as duas fases importantes da existência terrena, que se encarrega de preparar o
ser para as atividades existenciais mais profundas.
Inseguro, quanto aos rumos do futuro, o jovem enfrenta o mundo que lhe parece hostil, refugiando-se na timidez ou expandindo o temperamento,
conforme sejam as circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases de sustentação familiar, religiosa e social, sentem-lhe os embates dos desafios que enfrenta, pois relaciona tudo quanto aprendeu com o que encontra pela frente.
Não possuindo a maturidade do discernimento, e fascinado pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atirase com sofreguidão aos prazeres novos sem dar-se conta dos comprometimentos que passa a firmar, entregando-se às sensações que lhe
tomam todo o corpo.
Outras vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como comportar-se, refugia-se no medo de assumir responsabilidades decorrentes das atitudes e faz quadros psicopatológicos, como depressão,
melancolia, irritabilidade, escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias atuais as licenças morais são muito agressivas, convidando o jovem, ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na área do sexo, que parece constituir-lhe a meta prioritária em que chafurda
até o cansaço, dando surgimento à usança de recursos escapistas, que não atendem às necessidades presentes, antes mais o perturbam,
comprometendo-o de maneira lamentável.
Nesse período, o corpo adolescente é um laboratório de hormônios que trabalham em favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas formulações, passando um período de ajustamento que deve facultar o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como é compreensível, a escala de valorização da vida se modifica ante o mundo estranho e atraente que ele descortina, contestando tudo quanto antes lhe constituía segurança e estabilidade.
Os novos painéis apresentam-lhe cores deslumbrantes, e não encontrando conveniente orientação, educação consistente, firmadas no entendimento das suas necessidades, contesta e agride os valores
convencionais, elaborando um quadro compatível com o seu conceito, no qual passa a comprazerse, ignorando os cânones e paradigmas nos quais se
baseiam os grupos sociais, que perdem, para ele, momentaneamente, o significado.
A velocidade da telecomunicação, a diminuição das distâncias através dos
recursos da mídia, da computação, das viagens aéreas, amedrontam os caracteres mais frágeis, enquanto estimulam os mais audaciosos, propondolhes
o descobrimento do mundo e o sorver de todos os prazeres quase que de um só gole.
Os esportes, que se perdem num incontável número de propostas, chamam-no, e os outros deveres, aqueles que dizem respeito à cultura intelectual, à vivência religiosa, ao comportamento ético-moral, porque exigem
sacrifícios mais demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato,
ensoberbecendo o ego e exibindo a personalidade.
O culto do corpo, nos campeonatos de glorificação das formas, agrada, elaborando programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e
constitucional.
A música alucinante e as danças de exalçamento da sensualidade levamno à ardência sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que
exige novas e diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A moderação cede lugar ao excesso e o equilíbrio passa a plano secundário, porque o jovem, nesse momento, receia perder as facilidades que se multiplicam e o exaurem, sem dar-se conta das finalidades reais da existência física.
O Espiritismo oferece ao jovem um projeto ideal de vida, explicando-Lhe o objetivo real da existência na qual se encontra mergulhado, ora vivendo no
corpo e, depois, fora dele, como um todo que não pode ser dissociado somente porque se apresenta em etapas diferentes. Explica-lhe que o Espírito é imortal
e a viagem orgânica constitui-lhe recurso precioso de valorização do processo iluminativo, libertador e prazenteiro.
Elucidando-o, quanto ao investimento que a todos é exigido, desperta-o para a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do
equilíbrio moral pela disciplina mental e ação correta, a fim de poder colher por longos, senão todos os anos da jornada carnal, os resultados formosos, que são decorrentes do empenho pela própria dignificação.
Os pais e os educadores são convidados, nessa fase da vida juvenil, a caminharem ao lado do educando, dialogando e compreendendo-lhe as
aspirações, porém exercendo uma postura moral que infunda respeito e intimidade, ao mesmo tempo fortalecendo a coragem e ajudando nos desafios que são propostos, para que o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança no rumo do futuro.
São muito importantes essas condutas dos adultos, que, mesmo sem o desejarem, servem de modelos para os aprendizes que transitam na adolescência, porqüanto os hábitos que se arraigarem permanecerão como
definidores do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os melhores métodos para atender a busca do jovem, oferecendo-lhe os seguros mecanismos que facilitam o êxito nos empreendimentos encetados, assim como nos porvindouros.
Continência moral, comedimento de atitudes constituem preparativos indispensáveis para a formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de claro-escuro discernimento, para o triunfo sobre si mesmo e sobre as dificuldades que enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na Terra.
Livro: Adolescencia e Vida psicografado por Divaldo e ditado por Joana de Angelis
CONFLITOS
A adolescência é o período próprio do desenvolvimento físico e psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças, prolongando-se, até aos vinte e dezoito anos,
respectivamente, nos países de clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo.
Nessa fase, há um desdobramento dos órgãos secundários do sexo, dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozóide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz, enquanto as moças apresentam desenvolvimento dos ossos
da bacia, dos seios, o que ocorre com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e dos
conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia, facultando o espaço para desenvolvimento e definição da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando a reencarnação, o adolescente passa a viver a experiência nova, definindo os rumos do comportamento que o tempo amadurecerá através
da vivência dos novos desafios.
