Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
Mostrando postagens com marcador Obsessão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Obsessão. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COMPORTAMENTO POR OBSESSÃO

COMPORTAMENTO POR OBSESSÃO

Quando a morte interrompe o ciclo de atividades viscosas, que o homem incorpora à sua natureza, de forma alguma o problema deixa de atormentá-lo.

A situação espiritual de quantos partem da Terra, dependentes de condicionamentos prejudiciais, é das mais dolorosas. Dificilmente pode-se descrever com fidelidade o tormento que experimentam, por variar, de indivíduo para indivíduo, não raro, enlouquecendo, nas tentativas de prosseguir com a situação nefasta...

Tal é o estado em que se debate, que não se dá conta da morte física, embora as estranhas e penosas sensações que o visitam em contínuo tormento. A esse estado soma a carência do que antes considerava prazer e agora lhe falta, afligindo-o mais.

Na conjuntura, mesmo desconhecido as “leis dos fluidos” que facultam as afinidades espirituais e intercambiam sensações com outros viciados ou iniciantes no comércio da ilusão, domiciliados na matéria, a princípio, inconscientemente, para depois estreitar os laços e fixações em demorada e torpe obsessão, em que ambos mais se desgastam e pioram o psiquismo, até que as Leis divinas façam cessar a coabitação perniciosa.

Casos outros há em que o desencarnado, identificando a conjuntura nova, formula e executa um programa de vampiração obsessiva em tentames exitosos, enredando os invigilantes que a ele se associam no plano físico,em largos cursos de alucinação e desgraça.
Muito mais grave do que parece é a obsessão, nos problemas sociais do comportamento humano.

Alcoolismo, tabagismo, drogas alucinógenas, sexolatria, jogatina, gula recebem grande suporte espiritual, sendo não poucas vezes, iniciada a viciação de cá para aí, por inspiração que fomenta a curiosidade e por necessidade que estimula o prosseguimento.

O enfermo, dificilmente, consegue evadir-se, por si mesmo, da dificuldade. De um lado, pelos nefastos prejuízos orgânicos de que se ressente e, por outro, em razão da incidência mental do
obsessor, que o utiliza como instrumento da loucura de que se vê possuído.

As verdadeiras multidões de dependentes de drogas ou de outras viciações estertoram, mesmo sem o saberem, em danosos processos de obsessão lamentável.

A falta de orientação religiosa, as permissividades morais, o desconhecimento proposital ou não das realidades do Espírito, a falta de tempo e a neurose que avassalam o homem respondem pela calamitosa ocorrência, que se agrava a cada dia.

O problema deve merecer o interesse e o estudo de cada um e de todos os cidadãos, porque a todos envolve e ameaça.
Antes, era rara a incidência das drogas, agora, com um e grave.
Ao invés de se aprofundarem as pesquisas das causas, com as naturais soluções,buscam-se leis mais tolerantes, comércio livre, certamente que por falência ética, sem dúvida.

O homem, convivendo com os fatores de qualquer porte, prefere aceitá-los a vencê-los,numa atitude sempre cômoda.
No que concerne ao mecanismo da evolução, essa atitude comporta, o que, porém, não é idêntico, quando muda a situação para o campo moral
.
O Espiritismo, esclarecendo a criatura em torno da vida moral e das relações que existem entre os Espíritos e a obsessão, combatendo-lhe, ao menos, neste capítulo,algumas das suas causas, que são os vícios.

Mantendo-se hábitos de higiene moral e social, ceif a-se, na raiz, a gênese desse problema malfazejo.

Outrossim, orientando a conduta humana, propõe uma terapia curadora, sem dúvida, salutar.

Na base das alienações espirituais, o homem desempenha importante papel, em decorrência da sua conduta, da sua atividade, do seu mundo interior.

Esforçar-se por alterar os estados mórbidos e as de pendências viciosas é tarefa de urgência, que se pode lograr através do esforço moral pessoal, do esclarecimento pelo estudo, da oração, da fluidoterapia e da desobsessão de que são encarregadas as nobres
Sociedades Espíritas que se dedicam ao mister da evangelização e da caridade,conforme os ensinos de Jesus e de Allan Kardec.

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA
(Roteiro de Libertação)

sábado, 1 de novembro de 2014

Subjugação

Subjugação

Etapa grave no curso das obsessões, caracterizada pela perda do discernimento e da emoção, o estágio da subjugação representa o clímax do processo ultriz que o adversário desencarnado impõe à sua vítima, em torpe tentativa de aniquilar-lhe a existência física.

A perfeita afinidade moral entre aqueles que experimentam a pugna infeliz, traduz o primarismo evolutivo em que desenvolvem os sentimentos, razão pela qual acoplam-se, perispírito a perispírito, impondo o algoz a vontade dominadora sobre quem lhe padece a ferocidade, por cujo doloroso meio lapida as arestas remanescentes dos crimes perpetrados anteriormente.

A subjugação é o predomínio da vontade do desencarnado sobre aquele que se lhe torna vítima, exaurindo-lhe as energias e destrambelhando-lhe os equipamentos da aparelhagem mental.

Noutras vezes, a radiação'>irradiação mental perniciosa que lhe é descarregada com pertinácia, alcança-lhe a sede dos movimentos ou o núcleo perispiritual das células, provocando desconsertos que se transformam em paralisias, paresias e distúrbios degenerativos outros de variada etiopatogenia.

O perseguidor enceguecido pelo ódio ou vitimado pelas paixões inferiores longamente acalentadas, irradia forças morbíficas que o psiquismo daquele que lhe infligiu a amargura assimila por identidade vibratória e se torna decodificada no organismo, produzindo os objetivos anelados pelo obsessor.

Em ordem inversa, a onda de amor e de prece, de envolvimento caridoso e fraternal, termina por encontrar receptividade tão logo o paciente se deixe sensibilizar, transformando-a em harmonia e saúde, bem estar e paz.

Todos os fenômenos ocorrem no campo das equivalentes sintonias, sem as quais são irrealizáveis.

Desse modo, a violência registrada nas agressões para a subjugação, somente encontra ressonância por causa da afinidade entre aqueles que se encontram incursos no embate.

Normalmente o processo é lento e persuasivo, provocando danos que se prolongam no tempo, enquanto são minadas as forças defensivas para o tombo irrefragável nas malhas da pertinaz enfermidade espiritual.

O processo cruel da obsessão de qualquer matiz tem suas raízes sempre na conduta moral infeliz das criaturas pelo cultivar da sua inferioridade em contraposição aos apelos elevados da vida, que ruma para a Suprema Vida.

Enquanto permaneçam os Espíritos afeiçoados às heranças do estágio primitivo, mantendo o egotismo exacerbado, graças ao qual humilha e persegue, trai e escraviza, explora e infunde pavor ao seu irmão, permanecerá aberto o campo psíquico para as vinculações obsessivas.

Somente uma radical transformação de conceito ético entre os homens terrestres é que os mesmos disporão de recursos seguros para se prevenirem obsessões.

No entanto, porque vicejem os propósitos inferiores em predomínio em a natureza humana, sucedem-se as complexas parasitoses obsessivas.

Agravada pela alucinação do perseguidor, a subjugação encarcera na mesma jaula aquele que a fomenta.

Emaranhando-se nos fulcros perispirituais do encarnado, termina por fixar-se-lhe emocionalmente, permanecendo presa da armadilha que urdiu.

A subjugação é perversa maquinação do ódio, da necessidade de desforço a que se escravizam os Espíritos dementados pela falta de paz.

Cultivando os sentimentos primários e encerrando a mente nos objetivos da vingança cerram-se na sombra da ignorância, perdendo o contato com a razão e a Divindade, enquanto não se permitem a felicidade que acusam de havê-los abandonado.

Ambos desditosos – o subjugado e o subjugador – engalfinhando-se na peleja sem quartel, não se dão conta que somente o amor consegue interrompê-la.

De tratamento muito delicado e complexo, o resultado ditoso depende da renovação espiritual do paciente, na razão em que desperte para a seriedade da conjuntura aflitiva em que se encontra. Simultaneamente, a solidariedade fraternal, envolvendo ambos enfermos em orações e compaixão, esclarecimentos e estímulos para o futuro saudável, conseguem romper o círculo vigoroso de energias destrutivas, abrindo espaço para a ação benéfica, o intercâmbio de esperança e de libertação.

A subjugação desaparecerá da Terra quando o verdadeiro sentimento da palavra amor for vivido e espraiado em todas as direções, conforme Jesus apresentou e vivenciou até o momento da morte, e prosseguindo desde a ressurreição gloriosa até aos nossos dias.


Jornal Mundo Espírita de Fevereiro de 2000

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

obsessão

obsessão
Emmanuel
1-Existe relação entre obsessão e correntes mentais?
 
         -Quem se refere à obsessão há de reportar-se, necessariamente, às correntes mentais. O pensamento é a base de tudo.
 
2-Todos temos desafetos do pretérito?
 
         -Inegável que todos carreamos ainda, do pretérito ao presente, enorme carga de desafetos.
 
