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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Os Seis Dias.


Estudo da questão 59 do Livro dos Espíritos.

Comparação entre a Genese Mosaica e a Genese Ciência descrita no Livro a Genese por Kardec logo abaixo:

Os Seis Dias

CAPÍTULO 1º _ 1. No princípio Deus criou o céu e a terra. _ 2.A terra era uniforme e toda nua; as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. _ 3. Ora, Deus disse: Faça-se a luz e a luz se fez. _ 4. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. _ 5. Deu à luz o nome de dia, e às trevas chamou noite; e da tarde e da manhã se fez o primeiro dia.
6. Disse também Deus: Faça-se o firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. _ 7. E Deus fez o firmamento; e separou as águas que estavam embaixo das que estavam em cima do firmamento. E assim foi. _ 8. E Deus deu ao firmamento o nome de céu; e foi a tarde e a manhã o dia segundo.
9. Disse ainda Deus: Que as águas que estão sob o céu se reúnam em um só lugar, e que surja o elemento árido. E assim se fez. _ 10. Deus deu ao elemento árido o nome de terra, e chamou mares as águas reunidas. E viu que era bom. _ 11. Disse ainda Deus: Que a terra produza erva verde que dê grãos, e árvores frutíferas que dêem frutos cada um segundo sua espécie, e nelas mesmas encerrem sementes para se reproduzirem sobre a terra. E assim foi feito. _ 12. A terra produziu pois ervas verdes que traziam grãos segundo sua espécie, e árvores frutíferas que encerravam suas sementes em si mesmas, cada uma segundo sua espécie. E Deus viu que era bom. _ 13. E da tarde e da manhã se fez o terceiro dia.
14. E disse Deus: Haja luminares no firmamento do céu, a fim de que separem o dia da noite; e que eles sirvam de sinais para marcar o tempo e as estações, os dias e os anos. _ 15. E sejam para luzir nos céus, e que eles clareiem a terra. E assim se fez. _ 16. Deus fez, pois, dois grandes corpos luminosos, o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à noite; fez também as estrelas. _ 17. E as colocou no firmamento do céu para luzir sobre a terra. _ 18. Para presidir ao dia e à noite, e para separar a luz das trevas. E Deus viu que era bom. _ 19. E da tarde e da manhã se fez o quarto dia.
20. Disse ainda Deus: Que as águas produzam animais viventes que nadem nas águas, e pássaros que voem sobre a terra, sob o firmamento do céu. _ 21. Deus criou pois, os grandes peixes, e todos os animais que têm vida e movimento, que as águas produziram cada um segundo sua espécie, e criou também todos os pássaros segundo sua espécie. E viu que isso era bom. _ 22. E os abençoou dizendo: Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas do mar; e que os pássaros se multipliquem sobre a terra. _ 23. E da tarde e da manhã se fez o quinto dia.
24. Deus disse também: Que a terra produza animais viventes, cada um segundo sua espécie, os animais domésticos, os répteis e os animais selvagens da terra segundo suas diferentes espécies. E isso assim se fez. _ 25. Deus fez, pois, as bestas selvagens da terra segundo suas espécies, os animais domésticos e todos os répteis, cada um segundo sua espécie. E Deus viu que era bom.
26. Disse em seguida: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, os pássaros do céu, as bestas, a toda a terra e aos répteis que se movem sobre a terra. _ 27. Deus criou então o homem à sua imagem, e o criou à imagem de Deus, e os criou macho e fêmea. _ 28. Deus os abençoou e lhes disse: Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e a submetei, e dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu, e sobre os animais que se movem sobre a terra. _ 29. Deus disse ainda: Eu vos dei todas as ervas que trazem seus grãos sobre a terra e todas as árvores que encerram nelas mesmas sua semente cada uma segundo sua espécie, a fim de que vos servissem de alimento. _ 30. E a todos os animais da terra, a todos os pássaros do céu, a tudo quanto se move sobre a terra, e que seja vivente e animado, a fim de que tenham do que se nutrir.
E assim se fez. _ 31. Deus viu todas as coisas que havia feito; e eram muito boas. _ 32. E da manhã e da tarde se fez o sexto dia.
