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sábado, 23 de maio de 2015

AVERSÕES


 Emmanuel

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.
Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.
Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos, antes, durante e depois de suas encarnações.
Do item 8, do Cap.
XIV, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Somos defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas ocorrências da aversão inata.
Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se repelem, desde os primeiros contactos.
Claramente verificáveis os fenômenos da hostilidade, entre adultos e crianças, trazidos pelo imperativo do berço à intimidade do dia-a-dia.
Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios rebentos, desde que esses rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se inimizam com os próprios pais, tão logo senhoreiam o campo mental, nos labores da encarnação.
Arraigado no labirinto de existências menos felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas, remorsos, inibições, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em que o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente.
Nessa base de raciocínio, determinada criança terá sofrido essa ou aquela humilhação da parte dos pais ou tutores e se desenvolveu abafando propósitos de desforço, com o que intoxicou a si mesma, no curso do tempo, e certos pais haverão sentido inesperada animosidade por esse ou aquele filho recém-nato, alimentando ciúme contra ele, embora sufocando tal sentimento, com benéficas atitudes de convenção.
Não muito raro, os cadastros policiais registam infanticídios em que pais ou mães aniquilam o corpo daqueles mesmos Espíritos aos quais favoreceram com a encarnação na Terra.
Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental e à sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes; urge entender, porém, que médicos e analistas humanitários conseguirão efetuar prodígios de compreensão e de amor, liberando enfermos dessa espécie; no entanto, o estudo da reencarnação é igualmente chamado a funcionar, nos alicerces da obra de salvamento.
Quantos milhares de existências terminam anualmente, no mundo, pelos golpes da criminalidade? Claro está que as vítimas não foram arrebatadas para céus ou infernos teológicos.
Se compenetradas, quanto às leis de amor e perdão que dissipam as algemas do ódio, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em auxílio aos próprios algozes.
Na maioria das circunstâncias, todavia, persistem no caminho daqueles que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em perseguidores magoados ou vingativos, jungidos mentalmente aos antigos ofensores, e finalmente reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a fim de sanarem, no clima da convivência, os complexos de crueldade que ainda se lhes destilem do ser.
Quando isso aconteça, o apostolado de reajuste há-de iniciar-se nos pais, porquanto, despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação.
Observemos, no entanto, que em semelhantes domínios da alma o apoio da fé religiosa se erguerá em socorro e terapêutica.
É indispensável amar e desculpar, compreender e servir, tantas vezes quantas se façam necessárias, de modo a que sofrimento e dissensão desapareçam e a fim de que, nas bases da compreensão e da bondade de hoje, as crianças de hoje se levantem na condição de Espíritos reajustados, perante as Leis do Universo, garantindo aos adultos, nas trilhas das reencarnações porvindouras, a redenção de seus próprios destinos.
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo
 

UNIÃO INFELIZ

 Emmanuel
Pergunta - Qual o fim objetivado com a reencarnação?
Resposta - Expiação.melhoramento progressivo da Humanidade.
Sem isto, onde a justiça?
Item n° 167, de "O livro dos Espíritos".

