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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

REENCARNAÇÕES ACIDENTAIS?



Na edição 286 desta revista publicamos na seção de Cartas um interessante questionamento feito por nossa leitora Edaci Giacomin Gonçalves, de Porto Alegre-RS, a respeito do tema reencarnações acidentais, uma expressão utilizada por Adenáuer Novaes no livro “Reencarnação”.

Por reencarnações acidentais Adenáuer Novaes entende os casos em que a fecundação não estava prevista e a união sexual foi fortuita. Um determinado Espírito que esteja próximo ao casal será atraído pelo óvulo fecundado. Mecanismos automáticos encarregar-se-ão de propiciar lições de aprendizagem de que o Espírito, nessa circunstância, necessite. Nesses casos, estariam incluídas as reencarnações oriundas de estupros e acidentes semelhantes.

Consultado por um de nossos colaboradores, Adenáuer Novaes escreveu-nos o seguinte:

“O questionamento da leitora é pertinente. O senso crítico é desejável em tudo que se refira ao conhecimento. A análise a respeito das reencarnações ‘acidentais’ deve contemplar a questão do livre-arbítrio. Os atos humanos nem sempre são programados com antecedência, graças à liberdade de escolha que foi atingida a essa altura da evolução do Espírito. É pouco provável que haja Espíritos à espera de cada possibilidade decisória.

Se considerarmos, por exemplo, o estupro como uma escolha do indivíduo doente que o pratica, temos que considerar também que, do outro lado, sua vítima teria a probabilidade de sofrê-lo, mas não o determinismo de que iria acontecer. Será que haveria, antecipadamente, um Espírito desencarnado à espera de que o fato ocorresse? Não seria considerar que há um determinismo? Prefiro considerar que, num plano menor, trata-se de um ‘acidente’. Num plano maior, divino, não há acidentes.

É também possível considerar que um casal possa mudar seus planos, aceitando a encarnação de um Espírito sem que tenha sido planejado recebê-lo anteriormente. Esse novo filho seria fruto do livre-arbítrio de ambos, portanto, não planejado previamente. O contrário, isto é, a redução do número de filhos, também poderia ocorrer. Vale considerar que os casos de separação dos casais também promovem mudanças no planejamento reencarnatório, provocando ‘acidentes’. Desconheço discussão sobre o assunto em outras obras.”

*

De fato, não existe nenhuma obra espírita confiável que utilize a expressão “reencarnação acidental”, que nos parece ter sido utilizada pelo confrade em face da pobreza do nosso idioma. “Acidental” seria, de acordo com a explicação dada por ele mesmo, um termo oposto a “planejado”. Além disso, Adenáuer reconhece, como estudioso que é, que num plano maior “não há acidentes”.

Antes de redigir este texto, ouvimos quase duas dezenas de articulistas e estudiosos espíritas que colaboram habitualmente com nossa revista. O que abaixo se vai ler é, portanto, uma síntese da pesquisa que fizemos e das considerações enviadas por nossos colaboradores.

As leis da genética encontram-se, segundo Emmanuel (O Consolador, pergunta 35), presididas por numerosos agentes psíquicos que a ciência da Terra está longe de formular. Esses agentes psíquicos são, muitas vezes, movimentados pelos mensageiros do plano espiritual, encarregados dessa ou daquela missão junto às correntes da profunda fonte da vida. A conjugação entre o campo espiritual e o campo físico não se faz por acaso e está na dependência de múltiplas condições, a maioria delas absolutamente desconhecida.

Entende Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita, págs. 91 a 95) que nenhum Espírito chegará ao processo reencarnatório sem uma atração específica com sua futura mãe. O mergulho na reencarnação só se dará quando a sintonia entre mãe e futuro filho estiver praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a qualidade do reencarnante, haverá sempre com a mãe correlação de causas, onde ambos lucrarão sempre, no sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem nas faixas do amor ou do ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo específico de energias, fará a seleção do espermatozoide pelas contingências de suas irradiações, adquirindo e construindo o futuro corpo de acordo com as suas necessidades.

Reencarnações se processam, muitas vezes, sem qualquer consulta aos que necessitam de segregação em certas lutas no plano físico, providências essas comparáveis às que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça. São os problemas especiais, em que a individualidade renasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enfermos são decididamente internados na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, contrariando, por vezes, até certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pág. 150.)

Não existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório na Terra. Cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais. Os Espíritos inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiental. Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão.  (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 152 e 153.)

A planificação para a reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalados pelas próprias injunções evolutivas. Ao lado desse automatismo das leis da reencarnação, há programas e labores especializados para atendimento de finalidades específicas. Os candidatos em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando nisso os melhores propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjearem a bênção do recomeço, na bendita escola humana. Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender,  com  vistas ao bem-estar da Humanidade,  após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de insucesso. Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se malograram, bem como para  a aquisição de valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões. (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 13 e 14.)

De acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, se os futuros genitores já estão reencarnados, ou diretamente, quando for um plano elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na Erraticidade, de onde partem já com a família adredemente estabelecida. Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno, ensejando, desse modo, probabilidades dentro do comportamento de cada aluno à aprendizagem terrena. “Fenômenos de determinismo são estabelecidos com  margem a alternâncias decorrentes do uso do livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de movimentação com certa independência emocional em torno do destino, embora sob controles que funcionam automaticamente, em consonância com as leis do equilíbrio geral.” Travam-se debates entre o futuro reencarnante e seus fiadores espirituais, expondo-se as dificuldades a enfrentar e os problemas a vencer, nascendo daí a euforia e a esperança em relação ao futuro. É assim que, em clima de prece, entre promessas de luta e coragem, sob o apoio de abnegados Instrutores, o Espírito mergulha no oceano compacto da psicosfera terrena e se vincula à célula fecundada, dando início a novo compromisso. Os que o amam, na Espiritualidade, ficam expectantes e interessados pelos acontecimentos, preocupados pelos sucessos que ocorrerão, e buscarão interceder nas horas graves, auxiliando nos momentos mais difíceis, encorajando sempre... (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 14 e 15.)

Dotado de expressiva capacidade plasmadora, o perispírito registra todas as ações do Espírito através dos mecanismos sutis da mente que sobre ele age, estabelecendo os futuros parâmetros de comportamento, que serão fixados por automatismos vibratórios nas reencarnações porvindouras. Intermediário entre a alma e o corpo físico, por ele se processam as imposições da mente sobre a matéria e os efeitos dela em retorno à causa geratriz. Captando o impulso do pensamento e computando a resposta da ação, a ele se incorporam os fenômenos da conduta atual do homem, assim programando os sucessos porvindouros, mediante os quais serão aprimoradas as conquistas, corrigidos os erros e reparados os danos destes últimos derivados. Constituído por campos de força muito especiais, o perispírito irradia vibrações específicas portadoras de carga própria, que facultam a perfeita sintonia com energias semelhantes, estabelecendo áreas de afinidade e repulsão de acordo com as ondas emitidas. Desse modo, quando o Espírito é encaminhado, por ocasião da reencarnação, aos futuros genitores, no momento da fecundação o gameta masculino vitorioso esteve impulsionado pela energia do perispírito do reencarnante, que naquele espermatozoide encontrou os fatores genéticos de que necessitava para a programática a que se deve submeter. A partir desse momento, os códigos genéticos da hereditariedade, em consonância com o conteúdo vibratório dos registos perispirituais, vão organizando o corpo que o Espírito habitará. Como é certo que, em casos especiais, há toda uma elaboração de programa para o reencarnante, na generalidade, os automatismos vibratórios das Leis de Causalidade respondem pela ocorrência, que jamais tem lugar ao acaso. Todo elemento irradia vibrações que lhe tipificam a espécie e respondem pela sua constituição. Espermatozoides e óvulos, em consequência, possuem campo de força específico, que propele os primeiros para o encontro com os últimos, facultando o surgimento da célula ovo. Por sua vez, cada gameta exterioriza ondas que correspondem à sua fatalidade biológica, na programação genética de que se faz portadora. (Temas da Vida e da Morte, Pensamento e perispírito, pp. 35 e 36.)

Concluindo, reproduzimos uma das perguntas propostas ao conhecido escritor Hermínio Correa de Miranda em uma entrevista  publicada pelo CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo, que o leitor pode ver na internet clicando neste link

 - http://geal-ba.blogspot.com.br:

Como se dão as reencarnações regidas pelo automatismo? Esta situação abrange os casos de reencarnação forçada que os Espíritos de pouca luz unidos em falanges impõem a seus subjugados?

Hermínio Correa Miranda: “Há reencarnações com um componente de compulsoriedade, obviamente em benefício da entidade reencarnante. O livro Prontuário da Obra de Allan Kardec, de Deoclécio de Demócrito, recomenda ler, sobre este aspecto, a Questão 262, em O Livro dos Espíritos. Recorro, ainda, ao Indicador Espírita, compilado por outro meticuloso e competente confrade, João Gonçalves. Veja o que contém o verbete número 2155: ‘Reencarnações se processam muita vez sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, qual enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, são decididamente internando na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho, contrariando por vezes até certo a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal.’ São indicadas, nesse verbete, as seguintes fontes de consulta: Evolução em Dois Mundos, Entre a Terra e o Céu, Missionários da Luz, Nosso Lar, No Mundo Maior, Obreiros da Vida Eterna, todos de André Luiz e mais: Autodescobrimento - uma busca interior, de Joanna de Ângelis e, ainda, As Mil Faces da Realidade Espiritual, de Hermínio C. Miranda, bem como Nascer e Renascer (?) e, finalmente, O Problema do Ser, de Léon Denis. Sobre a segunda parte de sua pergunta, lembro meu artigo ‘O médium do Anti-Cristo’ (Reformador, março e abril de 1976), no qual é examinada a hipótese de reencarnações de um mesmo grupo de entidades em torno de Adolf Hitler.”

