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terça-feira, 11 de novembro de 2014

O CRENTE MODIFICADO


Irmão X

Certo devoto, em se retirando do templo, sempre encontrava pequena turma de pedintes e sofredores, com os quais distribuía os níqueis que lhe sobravam na bolsa.Em seguida, exortava-os à confiança no porvir, quando as administrações terrestres aprendessem a efetuar a justa repartição das riquezas. Contassem todos com o Senhor, rico de bondade para todos os dilacerados da sorte, e que lhes enviaria benfeitores leias para o suprimento de pão e bem estar no momento oportuno.
À noite, de mãos postas, elevava-se espiritualmente ao Céu e figurava-se, à frente do Cordeiro Divino...
Ajoelhava-se e pedia reverente:
- Senhor, teus pobrezinhos padecem frio e fome... Auxilia-me para que possa, por minha vez, ampara-los em teu nome. Para isso, ´p Providência dos deserdados, digna-te conceder-me a mordomia nos bens materiais! É imprescindível que os celeiros de tua compaixão permaneçam sob a guarda de colaboradores eficientes e fiéis!...
-o-
E o Salvador ouvia-o, complacente, sem prometer modificação de programa.
O aprendiz da fé retomava a luta habitual, sempre interessado na crítica fraterna.
De quando a quando, visitava instituições de benemerência e reparando a onda crescente dos necessitados ao redor dos trabalhos socorristas, inquiria santamente indignado:
- Onde se ocultam os ricaços sem deveres?
E, sem qualquer escrúpulo, justificava a indisciplina reinando na Terra.
Fazia carga asfixiante de palavras contra os favorecidos da fortuna e, não obstante cristão, declarava compreender o desespero dos pobres, quando se convertiam em revolucionários demolidores.
-o-
- Impossível em equilíbrio social – asseverava, ríspido – quando os endinheirados alardeiam conforto excessivo ao pé dos indigentes.
Chegada à noite, tornava a rogativa, semiliberto do corpo físico e, sentindo-se diante do Mestre, voltava a solicitar:
-  Senhor, tenho encontrado dezenas de enfermos esfomeados plenamente esquecidos... Sofrem e choram, esmolando debalde na via pública... Os missionários da proteção coletiva, a quem emprestaste a autoridade e o ouro, esquecera-te as bênçãos e cristalizam-se no egoísmo feroz. Dá-me recursos! Tenho necessidade de espalhar os teus benefícios!
-o-
O Salvador registrou a prece, sem alterar-lhe o roteiro.
E semelhantes cenas passaram à categoria de hábito inveterado. O devoto, em esforço verbal diário, defendia os órfãos, os doentes, as viúvas, os desempregados, os aflitos e os tristes, apaixonadamente.
-o-
Nas rodas de companheiros, depois dos ofícios religiosos, pregava o advento do mundo novo em que os ricos da Terra seriam menos tirânicos e os pobrezinhos menos desditosos. Avançava, para isso, em teorias sociais de conseqüências imprevisíveis...
-o-
Em certa ocasião, depois de grande calamidade pública, saiu a esmolar em favor das vítimas infelizes. A seca trouxera à cidade lamentáveis farrapos humanos. Inexprimíveis padecimentos desfiguravam centenas de rostos. Os infortunados pediam trabalho, mas, antes de tudo, requeriam remédio e alimentação.
-o-
Tantas aflições presenciou o devoto, no círculo dos flagelados, e tanta indiferença surpreendeu na esfera das pessoas felizes que, à noite, em preces mais comovedoras e mais ardentes, subiu, em lágrimas, ao Trono do Cordeiro e suplicou:
- Senhor, os teus tutelados na Terra perecem a mingua de amor... Os afortunados escarnecem dos miseráveis, a opulência pisa os desvalidos. Dá-me acesso à riqueza fácil. Tenho necessidade de recursos urgentes para atender, no mundo, em nome de tua caridade infinita...
-o-
O Mestre, tocado mo íntimo, através de tão reiteradas rogativas, alterou os desígnios e recomendou que o pedinte fosse conduzido, sem demora, ao manancial da prosperidade terrestre. E a ordem desceu de anjo a anjo e de servo a servo, assim quanto ocorre num exército humano em que a determinação do general supremo desce de oficial a oficial e de soldado a soldado.
-o-
Em breve, o devoto era invariavelmente seguido por um mensageiro espiritual incumbido de soerguer-lhe o padrão econômico.
Atendendo aos imperativos da tarefa que lhe fora cometida, o emissário começou por observar-lhe as atividades comuns, identificando-lhe a posição de comerciante ativo e, examinado o melhor processo de conferir-lhe a doação celestial, passou a insuflar-lhe idéias favoráveis, utilizando recursos indiretos...
-o-
Em algumas semanas, o crente sentiu-se compelido a realizar enormes aquisições de cereais, estimulado por inexplicável entusiasmos e, em sessenta dias, à face das exigências de exportação, o estoque gigantesco rendeu-se o lucro líquido de oitocentos mil cruzeiros.
-o-
O auxiliar invisível, contudo, anotou-lhe profunda modificação íntima. O homem que possuía oitenta por cento de vocação para o desinteresse com Jesus e vinte por cento de comercialismo por necessidade fatal da experiência humana revelava estranha diferença. A mente dele, de inopino, acusou noventa e nove por cento de pensamentos alusivos à oferta e procura, compra e venda, restando apenas um por cento para o idealismo evangélico.
-o-
O cooperador espiritual, sem acesso agora ao coração dele, buscou um companheiro d fé e inspirou-lhe a formular apelo ardente à execução da promessa ao Senhor, mas o crente, quase irreconhecível, respondeu, sem rebouços:
- Sim, efetivamente, em dois meses, ganhei oitocentos contos, todavia, é imperioso reconhecer que isto é uma insignificância para a nossa época. Além disso, a caridade pode esperar... O verdadeiro bem não é serviço que se faça afogadilho...
Fixou a máscara grave do homem de negócios excessivamente preocupado e concluiu:
-  Não posso esquecer igualmente que, acima de tudo, tenho a família e o futuro não é brincadeira...
Foi então que o mensageiro, fundamente desapontado, voltou ao domicílio que lhe era próprio e a nova notícia, de servo a servo e de anjo a anjo, subiu para o Senhor.
 
