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sábado, 26 de junho de 2021

AUTO-OBSESSÃO POR MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA





Capítulo doloroso do comportamento humano que passa quase despercebido de grande número de pacientes e médicos, é o que diz respeito à auto-obsessão, fruto espúrio do egoísmo que gera o orgulho e os seus hediondos facínoras, quais o ódio, o ciúme, a inveja, o ressentimento.

Mais assinalado pelas heranças do primarismo que inspirado pelas conquistas da razão, o indivíduo permite-se algum extremo de proc edimento, impondo os próprios caprichos, sem conceder aos outros direitos equivalentes, derrapando na defesa da auto-imagem, considerando-se sempre a pessoa correta e melhores as suas opiniões. Quando isso não ocorre, entrega-se ao desleixo e abandona o esforço de crescimento interior a prejuízo das conquistas ético-morais que o capacitam para o avanço pela senda do progresso.

No primeiro caso, sofre o conflito de perfeccionismo, acreditando ser o indicado para tudo fazer melhor, e, quando assim acontece, levanta queixas e críticas contra os demais elementos do grupo social no qual se movimenta. Assevera que ninguém o entende, que as suas são as melhores intenções e o seu sacrifício em favor de todos não é levado em consideração merecida. Exigente, a todos agride, tornando o verbo amargo e ferino, possuindo as mãos calçadas por luvas de espinhos, e dedo em riste apontando sempre erros imaginários ou reais, que poderiam ser corrigidos mediante o estímulo edificante àqueles que os cometem.

Na segunda vertente, a destruição da imagem atira-o ao fosso do desestímulo e do desrespeito por si mesmo, abandonando a luta antes de enfrentá-la, assim tombando inerme na auto-obsessão, proibindo-se qualquer esforço para mudar de atitudePode-se notar que ambas condutas são profundamente autodestrutivas,trabalhadas pelas fixações pretéritas das existências infelizes de que não se conseguiu libertar.

Ressumando do inconsciente atual através dos delicados mecanismos do perispírito, impõem-se, perturbadoras, tornando-se algozes que infelicitam sem piedade aquele que lhes padeceram as injunções perversas.

O perfeccionista atormenta a todos, porque vive inquieto, desconfiado dos próprios valores, buscando o aplauso exterior, face à insatisfação interna de que se vê objeto. A auto-imagem que tenta apresentar não corresponde à realidade, razão porque, passado o momento das exigências que comprazem ao ego, derrapa em rebeldia contra si mesmo, afligindo-se com remorsos injustificáveis que não ajudam a reeducação, porquanto logo volve aos disparates habituais.

Na fase, porém da auto-recriminação – conduta que é autodestrutiva – amargura- se e desanima ante as atividades que devem ser leva das adiante. Cessados os efeitos momentâneos dessa reflexão perturbadora, reassume apostura inadequada de censor inclemente, sempre disposto a agredir.

Já o desleixado, que se autopuniu mediante o desprezo a que se atirou, guarda interiormente o sentimento de orgulho ferido, agredindo o grupo social através do mecanismo de vingança que, na impossibilidade de atingir a quantos crê não o respeitarem, volta-o contra si mesmo, matando a imagem dos outros na sua figura desprezível.

Todas essas e outras síndromes de condutas enfermas desenham o quadro patológico da auto-obsessão, em que o paciente lúcido sabe o que está fazendo, sem interesse real de empenhar-se para alterá-lo trabalhando por uma nova maneira de conquistar a saúde emocional.

Ocorre que, em situações de tal natureza, a questão de sintonia faz-se naturalmente e são sincronizadas as próprias com outras mentes de seres desencarnados que estagiam na mesma onda psíquica, perturbados e infelizes, aderindo aos que lhes são equivalentes, nutrindo-se reciprocamente enquanto mais se desgastam.

Torna-se urgente que sejam estudadas tais condutas  patológicas nas áreas do animismo como do mediunismo, a fim de que essas ressonâncias sejam interrompidas, enquanto agentes e pacientes recebam a terapia conveniente, que tem por base o esforço
pela transformação moral do ser, aplicando-se à autovigilância encarregada de minimizar, remediar e evitar a reincidência dessa extravagante forma de comportamento.

Curiosamente, podemos encontrar suas vítimas entre pessoas realmente generosas, porém, enquanto forem aceitas suas imposições ou negligências, conforme cada qual se apresente.

A característica comum desses pacientes é a dificuldade que têm de laborar em grupo, em razão do egoísmo que os assinala, do orgulho que se fere com facilidade, dos ressentimentos que se demoram arraigados, dos ciúmes que se permitem, nunca valorizando as demais pessoas que formam o conjunto.

Podem mesmo possuir ideais nobilitantes, sem que abdiquem dos
pontos de vista que devem sempre predominar, tornando-se arbitriamente líderes por imposição, quando esses, em realidade o são por inspiração e métodos adequados, salutares, de conduzir aqueles que se lhes acercam.

