Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
Mostrando postagens com marcador Torah. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Torah. Mostrar todas as postagens

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita-Livro I- Cristianismo e Espiritismo Roteiro 4 : Judaísmo

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
4
Objetivos • Destacar as principais características do Judaísmo.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO I - ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
• Segundo as tradições, o Patriarca Abraão, considerado o pai do povo judeu,
partiu de Ur, sua cidade natal, porque recebera de Deus as seguintes instruções:
Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa
de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra. Gênesis, 12:1-3
• A religião judaica tem como princípio a idéia de Deus único. Trata-se de sua
pedra fundamental. A lei moisaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus.
O protegido de Termutis (mãe adotiva de Moisés) [...], foi inspirado a reunir
todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo
e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são
até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito. Emmanuel:
Emmanuel, cap. 2.
• Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte
Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra,
apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. Allan
Kardec: O evangelho segundo o espiritismo, cap. 1, item 2.
O JUDAÍSMO
45
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Informações históricas
É surpreendente a influência exercida pelos judeus na cultura ocidental,
quando se considera a simplicidade de suas origens e o tamanho minúsculo
do território onde se fixaram: cerca de 250 quilômetros de extensão e 80 quilômetros
de largura na parte mais ampla.
A palavra judeu deriva de Judéia, nome de uma parte do antigo reino de
Israel. A religião é também chamada de moisaica, já que considera Moisés
um dos seus fundadores. O Estado de Israel define o judeu como alguém cuja
mãe é judia, e que não pratica nenhuma outra fé. Aos poucos, porém, esta
definição foi ampliada para incluir o cônjuge. O judaísmo não é apenas uma
comunidade religiosa, mas também étnica. 10
O povo de Israel acredita-se descendente dos patriarcas Abraão, Isaac e
Jacob, e das matriarcas Sarah (Sarai ou Sara), Rebeca, Raquel e Lia, os quais
teriam moldado os caracteres da raça pela aliança que fizeram com Deus.
Segundo as tradições, Abraão, um habitante da alta Mesopotâmia, deixou
a cidade de Ur, em Harã – atualmente situada no sul do Iraque –, partindo
com sua esposa Sarah e Ló, um sobrinho e demais pessoas do seu clã, em busca
da terra habitada pelos cananeus, onde criaria os seus filhos. Abraão teria
recebido de Deus a inspiração de estabelecer-se nesse país, fundando ali uma
descendência, cumulada de favores por Deus e objeto de Sua especial predileção.
(Gênesis, capítulo 12) O local onde Abraão foi viver recebeu o nome de
Canaã ou Terra Prometida. O poder patriarcal de Abraão foi, com a sua morte,
SUBSÍDIOS
MÓDULO I
Roteiro 4
46
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
transferido ao seu filho Isaac (ou Isaque) e deste para Jacob (ou Jacó), que, por
sua vez, o passou para seus doze filhos. 7 (Gênesis, capítulo 35)
Sabe-se, porém, que o primeiro filho de Abraão não foi Isaque, este era filho
que teve com Sara, sua esposa (Gênesis, 21:1-8), gerado após o nascimento do
primogênito Ismael com a escrava egípcia Hagar ou Agar (Gênesis, 16:1-16).
Após a morte de Sara, Abraão casa com Quetura que lhe geraram seis filhos:
Zinrã, Jocsã, Meda, Mídia, Isbaque e Suá (Gênesis, 25: 1-7) Abrão, entretanto,
considerou o seu herdeiro legítimo apenas Isaque. (Gênesis, 25: 5)
Os doze filhos de Jacó, considerados os legítimos descendentes de Abraão
formam as doze tribos judaicas. Um dos filhos de Jacó com Raquel (Gênesis,
30:22-26), chamado José, foi vendido como escravo ao faraó egípcio, mas, em
razão da fama e autoridade por ele conquistadas, tornou-se vice-rei do Egito.
