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segunda-feira, 26 de abril de 2021

JOÃO À PAULO DE TARSO : A CAUSA É DO CRISTO!

 Em Éfeso, após uma noite tumultuada, com violências , onde a massa ,inconsciente,  foi lograda, por um grande comerciante, através de  boatos, disseminados por amotinadores pagos , no enredo, de  que Paulo e seus seguidores iriam destruir o templo de Diana e seus artefatos , prejudicando, assim, o trabalho. Paulo lamentou o ocorrido ,sobretudo com as prisões de Áquila e Prisca, e com muita tristeza , junto a João, desabafou: 




[...] " com os olhos mareados de lágrimas.

— ( Paulo ) Como tudo isto me contrista! Áquila e Prisca têm sido meus companheiros de luta, desde as primeiras horas da minha conversão a Jesus. Por eles devia eu sofrer tudo, pelo muito amor que lhes devo; assim, não julgo razoável que sofram por minha causa.

A causa é do Cristo! — respondeu João com acerto.

O ex-rabino pareceu conformar-se com a observação e sentenciou:


— Sim, o Mestre nos consolará.


E, depois de concentrar-se longamente, murmurou:


Estamos em lutas incessantes na Ásia, há mais de vinte anos… Agora, preciso retirar-me da Jônia,  sem demora. Os golpes vieram de todos os lados. Pelo bem que desejamos, fazem-nos todo o mal que podem. Ai de nós se não trouxéssemos as marcas do Cristo Jesus!


O pregador valoroso, tão desassombrado e resistente, chorava! João percebeu, contemplou-lhe os cabelos prematuramente encanecidos e procurou desviar o assunto:


Não te vás por enquanto — disse solícito —, ainda és necessário aqui.


— Impossível — respondeu com tristeza


 

—, a revolução dos artífices continuaria. Todos os irmãos pagariam caro a minha companhia.


Mas não pretendes escrever o Evangelho, consoante as recordações de Maria? — perguntou melifluamente o filho de Zebedeu.


— É verdade — confirmou o ex-rabino com serenidade amarga —, entretanto, é forçoso partir. Caso não mais volte, enviarei um companheiro para colher as devidas anotações.


— Contudo, poderias ficar conosco.


O tecelão de Tarso fitou o companheiro com tranquilidade e explicou, em atitude humilde:


— Talvez estejas enganado. Nasci para uma luta sem tréguas, que deverá prevalecer até ao fim dos meus dias. Antes de encontrar as luzes do Evangelho, errei criminosamente, embora com o sincero desejo de servir a Deus. Fracassei, muito cedo, na esperança de um lar. Tornei-me odiado de todos, até que o Senhor se compadecesse de minha situação miserável, chamando-me às portas de Damasco.
Então, estabeleceu-se um abismo entre minha alma e o passado. 


 Abandonado pelos amigos da infância, tive de procurar o deserto e recomeçar a vida. Da tribuna do Sinédrio,   regressei ao tear pesado e rústico. 


 Quando voltei a Jerusalém, o judaísmo considerou-me doente e mentiroso. Em Tarso experimentei o abandono dos parentes mais caros. Em seguida, recomecei em Antioquia a tarefa que me conduzia ao serviço de Deus. Desde então, trabalhei sem descanso, porque muitos séculos de serviço não dariam para pagar quanto devo ao Cristianismo. E saí às pregações. 


 Peregrinei por diversas cidades, visitei centenas de aldeias, mas de nenhum lugar me retirei sem luta áspera. Sempre saí pela porta do cárcere, pelo apedrejamento, pelo golpe dos açoites. Nas viagens por mar, já experimentei o naufrágio mais de uma vez; nem mesmo no bojo estreito de uma embarcação, tenho podido evitar a luta. Mas Jesus me tem ensinado a sabedoria da paz interior, em perfeita comunhão de seu amor.


Essas palavras eram ditas em tom de humildade tão sincera que o filho de Zebedeu não conseguia esconder sua admiração.


— És feliz, Paulo — disse ele convicto —, porque entendeste o programa de Jesus a teu respeito. Não te doa a recordação dos martírios sofridos, porque o Mestre foi compelido a retirar-se do mundo pelos tormentos da cruz. Regozijemo-nos com as prisões e sofrimentos. Se o Cristo partiu sangrando em feridas tão dolorosas, não temos o direito de acompanhá-lo sem cicatrizes…


O Apóstolo dos gentios prestou enorme atenção a essas palavras consoladoras e murmurou:


— É verdade!…


— Além do mais — acrescentou o companheiro emocionado —, devemos contar com calvários numerosos. Se o Cordeiro Imaculado padeceu na cruz da ignomínia, de quantas cruzes necessitaremos para atingir a redenção? Jesus veio ao mundo por imensa misericórdia. Acenou-nos brandamente, convocando-nos a uma vida melhor… Agora, meu amigo, como os antepassados de Israel, que saíram do cativeiro do Egito à custa de sacrifícios extremos, precisamos fugir da escravidão dos pecados, violentando-nos a nós mesmos, disciplinando o espírito, a fim de nos juntarmos ao Mestre, correspondendo à sua imensa bondade.


Paulo meneou a cabeça, pensativo, e acentuou:


Desde que o Senhor se dignou convocar-me ao serviço do Evangelho, não tenho meditado noutra coisa.


Nesse ritmo cordial conversaram muito tempo, até que o Apóstolo dos gentios concluiu mais confortado:


— O que de tudo concluo é que minha tarefa no Oriente está finda. O espírito de serviço exige que me vá além… Tenho a esperança de pregar o Evangelho do Reino, em Roma, na Espanha e entre os povos menos conhecidos…


Seu olhar estava cheio de visões gloriosas e João murmurou humildemente:

— Deus abençoará os teus caminhos


fonte: 
LIVRO:Paulo e Estevão-28ª edição.
Ditado por Emmanuel em parceria com Francisco Cândido Xavier.


Trecho retirado do capítulo 7 - As

Epístolas - pág.439-441

sábado, 8 de junho de 2013

TAREFEIROS DA DOUTRINA(...)"“Guiar-se pela misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que nasce do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. ...