CAPÍTULO 2º _ 1. O céu e a terra foram assim acabados com todos os seus ornamentos. _ 2. Deus terminou no sétimo dia todas as obras que tinha feito, e repousou no sétimo dia, depois de haver terminado todas as suas obras. _ 3. Abençoou o sétimo dia, e o santificou; porque havia cessado naquele dia de produzir todas as obras que havia criado. _ 4. Tal é a origem do céu e da terra, e assim é que foram criados no dia em que o Senhor os fez, a um e a outro. _ 5. E que ele criou todas as plantas dos campos antes que tivessem saído da terra, e todas as ervas das planícies antes que elas houvessem germinado. Pois o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e não havia ainda o homem para a trabalhar. _ 6. Mas da terra se elevava uma fonte que lhe regava toda a superfície. _ 7. O Senhor Deus formou, pois, o homem do limo da terra e insuflou sobre seu rosto um sopro de vida; e o homem tornou-se vivente e provido de alma.
2. Após as explanações contidas nos capítulos anteriores, a respeito da origem e da constituição do universo conforme os dados fornecidos pela ciência, quanto à parte material, e pelo Espiritismo, quanto à parte espiritual, será de utilidade colocá-los em paralelo ao próprio texto da Gênese de Moisés, a fim de que cada um possa estabelecer uma comparação e julgar com conhecimento de causa; algumas explicações complementares serão suficientes para fazer compreender as partes que têm necessidade de esclarecimentos especiais.
3. Sobre alguns pontos há certamente uma concordância notável entre a Gênese de Moisés e a doutrina científica; porém seria um erro acreditar que seria suficiente substituir-se, aos seis dias de vinte e quatro horas da criação, seis períodos indeterminados para encontrar uma completa analogia; seria um erro não menor acreditar que, afora o sentido alegórico de algumas palavras, a Gênese e a ciência seguem uma à outra passo a passo, e não são senão a paráfrase uma da outra.
4. Para começar, observemos que, tal como já foi dito (Cap. VII, nº 14), que o número dos seis períodos geológicos é arbitrário pois que se enumeram mais de vinte e cinco formações bem caracterizadas. Este número apenas marca as grandes fases gerais; no princípio, apenas foi adotado para encaixar as coisas, o mais possível, no texto bíblico, numa época, aliás pouco distante, na qual se acreditava que se devia controlar a ciência pela Bíblia. É por isso que os autores da maior parte das teorias cosmogônicas, a fim de serem mais facilmente aceitos, esforçaram-se em se colocar de acordo com o texto sagrado. Quando a ciência passou a apoiar-se sobre o método experimental, ela sentiu-se mais forte, e emancipou-se; hoje, é a Bíblia que se afere pela ciência.
Por outro lado, a Geologia, tomando como seu ponto de partida, apenas a observação da formação dos terrenos graníticos, não compreende, no número de seus períodos, o estado primitivo da Terra. Ela não se ocupa com o Sol, a Lua e as estrelas, nem com o conjunto do Universo, que diz respeito à Astronomia. Para entrar no quadro da Gênese, convém pois acrescentar um primeiro período que abranja esta ordem de fenômenos, e que poderia ser denominado período astronômico.
Além disso, nem todos os geólogos consideram o período diluviano como formando um período distinto, e sim como um fato transitório e passageiro que não alterou de maneira sensível o estado climático do globo, nem marcou uma nova fase nas espécies vegetais e animais, eis que, com pequenas exceções, as mesmas espécies existiam, antes e depois do dilúvio. Pode-se, pois, abstrair dele, sem se afastar da verdade.
5. O quadro comparativo seguinte, no qual estão resumidos os fenômenos que caracterizam a cada um dos seis períodos, permite abarcar o conjunto, e julgar as relações e as diferenças que existem entre eles e a Gênese bíblica:

Os Seis Dias
Gênese Ciência
1º DIA _ O céu e a terra. _ A luz.
