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terça-feira, 11 de novembro de 2014

EVANGELIZAÇÃO. (...)"O Evangelho, todavia, é como um Sol de espiritualidade..."(...)"a iluminação de seu mundo intuitivo o conduz aos mais elevados planos de inspiração, onde a inteligência se prepara, em face das generosas realizações que lhe compete atingir no imenso futuro espiritual...."

Emmanuel
 
Todos os estudiosos que solicitam de amigos do Além um roteiro de orientação não devem esquecer o Evangelho de Jesus, roteiro das almas em que cada coração deve beber o divino ensinamento para a marcha evolutiva.
 
Habitualmente, invoca-se a velhice de sua letra e a repetição de seus enunciados. O Espírito do Evangelho de Cristo, porém, é sempre a luz da vida. Determinados companheiros buscam justificar o cansaço das fórmulas, alegando que em Espiritismo, temos obras definitivas da revelação, com o sabor de novidade preciosa, em matéria de esclarecimento geral e esforço educativo. O Evangelho, todavia, é como um Sol de espiritualidade. Todas essas obras notáveis dos missionários humanos, na sua tarefa de interpretação, funcionam como telescópios, aclarando-lhe a grandeza. É que a sua luz se dirige à atmosfera interior da criatura, intensificando-se no clima da boa vontade e do amor, da sinceridade e da singeleza.
 
A missão do Espiritismo é a do Consolador, que permanecerá entre os homens de sentimento e de razão equilibrados, impulsionando a mentalidade do mundo para uma esfera superior. Vindo em socorro da personalidade espiritual que sofre, nos tempos modernos, as penosas desarmonias do homem físico do planeta, estabelece o Consolador a renovação dos valores mais íntimos da criatura e não poderá executar a sua tarefa sagrada, na hipótese de seus trabalhadores abandonarem o esforço próprio, no sentido de operar-se o reajustamento das energias morais de cada indivíduo.
 
A capacidade intelectual do homem é restrita ao seu aparelhamento sensorial; todavia, a iluminação de seu mundo intuitivo o conduz aos mais elevados planos de inspiração, onde a inteligência se prepara, em face das generosas realizações que lhe compete atingir no imenso futuro espiritual.
 
A grande necessidade, ainda e sempre, é a da evangelização íntima, para que todos os operários da causa da verdade e da luz conheçam o caminho de suas atividades regeneradoras, aprendendo que toda obra coletiva de fraternidade, na redenção humana, não se efetua sem a cooperação legítima, cuja base é o esclarecimento sincero, mas também é a abnegação, em que o discípulo sabe ceder, tolerar e amparar, no momento oportuno.
 
Para a generalidade dessa orientação moral faz-se indispensável que todos os centros de estudo doutrinário sejam iluminados pelo Espiritismo evangélico, a fim de que a mentalidade geral se aplique à luta da edificação própria, sem fetichismos e sem o apoio temporal de forças exteriores, mesmo porque se Jesus convocou ao seu coração magnânimo todos os que choram com o “vinde a mim, vós os que sofreis”, também asseverou “tomai a vossa cruz e segui-me!...”, esclarecendo a necessidade de experiências edificantes no círculo individual.
 
Resumindo, somos compelidos a concluir que, em Espiritismo, não basta crer. É preciso renovar-se. Não basta aprender as filosofias e as ciências do mundo, mas sentir e aplicar com o Cristo.
 
De “Relicário de Luz”, de Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A NECESSIDADE DE ENTENDIMENTO

Neio Lúcio


Um dos companheiros trazia ao culto evangélico enorme expressão de abatimento.
Ante as indagações fraternas do Senhor, esclareceu que fora rudemente tratado na via pública.
Vários devedores, por ele convidados a pagamento, responderam com ingratidão e grosseria.
Não se internou o Cristo através da consolação individual, mas, exortando evidentemente todos os companheiros, narrou, benevolente:
— Um grande explicador dos textos de Job possuía singulares disposições para os serviços da compreensão e da bondade, e, talvez por isso, organizou uma escola em que pontificava com indiscutível sabedoria.
Amparando, certa ocasião, um aprendiz irrequieto que freqüentes vezes se lamuriava de maus tratos que recebia na praça pública, saiu pacientemente em companhia do discípulo, pelas ruas de Jerusalém, implorando esmolas para determinados serviços do Templo.
A maioria dos transeuntes dava ou negava, com indiferença, mas, numa esquina movimentada, um homem vigoroso respondeu-lhes à rogativa com aspereza e zombaria.
O mestre tomou o aprendiz pela mão e ambos o seguiram, cuidadosos.
Não andaram muito tempo e viram-no cair ao solo, ralado de dor violenta, provocando o socorro geral.
Verificaram, em breve, que o irmão irritado sofria de cólicas mortais.
Demandaram adiante, quando foram defrontados por um cavalheiro que nem se dignou responder-lhes à súplica, endereçando-lhes tão-somente um olhar rancoroso e duro.
Orientador e tutelado acompanharam-lhe os passos, e, quando a estranha personagem alcançou o domicílio que lhe era próprio, repararam que compacto grupo de pessoas chorosas o aguardava, grupo esse ao qual se uniu em copioso pranto, informando-se os dois de que o infeliz retinha no lar uma filha morta.
Prosseguiram esmolando na via pública e, a estreito passo, receberam fortes palavrões de um rapaz a quem se haviam dirigido.
Retraíram-se ambos, em expectativa, verificando, depois de meia hora de observação, que o mísero não passava de um louco.
Em seguida, ouviram atrevidas frases de um velho que lhes prometia prisão e pedradas; mas, decorridas algumas horas, souberam que o infortunado era simplesmente um negociante falido, que se convertera de senhor em escravo, em razão de débitos enormes.
Como o dia declinasse, o respeitável instrutor convocou o discípulo ao regresso e ponderou: — Guardaste a lição? Aceita a necessidade do entendimento por sagrado imperativo da vida.
Nunca mais te queixes daqueles que exibem expressões de revolta ou desespero nas ruas.
O primeiro que nos surgiu à frente era enfermo vulgar; o segundo guardava a morte em casa; o terceiro padecia loucura e o quarto experimentava a falência.
Na maioria dos casos, quem nos recebe de mau-humor permanece em estrada muito mais escura e mais espinhosa que a nossa.
E, completando o ensinamento, terminou o Senhor, diante dos companheiros espantados: — Quando encontrarmos os portadores da aflição, tenhamos piedade e auxiliemo-los na reconquista da paz íntima.
O touro retém os chifres, por não haver atingido, ainda, o dom das asas.
Reclamamos, comumente, contra a ovelha que nos perturba o repouso, balindo, atormentada; todavia, raramente nos lembramos de que o pobre animal vai seguindo, sob laço pesado, a caminho do matadouro.
Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA





