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sábado, 27 de outubro de 2012

A autoridade paterna


Rodolfo Calligaris
O amor materno e autoridade paterna são dois elementos essenciais ao bom equilíbrio das relações familiares.
Releva frisar que mãe e pai não estão dissociados em suas funções. Pelo contrário, à mãe cabe também certa autoridade sobre os filhos, assim como nada impede que o pai manifeste ternura para com eles.
A separação que aqui se faz visa apenas enfatizar isto: o que o filho mais espera e precisa da mãe é o amor; do pai, a autoridade.
Autoridade é a palavra derivada de autor, deixando claro que essa prerrogativa é inerente ao autor. E o caso do pai, autor da vida do filho.
Pode ele delegar parte de sua autoridade a outras pessoas, durante algum tempo e no que tange a certos aspectos da educação do filho. Permanece, porém, a instância de apelo supremo.
Isto é verdadeiro, não apenas do ponto de vista jurídico, mas igualmente do ponto de vista psicológico. Deixe a criança de sentir acima dela a proteção da autoridade paterna e seu equilíbrio emocional será afetado, com prejuízo, inclusive, para a sua maturidade.
A criança detesta, quase sempre, aqueles que a tiranizam, pois gosta de ser tratada com moderação e justiça; mas, por outro lado, despreza e agride o pai frouxo e piegas cuja incapacidade a priva de um apoio que deseja e lhe é indispensável.
Sim, a par da liberdade, sem a qual não poderia auto afirmar-se, a criança necessita, também, da autoridade para que seja orientada nos seus julgamentos e saiba disciplinar a própria vontade.
Se contar com a preciosa ajuda da autoridade, ela evoluirá na fase inicial, instintiva, em que busca simplesmente o prazer através da satisfação de suas necessidades, para a outra fase, adulta, em que lhe caberá enfrentar as vicissitudes da vida, nem sempre isenta de dificuldades e sofrimentos.
Sem isso, manter-se-á em dependência infantil, sem conseguir ajustar-se aos grupos sociais em que será obrigada a viver, ou melhor, a conviver, criando a tudo instante condições de atrito com os semelhantes.
Pais existem que, ultrapassando os limites da autoridade, exercem um domínio absoluto e cruel sobre os filhos, não lhes permitindo a menor discussão a respeito de suas ordens, que exigem sejam cumpridas rigorosamente, valendo-se dos métodos repressivos da ameaça, da surra, da crítica mordaz e humilhante, das proibições sistemáticas, etc.
O máximo que conseguem com essa maneira de agir é uma submissão cega, sem consentimento interior, o que fará dos filhos indivíduos tímidos e gaguejantes, com fortes sentimentos de inferioridade, ou então revoltados, futuros tiranos da própria prole.
Outros, em contraposição, seja por comodismo, seja por fraqueza, não exercem a menor autoridade sobre os filhos: deixam-nos à solta, permitindo-lhes tudo, satisfazendo a todos os seus desejos, numa atitude de superindulgência que, longe de traduzir bondade, o que evidencia é falta de amor, ou, pelo menos, indiferença pela sua sorte.
Este tipo de educação, está provado, só pode tornar as pessoas incontestáveis, exigentes, egoístas, incapazes de oferecer a menor cooperação a quem quer que seja. Pior ainda: favorece os desregramentos e conduz à libertinagem, principais fatores da delinqüência em todos os tempos.
Autoridade legítima é o processo pelo qual o pai ajuda o filho a crescer e a amadurecer, para que chegue à autonomia sabendo que a liberdade tem um preço: a responsabilidade. É a maneira pela qual o pai conduz o filho à auto-realização, desenvolvendo-lhe as potencialidades, sem entretanto, exigir mais do que ele possa dar, respeitando-lhe as limitações.
É, sobretudo, força moral que o pai deve ter sobre o filho, baseada na admiração que lhe desperta, por se constituir um modelo digno de ser imitado.
Em suma, a verdadeira autoridade jamais se impõe pela violência. É uma decorrência natural das qualidades paternas, entre as quais se destacam as seguintes:
  1. Ser autêntico, isto é, conhecer o papel que lhe cabe no lar e exercê-lo com segurança e continuidade.
     
  2. Ser justo, tratando todos os filhos com igual solicitude, sem nunca demonstrar preferência ou aversão por nenhum.
     
  3. Ser um educador, castigando quando preciso, mas sabendo também desculpar, valorizar e incentivar.
     
  4. Ser coerente, mantendo seu ponto de vista acerca do que lhe pareça certo ou errado, evitando proibir um dia e deixar fazer no outro.
     
  5. Ser cordial, promovendo o afeto, a estima e a camaradagem entre os familiares.
     
  6. Ser compreensivo, superando os conflitos e mantendo seu amor ante os erros dos filhos.
     
  7. Ser clarividente, sabendo discernir entre o que é essencial e o que é secundário.
     
  8. Ser conciliador, acatando as opiniões do grupo familiar, ao invés de impor apenas as suas.
     
  9. Ter presença no lar, acompanhando de perto a vida dos filhos, por saber que o abandono moral é caminho para a delinqüência.
     
  10. Ter serenidade, evitando dar mostras de impaciência, irritação ou cólera.
     
  11. Ter firmeza, dando “sim” quando julgue que possa dá-lo, tendo a coragem de dizer e manter o “não”, sempre que isso se faça necessário.
     