 

 

 

 

FONTE : ASTOLFO O. OLIVEIRA FILHO EDITOR DA REVISTA ELETRÔNICA O CONSOLADOR

 

              http://www.oconsolador.com.br/ano6/292/oespiritismoresponde.html

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Não foi no Centro Espírita!

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)
  
 


A finalidade essencial do Espiritismo é a melhoria das criaturas
 
Se você indagar de qualquer pessoa que exerça a função de caixa num supermercado, farmácia, padaria etc. sobre onde aprendeu o procedimento de registrar a compra do cliente e sua quitação com dinheiro vivo, cartão de crédito ou cheque, cada modalidade com suas características próprias de encaminhamento e processamento, ela não dirá que foi na escola, mas sim na própria rotina de trabalho, através de alguém que lhe repassou o conhecimento.
O mesmo exemplo pode ser ampliado para outras práticas profissionais, onde o aprendizado ocorre na própria prática da atividade.
E o mesmo raciocínio também ocorre na prática espírita das instituições. Sempre houve alguém que repassou o conhecimento, orientou e encaminhou, com sua experiência, alguém que inicia e começa a trabalhar na seara espírita.
Essa transmissão de conhecimento, todavia, está sujeita aos condicionamentos, vícios e pontos de vista alcançados na compreensão dos postulados do Espiritismo.
Assim como a Escola deveria possuir estrutura para transmitir a experiência da preparação profissional, ao invés de se deterem apenas na transmissão do conhecimento (nem sempre devidamente assimilado), as instituições espíritas possuem objetivos definidos e claros de serem os construtores e geradores do conhecimento, mas nem sempre esta é a realidade que se apresenta.
Muitas vezes, limita-se à transmissão de informações com base em pontos de vista pessoais, sempre sujeitos aos equívocos de entendimento, vícios e condicionamentos a que todos, alunos em aprendizado que somos, estamos sujeitos.
Por esta razão surgem as deturpações e práticas incoerentes, frutos diretos da inexata compreensão do Espiritismo, de seus fundamentos e objetivos, misturando-se misticismos, hábitos estranhos à Doutrina, disputas, vaidades e seus consequentes desdobramentos.
Embora pareça paradoxal, referidas crises existentes nas instituições são naturais e benéficas, porque elas proporcionam crescimento e aprendizado, levando à busca dos verdadeiros parâmetros. Mas é fato real que muitas afirmações e práticas não foram transmitidas no centro espírita, embora sua tribuna e estrutura, possivelmente, tenham sido utilizadas. Foram transmitidas na ausência do conhecimento, através de nossos equívocos de entendimento.
A construção do conhecimento solicita debates, questionamentos, troca de informações, análise ponderada de conceitos, dispensa de preconceitos, entendimento correto de palavras, parágrafos, gramática e, mesmo, é óbvio, a exata compreensão do Espiritismo e seus fundamentos. Referidos conhecimentos, para serem adquiridos e assimilados, e, portanto, construídos interiormente, requerem firmeza e perseverança dos grupos e seus integrantes, pois a mera transmissão de informações assemelha-se a alguém que abrisse o próprio cérebro e colocasse sua massa cerebral para distribuir...
Vejamos, todavia, com bons olhos, esse conflito e aparente disparate na diversidade de entendimento e práticas. Isso é salutar.
Faz-nos pensar, convida à reflexão e oferece a multiplicidade das experiências para que, igualmente, elas sejam analisadas.
Mas há que se ater ao momento aflitivo com que se depara a Humanidade. O instante presente solicita “menos competição e mais cooperação. Esta deve ser a preocupação de todos os espíritas sinceros, a fim de transferir a Doutrina para as futuras gerações, conforme a receberam do Codificador e dos seus iluminados trabalhadores das primeiras horas”, como acentua o Espírito Vianna de Carvalho e outros Espíritos-espíritas, na oportuna mensagem “Campeonato da Insensatez”, publicada pela revista “Reformador”, páginas 8 a 10 da edição de Outubro de 2006, na psicografia de Divaldo Franco.
É que, acentua o Espírito: “Estais comprometidos, desde antes da reencarnação, com o Espiritismo que agora conheceis e vos fascina a mente e o coração. Tende cuidado! Evitai conspurcá-la com atitudes antagônicas aos seus ensinamentos e imposições não compatíveis com o seu corpo doutrinário. Retornar às bases e vivê-las qual o fizeram Allan Kardec e todos aqueles que o seguiram desde o primeiro momento é dever de todo espírita que travou contato com a Terceira Revelação judaico-cristã, porque o tempo urge e a hora é esta, sem lugar para o campeonato da insensatez”.
“Pois (e vale muito transcrever mais este parágrafo) – continua o Espírito –, não se dispõe de tempo (...) para a assistência aos sofredores e necessitados que aportam às casas espíritas, relegados a segundo plano, nem para a convivência com os pobres e desconhecedores da Doutrina, que são encaminhados a cursos, quando necessitam de uma palavra de conforto moral urgente... Os corações enregelam-se e a fraternidade desaparece”.
Não é, pois, no Centro que surgem tais dificuldades. É dentro de nós mesmos, Espíritos-espíritas, encarnados mesmo (embora integrantes das instituições), necessitados todos da autêntica compreensão dos autênticos objetivos do Espiritismo, que não são outros senão os indicados no item 292 de O Livro dos Médiuns: “Não esqueçais que o fim essencial, exclusivo, do Espiritismo é a vossa melhora...”.