          A gravidez na adolescência é um dos grandes problemas-desafio da atualidade, em razão do número crescente de jovens despreparadas para a maternidade, que se deparam em situação deveras perturbadora, gerando grave comprometimento social.
          Dominados pela curiosidade e espicaçados por uma bem urdida estimulação precoce, que faculta a promiscuidade dos relacionamentos, os adolescentes facilmente se entregam às experiências sexuais sem nenhuma preparação psicológica, menos ainda responsabilidade de natureza moral.
          Desconhecendo os fatores propiciatórios da fecundação e sem qualquer orientação cultural em torno do intercâmbio sexual, permitem-se o intercurso dessa natureza com sofreguidão e sob conflitos, tendo de enfrentar o gravame da concepção fetal.
          Ao darem-se conta da ocorrência inesperada, recorrem a expedientes perigosos, a pessoas inescrupulosas, quase sempre interessadas na exploração da ignorância, e culminam na execução do crime covarde do aborto clandestino, com todos os riscos decorrentes dessa atitude cruel.
Iniciada a malfadada fuga, novas ocorrências criminosas têm lugar, porque o adolescente perde a identidade moral e, aturdido, deixa-se arrastar a novos tentames, cujos resultados são sempre infelizes. Quando isso não ocorre, porque desti­tuídos do sentimento de amor, que os poderia unir, são as futuras mães deixadas a mercê da família ou da própria sorte, trazendo ao mundo os desamparados rebentos que experimen­tarão a orfandade, não obstante os pais desorientados perma­neçam vivos.
Despertando lentamente para os sentimentos mais graves, e dando-se conta da alucinação juvenil, agora irreversível, essas jovens imaturas e frustradas atiram-se nos resvaladouros do descalabro, perdendo o senso da dignidade feminina e tornando-se objetos de fácil posse, quando não recorrem às fugas desordenadas pelas drogas químicas, pelo álcool, pela prostituição destruidora.
Urgem atitudes que possam despertar os adolescentes para a utilização do sexo com responsabilidade, na idade adequada, quando houver equilíbrio fisicopsíquico, amadurecimento emocional com a competente dose de compreensão dos efeitos que decorrem das uniões dessa natureza.
O sexo é um órgão com função específica e portador de exigências graves na área dos deveres, que aparecem como conseqüência do seu uso. Quando utilizado com insensatez, sem o contributo da razão, por desejos infrenes, ao envolver os parceiros estabelece um vínculo emocional que não deve ser rompido levianamente. Muitas tragédias dos sentimentos têm início nas rupturas abruptas da afetividade despertada pelo interesse sexual. Pode uma das pessoas não estar realmente interessada na outra, não obstante a recíproca pode não ser verdadeira, e, ao sentir-se a sós, aquele que se encontra abandonado passa a experimentar tormentos e conflitos muito perturbadores, quando não se rebela contra a função sexual, gerando problemas mais profundos, que irão comprometer-lhe toda a existência, em razão da leviandade de quem se foi, indiferente pelo destino de quem ficou...
Na adolescência, porque os interesses giram em torno da identidade, da sexuaLidade, da afirmação da personalidade, além de outros, a atração entre os jovens é inevitável, produzindo grande empatia e estímulos que devem ser cultivados, porqüanto isso faz parte da formação do seu conceito de sociedade e de auto-realização. Todavia, éindispensável insistir quanto aos cuidados que devem ser tomados pelos moços em razão da precipitação em assumir atitudes e compromissos para os quais não estão preparados, tornando-se fáceis vítimas da imprudência e do desconheci­mento.
Sob outro aspecto, porque os sentimentos ainda não estão maduros e o desconhecimento da função sexual é total, o ato não corresponde à expectativa ansiosa do adolescente, que se sente defraudado, receando novas experiências, ou precipitando-se em outras tantas a fim de descobrir os encantamentos a que as demais pessoas se referem com entusiasmo e que ele não vivenciou.
A educação sexual, portanto, tem regime de grande urgência, ao lado de um programa de dignificação da função genésica muito barateada por personagens atormentadas, que se tornam líderes da massa juvenil, e que, fugindo dos próprios conflitos perturbadores, estimulam-lhes o uso desordenado. Outras vezes, mediante caricaturas perversas, procuram influir na conduta juvenil, massificando todos no mesmo nível de comportamento estranho e inquietador, deixando-os insaciáveis e cínicos, enquanto afirmam que a única função da vida é o prazer imediato, sendo o sexo a válvula de escapamento para a insegurança, a insatisfação emocional e o fracasso de que se sentem possuídos, mesmo quando se sentam nos tronos dos triunfos ilusórios que a mídia lhes proporciona, sem os realizarem interiormente.
A maternidade é o momento superior de dignificação da mulher, quando todos os valores do sentimento e da razão se conjugam para o engrandecimento da vida. Faltando, àadolescente, experiência e conhecimento dos valores existen­ciais durante a gravidez, o período é atormentado, sendo trans­mitido ao feto inquietação e desassossego, quando não a revolta pela concepção indesejada.
Raramente acontece o fenômeno da compenetração maternal, quando se trata de Espírito afim, que volve ao regaço da afetividade de maneira inesperada, recompondo o passado de lutas e desares, com que ambos se encontram nos caminhos do amor: mãe e filho.
A maternidade na adolescência é dos mais tormentosos fenômenos que o sexo irresponsável produz, face às conseqüências que gera.
Orientar o adolescente quanto aos valores do sexo, ante a vida e o amor, é dever que todos os indivíduos se devem impor, auxiliando a mentalidade juvenil a encontrar o rumo de segurança para a felicidade, sem as cargas aflitivas provindas da leviandade do período anterior.

Fonte: Adolescência e Vida / Joana de Angelis

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O PROBLEMA DA LIBERDADE "...Só a educação pode produzir o milagre da regeneração comum..."


Emmanuel

 
Em verdade, o direito vem libertando os cidadãos da escura nódoa do cativeiro, no vasto círculo dos povos...
                                                                     *
Decretos e proclamações glorificam a liberdade...
Entretanto, o Homem, privilegiado herdeiro da inteligência, no mundo, ainda continua escravo adentro de si mesmo...
                                                                     *
Pesados grilhões acorrentam-no à inferioridade e à sombra, convertendo-o em fantasma de dor e treva, quando poderia erguer-se à condição de semeador de alegria e de luz...
                                                                     *
Mais que o rebenque dilacerante dos antigos capatazes de fazenda, a ira enrijece-lhe o coração, a avareza enregela-lhe o íntimo, a crueldade aguilhoa-lhe o sentimento, a incompreensão vergasta-lhe a alma e a ignorância espanca-o infatigável, ferindo-lhe a mente e a carne com os azorragues de seu nefasto domínio...
                                                                     *
Não valem ordenações  terrestres de liberdade para os instintos desabridos e será sempre perigoso ditar direitos humanos para seres racionais que se bestializam...
                                                                     *
Só a educação pode produzir o milagre da regeneração comum, porque, sem o Homem Renovado para o Infinito Bem, o mal se aproveitará de nossa desorientada independência para ampliar a infinita penúria...
                                                                     *
Não hesitaremos.
A única propriedade inalienável da criatura é a sua própria alma à frente do Criador e Pai.
                                                                     *
Somos aquilo que criamos em nós próprios.
                                                                     *
Temos o que detemos, assim como recolhemos o que semeamos.
                                                                     *
Liberemos nossas forças para a estruturação de novos destinos sob a Inspiração de Jesus.
                                                                     *
Enquanto o amor e a humildade não estabelecerem o seu império sobre nós, seremos invariavelmente vítimas potenciais do ódio e do orgulho, ameaçando a nossa própria felicidade pala auto-escravização no sofrimento.
                                                                     *
Não nos esqueçamos de que os grandes missionários emancipam as nações, mas somente nós mesmos poderemos redimir nossa alma cativa na Terra para o vôo sublime à gloriosa e definitiva libertação.