Livro – Histórias e Anotações – Francisco Cândido Xavier – Irmão X

domingo, 21 de setembro de 2014

CONDESSA PAULA,ESPÍRITOS FELIZES

CONDESSA PAULA

(O Céu e o Inferno - Segunda Parte - Exemplos, cap. II - Espíritos felizes)

Era uma mulher jovem, bela, rica, de nascimento ilustre de acordo com o mundo, e ademais, um modelo consumado de todas as qualidades do coração e do espírito. Morreu com trinta e seis anos, em 1851. Era uma dessas pessoas cuja oração fúnebre se resume a estas palavras, em todas as bocas: “Por que Deus retira tão cedo tais pessoas da face da terra?” Bem-aventurados aqueles que fazem assim bendizer sua memória! Ela era boa, doce e indulgente para todo o mundo; sempre pronta a desculpar ou atenuar o mal, em vez de o envenenar; nunca a maledicência lhe sujou os lábios. Sem soberba nem orgulho, tratava seus inferiores com uma benevolência que não tinha nada da baixa familiaridade, e sem afetar para com eles ares de altivez ou uma proteção humilhante. Compreendendo que as pessoas que vivem de seu trabalho não vivem de rendas, e que precisam do dinheiro que lhes é devido, seja para seu estado, seja para viver, nunca fez esperar um salário; o pensamento de que alguém pudesse sofrer por falta de pagamento de sua parte, teria sido um remorso de consciência para ela. Não era dessas pessoas que sempre acham dinheiro para satisfazer suas fantasias e nunca têm para pagar o que devem; não compreendia que pudesse ser de bom gosto para um rico ter dívidas, e ter-se-ia sentido humilhada se se pudesse dizer que seus fornecedores eram obrigados a lhe fazer empréstimos. Assim, por ocasião de sua morte, só houve lamentos e nenhuma reclamação.
Sua benevolência era inesgotável, mas não era essa benevolência oficial que se exibe aos olhos de todos; era a caridade do coração e não a da ostentação. Só Deus sabe as lágrimas que secou e os desesperos que acalmou, pois essas boas ações tinham por testemunhas apenas Ele e os desgraçados que ela assistia. Sobretudo, ela sabia descobrir esses infortúnios ocultos, que são os mais pungentes, e que socorria com a delicadeza que eleva o moral em vez de abatê-lo.
Sua posição e as altas funções do marido a obrigavam a um governo da casa ao qual não podia esquivar-se; mas, satisfazendo as exigências de sua posição sem mesquinhez, mantinha uma ordem que, evitando os desperdícios ruinosos e as despesas supérfluas, lhe permitia realizá-lo com a metade do que teria custado a outros sem fazer melhor.
Ela podia dessa forma tirar de sua fortuna uma parte maior para os necessitados. Retirara dela um capital importante cuja renda era exclusivamente reservada a essa destinação sagrada para ela, e considerava-a como tendo isso a menos para gastar com sua casa. Encontrava assim o meio de conciliar seus deveres para com a sociedade e para com a desgraça.[1]
Evocada, doze anos após a morte, por um de seus parentes iniciado no Espiritismo, ela deu a comunicação seguinte em resposta a diversas perguntas que lhe eram dirigidas:[2]
“Tendes razão, meu amigo, de pensar que sou feliz; com efeito, sou feliz, além de tudo o que se pode exprimir, e, no entanto, ainda estou longe do último degrau. Eu estava, porém, entre os bem-aventurados da terra, pois não me recordo de ter sentido desgosto real. Juventude, saúde, fortuna, homenagens, tinha tudo o que constitui a felicidade entre vós; mas o que é essa felicidade perto desta que se experimenta aqui? O que são as vossas mais esplêndidas festas, onde se exibem os mais ricos enfeites, perto destas assembleias de Espíritos resplandecendo de um brilho que vossa vista não poderia suportar, e que é o apanágio da pureza? O que são vossos palácios e vossos salões dourados perto destas moradas aéreas, dos vastos campos do espaço, matizados de cores que fariam empalidecer o arco-íris? O que são vossos passeios vagarosos em vossos parques, perto das corridas através da imensidão, mais rápidas do que o raio? O que são vossos horizontes limitados e nebulosos perto do