Tratemos, pois, com a máxima urgência, de nos adequarmos ao Espiritismo e não tentarmos adequar o Espiritismo ao nosso estreito, limitado e imperfeito ponto de vista pessoal, nem sempre coerente com o autêntico conhecimento à nossa disposição.
         

  Revista Eletrônica O Consolador

Trabalhos & trabalhadores

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)




 

Tudo no mundo reclama entendimento...
Tudo na vida pede nosso esforço...
“Eis que o semeador saiu a semear...” - Jesus. (Mt., 13:3.)
 
O tema chama a atenção para dois posicionamentos importantes, que dizem respeito às nossas atitudes perante os ensinamentos de Jesus e as escolhas que fazemos, ainda que tenhamos pouco conhecimento deles.
Uma delas lembra que os trabalhadores do mundo classificam-se em diferentes posições, mas que o campo é um só; a outra se reporta a uma frase de Jesus, dita aos discípulos, referindo-se ao Evangelho que Ele trazia. Disse o Mestre: “A semeadura é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”¹, ou os colhedores, como entendemos, fazendo referência ao consolo que Seus ensinamentos traziam e a presença de poucos trabalhadores para recolherem essas benesses.
Em relação à primeira, incontáveis são os trabalhos ligados ao estômago, como incontáveis são os trabalhadores que permanecem ligados às emoções relativas ao sexo. Ambos têm fundamento sagrado, mas não podemos e não devemos permanecer parados em uma ou outra expressão, visto ser preciso levantar os olhos e ver acima das regiões nas quais estamos mergulhados.  Necessitamos pensar que existem zonas mais elevadas de onde poderemos colher valores novos, atendendo à nossa própria existência.
Cada um de nós é um celeiro, no qual armazenamos a colheita que houvermos feito em nossas viagens reencarnatórias. É chegado o momento de limparmos esse celeiro e renová-lo com as benesses que houvermos colhido, frutos de semeadura cuidadosa.
A semeadura é nossa, a colheita é nossa e o celeiro é dádiva divina, que precisamos cuidar.  Estamos falando do Espírito que é abrigado pelo corpo, corpo esse que permite a esse mesmo Espírito progredir, evoluir, adquirir valores morais perenes, para que se afaste cada vez mais das zonas inferiores da matéria grosseira e ganhe asas para voos mais altos, em direção a mundos mais elevados.
É a busca de iluminação espiritual, que cada um de nós necessitará, mais cedo ou mais tarde, porque o que é somente material já não nos satisfará mais. Só que essa busca vai requerer, também, de cada um de nós, a disposição firme, a perseverança para alcançar o objetivo e o fortalecimento da fé para que, independentemente dos obstáculos e tentações, possamos prosseguir sem medo.
Tudo no mundo reclama entendimento... Tudo na vida pede nosso esforço...
É neste ponto que a frase de Jesus, dita aos discípulos, necessita esclarecimento: existe o trabalho e existem os trabalhadores. Ainda que estes sejam diferentes, aquele é um só. Ainda que surjam trabalhadores em diferentes posições e atividades, o campo é um só. É a seara do Pai, porque tudo pertence a Ele; tudo emana d`Ele e pode ser transformado em nossas mãos, pela Sua Infinita Misericórdia, em benesses para nós e para os outros. Jesus é o Celeste Trabalhador, agindo em nós e a nosso favor, a fim de aprendermos a ser Seus instrumentos no cumprimento da obra divina em nós.
São as Leis do Trabalho e do Progresso que regem o Universo. Todavia, há milhões de pessoas que se sentem dispensadas da glória de servir; criaturas essas que veem o trabalho como humilhação, como sofrimento e, por isso mesmo, buscam todo tipo de facilidades delituosas, desperdiçando as horas, voltadas tão-somente para a realização dos seus desejos e caprichos, imitando o poço d`água parada que se envenena por si próprio.
Infelizmente, temos, também, muitos aprendizes do Evangelho que almejam grandes realizações de um dia para outro. Diz Emmanuel que esses companheiros – e será que não somos desses? – querem “a coroa da santidade, o poder da cura, a glória do conhecimento superior, as edificações de grande alcance...”²
Entretanto, não basta desejar. Tudo na Natureza obedece a uma sequência da qual ninguém escapa, pois não é possível queimar etapas.
Prossegue Emmanuel, dizendo que a árvore vitoriosa na colheita foi antes um arbusto frágil; que a catarata, capaz de movimentar turbinas poderosas, é um fio de água no nascedouro; e que a construção de um edifício não pode dispensar o serviço da pá e da picareta, do tijolo e da pedra...  Por essa razão, é de vital importância, para garantirmos o prosseguimento nos caminhos da evolução, que abracemos os deveres humildes e simples, por mais árduos que possam ser, pois é através do amor que lhes dedicarmos que atingiremos, no devido tempo, o ideal de progresso que tanto almejamos. Após as pequenas, as grandes tarefas virão espontaneamente ao nosso encontro.
Nenhum trabalhador do campo Divino carrega fardo maior do que aquele que ele pode suportar, embora, tantas vezes, iludido, acredite poder fazê-lo. Fardo pesado exige ombros fortes. Tarefa de grande responsabilidade moral exige preparação adequada, crescimento e desprendimento, em benefício do próximo.
O apóstolo Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, capítulo 2, versículo 15, deixa sábias e justas palavras para que acordemos diante dos convites ao trabalho que Jesus nos faz. Diz ele: “Procura apresentar-te a Deus aprovado como o obreiro que não tem de que se envergonhar”.
O mundo é departamento da Casa Divina. A cátedra para quem fala e a enxada para quem planta não são elementos de divisão humilhante, mas, tão-somente, degraus para cooperadores diferentes. O caminho para a elevação, este sim, é igual para todos. Solo ou livros são somente instrumentos diferentes, mas a essência do serviço é a mesma: apresentar-se diante do Pai como obreiro aprovado na tarefa que lhe foi confiada.
Jesus trouxe o Evangelho para que permanecesse no mundo com a finalidade de enriquecer o espírito humano, mas são tão poucas as criaturas dispostas a trabalhar na sua conquista, enfrentando dificuldades e surpresas que surgem no meio da jornada, com devotamento e fidelidade ao Cristo.
Se de um lado temos a escassez de trabalhadores comprometidos com o Evangelho, de outro, apresenta-se uma multidão de desesperados, aflitos e iludidos, que continuam atravessando séculos sem nada realizar para si mesmos e para os semelhantes. Com isso, esses poucos tarefeiros veem-se onerados em virtude de tantos famintos de pão espiritual. Mas é preciso observar que sem a determinação de buscar, por si próprios, o alimento da vida eterna, ficam aguardando, que chegue até eles, o trigo já beneficiado e o pão já pronto.
Lembra Emmanuel que “esse quadro persistirá na Terra, até que bons consumidores aprendam a ser bons ceifeiros”.³
Jesus é o Semeador Divino por excelência e Suas palavras, sementeira pura e profunda.   Nossos corações também são terrenos a serem cultivados.  Se são pedregosos, cheios de espinhos ou solo fértil, onde caem as sementes amorosas do Mestre amigo, mesmo que ainda não O compreendamos em Sua plenitude, diferentemente dos homens, Ele acredita na nossa capacidade de nos transformarmos, e transformar o que existe ao nosso redor.
Essa capacidade de olhar mais além, de perceber a centelha divina que existe em nós é que faz com que o Excelso Amigo nos aguarde. Ele sabe que nos reergueremos de onde estivermos, com dificuldades, lutas, mas ultrapassando obstáculos com vistas no futuro.
Se ontem semeamos e hoje colhemos, e se desejamos colheita farta e de qualidade no futuro, precisamos aprender a escolher melhor e a recolher essas benesses que emanam de Deus para todos. Evidentemente, é preciso trabalhar para isso, afinal, não estamos trabalhando para nós mesmos?
 
