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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Estudo Aprofundado do Espiritismo (FEB)-Livro 1 Cristianismo e Espiritismo - Roteiro 3 As Religiões não Cristãs (2)

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
3
Objetivos
• Apresentar as principais características do Taoísmo e do Confucionismo;
do Islamismo e do Zoroastrismo; do Xintoísmo e
das religiões primais.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO I - ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
• O Taoísmo é uma doutrina elaborada por Lao Tsé. Tao te King é o livro básico do
Taoísmo que define a existência do Tao ou caminho, manifesto sob três formas:
caminho da realidade íntima que é o Criador Supremo, caminho do universo,
da norma, do ritmo da Natureza e o caminho da existência humana.
• Confucionismo é o sistema filosófico chinês, de natureza moral e religiosa,
criado por Kung-Fu-Tzu (Confúcio), que se fundamenta no Taoísmo. Valoriza
a educação, uma vida reta, o culto dos antepassados, a idéia do aperfeiçoamento
contínuo, entre outros.
• O Xintoísmo é uma integração religiosa nascida no Japão, no século VI d.C. É
de natureza anímica miscigenada com totemismo. Tem como princípio o culto
dos mortos e a educação da família.
• As religiões tribais, ainda existentes em várias partes do Planeta, não possuem
textos escritos, mas uma tradição oral que se modifica à medida que as gerações
se sucedem.
AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS (2)
pag.33
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Taoísmo
A palavra Taoísmo (ou Daoísmo) é geralmente empregada para traduzir
dois termos chineses distintos: “Daojiao” que se refere aos “ensinamentos ou
à religião do Dao” e “Daojia”, que se refere à “escola do Dao”, uma linha de
pensamento filosófico chinês.
Segundo a tradição, o Taoísmo (Tao=caminho) teve origem nas idéias
do mestre chinês Lao Tsé (ou “velho mestre”), nascido entre 550 e 604 a.C.,
contemporâneo de Confúcio, outro sábio chinês que iria desenvolver uma
doutrina chamada Confucionismo. Lao Tsé pregava a necessidade de bondade
no coração humano como condição de felicidade. A bíblia do Taoísmo é Tao
te King, que prega a existência de três caminhos: a) o Tao como caminho da
realidade íntima (refere-se ao Criador, de onde brota a vida e ao qual toda a
vida retorna); b) o Tao como caminho do universo, da norma, do ritmo da
Natureza, enfim; c) o Tao como caminho da vida humana. No contexto taoísta,
“Tao” pode ser entendido como o caminho, inserido no espaço-tempo da vida,
isto é, o local ou a ordem onde as coisas acontecem. Pode referir-se, também,
ao mundo real onde a história humana se desenvolve – daí ser, algumas vezes,
nomeado como o “grande Tao”. Neste aspecto teria, talvez, o sentido de existência
humana com as conotações morais que lhe são peculiares. 16
O Taoísmo é um sistema filosófico de crenças politeístas em que se procura
unir elementos místicos do culto dos antepassados com rituais do exorcismo, alquimia
e magia. Entretanto, antes de Lao Tsé outros missionários, enviados ao Planeta
por Jesus, lançaram as bases da organização religiosa da civilização chinesa.
SUBSÍDIOS
MÓDULO I
Roteiro 3
pag.34
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
As raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre aqueles povos já
se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de sumo interesse para a direção e
solução de todos os problemas da vida. A História não vos fala de outros, antes do grande
Fo-Hi, que foi o compilador de suas ciências religiosas, nos seus trigramas duplos,
que passaram do pretérito remotíssimo aos estudos posteriores. Fo-Hi refere-se, no seu
“Y-King”, aos grandes sábios que o antecederam no penoso caminho das aquisições de
conhecimento espiritual. Seus símbolos representam os característicos de uma ciência
altamente evolutiva, revelando ensinamentos de grande pureza e da mais avançada metafísica.
Em seguida a esse grande missionário do povo chinês, o Divino Mestre envia-lhe
a palavra de Confúcio ou Kong-Fo-Tsé, cinco séculos antes da sua vinda, preparando os
caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grécia, Roma e outros
centros adiantados do planeta, enviando-lhes elevados Espíritos da ciência, da religião
e da filosofia [...]. 8
Lao-Tsé foi um elevado mensageiro do Senhor para os povos da raça as
raças amarela. Suas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral.
No Kang-Ing, Lao-Tsé oferece inúmeras lições, como esta: «O Senhor dos
Céus é bom e generoso, e o homem sábio é um pouco de suas manifestações.
Na estrada da inspiração, eles caminham juntos e o sábio lhe recebe as idéias,
que enchem a vida de alegria e de bens.» 20
Como um dos porta-vozes de Jesus, desenvolveu uma filosofia religiosa,
avançada e superior, preparando o caminho do Senhor que, seis séculos depois,
iria trazer o seu Evangelho à Humanidade. 10
À medida em que o Taoísmo se espalhou pela população da China, seus
ensinamentos se misturaram a algumas crenças preexistentes, como a teoria
dos cinco elementos, a alquimia e o culto aos ancestrais. Os seus sacerdotes
trabalhavam com feitiços e poções com a finalidade de obterem maior longevidade.