  12. Ter espírito aberto, procurando estar sempre bem informado, para saber interpretar construtivamente os acontecimentos do mundo.
     
  13. Ter estabilidade emocional, evitando, quanto possível, as variações de humor e os inconvenientes que daí decorrem.
     
  14. Ter maturidade, aceitando as responsabilidades decorrentes de sua condição de chefe de família, especialmente as de pai.
     
  15. Ter prestígio, por seus exemplos de amor ao trabalho, hábitos sadios, civismo, gosto de ser útil ao próximo, etc.
***
Quantos pais são infelizes em seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração: depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.” (Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, nº 4)
***
(De “A vida em família”, de Rodolfo Calligaris)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A criança

pedro de camargo

Fonte: O Mestre na Educação - FEB - 6ª Edição

Recordemos duas sentenças acerca da criança, proferidas pelo Profeta de Nazaré. Disse ele: “Deixai vir a mim os pequeninos; não os impeçais, porque deles é o reino dos céus”.
E mais: “Em verdade vos digo, que, se não vos fizerdes como as crianças, não entrareis no reino dos céus”.
A primeira destas duas assertivas não exprime tão somente uma expressão carinhosa, um gesto afetuoso, aliás, muito próprio do caráter e da personalidade do Divino Mestre; encerra também sabedoria, revelando o perfeito conhecimento das condições em que as crianças se encontram ao encetarem a sua entrada no seio da Humanidade, e, ao mesmo tempo, recorda e põe em destaque os compromissos daqueles que aqui as recebem, notadamente os pais e preceptores.
A criança – notemos bem – não é uma entidade recém-criada: é, apenas, recém-nascida, fenômeno este que se consuma em cada uma das vezes que o Espírito imortal reveste a indumentária carnal, permanecendo no plano terreno por tempo incerto, que pode ser mais ou menos dilatado.
Quando, pois, Jesus diz – deixai vir a mim os pequeninos – adverte-nos quanto à época propícia ao lançamento das bases educativas.
Não forçamos a interpretação. Jesus não é mestre? O mister que exerceu neste mundo, não foi ensinar a curar?
Portanto, encaminhar as crianças a ele, importa em educá-las segundo os preceitos de sua escola. Consideremos ainda o que Jesus afirmou de si mesmo: Eu sou a Verdade. Eu sou a luz do mundo.
Ora, o que é educar, no legítimo sentido da expressão, senão orientar o Espírito na aquisição parcial, porém progressiva, da Verdade? Dessa Verdade que é luz; dessa luz que é redenção? - na conformidade de mais esta frase elucidativa da missão do Verbo encarnado: Se permanecerdes nas minhas palavras, sereis realmente meus discípulos; e conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará?
Esquadrinhemos o quanto possível o pensamento do Mestre:
Após o – deixai vir a mim os pequeninos – ele acrescentou: Não os impeçais – isto, porque os discípulos pretenderam impedir que as crianças se aproximassem dele. Nós – nos dias de hoje, descurando da educação infantil – o que estamos fazendo senão impedir que as crianças se instruam e se iluminem conforme os preceitos da escola cristã?
Deixar de proporcionar à infância essa oportunidade, é contribuir para o seu extravio, quando está em nossas possibilidades conduzi-la àquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Prosseguindo, consideremos a terceira parte da sentença ora comentada: porque delas – das crianças – é o reino dos céus.
A velha ortodoxia ensina que o reino dos céus lhes pertence porque elas são inocentes, e, assim, desencarnando nessa condição, vão integrar-se naquele reino.
Semelhante interpretação, porém, não procede; não resiste mesmo ao mais ligeiro sopro de raciocínio.
Senão vejamos: Onde o mérito da criança para obter o céu? Que fez ela digno de tamanha recompensa, considerando, sobretudo, o conceito desta frase, que foi enfaticamente proclamada por Jesus?!: A cada um será dado segundo as suas obras.
Se não é licito imputar culpa às crianças, também, de igual modo, não lhes podemos conceder merecimentos. A prevalecer aquele postulado, isto é, que a criança desencarnada vai para o céu, a melhor ventura, o maior bem que lhe poderia suceder, seria, por certo, a morte. Em tal hipótese deveriam desaparecer a Puericultura e a Pediatria como ciências heréticas, e levantar-se um monumento a Herodes I, o tetrarca, da Galiléia, porque tendo decretado a degola de milhares de crianças nascidas em Belém e suas cercanias, enviou ao reino dos céus grande falange de almas sem pecado. Tampouco teria fundamento os protestos da nossa imprensa chamando a atenção das autoridades para o vultoso número de crianças que sucumbem em nossa sociedade; antes, fariam jus, essas autoridades, a louvores, por estarem carreando essas levas sucessivas de inocentes para os tabernáculos eternos.
Semelhante erronia procede do desconhecimento da verdade a respeito da criança e das leis que regem e regulam a marcha evolutiva dos seres conscientes, e, por isso, responsáveis.
Sendo a criança que nasce um Espírito que se reencarna, a sua inocência resulta da ignorância do mal no decurso dos primeiros anos de cada existência. E, mais ainda, porque o novo aparelho, a matéria, em vias de desenvolvimento, obscurece a mente, constrangendo o Espírito dentro de limites acanhados, determinando um recomeço. Assim é necessário, pois é mediante essas reiniciações verificadas através das existências sucessivas que se processam as retificações que a alma imortal vai imprimindo na linha mais ou menos sinuosa de sua evolução.
Cada passagem pela Terra importa numa oportunidade, sendo que os sete anos iniciais são os mais adequados e propícios ao lançamento das bases educativas, segundo ensinam os nossos irmãos maiores, devendo, por isso, merecer dos pais e dos preceptores os mais atentos cuidados.
É após aquele período que o Espírito integra o seu aprisionamento na carne, sendo, portanto, a fase mais adequada às iniciações renovadoras.
A criança nessa época ignora os preconceitos de raça, nacionalidade, classe, credos e posição social. Elas são propensas a se confraternizarem. Se, por vezes, rixam e se hostilizam mutuamente, não guardam ressentimentos, pois jamais o sol se põe sem que se hajam reconciliado. Às contendas da manhã, sucedem, invariavelmente, as fraternas amistosidades da tarde.
É tão acentuada a naturalidade de suas atitudes, que, desconhecendo o direito de propriedade que vigora em nossa sociedade da maneira mais rigorosa, as crianças vão-se apossando de qualquer objeto ou brinquedo que encontram ao alcance e lhes desperta interesse, desfrutando o prazer de admirá-lo e dele se servirem como coisa sua.
Conforme verificamos, tanto no fato de não guardarem animosidade, como também no que respeita ao modo como encaram as utilidades da vida, as crianças dão lições aos homens, justificando estes dizeres do Divino Educador: se não vos fizerdes como as crianças não entrareis no reino de Deus.
Cada nova existência importa, pois, no retorno do aluno ao ciclo de aprendizagem, e ao centro de experiências renovadas. Desprezar tais oportunidades, deixando de orientar e conduzir as crianças – é crime de lesa-humanidade cometido pelos responsáveis, considerando que, dentre estes, nós, os espíritas, assumimos a parte mais acentuada dentro do critério desta luminosa sentença do Cristo de Deus: A quem muito foi dado, muito será exigido.
Pensemos, portanto, no problema da Educação, dando escola às crianças, pois do contrário estaremos falhando lamentavelmente ao cumprimento do mais imperioso dever que nos cabe desempenhar.