Da Obra “A Verdade Responde” – Espíritos: Emmanuel E André Luiz – Médium: Francisco Cândido Xavier
Digitado por: Lúcia Aydir
 

domingo, 16 de março de 2014

O MORDOMO INFIEL

O MORDOMO INFIEL
E' admirável a maneira simples e clara com que o Mestre da Galiléia abordava certos assuntos, tidos, até hoje, como complexos e difíceis de serem apreendidos e solucionados. Jesus tudo esclarecia em poucas e concisas palavras. Os homens, porém, acham que as medidas propostas pelo Instrutor e Guia da Humanidade, acerca de vários problemas sociais, são impraticáveis.

Mas a grande verdade, verdade que cada vez mais e mais se impõe, é que os homens não conseguem resolver seus perturbadores problemas pelos processos e meios que se afastam daqueles, indicados e preconizados por Jesus. E' excusado tergiversar e contornar os casos. Os homens hão-de chegar à conclusão de que só seguindo as pegadas daquele que "é o caminho da verdadeira vida", lograrão sair do caos em que se acham.

A diferença entre os métodos humanos e aqueles adotados pelo divino Mestre, está em que os homens experimentam, procurando acertar, enquanto que Jesus vai, seguro e certo, ferindo o alvo, sem vacilações nem delongas; está ainda em que os homens agem influenciados pelo egoísmo, ao passo que o Filho de Deus atua sempre iluminado pelas claridades do amor, visando ao bem coletivo.

Vamos, pois, meditar a Parábola do Mordomo Infiel. Vejamos como o Senhor a concebeu, segundo o relato de Lucas — Cap. XVI, l a 13.
"Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isto que ouço dizer de ti? dá conta da tua administração; pois já não podes mais ser meu administrador.

Disse o feitor consigo: Que hei-de fazer, já que o meu amo me tira a administração? Não tenho forças para cavar, e de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que farei, para que, quando despedido do meu emprego, tenha quem me receba em suas casas. Convocando os devedores do seu amo, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo ? Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta; senta-te depressa e escreve cinquenta.

Depois perguntou a outro: Quanto deves tu? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-Ihe: Toma a tua conta e escreve oitenta. E o amo, sabendo de tudo, louvou o mordomo infiel, por haver procedido sabiamente; porque os filhos do século são mais sábios na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.

Quem é fiel no pouco, também será no muito; e quem é infiel no pouco, também o será no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois há-de aborrecer a um e amar a outro, ou há-de unir-se a este e desprezar aqueles. Não podeis servir a Deus e as riquezas.

Em tal importa, em sua literalidade, a Parábola do Mordo infiel. Para sermos sintéticos, como é aconselhável que sejamos em crônicas desta natureza, comecemos por interpretar as personagens que figuram neste conto evangélico. Quem é o rico proprietário? Onde a sua propriedade agrícola? Quem é o administrador infiel? Quem são os devedores beneficiados pela astúcia do mordomo demissionário?

O proprietário prefigura indubitavelmente Aquele que é a Causa Suprema e Soberana, Aquele que é a Causa donde procede o Universo: Deus. Ele é o Senhor, criador, plasmador e mantenedor dos seres, dos mundos e dos sóis. Nele vivemos e nos movemos, porque dele somos geração — como disse Paulo de Tarso.

A propriedade a que alude a parábola é o planeta que habitamos: a Terra. O mordomo infiel — somos nós; é o homem. A nossa infidelidade procede do fato de nos apossarmos dos bens que nos foram confiados para administrar. Somos mordomos dolosos porque praticamos o delito que juridicamente se denomina — apropriação indébita.

Deste caráter são todos os haveres que retemos em mãos, considerando-os nossa propriedade. A realidade, no entanto, é que daqui, da Terra, nada é nosso. Não passamos de simples administradores. Tanto assim, que o dia de prestação de contas chega para todos. E' o que na parábola representa — a demissão. Todo mordomo infiel será, com a morte, despedido da mordomia, despojando-se, então, muito a contragosto, dos bens materiais em cuja posse se achava.

A despeito dos homens saberem que é assim, visto como estão vendo, todos os dias, os abastados serem privados das suas riquezas, as quais passam a pertencer, temporariamente, a terceiros, eles dedicam o melhor de sua inteligência e dos seus esforços na conquista e na retenção dos bens temporais. Iludem-se, deixando-se sugestionar com a idéia de posse. E, nesse delírio, os homens vivem, porfiam e lutam há milênios, sem que se convençam de que tudo, neste mundo, é precário e instável.
Não só as riquezas e fazendas não nos pertencem, como não são igualmente nossos aqueles que estão ligados a nós pelos laços da carne e do sangue. A esposa diz: meu marido. Este, de igual modo, reportando-se à companheira, diz: minha esposa. De fato, porém, não é assim. O estado de viuvez em que ficam homens e mulheres reflete, penosamente, a grande verdade: daqui, nada é nosso.

Com que profundo e sagrado apego as mães dizem: meu filho! Eis que esse filho das suas entranhas, carne da sua carne e sangue de seu sangue, é chamado para o Além, e a mãe fica sem ele! O próprio corpo com que nos apresentamos, essa vestidura carnal que nos dá a forma sob a qual somos conhecidos, também não nos pertence, pois podemos ser privados da sua posse.

E' assim tudo neste meio em que ora vivemos: nada é nosso. Somos meros depositários e usufrutuários, por tempo limitado e incerto, de tudo que nos vem às mãos, inclusive parentes, amigos, mocidade, saúde, beleza até mesmo o indumento físico com que nos achamos vestidos.

Não obstante, todos nos apegamos às coisas terrenas, como se realmente constituíssem legítima propriedade nossa. O egoísmo age em nós como velho instinto de conservação, determinando nossa conduta. Pois bem, já que nos apossamos indevidamente da propriedade que nos foi confiada para administrar, façamos, então, como o mordomo da parábola em apreço. Que fez ele? Conquistou amigos com a riqueza do seu amo. De que maneira? Convocando os devedores daquele, e reduzindo as suas dívidas, para que, após a demissão do cargo que exercia, pudesse contar com amigos que o favorecessem.
O amo, sabendo desse procedimento, longe de censurar, louvou a prudência e a sabedoria do mordomo. E Jesus termina a parábola, dizendo: Assim, eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles, nos tabernáculos eternos.

E' bastante claro o conselho do Mestre, o qual pode ser assim resumido: já que vos apoderais das riquezas terrenas como se fossem vossas, fazei ao menos como este mordomo — isto é, beneficiai os que sofrem, atentai para os necessitados, minorando as suas angústias e padecimentos. Toda vez, pois, que acudimos as necessidades do nosso próximo, reduzimos a conta dos devedores, de vez que toda a sorte de sofrimento importa, quase sempre, em resgate de débitos passados.
Procedendo desta maneira, quando, despojados dos bens terrenos, partirmos para os tabernáculos eternos, teremos ali quem nos receba e acolha com bondade e gratidão. Cumpre notarmos esta frase do Mestre: "Porque os filhos deste século são mais sábios na sua geração do que os filhos da luz. Quer isto dizer que o século, foi mais sábio, preparando o seu futuro, aqui no mundo, dos que os filhos da luz, no que respeita ao modo como procedem para assegurar o porvir que os espera após a morte.