Algumas idéias taoístas foram também absorvidas pelo Confucionismo
e pelo Budismo. Muitas práticas da antiga medicina tradicional chinesa foram
enraizadas no pensamento taoísta. A medicina chinesa moderna, assim como
as artes marciais chinesas, se fundamentam em conceitos taoístas, como o Tao,
o Qi, e o equilíbrio entre o yin e o yang. 16
O Taoísmo forma um corpo de doutrina que tem origem nas seguintes
fontes primordiais:
• Máximas morais e orientações do “Imperador Amarelo” ou Huang
Di. Trata-se de um dos cinco imperadores chineses, reis lendários sábios e
moralmente perfeitos, que teriam governado a China. O Imperador Amarelo
teria reinado de 2698 a.C. a 2599 a.C. É considerado o ancestral de todos os
pag35
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
chineses da etnia Han. Conta a tradição que desde criança Huang Di era muito
perspicaz, dotado de uma inteligência fora do comum e capaz de estabelecer
raciocínios avançados sobre os mais variados temas. Durante o seu reinado
Huang Di interessou-se especialmente pela saúde e pela condição humana,
questionando os seus médicos sobre como a medicina era praticada. 17
• Livro de aforismos místicos, o Dao De Jing (Tao Te Ching), cuja escrita
é atribuída a Lao Zi (Lao Tsé). Tao Te Ching ou Dao de Jing, comumente
traduzido pelo nome de “O Livro do Caminho e da sua Virtude”, é um dos
escritos chineses mais antigos e conhecidos. A tradição diz que o livro foi escrito
em cerca de 600 a.C. por um sábio que viveu na Dinastia Zhou, Lao Tsé.
É um livro de provérbios relacionados ao Tao, mas que acabou servindo de
obra inspiradora para diversas religiões e filosofias, em especial o Taoísmo e
o Budismo Chan, ou chinês, e sua versão japonesa (Zen Budismo). 18
• Trabalhos do maior filósofo chinês Zhuang Zi (Chuang Tsé), literalmente
denominado “Mestre Zhuang”, que viveu no Século IV a.C. Ele era da
Cidade de Meng, no Estado de Song, hoje Shângqiû. A sua filosofia influenciou
o desenvolvimento do Budismo Chan (chinês) e do Budismo Zen (japonês). 19
• Antigo I Ching, ou O Livro Das Mudanças (ou das Mutações), que é tido
como uma fonte extra do Taoísmo, assim como de práticas de divinação da
China antiga. O I Ching é um texto clássico chinês composto de várias camadas
que foram superpostas ao longo dos tempos. É um dos mais antigos e um dos
únicos textos chineses que chegaram até os nossos dias. Ching, significando
“clássico,” foi o nome dado por Confúcio à sua edição. Antes de Confúcio era
chamado apenas de I, que tem origem no ideograma e é traduzido de muitas
formas. No século XX, ficou conhecido no ocidente como “mudança” ou
“mutação”. O I Ching pode ser compreendido e estudado como um oráculo ou
como um livro de sabedoria. Na própria China é alvo de estudos diferenciados,
realizados por religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoísta. 9
O Taoísmo tem significados diferentes no Ocidente: a) pode ser entendido
como uma escola de pensamento filosófico chinês fundamentada nos textos do
Tao Te Ching atribuídos a Lao Tsé e nos escritos de Chuang Tsé; b) é aceito
como movimento religioso chinês que tem sua origem nos ensinos de Zhang
Daoling, no final da Dinastia Han, estruturado em seitas como a Zhengyi (ou
“Ortodoxa”) e Quanzhen (ou “realidade completa”); c) visto como manifestação
da tradição religiosa chinesa, mas de caráter popular, onde se integram
elementos do Taoísmo, do Confucionismo e do Budismo.
pag.36
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
O Taoísmo é de natureza politeísta, daí as igrejas taoístas possuírem panteões
de divindades, incluindo Lao Zi, Zhang Daoling, o Imperador Amarelo,
o Imperador Jade, Lei Gong (“O Deus do Trovão”) e outros. As duas maiores
igrejas taoístas da atualidade pertencem à seita Zhengyi (evoluída de uma seita
fundada por Zhang Daoling) e o Taoísmo Quanzhen (fundado por Wang
Chongyang).
2. Confucionismo
Confucionismo é um sistema filosófico chinês, de natureza moral e religiosa,
criado por Kung-Fu-Tzu (Confúcio) e que tem por base os princípios ensinados
por Lao Tsé. Entre as preocupações do Confucionismo estão a moral, a
política, a educação e a religião. São conhecidas pelos chineses como Junchaio
(ensinamentos dos sábios). O Confucionismo se tornaria a doutrina oficial do
império chinês durante a dinastia Han ( séculos III a. C. — III d. C.). Vários
seguidores dessa doutrina moral deram continuidade aos ensinamentos de
Confúcio, após esse período.
Donz Zhong Shu, por exemplo, fez uma reforma no Confucionismo,
fundamentando-se na teoria cosmológica dos cinco elementos. O pensamento
taoístico ensina que existem na Natureza cinco elementos, os quais se interagem
e se relacionam, sendo necessários à manutenção da vida: metal, madeira,
terra, água e fogo.