TAREFEIROS  DA  DOUTRINA
Francisco Cândido Xavier
        
Em nossa reunião eram, muitas as considerações em torno dos companheiras encarregados da divulgação do Espiritismo. As opiniões eram as mais diversas, quando as tarefas foram iniciadas.
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu o item 5 do capítulo XX, sobre os tarefeiros da nossa Doutrina de amor e luz. E o nosso caro Emmanuel, como sempre sucede, comentou o apontamento em estudo na página Legendas do Obreiro da Verdade.
 
LEGENDAS DO OBREIRO DA VERDADE
 
Emmanuel
 
Compreender que as necessidades e as esperanças dos outros são fundamentalmente iguais às nossas.
Auxiliar sem exigir que o beneficiado nos tome as idéias.
Reconhecer que a Divina Providencia possui estradas inúmeras para socorrer as criaturas e iluminá-las.
Aprender a tolerar com paciência as pequenas humilhações, a fim de prestar os grandes testemunhos de sacrifício pessoal que a Causa da Verdade lhe reclamará possivelmente algum dia.
Esquecer-se pela obra que realiza.
Guiar-se pela misericórdia e não pela critica.
Abençoar sem reprovar.
Construir ou reconstruir, sem ofender ou condenar.
Trabalhar sempre sem o propósito de ser ou parecer o maior ou o melhor ante os demais.
Cultivar ilimitadamente a cooperação e a caridade. Coibir-se de irritação e de azedume.
Agir sem criar problemas.
Observar que sem a disciplina individual no campo do bem, a prática do bem se faz impossível.
Respeitar a personalidade dos companheiros.
Encontrar ocasião para atender à benção da prece.
Deter-se nas qualidades nobres e olvidar as prováveis deficiências do próximo.
Valorizar o esforço alheio. Nunca perder tempo.
Apagar inimizades ou discórdias através da desculpa fraterna e do serviço constante que devemos uns aos outros.
Criar oportunidades de trabalho para si, ajudando aos outros no sentido de descobrirem as oportunidades de trabalho que lhe digam respeito à capacidade e às possibilidades de realização, conservando em tudo a certeza inalterável de que toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus.
 
TODOS SÃO IMPORTANTES
 
Irmão Saulo 
 
Somos iguais perante a seara, porque somos todos iguais perante o Senhor da Seara. Deus não faz acepção de pessoas, nem de posições e muito menos de instituições. O item 5 do capítulo XX de O Evangelho Segundo o Espiritismo estabelece esta condição essencial: “Felizes os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse e movidos apenas pela caridade”. Emmanuel conclui a sua mensagem lembrando “que toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus”.
Querer que não haja discordâncias entre os que trabalham na divulgação e na sustentação da Doutrina seria acalentar quimeras. Cada consciência humana, como ensina Hubert, é um ponto na correnteza da duração. Cada um de nós está colocado num ângulo determinado do eterno fluir da realidade. Cada qual, portanto, tem a sua maneira própria de ver as coisas.
O Espiritismo nos ensina que nos completamos uns aos outros pelas nossas diferenças. Mas se diferimos nos acessórios, concordamos sempre no essencial. Por isso mesmo a caridade – que é o amor em ação – deve eliminar as arestas do nosso personalismo, ensinando-nos que todos somos importantes na busca e na conquista da verdade.
Claro que não devemos concordar com tudo e tudo aprovar em silêncio, pois a tolerância de acomodação equivale a cumplicidade com o erro. A crítica maldosa e orgulhosa, que condena tudo o que é feito pelos outros, é a negação da caridade. Mas ai de nós se suprimirmos a crítica do meio espírita! Porque é ela, quando sensata e sincera, a prática da vigilância que Jesus ensinou e Paulo exemplificou. Como utilizar o “crivo da razão”, de que nos fala Kardec, se abdicarmos do direito de pensar que mais do que um direito é um supremo dever do espírito?
Quando Emmanuel diz: “Guiar-se pela misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que nasce do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. O lema “Valorizar o esforço alheio” não implica a valorização dos erros e dos enganos do próximo, mas o reconhecimento dos esforços feitos por todos a favor da causa comum. Todos precisamos de misericórdia, mas a misericórdia, como Deus nos mostra em sua lei de ação e reação, não é a aprovação de erros e ilusões – e sim a correção e o esclarecimento.
Do livro "Astronautas do Além", de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos


Do livro "Astronautas do Além", de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos
 

 

domingo, 30 de dezembro de 2012

E O CÉU SE FECHOU:"O Céu jamais poderá fechar-se, pois isso representa pura simplesmente a negação da misericórdia infinita do Criador de todas as coisas. Seria a anulação da promessa de Jesus de que "tu aquilo que pedirmos ao Pai, nos será concedido"..."


"Quando o Céu se fechou por três anos e seis meses." - (Lucas, 4:25)
O evangelhísta Lucas pôs nos lábios de Jesus Cristo a afirmação de que, ao tempo de profeta Elias, o Céu se fechou durante três e seis meses, de sorte que houve grande fome na Terra, tendo o grande profeta sido enviado a socorrer apenas uma pobre viúva, que residia em Sarepta de Sidon. Acrescentou, ainda, o Mestre, que existiam muitos leprosos na Terra ao tempo do profeta Eliseu, mas este foi enviado apenas para curar Naamã, um estrangeiro que estava contaminado por aquela enfermidade.

Poderá o Céu cerrar suas portas e deixar que os clamores que partem da Terra não sejam atendidos? Poderá Deus ficar surdo por três e meio longos anos, às rogativas que partem das sofridas criaturas terrenas?

Indubitavelmente, as palavras do Cristo encerram uma força de expressão e o seu objetivo fundamental, ao formular esse ensinamento, foi nos ensinar que existem na Terra criaturas que possuem um "tesouro nos Céus, por elas próprias amealhado, o qual fará com que venha em seu favor o socorro dos Céus, sempre que elas dele necessitem".