instrução e educação

Pedro de camargo

Fonte: O Mestre na Educação - FEB - 6ª Edição

É preciso não confundir instrução com educação. A educação abrange a instrução, mas pode haver instrução desacompanhada de educação.
A instrução relaciona-se com o intelecto: a educação com o caráter. Instruir é ilustrar a mente com certa soma de conhecimentos sobre um ou vários ramos científicos. Educar é desenvolver os poderes do Espírito, não só na aquisição do saber, como especialmente na formação e consolidação do caráter.
O intelectualismo não supre o cultivo dos sentimentos. “Não basta ter coração, é preciso ter bom coração”, disse Hilário Ribeiro, o educador emérito cuja extraordinária competência pedagógica estava na altura da modéstia e da simplicidade que lhe exortam o formoso espírito.
Razão e coração devem marchar unidos na obra do aperfeiçoamento do espírito, pois em tal importa o senso da vida. Descurar a aprendizagem da virtude, deixando-se levar pelos deslumbramentos da inteligência, é erro de funestas conseqüências.
Sobre este assunto, não há muito, o presidente dos Estados Unidos da América do Norte citou um julgado da “Suprema Corte de Justiça” de Massachusetts, no qual, entre outros princípios de grande importância, se enunciou o de que “o poder intelectual só e a formação cientifica, sem integridade de caráter, podem ser mais prejudiciais que a ignorância. A inteligência, superiormente instruída, aliada ao desprezo das virtudes fundamentais, constitui uma ameaça”.
Convém acentuar aqui que a consciência religiosa corresponde, neste particular, ao fator principal na formação dos caracteres. Já de propósito usamos a expressão – consciência religiosa – ao invés de religião, para que não confundam idéias distintas entre si. Religiões há muitas, mas a consciência religiosa é uma só. Por essa designação entendemos o império interior da moral pura, universal e imutável conforme foi ensinada e exemplificada por Jesus Cristo. A consciência religiosa importa em um modo de ser, e não em um modo de crer.
É possível que nos objetem: mas, a moral cristã é tão velha, e nada tem produzido de eficiente na reforma dos costumes. Retrucaremos: não pode ser velho aquilo que não foi usado. A moral cristã é, em sua pureza e em sua essência, desconhecida da Humanidade. Sua atuação ainda não se fez sentir ostensivamente. O que se tem espalhado como sendo o Cristianismo é a sua contrafação. Da sanção dessa moral é que está dependendo a felicidade humana sob todos os aspectos.
O intelectualismo, repetimos, não resolve os grandes problemas sociais que estão convulsionando o mundo. O fracasso da Liga das Nações é um exemplo frisante; é, como esse, muitos outros estão patentes para os que têm olhos de ver.
Bem judiciosas são as seguintes considerações de Vieira sobre o inestimável valor da educação sob seu aspecto moral:
Em todas as ciências é certo que há muitos erros, dos quais nasce a diferença de opiniões; em todas as ciências há muitas ignorâncias, as quais confessam todos os maiores letrados que não compreendem nem alcançam. Pois se veio a Sabedoria divina ao mundo, por que alumiou estes erros, por que não tirou estas ignorâncias? Porque errar ou acertar em todas as matérias, sabê-las ou não as saber, pouca coisa importa; o que só importa é saber salvar, o que só importa é acertar a ser bom: e isto é justo é o que nos veio ensinar o Filho de Deus. Nem ensinou aos filósofos a composição dos continentes, nem aos geômetras a quadratura do circulo, nem aos mareantes a altura de Leste e Oeste, nem aos químicos o descobrimento da pedra filosofal, nem aos médicos as virtudes das ervas, das plantas e dos mesmos elementos; nem aos astrólogos e astrônomos o curso, a grandeza, o número e as influências dos astros: só nos ensinou a perdoar as injúrias, só nos ensinou a sofrer perseguições pela causa da justiça, só nos ensinou a chorar e aborrecer o pecado e amar e exercitar a virtude; porque estas são as regras e as conclusões, estes os preceitos e os teoremas por onde se aprende a ser bom, a ser justo, que é a ciência que professou e veio ensinar o Filho de Deus.
***

