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terça-feira, 11 de novembro de 2014

MÉDIUNS E INSTRUTORES(...)"não podemos compelir os irmãos de ideal, nos variados setores de nossa edificação, a proceder nesse ou naquele padrão de conduta, de vez que os princípios do Espiritismo são claros para nós todos..."(...)essa verdade é a de que Jesus não nos abandona em razão de nossas fraquezas, de que a Doutrina Espírita continuará brilhando sempre por chave de luz do Evangelho,..."



Irmão X

Ante os enigmas da mediunidade entre os homens, você pergunta, espantadiço: “Não dispõem os Espíritos Benevolentes e Sábios de recursos suficientes para impedir o abuso e a má fé? Estaremos sempre à mercê de médiuns infelizes, capazes de amplo comércio com as forças da sombra, a tisnarem de lodo o serviço nobre dos medianeiros honestos? Por que não instituir o estudo metódico da Doutrina Espírita nos templos de nossa fé, plasmando-se o caráter do instrumento mediúnico, antes de guinda-lo à publicidade?”
Suas inquirições realmente chegam a comover pela sinceridade em que se expressam;no entanto, meu caro, respondemos com a mesma clareza que os amigos desencarnados não escravizam as faculdades dos companheiros que permanecem no mundo.
Somente as entidades inferiores avocam para si o privilégio da posse temporária sobre as inteligências enfermiças, nos tristes processos da obsessão. Entrosadas entre si, partilham, na Terra, a loucura e a delinqüência, provocando, onde passam, os mais estranhos sentimentos, que variam do ridículo à compaixão.
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Todavia, entre os que despertaram para a responsabilidade, a governança tem o seu justo limite.
Os instrutores espirituais, qual acontece aos professores da escola comum, esclarecem e auxiliam sem constranger aos que lhes recebem assistência e bondade, encaminhando-os para a educação sem, contudo, violentar-lhes o livre arbítrio.
Do que posso deduzir, pelos estudos a que me consagro presentemente, milhares de tarefeiros da mediunidade foram conduzidos à Esfera Humana, durante o primeiro século do Espiritismo, todos eles munidos de honrosas designações de trabalho, em diversos países do Globo. Doutrinadores, materializadores, escreventes, assistentes, enfermeiros e condutores de opinião receberam preciosos títulos mediúnicos, renascendo na coletividade terrestre com a missão de servi-la, à feição de operários da luz; entretanto, raros atingiram o objetivo a que se propunham.
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Muitos desertaram, receando as preocupações do caminho; outros se distraíram excessivamente com as fascinações marginais; alguns esqueceram a conta que lhes seria pedida no Plano Divino, colocando-se na disputa ao poder humano; e alguns outros, ainda, preferiram acomodar-se a propostas menos dignas, descansando em felicidades ilusórias do mundo, como se pudessem fugir à sacudidela da morte.
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Partilhando as energias e os recursos dos Espíritos Benevolentes que os sustentavam, assim como pupilos amparados pelo prestígio e pela bolsa dos benfeitores que lhes estendem proteção e carinho, supuzeram-se donos de possibilidades que lhes não pertenciam e, superestimando o próprio valor, entregaram-se a aventuras particulares, nas quais se iniciaram em dolorosas experiências, quando não se afundaram em escabrosos precipícios de frustração.
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Nessas circunstâncias, o médium está sempre na posição de criatura que sacou valioso empréstimo no Banco da Bondade Divina com determinada finalidade, gastando o dinheiro a benefício próprio, com agravo dos próprios débitos.
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E, como a administração de qualquer instituto bancário não pode interferir na consciência dos seus devedores, sob pena de coartar-lhes a ação, também a Espiritualidade não subtraíra de nenhum modo, a iniciativa dos espíritos que se reencarnaram, com esse ou aquele mandato específico, porquanto, é da Lei que a colheita corresponda à espécie da plantação.
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No entanto, o último tópico de seus apontamentos merece anotação especial. Efetivamente, compete às organizações espíritas indiscutível responsabilidade na formação e observação dos médiuns, com mais ampla tarefa na divulgação doutrinária. Isso, porque a mediunidade, interpretada no ponto de vista de sintonia, só por si não constitui galardão. Há médiuns de todo feitio, inclusive aqueles que, por força de seu próprio passado, ainda suportam pesada influência das sombras, esperando que a Doutrina Espírita lhes envolva o campo mental na bênção de sua luz, a fim de que possam executar as próprias obrigações.
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Ainda aqui, todavia, não podemos compelir os irmãos de ideal, nos variados setores de nossa edificação, a proceder nesse ou naquele padrão de conduta, de vez que os princípios do Espiritismo são claros para nós todos.
De qualquer modo, porém, não se atenha ao desânimo.
Cada noite é a introdução de nova manhã.
De uma verdade inconteste, podemos guardar absoluta convicção, e essa verdade é a de que Jesus não nos abandona em razão de nossas fraquezas, de que a Doutrina Espírita continuará brilhando sempre por chave de luz do Evangelho, acima de quaisquer desacertos humanos, e de que todos nós, seja onde for, receberemos sempre da vida, de acordo com as próprias obras.
 