Bibliografia consultada:
1 – Mateus, 9:37.
2 – Emmanuel (Espírito). Fonte Viva – [psicografado por] F. C. Xavier, 31ª ed., FEB – RIO/RJ – 2005 - lição 118.
3 – Emmanuel (Espírito). Pão Nosso – [psicografado por] F. C. Xavier, 17ª ed., FEB – RIO/RJ – 1996 – lição 148.

Fonte: Revista Eletrônica O Consolador

Mapeando os males do egoísmo

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 
 




O egoísmo só será superado quando o indivíduo buscar entender a sua realidade eminentemente espiritual
Decorridos 155 anos da publicação da primeira edição de O Livro dos Espíritos, marco inicial da era do Espírito imortal ou da imortalidade da alma, os mentores espirituais desse mundo têm apontado o egoísmo – assunto que sempre merece cuidadosa reflexão de nossa parte – como o maior entrave ao progresso humano. Nesse sentido, nos comentários referentes à pergunta nº 917 da citada obra, Allan Kardec concluiu que “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes [...]”. O Codificador inferiu também que destruir uma e desenvolver a outra deve ser o objetivo de toda a criatura humana que almeja a felicidade – tanto quanto se é possível alcançá-la neste planeta – agora e no futuro.       
Basicamente, o egoísmo deriva da forte influência das coisas da matéria em nossa personalidade; por isso, é difícil eliminá-lo, mas não impossível. Explicitando mais os seus malefícios, Chico Xavier, já na condição de Espírito desencarnado, na obra que leva, aliás, o seu nome (psicografia de Carlos A. Bacelli), ponderou que “Todos os males que assolam a humanidade derivam do egoísmo; é ele o grande responsável pelos preconceitos de toda espécie – o orgulho racial, o fanatismo religioso, a ambição do poder: é ele que fomenta as guerras de extermínio, a subjugação de um povo por outro, o desequilíbrio que assola as mentes que articulam os atentados terroristas...”.
Infelizmente, nesse início de milênio, a civilização humana ainda se pauta, de maneira inequívoca, pelo comportamento egoístico, considerando que:
  • A pobreza e a desigualdade ocupam o primeiro lugar na hierarquia dos principais problemas da humanidade, segundo Koffi Annan, ex-Secretário Geral das Nações Unidas;
  • 1,4 bilhão de pessoas ainda vivem com menos de US$ 1,25 por dia;
  • 1,75 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza multidimensional, conceito elástico que abarca privações nas áreas da saúde, oportunidades econômicas, educação e padrões de vida;
  • 925 milhões sofrem de fome crônica;
  • 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a condições decentes de saneamento e 884 milhões de pessoas não têm acesso à água potável;
  • 828 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento vivem em favelas, sem infraestruturas básicas ou inadequadas, tais como estradas, abastecimento de água encanada e eletricidade ou esgotos;
  • 796 milhões de adultos são analfabetos;
  • 8,8 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem anualmente devido a problemas de saúde evitáveis;
  • Cerca de 75% da população não está coberta por sistemas de seguridade social adequados;
  • 150 milhões de pessoas sofrem anualmente catástrofes financeiras e 100 milhões são empurradas para níveis abaixo da linha de pobreza, quando obrigadas a pagar pelos serviços de saúde.
Paulo de Tarso não condena nem demoniza o dinheiro 
Vale acrescentar ainda que, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho & Emprego, foram resgatados 41.451 trabalhadores no Brasil entre 1995 e 2011 encontrados em situação análoga à de escravo. Pior ainda: persistem os sinais convincentes de que tal abominação ainda esteja presente no território nacional. Subjacente a grande parte dos males acima descritos, está o notório e excessivo apego ao dinheiro como forma veemente de manifestação egoística. Prova dificílima para o Espírito que, se não bem aproveitada, pode levá-lo ao abismo. Por isso, Paulo de Tarso com acerto asseverou: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Timóteo, 6: 10).
Notem que Paulo não condena, abomina ou demoniza o dinheiro. Como pessoa inteligente, ele certamente sabia da importância desse elemento material para o adequado funcionamento das sociedades humanas. Ainda hoje precisamos ardentemente do       papel-moeda para o nosso sustento, preservação e equilíbrio econômico mundial. De fato, estamos ainda muito longe de vivermos numa economia baseada, por exemplo, no bônus-hora. Mas é previsível que à medida que avançarmos nas coisas do espírito, menos relevância o dinheiro terá em nossas vidas.
Tecendo outras relevantes considerações, o Espírito Emmanuel, na obra Caminho, Verdade e Vida (psicografia de Francisco C. Xavier), enfatiza, por sua vez, que o dinheiro que conquistamos pelos caminhos retos, abençoado pela claridade divina, é um amigo que nos busca a orientação sadia e a utilização humanitária. Mas o sábio mentor adverte igualmente: “Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializas essa força benéfica no sombrio edifício da iniquidade”.