3-Qual a nossa posição, depois de desencarnados, quando não somos integralmente bons, nem integralmente maus?
 
         -Quando desencarnados, em condições relativamente felizes, guardadas as justas exceções, somos equiparados a devedores em refazimento, habilitando-nos, pelo trabalho e pelo estudo, ao prosseguimento do resgate dos compromissos de retaguarda.
 
4-Onde somos defrontados com mais freqüência pelos desafetos do passado, na Terra ou no Plano Espiritual?
 
         -É compreensível que seja na esfera física que mais direta e freqüentemente nos abordem aqueles mesmos Espíritos a quem ferimos ou com quem nos cumpliciamos na delinqüência.
 
5-Como poderíamos classificar aqueles que em outras existências nos foram inimigos ou de quem fomos adversários e que, no presente, desempenham, na base da profissão ou da família, o papel de nossos companheiros e de nossos parentes?
 
         -São elas as testemunhas de nosso aperfeiçoamento, experimentando-nos as energias morais, quando não lhes suportamos o permanente convívio, por força das provas regenerativas que trazemos ao renascer. Acompanha-nos por instrumentos do progresso a que aspiramos, vigiam-nos as realizações e policiam-nos os impulsos.
 
6-Quando estaremos realmente em paz com todos aqueles que ainda são para nós aversões naturais ou pessoas difíceis?
 
         -Um dia, chegaremos a agradecer-lhes a colaboração, imitando o aluno que, incomodado na escola, se rejubila, mais tarde, por haver passado sob as atenções do professor exigente.
 
7-Como se transformam os nossos adversários do passado?
 
         -Nos processos da obsessão, urge reconhecer que os nossos opositores ou adversários se transformam para o bem, à medida que, de nossa parte, nos transformamos para melhor.
 
8-As sessões de desobsessão têm valor? Em que condições?
 
         -Toda recomendação verbal e todo entendimento pela palavra, através das sessões de desobsessão, se revestem de profundo valor, mas somente quando autenticados pelo nosso esforço de reabilitação íntima, sem a qual todas as frases enternecedoras passarão, infrutífera, qual música emocionante sobre a vasa do charco.
 
9-Em que tempo e situação no podem atingir os fenômenos deprimentes da obsessão?
 
         -Salientando-se que o pensamento é a alavanca de ligação, para o bem ou para o mal, é muito fácil perceber que os fenômenos deprimentes da obsessão podem atingir-nos, em qualquer condição e em qualquer tempo.
 
10-É preciso que o obsediado observe a própria vida mental para contribuir para as próprias melhorias?
 
         -Sim. As correntes mentais são tão evidentes quanto as correntes elétricas, expressando potenciais de energias para realizações que nos exprimem direção, propósito ou vontade, seja para o mal ou para o bem.
 
11-Qual o papel do desejo, da palavra, da atividade e da ação no fenômeno obsessivo?
 
         -Cada um de nós é acumulador por si, retendo as forças construtivas ou destrutivas que geramos. Desejo, palavra, atitude e ação representam eletroímãs, através dos quais atraímos forças iguais àquelas que exteriorizamos, no rumo dos semelhantes.
 
12-Quais as conseqüências para quem se detém em qualquer aspecto do mal?
 
         -Deter-nos, em qualquer aspecto do mal, é aumentar-lhe a influência, sobre nós e sobre os outros.
 
13-Qual a relação entre as manifestações do sentimento aviltado e os desequilíbrios da personalidade?
 
         -Todas as manifestações de sentimento aviltado quais sejam a calúnia e a maledicência, a cólera e o ciúme, a censura e o sarcasmo, a intemperança e a licenciosidade, estabelecem a comunicação espontânea com os poderes que  os representa, nos círculos inferiores da natureza, criando distonias e enfermidades, em que se levantam fobias e fixações, desequilíbrios e psicoses, a evoluírem para a alienação mental declarada.
 
14-O que nos acontece moralmente quando emitimos um pensamento?
 
         -Emitindo um pensamento, colocamos um agente energético em circulação, no organismo da vida – agente esse que retornará fatalmente a nós, acrescido do bem ou do mal de que o revestimos.
 
15-Qual a relação entre os nossos pontos vulneráveis e o retorno do mal que praticamos?
 
         -Compreendendo-se que cada um de nós possui pontos vulneráveis, no estado evolutivo deficitário em que ainda nos encontramos, toda vez que o mal se nos associe a essa ou àquela idéia, teremos o mal de volta a nós mesmos, agravando-se doenças e fraquezas, obsessões e paixões.
 
16-O que recebemos dos outros?
 
         -Assimilamos dos outros o que damos de nós.
 
17-Que imagens reflete o espelho da mente?
 
         -A mente pode ser comparada a espelho vivo, que reflete as imagens que procura.
 
18-Qual o nexo existente entre a obsessão e os interesses da criatura?
 
         -A obsessão, em qualquer tipo pelo qual se expresse, está fundamentalmente vinculada aos processos mentais em que se baseiam os interesses da criatura.
 
19-As companhias têm influência na obsessão?
 
         -Assevera o Cristo: “Busca e acharás”.
         -Encontraremos, sim, os companheiros que buscamos, seja par ao bem ou para o mal.
 
20-Qual a solução mais simples ao problema da obsessão?
 
         -Consagremo-nos à construção do bem de todos; cada dia e cada hora, porquanto caminhar entre Espíritos nobres ou desequilibrados; sejam eles encarnados ou desencarnados, será sempre questão de escolha e sintonia.
 
 
Da Obra “Leis Do Amor” -  Espírito: Emmanuel –
Psicografias:  De Francisco Cândido Xavier Dos Capítulos Pares
E Waldo Vieira, Dos Capítulos Ímpares.
Digitado Por: Lúcia Aydir.
 

domingo, 21 de setembro de 2014

OBSESSÕES E POSSESSÕES



(A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo - cap. XIV - Os fluidos - II - Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais - Obsessões e possessões, itens 45 a 49.)

45. Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada uma prova ou uma expiação e aceita com esse caráter.
Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer outro.
46. Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.
Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII.)
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
47. Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.
Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. (Cap. XI, nº 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e age; quem o tenha conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
48. Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria sua vestimenta a outro encarnado. Isso se verifica sem qualquer perturbação ou incômodo, durante o tempo em que o Espírito encarnado se acha em liberdade, como no estado de emancipação, conservando-se este último ao lado do seu substituto para ouvi-lo.
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, seja por estrangulação, seja atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa.
São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência.[1]
49. São as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão; mas, não raro são epidêmicas. Quando sobre uma localidade se lança uma revoada de maus Espíritos, é como se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser muito considerável o número dos indivíduos atacados.[2]


[1] Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue Spirite, dezembro de 1863, pág. 373; - janeiro de 1864, pág. 11; - junho de 1864, pág. 168; - janeiro de 1865, pág. 5; - junho de 1865, pág. 172; - fevereiro de 1866, pág. 38; - junho de 1867, pág. 174.
[2] Foi exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a aldeia de Morzine na Sabóia. Veja-se o relato completo dessa epidemia na Revue Spirite de dezembro de 1862, pág. 353; - janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133.

Créditos:IPEAK

sexta-feira, 11 de julho de 2014

OBSESSÃO NO CENTRO ESPÍRITA.