Dolorosa, sem dúvida, a união considerada menos feliz.
E, claro, que não existe obrigatoriedade para que alguém suporte, a contragosto, a truculência ou o peso de alguém, ponderando-se que todo espírito é livre no pensamento para definir-se, quanto às próprias resoluções.
Que haja, porém, equilíbrio suficiente nos casais unidos pelo compromisso afetivo, para que não percam a oportunidade de construir a verdadeira libertação.
Indiscutivelmente, os débitos que abraçamos são anotados na Contabilidade da Vida; todavia, antes que a vida os registe por fora, grava em nós mesmos, em toda a extensão, o montante e os característicos de nossas faltas.
A pedra que atiramos no próximo talvez não volte sobre nós em forma de pedra, mas permanece conosco na figura de sofrimento.
E, enquanto não se remove a causa da angústia, os efeitos dela perduram sempre, tanto quanto não se extingue a moléstia, em definitivo, se não a eliminamos na origem do mal.
Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias; no entanto, é também dentro delas que somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações.
Isso porque, embora não percebamos de imediato, recebemos, quase sempre, no companheiro ou na companheira da vida intima, os reflexos de nós próprios.
É natural que todas as conjunções afetivas no mundo se nos figurem como sendo encantados jardins, enaltecidos de beleza e perfume, lembrando livros de educação, cujo prefácio nos enleva com a exaltação dos objetivos por atingir.
A existência física, entretanto, é processo específico de evolução, nas áreas do tempo, e assim como o aluno nenhuma vantagem obterá da escola se não passa dos ornamentos exteriores do educandário em que se matricula, o espírito encarnado nenhum proveito recolheria do casamento, caso pretendesse imobilizar-se no êxtase do noivado.
Os princípios cármicos desenovelam-se com as horas.
Provas, tentações, crises salvadoras ou situações expiatórias surgem na ocasião exata, na ordem em que se nos recapitulam oportunidades e experiências, qual ocorre à semente que, devidamente plantada, oferece o fruto em tempo certo.
O matrimônio pode ser precedido de doçura e esperança, mas isso não impede que os dias subseqüentes, em sua marcha incessante, tragam aos cônjuges os resultados das próprias criações que deixaram para trás.
A mudança espera todas as criaturas nos caminhos do Universo, a fim de que a renovação nos aprimore.
A jovem suave que hoje nos fascina, para a ligação afetiva, em muitos casos será talvez amanhã a mulher transformada, capaz de impor-nos dificuldades enormes para a consecução da felicidade; no entanto, essa mesma jovem suave foi, no passado - em existências já transcorridas -, a vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os golpes de nossa própria deslealdade ou inconseqüência, convertendo-a na mulher temperamental ou infiel que nos cabe agora relevar e retificar.
O rapaz distinto que atrai presentemente a companheira, para os laços da comunhão mais profunda, bastas vezes será provavelmente depois o homem cruel e desorientado, suscetível de constrangê-la a carregar todo um calvário de aflições, incompatíveis com os anseios de ventura que lhe palpitam na alma.
Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito - em existências que já se foram – a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe desfigurou o caráter, metamorfoseando-o no homem vicioso ou fingido que lhe compete tolerar e reeducar.
Toda vez que amamos alguém e nos entregamos a esse alguém, no ajuste sexual, ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois somente depois - surpreender nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos, no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de contas certas, mas, sobretudo, a esmolar-nos compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante as leis do destino.
A união suposta infeliz deixa de ser, portanto, um cárcere de lágrimas para ser um educandário bendito, onde o espírito equilibrado e afetuoso, longe de abraçar a deserção, aceita, sempre que possível, o companheiro ou a companheira que mereceu ou de que necessita, a fim de quitar-se com os princípios de causa e efeito, liberando-se das sombras de ontem para elevar-se, em silenciosa vitória sobre si mesmo, para os domínios da luz.
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo

sexta-feira, 1 de maio de 2015

NUMA CIDADE CELESTE


Irmão X

Quando Joaquim Pires desencarnou, crente sincero e praticante assíduo que fora do Evangelho, procurou, incontinenti, as portas do céu. Combatera as próprias paixões, distribuíra benefícios sem cogitar de recompensa, humilhara-se em favor dos outros, sempre que as circunstâncias lhe aconselhavam serenidade e renúncia.
Em suma, Joaquim fora um homem bom. Todavia, como vivemos sobre maneira distanciados das criaturas perfeitas, andava preocupado com a idéia de repousar no paraíso. Não tivera ocasião de provar-se em testemunhos reconhecidamente difíceis e angustiosos. No entanto, acariciava o propósito de anestesiar-se no "outro mundo". Queria descansar, esquecer, embriagar-se no êxtase divino...
"Morreu", por isso, sem receio algum. Despediu-se, quase contente, dos familiares. Parecia andorinha humana, no júbilo de buscar a primavera noutras paragens. E, como efeito, tantos méritos detinha consigo, que prodigioso frio de luz assinalava-lhe o caminho, desde o túmulo até as portas de uma cidade resplandecente.
Aí chegado, Joaquim, premido pela emoção, empalidecera de regozijo. Enlevado, notou que, lá dentro, havia felicidade e luz, mas inequívocos sinais de trabalho também... Ruídos de atividade salutar e sons de campainhas inquietas alcançaram-lhe os ouvidos surpresos.
Antes de se entregar a maiores perquirições íntimas, simpático mensageiro veio recebê-lo no limiar.
-É aqui o paraíso? - inquiriu à maneira do sertanejo bisonho que visita grande metrópole pela primeira vez.
-Sim - informou o interpelado, gentilmente -, estamos numa cidade celestial.
-Quer dizer, então, em boa geografia, que já não respiramos a atmosfera da carne... - tornou o recém-chegado, hesitante.
-Não tanto - esclareceu o enviado fraterno.
De tímpanos aguçados, Pires registrou a chamada dos clarins de serviço e considerou, tímido:
-Meu amigo, que eu não sou mais do número dos "vivos"...
O outro completou-lhe a frase reticenciosa, asseverando:
-Não padece qualquer dúvida...
-Mas - prosseguiu o "morto" adventício -, trabalham, ainda, aqui?
-Muitíssimo.
-Há, nesta cidade, horários, distribuição de tarefas, responsabilidades individuais, disposições de lei, lutas e conflitos?
O mensageiro esboçou expressivo gesto de complacência e observou:
- Acredita que a morte da carne, mero fenômeno da Natureza, purifique o Espírito milagrosamente? Temos enorme serviço a fazer. E o repouso para nós é lição, reparo ou estímulo. Nossa felicidade não se cristalizaria em altares imóveis.
-Oh! - clamou Joaquim aflito - a justiça ensinava-me no mundo que há um paraíso para os bons e um inferno para os maus.
-E você - interrogou o companheiro, intencionalmente - se julga perfeitamente bom?
-Não - respondeu Pires com humildade não fingida -, sou um pecador, bem o reconheço; contudo... Francamente, não admitia houvesse tanto serviço após o sepulcro.
-Suporá inoportuno e intempestivo nosso propósito de luta e solidariedade, melhoria e reconstrução? Quem não é infinitamente bom, deve amparar quem não é infinitamente mau. É imprescindível atender aos imperativos da vida.Só Deus é o Absoluto.
-Sim, compreendo... - resmungou Joaquim, descoroçoado - todavia, sonhava com a paz perpétua.
E continuou:
- Existe aqui chefia e subalternidade?
- Perfeitamente.
- Servidores melhores e piores?
- Sim, em mais elevado padrão de justiça e aproveitamento.
- Há estudos e provas, especializações e obrigações?
- Muito além dos ensaios que efetuamos na Terra...
- Há probabilidades de erro e dúvida, discussão e negação?
- Em todas as rotas de ação, porque o livre-arbítrio da alma evolvida é naturalmente a cooperar na estruturação dos destinos, com a supervisão da Vontade de Deus.
- Conseqüentemente - prosseguiu Joaquim -, há reparações e punições, desequilíbrios e dificuldades.
- Exatamente. Você não ignora que onde o erro é possível deve existir recurso para a corrigenda.
O recém-desencarnado meditou, meditou e aduziu:
- Procuro o repouso inalterável... Quem sabe resplandece em esfera mais elevada o céu que busco?
- Assim não é - disse-lhe o interlocutor. Quanto mais alto subir, ais trabalho encontrará, embora em condições diferentes.
Pires, sentou-se, apalermado, sob indizível abatimento.
O emissário fixou um gesto de bom humor e acentuou com clareza:
- Parece-me que o paraíso, sonhado por você, é o éden da espécie "Limax arborum". Essas criaturas, que no fundo são igualmente filhas de deus, organizam o próprio lar, através de folhas e flores. Aquietam-se e dormem descansadas sob a claridade do firmamento. Nada perguntam. Não riem, nem choram. Desconhecem os enigmas. Não sabem o que vem a ser aflição ou dor de cabeça. Alimentam-se daquilo que encontram nas árvores preciosas da vida. Ignoram se há guerra ou paz, dificuldade ou pesadelo entre os homens. Vivem alheias aos dramas biológicos, aos conflitos espirituais e, se um cataclismo fulminasse o Universo em que nos achamos, não registrariam grandes diferenças...
-Oh! - gritou Joaquim, repentinamente entusiasmado - quem são esses seres privilegiados?
-São as lesmas - esclareceu o emissário, sorrindo -, e se você descer, suficientemente, encontrará o paraíso delas...
Joaquim modificou a expressão facial e, embora consternado, quando ouviu falar em lesmas, resolveu entrar.
 
Do livro Luz Acima Psicografia de Francisco Cândido Xavier.