 
Livro – Histórias e Anotações – Francisco Cândido Xavier – Irmão X
Digitado por – Valeria Guida

 

sábado, 8 de junho de 2013

TAREFEIROS DA DOUTRINA(...)"“Guiar-se pela misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que nasce do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. ...

TAREFEIROS  DA  DOUTRINA
Francisco Cândido Xavier
        
Em nossa reunião eram, muitas as considerações em torno dos companheiras encarregados da divulgação do Espiritismo. As opiniões eram as mais diversas, quando as tarefas foram iniciadas.
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu o item 5 do capítulo XX, sobre os tarefeiros da nossa Doutrina de amor e luz. E o nosso caro Emmanuel, como sempre sucede, comentou o apontamento em estudo na página Legendas do Obreiro da Verdade.
 
LEGENDAS DO OBREIRO DA VERDADE
 
Emmanuel
 
Compreender que as necessidades e as esperanças dos outros são fundamentalmente iguais às nossas.
Auxiliar sem exigir que o beneficiado nos tome as idéias.
Reconhecer que a Divina Providencia possui estradas inúmeras para socorrer as criaturas e iluminá-las.
Aprender a tolerar com paciência as pequenas humilhações, a fim de prestar os grandes testemunhos de sacrifício pessoal que a Causa da Verdade lhe reclamará possivelmente algum dia.
Esquecer-se pela obra que realiza.
Guiar-se pela misericórdia e não pela critica.
Abençoar sem reprovar.
Construir ou reconstruir, sem ofender ou condenar.
Trabalhar sempre sem o propósito de ser ou parecer o maior ou o melhor ante os demais.
Cultivar ilimitadamente a cooperação e a caridade. Coibir-se de irritação e de azedume.
Agir sem criar problemas.
Observar que sem a disciplina individual no campo do bem, a prática do bem se faz impossível.
Respeitar a personalidade dos companheiros.
Encontrar ocasião para atender à benção da prece.
Deter-se nas qualidades nobres e olvidar as prováveis deficiências do próximo.
Valorizar o esforço alheio. Nunca perder tempo.
Apagar inimizades ou discórdias através da desculpa fraterna e do serviço constante que devemos uns aos outros.
Criar oportunidades de trabalho para si, ajudando aos outros no sentido de descobrirem as oportunidades de trabalho que lhe digam respeito à capacidade e às possibilidades de realização, conservando em tudo a certeza inalterável de que toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus.
 
TODOS SÃO IMPORTANTES
 
Irmão Saulo 
 
Somos iguais perante a seara, porque somos todos iguais perante o Senhor da Seara. Deus não faz acepção de pessoas, nem de posições e muito menos de instituições. O item 5 do capítulo XX de O Evangelho Segundo o Espiritismo estabelece esta condição essencial: “Felizes os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse e movidos apenas pela caridade”. Emmanuel conclui a sua mensagem lembrando “que toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus”.
Querer que não haja discordâncias entre os que trabalham na divulgação e na sustentação da Doutrina seria acalentar quimeras. Cada consciência humana, como ensina Hubert, é um ponto na correnteza da duração. Cada um de nós está colocado num ângulo determinado do eterno fluir da realidade. Cada qual, portanto, tem a sua maneira própria de ver as coisas.
O Espiritismo nos ensina que nos completamos uns aos outros pelas nossas diferenças. Mas se diferimos nos acessórios, concordamos sempre no essencial. Por isso mesmo a caridade – que é o amor em ação – deve eliminar as arestas do nosso personalismo, ensinando-nos que todos somos importantes na busca e na conquista da verdade.
Claro que não devemos concordar com tudo e tudo aprovar em silêncio, pois a tolerância de acomodação equivale a cumplicidade com o erro. A crítica maldosa e orgulhosa, que condena tudo o que é feito pelos outros, é a negação da caridade. Mas ai de nós se suprimirmos a crítica do meio espírita! Porque é ela, quando sensata e sincera, a prática da vigilância que Jesus ensinou e Paulo exemplificou. Como utilizar o “crivo da razão”, de que nos fala Kardec, se abdicarmos do direito de pensar que mais do que um direito é um supremo dever do espírito?
Quando Emmanuel diz: “Guiar-se pela misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que nasce do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. O lema “Valorizar o esforço alheio” não implica a valorização dos erros e dos enganos do próximo, mas o reconhecimento dos esforços feitos por todos a favor da causa comum. Todos precisamos de misericórdia, mas a misericórdia, como Deus nos mostra em sua lei de ação e reação, não é a aprovação de erros e ilusões – e sim a correção e o esclarecimento.
Do livro "Astronautas do Além", de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos


Do livro "Astronautas do Além", de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos
 

 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Trabalhos & trabalhadores

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)




 

Tudo no mundo reclama entendimento...
Tudo na vida pede nosso esforço...
“Eis que o semeador saiu a semear...” - Jesus. (Mt., 13:3.)
 
O tema chama a atenção para dois posicionamentos importantes, que dizem respeito às nossas atitudes perante os ensinamentos de Jesus e as escolhas que fazemos, ainda que tenhamos pouco conhecimento deles.
Uma delas lembra que os trabalhadores do mundo classificam-se em diferentes posições, mas que o campo é um só; a outra se reporta a uma frase de Jesus, dita aos discípulos, referindo-se ao Evangelho que Ele trazia. Disse o Mestre: “A semeadura é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”¹, ou os colhedores, como entendemos, fazendo referência ao consolo que Seus ensinamentos traziam e a presença de poucos trabalhadores para recolherem essas benesses.
Em relação à primeira, incontáveis são os trabalhos ligados ao estômago, como incontáveis são os trabalhadores que permanecem ligados às emoções relativas ao sexo. Ambos têm fundamento sagrado, mas não podemos e não devemos permanecer parados em uma ou outra expressão, visto ser preciso levantar os olhos e ver acima das regiões nas quais estamos mergulhados.  Necessitamos pensar que existem zonas mais elevadas de onde poderemos colher valores novos, atendendo à nossa própria existência.
Cada um de nós é um celeiro, no qual armazenamos a colheita que houvermos feito em nossas viagens reencarnatórias. É chegado o momento de limparmos esse celeiro e renová-lo com as benesses que houvermos colhido, frutos de semeadura cuidadosa.
A semeadura é nossa, a colheita é nossa e o celeiro é dádiva divina, que precisamos cuidar.  Estamos falando do Espírito que é abrigado pelo corpo, corpo esse que permite a esse mesmo Espírito progredir, evoluir, adquirir valores morais perenes, para que se afaste cada vez mais das zonas inferiores da matéria grosseira e ganhe asas para voos mais altos, em direção a mundos mais elevados.
É a busca de iluminação espiritual, que cada um de nós necessitará, mais cedo ou mais tarde, porque o que é somente material já não nos satisfará mais. Só que essa busca vai requerer, também, de cada um de nós, a disposição firme, a perseverança para alcançar o objetivo e o fortalecimento da fé para que, independentemente dos obstáculos e tentações, possamos prosseguir sem medo.
Tudo no mundo reclama entendimento... Tudo na vida pede nosso esforço...
É neste ponto que a frase de Jesus, dita aos discípulos, necessita esclarecimento: existe o trabalho e existem os trabalhadores. Ainda que estes sejam diferentes, aquele é um só. Ainda que surjam trabalhadores em diferentes posições e atividades, o campo é um só. É a seara do Pai, porque tudo pertence a Ele; tudo emana d`Ele e pode ser transformado em nossas mãos, pela Sua Infinita Misericórdia, em benesses para nós e para os outros. Jesus é o Celeste Trabalhador, agindo em nós e a nosso favor, a fim de aprendermos a ser Seus instrumentos no cumprimento da obra divina em nós.
São as Leis do Trabalho e do Progresso que regem o Universo. Todavia, há milhões de pessoas que se sentem dispensadas da glória de servir; criaturas essas que veem o trabalho como humilhação, como sofrimento e, por isso mesmo, buscam todo tipo de facilidades delituosas, desperdiçando as horas, voltadas tão-somente para a realização dos seus desejos e caprichos, imitando o poço d`água parada que se envenena por si próprio.
Infelizmente, temos, também, muitos aprendizes do Evangelho que almejam grandes realizações de um dia para outro. Diz Emmanuel que esses companheiros – e será que não somos desses? – querem “a coroa da santidade, o poder da cura, a glória do conhecimento superior, as edificações de grande alcance...”²