Enganam-se quantos imaginam que os espíritos obsessores não tenham acesso à casa espírita, influenciando os medianeiros que nela trabalham.
Os espíritos têm acesso a qualquer lugar para o qual se sintam atraídos, seja pelas atitudes de invigilância ou pelos pensamentos infelizes de quem lhes ofereça sintonia.
Um centro espírita pode, perfeitamente, estar sob a direção espiritual de entidades não evangelizadas, de espíritos que não tenham comprometimento com o Evangelho. Díriramos mesmo que, determinados núcleos espíritas, ou que se rotulem com tais, são verdadeiros quartéis-generais de espíritos inimigos da Doutrina, entidades pseudo-sábias e sofistas cuja única preocupação é a de estabelecer a cizânia.
Na casa espírita onde predominem os bons sentimentos de seus freqüentadores, o desejo do bem e o estudo da Doutrina, os espíritos obsessores não têm acesso podem até, como na maioria das vezes acontece, mover-lhe uma perseguição externa, na tentativa de atingi-la indiretamente, mas não conseguem varar o bloqueio natural que a preserva do assédio direto das trevas.
Existem pontos no centro espírita sobre os quais os seus dirigentes carecem de exercer uma maior vigilância.
Já tivemos oportunidade de nos referir aos perigos de uma reunião de desobsessão desorganizada, levada a efeito sem os devidos cuidados doutrinários. Uma outra atividade, todavia, que pode dar margem a muita perturbação para o grupo é justamente a relacionada ao passe. Como percebemos sempre uma tarefa ligada ao exercício da mediunidade.
Dentro da cabina de passe, os médiuns carecem estar sempre atentos, cooperando na vigilância uns dos outros. Costuma ser ali que os espíritos obsessores, valendo-se da proximidade física das pessoas, encontram facilidade para se insinuarem com os seus pensamentos maledicentes. Nada, por exemplo, de um médium atender sozinho no passe uma pessoa do sexo oposto ou de sentir necessidade de tocar o corpo de quem está se beneficiando dos recursos terapêuticos dispensados no momento do passe. Nada, ainda, de dar passividade pela incorporação às entidades espirituais que possivelmente estejam acompanhando o assistido… A mediunidade legítima é sempre exercida com discrição.
Costumam ser no instante no passe, devido ao grande afluxo de encarnados na instituição, que os médiuns se fragilizam a obsessão, não raro, pode começar a se instalar por um simples olhar invigilante!
O médium ainda algo personalista, querendo se prevalecer sobre os demais, não se contenta com a transmissão do passe transmite, a todo momento, supostos recados do Mais Além a quem sai, fornece diagnósticos a respeito de enfermidades inexistente, fazem previsões absurdas, descrevem quadros de sua imaginação… Este comportamento necessita ser combatido, para que, por exemplo, um médium de faculdades promissoras não extrapole.
É na cabina de passes que muitos medianeiros começam a acalentar a idéia de um trabalho de cura só para si!
Quando o médium perde a simplicidade sentimento de auto defesa que lhe garante imunidade contra a obsessão -, ele se transfigura em intérprete da perturbação, passando a ser na casa espírita um problema de difícil solução.
Odilon Fernandes
CENTROS MAL ORIENTADOS
Infelizmente, algumas casas espíritas prestam um desserviço à Doutrina dão-nos a impressão de que foram construídas apenas para atender a vaidade dos médiuns que as edificaram.
Não somos contrários aos diretores reconhecidamente bem intencionados e idealistas que permanecem por longo tempo nos cargos que ocupam. A causa espírita necessita dos que não abram mão de seus deveres para com ela. Excesso de liberalidade doutrinária é tão prejudicial à casa espírita quanto aos regimes ditatoriais impostos por alguns diretores, que anseiam por se perpetuar nos postos de direção.
Por vezes, a renovação da diretoria é de vital importância para que a casa espírita se renove em suas atividades, com a descentralização do poder. No entanto precisamos reconhecer que, por outro lado, muitos novos diretores costumam ser um desastre, pois, consentindo que o cargo lhes suba à cabeça, tomam atitudes arbitrárias e passam a ser elementos desagregadores.
Não se admite em um núcleo espírita, a luta pelo poder. Jesus nos advertiu quanto aos perigos de uma casa dividida, afirmando que ela não seria capaz de se manter de pé.
Nos centros espíritas de boa formação doutrinária, prevalece o espírito de equipe; ninguém trabalha com o desejo de aparecer, de reter as chaves da instituição no bolso, de modo que certas portas não sejam abertas sem a sua presença… Não se tecem comentários desairosos sobre os companheiros, como se, o que se pretendesse, fosse desestabilizá-los nas tarefas que permanecem sob a sua responsabilidade.
Os dirigentes de uma instituição espírita necessitam ter pulso firme, transparência nas decisões, fraternidade no trato para com todos, submetendo-se sempre à orientação da Doutrina. Pontos de vista estritamente pessoais não devem ter espaços no Movimento.
Centros espíritas mal orientados passam para a comunidade uma imagem deturpada do Espiritismo. A divulgação da Doutrina começa pela fachada de uma casa espírita. Até o seu ambiente físico carece ser acolhedor, iluminado. Construções suntuosas muitas vezes espiritualmente estão vazias. Os centros espíritas devem ter a preocupação de ser a continuidade da Casa dos Apóstolos, em Jerusalém amparo aos desvalidos e luz para os que vagueiam nas sombras, sempre, em nome do Senhor, de portas descerradas à necessidade de quem quer que seja.
Num templo espírita é indispensável à divisão de tarefas; muitos núcleos permanecem de portas fechadas na maioria dos dias da semana, porque os seus dirigentes não sabem promover os companheiros… O ciúme e o apego injustificável de muitos dirigentes acabam por deixar ocioso o espaço de uma casa espírita, quase a semana inteira. Não vale a justificativa de que os seareiros sejam poucos… Cuide-se das atividades doutrinárias de base a evangelização e a mocidade e não se terá o problema de escassez de braços para o trabalho doutrinário.
Nos centros mal orientados, nos quais o campo de serviço é restrito, os Espíritos Superiores não têm muito que fazer. Quanto mais numerosas, diversificadas e sérias as atividades de uma casa espírita, maior a tutela da Espiritualidade e maior a equipe dos desencarnados que com ela se dispõem a colaborar.
Os dirigentes, médiuns responderão pela sua omissão e arbitrariedade à frente de um núcleo espírita.
REUNIÃO DE DESOBSESSÃO I
Há de ser cautela na organização de uma tarefa ligada à desobsessão. Para tanto, o grupo necessita estar bem estruturado, com um tempo mais ou menos longo de convivência entre os seus componentes. O estudo sério e metódico deve anteceder toda prática mediúnica.
A reunião de desobsessão tanto pode ser útil ao equilíbrio do grupo quanto nociva à sua harmonização.
Existem casas espíritas que começam a se desarticular a partir da reunião mediúnica mal orientada, onde predomina o personalismo dos médiuns e de seus dirigentes.
Convém lembrarmos que os desencarnados apenas agem quando encontram campo de atuação. Os obsessores não podem ser responsabilizados diretamente pela desorganização que impera num trabalho de natureza mediúnica.
Os integrantes de uma casa espírita não devem ser afoitos na instalação de uma reunião de enfermagem espiritual aos desencarnados. Semelhante atividade, para ser levada a efeito de maneira proveitosa, carece de recolhimento e seriedade.
Quanto mais o médium se apague, mais a luz da mediunidade nele resplandecerá!
Infelizmente, companheiros existem que, mal informados, direcionam as tarefas mediúnicas que promovem no sentido de atender os seus caprichos – digamos,promovem uma sessão de desobsessão particular, com o intuito de abordarem o Mundo Espiritual com os seus questionamentos pessoais.
Na reunião de desobsessão é onde o espírita tem a oportunidade de praticar a mais legítima caridade nada de indagações ao espírito comunicante, exigindo provas de autencidade, nada de perguntar a ele sobre a vida de outros confrades, valendo-se da oportunidade para saber de terceiros mais do que deve…
A tarefa mediúnica necessita de ordem, disciplina, sinceridade de propósitos. Se a intenção dos médiuns não for boa, breve estarão a mercê de espíritos que os fascinem, mostrando-se completamente refratários às orientações que recebam em advertência.
Atividades mediúnicas sérias solicitam especialização, ou seja: em alguns tem os espíritas, a reunião de assistência espiritual aos desencarnados mistura-se às chamadas reuniões de cura ou, ainda, dedica-se, registrando a palavras dos espíritos, a solucionar problemas de ordem interna. A reunião de desobsessão é organizada com o propósito de auxiliar no esclarecimento dos espíritos infelizes, ainda apegados a questões materiais, e não para submeter as entidades comunicantes a injustificável interrogatório.
Quando a reunião não tem bases sólidas, dá margem a inúmeras mistificações, ensejando que medianeiros desavisados tomem este ou aquele partido.
A faculdade mediúnica não pode ser direcionada para o interesse particular de quem quer que seja incluindo o do medianeiro. Quando tal acontece, ela perde o que lhe confere maior credibilidade a espontaneidade.
Somos, pois, de opinião que a casa espírita não deve priorizar atividades mediúnicas, em detrimento das tarefas doutrinárias de esclarecimento público, mesmo porque as reuniões consagradas ao estudo da Doutrina se constituem em genuínas sessões de desobsessão, pois obram com base na evangelização de encarnados e desencarnados.
A obsessão é um envolvimento psíquico – o que o obsidiado escuta, o obsessor registra. Ninguém sai de um processo obsessivo, sem que se decida pela reforma interior. Não adianta afastar o verdugo da vítima, sem que a vítima tome a decisão de romper com o verdugo!
ODILON FERNANDES- CONVERSANDO COM OS MÉDIUNS