É de semelhante espécie de ensino que precisam os homens de nossos dias. Todos os problemas do momento atual se resumem em uma questão de caráter: só pela educação podem ser solucionados.
Demasiada importância se liga às várias modalidades do saber, descurando-se o principal, que é a ciência do bem.
Os pais geralmente se preocupam com a carreira que os filhos deverão seguir, deixando-se impressionar pelo brilho e pelo resultado utilitário que de tais carreiras possam advir. No entanto, deixam de atentar para a questão fundamental da vida, que se resolve em criar e consolidar o caráter. Antes de tudo, e acima de tudo, os pais devem curar da educação moral dos filhos, relegando às inclinações e vocações de cada um a escolha da profissão, como acessório.
A crise que assoberba o mundo é a crise de caráter, responsável por todas as outras.
O momento reclama a ação de homens honestos, escrupulosos, possuídos do espírito de justiça e compenetrados das suas responsabilidades.
Temos vivido sob o despotismo da inteligência. Cumpre sacudir-lhe o jugo fascinador, proclamando o reinado do caráter, o império da consciência, da moral e dos sentimentos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

DEVERES DOS PAIS


Por impositivo da sabedoria divina, no homem a infância demora maior período do que em outro animal qualquer.
Isto porque, enquanto o Espírito assume, a pouco e pouco, o controle da organização fisiológica de que se serve para o processo evolutivo, mais fáceis se fazem as possibilidades para a fixação da aprendizaagem e a aquisição dos hábitos que o nortearão por toda a existência planetária.
Como decorrência, grande tarefa se reserva aos pais no que tange aos valores da educação, deveres que não podem ser postergados sob pena de lamentáveis conseqüências.
Os filhos - esse patrimônio superior que a Divindade concede por empréstimo - , através dos liames que a consangüinidade enseja, facultam o reajustamento emocional de Espíritos antipáticos entre si, a sublimação de afeições entre os que já se amam, o caldeamento de experiências e o delinear de programas de difícil estruturação evolutiva, pelo que merecem todo um investimento de amor, de vigilância e de sacrifício por parte dos genitores.
A união conjugal propiciatória da prole edificada em requisitos legais e morais constitui motivo relevante, e não deve ser confundida com as experiências do prazer, que se podem abandonar em face de qualquer conjuntura que exige reflexão, entendimento e renúncia de algum ou de ambos nubentes.
Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência.
Evidentemente as técnicas psicológicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento. Entretanto, o amor - que tem escasseado nos processos modernos da educação com lamentáveis resultados - possui os elementos essenciais para o feliz desiderato.
No compromisso do amor, estão evidentes o companheirismo, o diálogo franco, a solidariedade, a indulgência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo da aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais.
No lar, em conseqüência, prossegue sendo na atualidade de fundamental importância no complexo mecanismo da educação.
Nesse sentido, é de essencial relevância a lição, dos exemplos, a par da assistência constante de que necessitam os caracteres em formação, argila plástica que deve ser bem modelada.
No capítulo da liberdade, esse fator basilar, nunca deixar esquecido o dever da responsabilidade. Liberdade de ação e responsabilidade dos atos, ajudando no discernimento desde cedo entre o que se deve, convém e se pode realizar.
Plasma, na personalidade em delineamento do filhinho, os hábitos salutares.
Diante dele, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um Espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência com dificuldades, e que muito depende de ti.
Nem o excesso de severidade para com ele, nem o acúmulo de receios injustificados, em relação a ele, ou a exagerada soma de aflição por ele.
Fala-lhe de Deus sem cessar e ilumina-lhe a consciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve lucilar no íntimo como farol de bençãos para todas as circunstâncias.
Ensina-lhe a humildade ante a grandeza da vida e o respeito a todos, como valorização preciosa das concessões divinas.
O que lhe não concedas por negligência, ele te cobrará depois ...
Se não dispões de maiores ou mais valiosos recursos para dar-lhe, ele saberá reconhecer e, por isso, mais te amará.
Todavia, se olvidaste de ofertar-lhe o melhor ao teu alcance também ele compreenderá e, quiçá, reagirá de forma desagradável.
Os pais educam para a sociedade, quanto para si mesmos.
Examina a tua vida e dela retira as experiências com que possas brindar a tua prole.
Tens conquistas pessoais, porquanto já trilhaste o caminho da infância, da adolescência e sabes de moto próprio discernir entre os erros e acertos dos teus educadores, identificando o que de melhor possuis para dar.
Não te poupes esforços na educação dos filhos. Os pais assumem, desde antes do berço, com aqueles que receberão na condição de filhos compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, tambem, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a Cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados.
Joanna de Ângelis