Por volta de 1700 a.C., o povo judeu migra para o Egito em razão da fome,
onde é escravizado por aproxidamamente 400 anos. (Êxodo, 1:1-14) A libertação
do povo judeu ocorre por volta de 1300 a.C., seguida da fuga do Egito,
comandada por Moisés – um judeu, criado por Termutis, irmã do faraó, após
tê-lo recolhido das águas do rio Nilo. (Êxodo, 2:1-20) Saindo do Egito, os excativos
atravessam o Mar Vermelho, vivendo 40 anos no deserto e submetendose
a todo tipo de dificuldades, próprias da vida nômade. O grande êxodo dos
israelitas foi, segundo a Bíblia, de 603.550 homens. 19 (Números, 1:46)
Durante a peregrinação pelo deserto, Moisés recebe as Tábuas da Lei,
também chamadas Decálogo ou Dez Mandamentos, no monte Sinai, cadeia
montanhosa de Horeb, fundando, efetivamente, a religião judaica. (Êxodo,
20:1-17; 34:1-4. Deuteronômio, 5:1-21)
As Tábuas da Lei foram guardadas em uma arca – Arca da Aliança –,
especialmente construída para abrigá-las. (Êxodo, 25: 10-16; 37: 1-5); haveria
ainda um tabernáculo para a arca (Êxodo, 25:1-9); um propiciatório de ouro que
deveria ser colocado acima da Arca (Êxodo, 25: 17-22) e uma mesa de madeira
de lei, coberta de ouro, contendo castiçais, também de ouro, e outros objetos
necessários ao cerimonial religioso. (Êxodo, 25: 23-40) A arca e os Dez Mandamentos
acompanharam os judeus durante o tempo em que permaneceram no
deserto com Moisés. Antes de morrer, logo após ter localizado Canaã, Moisés
nomeou Josué, filho de Num, seu sucessor, cumprindo, assim, a profecia de que
encontraria a Terra Prometida antes de sua morte. (Deuteronômio, 34:1-5)
Josué foi inspirado a atravessar o rio Jordão, levando consigo os filhos de
47
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Israel à terra que lhe foi prometida por Deus, segundo relatos de suas escrituras.
(I Samuel, 1:20-28; 2:18-26) Do deserto, rio Jordão até o Líbano, daí até
o rio Eufrates, abrangendo o território dos heteus, estendendo-se até o mar,
em direção ao poente. (Josué, 1: 4) Acontece que essa terra já era habitada
por diferentes povos (cananeus, heteus, heveus, ferezeus, girgaseus, amorreus
e os jebuseus), que foram dominados pelos judeus. (Josué, 3:10; 5:1) Tudo
isso aconteceu no século XIII a.C., aproximadamente. As terras conquistadas
são divididas em doze partes e entregues a cada uma das tribos judaicas. Os
cananeus e outros povos continuaram em luta com os judeus conquistadores
por algum tempo, até serem contidos pelo representante da tribo de Judá.
(Juízes, 1:1-36)
Após a morte de Josué, cada tribo é governada por juízes, como Samuel
(I Samuel, 20-28; 2:18-26). Os juizes passaram a governar as tribos porque os
judeus, abandonando o culto a Deus, passaram a adorar outros deuses, como
Baal e Astarote. (Juízes, 2:11-16) Posteriormente, os juizes foram substituídos
por reis (I Samuel, 8: 1-6; 9-12) como Saul, da tribo de Benjamin (I Samuel, 10:
1-27), Davi (I Samuel, 16: 1; 10-13. II Samuel, 5: 1-4. I Reis, 2: 11) e Salomão
(I Reis, 1:46-48), filho de Davi (II Samuel, 5:13-14; II Crônicas, 9: 30-31), que
constrói o primeiro templo de Jerusalém, entre 970 e 931 a.C. Com a morte
de Salomão, Roboão, seu filho, torna-se rei, mas no seu reinado acontece a
revolta das tribos de Israel (II Crônicas, 10), separando-se a tribo de Davi (ou
de Israel) das demais (II Crônicas, 10:18-19), definitivamente.