Fontes:  http://www.batuiranet.com.br/espiritismo/1510/estudando-a-desobsessao-ii-odilon-fernandes-espirito/

sábado, 2 de novembro de 2013

DISTÚRBIOS EMOCIONAIS


Emmanuel 
Enquanto nos demoramos encarnados no plano terrestre, um tipo de impaciência existe, sutil, capaz de arrastar-nos aos piores distúrbios emotivos: a revolta contra nós mesmos.
Acolhemos receios infundados, em torno de opiniões que formulem de nós, seja por deformidades físicas, frustrações orgânicas, conflitos psicológicos ou empeços sociais de que sejamos portadores, e adotamos o medo por norma de ação, no exagerado apreço a nós mesmos, e dessa inquietação sistemática comumente se deriva um desgosto contínuo contra as forças vivas que nos entretecem o veículo de manifestação.
E tanto espancamos mentalmente esses recursos que acabamos neuróticos, fatigados, enfermos ou obsessos, escorregando mecanicamente para a calha da desencarnação prematura. Tudo por falta de paciência com as nossas provações ou com os nossos defeitos. Decerto, ninguém nasce no corpo físico para louvar as deficiências que carrega ou ampliá-las, mas é preciso aceitar-nos como somos e fazer o melhor de nós. Desinibirão construtiva. Compreensão do aprendizado que se tem pela frente. Acolher o instrumento físico de que o Alto Comando da Vida nos considera necessitados, tanto para resgatar culpas do pretérito na esfera individual, quanto para a consecução de empresas endereçadas ao benefício coletivo, e realizar todo o bem que pudermos.
O corpo carnal de que dispões ou a paisagem doméstico-social em que te situas, representam em si o utensílio certo e o lugar justo, indispensáveis à provação regeneradora ou à missão específica a que te deves afeiçoar. Por isso mesmo, o ponto nevrálgico da existência é o teste difícil que te exercita a resistência moral, temperando-te o caráter, no rumo do serviço maior do futuro.
Nossas perturbações emocionais quase sempre decorrem da nossa relutância em aceitar alguns dos aspectos menos agradáveis, conquanto passageiros da nossa vida. Saibamos, pois, rentear com eles honestamente, corajosamente. Nada de subterfúgios. Temos um corpo defeituoso ou estamos em posição vulnerável à crítica? Seja assim. Contrariamente a isso, porém, reflitamos que ninguém está órfão da Bondade de Deus e, confiando-nos a Deus, procuremos concretizar tudo de bom ou de belo, no círculo de trabalho que se nos atribui.
Por outro lado, vale observar que reconhecer a existência do erro ou do desajuste em nós é sinal de melhoria e progresso. Os espíritos embutidos na inércia não enxergam as próprias necessidades morais. Acomodam-se à suposta satisfação dos sentidos em que se lhes anestesia a consciência, até que a dor os desperte, a fim de que retomem o esforço que lhes compete na jornada de evolução e aprimoramento.
Agradeçamos, desse modo, a luz espiritual de que já dispomos para analisar a nossa personalidade e, abraçando as tarefas de equilíbrio ou reequilíbrio que nos compete efetuar no próprio espírito, enfrentemos os nossos obstáculos com paciência e serenidade, na certeza de que podemos solucionar todos os problemas na oficina do serviço com a bênção de Deus.

 
Do livro “Alma e Coração”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Álcool e Obsessão



A obsessão mundial pelo álcool, no plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano espiritual. A medicina atual ainda reluta - e infelizmente nos seus setores mais ligados ao assunto, que são os da psicoterapia – em aceitar a tese espírita da obsessão. Mas as pesquisas parapsicológicas já revelaram, nos maiores centros culturais do mundo, a realidade da obsessão. De Rhine, Wickland, Pratt, nos Estados Unidos, a Soal, Carington, Price, na Inglaterra, até a outros para-psicólogos materialistas, a descoberta do vampirismo se processou em cadeia. Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as “mentes desencarnadas”.

Jean Ehrenwald, psicanalista, chegou a publicar importante livro intitulado: Novas Dimensões da Análise Profunda, corroborando as experiências de Karl Wick-land em Trinta Anos Entre os Mortos. Koogan, na Europa de hoje, acompanhado por vários pesquisadores, efetuou experiências de controle remoto da conduta humana pela telepatia, obtendo resultados satisfatórios. Tudo isso nada vale para os que se obstinam na negação pura e simples, como faziam os cientistas e os médicos do tempo de Pasteur em relação ao mundo bacteriano.

As quadras de Cornélio Pires sobre a obsessão alcoólica não são apenas uma brincadeira poética. Elas nos mostram - num panorama visto do lado oculto da vida -a própria mecânica desse processo obsessivo. Espíritos inimigos, (que ofendemos gravemente em existências anteriores), excitam-nos o desejo inocente de “tomar um trago”. Aceitamos a “idéia maluca” e espíritos vampirescos são atraídos pelas emanações alcoólicas do nosso corpo. Daí por diante, como aconteceu a Juca de João Dório, “enveredamos na garrafa” e vamos" parar no sanatório. Os espíritos vampirescos são viciados que morreram no vício e continuam no mundo espiritual inferior, aqui mesmo na Terra, buscando ansiosamente os seus “tragos”. Satisfazem-se com as emanações alcoólicas de suas vítimas e continuam a sugá-las como vampiros psíquicos.

Nas instituições espíritas bem dirigidas esse processo é bastante conhecido, e são muitos os infelizes que se salvam após um tratamento sério. Nos hospitais espíritas as curas são numerosas. Veja-se a obra do Dr. Inácio Ferreira: Novos Rumos à Medicina, relatando as curas realizadas no Hospital Espírita de Uberaba. Não é só a obsessão alcoólica que está em jogo nos processos obsessivos. Os desvios sexuais oferecem um contingente talvez maior e mais trágico do que o do álcool, porque mais difícil de ser tratado.

Tem razão o poeta caipira ao advertir que “álcool, para ajudar, é cousa de medicina”. Só nas aplicações médicas o álcool pode ser usado como remédio. Mas temos de acrescentar, infelizmente, que os médicos de olhos fechados para a realidade espiritual não estão em condições de atender aos casos de alcoolismo. Os grupos espíritas e as associações alcoólicas obtêm resultados mais positivos, quando em tratamentos bem dirigidos.

Irmão Saulo pseudônimo de J.Herculano Pires

Subjugação

Subjugação

Etapa grave no curso das obsessões, caracterizada pela perda do discernimento e da emoção, o estágio da subjugação representa o clímax do processo ultriz que o adversário desencarnado impõe à sua vítima, em torpe tentativa de aniquilar-lhe a existência física.

A perfeita afinidade moral entre aqueles que experimentam a pugna infeliz, traduz o primarismo evolutivo em que desenvolvem os sentimentos, razão pela qual acoplam-se, perispírito a perispírito, impondo o algoz a vontade dominadora sobre quem lhe padece a ferocidade, por cujo doloroso meio lapida as arestas remanescentes dos crimes perpetrados anteriormente.

A subjugação é o predomínio da vontade do desencarnado sobre aquele que se lhe torna vítima, exaurindo-lhe as energias e destrambelhando-lhe os equipamentos da aparelhagem mental.

Noutras vezes, a radiação'>irradiação mental perniciosa que lhe é descarregada com pertinácia, alcança-lhe a sede dos movimentos ou o núcleo perispiritual das células, provocando desconsertos que se transformam em paralisias, paresias e distúrbios degenerativos outros de variada etiopatogenia.

O perseguidor enceguecido pelo ódio ou vitimado pelas paixões inferiores longamente acalentadas, irradia forças morbíficas que o psiquismo daquele que lhe infligiu a amargura assimila por identidade vibratória e se torna decodificada no organismo, produzindo os objetivos anelados pelo obsessor.

Em ordem inversa, a onda de amor e de prece, de envolvimento caridoso e fraternal, termina por encontrar receptividade tão logo o paciente se deixe sensibilizar, transformando-a em harmonia e saúde, bem estar e paz.

Todos os fenômenos ocorrem no campo das equivalentes sintonias, sem as quais são irrealizáveis.

Desse modo, a violência registrada nas agressões para a subjugação, somente encontra ressonância por causa da afinidade entre aqueles que se encontram incursos no embate.

Normalmente o processo é lento e persuasivo, provocando danos que se prolongam no tempo, enquanto são minadas as forças defensivas para o tombo irrefragável nas malhas da pertinaz enfermidade espiritual.

O processo cruel da obsessão de qualquer matiz tem suas raízes sempre na conduta moral infeliz das criaturas pelo cultivar da sua inferioridade em contraposição aos apelos elevados da vida, que ruma para a Suprema Vida.

Enquanto permaneçam os Espíritos afeiçoados às heranças do estágio primitivo, mantendo o egotismo exacerbado, graças ao qual humilha e persegue, trai e escraviza, explora e infunde pavor ao seu irmão, permanecerá aberto o campo psíquico para as vinculações obsessivas.

Somente uma radical transformação de conceito ético entre os homens terrestres é que os mesmos disporão de recursos seguros para se prevenirem obsessões.

No entanto, porque vicejem os propósitos inferiores em predomínio em a natureza humana, sucedem-se as complexas parasitoses obsessivas.

Agravada pela alucinação do perseguidor, a subjugação encarcera na mesma jaula aquele que a fomenta.

Emaranhando-se nos fulcros perispirituais do encarnado, termina por fixar-se-lhe emocionalmente, permanecendo presa da armadilha que urdiu.

A subjugação é perversa maquinação do ódio, da necessidade de desforço a que se escravizam os Espíritos dementados pela falta de paz.

Cultivando os sentimentos primários e encerrando a mente nos objetivos da vingança cerram-se na sombra da ignorância, perdendo o contato com a razão e a Divindade, enquanto não se permitem a felicidade que acusam de havê-los abandonado.