Inadaptado ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais criança, encontrando-se, no entanto, sem estrutura organizada
para os jogos da idade adulta. É, portanto, o período intermediário entre as duas fases importantes da existência terrena, que se encarrega de preparar o
ser para as atividades existenciais mais profundas.
Inseguro, quanto aos rumos do futuro, o jovem enfrenta o mundo que lhe parece hostil, refugiando-se na timidez ou expandindo o temperamento,
conforme sejam as circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases de sustentação familiar, religiosa e social, sentem-lhe os embates dos desafios que enfrenta, pois relaciona tudo quanto aprendeu com o que encontra pela frente.
Não possuindo a maturidade do discernimento, e fascinado pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atirase com sofreguidão aos prazeres novos sem dar-se conta dos comprometimentos que passa a firmar, entregando-se às sensações que lhe
tomam todo o corpo.
Outras vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como comportar-se, refugia-se no medo de assumir responsabilidades decorrentes das atitudes e faz quadros psicopatológicos, como depressão,
melancolia, irritabilidade, escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias atuais as licenças morais são muito agressivas, convidando o jovem, ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na área do sexo, que parece constituir-lhe a meta prioritária em que chafurda
até o cansaço, dando surgimento à usança de recursos escapistas, que não atendem às necessidades presentes, antes mais o perturbam,
comprometendo-o de maneira lamentável.
Nesse período, o corpo adolescente é um laboratório de hormônios que trabalham em favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas formulações, passando um período de ajustamento que deve facultar o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como é compreensível, a escala de valorização da vida se modifica ante o mundo estranho e atraente que ele descortina, contestando tudo quanto antes lhe constituía segurança e estabilidade.
Os novos painéis apresentam-lhe cores deslumbrantes, e não encontrando conveniente orientação, educação consistente, firmadas no entendimento das suas necessidades, contesta e agride os valores
convencionais, elaborando um quadro compatível com o seu conceito, no qual passa a comprazerse, ignorando os cânones e paradigmas nos quais se
baseiam os grupos sociais, que perdem, para ele, momentaneamente, o significado.
A velocidade da telecomunicação, a diminuição das distâncias através dos
recursos da mídia, da computação, das viagens aéreas, amedrontam os caracteres mais frágeis, enquanto estimulam os mais audaciosos, propondolhes
o descobrimento do mundo e o sorver de todos os prazeres quase que de um só gole.
Os esportes, que se perdem num incontável número de propostas, chamam-no, e os outros deveres, aqueles que dizem respeito à cultura intelectual, à vivência religiosa, ao comportamento ético-moral, porque exigem
sacrifícios mais demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato,
ensoberbecendo o ego e exibindo a personalidade.
O culto do corpo, nos campeonatos de glorificação das formas, agrada, elaborando programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e
constitucional.
A música alucinante e as danças de exalçamento da sensualidade levamno à ardência sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que
exige novas e diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A moderação cede lugar ao excesso e o equilíbrio passa a plano secundário, porque o jovem, nesse momento, receia perder as facilidades que se multiplicam e o exaurem, sem dar-se conta das finalidades reais da existência física.
O Espiritismo oferece ao jovem um projeto ideal de vida, explicando-Lhe o objetivo real da existência na qual se encontra mergulhado, ora vivendo no
corpo e, depois, fora dele, como um todo que não pode ser dissociado somente porque se apresenta em etapas diferentes. Explica-lhe que o Espírito é imortal
e a viagem orgânica constitui-lhe recurso precioso de valorização do processo iluminativo, libertador e prazenteiro.
Elucidando-o, quanto ao investimento que a todos é exigido, desperta-o para a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do
equilíbrio moral pela disciplina mental e ação correta, a fim de poder colher por longos, senão todos os anos da jornada carnal, os resultados formosos, que são decorrentes do empenho pela própria dignificação.
Os pais e os educadores são convidados, nessa fase da vida juvenil, a caminharem ao lado do educando, dialogando e compreendendo-lhe as
aspirações, porém exercendo uma postura moral que infunda respeito e intimidade, ao mesmo tempo fortalecendo a coragem e ajudando nos desafios que são propostos, para que o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança no rumo do futuro.
São muito importantes essas condutas dos adultos, que, mesmo sem o desejarem, servem de modelos para os aprendizes que transitam na adolescência, porqüanto os hábitos que se arraigarem permanecerão como
definidores do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os melhores métodos para atender a busca do jovem, oferecendo-lhe os seguros mecanismos que facilitam o êxito nos empreendimentos encetados, assim como nos porvindouros.
Continência moral, comedimento de atitudes constituem preparativos indispensáveis para a formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de claro-escuro discernimento, para o triunfo sobre si mesmo e sobre as dificuldades que enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na Terra.
Livro: Adolescencia e Vida psicografado por Divaldo e ditado por Joana de Angelis
segunda-feira, 23 de julho de 2012
A Afabilidade e a Doçura
Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 8
A Afabilidade e a Doçura
A Afabilidade e a Doçura
Lázaro
Paris, 1861
6. A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo,
produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Entretanto,
nem sempre se deve fiar nas aparências, pois a educação e o traquejo do
mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há, cuja fingida
bonomia é apenas uma máscara para uso externo, uma roupagem cujo corte
bem calculado disfarça as deformidades ocultas! O mundo está cheio de
pessoas que trazem o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são
doces, contanto que ninguém as moleste, mas que mordem à menor
contrariedade; cuja língua, dourada quando fala face a face, se
transforma em dardo venenoso, quando falam por trás.
