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segunda-feira, 3 de maio de 2021

COMER PÃO, BEBER VINHO "... pão representa o corpo doutrinário de sua doutrina e o vinho significa que ela se fundamenta sobre o Espírito"...Por isso, os seguidores de Moisés comeram o maná e morreram porque o pão que pretendiam era meramente para o sustento do corpo. Jesus, no entanto, trouxe o pão espiritual, do qual quem comer terá a vida eterna, isto é, passará a assimilar as coisas que dizem respeito ao Espírito. ..."







COMER PÃO , BEBER VINHO 

"E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é meu corpo que vos é dado.
Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo testamento do meu sangue, que é derramado por vós". (Lucas, 22:19-20)

O ato comemorativo da Páscoa, da forma como é realizado na atualidade, representa flagrante contraste com tudo aquilo que Jesus Cristo objetivou ensinar através do singelo ato da última ceia, quando congregou os apóstolos para o último encontro que antecedeu a sua crucificação.

A realização da chamada última ceia tem um sentido bem mais profundo, pois o anseio do Mestre era de propiciar aos seus apóstolos um ensinamento sobre a necessidade de troca de idéias sobre a nova doutrina, confraternização, entrelaçamento, fraternidade, unificação, e obviamente constituiu um grandioso ensino endereçado à posteridade.

Entretanto, o ato realizado pelo Mestre, quando cada um dos presentes comeu um pedaço de pão e tomou um pouco de vinho, após sofrer o impacto de constante deturpações, tem servido, no decurso dos tempos, para justificar a realização de verdadeiros festins materiais, quando o vinho é utilizado em excesso, muitas vezes com danosas conseqüências, e o uso de carnes das mais variadas espécies suplantou o singelo uso do pão.

O ato tem servido mesmo para que alguns homens procurem nele uma justificativa para os excessos no uso do vinho, afirmando que Jesus Cristo era apologista do seu uso, tendo mesmo, nas Bodas de Caná, convertido água em vinho, esquecendo-se de que ainda nesse caso o Senhor teve por objetivo ensinar que as doutrinas religiosas que se fundamentam sobre as coisas do mundo, sobre as coisas materiais, terão que se espiritualizar, para atender o reclamo dos seus seguidores, pois só assim poderão tomar parte no grande festim que o Cristo definiu como "conquista do reino dos céus".
Teria Jesus Cristo se reunido com os apóstolos meramente para que juntos comessem pão e bebessem vinho, ou objetivou ele propiciar aos seus pósteros um ensinamento de grande profundidade?

Nenhum dos atos comuns da vida do Mestre deixa de encerrar uma mensagem e é óbvio que nesse caso não poderia haver exceção. O pão representa o corpo doutrinário de sua doutrina e o vinho significa que ela se fundamenta sobre o Espírito.

São numerosos os ensinos de Jesus sobre o pão espiritual e para se verificar isso basta recorrer aos Evangelhos:
"Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre" (João, 6:48-51;57-58).

Moisés prometia as coisas da Terra. Os judeus daquela época ambicionavam possuir a Terra da Promissão.
Jesus veio trazer a mensagem para ensinar aos homens a conquista das coisas do Espírito.
Por isso, os seguidores de Moisés comeram o maná e morreram porque o pão que pretendiam era meramente para o sustento do corpo. Jesus, no entanto, trouxe o pão espiritual, do qual quem comer terá a vida eterna, isto é, passará a assimilar as coisas que dizem respeito ao Espírito.

Além dos doze apóstolos, Jesus Cristo também teve outros setenta discípulos mais ou menos dedicados. Certa vez, conforme relata o evangelista João (6: 60-65), após ter proferido um discurso sobre o sentido de sua doutrina, dizendo "minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida", foi sumariamente abandonado por esses setenta discípulos, os quais disseram: "Duro é este discurso; quem o pode ouvir?".

O Mestre asseverou que não se pode pôr vinho novo em odres velhos, do contrário ele não suportará a fermentação e se romperá. A sua doutrina, embora tenha como um dos seus fundamentos nas leis morais recebidas por Moisés no Monte Sinai, é sempre nova e não poderá ser suportada pelos "odres velhos" de antigas concepções religiosas, pelo sistema arcaico que se fundamenta sobre leis transitórias destinadas a servirem determinada época, ou em dogmas estabelecidos por grupos ou pessoas, que sempre se insurgiram contra as idéias reformistas.