Um aglomerado de pessoas pode ser submetido a uma expiação coletiva e os Espíritos executores da vontade de Deus atender a rogativa que partir de uma ou mais delas, que experimentaram as consequências dessa mesma expiação, sem que a ela as outras façam jus. Foi o caso da pobre viúva de Sarepta de Sidom, que, vivendo no seio de um povo assolado por tremenda crise, foi socorrida pelo profeta Elias, adredemente instruído nesse sentido, tendo seus sofrimentos e de seu filho minorados.
O Céu jamais poderá fechar-se, pois isso representa pura simplesmente a negação da misericórdia infinita do Criador de todas as coisas. Seria a anulação da promessa de Jesus de que "tu aquilo que pedirmos ao Pai, nos será concedido".

No passado, costumava-se dizer que o Céu se fechava para os "hereges" e para os maus. Para os que não professassem a religião oficial ou fossem surdos aos ensinamentos evangélicos. Para os rebeldes e para os viciosos. Porém, cumpre aqui aditar que um dos grandes profetas da antiguidade afirmou que "Deus não que morte dos ímpios, mas que eles se redimam e vivam."

Um dos castigos que Moisés prometia, aos que não obedecessem às leis de Deus, era que: "O Céu se tornará de bronze, sobre as suas cabeças, e a terra debaixo de seus pés se tornaria de fé; (Deuteronômio, 28:23). Segundo o grande legislador dos hebreus essa maldição tinha o beneplácito de Deus, e destinava- se a todos aqueles que não guardassem os Dez Mandamentos da Lei.

Ao tempo de Moisés era admissível atemorizar o povo com ameaças dessa natureza, pois o Deus então apresentado, o temido e temível Jeová dos Exércitos, era um Deus parcial, rancoroso, vingativo e cheio de zelo. Quando do advento da Jesus, nos foi assentado um Deus que é todo misericórdia e a expressão maior do amor.

Ensinou-nos o Mestre que as cinco virgens prudentes da parábola encontraram as "portas do Céu", mas a cinco imprudentes encontram-nas fechadas (Mateus, 25:1-13). As cinco primeiras simbolizam os que cumprem seus deveres na Terra - são bons, tolerantes, misericordiosos.
As outras simbolizam os que vivem na Terra mergulhados nos vícios, são maus e recalcitrantes, insurgindo-se contra os preceitos da Lei. Torna-se evidente que o tratamento não poderia ser idêntico para todos.
É lógico que não existe porta nos Céus, nem porteiro. O que, na realidade, existe sãos Planos Espirituais numa escala infinita; para os Planos Elevados irão as almas boas e cumpridoras de seus deveres, que souberam cumprir as leis do amor; para os Planos Inferiores gravitarão os maus, os rebeldes, os vingativos, os orgulhosos, os malfeitores de todos os matizes.
É evidente, contudo, que os estágios nesses Planos são sempre transitórios, pois todas as criaturas caminham para Deus, e todas elas, indistintamente, através das vidas sucessivas, alcançam Planos mais sublimados, pois "há grande alegria nos Céus pelos pecadores que se regeneram".
E o Pai que se forme "um só rebanho, sob o cajado de um só pastor."
Paulo A. Godoy

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Entrevistando Chico Xavier:SÉTIMA PARTE - SEXO E RESPONSABILIDADE: CASAMENTO, ENCONTROS E DESENCONTROS

FW - O próprio Cristo revelou-nos que João Batista era a reencarnação do
profeta Elias.
Registra a Bíblia que Elias mandara degolar diversos filisteus. Sabemos
também que João Batista foi degolado a pedido da mulher de Herodes,
Herodíades e sua filha Salomé. Jesus amava João Batista, mas de qualquer
forma a lei cármica — causa e efeito, crime e castigo, — funcionou também
para o anunciador dos Novos Tempos. É assim que a morte de João Batista
deve ser interpretada?
Antes de responder por escrito, Chico faz um breve comentário:
Observe que após a morte de Batista, que entristeceu ao Mestre, Jesus
prefere não mais falar no Precursor. Por quê? Se João Batista tivesse se
encomendado à Misericórdia Divina e não só à Sua Justiça é bem possível que
outro teria sido o seu fim.
Todos nós, inferiores ou evoluídos, devemos invocar sempre misericórdia,
que é amor sublime. Em seguida toma do lápis e registra o seguinte: Conforme
ensinamentos da Espiritualidade Superior, sempre que estejamos em função
da justiça devemos exercê-la com misericórdia. Cremos sinceramente que
João Batista, o Precursor, era Elias reencarnado. O respeito devido ao
Evangelho não nos permite anatomizar o problema da morte de João Batista.
Mas perguntamos a nós mesmos, na intimidade de nossas orações, se ele não
se teria exonerado do rigor do carma, caso agisse com misericórdia no
exercício do que era considerado de justiça para a família de Herodes. É um
ponto de minhas reflexões na veneração com que cultivo o amor pelos vultos
inesquecíveis do Cristianismo. (FW, julho de 1976)
==================================================================
Família
FW - Como devemos entender a expressão “almas gêmeas” dentro da
conceituação de que os espíritos não têm sexo?
Diz «O Livro dos Espíritos” que os espíritos não possuem sexo como
entendemos na Terra, mas percebamos “como entendemos”, de vez que, do
ponto de vista da comunhão das criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo
tem o magnetismo que se lhe faz peculiar. A saudade de alguém é a fome do
magnetismo desse alguém (grifo do entrevistador), razão pela qual o amor
é uma lei para nós todos, mas as ligações afetivas são conexões particulares,
em vista da comunhão das pessoas umas com as outras no curso do tempo e
na construção dos ideais que lhes são comuns. (janeiro de 1977)
ME - Do ponto de vista espiritual como definir o lar e a família?
Outra afirmativa de nosso Emmanuel é de que o lar é uma bénção de Deus
para os homens e de que a família é uma criação dos homens onde eles
podem servir a Deus, desde que aceitem com amor o sacrifício e a renúncia, o
trabalho e o serviço por alicerces de nossa felicidade em comum. (julho de
1974)