As tribos se organizam em dois reinos: o de Judá e o de Israel.
O reino de [...] Judá manteve a antiga capital do rei David (Jerusalém) e com ela o templo
histórico do rei Salomão, o que lhe acarretou ascendência religiosa, embora a cidade de
Jerusalém viesse a ser conquistada pelo babilônio Nabucodonosor [em 586 a.C.] e mais
tarde pelo romano Pompeu. 16
Nabucodonosor, então rei da Babilônia, destrói o templo de Salomão e
deporta a maioria do povo de Judá. A partir desse exílio na Babilônia é que
se pode falar de Judaísmo ou religião judaica, propriamente dita. O reino de
Israel, na Samaria, é destruído em 721 a.C. No ano 586 a.C., mantendo-se a
divisão das tribos judaicas em dois reinos, nascem a esperança e a fé no advento
de um messias, o enviado de Deus, capaz de restaurar a unidade do povo,
garantindo-lhe soberania divina sobre a humanidade. 9
Os judeus voltam à Palestina em 538 a.C. Reconstroem aí o templo de
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
48
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Salomão, vivendo breves períodos de independência, interrompidos pelas
constantes invasões das potências estrangeiras. Entre os séculos II e IV a.C.,
migrações voluntárias difundem a religião e a cultura judaicas por todo o
Oriente Médio. Em 63 a.C., Jerusalém é conquistada pelos romanos, sob o
comando de Pompeu.
Jerusalém [...] figurou como capital do reino da Judéia, sob a dinastia de Herodes. Em
conseqüência de sublevação dos judeus, foi [Jerusalém] novamente cercada e incendiada
por tropas romanas, sob o comando do general e futuro imperador Tito. Reduzida a
colônia no tempo do imperador Adriano (sob o nome de Élia Capitolina), restaurou-lhe
a denominação tradicional (Jerusalém) o imperador Constantino. 15
No ano 6 d.C., a Judéia torna-se uma província de Roma. Em 70 d.C. os
romanos destroem o templo e, em 135, Jerusalém é arrasada. Com a destruição
do templo de Jerusalém pela segunda vez, e da própria cidade, inicia-se o período
da grande dispersão do povo judeu, conhecida como Diáspora.
Espalhados por todos os continentes, os judeus mantêm sua unidade
cultural e religiosa. A Diáspora termina em 1948, com a criação do Estado de
Israel. 9 Existem atualmente cerca de 13 milhões de judeus em todo o mundo;
4,5 milhões vivem no Estado de Israel.
2. A religião judaica
O Judaísmo é a primeira religião monoteísta da Humanidade. Fundamenta-
se na revelação dos Dez Mandamentos transmitidos por Deus (Yaweh)
a Moisés. O Decálogo é considerado o evento fundador da religião de Israel.
Religião que tem como princípio a idéia da existência de Deus único, Criador
Supremo.
Dos Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais
forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as
mutações. Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos
que, se grande era a sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu
orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida. Conscientes da superioridade
de seus valores, nunca perdeu a oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia
espiritual, mantendo-se pouco acessível à comunhão perfeita com as demais raças do
orbe. Entretanto, [...] antecipando-se às conquistas dos outros povos, ensinou de todos
os tempos a fraternidade, a par de uma fé soberana e imorredoura. 20
Um dos maiores teólogos do Judaísmo, Moses Maimônides (1135-1204),
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
49
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
desenvolveu treze artigos de fé, intrinsecamente fundamentados na crença em
Deus único, e que são aceitos como o referencial da religião pelo Judaísmo
tradicional.