A essa classe pertencem ainda esses homens que são benignos fora de
casa, mas tiranos domésticos, que fazem a família e os subordinados
suportarem o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como para
compensar o constrangimento a que se submetem lá fora. Não ousando impor
sua autoridade aos estranhos, que os colocariam no seu lugar, querem
pelo menos ser temidos pelos que não podem resistir-lhes. Sua vaidade se
satisfaz com o poderem dizer: "Aqui eu mando e sou obedecido", sem
pensar que poderiam acrescentar, com mais razão: "E sou detestado".
Não basta que os lábios destilem leite e mel, pois se o coração nada
tem com isso, trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura
não são fingidas, jamais se desmente. É o mesmo para o mundo ou na
intimidade, e sabe que se pode enganar os homens pelas aparências, não
pode enganar a Deus.
Copyright 2004 - LAKE - Livraria Allan Kardec Editora
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
Fonte: Evangelho Segundo o Espiritismo
Traduzido por Herculano Pires
(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
Fonte: Evangelho Segundo o Espiritismo
Traduzido por Herculano Pires
sábado, 21 de julho de 2012
INIBIÇÃO
A timidez excessiva disfarça o orgulho dominador.
Algumas vezes, esse estado decorre de um mecanismo inibitório fixado na personalidade, que se transformou em comportamento doentio.
O indivíduo que se atormenta, vitimado pelo complexo de inferioridade, mesmo que camuflado, evita chamar a atenção, embora interiormente viva um vulcão de ansiedades e aspirações que asfixia aflitivamente, tomando posições isolacionistas, de onde observa o mundo exterior e as outras pessoas, considerando-as levianas, porque alegres; insensatas, porque espontâneas, ou
exibicionistas, porque extrovertidas.
Experimentando a castração emocional que o impede momentaneamente de viver o clima social em que se encontra, sente-se rejeitado, quando é ele próprio quem se recusa a participar das atividades nas quais todos se encontram. Não apenas isso, mas também se utiliza do falso recurso de justificação, supondo-se isolado, porqüanto ninguém se interessa pela sua pessoa, quando, em verdade, por sua vez, tampouco se empenha em tomar
conhecimento do que se passa fora de si, ou mesmo demonstrar qualquer interesse pelo seu próximo. Como é natural, não se apresentando receptivo, em razão do respeito que todos se devem mutuamente, as outras pessoas poupam-se ao prazer, ou não prazer de buscá-lo para manter qualquer tipo de intercâmbio fraternal ou afetivo.
A inibição, essa resistência psicológica íntima, a pessoas, acontecimentos e condutas, é causa de muitos males na área da emoção. Empurra o paciente
para reflexões pessimistas e autodestrutivas como forma de auto-realização doentia.
Sentindo-se não aceito, acumula azedume e atormenta-se, frustrando as inumeráveis possibilidades de alegria e comunicação.
Quase sempre esse estado mórbido decorre de uma infância infeliz, na qual conviveu com pais autoritários, familiares rebeldes e agressivos, sentindose empurrado. para o ensimesmamento, face ao receio de ser punido por qualquer coisa acontecida, mesmo quando não a houvesse praticado, assumindo postura de vítima que se esforça para agradar sempre, estar permanentemente bem com todos, sem ser incomodado pelas ocorrências ou pelas criaturas.
Essa conduta também expressa alta dose de egoísmo, que se impõe fórmulas de vivência individualista, reacionária contra tudo quanto lhe parece ambiente hostil e de difícil penetração.
Não possuindo resistência psicológica para sobrepor-se à severidade doméstica, recua para a interiorização, dando asas à imaginação pessimista e perturbada, naufragando no estado de inibição.
Outras vezes, a conduta insensível dos pais, especialmente da mãe —
com quem mais se convive no período infantil — fez o atual paciente sentir-se rejeitado, transformado em incômodo que era para os genitores, como se a sua presença lhes constituísse um fardo, eliminando-o, pela indiferença, do grupo familiar.
Essa mesma ocorrência pode também originar-se no convívio com outros adultos e apresentar as suas primeiras marcas no relacionamento com outras crianças que, incapazes de compreender a ocorrência, criticam, expulsam dos seus folguedos, agridem todos aqueles que as desagradam... Ante essa reação
dos companheiros de jogos e brincadeiras, agravam-se os conflitos, que se transformarão em conduta de inibição enfermiça.
O ser existencial, todavia, é, antes de quaisquer outras considerações, um Espírito imortal, herdeiro de todas as realizações que lhe assinalam a marcha ancestral.
Viajor de muitas experiências em roupagens carnais diferentes e múltiplas, é o arquiteto de glórias e desaires através do comportamento ético-moral, social, religioso, político, artístico e de qualquer outra natureza, por cujas faixas transitou no curso da sua evolução.
Conforme se haja conduzido em uma etapa, transfere para a outra os conteúdos que lhe servirão de alicerce para a formação da personalidade. Por outro lado, o renascimento em lares afetuosos ou agressivos, gentis ou indiferentes, entre expressões de bondade ou de acusação, resulta das ações
anteriormente praticadas, que ora lhe cumpre reparar, caso hajam sido infelizes e prejudiciais, ou mais crescer, em razão dos procedimentos enobrecedores.