Desse modo, possuir o dinheiro, em si, não é algo negativo; no entanto, as finalidades para as quais o direcionamos impactarão fortemente o nosso futuro. Por isso, o Espírito Emmanuel, em O Evangelho segundo o Espiritismo, observa que: “O egoísmo, chaga da humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem [...]”. Afinal, a maioria de nós traz em si, de maneira muito nítida ainda, essa nódoa. O próprio estilo de vida que adotamos – consumista e eminentemente voltado para a aquisição e o acúmulo de bens materiais em detrimento dos bens espirituais (virtudes) – favorece, como abordamos antes, o comportamento egoístico. 
Há pessoas incapazes de sacrificar-se pelo próximo 
Emmanuel esclarece a necessidade de “[...] Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens”. Emmanuel conclui o seu elevado pensamento externando o seguinte: “É... por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o cristianismo desempenhado por completo a sua missão [...]”. Desafortunadamente, continuamos a não entender que devemos nos empenhar para gerar bem-estar para todos e não apenas para alguns grupos.
Por fim, ele nos conclama a expulsarmos o egoísmo da Terra para que ela possa ascender na hierarquia dos mundos. Mas a condição sine qua non para que tal objetivo seja alcançado é expulsarmos esse sentimento pernicioso de nossos corações. Depreende-se, assim, que este é o único caminho para alcançarmos a maturidade espiritual.
O Espírito Irmão José, na obra Vigiai e Orai (psicografia de Carlos A. Bacelli), aborda outros aspectos inerentes ao sentimento de egoísmo que merecem igualmente reflexão de todos nós. Segundo esse sábio mentor, “Existem pessoas que não são capazes de sacrificar-se por ninguém”. De fato, é imperioso reconhecer que, às vezes, tais pessoas estão sob o nosso teto na condição de filho(a), marido ou esposa, ou até mesmo como mãe ou pai espalhando energias malsãs. “Não são capazes de deixar de ir a uma festa, para atender um amigo”, pondera o citado mentor. Seguindo essa linha de raciocínio, diríamos que as pessoas portadoras de tal perfil raramente saem da sua zona de conforto e, quando o fazem, estão claramente imbuídas de mau humor ou de interesse pessoal. Aliás, é altamente desagradável constatar que muitos pacientes internados em hospitais com doenças graves ficam sem visitas ou aguardam até um ano pela passagem de parentes.
Irmão José observa ainda que essas pessoas são incapazes de renunciar aos seus interesses (geralmente mesquinhos e egocêntricos), de rever uma posição, de algo compartilhar e até mesmo de considerar o outro como extensão delas próprias. Por terem a mente obnubilada não conseguem vislumbrar a obrigação moral de que devemos fazer aos outros o que, fundamentalmente, desejamos para nós próprios.
De maneira geral, o egoísmo pode ser considerado como um vício. É o vício de olhar só para si, para os próprios interesses pessoais; essencialmente, é a atitude viciosa de se importar apenas consigo mesmo e ninguém mais. A propósito, vemos na atualidade jovens viciados roubando coisas de valor de seus próprios lares – agindo egoisticamente por causa da drogadição – sem se importar com a dor e decepção que geram e nem com as consequências das suas loucuras. 
A prática do bem é essencial à nossa sanidade mental 
A análise do egoísmo também comporta uma faceta coletiva. As onipresentes greves de funcionários das companhias de Metrô, ônibus, trens, hospitais e segurança públicas são alguns exemplos insofismáveis da indiferença humana. Explorando um pouco mais os pensamentos do Irmão José, ele afirma que os egoístas são os primeiros “a se valerem da generosidade alheia”. Mais ainda: “Transvestem-se de humildade, mas se rebelam quando não são atendidos de imediato”. Paradoxalmente, “Esperam dos outros o que nunca deram a ninguém”. Desse modo, esclarece com muita propriedade o Espírito Chico Xavier que só através do nosso contato com a dor dos semelhantes para não sucumbirmos às nossas insanas crises narcisísticas.  E arremata, por fim, que: “A prática do bem aos semelhantes é essencial à nossa sanidade mental”.
Cremos que vale relembrar uma passagem contida na obra Dias Venturosos do Espírito Amélia Rodrigues (psicografia de Divaldo P. Franco) que traz o pensamento do próprio Cristo acerca de tão complexo assunto. Os ensinamentos são magnificamente claros e atualizados dado que o egoísmo é endêmico. Buscaremos apresentar um pequeno resumo da lição e recomendamos ao leitor interessado em colher mais informações que as busque na luminosa obra. Posto isto, lembra a mentora do além-túmulo que naquele dia – aliás, como sempre acontecia – o sermão do mestre havia atraído imensa multidão e a “Sua mensagem carregada de ternura e de esperança convidava essencialmente os ouvintes à transformação moral”.