espetáculo grandioso dos mundos movendo-se no universo sem limites sob a poderosa mão do Altíssimo? Como vossos concertos mais melodiosos são tristes e agudos perto desta suave harmonia que faz vibrar os fluidos do éter e todas as fibras da alma! Como vossas maiores alegrias são tristes e insípidas perto da inefável sensação de felicidade que penetra incessantemente todo o nosso ser como um eflúvio benfazejo, sem nenhuma inquietação, nenhuma apreensão, nenhum sofrimento! Aqui tudo respira amor, confiança, sinceridade; por toda a parte corações afetuosos, em toda a parte amigos, em parte alguma invejosos e ciumentos. Tal é o mundo onde estou, meu amigo, e ao qual chegareis infalivelmente seguindo o reto caminho.
“Porém, aborreceria logo uma felicidade uniforme; não acrediteis que a nossa seja isenta de peripécias; não é nem um concerto perpétuo, nem uma festa sem fim, nem uma beata contemplação durante a eternidade; não, é o movimento, a vida, a atividade. As ocupações, embora isentas de fadigas, trazem-lhe uma incessante variedade de aspectos e de emoções pelos mil incidentes ali espalhados. Todos têm sua missão a cumprir, seus protegidos a assistir, amigos da terra a visitar, mecanismos da natureza a dirigir, almas sofredoras a consolar; vão, vêm, não de uma rua à outra, mas de um mundo ao outro; juntam-se, separam-se para se reunirem em seguida; convergem num ponto, comunicam o que fizeram, congratulam-se pelos sucessos obtidos; põem-se de acordo, assistem-se reciprocamente nos casos difíceis; enfim, asseguro-vos que ninguém tem tempo de se entediar por um segundo.
“Neste momento, a terra é nosso grande tema de preocupação. Quanto movimento entre os Espíritos! Que numerosas coortes aí afluem para concorrer para a sua transformação! Dir-se-ia uma nuvem de trabalhadores ocupados a desbravar uma floresta, sob a condução de chefes experientes; uns abatem as velhas árvores com o machado, arrancam as profundas raízes; preparando outros o terreno, lavrando e semeando estes, edificando aqueles a nova cidade sobre as ruínas carcomidas do velho mundo. Enquanto isso, os chefes se reúnem, deliberam e enviam mensageiros para dar ordens em todas as direções. A terra deve ser regenerada num dado tempo; é preciso que os desígnios da Providência se cumpram; é por isso que todos põem mãos à obra. Não acrediteis que eu seja simples espectadora desse grande trabalho; teria vergonha de ficar inativa quando todo o mundo se ocupa; uma importante missão me é confiada, e esforço-me para cumpri-la o melhor possível.
“Não foi sem lutas que cheguei ao lugar que ocupo na vida espiritual; crede que minha última existência, por mais meritória que vos pareça, não teria bastado para isso. Durante várias existências passei pelas provas do trabalho e da miséria que escolhera voluntariamente para fortalecer e purificar minha alma; tive a felicidade de sair delas vitoriosa, mas restava uma a suportar, a mais perigosa de todas: a da fortuna e do bem-estar material, de um bem-estar sem nenhuma amargura: ali residia o perigo. Antes de tentá-la, quis sentir-me suficientemente forte para não sucumbir. Deus levou em conta minhas boas intenções e concedeu-me a graça de me apoiar. Muitos outros Espíritos, seduzidos pelas aparências, apressam-se a escolhê-la; fracos demais, infelizmente, para enfrentar o perigo, as seduções triunfam de sua inexperiência.
“Trabalhadores, estive nas vossas fileiras; eu, a nobre dama, como vós ganhei meu pão com o suor do meu rosto; aguentei privações, sofri intempéries, e foi o que desenvolveu as forças viris da minha alma; sem isso, eu teria provavelmente fracassado na minha última prova, o que me teria feito recuar para bem longe. Como eu, tereis também por vossa vez a prova da fortuna, mas não vos apresseis em pedi-la demasiado cedo; e vós que sois ricos, tende sempre presente o pensamento de que a verdadeira fortuna, a fortuna imperecível, não está na terra, e compreendei a que custo podeis merecer os benefícios do Onipotente.”