Ambos desditosos – o subjugado e o subjugador – engalfinhando-se na peleja sem quartel, não se dão conta que somente o amor consegue interrompê-la.

De tratamento muito delicado e complexo, o resultado ditoso depende da renovação espiritual do paciente, na razão em que desperte para a seriedade da conjuntura aflitiva em que se encontra. Simultaneamente, a solidariedade fraternal, envolvendo ambos enfermos em orações e compaixão, esclarecimentos e estímulos para o futuro saudável, conseguem romper o círculo vigoroso de energias destrutivas, abrindo espaço para a ação benéfica, o intercâmbio de esperança e de libertação.

A subjugação desaparecerá da Terra quando o verdadeiro sentimento da palavra amor for vivido e espraiado em todas as direções, conforme Jesus apresentou e vivenciou até o momento da morte, e prosseguindo desde a ressurreição gloriosa até aos nossos dias.


Jornal Mundo Espírita de Fevereiro de 2000

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Jovem Obsediado

JOVEM  OBSEDIADO
 Emmanuel
 
Um moço, visivelmente desequilibrado, abeira-se de Chico e pede-lhe orientação para seu caso.
 
         Notamos, ao ouvir a narrativa daquele jovem em processo obsessivo, a acurada atenção do médium orientador, o qual lhe indaga:
         - Você está trabalhando?
         - Não! Não consigo – respondeu-lhe o moço. Sinto-me muito mal quando tento trabalhar...
         E contemplava-o com os olhos fixos e confiantes, aguardando-o do médium uma palavra amiga esclarecedora.
         - Isso não!...Você precisa trabalhar; não pode ficar sem fazer nada!
         Logo após, envolvendo-o com semblante paternal, amorosamente concluiu:
         - Procure um serviço qualquer. Limpa, o chão com um pano molhado, espanar movéis, lavar uma privada...É preciso ocupar seu tempo! Você deve orar e tomar passes, mas é necessário o trabalho.
         Aproveitando, talvez, uma pausa que se fez mais longa, indagou-lhe o jovem:
         - Penso ir para a roça...O que o senhor acha?
         - Faça o que o seu coração pedir – ajuntou –, mas trabalhe! Qualquer serviço na fazenda lhe fará muito bem.
         Tentando infundir coragem ao solicitante e atestando a todos nós, que seguíamos aquele dialogo aquele dialogo, sua espontânea simplicidade, continuou sereno o abnegado servidor:
         - Um dos meus primeiros serviços na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, foi o de lavar a escarradeira do chefe! Naquela época, usavam-se esses vasilhames nos escritórios e eu tinha o dever de lavá-los!
         Passeando em nós seu olhar muito lúcido, conclui:
         - Todo trabalho, por mais insignificante, quando feito com responsabilidade, dá paz e alegria ao nosso coração.


Psicografia Chico Xavier – Espírito Emmanuel – Livro “Além da Alma”

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Considerações oportunas sobre a obsessão

Questão sugere que reflitamos sempre.
 •  F. Altamir da Cunha
1. Existe algum sintoma que nos faça concluir que estamos obsidiados?
O exercício do autoconhecimento possibilita a identificação de qualquer alteração no nosso comportamento, alertando-nos sobre uma possível influência espiritual negativa – obsessão. Mas é preciso que adquiramos uma certa prática, porque muitas vezes os sintomas de uma obsessão simples, como arrepios, dores de cabeça, mudança de humor etc., também poderão ser reflexos de distúrbios naturais no nosso organismo, sem que necessariamente estejam associados à obsessão.
2. Como podemos interpretar a culpabilidade de alguém que está obsidiado e pratica um delito?
Esse caso requer um comentário a mais. O fato de alguém ter praticado o delito sob o domínio de um espírito, num estágio de subjugação, atenua o seu débito, por não ser ele portador de total liberdade nessa circunstância; porém não o isenta totalmente de culpa, pois toda obsessão se instala com uma certa permissividade, por parte do obsidiado. É normalmente fruto de sua invigilância, contrariando o ensinamento de Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
3. Como podemos diferenciar nossos pensamentos dos pensamentos de um espírito que esteja nos obsidiando?
Mais uma vez fazemos referência à sabedoria do Mestre Jesus, convidando-nos à vigilância e à oração. Toda pessoa no seu senso normal está familiarizada com os seus pensamentos e desejos mais comuns. Mantendo-se vigilante, ela saberá identificar quando esses pensamentos e desejos estão sendo alterados ou substituídos por outros de ordem inferior, gerando prejuízos para si e/ou para os outros. Assim identificados, poderemos concluir sobre uma provável obsessão.
4. Com relação aos reflexos das obsessões sobre a nossa saúde, como decidir entre procurar um médico ou uma casa espírita?
Nós, principalmente, que atendemos na Casa Espírita, através do diálogo fraterno, nos deparamos constantemente com casos que apresentam dúbio aspecto, ou seja, apresentam sintomas que identificam tanto problemas que requerem tratamento médico quanto espiritual. Essa dubiedade deve-se ao fato de sermos espíritos encarnados; naturalmente acontece uma mútua influência: o corpo influenciando o espírito e vice-versa. Sabemos que existem doenças físicas que geram obsessões e obsessões que geram doenças físicas. Daí a necessidade de orientarmos para que sejam feitos os dois tratamentos – espiritual e médico.
5. A obsessão apenas existe por ação de um desencarnado sobre um encarnado?
Não. Com relação à ação e à passividade entre vítima e verdugo, podemos ter o seguinte:
– Desencarnado sobre encarnado
Esta é a obsessão mais conhecida, e resulta normalmente da ação persistente e maldosa de espíritos desencarnados. Mas também pode acontecer quando espíritos em desequilíbrio, porém não necessariamente maus, são atraídos para os encarnados por força de laços afetivos, afinidades vibratórias, ou à procura de ajuda.
– Encarnado sobre desencarnado
As causas mais comuns (não as únicas) são: a inconformação do encarnado, lamentando e desejando a permanência do ente querido que desencarnou; no caso de desafetos, a emissão de pensamentos negativos por parte do encarnado influencia negativamente o desencarnado. Estas atitudes geram fortes laços magnéticos, que atrai o desencarnado, dificultando o seu retorno ao plano espiritual e fazendo-o sofrer.
– Desencarnado sobre desencarnado
Embora provoque surpresa nas pessoas desinformadas com relação à vida após a morte, é oportuno esclarecer que a morte não elimina ódio e mágoas cultivados enquanto no corpo físico. Muitos espíritos que retornam à espiritualidade, dominados por esse sentimento, não conseguem de imediato apagar de seus corações o desejo incontrolável de vingança. Nesta condição, não apenas obsidia o inimigo enquanto este se encontra no corpo físico, como aguarda a sua desencarnação para continuar o plano de vingança no plano espiritual.
– Encarnado sobre encarnado
Não podemos esquecer que através de pensamentos, palavras e ações, influenciamos e somos influenciados constantemente, e que essa influência pode ser positiva ou negativa. De forma que, se a influência causa sofrimento ou cerceia a liberdade do outro, está assim caracterizada a obsessão.
Portanto, podemos afirmar que o déspota, o ciumento possessivo, o patrão que escraviza, o subalterno preguiçoso e rebelde, pais dominadores que furtam a liberdade e criam dependências nos filhos, são exemplos de obsessores encarnados que escravizam e fazem sofrer outros encarnados.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

As Quatro Legítimas Verdades

As Quatro Legítimas Verdades

Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito), psicografia de Divaldo Franco.

(...) Foi o Dr. Carneiro de Campos quem me respondeu:


- "Ao convidar o caro Miranda para esta excursão de trabalho, não lhe quisemos detalhar o compromisso em tela porque muitas dificuldades estavam em pauta, aguardando solução. A fim de não deixá-lo ansioso, resolvemos esperar a ajuda divina para inteirá-lo depois, qual ocorre neste momento."
Fazendo uma pausa breve, deu continuidade à narração:
- "Oportunamente, ao ser liberado das Regiões infernais antigo comandante das forças do mal - que reencontrou em Jesus a porta estreita da salvação graças aos esforços sacrificiais e renúncias imensas de sua genitora - aqueles que permaneceram no esquema da impiedade reuniram-se para tomar providências em conjunto contra o que denominam como os exércitos do Cordeiro, que detestam.
"Estes seres, que se extraviaram em diversas reencarnações, assumindo altíssimas responsabilidades negativas para eles mesmos, procedem, na sua maioria, de Doutrinas religiosas cujos nomes denegaram com as suas condutas relapsas, atividades escusas e cones extravagantes, nas quais o luxo e os prazeres tinham primazia em detrimento dos rebanhos que diziam guardar, mas que somente exploravam, na razão do quanto os desprezavam.
Ateus e cínicos, galgavam os altos postos que desfrutavam mediante o suborno, o homicídio, as perversões sexuais, a politicagem sórdida, morrendo nos tronos das honras e glórias mentirosas, para logo enfrentarem a consciência humilhada e, sob tormentos inenarráveis, sintonizando com os sequazes que os aguardavam no Além, sendo reconvocados aos postos de loucura, dispostos a enfrentar Jesus e Deus, que negam e dizem desprezar..."
Após ligeira interrupção e medindo bem as palavras, prosseguiu:
- "As figuras mitológicas dos demônios e seus reinos, os abismos infernais e os seus torturadores de almas são relatos inicialmente feitos por pessoas que foram até ali conduzidas em desdobramento espiritual - por afinidade moral ou pelos Mentores, a fim de advertirem as criaturas da Terra - antros sórdidos que aqueles governam e onde instalaram o terror, dando a equivocada idéia de que naquelas paragens não há tempo a transcorrer, num conceito absurdo de eternidade a que se aferram diversas religiões, as quais mais atemorizam do que educam.