Assim, recuando à concepção fetal, encontra-se o ser pleno, indestrutível, herdeiro de si mesmo, trabalhador incansável do próprio progresso, que lhe cumpre conquistar a esforço pessoal.
Assim considerando, os fatores hereditários e mesológicos, psíquicos e físicos, sociais e emocionais que o compõem estruturando-lhe a personalidade, delineando-lhe a existência humana, têm as suas matrizes fixadas nas atividades desenvolvidas anteriormente.
Aluno da vida, promoção ou recapitulação, reprovação na classe em que estuda na valiosa escola terrestre, dependem exclusivamente do próprio empenho.
Não obstante, o avanço do conhecimento, nas áreas da ciência e da
tecnologia, muito tem contribuído para minimizar e mesmo eliminar os fatores traumáticos das reencarnações anteriores, principalmente em razão dos avanços das doutrinas psíquicas, descobrindo o ser transpessoal, viajor entusiasta da imortalidade.
A valiosíssima contribuição de diferentes psicoterapias modernas constitui bênção para os transtornos psicológicos e psiquiátricos da mais variada ordem, não devendo permanecer esquecidos os fatores que desencadearam as ocorrências que precedem ao berço.
Desde o período perinatal, a partir da concepção, que os implementos do pretérito se insculpem no ser em formação, modelando-o conforme as matrizes que se lhe encontram no cerne espiritual.
Por outro lado, além das psicoterapias acadêmicas que auxiliam na
libertação dos fenômenos de inibição, o interesse do paciente é de grande valia, mesmo durante o processo de reconquista da saúde.
Inicialmente deve ser estabelecido o veemente desejo de sentir-se bem, liberando-se da perturbadora sensação de permanente mal-estar a que está acostumado.
Para tanto, a substituição de pensamentos negativos, autopunitivos,
autodepreciativos, por outros de ordem emuladora ao progresso e à alegria, torna-se de vital importância. Logo depois, a consideração em torno de que
todos se apresentam conforme lhes é possível, não lhe cabendo a vacuidade de colocar-se na posição de vítima, em que se compraz, tendo as outras pessoas como suas adversárias, com ou sem razão.
O problema conflitivo se encontra no indivíduo e não no mundo exterior.
Quando ele se harmoniza, consegue enfrentar as mais hostis situações como sendo desafios que o incitam ao crescimento interior, ao amadurecimento psicológico, porque a existência humana, em verdade, não é como aprazeria a cada um, mas conforme a estrutura dos acontecimentos e dos impositivos da
sociedade, na qual todos se encontram envolvidos.
Ainda aí, no processo de autoterapia, é essencial o desenvolvimento da tolerância para considerar as pessoas como seres em crescimento, com dificuldades no trato consigo mesmas e não como criaturas especiais, eleitas, modelos, que devem constituir o melhor exemplo, embora a si se permita a justificativa de manter-se recluso nas idéias e comportamentos esdrúxulos.
Cada indivíduo é um universo de emoções, de conquistas, de valores por descobrir, merecendo investimentos de alto significado.
O desenvolvimento psicológico do ser humano é processo lento, que deve apresentar-se seguro, sem oscilações, vencendo as diferentes etapas e fixando-as no comportamento, a fim de que se estabeleçam novos patamares que devem ser conquistados.
Esse campo experimental, no qual a emoção se engrandece
saudavelmente, é fértil em oportunidades criativas e compensadoras, porqüanto, a inevitável busca do prazer, da harmonia, se transformam em razões emuladoras para o sucesso.
Cap. 42 Amor, Imbatível Amor
Psicografado por Divaldo
Ditado:Joana de Angelis.
TIMIDEZ
Um relacionamento infantil insatisfatório com a familha, particularmente em referência à própria mãe que se apresente castradora ou se torne superprotetora, termina por impedir o desenvolvimento psicológico saudável do
indivíduo, que estabelece um mecanismo de timidez a fim de preservar-se dos desafios que o surpreendem a cada passo.
Submetido a uma situação constrangedora por impositivo materno, que não lhe permite espaço para autenticidade, sente-se castrado nas suas aspirações e necessidades, preferindo sofrer limitação a assumir atitudes que
lhe podem causar mal-estar e aflições. Por outro lado, superprotegido, sente anulada a faculdade de discernimento e ação, toda vez que defronta uma situação que exige valor moral e coragem.
Refugiando-se na timidez, disfarça o orgulho e o medo de ser identificado na sua impossibilidade de agir com segurança, protegendo-se das incomodidades que, inevitavelmente, o surpreendem.
Como conseqüência, o desenvolvimento da libido faz-se incompleto, dando nascimento a limitações e receios infundados quanto à própria atividade sexual, o que se pode transformar em conflito de maior profundidade na área
do relacionamento interpessoal, assim como na auto-realização.
A timidez pode apresentar-se como fenômeno psicológico normal, quando se trata de cuidado ante enfrentamentos que exigem ponderação, equilíbrio e decisão, dos quais resultarão comprometimentos graves no grupo social,
familiar, empresarial, de qualquer ordem. Poder-se-ia mesmo classificá-la como um mecanismo de prudência, propiciador de reflexão necessária para a adoção
de uma conduta correta.
Igualmente, diante de situações e pessoas novas, em ocorrências inesperadas que exigem uma rápida resposta, temperamentos existem que se precatam ti
midamente, sem que haja, de forma alguma, exteriorização patológica na conduta, tornando-se, portanto, normal.