Tais elementos não devem ser vistos apenas como representações materiais,
mas como símbolos e metáforas. A interação desses cinco elementos é feita por
meio de dois ciclos: da produção e do controle. 21
Wang Chong utilizou-se de um ceticismo lógico para criticar as crenças
infundadas e os mitos religiosos. Meng Zi (Mêncio ou Mâncio) e Xun Zi desenvolveram
e expandiram o Confucionismo na sociedade chinesa, ensinando
a doutrina dentro de uma perspectiva mais naturalista. Essa renovação doutrinária
foi denominada de neoconfucionismo. Mencio, em particular, acreditava
na importância da educação para modificar a natureza humana, que se transvia
em função dos conflitos e das necessidades impostas pela vida. Acreditava que,
a despeito do ser humano possuir instintos naturais comuns aos animais, como
o de preservação, a inteligência educada poderia conduzir o ser humano ao
bem. Xun Zi, ao contrário, via na natureza perversa do homem uma herança
ancestral dos instintos de preservação dos animais. Entretanto, entendia que
pag.37
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
no interior do homem há uma inteligência capaz de articular meios pelos quais
se poderia evitar a manifestação da natureza instintiva.
O Confucionismo foi uma filosofia moral de profundo impacto na estrutura
social e cotidiana da sociedade existente na Antigüidade. O valor ao
estudo, à disciplina, à ordem, à consciência política e ao trabalho são lemas
que o Confucionismo implantou na mentalidade chinesa.
A história da China remonta a épocas remotíssimas, no seu passado multi-milenário, e
esse povo, que deixa agora entrever uma certa estagnação nos seus valores evolutivos,
sempre foi igualmente acompanhado na sua marcha por aquela misericórdia infinita
que, do céu, envolve todos os corações que latejam na Terra. [...] A cristalização das
idéias chinesas advém, simplesmente, desse insulamento voluntário que prejudicou, nas
mesmas circunstâncias, o espírito da Índia, apesar de fascinante beleza das suas tradições
e dos ensinos. É que a civilização e o progresso, como a própria vida, dependem das
trocas incessantes. 6
«Confúcio, na qualidade de missionário do Cristo, teve de saturar-se de
todas as tradições chinesas, aceitar as circunstâncias imperiosas do meio, de
modo a beneficiar o país na medida de suas possibilidades de compreensão.» 20
A doutrina de Confúcio foi dirigida à razão humana, rejeitando o misticismo
e as prerrogativas dos poderes sobrenaturais. Segundo os historiadores, por
se ocupar com o homem e com as coisas humanas, Confúcio ficou conhecido
como o “Sócrates chinês”, preparando o solo da China, no começo da era cristã,
para a penetração do Budismo que iria introduzir novos conhecimentos aos
que foram ensinados pelos missionários chineses.
De um modo geral, é o culto dos antepassados o princípio da sua fé [do Budismo]. Esse
culto, cotidiano e perseverante, é a base da crença na imortalidade, porquanto de suas
manifestações ressaltam as provas diárias da sobrevivência. [...] A idéia da necessidade
de aperfeiçoamento espiritual é latente em todos os corações, mas o desvio inerente à
compreensão do Nirvana é aí, como em numerosas correntes do Budismo, um obstáculo
ao progresso geral. O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas,
deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos
os caminhos evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou
beatífica realização do não ser. A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das
trocas incessantes no seio da natureza visível e invisível. Sua manutenção depende da
atividade de todos os mundos e de todos os seres. 11
3. Xintoísmo
Religião surgida no Japão, oriunda de prática anímica ancestral misci-
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
genada com o totemismo. A palavra Xintó (“via dos deuses” ou “caminho
divino”), utilizada no século VI d.C., substituiu o termo búdico Butsudo (“caminho
de Buda”).
O Xintoísmo tem sua base no culto dos mortos, chamados de Kami. Os
Kami são Espíritos divinizados que adquiriram poderes sobrenaturais, após a
morte. Circulam entre os encarnados, participando de suas alegrias e de suas
dores, vigiando-lhes a conduta.
Os historiadores informam que o Xintoísmo é uma religião que não
comporta um código moral ou um decálogo, propriamente dito, porque os
seus seguidores consideram o povo japonês uma raça divina, daí não existir a
necessidade de um código moral.
O Xintoísmo prescreve, na veneração dos seus mortos, os deveres religiosos
de: a) purificar o coração — por meio do arrependimento das ofensas praticadas
contra os espíritos; e b) o de tornar puro o corpo pela higiene física.
No início da era cristã, chega ao Japão o Confucionismo, trazido da China.
Sua influência, limitada aos círculos cultos, alcança o século XVII. O livro
de lendas confucianas, denominado “Os Vinte e quatro modelos de piedade
filial”, exerceu forte influência na educação japonesa, por retratarem uma moral
familiar e conservadora, compatíveis com as tradições xintoístas, as quais, por
sua vez, têm como princípios o amor à família e o respeito aos ancestrais.