FILHOS INGRATOS



A ingratidão - chaga pestífera que um dia há de desaparecer da Terra - tem suas nascentes no egoísmo, que e o remanescente mais vil da natureza animal, lamentavelmente persistindo na Humanidade.
A ingratidão sob qualquer forma considerada, expressa o primarismo espiritual de quem a carrega, produzindo incoercível mal-estar onde se apresenta.
O ingrato, isto é, aquele que retribui o bem pelo mal, a generosidade pela avareza, a simpatia pela aversão, o acolhimento pela repulsa, a bondade pela soberba é sempre um atormentado que esparze insatisfação, martirizando quantos o acolhem e socorrem.
O homem vitimado pela ingratidão supõe tudo merecer e nada retribuir, falsamente acreditando ser credor de deveres do próximo para consigo, sem qualquer compensação de sua parte.
Estulto, desdenha os benefícios recolhidos a fim de exigir novas contribuições que a própria insânia desconsidera. É arrogante e mesquinho porque padece atrofia dos sentimentos, transitando nas faixas da semiconsciência e da irresponsabilidade.
Sendo a ingratidão, no seu sentido genérico, detestável nódoa moral, a dos filhos para com os pais assume proporções relevantes, desde que resulta num hediondo ato de rebeldia contra a Criação Divina.
O filho ingrato é dilacerador do coração dos pais, ímpio verdugo que se não comove com as doloridas lágrimas maternas, nem com as angústias somadas e penosas do sentimento paterno.
Com a desagregação da família, que se observa generalizada na atualidade, a ingratidão dos filhos torna-se responsável pela presença de vários cânceres morais, no combalido organismo social, cuja terapia se apresenta complexa e difícil.
Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos que, a seu turno, logo podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia e da agressividade contínua, culminando, não raro, em cenas de pugilato e vergonha.
Muitos progenitores, igualmente, imaturos ou versáteis, que transitam no corpo açulados pelo tormento de prazeres incessantes - que os fazem esquecer as responsabilidades junto aos filhos para os entregarem aos servos remunerados, enquanto se corrompem na leviandade -, respondem pelo desequilíbrio e desajuste da prole, na desenfreada competição da utópica e moderna sociedade.
Todavia, filhos há que receberam dos genitores as mais prolíferas demonstrações e testemunhos de sacrifício e carinho, aspirando a um clima de paz, de saúde moral, de equilíbrio doméstico, nutridos pelo amor sem fraude e pela anegação sem fingimentos e revelam-se, de cedo, frios, exigentes e ingratos.
Se diante de pais irresponsáveis a ingratidão dos filhos jamais se justifica ou procede, a proporcionada por aqueles que tudo recebem e tudo negam, somente encontra explicação na reminiscência dos desajustes pretéritos dos Espíritos que, não obstante reunidos outra vez para recuperar-se, avivam as animosidades que ressumam do inconsciente e se corporificam em forma de antipatia e aversão, impelindo-os à ingratidão que os atira às rampas inditosas do ódio dissolvente.
A família é abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres, laboratório superior em que se caldeiam sentimentos, estruturam aspirações, refinam ideais, transformam mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.
O lar, em razão disso, mesmo quando assinalado pelas dores decorrentes do aprimorar das arestas dos que o constituem, é forja purificadora onde se devem trabalhar as bases seguras da Humanidade de todos os tempos.
Quando o lar se estiola e a família se desorganiza, a Sociedade combale e estertora.
De nobre significação, a família não são apenas os que se amam, através dos vínculos da consaguinidade, mas, também, da tolerância e solidariedade que devem doar os equilibrados e afáveis aos que constituem os elos fracos, perturbadores e em deperecimento no clã doméstico.
Aos pais cabem sempre os deveres impostergáveis de amar e entender até o sacrifício os filhos que lhes chegam pela vias sacrossantas da reencarnação, educando-os e depondo-lhes nas almas as sementes férteis da fé, das responsabilidades, instruindo-os e neles inculcando a necessidade da busca da elevação e felicidade. O que decorra serão conseqüências do estado moral de cada um, que lhes não cabem prever, recear ou sofrer por antecipação pessimista.
Aos filhos compete amar aos pais, mesmo quando negligentes ou irresponsáveis, porquanto e do Código Superior da Vida, o impositivo: "Honrar pai e mãe", sem excluir os que o são apenas por função biológica, assim mesmo, por cujo intermédio a Excelsa Sabedoria programa necessárias provas redentoras e pungitivas expiações líberativas.
Ante o filho ingrato, seja qual for a situação em que se encontre, guarda piedade para com ele e dê-lhe mais amor, ..
Agressivo e calceta, exigente e impiedoso, transformado em inimigo insensível quão odioso, oferta ainda, paciência e mais amor. ..
Se te falarem sobre recalques que ele traz da infância, em complexos que procedem desta ou daquela circunstância, em efeito da libido tormentosa com o que os simplistas e descuidados pretendem excusá-lo, culpando-te, recorda, em silêncio, de que o Espírito precede ao berço, trazendo gravados nas tecelagens sutis da própria estrutura gravames e conquistas, elevação e delinqüência, podendo, então, melhor compreendê-lo, mais ajudá-lo, desculpá-lo com eficiência e socorrê-lo com probidade, prosseguindo com a família inditosa e os filhos ingratos, resgatando pelo sofrimento e amor os teus próprios erros, até o dia em que, redimido, possas reorganizar o lar feliz a que aspiras.
Joana de Ângelis