Todavia, quando se caracteriza como um temor quase exagerado ante circunstâncias imprevistas, produzindo sudorese, palpitação cardíaca, colapso periférico das extremidades, torna-se patológica, exigindo conveniente terapia psicológica, a fim de ser erradicada ou diluída a causalidade traumática,
através de cujo método, e somente assim, advirá a superação do problema.
O indivíduo tímido, de alguma forma, é portador de exacerbado orgulho que o leva à construção de comportamento equivocado. Supõe,
inconscientemente, que não se expondo, resguarda a sua realidade conflitiva, impedindo-se e aos outros impossibilitando uma identificação profunda do seu
Self. Noutras vezes, subestima-se e a tudo aquilo quanto poderia induzi-lo ao crescimento psicológico, à aprendizagem, a um bom relacionamento social, e
torna-se um fardo, considerando que as interrogações que poderia propor, os contatos que deveria manter, não são importantes. Na sua óptica psicológica distorcida, o que lhe diz respeito não éimportante, tendo a impressão de que
ninguém se interessa por ele, que as suas questões são destituídas de valor, sendo ele próprio desinteressante e sem significado para o grupo social. A timidez oculta-o, fazendoo ausente, mesmo quando diante dos demais.
De certo modo, a timidez escamoteia temperamentos violentos, que não irrompem, produzindo distúrbios externos, porque se detêm represados, transformando-se em cólera surda contra as outras pessoas, às vezes contra si próprio.
É de considerar-se que essas são reações infantis, face ao não desenvolvimento e amadurecimento psicológicos.
Nesse quadro mais grave, o conflito procede de experiência pretérita, que teve curso em vida passada, quando o paciente se comprometeu moralmente e
asfixiou, no silêncio íntimo, o drama existencial, que embora desconhecido das demais pessoas, se lhe gravou nos recessos do ser, transferindo-se de uma para outra reencarnação, como mecanismo de defesa em relação a tudo e a todos que lhe sejam estranhos. No íntimo, o orgulho dos valores que se atribui e a presença da culpa insculpida no inconsciente geraram-lhe o clima de timidez em que se refugia, dessa forma precatando-se de ser acusado, o que lhe resultaria em grave problema para a personalidade.
A timidez é terrível algoz, por aprisionar a espontaneidade, que impede o paciente de viver em liberdade, de exteriorizar-se de maneira natural, de enfrentar dificuldades com harmonia interna, compreendendo que toda
situação desafiadora exige reflexão e cuidado. Uma vida saudável caracterizase também pela ocorrência de receios, quando se apresentam problemas que merecem especial atenção.
Como todos desejam alcançar suas metas, que são o sentido existencial a que se afervoram, a maneira cuidadosa e tímida, não agressiva nem precipitada, expressa oportuno mecanismo de preservação da intimidade, da realidade, do processo de evolução.
A ausência da timidez não significa presença de saúde psicológica plena, porque, não raro, outros algozes do comportamento desenham situações também críticas, que necessitam ser orientadas corretamente.
Nesse sentido, a extroversão ruidosa, a comunicabilidade excessiva, constituem fenômeno perturbador para o paciente que pretende, dessa maneira, ocultar os seus sentimentos conflitivos, desviando a atenção da sua realidade para a aparência, ao mesmo tempo diluindo a necessidade de
valorização, por saber-se conhecido, desejado, face ao comportamento irrequieto que agrada ao grupo social com o qual convive.
Realizando-se, por sentir-se importante, descarrega os medos na exteriorização de uma alegria e jovialidade que não são autênticas.
Observando-se tal conduta, logo se perceberá uma grande excitação e preocupação em agradar, em chamar a atenção, em tornar-se o centro de interesse de todos, dificultando a comunicação natural do grupo. Esse tipo de
exibicionismo é pernicioso, porque o paciente distrai os outros e continua em tensão permanente, o que se lhe torna um estado normal, no entanto, enfermiço.
A timidez pode ser trabalhada também, mediante uma auto-análise honesta, de forma que o paciente deva considerar-se alguém igual aos outros, como realmente é, nem melhor, nem pior, apenas diferente pela estrutura da
personalidade, pelos fatores sociais, econômicos, familiares, com os quais conviveu e que o modelaram. Ademais, deve ter em vista que é credor de respeito e de carinho como todas as outras pessoas, que tem valores, talvez ainda não expressados, merecendo, por isso mesmo, fruir dos direitos que a vida lhe concede e lhe cumpre defender.
Toda fuga leva a lugar nenhum, especialmente no campo emocional. Somente um enfrentamento saudável com o desafio pode libertar do compromisso, ao invés de transferi-lo para outra ocasião, em que lhe serão acrescidos os inevitáveis juros, que resultam do adiamento, quando, então, as circunstâncias serão diferentes e já terão ocorrido significativas alterações.
Uma preocupação que deve vicejar no íntimo de todos os indivíduos, tímidos ou não, é que não se deve considerar sem importância ou tão significativo que lhe notarão a presença ou a ausência.
Assim, uma conduta tranqüila, caracterizada pela autoconfiança e naturalidade nas várias situações proporciona bem-estar e conquista da espontaneidade.
Fonte: Cap. 41 Amor,Imbatível Amor
Psicografia : Divaldo
Ditado por: Joana de Angelis
ALEGRIA
Meimei
Alegria é o
cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo.