Ainda desta vez o Senhor teve por objetivo proclamar que o sentido profundo de sua doutrina estava contido na expressão "carne e sangue". Carne porque ela é um corpo individual, inalterável, sangue porque ela é dinâmica e não estática. A sua doutrina é um corpo ativo, atuante, que não pode ser compreendida nos moldes como o era até há pouco tempo: uma doutrina estanque, sem vibração, divorciada da ciência, ciosa de ser a exclusiva, monopolizadora de toda a verdade, zelosa dos seus dogmas e portadora de outros prejuízos.

O corpo doutrinário é animado pela força e pela vibração. Se qualquer uma das veias desse corpo deixar de receber o influxo do sangue, ela se esclerosa, se petrifica.

fonte:
Autor: Paulo A. Godoy
Livro: Padrões Evangélicos.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

EADE- ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-LIVRO I MÚDULO 2 ROTEIRO 9 A ULTIMA CEIA

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
9
Objetivos
Identificar os principais ensinos e orientações transmitidos
por Jesus na última ceia.
Interpretar à luz do Espiritismo acontecimentos significativos
que ocorreram antes da crucificação de Jesus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei
muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não
a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus.E, tomando o cálice e
havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que
já não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E, tomando
o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo,
que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o
cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue,
que é derramado por vós.
(Lucas, 22:14-20)
Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do
Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem
é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer
isso.
(Lucas, 22: 21-23)
Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois,
pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos
com a toalha com que estava cingido.
(João, 13:4-5)
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei
a vós
[...]. (João 13:34)
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa do
Pai há muitas moradas; se não fosse assim eu vo-lo teria dito, pois vou prepararvos
o lugar.
(João 14:1-2)
Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E rogarei ao Pai e ele vos dará
outro Consolador, para que fique convosco para sempre
[...]. (João, 14:15-16)A ÚLTIMA CEIA

172
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. A última ceia
A última ceia de Jesus com os seus apóstolos representa mais um apelo
do Mestre à vivência da lei de amor, segundo os princípios da verdadeira fra
ternidade
que devem reinar na Humanidade. Nessa ceia, o Mestre transmite
também orientações finais aos discípulos, anuncia acontecimentos e empenha,
mais uma vez, o seu amor e proteção a todos que o aceitarem como orientador
maior.
Jesus, ao iniciar a última ceia destaca a sua importância: “E, chegada a hora,
pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer
convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei
mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo
dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não
beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e
havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por
vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice,
depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que
é derramado por vós. (Lucas, 22:14-20)
– Amados – disse Jesus, com emoção –, está muito próximo o nosso último instante
de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas
desde o primeiro dia do apostolado. Este pão significa o do banquete do Evangelho; este
vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo
de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no
mundo até o último dia. Todos os que partilharem conosco, através do tempo, desse