Entretanto, não basta desejar. Tudo na Natureza obedece a uma sequência da qual ninguém escapa, pois não é possível queimar etapas.
Prossegue Emmanuel, dizendo que a árvore vitoriosa na colheita foi antes um arbusto frágil; que a catarata, capaz de movimentar turbinas poderosas, é um fio de água no nascedouro; e que a construção de um edifício não pode dispensar o serviço da pá e da picareta, do tijolo e da pedra...  Por essa razão, é de vital importância, para garantirmos o prosseguimento nos caminhos da evolução, que abracemos os deveres humildes e simples, por mais árduos que possam ser, pois é através do amor que lhes dedicarmos que atingiremos, no devido tempo, o ideal de progresso que tanto almejamos. Após as pequenas, as grandes tarefas virão espontaneamente ao nosso encontro.
Nenhum trabalhador do campo Divino carrega fardo maior do que aquele que ele pode suportar, embora, tantas vezes, iludido, acredite poder fazê-lo. Fardo pesado exige ombros fortes. Tarefa de grande responsabilidade moral exige preparação adequada, crescimento e desprendimento, em benefício do próximo.
O apóstolo Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, capítulo 2, versículo 15, deixa sábias e justas palavras para que acordemos diante dos convites ao trabalho que Jesus nos faz. Diz ele: “Procura apresentar-te a Deus aprovado como o obreiro que não tem de que se envergonhar”.
O mundo é departamento da Casa Divina. A cátedra para quem fala e a enxada para quem planta não são elementos de divisão humilhante, mas, tão-somente, degraus para cooperadores diferentes. O caminho para a elevação, este sim, é igual para todos. Solo ou livros são somente instrumentos diferentes, mas a essência do serviço é a mesma: apresentar-se diante do Pai como obreiro aprovado na tarefa que lhe foi confiada.
Jesus trouxe o Evangelho para que permanecesse no mundo com a finalidade de enriquecer o espírito humano, mas são tão poucas as criaturas dispostas a trabalhar na sua conquista, enfrentando dificuldades e surpresas que surgem no meio da jornada, com devotamento e fidelidade ao Cristo.
Se de um lado temos a escassez de trabalhadores comprometidos com o Evangelho, de outro, apresenta-se uma multidão de desesperados, aflitos e iludidos, que continuam atravessando séculos sem nada realizar para si mesmos e para os semelhantes. Com isso, esses poucos tarefeiros veem-se onerados em virtude de tantos famintos de pão espiritual. Mas é preciso observar que sem a determinação de buscar, por si próprios, o alimento da vida eterna, ficam aguardando, que chegue até eles, o trigo já beneficiado e o pão já pronto.
Lembra Emmanuel que “esse quadro persistirá na Terra, até que bons consumidores aprendam a ser bons ceifeiros”.³
Jesus é o Semeador Divino por excelência e Suas palavras, sementeira pura e profunda.   Nossos corações também são terrenos a serem cultivados.  Se são pedregosos, cheios de espinhos ou solo fértil, onde caem as sementes amorosas do Mestre amigo, mesmo que ainda não O compreendamos em Sua plenitude, diferentemente dos homens, Ele acredita na nossa capacidade de nos transformarmos, e transformar o que existe ao nosso redor.
Essa capacidade de olhar mais além, de perceber a centelha divina que existe em nós é que faz com que o Excelso Amigo nos aguarde. Ele sabe que nos reergueremos de onde estivermos, com dificuldades, lutas, mas ultrapassando obstáculos com vistas no futuro.
Se ontem semeamos e hoje colhemos, e se desejamos colheita farta e de qualidade no futuro, precisamos aprender a escolher melhor e a recolher essas benesses que emanam de Deus para todos. Evidentemente, é preciso trabalhar para isso, afinal, não estamos trabalhando para nós mesmos?
 