Em toda
parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a
cabeleira do campo com música de nina.
A água da
fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia,
inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão.
Não permitas,
assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros.
Ainda mesmo
que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos
para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta a alegria por onde
passes.
Abençoa e
auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas.
A rosa
oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda generosa, que
a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.
Livro
Ideal Espírita - Psicografia Francisco C. Xavier - Espíritos Diversos
PEDRO, O APÓSTOLO( entrevista de Pedro)
Humberto de Campos
25 de agosto de 1936
Enquanto a Capital dos
mineiros, dirigida pelos seus elementos eclesiásticos, se prepara, esperando
as grandes manifestações de fé do segundo Congresso Eucarístico Nacional,
chegam os turistas elegantes e os peregrinos invisíveis. Também eu quis
conhecer de perto as atividades religiosas dos conterrâneos de Augusto de
Lima.
Na Praça Raul Soares,
espaçosa e ornamentada, vi o monumento dos congressistas, elevando-se em
forma de altar, onde os altos religiosos serão celebrados. No topo, a
custódia, rodeada de arcanjos petrificados, guardando o símbolo suave e
branco da eucaristia, e, cá em baixo, nas linhas irregulares da terra, as
acomodações largas e fartas, de onde o povo assistirá, comovido, às
manifestações de Minas católica.
Foi nesse ambiente que
a figura de um homem trajado à israelita, lembrando alguns tipos que em
Jerusalém se dirigem, freqüentemente, para o lugar sagrado das lamentações,
aguçou a minha curiosidade incorrigível de jornalista.
- Um judeu?! –
exclamei, aguardando as novidades de uma entrevista.
- Sim, fui judeu, há
algumas centenas de anos – respondeu laconicamente o interpelado.
Sua réplica exaltou a
minha bisbilhotice e procurei atrair a atenção da singular personagem.
- Vosso nome? –
continuei.
- Simão Pedro.
- O Apóstolo?
E a veneranda figura
respondeu afirmativamente, colando ao peito os cabelos respeitáveis da barba
encanecida.
Surpreso e sedento da
sua palavra, contemplei aquela figura hebraica, cheia de simplicidade e
simpatia. Ao meu cérebro afluíam centenas de perguntas, sem que pudesse
coordená-las devidamente.
- Mestre – disse-lhe,
por fim -, Vossa palavra tem para o mundo um valor inestimável. A
cristandade nunca vos julgou acessível na face da Terra, acreditando que vos
conserváveis no Céu, de cujas portas resplandecentes guardáveis a chave
maravilhosa. Não teríeis algumas mensagens do Senhor para transmitir à
Humanidade, neste momento angustioso que as criaturas estão vivendo?
E o Apóstolo
venerável, dentro da sua expressão resignada e humilde, começou a falar:
- Ignoro a razão por
que revestiram a minha figura, na Terra, de semelhantes honrarias. Como
homem, não fui mais que um obscuro pescador da Galiléia e, como discípulo do
Divino Mestre, não tive a fé necessária nos momentos oportunos. O Senhor não
poderia, portanto, conferir-me privilégios, quando amava todos os seus
apóstolos com igual amor.
- É conhecida, na
história das origens do Cristianismo, a vossa desinteligência com Paulo de
Tarso. Tudo isso é verdadeiro?
- De alguma forma,
tudo isso é verdade – declarou bondosamente o Apóstolo. – Mas, Paulo tinha
razão. Sua palavra enérgica evitou que se criasse uma aristocracia
injustificável, que, sem ele, teria que desenvolver-se fatalmente entre os
amigos de Jesus, que se haviam retirado de Jerusalém para as regiões da
Batanéia.
- Nada desejais dizer
ao mundo sobre a autenticidade dos Evangelhos?
- Expressão autêntica
da biografia e dos atos do Divino Mestre, não seria possível acrescentar
qualquer coisa a esse livro sagrado. Muita iniqüidade se tem verificado no
mundo em nome do estatuto divino, quando todas as hipocrisias e injustiças
estão nele sumariamente condenadas.
- E no capítulo dos
milagres?
- Não é propriamente
milagre o que caracterizou as ações práticas do Senhor. Todos os seus atos
foram resultantes do seu imenso poder espiritual. Todas as obras a que se
referem os Evangelistas são profundamente verdadeiras.
E, como quem retrocede
no tempo, o Apóstolo monologou:
- Em Carfanaum, perto
de Genesaré, e em Betsaida, muitas vezes acompanhei o Senhor nas suas
abençoadas peregrinações. Na Samaria, ao lado de Cesaréia de Felipe, vi suas
mãos carinhosas dar vistas aos cegos e consolação aos desesperados. Aquele
sol claro e ardente da Galiléia ainda hoje ilumina toda a minha alma e,
tantos séculos depois de minhas lutas no mundo, ao lado de alguns
companheiros procuro reivindicar para os homens a vida perfeita do
Cristianismo, com o advento do Reino de Deus, que Jesus desejou fundar, com
o seu exemplo, em cada coração...
- Os filósofos
terrenos são quase unânimes em afirmar que o Cristo não conhecia a evolução
da ciência grega, naquela época, e que as suas parábolas fazem supor a sua
ignorância acerca da organização política do Império Romano: seus apóstolos
falam de reis e príncipes que não poderiam ter existido.
