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segunda-feira, 26 de abril de 2021

JOÃO À PAULO DE TARSO : A CAUSA É DO CRISTO!

 Em Éfeso, após uma noite tumultuada, com violências , onde a massa ,inconsciente,  foi lograda, por um grande comerciante, através de  boatos, disseminados por amotinadores pagos , no enredo, de  que Paulo e seus seguidores iriam destruir o templo de Diana e seus artefatos , prejudicando, assim, o trabalho. Paulo lamentou o ocorrido ,sobretudo com as prisões de Áquila e Prisca, e com muita tristeza , junto a João, desabafou: 




[...] " com os olhos mareados de lágrimas.

— ( Paulo ) Como tudo isto me contrista! Áquila e Prisca têm sido meus companheiros de luta, desde as primeiras horas da minha conversão a Jesus. Por eles devia eu sofrer tudo, pelo muito amor que lhes devo; assim, não julgo razoável que sofram por minha causa.

A causa é do Cristo! — respondeu João com acerto.

O ex-rabino pareceu conformar-se com a observação e sentenciou:


— Sim, o Mestre nos consolará.


E, depois de concentrar-se longamente, murmurou:


Estamos em lutas incessantes na Ásia, há mais de vinte anos… Agora, preciso retirar-me da Jônia,  sem demora. Os golpes vieram de todos os lados. Pelo bem que desejamos, fazem-nos todo o mal que podem. Ai de nós se não trouxéssemos as marcas do Cristo Jesus!


O pregador valoroso, tão desassombrado e resistente, chorava! João percebeu, contemplou-lhe os cabelos prematuramente encanecidos e procurou desviar o assunto:


Não te vás por enquanto — disse solícito —, ainda és necessário aqui.


— Impossível — respondeu com tristeza


 

—, a revolução dos artífices continuaria. Todos os irmãos pagariam caro a minha companhia.


Mas não pretendes escrever o Evangelho, consoante as recordações de Maria? — perguntou melifluamente o filho de Zebedeu.


— É verdade — confirmou o ex-rabino com serenidade amarga —, entretanto, é forçoso partir. Caso não mais volte, enviarei um companheiro para colher as devidas anotações.


— Contudo, poderias ficar conosco.


O tecelão de Tarso fitou o companheiro com tranquilidade e explicou, em atitude humilde:


— Talvez estejas enganado. Nasci para uma luta sem tréguas, que deverá prevalecer até ao fim dos meus dias. Antes de encontrar as luzes do Evangelho, errei criminosamente, embora com o sincero desejo de servir a Deus. Fracassei, muito cedo, na esperança de um lar. Tornei-me odiado de todos, até que o Senhor se compadecesse de minha situação miserável, chamando-me às portas de Damasco.
Então, estabeleceu-se um abismo entre minha alma e o passado. 


 Abandonado pelos amigos da infância, tive de procurar o deserto e recomeçar a vida. Da tribuna do Sinédrio,   regressei ao tear pesado e rústico. 


 Quando voltei a Jerusalém, o judaísmo considerou-me doente e mentiroso. Em Tarso experimentei o abandono dos parentes mais caros. Em seguida, recomecei em Antioquia a tarefa que me conduzia ao serviço de Deus. Desde então, trabalhei sem descanso, porque muitos séculos de serviço não dariam para pagar quanto devo ao Cristianismo. E saí às pregações. 


 Peregrinei por diversas cidades, visitei centenas de aldeias, mas de nenhum lugar me retirei sem luta áspera. Sempre saí pela porta do cárcere, pelo apedrejamento, pelo golpe dos açoites. Nas viagens por mar, já experimentei o naufrágio mais de uma vez; nem mesmo no bojo estreito de uma embarcação, tenho podido evitar a luta. Mas Jesus me tem ensinado a sabedoria da paz interior, em perfeita comunhão de seu amor.


Essas palavras eram ditas em tom de humildade tão sincera que o filho de Zebedeu não conseguia esconder sua admiração.