Realmente, se os já esclarecidos sobre a vida futura agissem, procurando garantir a sua felicidade vindoura com o afã e o denodo com que os homens do século procedem no terreno utilitário, para satisfazerem suas ambições, certamente aqueles já teriam galgados planos superiores, deixando uma esteira de luz após a sua passagem por este orbe de trevas.
Basta considerarmos a soma dos esforços, de engenho, de arte, arrojo e sacrifício que os homens empregam na guerra, para ver como os filhos do século vão ao extremo, na loucura das suas ambições. Ora, o que não conseguiriam os filhos da luz, se, na esfera do bem, agissem com tamanha dedicação?
Razão tem o Mestre em proclamar que os homens do século são mais esforçados e diligentes, nas suas empresas, do que os filhos da luz em seus empreendimentos. Ratificando a assertiva de que toda riqueza é iníqua, Jesus borda as seguintes considerações : "Quem é fiel no pouco, também o será no muito; e quem se mostra infiel no pouco, por certo o será também no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?

Nenhum servo pode servir a dois senhores: a Deus e às riquezas." Está visto que o pouco, o iníquo e o alheio — que nos foram confiados — representam os bens terrenos; ao passo que o muito, as nossas legítimas riquezas estão expressas nos dons do espírito — tais como a sabedoria e a virtude. Estes, porém, só nos serão concedidos quando o merecermos, isto é, quando, experimentados no pouco, tenhamos dado boas contas.

Conforme vemos, a moralidade desta parábola é clara e edificante, envolvendo interessante caso de sociologia. Quando os homens se inteirarem de seu espírito, deixarão de ser ávidos e cúpidos, prestando o seu concurso aos menos favorecidos, não com aquela jactância e vaidade dos que buscam aplausos da sociedade, nem com a falsa visão dos que pretendem negociar com a Divindade uma posição de destaque no Céu —, mas como o cumprimento de um dever natural, de quem sabe que os bens terrenos não constituem privilégio de ninguém, mas devem ser utilizados por todos os filhos de Deus que envergaram a libré da carne neste mundo, a fim de resgatar as culpas do passado, elaborando, ao mesmo tempo, as premissas de um futuro auspicioso.

Ao gesto de dar esmolas, eivado de egoísmo, e, não raro, de hipocrisia, teremos a idéia de Justiça, derivada da compreensão das responsabilidades assumidas pelos detentores de riquezas, provindas desta ou daquela origem, pouco importa, visto como, consoante o critério evangélico, elas são sempre iníquas. E o meio de justificá-las está em proceder como o mordomo infiel, reduzindo a conta dos devedores, isto é, minorando as angústias materiais do próximo.

São esses os ensinamentos que nos dão os Espíritos do Senhor, que são as virtudes do Céu. Eles assim agem no desempenho do mandato que lhes foi confiado, consoante a seguinte promessa de Jesus:— "Em tempo oportuno, eu vos enviarei o Espírito da Verdade. Ele vos lembrará as minhas palavras e vos revelará novos conhecimentos, à medida que puderdes comportá-los."

Essa plêiade de Espíritos está em atividade. Não há forças nem traças humanas capazes de sustar a sua ação, a qual se exercerá; mau grado os interesses contrariados. Sua finalidade é esclarecer as consciências, revivendo, em espírito e verdade, a doutrina inconfundível de Jesus, o único Mestre, Senhor e Guia da Humanidade, luz do mundo e caminho da verdadeira vida!

Vinícius 
 http://www.acasadoespiritismo.com.br/

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

De Salomão



Melhor é aquele (*) que se julga insignificante e vive cercado de servos, com os quais trabalha para o bem comum, do que o homem preguiçoso e inútil, faminto de pão, mas sempre interessado em honrar a si mesmo.

Lavra o campo das possibilidades que o mundo te conferiu, para que respires na fartura, porque o homem inativo residirá com a miséria.

Ainda mesmo que a preguiça apareça adornada de ouro, um dia acordará nua e empestada, ao clarão das realidades eternas.

Enquanto as mãos do ímpio tecem a rede dos males, prepara com o teu esforço a colheita das bênçãos.

Tudo passa no mundo.

O mentiroso pagará pesados tributos.

O desapiedado ferirá a si mesmo.

O imprudente acordará nas sombras da própria queda.

O avarento será algemado às riquezas que amontoou.

O revoltado estará em trevas.

Mas o homem justo e diligente vencerá o mundo.


(*) Meditações colhidas no cap. 12 dos Provérbios – (Nota do autor Espiritual)

Livro: Falando à Terra psicografado por Chico Xavier pelos espíritos diversos

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Educação espírita na nova era


--- Questão [#001]
Sendo o espiritismo uma doutrina de profundas conseqüências morais e  sociais
como abordaríamos os jovens da nova era ou como levar a doutrina a estes jovens?

Resposta: Com a proposta racional, coerente e profunda do Espiritismo bem
estudado e bem compreendido. A doutrina contém as respostas necessárias, para
satisfazer as ansiedades humanas permanentes e os conflitos do atual momento
histórico. Mas… o movimento espírita está longe de compreender e praticar essa
proposta. Por isso, tantos jovens, que fizeram evangelização, mocidade e
pertencem a famílias espíritas, quando chegam à Universidade, acabam por deixar
a nossa doutrina.. É que o Espiritismo tem evidências científicas, coerência
filosófica, experiências religiosas desprovidas dos dogmatimos e
hierarquizações, misticismos e alienações passadas e além disso é uma proposta
pedagógica altamente avançada. Mas o movimento espírita reduziu tudo isso a uma
seita de proporções acanhadas, com rivalidades por cargos, com um entendimento
meramente religioso (o que inclui de novo misticismo, hierarquias e dogmas),
desprezando o aspecto científico, ignorando a filosofia e a pedagogia. Dessa
forma, não pode atender às ansiedades e carências do jovem contemporâneo.
Idolatria a determinados médiuns, que passaram a ser os “gurus” do movimento
espírita; livros superficiais, na linha de auto-ajuda; a exploração comercial
de livros “espíritas” fracos no conteúdo e na forma; o desconhecimento e até o
desprezo da figura e da obra de Kardec (e não se trata de falar em Kardec,
porque todos falam dele e o usam, mas de compreender de fato a sua proposta); o
autoritarismo nos centros e nas federações… são apenas alguns dos problemas que
as cabeças mais pensantes identificam. Já na década de 1970, Herculano Pires
alertava contra tudo isso. De lá para cá, a coisa piorou muitíssimo. É com isso
que vamos fazer uma Nova Era? Copiando o misticismo, a irracionalidade e o
autoritarismo das formas institucionais passadas? Devemos voltar às origens e
ao mesmo tempo dialogar com a cultura contemporânea. Voltar às origens é nos
inspirarmos em Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne etc.; no Brasil, em
Herculano Pires, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo,  e, como modelo de
mediunidade séria, equilibrada e avessa a toda essa idolatria vigente, cito a
grande Yvonne Pereira. E dialogar com o mundo é estar presente, nas
universidades, nos movimentos sociais, na vida contemporânea e não nos
tornarmos uma seita isolada e alienada!!!… Com isso sim, podemos formar uma
juventude embebida em ideiais elevados e firme em suas convicções e preparada
para enfrentar os desafios de hoje e de amanhã.