- A ação do Cristo –
retrucou o Apóstolo – vai mais além que todas as atividades e investigações
das filosofias humanas. Cada século que passa imprime um brilho novo à sua
figura e um novo fulgor ao seu ensinamento. Ele não foi alheio aos trabalhos
do pensamento dos seus contemporâneos. Naquele tempo, as teorias de
Lucrécio, expandidas alguns anos antes da obra do Senhor, e as lições de
Filon em Alexandria, eram muito inferiores às verdades celestes que Ele
vinha trazer à Humanidade atormentada e sofredora...
E, quando a figura
venerada de Simão parecia prestes a prosseguir na sua jornada, inquiri,
abruptamente:
- Qual o vosso
objetivo, atualmente, no Brasil?
- Venho visitar a obra
do Evangelho aqui instituída por Ismael, filho de Abraão e de Agar, e
dirigida dos espaços por abnegados apóstolos da fraternidade cristã.
- E estais igualmente
associado às festas do segundo Congresso Eucarístico Nacional? – perguntei.
Mas, o bondoso
Apóstolo expressou uma atitude de profunda incompreensão, ao ouvir as minhas
derradeiras palavras.
Foi quando, então, lhe
mostrei o rico monumento festivo, as igrejas enfeitadas de ouro, os
movimentos de recepção aos prelados, exclamando ele, afinal:
- Não, meu filho!...
Esperam-me longe destas ostentações mentirosas os humildes e os
desconsolados. O Reino de Deus ainda é a promessa para todos os pobres e
para todos os aflitos da Terra. A Igreja romana, cujo chefe se diz possuidor
de um trono que me pertence, está condenada no próprio Evangelho, com todas
as suas grandezas bem tristes e bem miseráveis. A cadeira de São Pedro é
para mim uma ironia muito amarga... Nestes templos faustosos não há lugares
para Jesus, nem para os seus continuadores...
- E que sugeris,
Mestre, para esclarecer a verdade?
Mas, nesse momento, o
Apóstolo venerando enviou-me um gesto compassivo e piedoso, continuando o
seu caminho, depois de amarrar, resignadamente, o cordão das sandálias.
Do livro Crônicas de Além Túmulo. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
O NATAL DO APÓSTOLO
Este texto relata a vinda de Pedro ao plano espiritual, nos mostrando o quanto o trabalho é incessante .
Livro dos Espíritos:
969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?
“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados
estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo.
Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”
Obs: O texto acima é de responsabilidade do Blog.
Livro dos Espíritos:
969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?
“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados
estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo.
Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”
Obs: O texto acima é de responsabilidade do Blog.
O NATAL DO APÓSTOLO
Quando Simão Pedro foi
arrancado aos grilhões do cárcere para o derradeiro sacrifício, sentia o
coração varado de angústia, conquanto mostrasse o passo firme.
O velho apóstolo, que
transpusera os oitenta de idade, levantava a cabeça branca, destacando-se na
turba à maneira de um pai atormentado por filhos inconscientes.
Irmãos do Evangelho
ladeavam-no, tristes, escondendo o próprio desespero, diante da serenidade
com que ele, encanecido em duras experiências, se acomodava ao martírio.
Mulheres e crianças
emaranhavam-se, cortejo adentro, para beijar-lhe as mãos. Transeuntes, ainda
mesmo adversos ao Cristianismo nascente, fitavam-no, respeitosos, quais se
vissem um soberano humilhado e pobremente vestido, a caminho de inesperado
triunfo... E até soldados da escolta, recordando vários companheiros que
Simão transfigurara, ao curar-lhe os parentes enfermos, abeiravam-se dele
com veneração e carinho...
Apenas um dos pretorianos,
Sertório Aniceto, destacado elemento na expedição, não poupava o sarcasmo.
Desejando quebrar a
atmosfera de reverência e de êxtase que se fazia, desdobrava impropérios: -
Para diante, velho impudente! Judeu Sujo! Lixo humano, que envergonharia os
postes da arena!...
E mais à frente:
- Não abuse da crendice do
povo” Ladrão imundo, chegou seu fim!...
Pedro, entretanto,
contemplava o céu escaldante da tarde e orava em silêncio...
Sentia-se, agora, fatigado
e incapaz! Compreendia que a Boa Nova exigia servidores robustos e rogava ao
Cristo enviasse obreiros novos e valorosos para a vinha do mundo... Mas não
era só isso... No imo do coração, ardia-lhe a saudade do Mestre e ansiava
retomar-lhe a companhia para sempre...
Escalando a colina, via
não longe o Campo de Marte, assinalado pelo monumento de Augusto, as
cintilações do Tibre espreguiçando ao sol, o casario imenso, as termas e os
jardins; no entanto, regressava pela imaginação à Galiléia distante,
buscando Jesus em pensamento...
Revia o lago de Genesaré,
em seus dias mais belos, e as multidões simples e generosas com que o Senhor
repartia o pão e a verdade, o consolo e a esperança...
Por estranhos mecanismos
da memória, respirava, de novo, o perfume das rosas de Betsaida, das
romãzeiras de Dalmanuta, das quintas frutescentes de Magdala e dos pequenos
vinhedos de Cafarnaum...
Apesar do calor reinante,
rememorava a pesca e supunha-se envolvido pelo sopro da brisa, quando a
barca sobrestava as ondas calmas.