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FILHO ADOTIVO

FILHO ADOTIVO
Mãezinha querida:
Eu sei que você me recebeu com a alma em festa, vestida de sonhos e esperanças.
Em momento algum lhe passou pela mente que o fato de eu não lhe pertencer à carne pudesse alterar o nosso infinito amor.
Eu venho de regiões ignotas e dos tempos imemoriais do seu passado, no qual estabelecemos estes vínculos de afeto imorredouro. ..
Foi necessário que nós ambos nos precisássemos, na área da ternura, impedidos, porém, de nascer um da carne do outro, por motivos que nos escapam, a fim de que outra mulher me concebesse, entregando-me a você.
Ela não se deu conta da grandeza da maternidade; não obstante, sou-lhe reconhecido, pois que, sem a sua contribuição, eu não teria recebido este carinho de mãe espiritual saudosa, nem fruiria da sua convivência luminosa, graças à qual eu me enterneço e sou feliz.
Filho adotivo:
Quantas vezes me golpearam com azedume, utilizando essas palavras !
O seu amor, todavia, demonstrou-me sempre que a maternidade do coração é muito mais vigorosa de que a do corpo.
Não há mães que asfixiam os filhinhos, quando estes nascem? E outras, não há, que sequer os deixam desenvolver-se no seu ventre, matando-os antes do parto?
No entanto, quem adota, o faz por amor e doa-se por abnegação.
De certo modo somos todos filhos adotivos uns dos outros, pelo corpo ou sem ele, porquanto a unica paternidade verdadeira é a que procede de Deus, o Genitor Divino que nos criou para a glória eterna.
Mãezinha de adoção é alma que sustenta outra alma, vida completa que ampara outra vida em desenvolvimento.
Venho hoje agradecer-lhe, em meu nome e no daqueles filhos adotivos que, ingratos e doentes, pois que também os há em quantidade, não souberam valorizar os lares que os receberam, nem os corações que se dilaceram na cruz espinhosa dos sofrimentos em favor da vida e da segurança deles.
Recordando-me da Mãe de Jesus, que a todos nos adotou como filhos, em homenagem ao Seu Filho, digo-lhe, emocionada e feliz: Deus a abençoe, mamãe, hoje e sempre!
Amélia Rodrigues

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O tema Família e Educação deveria ser encarada pela humanidade como essencial, Emmanuel através de Chico toca nos o quanto os Pais têm que buscar na responsabilidade cabida o autoconhecimento para que assim possam colaborar na orientação dos filhos na faixa do Evangelho.



AMBIENTE DOMÉSTICO
Freqüentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas os a quem odiara, quiçá o ódio lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. V, Item 11
Na comunhão de dois seres para a organização da família, prevalece o compromisso de assistência não só de um para com o outro, mas também para com os filhos que procedem do laço afetivo. Não possuímos ainda na Terra institutos destinados à preparação da paternidade e da maternidade responsáveis. A evolução e o aprimoramento das ciências psicológicas de hoje, porém, garantirnos ão no futuro
semelhante evento.
Identifiquemos no lar a escola viva da alma. O Espírito, quando retorna ao Plano Físico, vê nos pais as primeiras imagens de Deus e da Vida. Na tépida estrutura do ninho doméstico, germinam lhe no ser os primeiros pensamentos e as primeiras esperanças.
Não lhe será, contudo, tão fácil seguir adiante com os ideais da meninice, de vez que, habitualmente, a equipe familiar se aglutina segundo os desastres sentimentais das existências passadas, debitando se lhe aos
componentes os distúrbios da afeição possessiva, a se traduzirem por ternura descontrolada e ódio manifesto ou simpatia e aversão simultâneas.
Pais imaturos, do ponto de vista espiritual, comumente se infantilizam, no tempo exato do trabalho
mais grave que lhes compete, no setor educativo, e, ao invés de guiarem os pequeninos com segurança para o êxito em seu novo desenvolvimento no estágio da reencarnação, embaraçam lhes os problemas, ora tratando as crianças como se fossem adultos ou tratando os filhos adultos como se fossem crianças.
Estabelecido o desequilíbrio, irrompem os conflitos de ciúme e rebeldia, narcisismo e crueldade, que asfixiam as plantas da compreensão e da alegria na gleba caseira, transformando em espinheiral magnético de vibrações contraditórias, no qual os enigmas emocionais, trazidos do pretérito, adquirem feição quase insolúvel.
Decorre daí a importância dos conhecimentos alusivos à reencarnação, nas bases da família, com pleno exercício da lei do amor nos recessos
do lar, para que o lar não se converta, de bendita escola que é, em pouso neurótico, albergando moléstias mentais dificilmente reversíveis.