ME - Qual o mecanismo ideal para atingir a paz e a segurança entre os
familiares vinculados à mesma casa e ao mesmo nome?
Cremos que este problema será perfeitamente solucionado quando esquecermos
a afeição possessiva, a idéia de que somos pertences uns dos
outros, quando nos respeitarmos profundamente, cada qual procurando
trabalhar e servir, mostrando sua própria habilitação, o rendimento de serviço
dentro da vocação com a qual nasceu, dentro do lar, respeitando-se uns aos
outros.
Desse modo, com o respeito recíproco e o amor que liberta, o amor que não
escraviza, o problema da paz em família estará perfeitamente assegurada na
solução devida. (julho de 1974)

40
Namoro e Noivado
ME - Por que motivo casais que noivavam apaixonadamente experimentam
a diminuição do interesse afetivo nas relações recíprocas, após o nascimento
dos filhos?
Grande número dos enlaces na Terra obedecem a determinações de resgate
escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico e
aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes transformam ou,
melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento para que os cônjuges
se aproximem segundo os preceitos das leis divinas e formem o lar,
transformando determinadas dificuldades em motivos de maior amor, de
compreensão maior.
O namoro, o noivado, muitas vezes, estão presididos pelos espíritos
familiares que serão os filhos do casal. Quando esses mesmos espíritos se
transformam em nossos filhos parece que há diminuição de amor, mas isso
não acontece. Existe, sim, a poda da paixão, no capítulo das afeições
possessivas que nós devemos evitar. (julho de 1974)


ME - Os casais que experimentam menos interesse afetivo em torno das
relações mútuas após a chegada dos filhos devem continuar unidos mesmo
assim?
Os nossos amigos espirituais explicam que ninguém pode exigir de alguém
espetáculos de grandeza e que determinadas situações heróicas podem ser
abraçadas pela criatura humana, mas tanto quanto possível por amor aos
filhos. Por amor aos nossos familiares devemos sofrer qualquer espécie de
dificuldade para sustentar a família e resguardar a invulnerabilidade do lar,
porque muitas vezes nos sacrificamos de modo absoluto em grandes avais
para os quais não estamos preparados, em favor de nossos amigos, por que é
que não podemos também sofrer ou lutar por amor aos nossos filhos, aos
nossos descendentes? É uma pergunta a nós todos. (julho de 1974)


FW - A propósito, há casais que têm afinidades espirituais mas não se
acertam em termos de conjugação amorosa. Esta última, por si só, é motivo
suficiente para separação, para desquite do casal?
O assunto implica problemas de consciência pertinentes a cada um. De
nossa parte, consideramos que compromisso traduz débito, livremente
assumido, e qualquer débito pode ser adiado no resgate, segundo as
condições dos devedores, mas será sempre trazido pela contabilidade do
tempo à consideração dos responsáveis para ajusta liquidação. (outubro de
1976)

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Divórcio, Dificuldades no Relacionamento

ME - Chico Xavier, os espíritos amigos apresentam algum ponto de vista
sobre o divórcio no Brasil?
Allan Kardec no capítulo 22 de «O Evangelho Segundo o Espiritismo”
assevera que o divórcio é uma lei humana que veio consagrar determinada
situação já existente entre os cônjuges. Do ponto de vista humano
naturalmente que seria crueldade fugirmos da possibilidade do divórcio em
determinadas situações da vida e em determinados setores de nossos
problemas, quando estamos certos de que as organizações bancárias do
mundo nos concedem reformas e determinados prazos para resgate de certas
dívidas.
Mas, devemos estar igualmente conscientes de nossa situação no Brasil e
podem os perfeitamente reconhecer que ainda estamos imaturos para receber
o divórcio da magnanimidade da nossa Justiça porque somos um pouco
jovens. Precisamos habilitar a consciéncia coletiva para uma conquista de
tamanha expressão na vida da criatura e na vida planetária. (julho de 1974)


ME - Chico, esta é uma pergunta ligada à anterior e foi formulada pela
direção do jornal “5 de Março”: Qual a posição do Espiritismo em relação ao
divórcio?
Retornamos apalavra a Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o
Espiritismo “. No capítulo 22 Kardec assevera que o divórcio vem consagrar
uma situa ção já existente, mas não podemos deixar de apresentar uma
ressalva, quanto a nós outros em nosso país, que estamos procurando Jesus.
Nós queremos Nosso Senhor Jesus Cristo e devemos esperar e trabalhar
muito para que a compreensão e o amor reinem sobre nós todos, a fim de
aguardarmos uma realização como esta, embora sob o ponto de vista humano,
do ponto de vista da humanidade, em geral, o divórcio é uma lei
compreensível.
Devemos entender que em efetuando casamento, cada um de nós não está
criando uma união de anjos e sim um ajuste respeitabilíssimo de criaturas
humanas em que um e outro cônjuge apresentam determinadas nuances de
incompreensão, às vezes de grandes dificuldades, que devem ser
compreendidas pela outra parte no campo das relações recíprocas. (julho de
1974)