Reconstituía, enlevadas,
as pregações do Divino Amigo e parecia-lhe jornadear de retorno à família
das crianças e dos enfermos, das mães sofredoras e dos velhinhos que ele
próprio lhe entregara ao coração...
Atingido o local do
suplício, confiou-se automaticamente aos soldados que o desnudaram, e, como
se estivesse hipnotizado pela idéia do reencontro, sofregamente aguardado
quase nada percebeu dos martelos, rudemente manobrados, que lhe apresavam
pés e mãos ao lenho que se lhe erguera de improviso...
Em derredor, escutava os
protestos velados das centenas de espectadores da lamentável exibição, de
mistura com as preces dos companheiros agoniados... Detido, porém, na ânsia
de repouso, Pedro não via que o tempo se escoava, sem que lhe desfechassem
qualquer golpe...
Aqui e além, grupos em
orações e lágrimas salientavam-se de mãos postas; contudo, a morte
tardava... Aniceto, entretanto, não o perdia de vista, e, reparando que o
crepúsculo baixava, atirou-lhe pontiagudo calhau à cabeça e gritou:
- Morre, bruxo!
O apóstolo observou que o
sangue esguichava, mas, sem qualquer reação, rendeu-se o invencível torpor,
qual se fosse repentinamente anestesiado por brando sono.
Semelhante impressão,
contudo, perdurou por momentos. O ancião, após desalgemar-se do corpo,
identificou-se espiritualmente, livre e eufórico, ao pé dos próprios
despojos, e, alheio à algazarra em torno, contemplou o firmamento, onde os
astros se inflamavam, como se dedos invisíveis acendessem lumes
deslumbrantes para uma festa no céu... Espantado, observou que um homem
descia do alto, como que materializado pela fulguração das estrelas, e,
decorridos alguns instantes de assombro, viu Jesus a dois passos, a
endereçar-lhe o inolvidável sorriso.
-
Mestre! – clamou,
inclinando-se para beijar o chão que ele pisava. O Messias redivivo tomou-o
nos braços e partiu, conchegando-o ao coração, qual se transportasse frágil
criança.
Por várias semanas restaurou-se
Pedro na estância de luz que o Cristo lhe reservara.
Junto dele, visitou
paragens de inexprimível beleza, recolheu lições preciosas, presenciou
espetáculos soberbos de grandeza cósmica e abraçou afeições inesquecíveis...
Quando mais integrado se
reconhecia no Plano Superior, eis que o Celeste Companheiro lhe anuncia nova
separação.. Que o discípulo descansasse quanto quisesse, elevando-se às
excelsas regiões... Ele, porém, devia ausentar-se...
- Senhor, aonde vais? – indagou
o apóstolo, penosamente surpreendido.
E Jesus, indicando-lhe escuro
recanto da vastidão, em que se adivinhava a residência planetária dos
homens, informou, sereno:
- Pedro, enquanto houver um
gemido na Terra, não me será lícito repousar...
- Então, Senhor, eu também...
E, como outrora,
demandaram, juntos, os quadros de ação, em que se lhes evidenciasse o amor
sublime...
....................................................................................................................
Atraídos por centenas de
vozes, atravessaram Roma, parando, por fim, em espaçoso cemitério da Via
Ápia, mergulhado na sombra noturna...
A multidão cantava,
glorificando o Senhor...
Não obstante o Natal
estivesse na lembrança de poucos, rememorava-se, ali, diante da imensidão
constelada, a melodia dos mensageiros angélicos.
Simão, fremindo de
emotividade, começou a chorar de alegria. Anelava ser bom, aspirava a ser
irmão da Humanidade, queria auxiliar a construção do Reino de Deus e
homenagear a manjedoura de Belém, ofertando algo de si mesmo, em louvor do
Evangelho...
Nesse ínterim,
aproximou-se Jesus e Disse-lhe ao ouvido:
- Pedro, alguém te chama...
O apóstolo voltou-se e,
admirado, enxergou na pequena comunidade um homem triste, carregando nos
braços um pequenino agonizante... Era Aniceto, a rogar-lhe, mentalmente, se
lhe compadecesse do filhinho que a febre devorava. Qual se lhe registrasse a
presença, expunha-lhe os remorsos que amargava e pedia-lhe perdão...
O antigo pescador não
hesitou. Depois de oscular-lhe a fronte suarenta, afagou a criança
atribulada, impondo-lhe as mãos, e, ali mesmo, magneticamente tocado por
forças renovadoras e intangíveis, o menino despertou, lúcido e refeito,
enlaçando-se ao pai, à feição da ave assustada quase torna à segurança do
ninho.
Aniceto, no íntimo,
compreendeu o socorro e a bênção que recebia e, renovado, começou a cantar
em lágrimas de júbilo: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa
vontade para com os homens!...”.
Para o rude legionário de
César começava nova vida e para Simão Pedro o serviço continuou...
Espírito: IRMÃO X.
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO
NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
NA PREPARAÇÃO DO REINO DA LUZ
Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida humana, decerto, nós outros, os espíritos encarnados e desencarnados, somos constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do Reino de Deus, adstritos à verdade de que o Céu começa em nós mesmos.
Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.
Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da frase vazia.
Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista, mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.
Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de quem se vê na iminência dos princípios superiores.
É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.
Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na posse da Eterna Luz.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.
Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da frase vazia.
Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista, mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.
Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de quem se vê na iminência dos princípios superiores.
É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.
Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na posse da Eterna Luz.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.
Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
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