Com a introdução do Budismo no Japão, feita por coreanos, surgiram
divergências entre os xintoístas e os budistas, tais como: a) o Xintoísmo admite
vários deuses: o Budismo, em sua origem, não admite qualquer deus; b) o
Xintoísmo prega a sobrevivência definitiva, sem reencarnação dos Espíritos
dos mortos, não existindo, para os mortos, punição ou recompensa, independentemente
da vida que aqui levaram; o Budismo prega a transmigração das
almas (reencarnação) até que estas se purifiquem e atinjam o nirvana. Somente
a partir desse estágio é que a reencarnação não mais ocorre.
4. Islamismo e Zoroastrismo
De todas as religiões não-cristãs, o Islamismo é a mais próxima das do
Ocidente, em termos geográficos e religiosos, pois, como religião, tem origem
judaica e, como filosofia, sofreu influência helênica.
O Islamismo foi fundado pelo profeta Maomé, da tribo Koreish, nascido
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
pag.39
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
em Meca, há aproximadamente 570 anos d.C. No roteiro 29 estudaremos com
maiores detalhes a doutrina do Islã.
O Masdeísmo, ou Zoroastrismo, é uma religião fundada na Pérsia por
Zoroastro, ou Zaratustra, cujas origens se perderam no tempo, mas que foi
inspirada no deserto e na solidão.
A base de sua doutrina era a grande luta entre o bem e o mal, vivendo as criaturas influenciadas
por bons e maus Espíritos. O homem é livre em suas ações – já Zoroastro
pregava o livre-arbítrio – o homem é livre, mas se vê sujeito às influências das forças do
mal. Conservando a ação, a palavra e pensamento puros, afastava-se do mau Espírito e
se aproximava do bom. Devia conservar limpos o corpo e a alma. [...] Na morte, cabialhe
um lugar que estava em relação com o que praticara em vida. Os atos do homem,
na vida, iam determinar a sua situação na morte. A religião de Zoroastro, afirmam os
historiadores e mitólogos, tinha leis morais de extraordinária elevação. 2
Há quem afirme que Zoroastro nunca existiu; mas pela leitura do Zend
Avesta e dos hinos antiqüíssimos temos notícias que ele não foi a um mito, mas
um homem que, à semelhança dos grandes profetas ou de pessoas de maior
envergadura moral, muito lutou e sofreu: «Segui o bem, fazei o bem, pensai
no bem, assim falou Zaratustra.» 3
5. Religiões Primais
As religiões primais, ou tribais, são manifestações primitivas da religiosidade
humana. São encontradas em várias partes do mundo, como África,
Austrália, sudeste Asiático, Ilhas do Pacífico, Sibéria e entre os índios da
América do Norte, Centro e do Sul. Em geral, tais religiões não possuem textos
escritos. Os mitos representam a sua base religiosa, tendo sobrevivido em razão
da tradição oral. Como toda religião tribal, sofre influência de fatores externos,
sendo as suas histórias alteradas ao longo das gerações. As religiões tribais
africanas acreditam na existência de um Deus Supremo, apresentando-o sob
diversos nomes, como criador de todas as coisas e seres. Acreditam também
em outros deuses menores, ou espíritos, encontrados nas florestas, planícies
e montanhas, lagos , rios e no céu. Esses deuses estão intimamente associados
aos fenômenos da natureza (chuva, raios, trovões etc.). Outra característica das
religiões primitivas diz respeito ao culto dos antepassados. Acreditam que os
antepassados se mantêm invisíveis, guardando a mesma aparência que tinham
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
pag.40
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
em vida. Atualmente, muitas das religiões tribais da África adotam práticas
cristãs e islâmicas em seus rituais.
Os milênios, com as suas experiências consecutivas e dolorosas, prepararam os caminhos
dAquele que vinha, não somente com a sua palavra, mas, principalmente, com sua
exemplificação salvadora. Cada emissário trouxe uma das modalidades da grande lição
de que foi teatro a região humilde da Galiléia. É por esse motivo que numerosas coletividades
asiáticas não conhecem a lição direta do Mestre, mas sabem do conteúdo da
sua palavra, em virtude das próprias revelações do seu ambiente, e, se a Boa Nova não se
dilatou no curso dos tempos, pelas estradas dos povos, é que os pretensos missionários
do Cristo, nos séculos posteriores aos seus ensinos, não souberam cultivar a flor da vida e
da verdade, do amor e da esperança, que os seus exemplos haviam implantado no mundo:
– abafando-a nos templos de uma falsa religiosidade, ou encarcerando-a no silêncio dos
claustros, a planta maravilhosa do Evangelho foi sacrificada no seu desenvolvimento e
contrariada nos seus mais lídimos objetivos. 12
pag.41
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990. Item:
Brama, p. 178-179.
2. ______. Item: Zoroastro, p. 181.
3. ______. p. 182.
4. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 8 (A China milenária), item: A
China, p. 73.
5. ______. p. 74.
6. ______. Item: A cristalização das idéias chinesas, p. 74.
7. ______. p. 75 (Fo-Hi).
8. ______. p. 75-76.
9. ______. Item: Confúcio e Lao-Tsé, p. 76-77.
10. ______. p. 77.
11. ______. p. 77-78.
12. ______. p. 85-86 (As revelações gradativas).
13. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2 (A ascendência do Evangelho), item: As tradições religiosas,
p. 26.
