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quinta-feira, 22 de julho de 2021

O DESERTO E NÓS







                         
[...]Estamos no deserto de nós mesmos em múltiplas e diferentes ocasiões: nos testemunhos das doenças prolongadas, com árduos tratamentos; nas experiências íntimas e dolorosas  das decepções, deserções e traições; nos momentos intransferíveis das escolhas decisivas; nas ações solitárias da consciência iluminada na direção do Bem em seu caleidoscópio de possibilidades; na vivência da saudade do magnetismo e presença dos entes queridos que nos antecederam na grande viagem; na solidão das tarefas iluminativas e reparadoras; nas aspirações sublimes de plenitude[...]Uma verdade, porém, é incontestável: temos que entrar no deserto de nós mesmos, com coragem e decisão, para nele encontrarmos as lições que nos conduzirão aos caminhos seguros ...
Fragmento de texto 




O DESERTO E NÓS


Quando ouvimos falar na Terra Santa prometida pelo Senhor, somos conduzidos pela imaginação a pensar numa terra extremamente bela, rica e fértil.
Equívoco!
A Terra Prometida tem sim, algumas belezas, riquezas e fertilidade, mas possui também um imenso deserto. Quais os sentidos dessa estranha presença?
Que lições podemos encontrar no deserto?

Na chamada Terra Santa ,o deserto é uma característica determinante na vida e na cultura dos povos que a habitam, apresentando-se ao leste de qualquer grande cidade: Jerusalém, Belém, Hebron, dentre outras. Mas é um deserto diferente: nada de imensas dunas de areias mas incontáveis montanhas marrons, cascalhos de erosão, cânions e vales, calor, serpentes, escorpiões, perigos e mortes e, claro, alguns oásis nos seus milhares de quilômetros.

A tradição judaico-cristã está marcada pela presença do deserto e suas lições. Abraão, Jacó, Moisés e o povo que conduzia, Davi, Elias, João Batista, Jesus e os discípulos, Paulo viveram experiências no deserto em ocasiões e sentidos diferentes.

Que sentidos podem apresentar essas experiências no deserto? Fé e obediência para Abraão, por exemplo; desafio e formação para Moisés e seu povo; abrigo para Jacó, Davi e Elias; cenário de meditação e ensino para João Batista e Jesus; disciplina e educação para Paulo.

O homem que descia de Jerusalém para Jericó, na parábola narrada por Jesus, o fazia por um caminho pelo deserto, o que torna a ação compassiva, socorrista e fraternal do samaritano ainda mais extraordinária, pois atender o agredido pelos bandidos implicava em colocar sua própria vida em risco.

Jesus e os discípulos se dirigiam frequentemente ao deserto para recolhimento e oração.

Curiosamente, nos relatos bíblicos, Deus aprecia falar no deserto e o fez com Abraão, Moisés, Elias. Isso nos faz pensar que o deserto é uma experiência de escuta e de autoescuta.

Foi no deserto de Dan, em companhia do casal Áquila e Prisca, que Paulo realizou um profundo processo de autoeducação: autoconhecimento, autoavaliação, meditação, disciplinas morais, privações, lutas internas, convívio fraternal, trabalho, mudança de paradigmas. Para o Apóstolo dos Gentios, o deserto foi uma experiência formativa para seu novo caráter que, a partir de então, passa a ter Jesus e o Evangelho como padrão de conduta.

E nossa experiência desértica? Podemos ou a temos de fato? Não precisaremos exatamente do deserto físico, material, mas da experiência do autoencontro e da autoescuta, da solidão no deserto de nós mesmos.

Estamos no deserto de nós mesmos em múltiplas e diferentes ocasiões: nos testemunhos das doenças prolongadas, com árduos tratamentos; nas experiências íntimas e dolorosas  das decepções, deserções e traições; nos momentos intransferíveis das escolhas decisivas; nas ações solitárias da consciência iluminada na direção do Bem em seu caleidoscópio de possibilidades; na vivência da saudade do magnetismo e presença dos entes queridos que nos antecederam na grande viagem; na solidão das tarefas iluminativas e reparadoras; nas aspirações sublimes de plenitude.