Bibliografia consultada:
1 – Mateus, 9:37.
2 – Emmanuel (Espírito). Fonte Viva – [psicografado por] F. C. Xavier, 31ª ed., FEB – RIO/RJ – 2005 - lição 118.
3 – Emmanuel (Espírito). Pão Nosso – [psicografado por] F. C. Xavier, 17ª ed., FEB – RIO/RJ – 1996 – lição 148.

Fonte: Revista Eletrônica O Consolador

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Artigo da Revista O Reformador tratando do assunto ligado aos trabalhadores das Casas Espíritas.

Proveitosa conquista

CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO
“Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que,
quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu amigo, venha mais
para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os
que estiverem convosco à mesa; – porquanto todo aquele que se eleva será
rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.” 1*



O capítulo VII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, itens 3 a 6, destaca o princípio de humildade como fator determinante para a ascensão espiritual de todas as criaturas e fundamenta- se, entre outras, na passagem evangélica em destaque. A análise oferecida por Allan Kardec, no texto em questão, enaltece a
ideia fundamental de que necessitamos nos despojar de certas vaidades, chamando atenção, sobretudo,
para o cuidado que devemos ter ao assumir situações de relevo social, profissional, ou religioso,
frente ao mundo material:
O Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo princípio nas encarnações sucessivas, mediante as quais os que, numa existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem, em existência seguinte, às mais ínfimas condições, desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição. Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. [...]2*
A valiosa ressalva permite-nos avaliar, essencialmente, as práticas espíritas que desenvolvemos, ao
alimentar a superioridade ou a infalibilidade na execução dos trabalhos voluntários, considerando- os extremamente importantes ou prestigiosos. A questão suscita outras indagações indispensáveis
à nossa reflexão: Contribuímos sem impor exigências? Abraçamos os deveres humildes com devoção
e atendemo-los com amor? Acreditamos cooperar melhor quando nos tornarmos coordenadores de
equipes, em tarefas específicas e essenciais? Damos maior valor às próprias ideias do que às orientações
estabelecidas pela instituição, para o bom êxito dos labores?
Essas perguntas ajudarão na análise do problema. O Centro Espírita oferece-nos inúmeras oportunidades na realização de tarefas nobres e permite- -nos, pelo serviço no Bem, curar as mazelas morais adquiridas no
pretérito de nossas existências. As múltiplas ações que abarcamos – no estudo edificante, na mediunidade,
na evangelização, na assistência social, no atendimento fraterno, na imprensa espírita, na
propaganda libertadora – nos faz viver tempos de renovação e servir motivados pela Doutrina que
nos convoca às fileiras da caridade, sem olvidarmos os necessitados do caminho. Cada qual servindo a seu modo. Nem sempre, contudo, estamos preparados para dar a verdadeira importância às obras na esfera doutrinária e compreender o que elas representam para melhoria do nosso aperfeiçoamento
próprio. A maneira com que agimos, os motivos que determinam o nosso comportamento sincero, ao aceitarmos de boa vontade determinadas tarefas,é o que irá fixar o valor maior ou menor das nossas ações em benefício dos semelhantes. No entender de Vinícius (pseudônimo de Pedro de Camargo, 1878--1966), “o valor das obras não está nas suas grandes proporções, mas na pureza de intenção com que são executadas e no esforço empregado para sua consecução. [...]”.3* O autor, considerado um
dos maiores educadores e evangelizadores espíritas do nosso tempo, lembra-nos:
“[...] A viúva pobre fez mais deitando no gazofilácio do templo uma moedinha de cobre do que os ricos que ali despejavam punhados de ouro. O óbolo da viúva representa um valor maior, porque é a expressão do sumo esforço; era tudo que ela possuía. Dando tudo, não podia dar mais [...]”,3* como a querer dizer- nos: na seara do amor, onde operamos, não há serviço insignificante, não há tarefas menores; elas são apreciadas por Deus, segundo a sua soberana justiça, pela exteriorização dos nobres sentimentos que encobrimos no âmago do nosso coração.
Certos autores espíritas convocam- nos à labuta simples, sem que tenhamos pretensões de executar
grandes feitos, antes mesmo de amadurecermos como tarefeiros, por meio da aquisição de experiências
e estudos necessários ao cumprimento de ações que exijam especial dedicação, fidelidade e expressiva responsabilidade.
Yvonne A. Pereira (1906- -1984), a inesquecível médium, em uma de suas obras, lastima
profundamente a incompreensão de alguns iniciantes no Espiritismo, sobretudo os que aspiram
trabalhar na utilização de suas faculdades psíquicas, conforme suas possibilidades individuais, a serem bem cultivadas e praticadas, aconselhando-os:
[...] Todo médium deverá iniciar o seu desempenho no campo da Doutrina Espírita pelas vias da beneficência, porque assim fazendo desenvolverá os seus poderes psíquicos envolvido
nas faixas vibratórias superiores, junto aos Guias Espirituais, sempre incansáveis em recomendar a prática da beneficência e o estudo constante e metódico, desestimulando a ação arbitrária, de começar pelo fim[...].4*
A autora esclarece que o profitente, ao principiar na tarefa maior, deve compreender que o trabalho da caridade [...] é o serviço do silêncio, da modéstia; não vai para os jornais, nem para as tribunas ou rádios. Não serve para exaltar a vaidade, nem o orgulho, nem o prazer de se sentir admirado. É o trabalho da mão direita, que a esquerda não vê... Mas pelo Mestre e seus mensageiros é conhecido e saudado...5*