pão eterno e desse vinho sagrado da alma, terão o espírito fecundado pela luz gloriosa
do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos.
7
O simbolismo do pão e do vinho, que seria posteriormente incorporado
ao ritual da missa católica, sob o nome de eucaristia, tem significado específico,
segundo o Espiritismo.
A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como pretende
a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com Jesus, de cujo
ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus
sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida.
14
A mensagem evangélica demonstra claramente, ainda que sob o véu do
símbolo, que Jesus não estava fazendo referência ao pão, alimento material,
nem ao vinho, « [...] mas de sua doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa
ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de
conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos
dá um corpo novo, incorruptível, imortal.»
2
Cairbar Schutel esclarece assim:
As duas espécies:
pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão idéia da letra e do
espírito
; assim como a carne e o sangue especificam a mesma idéia: letra e espírito. Queria
Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo – que é a sua Doutrina –
não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida
em
espírito e verdade [...]. 2
Os registros existentes no plano espiritual nos fornecem detalhes a respeito
dos fatos acontecidos naquele dia inesquecível, de conformidade com as
anotações do Espírito Humberto de Campos (irmão X).
Reunidos os discípulos em companhia de Jesus, no primeiro dia das festas da Páscoa,
como de outras vezes, o Mestre partiu o pão com a costumeira ternura. Seu olhar, contudo,
embora sem trair a serenidade de todos os momentos, apresentava misterioso fulgor,
como se sua alma, naquela instante, vibrasse ainda mais com os altos planos do invisível.
[...] Em dado instante, tendo-se feito longa pausa entre os amigos palradores, o Messias
acentuou com firmeza impressionante:
— Amados: é chegada a hora em que se cumprirá a profecia da Escritura. Humilhado e
ferido, terei de ensinar em Jerusalém a necessidade do sacrifício próprio, para que não
triunfe apenas uma espécie de vitória, tão passageira quanto as edificações do egoísmo
ou do orgulho humanos. Os homens têm aplaudido, em todos os tempos, as tribunas
douradas, as marchas retumbantes dos exércitos que se glorificaram com despojos san
grentos, os grandes ambiciosos que dominaram à força o espírito inquieto das multidões;
entretanto, eu vim de meu Pai para ensinar como triunfam os que tombam no mundo,
cumprindo um sagrado dever de amor, como mensageiros de um mundo melhor, onde
reinam o bem e a verdade. Minha vitória é a dos que sabem ser derrotados entre os
homens, para triunfarem com Deus, na divina construção de suas obras, imolando-se,
com alegria, para a glória de uma vida maior.
5
Lucas afirma que, em seguida, Jesus anuncia a traição que lhe aconteceria:
“Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho
do Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por
quem é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia
de fazer isso.” (Lucas, 22:21-23)
O impacto de tais palavras provocou angústias e ansiedades nos apóstolos.
O Mestre, porém, lhes tranqüiliza, dizendo:
– Não vos perturbeis com as minhas afirmativas, porque, em verdade, um de vós outros
me há de trair!... As mãos, que eu acariciei, voltam-se agora contra mim. Todavia, min
halma
está pronta para execução dos desígnios de meu Pai. A pequena assembléia fez-se
lívida. Com exceção de Judas, que entabulara negociações particulares com os doutores
do Templo, faltando apenas o ato do beijo, a fim de consumar-se a sua defecção, ninguém
poderia contar com as palavras amargas do Messias. Penosa sensação de mal-estar se
estabelecera entre todos. O filho de Iscariotes fazia o possível por dissimular as suas
dolorosas impressões, quando os companheiros se dirigiam ao Cristo com perguntas
angustiadas:
— Quem será o traidor? — disse Filipe, com estranho brilho nos olhos. — Serei eu?
indagou André ingenuamente. — Mas, afinal — objetou Tiago, filho de Alfeu, em voz
alta, onde está Deus que não conjura semelhante perigo?
Jesus, que se mantivera em silêncio ante as primeiras interrogações, ergueu o olhar para o
filho de Cleofas e advertiu: – Tiago, faze calar a voz de tua pouca confiança na sabedoria
que nos rege os destinos. Uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de
estar sempre pronto ao chamado da Providência Divina. Não importa onde e como seja
o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa união com Deus, em todas as
circunstâncias. É indispensável não esquecer a nossa condição de servos de Deus, para
bem lhe atendermos ao chamado, nas horas de tranqüilidade ou de sofrimento.
A esse tempo, havendo-se calado novamente o Messias, João interveio, perguntando:
— Senhor, compreendo a vossa exortação e rogo ao Pai a necessária fortaleza de ânimo;
mas, por que motivo será justamente um dos vossos discípulos o traidor de vossa causa?
Já nos ensinastes que, para se eliminarem do mundo os escândalos, outros escândalos se
tornam necessários; contudo, ainda não pude atinar com a razão de um possível traidor
em nosso próprio colégio de edificação e de amizade.
6Judas Iscariotes passou para História como o traidor do Cristo. (João,