* * *
Parece que a vida entre um desquitado e um solteiro é normal, no mundo
evoluído de hoje, mas não o é, pois, socialmente, o preconceito existe; aquele
mesmo que faz o missivista misturar as tiranias dos homens com pretensas
determinações de Deus. Nas relações sociais, familiares, nos assentamentos
dos clubes recreativos, nas justificações tributárias, nas inscrições, nos títulos,
nos documentos pessoais, tudo é difícil aos que se unem, sob a égide do amor,
para ensaiarem uma nova vida. Quando, então, estes “marcados” vão
matricular os seus filhos nos estabelecimentos escolares, é que sentem o peso
de uma pena, por sinal, “imprescritível” e que cruelmente atinge seres
inocentes, que nada têm a ver com o peixe.
Talvez seja por isso que, através de Chico Xavier, num Pinga-Fogo célebre,
as vozes do Alto se fizeram sentir através deste “baba”, na expressão de
Bannerjee, respondendo aquele médium a uma pergunta formulada pelo nobre
deputado federal, Freitas Nobre: Nós que vivemos hoje em dimensões tão
grandes de compreensão humana, consideramos o divórcio como medida
humana, legítima, porqüanto «dói ao nosso coração” quando ouvimos, nas
palavras públicas de nossos grandes magistrados, a palavra, desculpem-me, a
palavra «concubina’ para designar senhoras distintíssimas... E Chico Xavier,
depois de outras considerações, obtemperou: Peçamos a Deus que as nossas
autoridades possam ouvir os nossos sentimentos... Nós vamos esperar que dia
melhores venham para a família brasileira, e que o divórcio possa ser
consagrado, por nós todos, como medida humana...
Chico Xavier, com aquela sua ímpar humildade, no fim fez um apelo à Igreja:
Por isso mesmo, fazemos votos para que o Soberano Ponttfice, que nós
tratamos com a máxima veneração e que suas eminências, os senhores
arcebispos e bispos do Brasil, possam também abençoar estes “nossos
ideais”para que o divórcio venha tranqüilizar tantos que necessitam de
semelhante medida... (Mario B. Tamasia, abril de 1975)
* * *
Uma senhora trajando costume cinza indaga do médium o que deveria fazer
alguém que, amando muito o esposo, fosse por este preterida em favor de
outra?
Minha irmã, na vida tenho amado entranhadamente pessoas que me
abandonaram sem que, pelo menos, me dissessem o porquê. Se eu tivesse
perdido essas pessoas por morte, não resistiria. Mas como os motivos foram
outros, na própria frieza ou indiferença a que me relegaram encontrei forças que
me reconduziram à recuperação, convidando-me a prosseguir a luta pelo
equilíbrio restaurador. No decorrer da existência, assim como há encontros que
são reencontros, há encontros que são dolorosos desencontros. (FW, agosto
de 1976)

Encontro pela Paz -Vibrações negativas (inveja) de outras pessoas podem
destruir a união de um casal?
Quando o casal não está ligado por afinidades espirituais ou quando a união
esponsalícia não se baseia no espírito de responsabilidade ante os
compromissos assumidos, qualquer pequena perturbação pode ser utilizada
por motivação a conflitos e separações que, na essência, não mostram razão
de ser. (MN, outubro de 1983)

* * *
Nair Belo e Hebe Camargo lembraram a incompatibilidade entre os casais. O
que poderia ser feito para acalmar tais situações?
O médium lembrou a terapêutica através da imunização espiritual. A palavra
deve ser centralizada no bem. Se não falarmos no erro ele não vai adiante.
Devemos ser as estações terminais de toda fofoca.
Chico lembrou o caso do moço João de Deus que recebeu uma carta, por
seu intermédio, da esposa, inocentando-o de toda a culpa porque ele era
acusado de tê-la assassinado. Eles tinham vindo de uma festa há 6 ou 8km de
sua casa e ao regressarem, já no aposento de dormir, uma bala disparada
acidentalmente quando o marido tirara o cinto com o revólver, atingira-a em
cheio.
.Ela pedia a Jesus a oportunidade de escrever para que os jurados e o juiz a
ouvissem. Ela desejava que ele fosse feliz no segundo casamento com o
filhinho que Deus lhe enviara e que ela não pudera lhe dar. E realmente o
moço foi inocentado pelo tribunal. (MN, janeiro de 1986)


Livro: Lições de Sabedoria.
Marlene Nobre

sábado, 27 de outubro de 2012

Qual o Futuro do Homem para Lá do Túmulo?


Rodolfo Calligaris
Malgrado todos os espiritualistas cristãos (considerados como tais os que concebem a alma como um ser moral distinto do corpo físico, ao qual sobrevive) apontem as Escrituras Sagradas como base dos princípios fundamentais de sua fé, várias e contraditórias são as suas teorias acerca dessa magna questão.
Na opinião de uns, a sorte das almas decide-se no próprio instante da morte. As "eleitas" vão imediatamente para o céu, e as "rejeitadas", para o inferno. Isso até o dia do juízo universal, ocasião em que voltarão a unir-se a seus corpos ressurretos, sem os quais (dizem) nem aquelas conseguem ser completamente felizes, nem estas podem ser convenientemente castigadas.
Segundo outra concepção, além do céu e do inferno, existiria uma estância intermediária: o purgatório, lugar de expiação para as almas que, não estando inteiramente livres do pecado, tenham algumas penas a descontar antes de serem recebidas no céu. Também para os partidários desta crença, haverá, no juízo universal, uma religação das almas a seus antigos corpos para que, juntos, recebam sua sentença de glória ou de condenação.
No entender de outros, ocorrendo à morte, as almas trespassadas perdem a consciência de tudo e ficam como que em sono profundo, até o evento do juízo. Somente nesse dia é que os justos ressuscitarão para a vida eterna, sendo que os considerados maus ou serão destruídos ou descerão para as regiões onde há choro e ranger de dentes.
Há ainda quem afirme que o céu já está lotado por um número certo de almas santificadas, não havendo lá mais vaga para ninguém. No final dos tempos, os que merecerem a graça da salvação, terão seu futuro "habitat" aqui mesmo na Terra, que, devidamente expurgada, transformar-se-á em delicioso paraíso.
Essas doutrinas só se põem inteiramente de acordo em um ponto. E' quando dogmatizam que o homem vive apenas uma vez (ainda que, em certos casos, por apenas alguns minutos), depois do que sua boa ou má sorte será definitivamente selada, sem que lhe seja possível, além sepultura, arrepender-se e emendar-se.
Ora, o que se vê neste mundo é que, do selvagem ao civilizado, os dons se evidenciam assaz desproporcionados, o mesmo acontecendo com o nível de moralidade. Nem mesmo ao nascerem, as criaturas se apresentam igualmente dotadas. Assim, se o futuro de cada ser, na eternidade, dependesse realmente de uma só vida corpórea, então Deus devera ensejar a todos as mesmas aptidões e oportunidades de instruir-se, assim como igualar a duração da existência humana, porquanto premiar uns com deleites infinitos e condenar outros a torturas atrozes para todo o sempre, sem lhes haver assegurado uniformidade de condições para merecerem este ou aquele destino, constituiria a mais tremenda injustiça.
Outrossim, se os mortos não pudessem, mesmo, arrepender-se de seus erros, nem tomar novas resoluções, qual a utilidade da pregação do Evangelho feita a eles pelo próprio Cristo, corno se lê em I S. Pedro, 4 :6?
A Doutrina Espírita responde à indagação que serve de título a estas linhas dizendo que, como filhos de Deus, criados à Sua imagem e semelhança, todos os homens se destinam à perfeição, o que vale dizer, à felicidade.
Através das vidas sucessivas, todos hão de assenhorear-se da Verdade e, de progresso em progresso, vir a "amar o próximo como a si mesmos", conquistando destarte o "reino do céu", que é um estado (retidão de consciência) e não propriamente um lugar.
Com tal destinação, a alma deve caminhar sempre para frente e para o alto, crescendo em ciência e em virtude, rumo à Razão Infinita e ao Supremo Bem.
Cada uma das existências terrestres ou nos milhares de mundos que pontilham o Universo, não é senão um episódio da grande vida imortal. Em cada uma delas, vencemos um pouco da ignorância e do egoísmo que há em nós, depuramo-nos, fortalecemo-nos intelectuais e moralmente, até que, por merecimento próprio, adquiramos o acesso aos planos superiores da espiritualidade, moradas de eterna beleza, sabedoria e amor!
Leitor amigo: não é esta a doutrina que melhor se coaduna com a majestade e os excelsos atributos do Criador?
(Revista Reformador de março de 1964)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