--- Questão [#002]
Qual é a missão da casa espírita na educação e formação da criança espírita?

Resposta: Para cumprir essa missão, a casa espírita deveria ser reformulada. A
criança, o adolescente e o jovem devem participar naturalmente do centro
espírita. Nada de grupos estanques: crianças de um lado, jovens de outro,
iniciantes, diretoria, etc. Tudo isso são hierarquias que não condizem com a
idéia da reencarnação. Sabemos que podemos ter entre nós um jovem muito
evoluído, que a maturidade mental e espiritual independe de idade… portanto,
categorizar os grupos por faixa etária é um erro. O Centro espírita deveria ser
como uma família, com a convivência natural de diferentes idades, participando
de diferentes atividades. A criança pode dar a sua ajuda em atividades sociais;
a criança deve ter contato com a mediunidade; o jovem pode fazer palestras,
coordenar grupos de estudos, já atuar mediunicamente, dar passes etc… Basta ver
como era com Eurípedes Barsanulfo. Ele tinha a escola espírita, mas os alunos
vinham à noite participar da sessão mediúnica. Ao mesmo tempo, aprendiam a
caridade, ajudando Eurípedes a cuidar dos doentes, dos obsedados, a fazer o
rótulo dos remédios e assim por diante. Ou seja, Espiritismo se aprende na
prática e no estudo participativo, interessante e não através de apostilinhas
pré-programadas, em grupos fechados. Recomendo sempre a leitura de uma
encantadora passagem de Kardec, na Revista Espírita de 1865, a respeito de um
menino de 9 anos de idade, que fez uma sessão mediúnica para uma senhora. O
menino era ninguém mais ninguém menos que Gabriel Delanne. Hoje, se Delanne
reencarnasse e freqüentasse um centro espírita, só iria ter contato com a
comunicação dos Espíritos depois de passar por evangelização, mocidade, curso
de iniciação mediúnica etc. etc. quando chegasse a isso, talvez nem fosse mais
espírita.

--- Questão [#003]
Seria possível, em sua opinião, incorporar os métodos de Pestalozzi na educação
espírita nessa nova era? e, se afirmativo, quais os pontos a serem ressaltados?

Resposta: Não é que seja possível, a proposta de Pestalozzi faz parte da
pedagogia espírita. E os princípios centrais são: a pedagogia do amor, da ação
e da liberdade. E uma não se dá sem a outra. O Espírito só se desenvolve, seja
no decorrer de suas sucessivas existências, seja na presente encarnação, se ele
toma nas próprias mãos a obra de seu aperfeiçoamento – o que é um ato de
liberdade – e realiza as suas potencialidades na ação concreta. Mas para que
ele queira fazer isso, não adianta violêntá-lo, obrigá-lo… é preciso despertar
a sua vontade de evolução através do amor! Eis o resumo de toda a pedagogia
espírita e pestalozziana.

--- Questão [#004]
Qual é a influência da tv na educação de nossas crianças, e  qual é  a
responsabilidade da casa espirita?

Resposta: A influência é geralmente muito negativa, salvo alguns poucos canais
e programas educativos. Mas não adianta proibir a criança, porque qualquer
proibição é contraproducente, tem muitas vezes o efeito contrário ao desejado.
O que é preciso é que a família, a escola, a casa espírita ofereçam
alternativas culturais estimulantes, que cativem o interesse e desenvolvam as
potencialidades da criança. Não se atrái uma criança que assiste TV, joga
vídeogame e vai ao cinema, com apostilas de evangelização (e muitas delas
parecem destinadas a crianças do início do século XX, com linguagem melosa,
paternalista e rebuscada). O estudo do espiritismo deve ser estimualado por
filmes, pesquisas, produções artísticas, debates, uso de internet etc. etc. ou
seja, deve captar a capacidade da criança para a reflexão, para a produção,
para a interação… A criança deve ter acesso direto aos textos de Kardec e desde
cedo ter acesso a parte científica e filosófica do espiritismo e não apenas à
religiosa, como o nome “evangelização”  aliás pressupõe.

--- Questão [#005]
Percebe-se que além do uso de métodos especificos e de deerminadas técnicas, o
educando precisa de alguém que lhe inspire confiança e segurança, qual deve ser
a enfâse da Educação Espírita na nova Era: o uso adequado de métodos e técnicas
ou o uso racional dos sentimentos e das virtudes? Julgo as duas coisas
importantes, mas qual deve ser o enfoque principal?

Resposta: Técnicas e métodos pedagógicos são totalmente secundários e mudam
segundo a época, os costumes, os avanços tecnológicos. O importante é a
compreensão das finalidades fundamentais da educação, que é o desenvolvimento
integral do ser, rumo à transcendência; o importante é o papel do educador, que
deve ser aquele que provoca, instiga, desencadeia esse desenvolvimento, graças
ao seu amor, ao seu exemplo e seu contágio moral e intelectual.

--- Questão [#006]
Encontramos edições de alguns currículos para a evangelização infanto-juvenil,
mas notamos que diante do progresso pedagógico na seara espírita necessitamos
de uma nova proposta curricular para nossa evangelização. Como um grupo
espírita deve proceder para criar esta proposta? E ainda, quais as reais
necessidades a serem observadas para se implantar tal proposta curricular?

Resposta: Vou mais longe do que isto. Não concordo com “propostas curriculares”
em geral. A educação deve partir do interesse dos educandos. Na escola
convencional também deveria ser assim. Imagino uma educação em que grupos,
indivíduos, proponham pesquisas, produções, temas etc. e levem adiante seus
projetos com a orientação entusiástica do professor. Por que motivo, alguém
deve se sentar e premeditar antecipadamente o que diferentes grupos, em
diferentes circunstâncias, deverão estudar? Para que tudo programadinho,
previsto, preparado? É preciso dar espaço à criatividade, convocar as pessoas a
criarem suas próprias propostas. Para se implantar uma proposta aberta assim, é
preciso conhecer muito bem o espiritismo e ser democrático, afetivo, fazendo
uma opção sincera pelo não-autoritarismo.

--- Questão [#007]
"Nova era" significa nova época. Sabemos que a natureza não dá saltos e que as
pessoas são as mesmas da "era velha". Não deveríamos centrar-nos na educação
espírita dos espíritas para façamos proselitismo pela vivência e não apenas por
palavras?

Resposta: Realmente, a natureza não dá saltos. Basta ver que muitos espíritas
continuam com os mesmos vícios religiosos do passado: autoritarismo,
misticicismo, alienação social etc. Então, é preciso primeiro educar os
espíritas a entenderem de fato a proposta espírita.

--- Questão [#008]
Sendo o objetivo maior do Espiritismo promover a reforma interior o ser, como
deveria se comportar a educação espírita frente à heterogeneidade evolutiva que
não permite que todos tenham condições de entender os princípios espíritas por
razões cognitivas ou mesmo sociais e culturais? Poderia-se pensar numa educação
genérica para reforma íntima sem necessariamente passar declaradamente pelos
princípios básicos do espiritismo e dessa forma tornando mais amplo o campo de
atuação da educação espírita?