A multiplicação dos pães e peixes, que alimentou milhares de pessoas, ocorreu no deserto para onde as multidões seguiam a fim de ouvir o Senhor e dEle receber as bênçãos e curas.

Façamos o mesmo! Sigamos para nosso deserto agora em busca do Seu alimento, Sua bênção de curas das nossas dificuldades e temores internos, Seus ensinos libertadores.

Ao estar no deserto, enfim, podemos nos revoltar ou nos redimir, nos entregar aos seus perigos e suas consequências ou nos fortalecer no enfrentamento positivo dos desafios da Vida. Uma verdade, porém, é incontestável: temos que entrar no deserto de nós mesmos, com coragem e decisão, para nele encontrarmos as lições que nos conduzirão aos caminhos seguros nos labirintos da existência, ao autoencontro da harmonia conosco, com o próximo, com Deus e com a Natureza.


 Por Sandra Borba Pereira (RN)/  dezembro/2014 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Aprendendo com a Natureza... e com homens especiais

Aprendendo com a Natureza... e com homens especiais


Sandra Borba Pereira

A Natureza é o livro de páginas vivas e eternas.

Emmanuel
(Prefácio - Cartilha da Natureza, Francisco Cândido Xavier, ed. FEB)



Múltiplas são as expressões e relações do homem para com a Natureza: integração, uso, cuidado, inspiração, pesquisa, exploração irresponsável, lições de vida, exemplos, dentre outras.

Ao longo da história filósofos buscaram-lhe os princípios constitutivos; cientistas investigaram-lhe as causalidades e funcionamento para exploração, controle e previdência; religiosos a procuram como refúgio e aprendizado espiritual; artistas a transformam ou a retratam em variadas expressões; escritores e poetas nela encontram fonte de lições e inspirações; homens e mulheres simples a admiram e nela atuam como cenário de lutas pela sobrevivência e manancial de saberes para prosseguirem, adiante, em busca de um melhor viver.

São tantas lições naturais!!!

O sândalo, diz o ditado, perfuma o machado que o fere.

A pérola surge na ostra ferida.

O voo dos gansos é lição de trabalho em equipe.

Montanhas e mares desafiam os homens em seus limites.

A aurora boreal extasia a tantos quantos se banham em suas cores e desenhos.

Em cada lugar, a beleza, a lição, a expressão do Criador.

No grande livro da Natureza Mestra, na região do semiárido nordestino, nos defrontamos com singular árvore denominada pelo escritor Euclides da Cunha como a árvore sagrada do sertão, a saber: o umbuzeiro ou imbuzeiro.

Afirma Marcelino Ribeiro que o umbuzeiro dispõe de mecanismos de tolerância à seca, às rigorosas condições de solos empobrecidos e de clima quente e seco do semiárido brasileiro. (Nota: acesso www.embrapa.br, no dia 16/08/2013)

Sendo uma árvore de pequeno porte, chega até 6m de altura e sua copa larga pode atingir até 15m de largura, proporcionando sombra ao viajor cansado. Mas não é só sombra a sua dádiva. Sua raiz conserva água e, em épocas de grande seca, produz uma espécie de batata que é utilizada como alimento. Tudo a ver com a origem de seu nome, ao tempo do Brasil colonial, da língua tupi-guarani y-mb-u, que significa árvore que dá de beber.

Em nosso Nordeste ouvimos dizer que gente do povo faz uma espécie de canudo e bebe água na raiz do umbuzeiro, que acumula o líquido numa espécie de bacia natural, em épocas de seca.

O umbuzeiro, porém, vai além da sombra e da água. Seu fruto pode ser consumido ao natural ou utilizado em sucos, sorvetes, vitaminas, geleias e na famosa umbuzada, uma espécie de creme (suco batido com leite condensado).

Estando certa feita em Santa Luzia, na Paraíba, após a atividade doutrinária, na residência de Fanda e esposa, fui servida de umbuzada com a seguinte afirmativa: Raul Teixeira adora umbuzada. Guardei isso na memória, após provar o delicioso creme.