PENAS ETERNAS


"Haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende,
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam
de arrependimento." (Lucas, 15:7)
Para melhor poder elucidar este tema, torna-se imperiosa a transcrição de alguns trechos do Velho e do Novo Testamentos:
Eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. (João, 12:47)
Eu sou o bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. (João, 10:11)
Vinde a mim todos os que estão sobrecarregados e oprimidos, e eu vos aliviareis.(Mateus, 11:28)
Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores. (Marcos, 2:17)
Porque qualquer que pede recebe; e quem busca, acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. (Lucas, 11:10)
Por mim mesmo juro, disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva. (Ezequiel, 33:11)
Conforme se depara das citações acima, os quatro evangelistas são unânimes na demonstração da amplitude do amor de Deus para com suas criaturas.
Os livros dos profetas, de forma idêntica, atestam o desvelo que Deus tem para com o gênero humano e a transcrição que fizemos acima, de um tópico do livro de Ezequiel, não deixa pairar qualquer dúvida sobre essa assertiva.
Se as religiões afirmam que o Cristo veio para salvar o mundo e chamar os pecadores, como conceber a validade de dogmas que conflitam com essas afirmações?
Como poderia se conceber um Pai que demonstra o mais efusivo amor para com suas criaturas, ao ponto de enviar Jesus Cristo para nos trazer uma mensagem de vida eterna, pagando no cimo do Calvário essa sua ousadia, tolerar em sua justiça a existência de penas eternas e irremissíveis?
A proclamação de Jesus de que há mais alegria no Céu por um pecador que se regenera do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento, representa o mais insofismável repúdio às suposições inconsistentes sobre a existência de seres devotados eternamente à prática do mal e de lugares circunscritos para a aplicação de penalidades sem remissão.
Como admitir a idéia de um Pai que situa seus filhos em vários planos de aprendizagem para, face ao menor deslize, condená-los, de forma inapelável, a um inferno tenebroso, chefiado por um arguto e despótico deus do mal, que faz perenemente afrontas ao Criador de todas as coisas? A justiça de Deus, em tais circunstâncias, seria defectível e facilmente sobrepujada pela justiça dos homens, a qual, em muitos casos, concede o sursis e dá aos réus a oportunidade de novos recomeços.
Se os pais terrenos, apesar de suas imperfeições, dão sempre a seus filhos o que há de melhor e, se estes transgridem suas ordenações não lhes negam a oportunidade de novas experiências, como negar a Deus, que é a expressão máxima de perfeição, a concessão de regalias equivalentes?
O Espiritismo, que surgiu na Terra com o objetivo primário de restaurar o autêntico Cristianismo, não pode jamais pactuar com doutrinas que apresentam um Deus unilateral, vingativo, rancoroso e despótico, em flagrante contraste com tudo aquilo que o Mestre Nazareno veio nos ensinar. O progresso humano não comporta mais postulados retrógrados que objetivem manter os homens acorrentados às férreas cadeias de dogmas esdrúxulos, verdadeiros resíduos de crenças antigas, que já não têm razão de existir.
Quando o apóstolo afirma que o amor cobre a multidão de pecados, é incisivo na demonstração de que qualquer falha pode ser remida pela prática das leis do amor. Isso anula os conceitos de penas eternas, de inferno habitado por legiões de seres que viveriam eternamente na prática do mal e que, persistentemente, atormentariam as almas que estivessem expiando nas chamas infernais o crime de terem sido fracas e sujeitas a quedas.
Jamais poderia Deus ter criado pigmeus para exigir deles obra de gigantes.
O Espírito do homem foi criado simples e ignorante, sendo situado nos vários planos de aprendizagem a fim de se despojar das imperfeições e, através dos séculos, ser guindado à situação de Espírito angelical. Se a sua natural fraqueza e imperfeição origina quedas repetidas, no desenrolar das reencarnações, não seria lógico o Criador não lhe conceder oportunidade de soerguimento e consentir a consumação de tão odienta condenação eterna.
O Espiritismo nos apresenta Deus em toda a sua magnitude, revestido dos seus verdadeiros atributos de Pai de amor e misericórdia, de justiça e de perdão. A Doutrina dos Espíritos não nega a penalidade futura, pelo contrário, confirma-a; o que, entretanto, não aceita é essa penalidade revestida de caráter eterno e a existência de inferno localizado.
Seja qual for a duração dessa penalidade transitória, ela terá um epilogo, próximo ou remoto. A alma humana tem sempre a oportuunidade de reencetar a marcha rumo à sublimação.
Por isso disse Jesus: Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.
Paulo A. Godoy
Livro: O Evangelho Pedi Licença

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

FAMÍLIA.