PAULA, na Terra, condessa de ***.


[1] Pode-se dizer que essa dama era o retrato vivo da mulher benfazeja, traçado no Evangelho segundo o espiritismo, cap. XIII.
[2] Extraímos desta comunicação, cujo original é em língua alemã, as partes instrutivas para o assunto que nos ocupa, suprimindo o que é apenas um interesse de família.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A PARÁBOLA DO RICO


 
Irmão X
 
Na pequena assembléia espiritual, estudávamos a Parábola do Rico.
Alguns intelectuais, brilhantes no mundo, inclinavam-se comovidos ante a necessidade de penetrarem a luz dos capítulos simples do Evangelista.
Na cátedra das lições costumeiras, a figura de Pedro Richard nos acompanhava com atenção generosa e sincera.
O quadro não era muito diferente das circunstâncias em que se poderia realizar sobre a Terra.
A esfera espiritual próxima do planeta é uma figura de transição, em que o gosto terrestre tem quase absoluta predominância.
O amplo recinto oferecia o aspecto de um parlamento singelo e acolhedor e, como ponto central, aquele velhinho, amigo de Ismael e de Jesus, com os cabelos nevados, parecendo feitos com a luz prateada das mais dolorosas experiências, ensinava o sentido oculto das preciosas lições do Cristo.
– Afinal – exclama um dos meus amigos –, existem realmente os grandes usurários e os ricos infelizes no mundo. São os dilapidadores dos bens coletivos, porque a movimentação do dinheiro poderia incentivar o trabalho, atenuando as dificuldades dos mais infortunados.
– Entretanto – atalha um dos presentes –, temos as fortunas dos grandes beneméritos da Humanidade. Um Rockefeller, um Carnegie, que estimulam as grandes iniciativas, em favor do bem público, não serão ricos amados de Deus? E os Henry Ford, que transformam os pântanos em parques industriais, onde milhares de criaturas ganham honestamente o pão da vida, não merecem o respeito amoroso das multidões?
A apreciação sobre os ricos da Terra prosseguia animada, quando alguém se lembrou de submeter a Richard o assunto, em sua feição substancial.
O generoso velhinho, no entanto, replicou judiciosamente:
– Antes de tudo, só Deus pode julgar em definitivo as suas criaturas; mas, como considero o planeta terrestre uma abençoada escola de dor que conduz à alegria e de trabalho que encaminha para a felicidade com Jesus, devo assinalar que, na carne, não conheço senão Espíritos cheios de débitos pesados, com as mais vastas obrigações, perante a obra de Deus, que é o país infinito das almas. Quem será o Senhor das riquezas, senão o próprio Pai que criou o Universo? Onde estão os bancos infalíveis, ou os milionários que possam dispor eternamente dos bens financeiros que lhes são confiados? As expressões cambiais do mundo são convenções que outras convenções modificam. Basta, às vezes, um sopro leve das marés sociais para que todos os quadros da riqueza humana se transformem. Tenho de mim para comigo que, no mundo, o dinheiro a gastar, como a dívida financeira a resgatar são também oportunidades que o Senhor de Todas as Coisas nos oferece, para que sejamos dignos dele. O crédito exige a virtude da ponderação com a bondade esclarecida e o débito reclama a virtude da paciência com o amor ao trabalho.
A essas palavras justas, que nos conduziam a um campo de novas especulações sentimentais, um dos nossos irmãos de esforço, antigo socialista extremado na Terra, entusiasmando-se, talvez em excesso, com as elucidações do generoso mentor, exclamou efusivamente:
– Muito bem! sempre encontrei no capital um fantasma para a felicidade humana.
Pedro Richard endereçou-lhe o olhar, cheio de mansuetude, e explicou com bondade:
– Quem te afirmou que o capital no mundo é um erro?
E depois de uma pausa, dando a conhecer que desejava acentuar suas palavras, acrescentou:
– Podemos assinalar a dedo os raríssimos homens da Terra que conseguem trabalhar sem o aguilhão. O capital será esse aguilhão, até que as criaturas entendam o divino prazer de servir. Para os mais abastados, ele tem constituído a preocupação bendita da responsabilidade, e para a generalidade dos homens, o estímulo ao trabalho. O capital é um recurso de sofrimento purificador, não somente para os que o possuem, mas para quantos se esforçam pelo obter. É o meio através do qual o amor de Deus opera sobre toda a estruturação da vida material no globo; sem sua influência, as expressões evolutivas do mundo deixariam a desejar, mesmo porque os Espíritos encarnados estariam longe de compreender os valores legítimos da vida, sem a verdadeira concepção da dignidade do trabalho.
O nosso amigo quedou-se em meditação.
Aqueles esclarecimentos generosos e simples profundamente nos surpreendiam.
O mentor benévolo e sábio continuou as suas elucidações evangélicas. Explicações desconhecidas e inesperadas surgiam de seus lábios, derramando-se em nossos espíritos, como jatos de luz. Eram novas claridades sobre a figura incompreendida e luminosa do Cristo, revelações de sentimentos que nos conduziam ao máximo de admiração.
Grande número de literatos desencarnados no Brasil, filiados às mais diversas escalas, escutavam-lhe os conceitos simples e profundos.
Foi então que, ao fim dos estudos, e nas derradeiras observações, um velho conhecedor das letras evangélicas adiantou-se para o velhinho bom, interrogando:
– Richard, as tuas explicações são judiciosas e derramam novas claridades em nosso íntimo. Mas, sempre ponderei uma questão de essencial interesse, nessa parábola do Evangelho. Por que motivo o santificador Espírito de Abraão, personificando a Providência Divina junto de Lázaro redimido, não atendeu às súplicas do Rico desventurado? Não era este também um filho de Deus? Observando os teus esclarecimentos de agora, sinto esta interrogação cada vez mais forte em minh'alma, porque, afinal, o homem rico do mundo pode ser, muitas vezes, uma criatura indigente na aspereza das provas. Como esclarecer esse problema que nos induz a supor certa insensibilidade nas almas gloriosas que já se redimiram das vicissitudes da existência material?
O esclarecido comentador da palavra de Jesus replicou com veemência e brandura:
– Insensibilidade nos mensageiros do bem? Esse conceito nasce da nossa deficiência de verdadeira compreensão. Abraão e Lázaro viram nos sofrimentos do Rico a misericórdia inesgotável do Pai Celestial que, dos nossos erros mais profundos, sabe extrair a água amargosa que nos há de curar o coração. Ambos compreenderam que seria contrariar os desígnios divinos levar ao irmão torturado uma água mentirosa que lhe não mataria a sede espiritual. Quanto ao mais, que pedia o Rico ao Espírito generoso de Abraão? Rogava-lhe que Lázaro voltasse ao mundo para dar a seus pais, a sua mulher, a seus filhos e irmãos as verdades de Deus, a fim de que se salvassem. Como não se lembrou de pedir a difusão dessas mesmas verdades, entre todas as criaturas? Por que razão somente pensou nos seus amados pelo sangue, quando todos os homens, nossos irmãos, têm necessidade da paz de Deus, que é a água viva da redenção? A solicitação do Rico é muita semelhante à maioria das súplicas que partem dos caminhos escuros da Terra, filhas do egoísmo ambicioso ou do malfadado espírito de preferência das criaturas, orações que nunca chegam a Deus, por se apagarem no mesmo círculo de sombra e ignorância em que foram geradas pela insensatez dos homens indiferentes!...
O nosso amigo religioso recebera também a sua lição.
As elucidações evangélicas do dia estavam terminadas.
No recanto silencioso, a que me recolho com as heranças tristes da Terra, intensifiquei as minhas reflexões sobre a grandeza desconhecida do Cristo e, contemplando as perspectivas angustiosas dos quadros sociais da existência terrestre, comecei a meditar, com mais interesse, na profunda Parábola do Rico.
 
Do livro Pontos e Contos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cada Qual

Cada Qual

Autor: Emmanuel (espírito)

“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”. - Paulo. I
(Corintios, 12:4).