Retirado do Livro Vida e Sexo
Chico Xavier/Emmanuel

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VIOLÊNCIA NO LAR - Entrevista de Raul Teixeira - Sobre a família




Por que tanta violência entre pais e filhos?
Raul – No capítulo da violência entre pais e filhos, deparamo-nos com adversários que reencarnam-se no mesmo conjunto doméstico, para atenderem ao serviço da recuperação de si mesmos, desfazendo rastros odientos e frustrações afetivas com o esforço devido; no entanto, ao lado desta realidade, conhecemos a indiferença e o abandono a que muitos filhos são relegados por seus pais, despertando velhos antagonismos, de conseqüências imprevisíveis.

Há que buscar-se o equilíbrio que o Evangelho de Jesus ensina. Aquele que mais compreender, sirva, oriente, perdoe, a fim de diminuir-se a onda de violência entre pais e filhos. Não esqueçamos, entretanto, que o abandono dos filhos, o ato de relegar-se sua orientação a escolas e a terceiros, a imposição sem explicação educativa, o fato de permitir aos filhos usos perigosos; apenas para não incomodar-se, não deixam de ser, à luz do Espiritismo, tenebrosos atos de violência, com os que atraiçoamos a confiança da Divindade, e que deveremos ajustar em tempos do futuro, e muitas vezes, de um futuro a iniciar-se hoje mesmo.

FILHOS ADOTIVOS
Os filhos adotivos: quando e como os pais devem falar a verdade?
Raul – Desde que são adotados, deverão sabê-lo. Não há porque aguardar que cresçam. Os filhos adotivos convivem muito bem com a revelação que lhes é feita, se feita com atenção e com ingredientes de carinho, sem a intenção de magoar, de ferir. Alegar-se-á a desencarnação dos verdadeiros pais ou a impossibilidade deles para criá-los, por insuperáveis dificuldades. Deixem-nos sentir que são amados, respeitados como filhos realmente, e nenhum problema advirá além das marcas com que a provação já os assinalou.

SEPARAÇÕES NO MATRIMÔNIO

A que se deve o número cada vez maior de separações no matrimônio?
Raul – Deve-se ao fato de não ter sido levado em conta a lei divina, conforme anota Allan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XXII, item 5.

Os problemas de intolerância, a liberalidade da formação do caráter, o despreparo para as responsabilidades do casamento, o orgulho soez e seus afins, representam elementos danosos a atentarem contra os lares de fracos alicerces.

DIVÓRCIO E FILHOS
Quando o divórcio é iminente como fica a situação dos filhos?
Raul – A situação do divórcio do casal, com raríssimas exceções, perturba muito os filhos. Seja pela divisão emocional que se processa, seja pelo caráter odiento em que se estriba, os filhos ficam como que sufocados num clima desestruturador, desde a iminência, desde as conversas, as querelas, as friezas ou os desrespeitos.

Melhor seria que os casais se pudessem compreender melhor, evitando que essas aves implumes e dependentes, que são os filhos, caiam do ninho desfeito ou mal mantido, perturbando-se ao invés de avançar para Deus, em clima de segurança.

FILHOS ENVOLVIDOS COM DROGAS
Qual deve ser o comportamento dos pais, quando os filhos estão envolvidos com drogas?
Raul – O do esclarecimento lúcido, sem emoções desequilibradas, mostrando que eles, os filhos, são os primeiros e grandes lesados. A persistir o envolvimento, nenhum pai responsável e que ame seus filhos, deverá negar-se a conduzi-los a tratamento médico, ou médico e psicológico, com profissionais de comprovada confiança e, se necessário, pelo nível de descontrole a que cheguem ou pelos perigos para os implicados ou para a própria família, a internação em competente clínica. É bom que lembremos que, em tais casos, o paciente não tem que decidir se vai ou não internar-se, uma vez que já demonstrou não estar sabendo utilizar seu livre-arbítrio para o bem de si e dos que o rodeiam.

Ao lado do atendimento de profissionais, a oração e o tratamento da fluidoterapia espírita, em muito contribuirá para desfazer-se o quadro tormentoso, considerando-se a insuflação obsessiva que costuma estar presente em situações desse gênero.

INFLUÊNCIA DA TV
Como você vê a influência da televisão no lar?
Raul – Na atualidade são poucas as emissoras e programações de televisão que apresentam material de boa qualidade educativa ou divertimentos saudáveis para quem os vê. Quando não é o noticiário tendencioso e escandaloso, é a violência que, como um vírus, penetra e adoece o organismo doméstico, acompanhado por algumas novelas que apresentam tanta “realidade”, que conseguem desequilibrar, transtornar os de mentalidade mais frágil. Urge adotemos uma postura analítica perante as programações.

O costume de dialogarem os esposos, pais e filhos, os irmãos entre si, discutindo esse ou aquele aspecto do que viram e ouviram, auxiliará, sobremaneira, a que se forme um critério seletivo, seja individual, seja da equipe familiar, quando se chegue a um consenso positivo.

Por outro lado, percebemos que os indivíduos que põem no ar a ganga intelectual em forma de programas e atrações, são os elementos das famílias perturbados em si mesmos, vaidosos ou de moralidade cediça, o que nos permite destacar a importância, ainda mais, da educação que a família pode oferecer.