— És feliz, Paulo — disse ele convicto —, porque entendeste o programa de Jesus a teu respeito. Não te doa a recordação dos martírios sofridos, porque o Mestre foi compelido a retirar-se do mundo pelos tormentos da cruz. Regozijemo-nos com as prisões e sofrimentos. Se o Cristo partiu sangrando em feridas tão dolorosas, não temos o direito de acompanhá-lo sem cicatrizes…


O Apóstolo dos gentios prestou enorme atenção a essas palavras consoladoras e murmurou:


— É verdade!…


— Além do mais — acrescentou o companheiro emocionado —, devemos contar com calvários numerosos. Se o Cordeiro Imaculado padeceu na cruz da ignomínia, de quantas cruzes necessitaremos para atingir a redenção? Jesus veio ao mundo por imensa misericórdia. Acenou-nos brandamente, convocando-nos a uma vida melhor… Agora, meu amigo, como os antepassados de Israel, que saíram do cativeiro do Egito à custa de sacrifícios extremos, precisamos fugir da escravidão dos pecados, violentando-nos a nós mesmos, disciplinando o espírito, a fim de nos juntarmos ao Mestre, correspondendo à sua imensa bondade.


Paulo meneou a cabeça, pensativo, e acentuou:


Desde que o Senhor se dignou convocar-me ao serviço do Evangelho, não tenho meditado noutra coisa.


Nesse ritmo cordial conversaram muito tempo, até que o Apóstolo dos gentios concluiu mais confortado:


— O que de tudo concluo é que minha tarefa no Oriente está finda. O espírito de serviço exige que me vá além… Tenho a esperança de pregar o Evangelho do Reino, em Roma, na Espanha e entre os povos menos conhecidos…


Seu olhar estava cheio de visões gloriosas e João murmurou humildemente:

— Deus abençoará os teus caminhos


fonte: 
LIVRO:Paulo e Estevão-28ª edição.
Ditado por Emmanuel em parceria com Francisco Cândido Xavier.


Trecho retirado do capítulo 7 - As

Epístolas - pág.439-441

sábado, 27 de abril de 2013

EADE- Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita Livro I- Módulo II - Roteiro 10 " O Calvário, a crucifixação e a ressureição de Jesus