Os pedidos de socorro eram inúmeros e os pedintes não demonstravam atenção para o visível cansaço e desgaste do Mestre inesquecível. Aliás, Amélia Rodrigues observa com precisão que “Na sua cegueira e desconcerto moral, as criaturas nunca veem as dores dos outros, suas dificuldades e problemas, diante dos próprios desafios”. Infelizmente, tal quadro não foi dissipado haja vista que os centros espíritas recebem enorme quantidade de pessoas nesse estado d’alma. E acrescenta ainda ela: “A ânsia de os solucionar torna-as indiferentes aos testemunhos silenciosos e afligentes que vergastam aqueles a quem recorrem, sem a menor consideração”.
Jesus, no entanto, atendera a todos com atenção e compaixão “até o momento em que Simão Pedro o resgatou da massa informe e insaciável”. Decorrido um intervalo para descanso e alimentação, na habitual reunião noturna de estudos, Simão, sob o efeito de um desagradável encontro que tivera com antigo desafeto que outrora o caluniara, e sentindo-se ainda magoado e ressentido, indagou-lhe – motivado por sincero desejo de aprender – como proceder diante dos que nos prejudicam e perturbam...  
O egoísmo é responsável por males incontáveis 
Jesus, solícito, respondeu-lhe com bondade: “Simão, os verdadeiros adversários do homem não se encontram fora dele, porém em seu mundo íntimo, perseguindo e inquietando-o sem termo [...]”.
Buscando obter mais esclarecimentos, perguntou-lhe ainda Simão quais eram os inimigos íntimos que carregamos dentro de nós. O Mestre foi extremamente didático ao explicar que: “Há três inimigos ferozes no imo do ser humano, que respondem por todas as misérias que assolam a sociedade, dilacerando os tecidos sutis da alma. Trata-se do egoísmo, do orgulho e da ignorância”. Tal diagnóstico ainda prevalece, pois vemos as terríveis consequências desses elementos produzindo sofrimento e aflição diariamente.
Continuando os seus ensinamentos, Jesus aduziu o seguinte:
“O egoísmo é algoz impiedoso, que junge a sua vítima ao eito da escravidão, tornando-a infeliz.
Graças a ele predominam os preconceitos sociais, as dificuldades econômicas, os problemas de relacionamento humano... Qual uma moléstia devoradora, se instala nos sentimentos e os estrangula com a força da própria loucura.
O egoísmo é responsável por males incontáveis que devastam a humanidade. O egoísta somente pensa em si, a nada nem a ninguém respeita na sanha de amealhar exclusivamente em benefício próprio, a tudo quanto ambiciona. Faz-se avaro e perverso, porque transita insensível às necessidades alheias.
Por sua vez, o orgulho é tóxico que cega e destrói os valores morais do indivíduo, levando-o a desconsiderar as demais criaturas que o cercam. Acreditando-se excepcional e portador de valores que pensa possuir subestima tudo para sobressair onde se encontra, exibindo a fragilidade moral e as distonias nervosas de que se torna vítima indefesa.
A ignorância igualmente escraviza e torna o ser déspota, indiferente a tudo quanto não lhe diz respeito diretamente, esquecido de que todas as pessoas são membros importantes e interdependentes do organismo social”. 
Ao egoísmo se deve sobrepor a solidariedade  
Pedro desejando aprender mais perguntou ao Messias como extirpar tais males da alma e quais antídotos poderiam ser usados para eliminá-los. E Jesus ofereceu-lhe a seguinte sublime orientação:
“Ao egoísmo se deve sobrepor a solidariedade, que abre os braços à gentileza e ao altruísmo.
O coração generoso é rico de dádivas. Quanto mais as reparte, mais possui, porque se multiplicam com celeridade.
A solidariedade anula a solidão e amplia o círculo de auxílios mútuos, dignificando o ser que se eleva emocionalmente, engrandecendo a vida e a humanidade.
O orgulho cede ante a humildade, que dimensiona a pessoa com a medida exata, descobrindo-lhe o significado, a sua realidade [...].
Sem a humildade o homem se rebela, porque não reconhece a fraqueza que lhe é peculiar, nem se dá conta, conscientemente, de que logo mais será desatrelado do carro orgânico, nivelando-se a todos os demais no vaso sepulcral...
À ignorância facultam-se o conhecimento e o dileto filho do sentimento maior, que é hálito do Pai vivificando tudo e todos, origem e finalidade do Universo: o amor!
[...]
A vitória real é sempre sobre si mesmo, nas províncias da alma.
O perdão às ofensas, o respeito ao direito alheio, a beneficência e a bondade são os filhos diletos do amor-conhecimento que voa em luz com asas de caridade, tornando o mundo melhor e todos os seres felizes”.
Após as profundas elucidações, Jesus silenciou. Em seguida, pôs-se a caminhar, enquanto os demais companheiros caíam em profunda meditação. Portanto, nós espíritas deveríamos nos considerar imensamente felizes por dispor de obras como aquela acima referenciada que traz esclarecimentos e informações da fonte mais pura. Concluindo, o egoísmo só será superado quando o indivíduo buscar entender a sua realidade eminentemente espiritual. O nosso modesto conselho é para que busquemos extirpar esse mal que carregamos em nós de eras incontáveis para nos credenciarmos à felicidade eterna. 
 