Resposta: A pergunta parte de dois pressupostos equivocados: primeiro o
objetivo maior do espiritismo não é a “reforma íntima”. Este termo não aparece
nas obras de Kardec. Considero-o altamente problemático, porque reforma implica
numa idéia de que algo está em ruínas, que é preciso consertar. O objetivo do
espiritismo é a educação e educar não é reformar, mas promover o processo de
aperfeicoamento do espírito, o desabrochar de sua divindade interior. Segundo,
a educação espírita, se bem entendida, não é necessariamente a doutrinação dos
princípios espíritas, mas uma visão diferente da própria educação e ela pode
ser aplicada com qualquer pessoa, de qualquer credo, porque se trata de uma
influência moral e intelectual de espírito a espírito, no sentido de despertar
a evolução do outro. Esteja o outro em que patamar evolutivo for, pertença o
outro a que religião for, é sempre possível, espiritamente falando exercer
sobre ele um contágio de amor e aperfeiçoamento, respeitando suas crenças
individuais. Apenas para aqueles que quiserem, introduziremos os princípios
propriamente da doutrina espírita, resguardando-se sempre a liberdade de
pensamento de cada um. Educação espírita é isso: não-proselitista, tolerante,
aberta, abrangente…Uma proposta cultural e universal, destinada a todos os
seres humanos e jamais uma idéia de formar espíritas em massa.

--- Questão [#009]
Poderia nos informar qual deve ser o objetivo da Educação Espírita, não só
junto às crianças, mas também em conduta dos pais?

Resposta: O objetivo da Educação espírita é renovar os modelos tradicionais de
educação, entendendo-se alguns princípios básicos que vou resumir aqui da
seguinte maneira: 1) que a criança é um ser reencarnado, com individualidade
própria, herdeira de si mesma e que tem como tal direito ao nosso respeito; 2)
que o tripé que sustenta toda prática pedagógica deve ser aquele que já
mencionei acima: a liberdade, a ação e o amor; 3) que a finalidade da educação
é o desenvolvimento integral do ser aqui, na vida presente e além, na
eternidade; 4) que todo processo de educação é antes um despertar da
auto-educação do indivíduo, porque não educamos de fato nimguém: o máximo que
podemos fazer é ajudar um processo de auto-educação, através da nossa
influência, de nosso amor e de nosso exemplo; 5) que a educação deve incentivar
o indivíduo para a solidariedade e para a fraternidade e isso inclui uma visão
de crítica social e um engajamento por mudanças planetárias.

--- Questão [#010]
Por que, mesmo pais e educadores, já se encontrando preocupados com a questão,
não se vê muitas escolas de ensino formal baseadas na Doutrina Espírita? de que
forma dever-se-ia pensar a questão da Educação Espírita para a educação formal?

Resposta: O movimento espírita até agora negligenciou a educação espírita,
detendo-se muito mais no aspecto religioso e assistencial. Estamos atrasados:
Eurípedes Barsanulfo, Anália Franco, Herculano Pires, Vinicius, Ney Lobo, Tomás
Novelino deram o exemplo. É preciso trabalhar pela educação espírita em todos
os setores, criando inclusive escolas, faculdades e universidades.
(Entendendo-se sempre que tais instituições não poderão ser locais de
proselitismo e fanatismo – tome-se como exemplo as PUCs do Brasil, onde há
pluralismo ideológico e, ao mesmo tempo, há espaço para a veiculação dos
princípios cristãos, segundo a teologia católica.)

--- Questão [#011]
Qual a diferença entre Educação Espírita para Educação Espírita na nova era? A
educação espírita não é única?

Resposta: Não entendo essa pergunta. Só existe Educação Espírita. Quando se
fala em nova era, estamos esperando que essa educação venha a contribuir para a
formação de novos tempos para a humanidade.

--- Questão [#012]
De que forma podemos adotar uma Educação Espírita durante a Evangelização
Infanto-Juvenil, na qual a criança fica apenas no máximo 60 min uma vez por
semana no CE?

Resposta: Acho que esta questão já ficou respondida em itens anteriores, quando
dissemos que a participação da criança no centro deveria transcender a chamada
evangelização.

--- Questão [#013]
Poderia explicar a relação entre educação espírita e o ensino intelectual? de
que forma aquela poderia ou deveria ser utilizada nesta?

Resposta: Segundo a visão pedagógica que estamos propondo, não há separação
estrita entre ensino intelectual, moral, estético, porque tudo deve estar
presente simultaneamente. Hoje a interdisciplinaridade apóia essa idéia. A
verdadeira educação espírita promove o desenvolvimento integral do espírito.

--- Questão [#014]
Você acha que a maioria dos Centros estão preparados para dar uma boa educação
espírita para as pessoas?

Resposta: Raríssimos estão, porque se estruturam predominantemente em propostas
meramente assistencialistas e entendem o espiritismo apenas no seu aspeto
religioso. Quando fazem cursos, organizam estudos, aplicam os métodos
tradicionais, apostilados, seriados, não-participativos… quando não aplicam até
mesmo provas, como na escola, com nota e direito à repetência por faltas… Tudo
isso é exatamente o contrário da educação espírita.

--- Questão [#015]
Como trabalhar a educação espírita com jovens cujo os pais não são espíritas?

Resposta: Esta questão considero respondida na questão 8.

--- Questão [#016]
A educação Espirita ainda está longe de atingir seus objectivos, pois veja-se
aqui em Portugal ainda há rivalidades entre Centros, faz-se grande enfase
quando vem algum Palestrador do Brasil? Entendo que a educação Espirita começa
por nós mesmos, pois só então poderemos então ajudar a alterar o que está
errado. Qual a sua opinião?

Resposta: Sem dúvida alguma, o primeiro compromisso de todo espírita é com sua
auto-educação e isso inclui tanto o seu aperfeiçoamento moral, quanto a
ampliação do universo cultural, incluindo-se a arte, a ciência e a filosofia.
Uma real mudança de perspectiva diante da vida apaga todas essas mesquinharias
de rivalidades, de disputas por poder, de vaidades pessoais e igualmente de
idolatria…

--- Questão [#017]
Não seria bom para a Doutrina Espírita, a entrada, definitiva e total, da
filosofia, nos curriculos escolares desde o ensino fundamental?

Resposta: A filosofia é excelente para exercitar a reflexão crítica, para dar
clareza ao raciocínio, para ampliar a cultura de idéias. Entretanto, é preciso
haver uma proposta que resgate a filosofia do nihilismo em que caiu, para que
aulas de filosofia não se tornem treinamento do relativismo. Recomendo aos
interessados que leiam meu artigo sobre o assunto, que está na internet
http://www.hottopos.com/videtur15/dora.htm

--- Questão [#018]
Como educar as crianças de bairros pobres, em ocasiões de distribuições de
sopas, nos princípios espíritas, sem conflitos religiosos?