FAMÍLIA ATUAL
Sob que aspecto a família atual está mais descuidada?
Raul – Ao que podemos contemplar, a família acha-se, de um modo geral, descuidada nos mais diversificados aspectos da vida, considerando-se o seu papel de “escola das almas”, e a primeira escola por sinal dos que chegam no mundo terreno. Entretanto, as raízes atormentadoras de tanto desajuste familiar, vemos na vivência materialista, sem as noções básicas quanto ao Espírito imortal, a descrença em Deus, embora a maioria professe rituais e cultos variados e vazios de conteúdo mais profundo acerca da vida.

É aí que o conhecimento da reencarnação, da lei de causa e efeito, conforme ensina o Espiritismo, pode despertar os pais, os filhos, esposos, para que reflitam acerca das responsabilidades graves que têm, em face das relações familiares, com vistas ao futuro de alegrias e de paz.

MÃES QUE TRABALHAM
Mãe que trabalha fora do lar prejudica a educação dos filhos?
Raul – Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec recebe dos Espíritos a informação de que a paternidade é uma verdadeira missão e, mais do que isto, que é um grandíssimo dever e que envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro, conforme notamos na questão 582. Acredito que a questão grave não seja a situação em que a mãe precisa trabalhar fora do lar, mas sim, como fará ela a necessária compensação, quando ao lar retorna.

É certo que admitimos que a ausência da mãe sempre provocará, sobre os filhos pequenos, processos de carências que ninguém suprirá devidamente. De acordo com o tipo de Espírito, essas carências poderão atingir índices altos de transtornos na formação da personalidade infantil, a desaguar nos desajustes da adolescência, quando não corrigidos a tempo.

Faze-se, assim, importante que a mãe que trabalhe fora de casa, empreenda maiores esforços para envolver a criança, atendê-la, entendê-la, ajudá-la em seus trabalhos escolares, dialogando sempre. Enfim, torna-se imprescindível que os pais, e particularmente a mãe, conversem com as crianças sobre as razões ponderáveis.

Não deverão os pais, em chegando ao lar, fixarem-se nas intermináveis novelas, em leituras de jornais delongadas, irritando-se com a aproximação ou solicitação dos pequenos, aos quais, antes deveriam buscar para aconchegá-los.

Nesses casos, depois que os pais cheguem em casa, eles próprios superarão o cansaço para cuidarem, com atenção e carinho, dos filhos que ficaram sem eles durante todo o dia, ou grande parte do dia. Os finais de semana, igualmente, deverão ser passados junto dos filhos, aproveitados na companhia deles, salvo em casos de necessidade imperiosa que determina o contrário.

Necessário se faz renunciar a alguns prazeres e divertimentos, enquanto os filhos disto careçam, a fim de formá-los no equilíbrio para o futuro, agindo dentro da orientação espírita, de acordo com o que nos lembra a Codificação Espírita.

EDUCAÇÃO SEXUAL
No mundo atual vemos aumentar o desequilíbrio no campo sexual. Até que ponto os pais têm influência na educação do sexo?
Raul – O sexo, representando uma das potências das quais se vale o Espírito, para progredir e cooperar com Deus na Obra universal, não encontrará equilíbrio, enquanto outras áreas do ser não forem bem trabalhadas pela educação superior. Jamais encontraremos sexualidade equilibrada em indivíduos egoístas, vaidosos, irascíveis, orgulhosos, violentos, mentirosos e usurpadores. Assim, no dizer do Espírito Joanna de Ângelis, a família deve educar seus filhos para Deus, para que, então, o todo se encaminhe para a faixa da harmonia.

A morigeração dos hábitos, o respeito à vida em todas as suas dimensões, o cuidado de si mesmo, a sinceridade de uma religião profunda, farão com que a família cresça conduzindo seus filhos para Deus, com suas energias de criação, de características sexuais, ajustadas ao respeito, à dignidade, ao bem geral.

FILHOS E CENTRO ESPÍRITA
Qual a atitude dos pais, quando os filhos não aceitam o encaminhamento ao Centro Espírita?
Raul – Se são filhos emancipados, com vida própria, caberá aos pais o respeito à sua condição e escolha. Entretanto, o mesmo não poderá ocorrer com os filhos menores, totalmente dependentes dos pais. É uma questão de coerência. Aos pais, neste caso, caberá persuadir, sem violência, mas com seriedade e severidade, para que participem da doutrina que auxilia o lar a manter-se em franco clima de progresso e de trabalho.

Os que perante Deus são incumbidos de dar o alimento, o calçado e a veste, a escola e o cobertor, por que não ensejariam aos filhos a opção do conhecimento espírita?

Mesmo que mais tarde, emancipados, se afastem do caminho espiritista, estarão lançadas as sementes da verdade, que um dia, germinarão, ainda que seja sob chuvas de testemunhos difíceis ou entre os ciclones de dores acerbas, ou, ainda, ante as exigências da alma, na sua sede de comunhão com Deus.
Entrevista concedida por Raul Teixeira em Catanduvas-SP e reproduzida pelo Jornal Mundo Espírita de agosto de 1986.
Fonte:www.raulteixeira.com
 
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Chico Xavier
"Lembremo-nos de que o homem interior se renova sempre. A luta enriquece-o de experiência, a dor aprimora-lhe as emoções e o sacrifício tempera-lhe o caráter. O Espírito encarnado sofre constantes transformações por fora, a fim de acrisolar-se e engrandecer-se por dentro."