Bibliografia: 
Baccelli, C. A. (Pelo Espírito Irmão José). Vigiai e orai. 4ª edição. Uberaba: Editora Vitória, 2002, p. 169-170
Baccelli, C.A. (Pelo Espírito Francisco Cândido Xavier). O Espírito de Chico Xavier. 2ª edição. Uberaba: Liv. Espírita Edições “Pedro e Paulo”, 2004, p. 29, 122-123.
Franco, Divaldo P. (Pelo Espírito Amélia Rodrigues). (2009). Dias venturosos. 3ª edição. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada Editora, Cap. 15, p. 91-96.
Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo.  79ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1980, Cap. XI, p. 197-198.
Kardec, A. O  Livro dos Espíritos. 58ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1983, p. 422.
Leite, F. Famílias “esquecem” idosos em hospitais. Folha de São Paulo, São Paulo, 30 abr. 2006. Folha Cotidiano, p. C1.  
Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalho Escravo no Brasil em Retrospectiva: Referências para estudos e pesquisas. p. 7, janeiro 2012.
Disponível em: http://portal.mte.gov.br
Acesso em 8 mai 2012.
Organização Internacional do Trabalho, (2011). Piso de Proteção Social para uma Globalização Equitativa e Inclusiva. Quadro 1 - A extensão do desafio social global, p. 22.
Disponível em: http://www.oit.org.br
Acessado em 28 mar 2012.
Xavier, F.C. (Pelo Espírito Emmanuel). Caminho, verdade e vida. 7ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1978, Cap. 57, p. 129-130.

Fonte: Revista eletrônica O Consolador