Resposta: Bem, a resposta seria de novo muito longa. A pergunta não teria
sentido se a prática social espírita estivesse sendo comprendida como ela deve
ser… Os espíritas deveriam estar nos bairros pobres, alfabetizando, promovendo
a cultura, a consciência social e política, o diálogo democrático e fraterno e
não apenas praticando o assistencialismo. Numa proposta cultural, democrática,
o respeito às outras religiões é evidente. Ensina-se espiritismo apenas para
aqueles que quiserem. Devemos deixar claro que somos espíritas, mostrar que
justamente o espírita é ecumênico, aberto, tolerante e fraterno, que a proposta
espírita é fazer um mundo melhor… Se formos dar sopa e obrigarmos os
“assistidos” (também não gosto dessa palavra e tudo o que ela encerra, porque é
paternalista) a ouvir doutrinações espíritas, estaremos prestando duplo
desserviço ao Espiritismo e a uma possível melhoria social. É preciso, em
primeiro lugar, saber ouvir o outro e não chegar com todas as respostas prontas
e toda a caridade paternalista que gostamos de praticar, muitas vezes, apenas
para nos sentirmos bons e caridosos, sem realmente pensar numa forma mais
eficaz, mais profunda de transformar a sociedade e mudar de fato a vida
daquelas pessoas.
Autor: Dora Incontri
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

Evangelização Infantil - Entrevista com Chico Xavier

Evangelização Infantil

Essa entrevista foi realizada por Sônia Barsante Santos e publicada pelo jornal “A Flama Espírita”, de Uberaba – MG, em 25 de dezembro de 1971 sob o título de “Entrevista com Chico Xavier sobre o Pré-Mocidade.

P – Como o Senhor vê o curso Pré-Mocidade?
R – Nós reconhecemos pessoalmente a nossa incompetência para interferir nos assuntos de educação, mas, como espírita militante, nós vemos no Curso Pré-Mocidade uma iniciativa das mais edificantes, porque o Curso encontra os nossos companheiros reencarnados entre a infância e a juventude num período em que nós acreditamos seja mais proveitosa a aplicação de normas educativas capazes de auxiliar a criatura durante a sua encarnação na Terra. Concordamos que o Pré-Mocidade é um empreendimento dos mais dignos e que merece a atenção de todas as instituições do Espiritismo Cristão, principalmente.

PROGRAMA PARA OS JOVENS
P – Sendo a fase da adolescência de transição. o que o Senhor julga mais importante para se dar aos jovens neste Curso?

R – Cremos que é nossa obrigação ministrar conhecimentos práticos em torno da vida prática, idéias tão sólidas quanto possíveis, quanto á realidade da vida em si. Precisamos acordar não só a juventude como também a madureza para as questões da autenticidade. Devemos ser nós mesmos com a aceitação até mesmo de nossas próprias imperfeições, para que venhamos a conhecer-nos por dentro,melhorando o nosso padrão de vida íntima, com a reforma que a Doutrina Espírita nos aconselha e com o aproveitamento máximo de nosso tempo de reencarnação.
ESTUDO EM GRUPO
P – O estudo em grupo é hoje um método muito divulgado. Este método é vantajoso para o adolescente?
R – Tanto para os jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente até porque nós não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de agir sozinho, procurando agir em grupo. Ele reconheceu a sua missão divina, constituiu um grupo de doze companheiros para debater os assuntos relativos á doutrina salvadora do Cristianismo, que o Espiritismo hoje restaura, procurando imprimir naquelas mentes, vamos dizer, todo o programa que ainda hoje é programa para nossa vida, depois de quase vinte séculos. Programa de vivência que nós estamos tentando conhecer e tanto quanto possível aplicar na Doutrina Espírita, no campo de nossas lides e lutas cotidianas.
MOTIVAÇÃO DE AULAS DOUTRINÁRIAS
P – De que modo podemos fazer o adolescente interessa-se realmente pelas aulas de Doutrina? Que motivação usaríamos?
R – Creio que um entendimento entre os professores para que eles possam estudar o problema do relacionamento entre eles e os alunos é uma iniciativa que nós não podemos desprezar, porque aprendemos com os nossos benfeitores espirituais que cada espírito é um mundo por si. Que Deus não dá cópias; cada um de nós é uma criação independente, de modo que precisamos estudar a natureza, as tendências, os problemas, as dificuldades, as facilidades de cada um de nossos companheiros que levam o nome de nossos aprendizes, para que venhamos a beneficiá-los com a nossa influência, os ensinamentos de que sejamos portadores. Mas embora sejamos apaixonados pelas estórias que usam apólogos e símbolos, nós acreditamos que estamos atravessando agora num período de progresso da Humanidade em que devemos usar a verdade tanto quanto possível, mas a verdade que não fira, a verdade que não destrua, porque se o professor é autêntico, descobre autenticidade em seu aluno; encontra a chave para penetrar na mente e no coração do aluno, de modo a auxiliá-lo. Então o problema do relacionamento é problema vital em toda escola. Devemos estudar, observar bem para que nós venhamos a criar o clima capaz de interessar os nossos irmãos adolescentes no estudo da verdade. Entretanto, somos também de parecer que cada Centro Espírita é um educandário em que os adultos também estão na mesma posição. Nós precisamos descobrir quais as motivações para que os adultos se interessem pela Doutrina Espírita. Não somente receber os benefícios, como sejam os benefícios da prece, do passe, do amparo espiritual, do auxilio magnético, mas a luta da criatura em si para o conhecimento dela própria, à luz da verdade. São assuntos da atualidade, que nós precisamos estudar, estudar para penetrá-los devidamente.

P – Para despertar então no adolescente o amor à Doutrina, o caminho seria este?
R – Cremos que sim: o amor à Doutrina com demonstrações da vida prática.

DEBATES E RESPEITO
P – Quer dizer que o senhor acha que devem constar do programa do Curso Pré-Mocidade, além da parte Doutrinária, aulas práticas?
R – Se houvesse possibilidade, aulas expressando contatos humanos entre os professores e alunos, palestras, conversações em grupo, em que cada um pudesse expor suas idéias, mas sem provocar de nenhum modo em ninguém, nem o espanto, nem o ridículo, quando estas idéias destoassem das idéias chamadas normais entre as pessoas. O aluno poderia se exteriorizar como ele é, o professor aceitá-lo como ele é, ajudá-lo como ele é, para que ele possa produzir melhor na vida dele. Nós estamos atravessando uma época em que toda imposição espiritual significa violência, e o espírito humano recusa a violência. Nós estamos diante de uma revolução no mundo, uma revolução pacífica contra a violência entre as pessoas humanas. Então precisamos de senso de humanidade no trato com os outros e este trato uns com os outros. A base deste trato chama-se respeito. Se não respeitamos as idéias do aluno, ele não nos respeita. De modo que precisamos estabelecer esta linha de definição.

DURAÇÃO DAS AULAS
P – Qual seria a duração de maior rendimento doutrinário para uma aula do Pré-Mocidade?
R – Máximo de quarenta (40) minutos, para não cansar; meia hora no mínimo. Vou explicar: não tenho experiência no magistério espiritual, sou médium e mau médium.
EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
Encontramos no movimento de Evangelização da criança, aquele verdadeiro movimento de formação espiritual da infância, diante do futuro!…
Com essas palavras, o nosso querido companheiro CHICO XAVIER inicia sua entrevista concedida ao TRIÂNGULO ESPÍRITA, a propósito do mais sério movimento espírita nacional: a evangelização da criança.Eis, na íntegra, a entrevista:
FORMAÇÃO ESPIRITUAL DA INFÂNCIA
P – Como o senhor vê o movimento de Evangelização da criança?
R – Há muitos anos, nós todos, os companheiros de Doutrina Espírita, encontramos no movimento de Evangelização da criança, aquele verdadeiro movimento de formação espiritual da infância, diante do futuro. Há muito tempo acompanho o Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita do Estado de São Paulo, e admiro profundamente o trabalho que ali se realiza neste setor. Creio que devemos incrementar esse trabalho, tanto quanto nos seja possível, associando as lições evangélicas com as interpretações da Doutrina Espírita, à luz dos princípios codificados por Allan Kardec. Será uma situação ideal, que só os professores poderão definir como necessário.