14. ______. Item: Os missionários do Cristo p. 26.
15. ______. cap. 4 (Religião e religiões), p. 37.
16. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tao%C3%ADsmo
17. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imperador_Amarelo
18. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dao_De_Jing
19. http://pt.wikipedia.org/wiki/Chuang_Tse
20. http://pt.wikipedia.org/wiki/I_Ching
21. http://pt.wikipedia.org/wiki/teoria_dos_cinco_elementos
REFERÊNCIAS
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
pag.42
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Dividir a turma em grupos para estudo e
debate das religiões não-cristãs inseridas neste
Roteiro. Concluído o trabalho, destacar as principais
características dessas religiões, registrando-as
em cartazes que deverão ser afixados no mural da
sala.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita (FEB) Livro l Cristianismo e Espiritismo-Roteiro 2 As Religiões não Cristãs (1)

EADE - LIVRO I
ROTEIRO 2
Objetivos
• Identificar nos mensageiros das diferentes religiões os portavozes
de Jesus no Planeta.
• Apresentar as principais características do Hinduísmo e do
Budismo.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO I - ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS (1)
• Todas as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de
adiantamento moral e intelectual dos homens: estes, assaz materializados para
compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a
maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores. Allan
Kardec: O céu e o inferno. Primeira parte, cap. 1, item 12.
• O Hinduísmo abrange várias expressões religiosas desenvolvidas na Índia, há
três ou quatro mil anos que apresentam manifestações tipicamente politeístas,
monolatristas, panteístas e animistas. Não existe um fundador do Hinduísmo.
Os seus livros sagrados são os Vedas e os Upanishads.
• O fundador do Budismo foi Sidarta Gautama (560-480 a.C.), o Buda, que
significa “o iluminado”. O Budismo tem como base doutrinária a lei do carma ou
dos renascimentos sucessivos, e tem como meta alcançar o estado de plenitude
espiritual ou nirvana.
23
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Subsídios
Deus jamais deixou de revelar suas leis. A orientação divina chega à Humanidade
em todas as épocas, utilizando todos os meios, direta ou indiretamente
pelo trabalho dos missionários, ou porta-vozes do Senhor.
Esses gênios, que aparecem através dos séculos como estrelas brilhantes, deixando longo
traço luminoso sobre a Humanidade, são missionários ou, se o quiserem, messias. O
que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer na ordem filosófica, são
revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com mais
forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos essenciais
do progresso. 1
Percebemos então que todas as revelações religiosas foram transmitidas
de acordo com o nível de entendimento e de moralidade dos habitantes do
Planeta. Estes, «[...] assaz materializados para compreenderem o mérito das
coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maior parte dos deveres religiosos
no cumprimento de fórmulas exteriores.» 2
Cada coisa acontece no tempo propício, pois o processo evolutivo é lento,
sobretudo no homem primitivo ou de pouca evolução moral e intelectual. «A
verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do
contrário, fica deslumbrado.» 3
Importa considerar que o sentimento religioso é inerente ao ser humano,
ainda que rejeitado por algumas correntes filosóficas e científicas, de natureza
materialista.
A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são
organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita pag.23

acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho
celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram. 15
O desenvolvimento da consciência religiosa está claramente identificada
na história de cada povo.
Vamos encontrar, historicamente, as concepções mais remotas da organização religiosa
na civilização chinesa, nas tradições da Índia védica e bramânica, de onde também se
irradiaram as primeiras lições do Budismo, no antigo Egito, com os mistérios do culto dos
mortos, na civilização resplandecente dos faraós, na Grécia com os ensinamentos órficos e
com a simbologia mitológica, existindo já grandes mestres, isolados intelectualmente das
massas, a quem ofereciam os seus ensinos exóticos, conservando o seu saber de iniciados
no círculo restrito daqueles que os poderiam compreender devidamente. 13
Entendemos que essas tradições não surgiram por acaso no Planeta. Há
um plano divino que direciona todo o processo de melhoria da Humanidade
terrestre. Sob a supervisão de Jesus, missionários renascem para transmitir
aos encarnados não somente lições de progresso científico ou filosófico, mas
também ensinamentos morais e religiosos.
Fo-Hi, os compiladores dos Vedas, Confúcio, Hermes, Pitágoras, Gautama, os seguidores
dos mestres da antigüidade, todos foram mensageiros de sabedoria que, encarnando
em ambientes diversos, trouxeram ao mundo a idéia de Deus e das leis morais a que os
homens se devem submeter para a obtenção de todos os primores da evolução espiritual.
Todos foram mensageiros dAquele que era o Verbo do Princípio, emissários da sua
doutrina de amor. Em afinidade com as características da civilização e dos costumes de
cada povo, cada um deles foi portador de uma expressão do “amai-vos uns aos outros”.
Compelidos, em razão do obscurantismo dos tempos, a revestir seus pensamentos com os
véus misteriosos dos símbolos, como os que se conheciam dentro dos rigores iniciáticos,
foram os missionários do Cristo preparadores dos seus gloriosos caminhos. 14
Num esforço de síntese, apresentaremos as principais manifestações religiosas
não-cristãs, neste roteiro e no próximo.