I _ PERÍODO ASTRONÔMICO. Aglomeração da matéria cósmica universal sobre um ponto do espaço em uma nebulosa que, pela condensação da matéria sobre diversos pontos, deu nascimento às estrelas, ao Sol, à Terra, à Lua e a todos os planetas. _ Estado primitivo fluídico e incandescente da Terra. _ Atmosfera imensa carregada de toda a água em estado de vapor, e de todas as matérias volatilizáveis.
II _ PERÍODO PRIMÁRIO. Endurecimento da superfície da Terra pelo seu resfriamento; formação das camadas graníticas. _ Atmosfera espessa e queimante, impenetrável aos raios do sol. _ Precipitação gradual da água e das matérias sólidas volatilizadas no ar. _ Ausência de toda vida orgânica.
III _ PERÍODO DE TRANSIÇÃO. As águas cobrem toda a superfície do globo. _ Primeiros depósitos de sedimentos formados pelas águas. _ Calor úmido. _ O sol começa a atravessar a atmosfera brumosa. _ Primeiros seres organizados da constituição a mais rudimentar. _ Líquens, musgos, fetos, licopódios, plantas erbáceas. _ Vegetação colossal. _ Primeiros animais marinhos: zoófitos, pólipos, crustáceos. _ Depósitos hulhíferos.
IV _ PERÍODO SECUNDÁRIO. Superfície da Terra pouco acidentada; águas pouco profundas e pantanosas. _ Temperatura menos abrasadora; atmosfera mais purificada. _ Depósitos consideráveis de calcáreos das águas. _ Vegetações menos colossais; novas espécies; plantas lenhosas; primeiras árvores. _ Peixes; cetáceos; animais de conchas; grandes répteis aquáticos e anfíbios.
2º DIA _ Separação das águas que estão sob o firmamento das que estão embaixo.
3º DIA _ As águas que estão sob o firmamento se ajuntam; o elemento árido aparece. _ A terra e os mares. _ As plantas.
4º DIA _ O Sol, a Lua e as estrelas.
5º DIA _ Os peixes e os pássaros.
V _ PERÍODO TERCIÁRIO. Grandes alçamentos da crosta sólida; formação dos continentes. _ Acumulação das águas nos lugares baixos; formação dos mares. _ Atmosfera purificada; temperatura atual produzida pelo calor solar. _ Animais terrestres gigantescos. _ Vegetais e animais atuais. _ Pássaros.
DILÚVIO UNIVERSAL.
VI _ PERÍODO QUATERNÁRIO OU PÓS-DILUVIANO. Terrenos de aluvião. _ Vegetais e animais atuais. _ O homem.
6º DIA _ Os animais terrestres. _ O homem.
6. O primeiro fato que ressalta do quadro comparativo acima, é que o trabalho de cada um dos seis dias não corresponde de maneira rigorosa, como muitos o crêem, a cada um dos períodos geológicos. A concordância mais notável é a da sucessão dos seres orgânicos, que com pequena aproximação é quase a mesma, e na aparição do homem em último lugar; eis aqui um fato importante.
Igualmente há coincidência, não com a ordem numérica dos períodos, mas com o fato, na passagem onde se diz que, no terceiro dia, "as águas que estão sob o céu se juntaram num só lugar, e o elemento árido apareceu". É esta a expressão do que sucedeu no período terciário, quando os alçamentos da crosta puseram a descoberto os continentes, e fizeram recuar as águas que formaram os mares. Somente então é que apareceram os animais terrestres, segundo a Geologia e segundo Moisés.
7. Quando Moisés diz que a criação foi feita em seis dias, teria ele significado dias de vinte e quatro horas, ou
teria compreendido sob esta palavra, o sentido de período, duração? A primeira hipótese é a mais provável, o que se observa pelas referências ao próprio texto; para começar, porque tal é o sentido exato da palavra hebraica "iom", traduzida por dia; depois, a especificação da tarde e da manhã, as quais limitam cada um dos seis dias, dá toda base de supor-se que ele quis falar de dias comuns. Não se pode mesmo conceber qualquer dúvida a tal respeito, quando ele diz, no versículo 5: "Ele deu à luz o nome de dia, e às trevas chamou noite; e da tarde e da manhã se fez o primeiro dia." Isto evidentemente só se pode aplicar a um dia de vinte e quatro horas, dividido pela luz e pelas trevas. O sentido é ainda mais preciso quando ele diz, no versículo 17, falando do Sol, da Lua e das estrelas: "Ele as colocou no firmamento do céu para luzir sobre a terra; para presidir ao dia e à noite, e para separar a luz das trevas. E da tarde e da manhã se fez o quarto dia."