13:21-30) Entretanto, o apóstolo amava profundamente Jesus, jamais imaginando
que o Mestre seria aprisionado, condenado e crucificado. Isso não lhe passara
pela cabeça. Foi um discípulo que se deixou levar pelas ilusões do mundo. Não
conseguiu compreender a profundidade da mensagem cristã. Entendia que o
Evangelho somente poderia «[...] vencer com o amparo dos prepostos de César
ou das autoridades administrativas de Jerusalém [...].»
3 Na sua concepção o
Messias deveria deter em suas mãos todos os poderes, não compreendendo
que: as «[...] idéias do Mestre são do Céu e seria sacrilégio misturarmos a sua
pureza com as organizações viciadas do mundo!...»
4
O Espírito Irmão X (Humberto de Campos) também explica:
Não [...] obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se
pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões
surpreendia em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego
a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes.
10
Entretanto, conhecendo-lhe as fraquezas, Jesus sempre permaneceu «em
missão de auxílio a Judas.»
11
2. Ensinos e orientações de Jesus pronunciados na última ceia
• Advento de outro consolador
Jesus identifica a sinceridade nos pronunciamentos dos apóstolos, relativa
ao anúncio da traição. Percebe, porém, que eles ainda não têm condições de
compreenderem os acontecimentos em toda a sua extensão. Prorroga essa
compreensão para o futuro, anunciando-lhes o advento de outro consolador,
que lhes forneceria todos os esclarecimentos: “Se me amardes guardareis os
meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque
habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.
Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu
vivo, e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós, em
mim, e eu, em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é
o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e
me manifestarei a ele. [...] Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudoquanto vos tenho dito.” (João, 14:14-21; 26)
Jesus promete outro consolador: o
Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece,
por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar
todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. [...] O Espiritismo vem, na época
predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele
chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que
Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.”
O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias;
levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer
a consolação suprema aos deserdados filhos da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo
causa justa e fim útil a todas as dores. [...] Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse
do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde
vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei
de Deus e consola pela fé e pela esperança.
1
• O maior será menor no reino dos céus
Concluídas as elucidações sobre o pão e o vinho, e o anúncio da traição,
os apóstolos começaram a discutir quem, entre eles, seria o maior: “E houve
entre eles contenda. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles,
e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis
vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como
quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura,
não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve.”
(Lucas, 22:24-27)
Altamente tocados pelas suas exortações solenes, porém, maravilhados ainda mais com
as promessas daquele reinado venturoso e sem-fim, que ainda não podiam compreender
claramente, a maioria dos discípulos começou a discutir as aspirações e conquistas do
futuro. Enquanto Jesus se entretinha com João, em observações afetuosas, os filhos de
Alfeu examinavam com Tiago as possíveis realizações dos tempos vindouros, antecipando
opiniões sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o
Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simão Pedro que, depois
do triunfo, todos deviam entrar em Nazaré para revelar aos doutores e aos ricos da cidade
a sua superioridade espiritual. Levi dirigia-se a Tomé e lhe fazia sentir que, verificada a
vitória, se lhes constituía uma obrigação a marcha para o Templo ilustre, onde exibiriam
seus poderes supremos. Tadeu esclarecia que o seu intento era dominar os mais fortes e
impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lição de Jesus.
O Mestre interrompera a sua palestra íntima com João, e os observava. As discussões
iam acirradas. As palavras “maior de todos” soavam insistentemente aos seus ouvidos.
Parecia que os componentes do sagrado colégio estavam na véspera da divisão de uma
conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte
da presa. Com exceção de Judas, que se fechava num silêncio sombrio, quase todos discutiam
com veemência. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los
com
entristecida piedade.
8
• Jesus exemplifica que o maior discípulo é o que se torna servidor
“Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a
enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de
Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu
Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não
lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus
pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado
não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais
limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso,
disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas
vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho
feito? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Ora,
se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns
aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o
seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Se sabeis essas
coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” (João, 13: 4-17)
«Entregando-se a esse ato [lavar os pés dos apóstolos], queria o Divino
Mestre testemunhar às criaturas a suprema lição da humildade, demonstrando,
ainda uma vez, que, na coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre
aquele que se fizesse o menor de todos.»
12 Da mesma forma, ao cingir o corpo
com a toalha, reproduz Jesus a forma de agir dos escravos, em relação aos seus
senhores. Na verdade, «[...] quis proceder desse modo para revelar-se o escravo
pelo amor à vida, na abnegação e no sacrifício supremos.»
13
• Jesus anuncia novo mandamento
Em dois momentos, na última ceia, Jesus expressa que o amor deve ser o
fundamento que deve guiar as relações dos seus discípulos: “Um novo man
damento
vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que
também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João, 13:34-35)
“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como

eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida
pelos seus amigos.” (João, 15:12-13)
• Jesus destaca o valor da confiança no seu amor e na sua proteção
Jesus esclarece que o amor deve estar fundamentado na confiança, mes
mo
perante as adversidades: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse
assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos pre
parar
lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu
estiver, estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o
caminho. Disse-lhe Tomé: – Senhor, nós não sabemos para onde vais e como
podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e
a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim,
também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis e o tendes visto.
Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem
me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu
estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo
de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim; crede-me, ao menos, por causa
das mesmas obras. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em
mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque
eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para
que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome,
eu o farei.” (João, 14:1-14)
• Jesus é o caminho, e a verdade e a vida
Cedo ou tarde iremos compreender que somente por Jesus atingiremos
o estágio de Espíritos iluminados.
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios
terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos.
Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um
til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra.
Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto,
sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes,
no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os
patrimônios da Verdade e da Vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia reforma os títulos de
tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o

padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos,
ao contacto do Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos
o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de
nossa iluminação interior para a vida eterna.
15
• Jesus é a videira
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.Toda vara em mim
que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais
fruto. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim,
e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na
videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós,
as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim
nada podereis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como
a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e
vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis
meus discípulos.” (João, 15:1-8)
Jesus é o bem e o amor do princípio. Todas as noções generosas da Humanidade nasceram
de sua divina influenciação. Com justiça, asseverou aos discípulos, nesta passagem do
Evangelho de João, que seu espírito sublime representa a árvore da vida e seus seguidores
sinceros as frondes promissoras, acrescentando que, fora do tronco, os galhos se secariam,
caminhando para o fogo da purificação. Sem o Cristo, sem a essência de sua grandeza,
todas as obras humanas estão destinadas a perecer.
A ciência será frágil e pobre sem os valores da consciência, as escolas religiosas estarão
condenadas, tão logo se afastem da verdade e do bem. Infinita é a misericórdia de Jesus
nos movimentos da vida planetária. No centro de toda expressão nobre da existência
pulsa seu coração amoroso, repleto da seiva do perdão e da bondade.
Os homens são varas verdes da árvore gloriosa. Quando traem seus deveres, secam-se
porque se afastam da seiva, rolam ao chão dos desenganos, para que se purifiquem no
fogo dos sofrimentos reparadores, a fim de serem novamente tomados por Jesus, à conta
de sua misericórdia, para a renovação. É razoável, portanto, positivemos nossa fidelidade
ao Divino Mestre, refletindo no elevado número de vezes em que nos ressecamos, no
passado, apesar do imenso amor que nos sustenta em toda a vida.
16
• O valor da prece
Concluídas as orientações aos apóstolos, Jesus se retira para orar a Deus.
Segue para o Horto das Oliveiras (Getsêmani) acompanhado de Pedro, João e
Tiago Maior. Mais tarde, Judas os encontraria, vindo acompanhado dos oficiais
e soldados dos principais sacerdotes que iriam aprisioná-lo. (João, 18: 1-11).

Antes de se entregar à elevadas vibrações da prece, Jesus pede aos três
apóstolos para orarem em conjunto.
— Esta é a minha derradeira hora, convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha
a glorificação de Deus no supremo testemunho! Assim dizendo, afastou-se, a pequena
distância, onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar.
Pedro, João e Tiago [Maior] estavam profundamente tocados pelo que viam e
ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante
de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou:
— Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos
trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a
grandeza da sua confiança em nosso auxílio. Puseram-se a meditar silenciosamente.
Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no decurso
da oração.
9
No momento em que Jesus vai ser preso, ocorre o conhecido episódio
de Pedro cortar a orelha direita de Malco, servo do sumo sacerdote. Jesus
aproveita o ensejo para nos legar mais uma das suas preciosas lições quando,
repreendendo o apóstolo, anuncia: “Mete a tua espada na bainha; não beberei
eu o cálice que o Pai me deu?” (João, 18:11)
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos
desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados
por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no
terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio
e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos
relegado à retaguarda da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corri
gir
as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia...
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: — “Embainha tua
espada...”
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o
bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam
a existência, para que se faça em nós o reinado da luz. De lança em riste, jamais
conquistaremos o bem que desejamos. A cruz do Mestre tem a forma de uma espada
com a lâmina voltada para baixo. Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma
espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção
da paz, com felicidade e renovação.
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181
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan.
O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 6 (O Cristo consolador),
item 4, p. 140-141.
2. SCHUTEL, Cairbar.
Parábolas e ensinos de Jesus. 13. ed. Matão, SP: O Clarim.
2000. Item: A ceia pascoal, p. 258.
3. XAVIER, Francisco Cândido.
Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos
34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 24 (A ilusão do discípulo), p. 160.
4. ______. p. 161.
5. ______. Cap. 25 (A última ceia), p. 165-166.
6. ______. p. 166-167.
7. ______. p.168.
8. ______. p. 169-170.
9. ______. Cap. 27 (A oração do horto), p. 180.
10. ______.
Luz Acima. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). 9.ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap.44 (Do aprendizado de Judas), p.187.
11. ______.
Pontos e Contos. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).
10.ed. Rio de Janeiro: FEB, 199. Cap. 35 (Nas palavras do caminho), p.
186.
12. ______.
O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Questão 314, p. 182.
13. ______. Questão 315, p. 182.
14. ______. Questão 318, p. 183.
15. XAVIER, Francisco Cândido.
Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel.
27. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2006. Item: Interpretação dos textos
sagrados (Introdução do livro), p. 13-14.
16. ______. Cap. 55 (As varas da videira), p. 125-126.
17. ______.
Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB.
2006. Cap. 114 (Embainha tua espada), p. 291-292.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 9 - A Última Ceia