"Mártires e santos, profetas e escritores, artistas e poetas de quase todos os povos e épocas, os que eram médiuns, visitaram esses Núcleos terrificadores e conheceram os seus habitantes, trazendo, na memória, nítidas, as suas configurações, que as fantasias e lendas enriqueceram com variações de acordo com a cultura, a região e o tempo, presentes, portanto, na historiografia da humanidade.
Variando de denominação, cada grupamento, como ocorre na Terra, tem o seu chefe e se destina a uma finalidade coercitiva, reparadora. Periodicamente esses chefes se reúnem e elegem um comandante a quem prestam obediência e submissão, concedendo-lhe regalias reais... As ficções mais audaciosas não logram conceber a realidade do que ocorre em tais domínios.
"Sandeus e absolutos, anularam a consciência no mal e na força, tornando-se adversários voluntários da Luz e do Bem, que pretendem combater e destruir.
"Não se dão conta de que tal ocorre, porque vivem em um planeta ainda inferior em processo de desenvolvimento, onde aqueles que o habitam, também são atrasados, padecendo limites, em trânsito do instinto para a razão. lnobstante, porém, luz, nesta época, o Consolador e em toda parte doutrinas de amor e paz inauguram a Nova Idade na Terra, convidando o homem ao mergulho interior, ao rompimento dos grilhões da ignorância, à solidariedade, ao bem... A ciência dá as mãos à moral, e a filosofia redescobre a ética, para que a religião reate a criatura ao seu Criador em um holismo profundo de fé, conhecimento e caridade, numa síntese de sabedoria transcendental.
"Tudo marcha na direção de Deus, é inelutável".
A Grande Causa, a Inteligência Suprema, é o fulcro para o qual convergem todos, mediante a vigorosa atração da Sua própria existência.
"As lutas de oposição desaparecem com relativa rapidez, rompendo-se as barricadas e trincheiras que se tomam inúteis. A trajetória do progresso é irrefreável. Só o Amor tem existência real e perene, lei que é da vida, por ser a própria Vida. "
Calou-se, novamente, e relanceou o olhar pelo veludo da noite salpicado de gemas estelares, dando prosseguimento:
- "Na reunião que eles convocaram naquela oportunidade, ficou estabelecido que o novo substituto deveria ser impiedoso ao extremo, sem qualquer sensibilidade, cuja existência execranda no planeta houvesse espalhado o terror e cuja memória inspirasse revolta e ódio... Após um mês voltariam a reunir-se.
"Naturalmente, foram buscados os sicários mais abjetos da Humanidade, que fossilizavam nos antros mais hediondos das regiões subterrâneas de sofrimentos, de onde foram retirados temporariamente para apresentação de planos, sua avaliação de possibilidades de execução e logo votação.
"Difícil imaginar tais conciliábulos e conseqüente escrutínio para a eleição de um Chefe.
"Recordando as reuniões de antigos religiosos, ontem como hoje, cada representante se vestiu com as roupagens e características do seu poder, e, acolitados pelo subalternos, compareceram em massa, diversos deles conduzindo os seus candidatos para o pleito macabro e ridículo.
"A extravagância e o cinismo ilimitados fizeram-se presentes nas figuras grotescas, asselvajadas umas, animalescas outras, em um cenário de horror, para o que seria o grande momento de decisão, a conquista do mundo humano por tais assaltantes espirituais.
"Mais de uma vintena de algozes da sociedade foram apresentados ao terrível parlamento. Alguns encontravam-se hebetados em padecimentos que se auto-impuseram; outros pareciam desvairados, e um número menor, com facies patibular e olhos miúdos, fuzilantes, chamaram mais a atenção dos governantes e da turbamulta alucinada que repletava as galerias daquele simulacro infeliz de tribunal de julgamento e seleção.
"Nomes que fizeram tremer a Terra, no passado remoto como no mais recente, foram pronunciados, enquanto, pessoalmente, eles se apresentavam ou eram trazidos. Vários em estado de loucura foram apupados, embora os seus defensores prometessem despená-los e colocá-los lúcidos para o ministério que lhes seda delegado. A balbúrdia ensurdecedora interrompeu várias vezes as decisões.
Os árbitros, porém, ameaçaram expulsar a malta, que foi atacada por mastins ferozes, até o momento em que assomou ao pódio um ser implacável, com postura temerária, passos lentos, coxeando, corpo balouçante com ginga primitiva, que, erguendo os braços para dominar o cenário, com facilidade o logrou, graças ao terror que expressava nos olhos fulminantes.
"Quem o conduzia deu ligeira notícia do candidato, sem ocultar a felicidade que o dominava:
- Tenho a honra de apresentar o inexcedível conquistador que submeteu o mundo conhecido do seu tempo, na Ásia, e esteve na Terra, novamente, apenas uma vez mais. As suas façanhas ultrapassaram em muito outros dominadores, graças à sua absoluta indiferença pela vida e aos métodos que utilizava para a destruição da raça humana. Fundou o segundo império mongol, realizando guerras cruentas.
"A sua existência corporal transcorreu durante o século XIV, havendo renascido na Ásia Central, próximo a Samarcanda. Informando descender de Gengis Khan, aos cinqüenta anos de idade alargou seus domínios do Eufrates à Índia, impondo-se ao Turquestão, Coraçã, Azerbajá, Curdistão, Afeganistão, Fars. Logo depois, invadiu a Rússia, a Índia, deixando um rastro de dezenas de milhares de cadáveres, somente em Delhi, às portas da cidade e nos seus arredores... Cruel até o excesso, realizou alguns trabalhos de valor na sua pátria, porém as suas memórias são feitas de atrocidade e horror, por cujas razões, ao desencarnar, mergulhou nas regiões abismais onde foi localizado, nas Trevas..."
O narrador fez breve silêncio para logo prosseguir ,
- "A medida que a arenga apaixonada conquistava os eleitores triunfantes, o horror mais humilhava os presentes, que silenciaram diante do certamente vencedor hediondo.
"Encerrada a apresentação do candidato, foi ele aceito por quase todos os chefes e aclamado como o Soberano Gênio das Trevas, que se encarregada de administrar os corretivos na humanidade, a qual ele propunha submeter e explorar.
"Não ignoramos que o intercâmbio de energias psicofísicas entre os seres inferiores desencarnados e os homens é muito maior do que se imagina. Legiões de dezenas de milhões de criaturas de ambos os planos se encharcam de vitalidade, explorando-se, umas às outras, mediante complexos processos de vampirização, simbiose, dependência, gerando uma psicosfera morbífica, aterradora. Somente o despertar da consciência logra interromper o comércio desastroso, no qual se exaurem os homens, e mais se decompõem moralmente os Espíritos. Para sustentarem tão tirânica interdependênda, são criados mecanismos e técnicas contínuas de degradação das pessoas, que espontaneamente se deixam consumir por afinidade com os seres exploradores, viciados inclementes, amolentados secularmente na extravagante parasitose. Pululam, incontáveis, os casos dessa natureza. Enfermidades degenerativas do organismo físico, desequilibrados mentais desesperadores, disfunções nervosas de alto porte, contendas, lutas, ódios, paixões asselvajadas, guerras e tiranias têm a sua geratriz nesses antros de hediondez, onde as Forças do Mal, em forma de novos Lucíferes da mitologia, pretendem opor-se a Deus e tomar-lhe o comando. Vão e inqualificável desvario este do ser humano inferior. !
"O homem marcha, na Terra como nos círculos espirituais mais próximos, ignorando ou teimando desconhecer a sua realidade como ser imortal, Espírito eterno que é, em processo de ascensão. Dando preferência à sensação, na qual se demora espontaneamente, em detrimento das emoções enobrecidas, jugula-se à dependência do prazer, cristalizando as suas aspirações no gozo imediato e retendo-se nas faixas punitivas do processo evolutivo. Face a tal comportamento, reencarna e desencarna por automatismo, sob lamentáveis condições de perturbação, perplexidade e interdependência psíquica.
As obsessões que atravessam decênios sucedem-se. O algoz de hoje, ao reencarnar-se, toma-se a vítima que por sua vez, mais tarde, dá curso ao processo infeliz até quando as Soberanas Leis interferem com decisão.
"As religiões, através dos seus sacerdotes, ministros, guias e chefes, na maioria aferradas aos dogmas ultramontanos, preferem não descerrar a cortina da ignorância, mantendo os seus rebanhos submissos, pelo menos convencionalmente, em mecanismos de rude hipocrisia, desinteressadas do homem real, integral, espiritual. Sucede que grande número desses condutores religiosos está vinculado aos sicários espirituais, que os mantêm em dependência psíquica, explorados, para que preservem o estado de coisas conforme se encontra. Por tal razão, quando as doutrinas libertadoras se apresentam empunhando as tochas do discernimento, seus apologistas, membros divulgadores e realizadores, são perseguidos, cumulados de aflições e tormentos, para que desistam, desanimem ou se submetam aos mentirosos padrões dos triunfos terrenos."
O Benfeitor calou-se por ligeiro espaço de tempo, e, lúcido, adiu:
"Pode parecer que o Pai Misericordioso permanece indiferente ao destino dos filhos sob o domínio das sombras de si mesmos. No entanto, não é assim. lncessantemente Sua Voz convida ao despertamento, à reflexão, à ação correta, usando os mais diversos instrumentos, desde as forças atuantes do Universo aos missionários e apóstolos da Verdade, que não são escutados nem seguidos.
"Os líderes da alucinação tornam-se campeões das massas devoradoras, enquanto as vozes do bem clamam no deserto. Milhares de obreiros desencarnados operam em silêncio, nas noites terrestres, acendendo luzes espirituais, em momentosos intercâmbios que são considerados, no estado de consciência lúcida, no corpo, como sonhos impossíveis, fantasias, construções arquetípicas, em conspiração sistemática a favor das teses materialistas.