O Judaísmo possui uma unidade doutrinária simbolizada: a) na Torá
(ou Torah), ou Lei judaica – revelação representada pelo Pentateuco de Moisés
(não possuindo, durante séculos, um país considerado como próprio, os
judeus mantiveram a coesão religiosa pelo estudo dos livros Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio); b) na conquista da liberdade, obtida pela
retirada do Egito, travessia do Mar Vermelho e conquista de Canaã; c) libertação
do cativeiro egípcio, conhecida como Páscoa judaica; d) no conceito de
nação, constituído durante a peregrinação de quarenta anos no deserto, e na
chegada à Terra Prometida (Canaã); e) na crença de serem os judeus o povo
eleito por Deus (entendem que, ao serem escolhidos por Deus, eles assumiram
o fardo de ser povo antes de experimentar os prazeres e a segurança da
nacionalidade). 14
A noção de povo escolhido pela Divindade é uma tradição religiosa que
passa, de geração a geração, como artigo de fé.
Era [...] crença comum aos judeus de então (época do Cristo) que a nação deles tinha de
alcançar supremacia sobre todas as outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão
que a sua posteridade cobriria toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem
atentarem ao fundo, eles acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.
[...] Entretanto [...], os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil:
a prática do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era
esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas [...]. 3
Um ponto doutrinário fundamental da religião judaica é que não é a fé
nem a contemplação que solidificam a relação entre o homem e Deus, mas a
ação: isto é, Deus determina, o homem cumpre a Sua vontade. Sendo assim, o
judeu deve conhecer Deus não por meio da especulação mística ou filosófica,
mas pelo estudo de Sua palavra escrita – a Torá –, pela prece, pela prática da
caridade, e pelas ações que promovem a harmonia. 8
A lei moisaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus. O protegido de Termutis
[...] foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando
o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações
são até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito. Moisés [...] foi o primeiro
a tornar acessíveis às massas populares os ensinamentos somente conseguidos à
custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades. 24
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
50
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
Para a fé judaica, Deus é uma presença ativa no mundo, de forma abrangente,
e na vida de cada pessoa, isoladamente. Deus não criou simplesmente a
Humanidade e dela se afastou, deixando-a entregue a si mesma. Ao contrário,
a Humanidade é totalmente dependente de Deus para evoluir e para ser feliz.
Como Deus é também pessoal, está envolvido diretamente em todos os aspectos
da vida de cada pessoa, podendo responder, em particular, às aspirações
individuais durante a prece. Por este motivo, os judeus oram três vezes ao dia
(manhã, tarde e noite), nas práticas do Shabat (sétimo dia da semana, reservado
ao descanso) e nas festas religiosas.
Os judeus não aceitam o dogma do pecado original, defendido pelos católicos
e protestantes. Analisam que esses religiosos fizeram interpretação literal
do livro Gênesis. Os rabinos escreveram no Talmud, item 31: «O sentimento
profundo de nossa liberdade moral se recusa a essa assimilação fatal, que tiraria
a nossa iniciativa, que nos acorrentaria [...] num pecado distante, misterioso,
do qual não temos consciência [...]. Se Adão e Eva pecaram, só a eles cabe a
responsabilidade de seu erro.» 6
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os
saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As
idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros não eram claramente
definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua
ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem
precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição
o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. 2
É importante assinalar que, a despeito de os judeus representarem uma raça
de profetas e médiuns notáveis, em Deuteronômio, 18:9-12, existe a proibição
moisaica de evocar os mortos.
«A proibição feita por Moisés tinha então a sua razão de ser, porque o legislador
hebreu queria que o seu povo rompesse com todos os hábitos trazidos
do Egito, e de entre os quais o de que tratamos era objeto de abusos.» 4
Haja vista que se «Moisés proibiu evocar os Espíritos dos mortos, é uma
prova de que eles podem vir; do contrário, essa interdição seria inútil.» 5
É importante não confundir a lei civil, estabelecida por Moisés para administrar
o povo judeu, nos distantes tempos da sua organização, com a Lei
Divina, inserida nos Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por ele.
«Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte
51
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra,
apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.» 1
Há, na atualidade, uma corrente do Judaísmo – denominada Judaísmo
Messiânico – que procura unir o Judaísmo com o Cristianismo, conscientes
de que Jesus é o Messias do povo judeu.
3. Os livros sagrados do Judaísmo
Os ensinamentos religiosos do Judaísmo estão consolidados nas obras
que se seguem, consideradas sagradas.
Torah - A palavra Torah significa a correta direção e, por extensão, “ensinamento”,
“doutrina” ou “lei”. A base da Torah é o pentateuco moisaico,
existente no Velho Testamento, e que representa a Lei Escrita de Deus, cujo
núcleo central é o Decálogo. O primeiro livro é Gênesis (Bereshit), que trata
da origem do mundo e do homem; o segundo é Êxodo (Shemot), que narra
a fuga dos judeus do cativeiro do Egito; o terceiro é Levítico (Vayikra), que
trata das práticas sacerdotais; o quarto é Números (Bamidbar), que traz o recenseamento
do povo judeu; o quinto livro é Deuteronômio (Devarim), com
discursos de Moisés e o código de leis familiares, civis e militares. Existe também
a Torah Oral (Lei Oral ou Mishnah), que explica o Pentateuco moisaico.
A Torah é um rolo de pele de animal Kosher (diz-se de animais ruminantes
que possuem pata fendida, tais como: boi, cervo e ovelha/carneiro), contendo
os cinco primeiros livros bíblicos. As cópias da Torah, existentes em todas as
sinagogas do mundo, têm exatamente o mesmo texto. 9
Os Profetas (Neviim)
Trata-se da mais antiga história escrita de que há registro no mundo. Esses livros surgiram
muito antes de haver algo como a história comparada ou a análise de fontes. No
entanto, o objetivo dos livros históricos do Antigo Testamento não era propriamente
registrar a história, e sim dar a ela uma interpretação religiosa. Dois dos livros históricos
receberam nomes de mulher. Os livros de Rute e de Ester são histórias curtas e belas, com
mulheres no papel principal. Os livros proféticos são Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze
Profetas Menores, assim chamados por causa da brevidade de suas obras: Oséas, Joel,
Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Segundo seu próprio testemunho, os profetas foram chamados para proclamar a vontade
de Deus. Muitas vezes eles usam a fórmula: “Diz o Senhor”. 11
52
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
Escritos Poéticos - Entre estes, há os cento e cinqüenta Salmos, que representam
os escritos de maior significado histórico e religioso do Velho Testamento.
Surgiram, possivelmente, em 587 a.C., antes da destruição de Jerusalém.
Foram elaborados para os serviços do templo e para a comemoração das festas
judaicas. Cerca de metade dos salmos é de Davi, significando isto que muitos
foram escritos por este ou para este rei. Outro escrito poético, reconhecidamente
de notável beleza, é o Livro de Job, que aborda o significado do sofrimento e a
justiça de Deus. 12
Talmud/Talmute ou “estudo”, é a principal obra do Judaísmo rabínico,
porque, segundo a tradição, Moisés não recebeu apenas a Lei Escrita de Deus
(Torah), mas também a Lei Falada, que deveria ser transmitida oralmente para
complementar o entendimento do que está escrito. Essa é a forma que os rabinos
orientam os seus fiéis e estudam os ensinamentos do Judaísmo. Do Talmute
originam-se todas as normas haláquicas (fundamentos das leis judaicas) e as
orientações não - haláquicas (aggaadah): ensinos éticos e interpretação de
textos bíblicos. O Talmute expressa a essência da cultura e da religião judaicas,
assim como o caminho espiritual que o povo judeu deve seguir. Há dois tipos
de Talmute: o da Babilônia e o de Jerusalém. O Talmud Babilônico consiste na
compilação das leis, inclusive a Torah, tradições, preceitos morais, comentários,
interpretações e debates registrados nas academias rabínicas da Babilônia e de