MÓDULO II -
Roteiro 10
O CRISTIANISMO
O CALVÁRIO, A CRUCIFICAÇÃO
E A RESSUREIÇÃO DE JESUS

• E os que prenderam Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os
escribas e os anciãos estavam reunidos. Mateus, 26:57
• E foi Jesus apresentado ao governador, e o governador o interrogou, dizendo: És tu
o Rei dos judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Mateus, 27:11-12
• Disse-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos:
Seja crucificado! O governador, porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais
clamavam, dizendo: Seja crucificado! Então, Pilatos, vendo que nada aproveitava,
antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo:
Estou inocente do sangue deste justo; considerai isso. E, respondendo todo o povo,
disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. Mateus, 27:22-25
• E, despindo-o, o cobriram com uma capa escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele,
o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana
e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a
capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado. E, quando saíam,
encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar
a sua cruz. E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira,
deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
Mateus, 27:28-34
• E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. E eis que o véu do
templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.
Mateus, 27:50-51
• Após a crucificação e sepultamento do corpo de Jesus (Marcos, 15:27-37, 42-47),
o Senhor ressuscita, aparecendo a Maria de Madalena, aos apóstolos e a alguns
discípulos. (João, 20:11-31; 21:1-20)1. O calvário de Jesus
O calvário de Jesus começa quando ele é aprisionado, no Getsêmani (Horto
das Oliveiras), no momento em que orava na companhia de Pedro, João, e seu
irmão Tiago. (Lucas, 22:39; Mateus, 26:36-41; João, 18:1-11)
Nesse momento, os soldados e oficiais romanos chegam acompanhados
de sacerdotes, assim como do apóstolo Judas Iscariotes. Este se aproxima
do Mestre, beija-o na face para ser identificado pelas autoridades presentes.
(Lucas, 22:47-48)
Em seguida à prisão de Jesus, os apóstolos se revelam apreensivos, temendo
que alguma coisa ruim poderia lhes acontecer. Pedro, inclusive, nega conhecer
Jesus quando, por três vezes, é inquirido, conforme Jesus tinha previsto.
(Lucas, 22:54-62; João, 13:38)
A negação de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas, perdidas na
invigilância e na despreocupação da realidade espiritual, deixando-se conduzir, indiferentemente,
aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem cogitarem de um
esforço legítimo e sincero, na definitiva edificação de si mesmas. 14
A excelsitude do Espírito de Jesus é especialmente notada durante o seu
calvário e crucificação. O amor e a renúncia são expressivamente demonstrados,
sobretudo após a traição, a humilhação e o abandono a que foi submetido.
Poucos [...] sabem partir, por algum tempo, do lar tranqüilo, ou dos braços adorados
de uma afeição, por amor ao reino que é o tabernáculo da vida eterna! Quão poucos
saberão suportar a calúnia, o apodo, a indiferença, por desejarem permanecer dentro
de suas criações individuais, cerrando ouvidos à advertência do céu para que se afastem
tranqüilamente!... [...] Os discípulos necessitam aprender a partir e a esperar onde as
determinações de Deus os conduzam, porque a edificação do Reino do Céu no coração
dos homens deve constituir a preocupação primeira, a aspiração mais nobre da alma, as
esperanças centrais do espírito!... 9
Aprisionado, Jesus foi conduzido pelos mensageiros dos sacerdotes,
manietando-lhe as mãos, como se ele fosse um criminoso vulgar. 10
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições
psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se
separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento
dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus
eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial
ao palácio de Ântipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção
do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria até ao instante derradeiro, todos
os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição,
alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais,
seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor.
O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem
uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado
na hora última. Conhecendo que cada criatura tem o seu instante de testemunho,
no caminho de redenção da existência, observou às piedosas mulheres que o cercavam,
banhadas em lágrimas: – “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós
mesmas e por vossos filhos!...”
Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem
que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora.
Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do
madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a
ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria. 11
Na manhã seguinte, Jesus é levado à presença de Pilatos, o governador
romano da Galiléia, para ser interrogado.
