Apoio aos Médiuns |
Escrito por Odilon Fernandes |
Se o elogio pode produzir efeitos negativos sobre o médium, a palavra de incentivo não lhe deve ser negada.
Os médiuns, de uma maneira geral, necessitam de mecenas que
os auxiliem a perseverar, de companheiros devotados que lhes secundem
os esforços na Doutrina.
O pequeno ou grande grupo que orbita em torno do medianeiro
é o seu sustentáculo na tarefa; companheiros que orem por ele, que
escutem os seus desabafos, que registrem as suas queixas, que auscultem
as suas necessidades sim, porque com facilidade se esquece que o médium é
um ser humano. Não se trata de idolatria; trata-se de irmãos que
estejam dispostos a doar a ele as energias imprescindíveis à
continuidade do serviço espiritual...
Dirigentes de reuniões mediúnicas indiferentes às provas dos
médiuns que com eles operam deveriam, a nosso ver, abdicar de suas
funções. Criar condições para que o medianeiro produza é tão importante
quanto ser médium. Que seria da terra sem a enxada do lavrador? Por mais
fértil e justamente por isto , seria tomada pela erva daninha.
O dirigente espírita precisa cobrar presença do medianeiro nas
reuniões, insistir mesmo pelo seu comparecimento e não simplesmente
dizer que cada qual sabe de sua responsabilidade... Dirigir significa
orientar, tomar providências, solucionar problemas, antecipar-se a eles,
enfim, zelar para que a atividade seja produtiva. Não é tornar o
medianeiro dependente psicologicamente, mas criar uma atmosfera
espiritual que lhe seja propícia, que o faça querer comparecer à casa
espírita onde, com certeza, haverá de se refazer dos seus desgastes
psíquicos.
O médium carece não apenas do apoio dos instrumentos espirituais
desencarnados; muitas vezes, o amparo dos confrades encarnados é que o
auxilia nos instantes de compreensível debilidade, quando as suas
imperfeições afloram e ele se deixa dominar pelo desânimo. Não é apenas
receber, através do concurso do medianeiro, a palavra esclarecedora da
espiritualidade – ignorar a carência dos médiuns é deixá-los, seguindo,
sob a influência das trevas. Somos de parecer que cada núcleo espírita
deveria manter um grupo de apoio aos médiuns – apoio doutrinário e
mediúnico, mas também pessoal. É claro que, para tanto, o discernimento é
indispensável, pois, em qualquer setor de atividades, o excesso produz
deformações.
O dirigente espírita indiferente aos seus médiuns seria o mesmo
que o pastor que não se importasse com o rebanho. Jesus após o episódio
da crucificação, ainda não esteve por cerca de quarenta dias com os
companheiros com os companheiros, cooperando para que vencessem as
indecisões de ordem íntima?! Será que os apóstolos teriam se lançado com
tanta determinação ao serviço de pregação da Boa Nova, se o Senhor não
tivesse voltado do túmulo?!...
A tarefa do dirigente espírita junto aos médiuns é muito
importante, decisiva mesmo nas opções que venham a fazer; ele deve se
assemelhar à de um pai preocupado com a formação dos filhos... Muitos
medianeiros que têm feito a glória do Espiritismo talvez tivessem se
perdido, caso não tivessem contado com o pulso firme de um benfeitor
encarnado.
Não é só obter do médium o que ele possa oferecer, sem noção de
suas lutas para ser fiel ao compromisso assumido. Se a poda periódica é
indispensável à árvore, objetivando-lhe o fortalecimento, o adubo
igualmente o é.
Médium: Carlos A. Baccelli.
Espírito: Odilon Fernandes.
Livro: Conversando com os Médiuns.
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