Israel, por volta do século quinto, abrangendo um período de mil anos (do século
V a.C. ao V d.C.), aproximadamente. O Talmud de Jerusalém foi publicado um
século antes do Babilônico. 13, 7
4. A cabala judaica. O calendário religioso
A Cabala é uma das correntes místicas do Judaísmo. O termo significa
literalmente recepção e, por extensão, tradição. Também pode ser traduzido
como recebimento, e transmissão de ensinamentos, porque os judeus místicos
afirmam que a Lei escrita só poderia ser explicada pela Lei oral, ensinada de
acordo com as pessoas e circunstâncias, secretamente. Essa tradição oral é
transmitida de geração a geração durante milênios. Trata-se de um tema tão
misterioso que, durante séculos, só homens casados e com mais de quarenta
anos eram autorizados a estudá-lo. Esta regra já não é totalmente aceita e, hoje,
homens e mulheres estudam os princípios básicos da Cabala. 17
Exige-se um certo grau de sabedoria e de maturidade espirituais para um
53
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
judeu aprender «interpretá-lo fielmente, nas épocas remotas. [...] Os livros
dos profetas israelitas estão satu rados de palavras enigmáticas e simbólicas,
constituindo um monumento parcialmente decifrado da ciência secreta dos
hebreus.» 21
Poucos judeus conhecem ou conheceram profundamente a Cabala.
Moisés foi um deles. Para os místicos judeus, somente através da Cabala conseguiremos
eliminar definitivamente a guerra, as destruições e as maldades
existentes no mundo. O primeiro cabalista teria sido o patriarca Abraão. Ele
teria visto as maravilhas da existência humana e dos mundos mais elevados.
O conhecimento adquirido por Abraão teria sido transmitido oralmente aos
seus descendentes. O primeiro trabalho sobre a Cabala, o Sefer Yetzirah, ou
Livro da Criação, é atribuído a Abraão. Esse texto básico da Cabala ensina que
existem trinta e dois caminhos da sabedoria organizados, por sua vez, em dez
itens denominados Sefirot ou Luzes Divinas. Estas luzes divinas, representadas
nas 22 letras do alfabeto hebraico, são canais que o Criador utilizou na obra da
Criação. As letras são consideradas os alicerces ou vasos da criação, e incluem
todas as combinações e permutações através das quais Deus criou o mundo
com palavras. A Cabala procura, essencialmente, descobrir a origem de tudo
o que existe: o Universo e a Terra; o ser humano, sua vida e morte; o mal; a
senda do bem; o poder da prece, etc. 18
O Antigo Testamento é um repositório de conhecimentos secretos, dos
iniciados do povo judeu, e somente os grandes mestres da raça poderiam. A
grande contradição do Judaísmo é, sem dúvida, a não-aceitação do Cristo
como o seu Messias.
A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido
pelo povo judeu. Os sacerdotes não esperavam que o Redentor procurasse a hora mais
escura da noite para surgir na paisagem terrestre. Segundo a sua concepção, o Senhor
deveria chegar no carro magnificente de suas glórias divinas, trazido do Céu à Terra pela
legião dos seus Tronos e Anjos; deveria humilhar todos os reis do mundo, conferindo
a Israel o cetro supremo da direção de todos os povos do planeta; deveria operar todos
os prodígios, ofuscando a glórias dos Césares. 22
Para os judeus, a vinda do Messias à Terra, surgindo sobre nuvens, com
grande majestade, cercado de seus anjos e ao som de trombetas, tinha um significado
muito maior do que a simples vinda de uma entidade investida apenas
de poder moral. Por isso mesmo, os judeus, que esperavam no Messias um rei
terreno, mais poderoso do que todos os outros reis, destinado a colocar-lhes a
54
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - O Judaísmo
nação à frente de todas as demais e a reerguer o trono de David e o de Salomão,
não quiseram reconhecê-lo no humilde filho de um carpinteiro, sem autoridade
material. No entanto, estejamos certos:
Jesus acompanha-lhe a marcha dolorosa através dos séculos de lutas expiatórias regeneradoras.