APOIO AOS EVANGELIZADORES
P – Qual a tarefa do dirigente espírita junto aos evangelizadores?
R – Cremos que o dirigente de Instituição Espírita, a nosso ver, deveria prestigiar no máximo o trabalho dos evangelizadores, porque eles funcionam dentro da Organização Espírita-cristã, como legítimos educadores dos pequeninos que amanhã tomarão o nosso lugar, em todos os setores da experiência terrestre. Esse trabalho é grande e sublime demais para ser subestimado, por isso mesmo nós admitimos, que o assunto não pode escapar do apoio dos dirigentes espíritas, que, naturalmente, se estão devidamente conscientizados de suas tarefas, hão de apoiar os professores como sendo companheiros dos mais estimáveis na Seara Espírita evangélica.

SIMPÓSIO SOBRE EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
P – O Que o senhor acha da realização do Simpósio sobre Evangelização da Criança?
R – Nós acreditamos que o Simpósio é uma necessidade, porque favorece a troca dos pontos de vista e dos estudos experimentais que possam ser realizados entorno da educação espírita-cristã, dedicada à criança; antes da ministração de ensinamentos mais claros e mais definitivos da Doutrina Espírita, aplicada à nossa própria vivência, no caminho da Terra.
O Simpósio é como se fora uma reunião de pais ou responsáveis observando que tipo de alimentação pode ser dado a determinadas comunidades infantis. Antes das lições em si, o Simpósio é sempre uma preparação dee contatos. E nós não podemos esquecer isto, sem nos perdermos na precipitação, que acaba sempre em prejuízo e em atividade inútil dentro de nossas instituições.

PROGRAMA DE ESTUDOS
P – Quais as matérias que os espíritos gostariam que fossem estudadas neste Simpósio?
R – Temos ouvido o espírito de Emmanuel há muitos aos com respeito a estes assuntos, e ele admite, sem nenhuma exigência, porque os nossos amigos espirituais não nos violentam em atitude alguma, ele considera que seria muito interessante os professores encarnados na Terra, e que se encontram nessa maravilhosa tarefa de preparação do futuro na mente infantil, ele considera que seria interessante reuniões deles, selecionando os temas espíritas, dentro da atualização dos nossos processos atuais de vivência, para que a criança possa se desenvolver para a vida adulta, com o conhecimento possível das estradas e experiências que a esperam no dia de amanhã. Nós sempre nos desvelamos em nossas casas, no ensino da bondade, do perdão, das atitudes evangélicas em si, mas precisávamos descobrir um meio de comunicar à criança, algum ensinamento em torno da lei de Causa e Efeito, mostrando determinados tópicos do mais expressivos para o mundo infantil, com respeito à reencarnação, o problema da imortalidade da alma.
Muitas vezes, encontramos crianças traumatizadas pela perda de irmãos pequeninos, pela perda de pais, pela perda de amigos, de parentes próximos, e nos esquecemos de que os pequeninos, também, esperam uma palavra de consolo e de esclarecimento, qual acontece com os adultos, diante dos processos de desencarnação.
E muitas vezes, nós esquecemos de conduzir a criança para este tipo de lição, para este tipo de comentários, com receio de apressar na mente da criança determinados pensamentos com relação à morte do corpo. Precisávamos estudar quais os meios de começar a oferecer à criança, bases para que ela se conheça no mundo em que está vivendo e naquele mundo social em que vai viver. Mas, é assunto dos professores, porque os espíritos amigos dizem sempre que, aqueles que se reencarnam na Terra para determinadas tarefas, não devem ser incomodados com opiniões estranhas a eles mesmos, desde que, se eles receberam estes encargos, é porque eles os merecem, e está na órbita das responsabilidades deles. Os professores espíritas reencarnados têm essa responsabilidade, esse encargo a cumprir, selecionar os assuntos, para fortalecer e amparar a criança diante do futuro.

PROGRAMAÇÃO DAS AULAS INFANTIS
P – Em face do desenvolvimento mental da criança, da influência dos meios de comunicação do processo de aprendizagem, justificar-se-ia a programação de aulas predominantemente de Doutrina Espírita?
R – Pelo menos depois de 8 a 10 anos de idade, acreditamos que sim, porque a mente infantil de 9 a 10 anos de idade, já se encaminha para uma posição consolidada na reencarnação, que a criança está começando a viver. As 10 anos, dos 10 aos 12, temos um mundo de informações para dar à criança, e isso a nosso ver é muito necessário, porque a criança está encontrando hoje, um mundo diferente daquele que os adultos de agora encontraram há 40, 50, 30 anos atrás. Há muitos pequeninos que são chamados aos 8, 9, 10, e 11 anos de idade a facear problemas que só adultos conheciam há 10 anos passados. Hoje, autoridades da Europa e da América do Norte, em diversos comentários e estudos de revistas de divulgação científica, muitas autoridades andam impressionadas com o suicídio entre crianças, suicidios de crianças de 10, de 11, de 12, de 13.
Ainda ontem, tivemos em nossa casa, aqui na Comunhão Espírita Cristã, um casal de São Paulo que vinha desolado à procura de reconforto, porque o filho único do casal, um menino de 12 para 13 anos se enforcou deliberadamente, tão-só porque encontrou uma negativa da parte dos pais, para ir a cinema, depois de ter ido ao cinema durante algumas noites consecutivas. Isto é muito importante.
Estes suicídios nessa idade não eram comuns, nem mesmo conhecidos há 15, 20 anos atrás. Crianças que sofrem a perda de pais ou que são abandonadas pelos pais e que se suicidam mesmo, se afogam, se envenenam, procuram armas, atiram contra si próprias. Isto é um problema sério para todos aqueles que se sentem vinculados à tarefa de socorro à criança.

O ENSINO E A REALIDADE
P – O que o senhor tem a nos dizer sobre material didático constante de apólogos e símbolos para as Escolas Espíritas de Evangelização, desde a faixa de 5 a 13 anos?
R – Nós estamos vendo discussão em torno do assunto, por toda parte.Uns não querem que a criança ouça apólogos com vozes humanas em animais, outros exigem que este material seja posto em função. Não estando dentro do movimento de educação da criança nos meios espíritas, nós não temos o direito de opinar, porque só devemos opinar num assunto quando estamos em atividade dentro dele.
Mas, como criatura humana que sou, creio que até os 6 anos nessa faixa, uma árvore, uma borboleta, uma fonte, uma andorinha conversar, isto ajuda muito a criança.
Agora, depois dos 6 ou 7 anos é interessante que a criança entre num mundo de realidades objetivas, para que ela não acuse o adulto de mentiroso. Mas, não devemos levar tão longe essa idéia de que estejamos mentindo.
A criança nos primeiros tempos de vida, tem necessidade da história tocada de amor, tocada de ternura, beleza, espiritualidade. E o apólogo em que os animais comparecem conversando entre si, dando lições, este apólogo é sempre um agente muito proveitoso no esclarecimento da mente.
Não vemos nenhum inconveniente, mas deixamos o assunto para os técnicos.


Transcrita do livro A Terra e o Semeador – IDE – Instituto de Difusão Espírita – 5ª edição.