Essas explicações, algumas esdrúxulas, travestidas de científicas, são aceitas, inclusive, pelos religiosos, que aí têm seus mecanismos escapistas para fugirem aos deveres e responsabilidades maiores.


"Desnecessário confirmar que as nobres conquistas das ciências da alma, inclusive as abençoadas experiências de Freud, de Jung e outros eminentes estudiosos, fundamentam-se em fatos incontestáveis. Algumas das suas conclusões merecem, porém, reestudo, reexame e conotações mais modernas, nunca descartando a possibilidade espiritualista, hoje considerada pelas novas correntes dessas mesmas doutrinas.
"Quando as criaturas despertarem para a compreensão dos fenômenos profundos da vida, sem castração ou fugas, sem ganchos psicológicos ou transferências, romper-se-ão as algemas da obsessão na sua variedade imensa, ensejando o encontro do ser com a sua consciência, o descobrimento de si mesmo e das finalidades da existência corporal no mapa geral da sua trajetória eterna."
Mais uma vez, o venerável Instrutor fez uma pausa, facultando-nos assimilar o conteúdo das suas palavras, para logo dar continuidade:
- "Posteriormente informado das razões que o elevaram ao supremo posto, representativo daqueles grupos hostis, o Chefe pediu um prazo para elaboração de planos, solicitando a presença de hábeis conselheiros de períodos diferentes da História, a ele semelhantes na estrutura psíquica, de modo a inteirar-se das ocorrências no planeta.
"As reuniões sucederam-se tumultuadas, violentas, sempre acalmadas pela agressividade do Soberano, que, ciente das novas revelações da Verdade na Terra, do advento do Consolador e seu programa de reestudo e vivência do Cristianismo, das incursões modernas do Espiritualismo ancestral na sociedade contemporânea, todos formando diques contra as águas volumosas da destruição, resolveu escutar fracassados conhecedores do comportamento das criaturas, tanto na área sexual como na econômica e na social - pois que nesses recintos transitam aqueles que se comprometeram negativamente perante a Vida - após o que estabeleceu o seu programa, que ironicamente denominou como as quatro legítimas verdades, em zombeteira paráfrase ao código de Buda em relação ao sofrimento: as quatro Nobres Verdades.
"Em reunião privada com os chefes de grupos, explicitou o programa que elaborara para ser aplicado em todas as suas diretrizes e com pormenorizado zelo.
"Primeiro: o homem - redefiniu o novo Soberano das Trevas - é um animal sexual que se compraz no prazer. Deve ser estimulado ao máximo, até a exaustão, aproveitando-se-lhe as tendências, e, quando ocorrer o cansaço, levá-lo aos abusos, às aberrações. Direcionar esse projeto aos que lutam pelo equilíbrio das forças genésicas é o empenho dos perturbadores, propondo encontros, reencontros e facilidades com pessoas dependentes dos seus comandos que se acercarão das futuras vítimas, enleando-as nos seus jogos e envolvimentos enganosos. Atraído o animal que existe na criatura, a sua dominação será questão de pouco tempo. Se advier o despertamento tardio, as conseqüências do compromisso já serão inevitáveis, gerando decepções e problemas, sobretudo causando profundas lesões na alma. O plasma do sexo impregna os seus usuários de tal forma que ocasiona rude vinculação, somente interrompida com dolorosos lances passionais de complexa e difícil correção.
"Segundo: o narcisismo é filho predileto do egoísmo e pai do orgulho, da vaidade, inerentes ao ser humano. Fomentar o campeonato da presunção nas modernas escolas do Espiritualismo, ensejando a fascinação, é item de alta relevância para a queda desastrosa de quem deseja a preservação do ideal de crescimento e de libertação. O orgulho entorpece os sentimentos e intoxica o indivíduo, cegando-o e enlouquecendo-o. Exige corte, e suas correntes de ambição impõem tributários de sustentação. Pavoneando-se, exibindo-se, o indivíduo desestrutura-se e morre nos objetivos maiores, para cuidar apenas do exterior, do faustoso - a mentira de que se insufla.
"Terceiro: o poder tem prevalência em a natureza humana. Remanescente dos instintos agressivos, dominadores e arbitrários, ele se expressa de várias formas, sem disfarce ou escamoteado, explorando aqueles que se lhe submetem e desprezando-os ao mesmo tempo, pela subserviência de que se fazem objeto, e aos competidores e indomáveis detestando, por projetar-lhe sombra. O poder é alçapão que não poupa quem quer que lhe caia na trampa. Ademais a morte advém, e a fragilidade diante de outras forças aniquila o iludido.




"Quarto: o dinheiro, que compra vidas e escraviza almas, será outro excelente recurso decisivo. A ambição da riqueza, mesmo que mascarada, supera a falsa humildade, e o conforto amolenta o caráter, desestimulando os sacrifícios. Sabe-se que o Cristianismo começou a morrer, quando o martirológio foi substituído pelo destaque social, e o dinheiro comprou coisas, pessoas e até o reino dos céus, aliciando mercenários para manter a hegemonia da fé...
"Quem poderá resistir a essas quatro legítimas verdades? - interrogou -. Certamente, aquele que vencer uma ou mais de uma, tombará noutra ou em várias ao mesmo tempo.
"Gargalhadas estrepitosas sacudiram as furnas. E a partir de então, os técnicos em obsessão, além dos métodos habituais, tomaram-se especialistas no novo e complexo programa que em todos os tempos sempre constituiu veículo de desgraça, agora mais bem aplicado, redundando em penosas derrotas. Não será necessário que detalhemos casos a fim de analisarmos resultados."
Aprofundando reflexões, o Amigo concluiu:
"Precatem-se, os servidores do Bem, das ciladas ultrizes do mal que tem raízes no coração, e estejam advertidos. Suportem o cerco das tentações com estoicismo e paciência, certos de que o Pai não lhes negará socorro nem proteção, propiciando-lhes o que seja mais . importante e oportuno. Ademais, não receiem as calúnias dos injuriadores que os não consigam derrubar. Quando influenciados pelos assessores dos Gênios, mantenham-se intimoratos nos ideais abraçados. A vitória tem a grandeza da dimensão da luta travada.
"Este desafio, que nos tem merecido a mais ampla e minudente consideração, qual ocorre com inúmeros Benfeitores do Mundo Maior, é uma das razões de nos encontrarmos em atividade com o irmão Vicente e os membros da Casa que ele dirige.
"Agora, sigamos ao trabalho que nos espera. "
Havia no ar da noite silenciosa a presença de bênçãos que aspiramos em longos haustos, enquanto nos dirigíamos para a sede dos nossos labores.
Reflexões Necessárias
Não tive tempo de arregimentar perguntas, tal o esfervilhar de pensamentos que me agitavam a casa mental.
A narração breve do Instrutor fornecia-me explicações para melhor entender vários acontecimentos infelizes que pairavam agitando a economia moral da sociedade, especial e particularmente dos cristãos novos, dos espiritualistas modernos e dos estudiosos da mente que, interessados nos padrões éticos e superiores do comportamento, subitamente naufragavam nos ideais ou os abandonavam, padecendo graves ulcerações espirituais. Compreendia melhor a irrupção do sexo desvairado a partir dos anos sessenta deste século, o alucinar pelas drogas, a mudança dos padrões morais e o crescimento da violência, o abandono a que as gerações jovens foram atiradas, as falsas aberturas para a liberdade sem responsabilidade pelos atos praticados, a música ensurdecedora, a de metais, a de horror, a satânica, e tantas outras ocorrências...
Está claro que o processo antropossociológico da evolução, às vezes, deve arrebentar determinados compromissos para abrir novos espaços experimentais, que irão compor o quadro das necessidades evolutivas do homem e da mulher. A moral social, geográfica, aparente, deve ceder lugar à universal, à que está ínsita em a Natureza, àquela que dignifica e promove, superando e abandonando as aparências irrelevantes e desacreditadas.
Verificava que a transição histórica de um para outro período é semelhante a um demorado parto, doloroso e complexo, do qual nascem novos valores e a vida enfloresce.
Não seriam, os períodos de convulsão danosa, gerados por mentes destruidoras sediadas no Além?
Teriam gênese, em programações semelhantes, as súbitas alterações sociais que sacudiam até ao desmoronamento, nações e povos, abalando a Humanidade?