Mais lamentável é a patologia auto-obsessiva, porquanto permanece além do túmulo, amargurando com sevícias cruéis o enfermo deslindado da matéria mas não dos hábitos transtornadores.

A problemática se alonga por período expressivo, muitas vezes sendo necessária a internação em Nosocômios especializados, que o amor de nobres Espíritos edificaram na Espiritualidade com esse objetivo específico.

Somente a pouco e pouco, o calceta desperta para os prejuízos que a sua atitude doentia causou a si mesmo, dando curso a problemas que permanecerão aguardando reparação.

A oportunidade da vida social é de alta magnitude, por ensejar ao Espírito o salutar atrito das arestas que impedem a harmonia, contribuindo para o êxito dos empreendimentos que facultam o progresso do indivíduo assim como o da Humanidade.

No relacionamento entre as pessoas surgem os saudáveis instantes de aprendizado, mesmo quando as circunstâncias não o propiciam diretamente, o que pode ser também positivo. 

Não raro, muitas ocorrências que se apresentam desastrosas com paciência e correção se transformam em legítimas bênçãos que o Espírito utiliza para o desenvolvimento de valores morais adormecidos e conquistas éticas não alcançáveis por outros meios.

A vida é permanente educadora, facultando aos alunos das existências sucessivas o aprimoramento de si mesmos com excelentes ensejos de iluminação da consciência.

Quando convidados ao serviço do Bem, eis que surge mas maravilhosas ensanchas de trabalhar o egoísmo e limar o orgulho, harmonizando-se e fruindo a felicidade que o próprio serviço enseja.

Certamente, a ação edificante é sempre de resultados mais felizes para aquele que a executa, proporcionando-lhe o júbilo de também ser útil aos demais, espalhando esperanças e construindo o melhor, de forma que acrescenta ao existente valiosos contributos que tornam a vida mais bela e significativa.

Cabe, portanto, a todos os indivíduos, o empenho pela transformação moral, a fim de se liberarem do verdugo interior, que são as más inclinações que os levam às dolorosas auto-obsessões com amplos comprometimentos para as interferências danosasdos Espíritos perversos, que se comprazem em afligir todos quantos se lhes tornam vítimas ou estão de alguma forma, vinculados por compromissos infelizes do passado.

Todo o empenho dever ser desenvolvido para que se auo-analisem e tenham coragem de romper com as couraças da falsa invulnerabilidade impostas pelo egoísmo e pelo orgulho.

Enquanto vicejem as expressões da matéria no processo da evolução, o ser se encontra sob os camartelos da fragilidade, necessitando manter a vigilância em torno dos mecanismos que a acionam, e que se transformam em processos de sofrimento, porque assinalados pelos desejos que procedem da anterioridade dos instintos primários por onde deambulou. 

Os remanescentes dessas experiências demoram-se impondo os seus métodos dominadores, tais como a força, o egoísmo, a astúcia, a predominância da violência antes que da razão, arrastando-o com os seus grilhões constritores.

O conhecimento, que conduz à conquista da consciência, consegue operar-lhe a libertação dos desejos infrenes e angustiantes, alçando-o às aspirações luninescentes da espiritualização, graças, à qual, desaparecem os fenômenos da auto-obsessão e das demais outras expressões patológicas obsessivas.

Torna-se inadiável a necessidade de ser aplicado o auto-exame em referência aos pensamentos e atitudes cotidianos, de modo que se façam estabelecidos programas de disciplina mental e emocional, alterando o comportamento doentio, reestruturando a personalidade, a fim de que sejam conseguidas as metas aneladas.

O Espírito é um ser saudável, face à sua origem, experimentando o desabrocharde todas as faculdades que lhe dormem no imo, embora permaneçam por algum tempo as marcas predominantes do trânsito evolutivo, que deverá superar a partir do momento que desperta para a razão.

À medida que se impregna de sentimentos enobrecedores, mais fascínio experimenta pela conquista de patamares elevados, n os quais aspira a mais amplo horizonte de libertação.

O egoísmo, portanto, cujo predomínio em a natureza animal é de largo tempo, deve ser substituído pelo altruísmo através do corr eto esforço de bem servir à coletividade de cujo mister se fruem benesses mais propiciadoras de felicidade.

Enquanto se pensa em plenitude egoísta, persegue-se uma utopia de breve duração.

O ser humano está fadado ao trabalho e à convivência social, nos quais haure recursos para o próprio como para o desenvolvimento coletivo, sem cuja conquista permaneceria em estágio primitivo.

A vida possui, desse modo, a finalidade precípua de ensejar o seu progresso ininterrupto na direção do Psiquismo Divino que o atrai e fascina mesmo que inconscientemente.

A auto-obsessão, desse modo, cederá lugar ao tropismo do Amor que o erguerá dos limites e dores nos quais se encontra, para os indimensionais espaços da auto-realização.

Manoel P. de Miranda
Erkrath, Düsseldorf (Alemanha), 13 de junho de 1998.

Livro: Luzes do Alvorecer 
cap.15 - Distúrbios Emocionais Obsessivos