E Pilatos lhe perguntou: Tu és o Rei dos judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.
E os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas, porém ele nada respondia.
E Pilatos o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam
contra ti. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava. Ora,
no dia da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem. E havia um
chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido
uma morte. E a multidão, dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes
tinha feito. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos judeus?
Porque ele bem sabia que, por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado.
Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão para que fosse solto antes Barrabás.
E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis, pois, que faça daquele a quem
chamais Rei dos judeus? E eles tornaram a clamar: Crucifica-o. Mas Pilatos lhes disse:
Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o. Então, Pilatos, querendo
satisfazer a multidão, soltou-lhes Barrabás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse
crucificado. (Marcos, 15: 2-15)
Antes da crucificação, os soldados conduziram Jesus ao Pretório, no
interior do palácio governamental, e convocaram toda a coorte. Em seguida,
vestiram-no de púrpura e tecendo uma coroa de espinhos, lha impuseram. E
começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! E batiam-lhe na cabeça com um
caniço. Cuspiam nele e, de joelhos, o adoravam. Depois de caçoarem dele,
despiram-lhe a púrpura e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes.
(Marcos, 15: 16-20)
Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça dizendo: Ah! tu, que
destróis o Templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo, descendo da
cruz! Do mesmo modo, também os chefes dos sacerdotes, caçoando dele entre
si e com os escribas diziam: A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! O
Messias, o Rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos!
E até os que haviam sido crucificados com ele o ultrajavam. (Marcos,
15: 29-32)
Um dos malfeitores que suspensos à cruz insultava, dizendo: Não és tu
o Cristo? Salva-te a ti mesmo, e a nós. Mas o outro, tomando a palavra, o repreendia:
Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto
a nós, é de justiça, pagarmos por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal.
E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino. Ele
respondeu: Em verdade, te digo, que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lucas,
23: 39-43)
2. A crucificação de Jesus
Prosseguindo com os relatos do Evangelho, vimos que Pilatos entregou
Jesus para ser crucificado. Ele saiu, carregando sua cruz e chegou ao chamado
Lugar da Caveira — em hebraico, chamado Gólgota —, onde o crucificaram; e,
com ele, dois outros: um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos redigiu também
um letreiro e o fez colocar sobre a cruz; nele estava escrito: « Jesus, Nazareno, rei
dos judeus. [...] E estava escrito em hebraico, latim e grego.» (João, 19:17-20)
Depois da crucificação os soldados repartiram entre eles, as vestes e a túnica
de Jesus. Ora a túnica era inconsútil [peça inteira, sem costura]. Disseram
entre si: não a rasguemos, mas, lancemos sorte sobre elas, para ver de quem
será.” (João, 19:23-24)
Perto da cruz permaneciam Maria, a mãe de Jesus, sua irmã, mulher de
Clopas e Maria Madalena. Vendo Jesus a sua mãe e, próximo a ela, o apóstolo
João, disse: “Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe.
E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (João, 19:25-27)
Após a crucificação, alguns judeus não querendo permanecer mais tempo
ali porque era o dia da Preparação da Páscoa, pediram a Pilatos para autorizar
quebrassem as pernas dos crucificados, (Jesus e os dois ladrões). Os soldados,
porém, transpassaram uma lança no corpo de Jesus, de onde jorrou sangue e
água.(João, 19:31-34)
A ingratidão recebida por Jesus, após os inúmeros benefícios que proporcionou,
nos conduzem a profundas reflexões. Percebemos, de imediato o
sublime amor por todos nós.
O [...] amor verdadeiro e sincero nunca espera recompensas. A renúncia é o seu ponto de
apoio, como o ato de dar é a essência de vida. [...] Todavia, quando a luz do entendimento
tardar no Espírito daqueles a quem amamos, deveremos lembrar-nos de que temos a
sagrada compreensão de Deus, que nos conhece os propósitos mais puros. 8
Um pouco antes da sua morte, conforme foi mencionado, Jesus entrega
Maria aos cuidados de João, filho de Zebedeu. Trata-se de outra valiosa lição,
como todas as que o Mestre nos legou.
Ensinava [...] que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que,
no futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da cessação
de todo egoísmo e que, no santuário de cada coração, deveria existir a mais abundante
cota de amor, não só para o círculo familiar, senão também para todos os necessitados do
mundo, e que no templo de cada habitação permaneceria a fraternidade real, para que a
assistência recíproca se praticasse na Terra, sem serem precisos os edifícios exteriores,
consagrados a uma solidariedade claudicante. 12