Partindo do princípio de que a vida real e causal é a que tem origem e vigência na Erraticidade, no mundo espiritual, conforme os acontecimentos, suas matrizes desencadeadoras estão aqui e daqui partem por indução, inspiração e interferência direta, através da reencarnação de membros encarregados de perturbar a ordem geral. Embora suponham estar agindo por vontade própria, ei-los sob o Comando Divino, que os utiliza indiretamente para despertar as consciências adormecidas, para as altíssimas finalidades da vida.
Recordava-me de amigos que haviam reencarnado com tarefas específicas e nobres, para agirem com elevação e desdobrarem o programa de iluminação espiritual, e que derraparam lamentavelmente, alguns sendo retirados antes de mais infelizes comprometimentos, e outros abraçando esdrúxulas condutas, fazendo-se crer auto-suficientes, superiores, revoltados...
Tinha em mente as tarefas estabelecidas e aceitas com entusiasmo antes da reencarnação ou ditadas mediunicamente, que produziam impactos felizes, mas que logo pareciam perder o significado para os seus responsáveis, que as abandonavam ou as alteravam a bel-prazer para seguirem noutros rumos...
Observava sempre a facilidade com que certos líderes carismáticos eram seguidos por multidões hipnotizadas, e astros do desequilíbrio galvanizavam as massas, aturdindo-as, fazendo-as adorá-los, naturalmente sob controles espirituais poderosos das Trevas.
O caso Davi, mais especificamente, tornava-se um exemplo concreto da consumação das quatro legítimas verdades perturbadoras. Todo o empenho de seus Mentores e de alguns amigos encarnados não resultou positivo, intoxicado que estava pela presunção narcisista, atraído pelo sexo irresponsável, fascinado pelo dinheiro e, no íntimo, ambicionando o destaque, o poder...
O labor de Jesus, o Cordeiro sacrificado, é todo de abnegação e renúncia, de amor e humildade, de persuasão afetuosa, jamais de imposição arbitrária.
Como efeito, crêem os apressados, que vitórias são a da ganância, da força e do brilho rápido das luzes da fama...
Compreendia melhor, a partir daquele momento, que as imperfeições da criatura humana são as responsáveis pelo fracasso de bem organizados planos, pelas perturbações que se generalizam, pelas opções extravagantes, pelo desdobrar das paixões asselvajadas, em razão do nível inferior de consciência no patamar em que transita a maioria das pessoas. Não obstante, estimuladas essas expressões primárias em domínio ou ainda remanescentes no ser, é fácil entender a loucura avolumada na Terra, a falência dos padrões éticos e o anseio pelo retomo às manifestações primevas do ser.
Raciocinando sobre os planos do Soberano Gênio das Trevas, tomaram-se-me lógicas as ocorrências que antes me pareciam absurdas, quase impossíveis de acontecer. <
No momento em que a cultura atinge as suas mais altas expressões; quando a Ciência mais se aproxima de Deus auxiliada pela Tecnologia, e o homem sonha com a possibilidade de detectar vida fora da Terra, igualmente campeiam a hediondez do comportamento agressivo; a excessiva miséria de centenas de milhões de pessoas, social e economicamente abandonadas à fome, às doenças, à morte prematura; o erotismo extravagante em generalização; a correria às drogas e aos excessos de toda natureza, tornando-se para mim um verdadeiro paradoxo da sociedade. <
O homem e a mulher terrestres, ricos de aspirações enobrecidas, ainda não conseguem desligar-se dos grilhões dos instintos perturbadores, muitas vezes amando e matando, salvando vidas e estiolando-as em momentos de alegria ou de revolta. Essa visão aflige-me como sendo um espetáculo inesperado no processo da evolução.
Aprofundando, agora, a reflexão nas paisagens da obsessão dos grupos humanos e da procedência de um programa de paulatina subjugação mental das massas, melhor passei a entender a luta ancestral, quase mitológica, do Bem e do Mal, das forças existentes em a natureza humana propelindo para um outro comportamento.
Observava, desde há algum tempo, a conduta de pessoas dedicadas ao Espiritualismo, que se apresentavam portadores de idéias materialistas-utilitaristas, sempre usando a verruma, a acidez e a zombaria contra os seus confrades, por pensarem de forma diferente e não se lhes submeterem à presunção, aos caprichos, ao comando mental. Pugnando sempre contra, e atacando, descobrem erros em tudo e todos, apresentando-se com desfaçatez como defensores do que chamam a Verdade, somente eles possuindo visão e interpretação correta do pensamento que vitalizam e divulgam. E claro que sempre os houve em todas as épocas da Humanidade, porém agora são mais audaciosos.
Indaguei-me, naquele momento, se não estariam a soldo psíquico de tais manipuladores de obsessões ou se não seriam alguns membros desses grupos ora reencarnados? Sem qualquer censura a esses indivíduos, alguns certamente sinceros na forma de se conduzirem, inquiri-me: por que não concediam o direito aos demais de serem conforme lhes aprouvesse, enquanto eles seguiriam na sua maneira especial de entendimento?
Há, sem dúvida, muitas complexidades no processo da evolução, que se vão delineando e explicando lentamente, à medida que os Espíritos galgam degraus mais elevados. Por isso mesmo, as revelações se fazem gradativamente, dando, cada uma, tempo para que a anterior seja digerida pelas mentes e aplicadas nos grupos sociais.
A Sabedoria Divina jamais deixou a criatura sem os promotores do progresso, que vêm arrancando o ser da ignorância para o conhecimento.
Essas reflexões levaram-me a uma melhor compreensão do próximo, ensejando-me simpatia e amor pelos companheiros da retaguarda, encarnados ou não, e maior respeito pelos nobres Guias da Humanidade, sempre pacientes e otimistas, incansáveis na tarefa que abraçam como educadores amoráveis que são.
Tem sido sempre crescente o meu afeto a Allan Kardec, por ele haver facultado à mediunidade esclarecida elucidar o comportamento humano e permitir a penetração do entendimento no mundo espiritual. Graças ao Espiritismo, novos descortinos e constantes informações ajudam o ser humano a compreender a finalidade da sua existência na Terra, as metas que lhe cumpre alcançar através de contínuos testes e desafios.
Olhando a multidão ainda em movimento pelas ruas por onde transitávamos na grande cidade, um sentimento de ternura e compaixão amorosa assomou-me, levando-me às lágrimas.
Percebendo-me a emoção silenciosa, o Dr. Carneiro de Campos enlaçou-me o ombro, e falou:
- "Há muito por fazer em favor do nosso próximo, onde quer que se encontre. Aqueles que já despertamos para a compreensão da Vida, temos a tarefa de acordar os que se demoram adormecidos, sem lhes impor normas de conduta ou oferecer-lhes paisagens espirituais que ainda não podem penetrar. Se alguns pudessem conhecer a realidade que ora enfrentamos, enlouqueceriam de pavor, se suicidariam, tombariam na hebetação... O nosso dever induz-nos a ajudá-los a elevar-se, a pouco e pouco, identificando as finalidades existenciais e passando a vivê-las melhor."
Fazendo uma pausa oportuna, continuou:
- "Em nossa esfera de ação encontramos, a cada instante, irmãos equivocados, iludidos pelas reminiscências terrestres, defendendo os interesses malsãos dos familiares e afetos, preocupados com as querelas do corpo já diluído no túmulo, negando-se à realidade na qual se encontram. Agimos com eles pacientemente, amorosamente, confiando no tempo. Ora, em relação aos encarnados, a questão faz-se mais complexa, exigindo-nos maior quota de compreensão e de bondade. O anestésico da matéria, que bloqueia muitas percepções do Espírito, terá que ser vencido vagarosamente, evitando-se choques danosos ao equilíbrio mental e emocional dos indivíduos.
"Assim, prossigamos confiantes, insistindo e perseverando, sem aguardar resultados imediatos, impossíveis de ser atingidos."
Chegamos, por fim, ao núcleo das atividades, onde outros deveres nos aguardavam.

Livro: Trilhas da Libertação