Aliás, na criação, tudo era miraculoso, e desde que se envereda na senda dos milagres, pode-se perfeitamente acreditar que a terra foi feita em seis dias de vinte e quatro horas sobretudo quando se desconhecem as primeiras leis naturais. Esta crença tem sido bem adotada por todos os povos civilizados, até o momento em que veio a Geologia, com seus materiais à mão, demonstrar sua impossibilidade.
8. Um dos pontos que têm sido dos mais criticados na Gênese, é a criação do Sol depois da luz. Com os próprios dados da Geologia, tem sido procurada a explicação que justifique essa afirmação, dizendo que nos primeiros tempos de sua formação, a atmosfera terrestre, estando carregada de vapores densos e opacos, não permita ver o Sol, o qual, devido a isso, não existia para a Terra. Essa razão seria talvez admissível se, nessa época, houvesse habitantes para julgar da presença ou da ausência do Sol; ora, segundo o próprio Moisés, apenas havia plantas, as quais, todavia, não teriam podido crescer e multiplicar-se, sem a ação do calor do Sol.
É, pois, evidente, o anacronismo na ordem que Moisés indica para a criação do Sol; o fato persiste no sentido de que, voluntariamente ou não, ele não cometeu erro quando disse que a luz havia precedido o Sol.
O Sol não é o princípio da luz universal, mas sim, uma concentração do elemento luminoso sobre um ponto, por outro modo de dizer, do fluido que, nas circunstâncias dadas, adquire propriedades luminosas. Esse fluido, que é a causa, devia necessariamente preceder o Sol, o qual não passa de um efeito. O Sol é a causa da luz que espalha, porém é o efeito em relação à que recebeu.
Num cômodo escuro, uma vela acesa é um pequeno sol. O que se fez para acender a vela? Desenvolveu-se a propriedade iluminante do fluido luminoso, e concentrou-se tal fluido sobre um ponto; a vela é a causa da luz difundida no cômodo; mas se o princípio luminoso não existisse antes da vela, esta não poderia ter sido acesa.
O mesmo sucede com o Sol. O erro provém da idéia falsa na qual por longo tempo se mantiveram os homens, de que o Universo todo inteiro começou com a Terra e não se compreende que o Sol pudesse ter sido criado depois da luz. Atualmente é sabido que antes de nosso Sol e nossa Terra, existiram milhões de sóis e de terras, as quais por conseguinte gozavam de luz. A afirmativa de Moisés é pois, perfeitamente exata em princípio; é falsa quando faz crer que a Terra houvesse sido criada antes do Sol; a Terra, sendo sujeita ao Sol em seu movimento de translação, deve ter sido formada depois dele: é o que Moisés não podia ter sabido, pois ignorava a lei da gravitação.
O mesmo pensamento se encontra na Gênese dos antigos persas. No primeiro capítulo do Vendedad, Ormuzd, contando a origem do mundo, diz: "Criei a luz que foi iluminar o Sol, a Lua e as estrelas". (Dicionário da mitologia universal). A forma está aqui certamente mais clara e mais científica do que em Moisés e não necessita de comentário.
9. É evidente que Moisés compartilha das crenças as mais primitivas referentes à cosmogonia. Tal como os homens de seu tempo, acreditava na solidez da abóbada celeste, e em reservatórios superiores para as águas. Esse pensamento está expresso sem alegoria nem ambigüidade nesta passagem (versículos 6 e seguintes): "Deus disse: Faça-se o firmamento no meio das águas e que haja separação de águas e águas. Deus fez o firmamento, e separou as águas que estavam embaixo, das que estavam em cima do firmamento". (Ver o cap. V. Sistemas antigos e modernos do mundo, Ns. 3, 4 e 5).