   Conceito - Grupamento de raça, de caracteres e gêneros semelhantes, resultado de agregações afins, a família, genericamente, representa o clã social ou de sintonia por identidade que reúne espécimes dentro da mesma classificação. Juridicamente, porém, a família se deriva da união de dois seres que se elegem para uma vida em comum, através de um contrato, dando origem à genitura da mesma espécie. Pequena república fundamental para o equilíbrio da grande república humana representada pela nação.
   A família tem suas próprias leis, que consubstanciam as regras de bom comportamento dentro do impositivo do respeito ético, recíproco entre os seus membros, favorável à perfeita harmonia que deve vigir sob o mesmo teto em que se agasalham os que se consorciam.
   Animal social, naturalmente monogâmico, o homem, na sua generalidade, somente se realiza quando comparte necessidades e aspirações na conjuntura elevada do lar.
   O lar, no entanto, não pode ser configurado como a edificação material, capaz de oferecer segurança e paz aos que aí se resguardam. A casa são a argamassa, os tijolos, a cobertura, os alicerces e os móveis, enquanto o lar são a renúncia e a dedicação, o silêncio e o zelo que se permitem àqueles que se vinculam pela eleição afetiva ou através do impositivo consangüíneo, decorrente da união.
   A família, em razão disso, é o grupo de espíritos normalmente necessitados, desajustados, em compromisso inadiável para a reparação, graças à contingência reencarnatória. Assim, famílias espirituais freqüentemente se reúnem na Terra em domicílios físicos diferentes, para as realizações nobilitastes com que sempre se viram a braços os construtores do Mundo. Retornam no mesmo grupo consangüíneo os espíritos afins, a cuja oportunidades as vezes preferem renunciar, de modo a concederem aos desafetos e rebeldes do passado o ensejo da necessária evolução, da qual fruirão após as renúncias ás demoradas  uniões do Mundo Espiritual...
   Modernamente, ante a precipitação dos conceitos que generalizam na vulgaridade os valores éticos, tem-se a impressão de que para a rude ameaça sobre a estabilidade da família. Mais do que nunca, porém, o conjunto doméstico deve se impor para a sobrevivência a benefício da soberania da própria humanidade.
   A família é mais do que o resultante genético... São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas e árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico onde medram as nobres expressões da elevação espiritual da Terra.
   Quando a família periclita, por esta ou aquela razão, sem dúvida a sociedade esta a um passo do malogro...
   Histórico - Graças ao instinto gregário, o homem, por exigência da preservação da vida, viu-se conduzindo à necessidade de cooperação recíproca, a fim de sobreviver em face das ásperas circunstâncias nos lugares onde foi colocado para evoluir. A união nas necessidades inspirou as soluções para os múltiploproblemas decorrentes do aparente desaparelhamento que fazia sofrer ao lutar contra os múltiplos fatores negativos que havia por bem superar.
   Formando os primitivos agrupamentos em semibarbárie, nasceram os pródomos das eleições afetivas, da defesa dos dependentes e submissos, surgindo os lampejos da aglutinação familial.
   Dos tempos primitivos aos da civilização da Antigüidade Oriental, os valores culturais impuseram lentamente as regras de comportamento em relação aos pais - representativos dos legisladores, Personificados nos anciãos; destes para os filhos - pela fragilidade e dependência que sempre inspiram; entre irmãos - pela convivência pacífica indispensável à fortaleza da espécie; ou reciprocamente entre os mais próximos, embora não subalternos ao mesmo teto, num desdobramento do próprio clã, ensaiando os passos na direção da família dilatada...
   A Grécia, aturdida pela hegemonia militar espartana, não considerou devidamente a união familial, o que motivou a sua destruição, ressalvada Atenas, que, não obstante amando a arte e a beleza, reservava ao Estado os deveres pertencentes à família, facultando-a sobreviver por tempo maior, mas não lobrigando atingir o programa  estético e superior a que se propuseram os seus excelentes filósofos.
   A Roma coube essa indeclinável tarefa, a princípio reservada ao patriciado, e depois, através de leis coordenadas pelo Senado, que alcançaram as classes agrícolas, militares, artísticas e a plebe, facultando direitos e deveres que, embora as hediondas e infelizes guerras, se foram fixando no substrato social e estabelecendo os convênios que o amor sancionou e fixou como técnica segura de dignificação do próprio homem, no conjunto da família.
   A idade Média, caracterizada pela supremacia da ignorância, desfigurou a família com o impositivo de serem doados os filhos à Igreja e ao suserano dominador, entibiando por séculos a marcha do espírito humano.
   Aos enciclopedistas foi reservada a grandiosa missão de, em estabelecendo os códigos dos direitos humanos, reestruturarem a família em bases de respeito para a felicidade das criaturas.
   Todavia, a dialética materialista e os modernos conceitos sensualistas, proscrevendo o matrimônio e prescrevendo o amor livre, voltam a investir contra a organização familial por meio de métodos aberrantes, transitórios, é certo, mas que não conseguirão, em absoluto, qualquer triunfo significativo.
   São da natureza humana a fidelidade, a cooperação e a fraternidade como pálidas manifestações do amor em desdobramento eficaz. Taís valores se agasalham, sem dúvida, no lar, no seio da família, onde se arregimentam forças morais e se caldeiam sentimentos na forja da convivência doméstica.
   Apesar de a poliandra haver gerado o matriarcado e a promiscuidade sexual feminina, a poligamia, elegendo o patriarcado, não foi de menos infelizes conseqüências.