1. Hinduísmo
O Hinduísmo, palavra que significa indiano, não possui um fundador,
propriamente dito, nem um credo fixo. Projeta-se na história como uma religião
atemporal, pela capacidade de incorporar novos pensamentos e novas práticas
religiosas. Na verdade, o Hinduísmo abrange várias expressões religiosas que
se desenvolveram na Índia, há três ou quatro mil anos. 4 Nesse caldo religioso,
encontramos manifestações tipicamente politeístas, monolatristas, panteístas pag.24
e animistas. No monolatrismo encontramos práticas religiosas situadas entre
o politeísmo e o monoteísmo: adora-se um deus único, considerado o mais
importante, mas sem negar a existência de outros deuses. O panteísmo tem
como princípio a crença de que todas as coisas e seres são uma partícula de
Deus. O animismo ensina que os elementos da natureza são animados por
espíritos que devam ser cultuados.
As diferentes formas de expressão do Hinduísmo atual abrange uma
variedade de cultos e rituais, existindo, em comum, a aceitação do sistema de
castas, dos princípios do carma (ou karma) e a adoração da vaca como animal
sagrado. O regime de castas define a existência de quatro classes sociais básicas
ou varna, que significa “cor”: 1. sacerdotes (brâmanes); 2. guerreiros; 3.
agricultores, comerciantes e artesãos; 4. servos (párias). Essa classificação deu
origem a especificações tão detalhadas que, surpreendentemente, no início do
século vinte existiam cerca de três mil castas. 5
As organizações hindus são de origem anterior à própria civilização egípcia e antecederam
de muito os agrupamentos israelitas, de onde sairiam mais tarde personalidades notáveis,
como as de Abraão e Moisés. As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam
recebido da misericórdia do Cristo, de cuja palavra de amor e de cuja figura luminosa
guardaram as mais comovedoras recordações, traduzidas na beleza dos Vedas e dos
Upanishads. Foram elas as primeiras vozes da filosofia e da religião no mundo terrestre,
como provindo de uma raça de profetas, de mestres e iniciados, em cujas tradições iam
beber a verdade os homens e os povos do porvir [...]. 12
Segundo o entendimento hinduísta, carma (karma= ato) é uma lei natural,
fundamentada na crença de que todas as ações do homem têm conse-qüências
e que serão expressas numa próxima reencarnação.
A adoração da vaca como animal sagrado é outra concepção universal
das tradições hindus, visto que são animais que suprem todas as necessidades
de manutenção da vida biológica. Essa adoração é claramente manifestada
durante as festividades religiosas da Índia, existindo até nos Vedas hinos para
as vacas. 6
Há pontos concordantes entre as diferentes seitas hindus, como é natural.
Entretanto as discordâncias são maiores, em razão da natureza de cada
tipo de interpretação religiosa: politeísta, monolatrista, anímica, panteísta ou
monoteísta. Entre os monoteístas hindus temos os que abraçam concepções
cristãs e os que seguem a orientação islâmica.
Em geral, as manifestações religiosas hinduístas tem como base o livro
sagrado Veda (ou Vedas). A palavra “Veda” significa saber ou conhecimento.pag25
Trata-se de uma sabedoria transmitida de forma oral, cujas raízes remontam
de 1500 a 1000 a.C. Assim, quando se faz citações dos Vedas se afirma:
“está ouvido” (representa uma forma sacra do “ouvir dizer”). Em oposição, se
a referência provém de um texto religioso escrito, tendo ou não como base a
tradição oral, se expressa: “está escrito”. As tradições védicas estão anotadas
em livros, daí a utilização da forma plural “Vedas”. O livro védico Rig-Veda é
o mais antigo, sendo considerado a bíblia mais antiga da Humanidade.
O Hinduísmo apresenta um sistema de adoração a diferentes entidades
espirituais, denominados deuses. Os mais populares são Civa (ou Shiva) e
Vishnu, os quais já encarnaram, respectivamente, como Rama e Krishna, de
acordo com a tradição hindu. No Hinduísmo existe também um grande número
de divindades menores, uma variedade de animais, árvores e rios sagrados,
animados por espíritos. O rio sagrado mais conhecido é o Ganges.
No período védico tardio, entre 1000 e 500 a.C., ocorreu na Índia uma
reforma religiosa que recebeu o nome de Bramanismo. O Bramanismo é uma
religião ortodoxa, praticada por iniciados em práticas védicas, os brâmanes,
conhecidos como “sacerdotes-mágicos”. Os livros sagrados do Bramanismo
são os Bramanas e os Upanishads. Ambos são considerados como revelações
de Brama ou Brahman (Deus Supremo).
Os Upanishads, livros hinduístas mais lidos pelos indianos, estão escritos
sob a forma de diálogos entre o mestre e o discípulo. Transmitem a noção de ser
Brahman a força espiritual essencial em que se baseia todo o universo. «Todos os
seres vivos nascem do Brahman, retornam no Brahman e ao morrer voltam ao
Brahman». 4 O carma é um conceito-chave da filosofia religiosa dos Upanishads
que, considerando o homem como ser imortal, pode renascer numa casta mais
alta ou mais baixa, ou, também, habitar o corpo de um animal. 6 Os Upanishads
trazem, segundo a interpretação hindu, a síntese da moral universal.