Em todos os lugares e posições, cada qual pode revelar qualidades
divinas para a edificação de quantos com ele convivem.
Aprender e ensinar constituem tarefas de cada hora, para que
colaboremos no engrandecimento do tesouro comum
de sabedoria e de amor.
Quem administra, mais frequentemente pode expressar
a justiça e a magnanimidade.
Quem obedece, dispõe de recursos mais amplos para
demonstrar o dever bem cumprido.
O rico, mais que os outros, pode multiplicar o trabalho
e dividir as bênçãos.
O pobre, com mais largueza, pode amealhar a fortuna
da esperança e da dignidade.
O forte, mais facilmente, pode ser generoso, a todo instante.
O fraco, sem maiores embaraços, pode mostrar-se humilde,
em quaisquer ocasiões.
O sábio, com dilatados cabedais, pode ajudar a todos,
renovando o pensamento geral para o bem.
O aprendiz, com oportunidades multiplicadas, pode distribuir
sempre a riqueza da boa-vontade.
O são, comumente, pode projetar a caridade em todas as direções.
O doente, com mais segurança, pode plasmar as lições
da paciência no ânimo geral.
Os dons diferem, a inteligência se caracteriza por diversos graus,
o merecimento apresenta valores múltiplos, a capacidade é fruto
do esforço de cada um, mas o Espírito Divino que sustenta
as criaturas é substancialmente o mesmo.
Todos somos suscetíveis de realizar muito, na esfera de trabalho
em que nos encontramos.
Repara a posição em que te situas e atende aos imperativos do
Infinito Bem. Coloca a Vontade Divina acima de teus desejos,
e a Vontade Divina te aproveitará.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Fonte Viva