 Segundo o eminente jurista suíço Bachofen, que procedeu a pesquisas históricas inigualáveis sobre o problema da poliandra, a mulher sentiu-se repugnada e vencida pela vulgaridade e abuso sexual, de cuja atitude surgiria o regime monogâmico, que ora é aceito por quase todos os povos da Terra.
   Conclusão - A família, todavia, para lograr a finalidade a que se destina, deve começar desde os primeiros arroubos da busca afetiva, em que as realizações morais devem sublevar às sensações sexuais de breve durabilidade.
   Quando os jovens se resolvem consorciar, impelidos pelas imposições carnais, a futura família já padece ameaça grave, porquanto, em nenhuma estrutura se fundamenta para resistir os naturais embates que a união a dois acarreta, no plano do ajustamento emocional e social, complicando-se, naturalmente, quando do surgimento da prole.
   Fala-se sobre a necessidade dos exames pré-nupciais, sem dúvida necessários, mas com lamentável descaso pela preparação psicológica dos futuros nubentes em relação aos encargos e às responsabilidades esponsalícias e familiares.
   A Doutrina Espírita, atualizando a lição evangélica, descortina na família esclarecida espiritualmente a Humanidade ditosa do futuro promissor.
   Sustentá-la nos ensinamentos do Cristo e nas Lições da reta conduta, apesar da loucura generalizada que irrompe em toda parte, é o mínimo dever de que ninguém se pode eximir.

                                     Joanna de Ângelis. (Divaldo P. Franco.)

sábado, 15 de setembro de 2012

Chico , Emmanuel e Herculano Pires falam do Capítulo 5 Bem Aventurados os Aflitos, do tema Eutanásia baseada no estudo do item 28.



MATAR  POR  BENEVOLÊNCIA

Francisco Cândido Xavier

Antes da nossa reunião pública, amigos da Guanabara mostraram-nos duas reportagens recentemente lançadas sobre a eutanásia. Éramos um grupo de irmãos debatendo assuntos da atualidade e o problema ¿ii oposto despertou-nos a atenção. Depois de opiniões v;criadas na conversação em curso, o horário nos chamou para as tarefas da noite.
Aberta a nossa reunião de estudos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, com surpresa para nós todos, ofereceu-nos o item 28 do capítulo V, sobre a questão da morte aplicada em nome da benevolência humana.
Diversos companheiros comentaram a lição, após ri que Emmanuel, o nosso caro benfeitor espiritual, compareceu com a página Eutanásia e Vida.


EUTANÁSIA  E  VIDA

Emmanuel

 Amigos da Terra perguntam freqüentemente pela opinião dos companheiros desencarnados, com respeito à eutanásia. E acrescentam que filósofos e cientistas diversos aderem hoje à idéia de se apoiar longamente a morte administrada, seja por imposição de recursos medicamentosos ou por abandono de tratamento. Declaram-se muitos deles confrangidos diante dos problemas das crianças que surgem desfiguradas no berço, ou à frente dos portadores de enfermidades supostas irreversíveis, muitas vezes em estado comatoso nos recintos de assistência intensiva. Alguns chegam a indagar se os pequeninos excepcionais devem ser considerados seres humanos e se existe piedade em delongar os constrangimentos dos enfermos interpretados por criaturas semimortas, insensíveis a qualquer reação.
Entretanto, imaginam isso pela escassez dos recursos de espiritualidade de que dispõem para dilatar a visão espiritual para lá do estágio físico.
É preciso lembrar que, em matéria de deformação, os complexos de culpa determinam inimagináveis alterações no corpo espiritual.
O homem vê unicamente o carro orgânico em que o espírito viaja no espaço e no tempo, buscando a evolução própria, mas habitualmente não enxerga os retoques de aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo, para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o desembarque na estação de destino.
A vista disso, o homem comum não conhece a face psicológica dos nossos irmãos suicidas e homicidas conscientes, ou daqueles outros que conscientemente se fazem pesadelos ou flagelos de coletividades inteiras. Devidamente reencarnados, em tarefas de reajuste, não mostram senão o quadro aflitivo que criaram para si próprios, de vez que todo espírito descende das próprias obras e revela consigo aquilo que fez de si mesmo.
Diante das crianças em prova ou dos irmãos enfermos, imaginados irrecuperáveis, medita e auxilia-os!
Ninguém, por agora, nas áreas do mundo físico, pode calcular a importância de alguns momentos ou de alguns dias para o espírito temporariamente internado num corpo doente ou disforme.
***
Perante todos aqueles que se abeiram da desencarnação, compadece-te e ajuda-o quanto puderes.
Recorda que a ciência humana é sempre um fato admirável, em transformação constante, embora respeitável pelos benefícios que presta. No entanto, não te esqueças de que a vida é sempre formação divina, e, por isto mesmo, em qualquer parte será sempre um ato permanente de amor.

PIEDADE  ASSASSINA

Irmão Saulo

A eutanásia é uma questão ele lógica. Se partirmos da premissa de que a morte é o fim, chegamos natural-mente à conclusão de que matar um doente incurável ou uma criança é um ato de piedade. Mas se partirmos da premissa de que a morte é apenas o fim de uma existência, nossa piedade será assassina. Uma premissa falsa nos leva a um raciocínio criminoso. Para raciocinar de maneira certa precisamos dispor de dados certos sobre o problema que enfrentamos. O materialismo só conhece o corpo e não leva em conta a existência da alma. Ignora por completo o sentido da vida. Seu raciocínio sobre a eutanásia se funda na ignorância.
O espiritualista sabe que a alma sobrevive ao corpo, mas nem todo espiritualista conhece o processo da vida. Seu raciocínio sobre a eutanásia pode levá-lo a um sofisma. Mas o espírita sabe que a vida é um processo de evolução e que cada existência corpórea é o resultado das fases anteriores desse processo. O espírita dispõe de dados seguros e precisos sobre o fenômeno biológico da morte. Esses dados, obtidos nas experiências científicas do Espiritismo, estão hoje sendo confirmados pelas pesquisas parapsicológicas e físicas sobre o transe da morte. Basta a descoberta do corpo bioplasmático pelos físicos e biólogos para advertir os espíritos sistemáticos de que podem estar enganados.
Os inquisidores medievais queimavam os supostos hereges em nome da caridade, para livrá-los do fogo eterno do inferno. Os materialistas atuais pretendem abreviar a morte em nome da piedade racional. Elas por elas, temos o dogmatismo da ignorância tripudiando sobre os direitos da vida. A mensagem de Emmanuel é uma advertência da razão esclarecida e deve ser meditada em todos os seus termos. Não basta lê-la, é preciso estudá-la.

Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.