Outro texto religioso de grande valor para as religiões hindus é o Bhagavad
Gita (“A Canção do Senhor”). Faz parte da obra épica Mahabharata (em
sânscrito, “grande Índia”) que, segundo a tradição, foi ditado por Krishnna-
Dwaipayana Vyasa, o compilador, possivelmente no século IV a.C. O Bhagavad
Gita foi incluído no Mahabharata possivelmente no século VIII a.C. 17
O Bhagavad Gita, escrito em sânscrito, relata o diálogo de Krishna, uma
das encarnações do deus Vishnu, com Arjuna, seu discípulo guerreiro, em
pleno campo de batalha. Arjuna representa o papel de uma alma confusa sobre
seu dever, e recebe iluminação diretamente de Krishna. No desenrolar da
conversa são inseridos pontos importantes da filosofia indiana oriundos dos
Vedas e do Bramanismo. A obra é uma das principais escrituras sagradas da
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - As religiões não-cristãs (1)
cultura da Índia, e compõe a principal obra da religião Vaishnava, popularmente
conhecida como movimento Hare Krishna. 17
Hare Krishna (ou, mais apropriadamente, Sociedade Internacional para a
Consciência de Krishna) é uma cultura monoteísta hindu oriunda da tradição
védica e que tem por base os ensinamentos do guru Sri Krishna Chaitanya
Mahaprabhu (1486-1534). Esse movimento foi introduzido no Ocidente
em 1965 por Bhaktivedanta Swamo Prabhupada. Os membros da Sociedade
Hare Krishna participam dos serviços nos templos e realizam suas práticas
(chamadas de bhakti-yoga ou yoga da devoção), em casa, ou se dedicam inteiramente
ao serviço de devoção à “Suprema Personalidade de Deus”, que é
Krishna, levando uma vida monástica. Krishna é um nome de Deus e significa
o Todo-Atraente, em sânscrito. O seus membros não podem consumir álcool,
fumar e usar outras drogas, seguindo uma dieta lacto-vegetariana. Dedicamse
ao estudo das escrituras védicas e à entoação de mantras. Os mantras são
considerados sons transcendentais, cantados repetidamente como auxílio à
meditação e auto-realização. Durante o canto, podem manifestar estados de
êxtase transcendental, que resultarão na libertação da alma do corpo. 16
Posteriormente à reforma bramânica, surgiram dois movimentos religiosos,
por volta do século VI a.C., opostos ao Bramanismo: o Janaísmo —
mantido circunscrito à Índia e que persiste nos dias atuais — e o Budismo,
que se difundiu pela Ásia. Essas duas manifestações religiosas são semelhantes:
repudiam o ritual indicado pelo Bramanismo, são indiferentes às tradições
védicas e às suas divindades. São também contrárias ao regime das castas. Seus
fundadores apresentam-se como homens comuns, não aceitando como sendo
a reencarnação de qualquer divindade.
O Janaísmo tem como fundador Mahâvîra Jina (Mahâvîra = “o grande
herói”; Jina =“o vitorioso”). Mahâvîra Jina era descendente da família dos
Kshatryas (de guerreiros e de príncipes) e teve uma vida de asceta, não usando
nem mesmo roupa. Difundiu a sua doutrina no meio da nobreza a que pertencia.
O Janaísmo admite a idéia da transmigração das almas, tendo como
primeira proposta moral: não fazer o mal a qualquer ser vivo.
O religioso hindu, independentemente da seita a que pertença, tem um
altar doméstico onde cultua os deuses de sua devoção e procura seguir o caminho
sagrado indicado pelo Bhagavad Gita: cumprimento dos deveres para com
a família, os membros da sua casta e da comunidade associados às virtudes da
compreensão e da adoração. 7
É importante assinalar que a tradição hinduísta representa a base da formação
religiosa e social da Humanidade terrestre.
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - As religiões não-cristãs (1)
Dos Espíritos degredados no ambiente da Terra, os que se gruparam nas margens do
Ganges foram os primeiros a formar os pródomos de uma sociedade organizada, cujos
núcleos representariam a grande percentagem de ascendentes das coletividades do porvir.
As organizações hindus são de origem anterior à própria civilização egípcia e antecederam
de muito os agrupamentos israelitas [...]. 12
2. Budismo
O fundador do Budismo foi Sidarta Gautama (560-480 a.C.), o Buda, que
significa “o iluminado”. Gautama era filho de um rajá indiano e até a idade
adulta viveu no palácio compartilhando as vantagens materiais destinadas à
nobreza. O Budismo apareceu na mesma época que o Janaísmo, mas sempre
teve papel mais significativo.
Conta-se que Buda, ao percorrer o país, em certa ocasião, encontrou «[...]
os mendigos, os enfermos, os desditosos. Confrangeu-se-lhe o coração, e, certa
noite, deixou o seu palácio, no esplendor de uma festa, para compartir a sorte
dos desgraçados.» 9
Foi no trato com as pessoas sofredoras e vivendo em contato com a natureza
que Buda encontrou a inspiração para organizar a sua doutrina.