O tempo passa e nosso Raul, em novembro de 2011 teve o AVC, do qual se recupera das sequelas, até os dias atuais, num processo testemunhal de coragem e fé em Deus. Estando com ele, recentemente, indaguei sobre seu gosto pela umbuzada ao que me respondeu: Adoro tudo do umbu.

Nos diversos eventos em que temos nos encontrado e fitando-o, longamente, lembrei-me do umbuzeiro e vi que nosso Raul, com sua longa e valiosa folha de serviço, construiu sua reserva e hoje bebe na água viva da mensagem do Cristianismo Redivivo, que lhe tem proporcionado compreensão dos mecanismos da Lei Divina, força e estímulo. Bendita raiz do umbuzeiro! Bendita Doutrina Espírita! Em prece suplico a Deus que ele permaneça firme em sua agora silenciosa palestra, mas lutando pela sua recuperação.

Com nosso Raul tenho aprendido a lição da obediência, da resignação e do esforço de servir sempre, em qualquer condição, mas buscando continuamente a melhoria dessas mesmas condições.

Saindo do Nordeste quente e seco, viajamos na imaginação até os Alpes Europeus, continuando a aprender com a Natureza... e com os homens. E aí foi inevitável lembrar que nosso querido baiano, o orador e médium Divaldo Pereira Franco, também tem suas predileções no quesito natureza. Sua flor favorita é edelweiss, o que também confirmei.

Edelweiss, cuja palavra alemã significa branco formoso ou branco nobre, é uma flor que nasce acima dos 1.700m de altitude, de julho a setembro, nos Alpes da França, Iugoslávia, Itália, Áustria e Suíça, sendo inclusive a flor oficial dessas duas últimas nações. É uma linda flor que tem um formato de estrela de pétalas brancas, aveludadas e que possui uma espécie de pelugem que lhe dá longevidade de cerca de 100 anos depois de seca.

São inúmeras as lendas sobre a origem dessa flor, mas é muito significativo o seu simbolismo: honra, resistência, dignidade, fidelidade, amizade, amor. Receber edelweiss de alguém é sinal de amizade ou amor eterno. Daí muitos rapazes escalavam perigosamente as montanhas para entregarem às amadas a flor eterna.

Hoje protegida por lei, não corre mais o risco de extinção e seu cultivo também se garante em estufas, mas sem perder o valor simbólico que possui. No Brasil, edelweiss se imortalizou na canção do mesmo nome, do musical The Sound of Music, conhecido entre nós como A Noviça Rebelde.

Divaldo contou-nos que edelweiss é sua flor predileta; que o Espírito Scheilla, através de Chico Xavier materializou várias para ele, em 1964 e que ele as tem guardadas secas, até hoje.

Nosso semeador de estrelas é como edelweiss: honra, resistência, fidelidade e amor ao Cristo tem sido uma demonstração constante em sua vida. A extraordinária obra Mansão do Caminho, completando 61 anos de existência, a rica literatura mediúnica, as milhares de palestras por centenas de cidades do mundo inteiro, a fidelidade a Jesus e a Kardec revelam toda a nobreza de um coração dedicado ao Bem, à autoiluminação, pelos esforços de vivência do amor.

Com ele tenho aprendido a lição da perseverança, da simplicidade, da fidelidade a Deus, da força de vontade, da vivência do Bem. E tenho rogado ao Pai que o fortaleça na estrada numinosa que percorre deixando um rastro de luz para tantos quantos lhe ouvem a palavra e aprendem com o exemplo.

Em O Livro dos Espíritos, questão 626, asseveram os Imortais: estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o homem pôde conhecê-las quando quis procurá-las. Assim, aprender com a Natureza e com os homens que aprendem com a Natureza é exercitar nossa própria essência, é buscar as páginas vivas e eternas grafadas por Deus como sinais de Seu Amor a nos trazer lições, advertências e bênçãos para que nos harmonizemos com Suas Leis.
   
 http://www.raulteixeira.com.br/noticias.php?not=328