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Mancebo Rico

O momento era de profunda significação. Sabia, por estranha intuição, que um dia defrontaria a Realidade, e a encontrava agora (*).
     No ar abafado do entardecer serenavam as ânsias da Natureza.
     Doces perfumes evolavam de miúdas flores derramadas nos flancos do aclive. As águas transparentes cantavam melodias ignotas, deslizando sobre o leito de pedras arredondadas.
     O apelo pairava vibrando em derredor: - “Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me”.
     Aquela voz penetrava como um punhal afiado e impregnava qual perfume de nardo.
     Havia um magnetismo inconfundível naqueles olhos severos e profundos como duas estrelas engastadas na face pálida do amanhecer.
     Tinha sede de paz.
     Embora repousasse em leito de madeiras preciosas incrustado de ébano e lápis-lazúli, se banqueteasse em repastos opíparos, cuidasse do corpo com massagens de óleos e ungüentos raros, envolvendo-o em tecidos de linho leve, e suas arcas estivessem abarrotadas de gemas e ouro, sabia-se infeliz, sentia-se infeliz. Faltava-lhe algo que não se consegue facilmente.
     Hesitava, no entanto.
     Sua vivenda era luxuosa, seus pertences valiosos e vazio o seu coração.
     Conquanto a juventude cantasse alegrias e festas em convites constantes ao prazer no corpo ágil e vigoroso, acalentava melhores aspirações, se disputava a posse total da paz. Era mais do que um tormento essa necessidade. Não que desejasse a tranqüilidade aparatosa dos fariseus ou o repouso entorpecente dos mercadores opulentos, nem a serenidade enganosa dos cambistas abastecidos ou a senectude vitoriosa dos conquistadores em aposentadoria compulsória. Buscava integração harmoniosa, mas não sabia em quê.
     Confragia-se e angustiava-se,  ignorando as nascentes da melancolia renitente que lhe dissipava sonhos e esperanças sob guante de inenarrável amargura.
     Buscava as competições em Cesaréia, todavia ignorava se essa busca representava uma realização ou fuga.
     Agora, pela primeira vez, sentia-se arrebatado.
     A meiguice e a ordem daquela voz, enunciada por aquele Homem, ecoavam como cascatas em desalinho nos abismos do espírito.
     Interiormente gritava: “Irei contigo, Senhor, mas...”
     Hesitava, sim, e a hora não comportava dubiedades.
     Uma roseira de flores rubras, que abraçava os ramos do arvoredo próximo, sacudida pelo vento, desgarrou-se e as pétalas da cor de sangue caíram-lhe aos pés, junto dEle, no alpendre, como sinais...
     Donde O conhecia? – indagava, a medo , procurando recordar-se, com indizível esforço mental.
     Tudo àquela hora era importante; mais do que isso: vital!
     Ao vê-Lo, de longe, era como se reencontrasse um amigo, um Celeste Amigo.
     Quando os seus descansaram nos olhos d’Ele, sentiu-se desnudado, o coração em descontrole sob violenta pulsação. Emoções inusitadas vibravam no seu ser, como jamais acontecera anteriormente. Desejou arrojar-se ao solo, esmagado por indômita constrição no peito.
     Percebeu que o Estranho sorriu, como se o esperasse, como se o amasse, poderia afirmá-lo...
     O tempo corria célere galopante as horas fugidias.
     Seus lábios se afiguravam selados, e frio impertinente gelava-lhe as mãos.
     Lutava por quebrar aquele torpor que o imobilizava.
     Retalhos de luar tímido prateavam nuvens soltas no firmamento, bordando de luz oliveiras altivas e loendros em flor.
     – Permite-me primeiro – conseguiu articular, vencendo a emoção que o transfigurava – competir em Cesaréia, logo mais, disputando para Israel os triunfos dos jogos...
     – Não posso esperar. O Reino dos Céus começa hoje e agora para o teu espírito. Não há tempo a perder.
     – Aguardei muito essa ocasião e ela se avizinha, com a chegada do período das competições... Exercitei-me, contratei escravos que me adestraram... aos partos comprei, por uma fortuna, duas parelhas de fogosos  cavalos... os jogos estão próximos...
     – Renuncia, e segue-me!
     Quem era Ele, que assim lhe falava? Que poder exercia sobre sua vontade?!  Por qual sortilégio o dominava?!... Gostaria de fugi ou deixar-se arrastar;  estava perturbado; ignorada sofreguidão o aniquilava...
     A horizontalidade das aflições humanas contemplava a verticalidade da sublimação divina; o cotidiano deparava com o infinito; o vale fitava o abismo das alturas e se perdia na imensidão.
     O homem e o Filho do Homem se defrontavam.
     O diálogo parecia impossível, reduzindo-se a um monólogo atormentante para o moço diante daquele Homem.
     Vencendo irresistível temor, continuou o príncipe afortunado:
     –  Não receio dar o que possuo: dinheiro, ouro, gemas, títulos, se possível, pois sei que estes se gastam mui facilmente, mas...
     –  ...Dá-me a ti próprio e eu te oferecerei a ventura sem limite.
     Que alto prêmio! Que pesado tributo! – pensou desanimado.
     Era muito jovem e muitos confiavam nele. Possivelmente Israel lucraria com os seus lauréis e triunfos. Príncipe,  tinha pela frente as avenidas do poder a que se afervorara, poder que no momento se destituía de qualquer valor.
     Os bens, poderia ofertá-los, sim. Porém a fortuna da juventude, os tesouros vibrantes da vaidade atendida e dos caprichos sustentados, as honras de família resguardadas pela tradição, os corifeus agradáveis e bajuladores, oh! seria necessário renunciar-se a isso tudo? – interrogava-se, inquieto.
     – Sim! – Respondeu-lhe, sem palavras, com os olhos fulgurantes.
     Sofria naqueles minutos a soma dos sofrimentos que experimentara a vida toda.
     O ar cantava leves murmúrios enquanto as tulipas do campo teciam um manto sutil, rescendendo aromas.
     O Rabi, em silencio, aguardava. E ele, em perplexidade, lancinava-se.
     O diálogo tornara-se realmente impossível.
     Subitamente, o príncipe de qualidade, num átimo de minuto, lembrou-se que amigos o aguardavam na cidade. Compromissos esperavam-no. Deveria debater os detalhes finais para a corrida na grande festa da semana entrante.
     Acionado por estranho vigor, que dele se apossou repentinamente, fitou o Messias sereno e triste, balbuciando com voz apagada:
     E saiu quase a correr.
***

     Sopravam os ventos frios que chegavam de longe, musicados pelo bulício das estrelas balouçantes.
     A terra estuava sob a gramínea orvalhada.
    O Mestre sentou-se e se encheu de profundo sofrimento.
     Era assim, sempre assim que Ele ficava após a deserção dos convidados ao Banquete da Luz. A expressão de mansuetude e perdão que lhe brilhava nos olhos mergulhava em lágrimas, agasalhada em leves tons de amargura.
     Assim O encontraram os discípulos. Interrogado, respondeu:
     –  “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas”!
***