Começou por combater as superstições e os sacrifícios. A seus discípulos nada ensinou
sobre Deus, porque eles não podiam formar de Deus uma idéia justa e precisa. Mas
declarou que a alma renascia constantemente até a completa depuração de suas impurezas.
Liberta do cárcere corporal, iria para o nirvana, que é a completa tranqüilidade do
Espírito. 11
Ensinava que a miséria humana tem origem nas ambições egoísticas.
O Hinduísmo e o Budismo têm como pontos comuns: a reencarnação, o
carma e a salvação. Para Buda, o ser humano está preso a uma série de renascimentos,
e, como todas as ações têm conseqüências, o que determina o carma
são os pensamentos, palavras e atos. Para o Budismo, o homem colhe o que
plantou, não existindo um “destino cego” nem uma “divina-providência”: uma
existência está inexoravelmente presa à outra. No entanto, ao longo de uma
série de renascimentos encontra o homem a passagem (porta) para a salvação,
para a perfeição ou nirvana (palavra que significa “apagar”).
A busca pelo nirvana é meta primordial budista, uma vez que essa doutrina
ensina que durante a reencarnação não há uma verdadeira autonomia: tudo é
transitório e pleno de sofrimento. Com o nirvana, a pessoa alcança uma vida
sem sofrimento, de iluminação espiritual (bodhi), onde o carma e a necessidade
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - As religiões não-cristãs (1)
de renascimento já não mais existiriam. 8
Com a morte de Buda surgiram divergências entre os discípulos a respeito
da interpretação dos ensinamentos búdicos. Assim, por volta de 380
a.C., realizou-se um concílio que provocou uma cisão entre os monges conservadores
e os monges liberais, constituindo-se em diferentes correntes de
organização religiosa.
Os ensinamentos de Buda podem ser resumidos no seguinte: 10
• A Lei do Carma – para Buda, enquanto a pessoa não atingir o nirvana,
está escravizada à necessidade da reencarnação. Como todas as ações humanas
têm conseqüências, é preciso que a pessoa aprenda a se depurar, pelos renascimentos
sucessivos.
• Visão da Humanidade – o Budismo não aceita a idéia de uma alma
individual e eterna, como é difundida nas tradições hindus. O fato de o ser
humano achar que é um “eu”, ou que tem uma alma, reflete ignorância, e essa
ignorância pode lhe trazer graves conseqüências, uma vez “que cria o desejo,
e é o desejo que cria o carma”. A alma, para o Budismo, é algo tão fugaz como
qualquer coisa que existe no mundo.
• As quatro nobres verdades do sofrimento – fazem parte do sermão de
Benares, proferido por Buda. As quatro nobres verdades são: tudo é sofrimento;
a causa do sofrimento é o desejo; o sofrimento cessa quando cessa o desejo;
só assim se segue o caminho das oito vias: perfeita compreensão, perfeita aspiração,
perfeita fala, perfeita conduta, perfeito meio de subsistência, perfeito
esforço, perfeita atenção e perfeita contemplação.
O Budismo mantém atualmente duas tendências principais: Theravada
(“a escola dos antigos monges”) que enfatiza a salvação individual pela meditação,
sendo predominante no sul da Ásia (Birmânia, Tailândia, Sri Lanka,
Laos e Camboja); Mahayana (“o grande veículo”) que ensina ser possível a
salvação das pessoas. Essa escola é mais encontrada no norte da Ásia (China,
Japão, Mongólia, Tibet, Coréia e Vietnã). Na China surgiu o Zen-budismo, uma
derivação da escola Mahayana, que dá ênfase à meditação como forma para
alcançar a iluminação e, conseqüentemente, alcançar o nirvana. Atualmente,
o Zen-budismo é mais praticado no Japão, onde existem cerca de vinte mil
templos e cinco milhões de adeptos. 9
Pag.30
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 1, item 6, p. 24.
2. ______. O céu e o inferno. Tradução de Manuel Justiniano Quintão. 59. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte, cap. 1, item 12, p. 19.
3. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006, questão 628, p. 348.
4. HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry; GAARDNER, Jostein. O livro das
religiões. Tradução de Isa Mara Lando. 9. ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001, p. 40-41.
5. ______. p. 41-42.
6. ______. p. 43.
7. ______. p. 49-51.
8. ______. Item: Budismo, p. 59.
9. ______. Item: A difusão do Budismo, p. 67-68.
10. ______. Os ensinamentos de Buda, p. 54-57.
11. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990. Item: O
Buda, p. 185.
12. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 5 (A Índia. A organização hindu),
p. 49.
13. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2 (A ascendência do Evangelho), item: As tradições religiosas,
p. 26.
14. ______. Item: Os missionários do Cristo p. 26-27.
15. ______. cap. 4 (A base religiosa), item: Religião e religiões p. 37.
16. http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Hare_Krishna
17. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bhagavad_Gita
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 2 - As religiões não-cristãs (1)
Paf31
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita:
Dividir a turma em grupos para estudar os
itens: Hinduísmo e Budismo. Após o trabalho,
realizar amplo debate sobre o assunto, em plenária,
destacando as principais características dessas
diferentes interpretações religiosas não-cristãs e os
pontos que lhes são comuns