No momento da morte de Jesus, relata o Evangelho que, à hora sexta,
surgiram trevas sobre a Terra, até a hora nona. Jesus, então, dando um grande
grito, expirou. E o véu do Santuário (do Templo) se rasgou em duas partes, de
cima a baixo. O centurião, que se achava bem defronte dele, vendo que havia
expirado deste modo, disse: “Verdadeiramente, este homem era filho de Deus.”
(Marcos, 15:33,37-39)
Quanto ao fenômeno das trevas, Kardec nos elucida:
É singular que tais prodígios, operando-se no momento mesmo em que a atenção da
cidade se fixava no suplício de Jesus, que era o acontecimento do dia, não tenham sido
notados, pois que nenhum historiador os menciona. Parece impossível que um tremor
de terra e o ficar toda a Terra envolta em trevas durante três horas, num país onde o
céu é sempre de perfeita limpidez, hajam podido passar despercebidos. A duração de
tal obscuridade teria sido quase a de um eclipse do Sol, mas os eclipses dessa espécie
só se produzem na lua nova, e a morte de Jesus ocorreu em fase de lua cheia, a 14 de
Nissan, dia da Páscoa dos judeus. O obscurecimento do Sol também pode ser produzido
pelas manchas que se lhe notam na superfície. Em tal caso, o brilho da luz se enfraquece
sensivelmente, porém, nunca ao ponto de determinar obscuridade e trevas. Admitido
que um fenômeno desse gênero se houvesse dado, ele decorreria de uma causa perfeitamente
natural. [...] Compungidos com a morte de seu Mestre, os discípulos de Jesus
sem dúvida ligaram a essa morte alguns fatos particulares, aos quais noutra ocasião
nenhuma atenção houveram prestado. Bastou, talvez, que um fragmento de rochedo se
haja destacado naquele momento, para que pessoas inclinadas ao maravilhoso tenham
visto nesse fato um prodígio e, ampliando-o, tenham dito que as pedras se fenderam.
Jesus é grande pelas suas obras e não pelos quadros fantásticos de que um entusiasmo
pouco ponderado entendeu de cercá-lo. 1
Em relação aos sofrimentos de Jesus, Emmanuel acrescenta:
A dor material é um fenômeno como o dos fogos de artifício, em face dos legítimos
valores espirituais. Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não
chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do
seu ideal. Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis
a contemplá-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indefinível para a nossa
apreciação restrita e singela. 13
Ainda na tormenta dos seus últimos instantes, seu ânimo era de paciência, de benignidade,
de compaixão. Já pregado na cruz, tendo o corpo e a alma lanceados, com os pregos
a lhe dilacerarem as carnes, e os acúleos da ingratidão a lhe ferirem o espírito, vendo
a seus pés, indiferentes ou raivosos, aqueles a quem abençoara, protegera, ensinara e
curara, pedia ao Pai que lhes perdoasse, porque eles não sabiam o que estavam fazendo.
E assim partiu o Salvador da Humanidade. Este homem, este herói, este mártir, este
santo, este Espírito excelso foi que regou com suas lágrimas e seu sangue a árvore hoje
bendita do Cristianismo. 6
3. A ressurreição de Jesus
Os exemplos de Jesus são roteiros que nos ensinam agir perante as provas.
No sábado, Maria de Magdala e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram
aromas param irem ungir o corpo. De madrugada, no primeiro dia da semana,
elas foram ao túmulo ao nascer do Sol. E diziam entre si: “Quem rolará a pedra
da entrada do túmulo para nós?” E erguendo os olhos, viram que a pedra fora
removida. Ora, a pedra era muito grande. Tendo entrado no túmulo, elas viram
um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram cheias
de espanto. Ele, porém, lhes disse: “Não vos espanteis! Procurais Jesus de Nazaré,
o Crucificado. Ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o puseram.
Mas ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá
o vereis, como vos tinha dito. (Marcos, 16:1-7)
Estava, então, Maria junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto
chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de
branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira
e outro aos pés. Disseram-lhe então: “Mulher, por que choras?” Ela lhes diz:
“Porque levaram meu Senhor e não sei onde o puseram!” Dizendo isso, voltouse
e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus lhe diz: Mulher, por
que choras? A quem procuras? Pensando ser o jardineiro, ela lhe diz: Senhor,
se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!” Diz-lhe
Jesus: Maria! Voltando-se, ela lhe diz em hebraico: Rabboni!, que quer dizer
Mestre. Jesus lhe diz: Não me toques, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém,
a meus irmãos e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso
Deus. Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Vi o Senhor, e as coisas que
ele lhe disse. (João, 20: 11-18)
Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados
pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam
perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo
apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea,
oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos
as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em
tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. 2