Colaborar, anonimamente, em qualquer auxílio de assistência aos irmãos necessitados, fazendo o
bem sem ostentação, é uma recomendação indispensável!
Trabalhadores existem, aos milhares, colaborando, ativamente, nas instituições espíritas; todavia,
raríssimos buscam enriquecer os seus talentos no plantio da verdadeira caridade.
Mesmo os mais
experientes deixam-se dominar pelo cultivo excessivo do raciocínio, esquecendo-se dos generosos
sentimentos no coração, que deve nortear a autêntica prática do Espiritismo junto de Jesus. O livro
espírita Os Mensageiros, do Espírito André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, relata o caso de Monteiro, servidor entusiasta da colônia “Nosso Lar”, preparado para ser colaborador na iluminação de companheiros encarnados e desencarnados. Ao reencarnar, no entanto, aprimorou-se na aplicação do vício intelectual, desorientando- se completamente.6* Em seu desabafo, comenta alguns aspectos sobre as causas de sua derrota como trabalhador espírita, dirigindo-se aos companheiros que o visitaram, após a desencarnação difícil que tivera:
[...] Chegava ao cúmulo de estudar, pacientemente, longos trechos das Escrituras, não para
meditá-los com o entendimento, mas por mastigá-los a meu bel-prazer, bolçando-os depois aos Espíritos perturbados, em plena sessão, com a ideia criminosa de falsa superioridade espiritual. [...]
Andava cego. [...] Talhava o Espiritismo a meu modo. Toda a proteção e garantia para mim, e valiosos conselhos ao próximo.
Ao demais disso, não conseguia retirar a mente dos espetáculos exteriores. [...]*7

Quando, pois, nos seja oferecido o ensejo de ajudar na seara espírita, saibamos agir com simplicidade
e humildade, sob os efeitos da legítima fraternidade cristã, sem esperar recompensas, de nenhuma
ordem, mas procurando enriquecer os dotes de eficiência imprescindível, apurados nos predicados
de bondade, modéstia, perseverança e espírito de sacrifício, para o engrandecimento das realizações que nos aguardam, sob o amparo dos mentores espirituais que nos assistem com conselhos e orientações legítimas. E, conforme adverte o Espírito Emmanuel, estejamos vigilantes para não deixar que “[...] se amorteça, entre os discípulos sinceros, a campanha contra o elogio pessoal, veneno das obras mais santas
a sufocar-lhes propósitos e esperanças”. 8* Assim procedendo, haveremos de obter proveitosa conquista,
multiplicando as partículas de amor que tivermos distribuído em bênçãos de luz para todos.
Revista O Reformador 2010-Julho
Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 25. ed.
de bolso. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
2009. Cap. 7, item 5.
2______. ______. Item 6, p. 145.
3VINÍCIUS (pseudônimo de Pedro de Camargo).
Em torno do mestre. 9. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2,
cap. O valor das obras.
4PEREIRA, Yvonne A. À luz do consolador.
3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Psicografia
e Caridade, p. 184-185.
5______. ______. p. 186.
6XAVIER, Francisco C. Os mensageiros.
Pelo Espírito André Luiz. 2. ed. esp. 2.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 12,
p. 79-83.
7______. ______. p. 80-81.
8XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito
Emmanuel. 29. ed. 2. reimp. Rio de
Janeiro: FEB, 2009. Cap. 70.