Uma antiga crença fazia considerar a água como o princípio, o elemento gerador primitivo; também Moisés não fala da criação das águas, as quais parecem já existir. "As trevas cobriam o abismo." Isto é, as profundezas do espaço que a imaginação representava vagamente ocupada pelas águas, em trevas antes da criação da luz; eis porque Moisés diz: "O Espírito de Deus era levado (ou planava) por sobre as águas." A terra, sendo supostamente formada no meio das águas, era necessário isolá-la; supõe-se pois que Deus fizera o firmamento, abóbada sólida que separava as águas do alto, das que estavam sobre a Terra.
Para compreender certas partes do Gênese, necessariamente será preciso colocar-se no ponto de vista das idéias cosmogônicas do tempo da qual é o reflexo.
10. Em face aos progressos da Física e da Astronomia, uma tal teoria é insustentável.(1) Todavia, Moisés empresta tais palavras ao próprio Deus; ora, visto que elas exprimem um fato notoriamente falso, de duas coisas uma: ou Deus se enganou no relato que fez de sua obra ou tal relato não é uma revelação divina. Não sendo admissível a primeira suposição, necessariamente se deve concluir que Moisés exprimiu suas próprias idéias (Cap. I, nº 3).
11. Moisés está mais conforme à verdade, quando afirma que Deus formou o homem com o limo da Terra. (2) Com efeito, a ciência nos mostra (Cap. X), que o corpo do homem é composto de elementos hauridos na matéria inorgânica, o que de outro modo se diz, do limo da terra.
A mulher, formada de uma costela de Adão é uma alegoria, pueril na aparência, se for tomada ao pé da letra, porém profunda no sentido. Tem por finalidade mostrar que a mulher é da mesma natureza do homem, sua igual, por conseguinte, diante de Deus, e não uma criatura à parte, feita para ser usada como escrava e tratada como se fosse uma pária. Saída de sua própria carne, a imagem da igualdade é bem mais expressiva do que se ela tivesse sido formada separadamente do mesmo limo; o sentido é dizer ao homem que ela é sua igual, e não sua escrava, que ele deve amar como parte de si mesmo.
12. Para os espíritos incultos, sem noção alguma das leis gerais, incapazes de abarcar o conjunto e de conceber o infinito, essa criação milagrosa e instantânea tinha qualquer coisa de fantástico, que feria a imaginação. O quadro do Universo tirado do nada em alguns dias, por um único ato da vontade criadora, era para eles o sinal mais evidente do poder de Deus. Que pintura, com efeito, mais sublime e mais poética de tal poder, que estas palavras: "Deus disse:
Faça-se a luz, e a luz foi feita!" Deus, criando o Universo pelo desempenho lento e gradual das leis da Natureza, lhes teria parecido menor e menos poderoso; era-lhes mister algo de maravilhoso, que fugisse dos caminhos ordinários e comuns; de outro modo, teriam dito que Deus não era mais hábil que os homens. Uma teoria científica e raciocinada da criação, os teria deixado frios e indiferentes.
Não rejeitemos, pois, a Gênese bíblica; estudemo-la, ao contrário, como se estuda a história da infância dos povos. É uma época rica de alegorias, das quais é preciso procurar o sentido oculto; ela deve ser comentada e explicada com o auxílio das luzes da razão e da ciência. Fazendo, porém, ressaltar as belezas poéticas e as instruções veladas sob a forma imaginária, é preciso demonstrar firmemente seus erros, no próprio interesse da religião. Esta será mais respeitada quando tais erros não forem impostos à fé como se fossem verdades e Deus aparecerá maior e mais poderoso, quando seu nome não for misturado a fatos controversos.
(1) Embora muito grosseiro o erro de tal crença, ela ainda é incutida no cérebro das crianças, como se se tratasse de uma verdade sagrada. Só a tremer ousam os educadores aventurar-se a uma tímida interpretação. Como podem pretender que, mais tarde, essa atitude não faça incrédulos?
(2) A palavra hebraica "haadam", homem, de que se fez Adão, e a palavra "haadamá", terra, têm a mesma radical. 
A Genese
Allan Kardec