A ressurreição do Cristo nos oferece oportunas lições.
Jesus, [...] essa alma poderosa, que em nenhum túmulo poderia ser aprisionada, aparece
aos que na Terra havia deixado tristes, desanimados e abatidos. Vem dizer-lhes que a
morte nada é. Com a sua presença lhes restitui a energia, a força moral necessária para
cumprirem a missão que lhes fora confiada. As aparições do Cristo são conhecidas e
tiveram numerosos testemunhos. Apresentam flagrantes analogias com as que em nossos
dias são observadas em diversos graus, desde a forma etérea, sem consistência, com
que aparece à Maria Madalena e que não suportaria o mínimo contacto, até a completa
materialização, tal como a pôde verificar Tomé, que tocou com a própria mão as chagas
do Cristo. 3
Após a aparição a Maria Madalena, Jesus reencontra os discípulos: fechadas
as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio
e, pondo-se no meio deles, lhes disse: “A paz esteja convosco!” Tendo dito isso,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria
por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: “A paz esteja convosco! Como o
Pai me enviou também eu vos envio”. Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes
disse: “Recebei o Espírito Santo”. Aqueles a quem perdoardes os pecados serlhes-
ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos. Um dos
Doze, Tomé, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os
outros discípulos, então, lhe disseram: Vimos o Senhor! Mas ele lhes disse: Se
eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar
dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei. Oito dias depois, achavam-se
os discípulos, de novo, dentro da casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando
as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Disse
depois a Tomé: Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põena
no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê! Respondeu-lhe Tomé: Meu
Senhor e meu Deus! Jesus lhe disse: Porque viste, creste. Felizes os que não
viram e creram! (João, 20: 19-29)
Jesus aparece e desaparece instantaneamente. Penetra numa casa a porta fechadas. Em
Emaús conversa com dois discípulos que o não reconhecem, e desaparece repentinamente.
Acha-se de posse desse corpo fluídico, etéreo, que há em todos nós, corpo sutil que
é o invólucro inseparável de toda alma e que um alto Espírito como o seu sabe dirigir,
modificar, condensar, rarefazer à vontade. E a tal ponto o condensa, que se torna visível
e tangível aos assistentes. 4
As provas da ressurreição de Jesus são incontestáveis. Não há como ter
dúvidas.
As aparições diárias de Jesus àquela gente que deveria secundá-lo no ministério da Divina
Lei, haviam abrasado seus corações; e seus suaves e edificantes ensinamentos, cheios de
mansidão e humildade, tinham exaltado aquelas almas, elevando-as às culminâncias da
espiritualidade, saneando-lhes o cérebro e preparando-os, vasos sagrados, para receber
os Espíritos santificados pela Palavra, como antes lhes havia ele prometido, conforme
narra o Evangelista João. [...] Avizinhava-se o momento da partida. Ele iria, mas com
ampla liberdade de ação. Sempre que lhe aprouvesse viria observar o movimento que se
teria de operar entre as “ovelhas desgarradas de Israel”, as quais ele queria reconduzir
ao “sagrado redil”. [...] Deveriam os discípulos identificar-se com o Espírito e conhecer
o Espírito de Verdade, para, com justos motivos, anunciar às gentes, a Nova da Salvação
que libertá-las-ia do mal. 7
Todos esses acontecimentos, rela- tados pelos evangelistas depois da crucificação
de Jesus, servem de base para o conhecimento histórico do Cristianismo,
daí ter Paulo afirmado: «Se o Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé.»
O Cristianismo não é uma esperança, é um fato natural, um fato apoiado no testemunho
dos sentidos. Os apóstolos não acreditavam somente na ressurreição; estavam dela
convencidos. [...] O Cristo, porém, lhes apareceu e a sua fé se tornou tão profunda que,
para a confessar, arrostaram todos os suplícios. As aparições do Cristo depois da morte
asseguraram a persistência da idéia cristã, oferecendo-lhe como base todo um conjunto
de fatos. 5

Referências:
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15, item 55, p. 392-393.
2. ______. Cap. 15, item 61, p. 349.
3. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne.
12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Relações com os espíritos dos
mortos), p. 53-54.
4. ______. p, 54.
5. ______. p. 54-55.
6. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002. Capítulo:
O Espiritismo entre as religiões, item: (O Cristo), p. 204.
7. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão, SP: O Clarim.
2004. Capítulo: A ressurreição - o espírito e a fé, p. 340.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos
33. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. Cap.12 (Amor e renúncia), p. 82.
9. ______. p. 84.
10. ______. p. 181.
11. ______. Cap. 27 (A oração do horto), p.181-182.
12. ______. Cap. 30 (Maria), p. 198-199.
13. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro:
FEB. 2006. Questão 287, p.169-170.
14. ______. Questão 320, p.183