Novos conheci mentos dimanam do Céu para o coração dos seus patriarcas e
não tardará muito tempo para que vejamos os judeus compreendendo integralmente a
missão sublime do verdadeiro Cristianismo e aliando-se a todos os povos da Terra para
a Caminhada Salvadora, em busca da edificação de um mundo melhor. 23
O Judaísmo possui um calendário litúrgico ou religioso, conhecido como
Círculo Sagrado, cujas festas principais são: 9
• Rosh Hashaná: Ano Novo (mais ou menos em setembro). É o dia da
comemoração do aniversário da criação do mundo e o dia em que o Eterno
abre o livro da vida e da morte, escrevendo nele os atos que todos os viventes
realizaram durante o ano.
• Yom Kippur: Dia da Expiação (também em setembro). Esse é o dia
mais sagrado do ano. Os judeus adultos passam-no na Sinagoga, em orações e
súplicas, observando um rigoroso jejum de 25 horas, buscando o perdão divino
para os seus pecados. Reza a tradição que neste dia Deus fecha o livro da vida
e da morte, selando o destino de cada indivíduo para o ano seguinte.
• Pessach: Páscoa. É celebrada aproximadamente em catorze de abril,
no início da primavera. Comemorando-se a libertação do povo de Israel da
escravidão no Egito. São 8 dias de comemoração.
• Shavuot: Festa das Semanas (mais ou menos em maio). É a festa máxima
do Judaísmo, pois comemora a entrega da Torá (feita por Deus) a Moisés,
no Monte Sinai. Ela também é conhecida como Hag ha Bicurim (Festa das
Primícias).
55
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 1, item 2, p. 55.
2. ______. Cap. 4, item 4, p. 90-91.
3. ______. Cap. 18, item 2, p. 325-326..
4. ______. O que é o espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 1, p.
139 (Terceiro diálogo - o padre).
5. ______. p. 140.
6. ______. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos. Ano décimo primeiro,
1868/publicada sob a direção de Allan Kardec. Tradução de Evandro Noleto
Bezerra (poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima). Rio de Janeiro: FEB,
2005. Novembro de 1868. Nº 11, p. 456-459 (Do pecado original segundo
o Judaísmo).
7.ALGAZ, Isaac. Síntese da história judaica. http://www.tryte.com.br/judaismo/
co-leção/br/livro2/sintese.htm.
8. BRIAN, Lancaster. Elementos do judaísmo. Tradução de Marli Berg. 1. ed.
Rio de Janeiro: Ediouro, 1995, p. 15-16.
9. http://www.conhecimentosgerais.com.br. Acessar os itens: Religiões reveladas
e Judaísmo.
10. HELLERN, V. Notaker, H. GAARDNER, J. O livro das religiões. Tradução
de Isa Maria Lando. 9. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.Cap.
(Religiões surgidas no oriente médio:monoteísmo), item: Judaísmo, p. 98
11. ______. p. 105-106.
12. ______. p. 106-107.
13. ______. p. 108.
14. LAMM, Maurice. Judaísmo. Tradução de Dagoberto Mensch. 1. ed. São
Paulo: Sefer, 1999, p. 256.
15. MACEDO, Roberto. Vocabulário histórico-geográfico dos romances de
Emmanuel. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Vervete: Jerusalém, p. 122.
16. ______. p. 123 (Judá).
17. PROPHET, Elisabeth Clare. Cabala: o caminho da sabedoria. Tradução
de Urbana Rutherford. 1. ed. Rio de Janeiro, Record-Nova Era, 2002. Contracapa.
18. ______. Capítulos 1, 3, 6, 7 e 8.