     Uma semana depois Cesaréia era a capital do ócio, do prazer.
     Situada ao norte da planície de Sarom e a 30 quilômetros ao sul do Monte Carnelo, foi embelezada por Herodes que, no local, mandou erguer grande porto de mar, caracterizado por colossal quebra-mar enriquecendo-a com imponente Templo onde se levantava descomunal estátua do imperador.
     Esse porto valioso sobre o Mediterrâneo era importante escoadouro de Israel e porta de entrada marítima onde atracavam embarcações de toda parte.
     As vilas ajardinadas debruçavam-se sobre as encostas pardacentas da cidade, exibindo estilos arquitetônicos variados.
     Pelo seu clima agradável, tornara-se residência oficial dos procuradores romanos, em Israel.
     Tamareiras onduladas pelo vento adornavam as ruas e odores exóticos misturavam-se no ar varrido pela maresia.
     Os festins de Cesáreia pretendiam rivalizar com os de Roma, atraindo aficionados até mesmo da Metrópole longínqua.
     Ao som alegre de trompas e fanfarras começavam as festas públicas.
     Competições de bigas abrem as corridas ante a aflição de judeus, romanos e gentios que deixaram sobre as mesas dos cambistas pesadas apostas nos seus ases.
     Gladiadores em combates simulados, tocadores de pífanos e flautas, alaúdes e címbalos, enchem os intervalos de som e cor.
     As quadrigas estão na linha de partida. Os fogosos corcéis, adquiridos aos partos, oriundos da Dalmácia, de Tiro, Sidon e da Arábia, empinam, lustrosos, ajaezados. Ao sinal disparam, sob estrondosa ovação.
     Chicotes vibram no ar, mãos firmes nas rédeas, os guias e condutores dão velocidade aos carros frágeis. A celeridade prende a respiração em todos os peitos.
     Numa manobra menos feliz, um carro vira e um corpo tomba na arena, despedaçado pelas patas velozes, em disparada.
     O moço rico sente as entranhas abertas, o suor e o sangue em pastas de lama, a respiração estertorada...
     Enquanto escravos precípites arrastam-no na pista, foge mentalmente à cena brutal que o esmaga, e entre as névoas que lhe sombreiam os olhos parece vê-LO.
     Silenciando os gritos na concha acústica tem a impressão de escutá-lo.
     –  Renuncia a ti mesmo, vem, e segue-ME.
     –  Amigo!...
     Dois braços o envolvem veludosos e transparentes.
     Apesar da face deformada e lavada pelas lágrimas, o suor e o sangue, ele dá a impressão de sorrir.
Pelo Espírito de Amélia Rodrigues – Primícias do Reino
(*) Mat. 19: 16 a 30
     Mar. 10: 17 a 31
     Luc.  18: 18 a 30
     (Nota da Autora espiritual)

domingo, 10 de março de 2013

Os Ricos e o Reino."...A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres....","...A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha....","...A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. ..."

Os Ricos e o Reino

A condenação de Jesus aos ricos, tão clara no Evangelho de Lucas, não se refere à fortuna em si, mas ao apego à fortuna. Se Jesus considerasse o dinheiro como maldição não diria ao moço rico que o distribuísse aos pobres. A riqueza individual e familiar é uma forma de acumulação com vistas ao futuro da coletividade. Kardec examinou suficientemente esse problema e deixou evidente o papel social da riqueza. Mas justamente por isso ela se torna, como dizem constantemente os espíritos, uma das provas mais perigosas para o espírito encarnado.

Podemos compará-la à saúde. O homem são e forte em geral se embriaga com a sua condição e se afasta dos problemas do espírito. Esquece o que é e que terão de voltar ao plano espiritual. A prova da saúde é tão perigosa como a da fortuna. Mas ambas têm por finalidade adestrar o espírito na luta com as ilusões, com as fascinações da vida. É nessa luta que o espírito desenvolve os seus poderes internos, a sua capacidade de superar a matéria, de dominá-la como o nadador domina a água.

A parábola do jovem rico põe a nu a situação do espírito diante da prova. O jovem queria a salvação e procurava seguir os preceitos da lei para atingi-la. Sua consciência o advertia de que ele não estava fazendo o necessário. Mas quando Jesus lhe disse que se libertasse dos seus bens e os revertesse em favor dos pobres, ele não teve coragem de fazê-lo. Vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados não é apenas dar esmolas. A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres.

A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha. A vida terrena passa breve e o rico egoísta logo se verá diante da porta estreita do Reino sem poder franqueá-la. Quando os homens forem capazes de enfrentar a prova da riqueza para vencer o egoísmo, a miséria desaparecerá do mundo.

A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. Terá de voltar muitas vezes à Terra, aos reinos dos homens, para aprender que a riqueza material só o ajudará quando ele souber trocar as suas moedas de metal por atos de amor.

Irmão Saulo
Pseudômino de Herculano Pires
Livro: O Reino