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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

DO DESÂNIMO : O PODER DAS TREVAS


 
Neio Lúcio
 
Centralizando-se a palestra no estudo das tentações, contou Jesus, sorridente:
— Um valoroso servidor do Pai movimentava-se, galhardamente, em populosa cidade de pecadores, com tamanho devotamento à fé e à caridade, que os Espíritos do Mal se impacientaram em contemplando tanta abnegação e desprendimento. Depois de lhe armarem os mais perigosos laços, sem resultado, enviaram um representante ao Gênio da Trevas, a fim de ouvi-lo a respeito.
Um companheiro de consciência enegrecida recebeu a incumbência e partiu.
O Grande Adversário escutou o caso, atenciosamente, e recomendou ao Diabo Menor que apresentasse sugestões.
O subordinado falou, com ênfase:
— Não poderíamos despojá-lo de todos os bens?
— Isto, não — disse o perverso orientador —; para um servo dessa têmpera a perda dos recursos materiais é libertação. Encontraria, assim, mil meios diferentes para aumentar suas contribuições à Humanidade.
— Então, castigar-lhe-emos a família, dispersando-a e constrangendo-lhe os filhos a enchê-lo de opróbrio e ingratidão... — aventou o pequeno perturbador, reticencioso.
O perseguidor maior, no entanto, emitiu gargalhada franca e objetou:
— Não vês que, desse modo, se integraria facilmente com a família total que é a multidão?
O embaixador, desapontado, acentuou:
— Será talvez conveniente lhe flagelemos o corpo; crivá-lo-emos de feridas e aflições.
— Nada disto — acrescentou o gênio satânico —, ele acharia meios de afervorar-se na confiança e aproveitaria o ensejo para provocar a renovação íntima de muita gente, pelo exercício da paciência e da serenidade na dor.
— Movimentaremos a calúnia, a suspeita e o ódio gratuito dos outros contra ele! — clamou o emissário.
— Para quê? — tornou o Espírito das Sombras. — Transformar-se-ia num mártir, redentor de muitos. Valer-se-ia de toda perseguição para melhor engrandecer-se, diante do Céu.
Exasperado, agora, o demônio menor aduziu:
— Será, enfim, mais aconselhável que o assassinemos sem piedade...
— Que dizes? — redargüiu a Inteligência perversa — A morte ser-lhe-ia a mais doce bênção por reconduzi-lo às claridades do Paraíso.
E vendo que o aprendiz vencido se calava, humilde, o Adversário Maior fez expressivo movimento de olhos e aconselhou, loquaz:
— Não sejas tolo. Volta e dize a esse homem que ele é um zero na Criação, que não passa de mesquinho verme desconhecido...Impõe-lhe o conhecimento da própria pequenez, a fim de que jamais se engrandeça, e verás...
O enviado regressou satisfeito e pôs em prática o método recebido.
Rodeou o valente servidor com pensamentos de desvalia, acerca de sua pretendida insignificância e desfechou-lhe perguntas mentais como estas: “como te atreves a admitir algum valor em tuas obras destinadas ao pó? Não te sentes simples joguete de paixões inferiores da carne? Não te envergonhas da animalidade que trazes no ser? Que pode um grão de areia perdido no deserto? Não te reconheces na posição de obscuro fragmento de lama?”
O valoroso colaborador interrompeu as atividades que lhe diziam respeito e, depois de escutar longamente as perigosas insinuações, olvidou que a oliveira frondosa começa no grelo frágil e deitou-se, desalentado, no leito do desânimo e da humilhação, para despertar somente na hora em que a morte lhe descortinava o infinito da vida.
Silenciou Jesus, contemplando a noite calma...
Simão Pedro pronunciou uma prece sentida e os apóstolos, em companhia dos demais, se despediram, nessa noite, cismarentos e espantadiços.
 
                      -*-
 
 
O homem que se aborrece
Clamando fastio, a esmo,
Encontrou tempo excessivo
Para cuidar se si mesmo.
Casimiro Cunha
 
                      -*-
Pensamento lapidar
Que não se pode esquecer:
Quem pára de trabalhar
Começa logo a morrer.
Leôncio Correia
 
                      -*-
Lembre-se de que você mesmo é:
o melhor secretário de sua tarefa,
o mais eficiente propagandista de seus ideais,
a mais clara demonstração de seus princípios,
o mais alto padrão do ensino superior que seu espírito abraça,
E a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos outros.
 
André Luiz
 
Do livro Idéias e Ilustrações. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O PODER DA GENTILEZA

O  PODER  DA  GENTILEZA
Neio Lúcio
 
Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro pobre, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade.
 
O prefeito ouvir-lhe o plano e disse-lhe:
 
- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.
 
O benfeitor dos meninos desprotegidos considerou:
 
- Mas doutor, não dispomos de recursos... Que fazer?
 
- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.
 
Diante de sua figura humilde, o prefeito disse:
 
- O senhor não pode intervir na administração.
 
O professor muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pensando...
 
Domingo, muito cedo saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.
 
Ia comentando, na oração silenciosa:
 
- Meu Deus como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?
 
Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.
 
O movimento era enorme. Muitas compras. Muita gente.
 
Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:
 
- Meu velho, venha cá.
 
O professor acompanhou-a sem vacilar.
 
À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta quilos de verdura, a matrona recomendou:
 
- Traga-me esta encomenda.
 
Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.
 
Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:
 
- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
 
- Perfeitamente – respondeu o interpelado -, dê suas ordens.
 
Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.
 
Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras.
Em seguida, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa.
Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordens de buscar um peru assado. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em pouco tempo. Logo mais, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.
 
Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete por autoridades respeitáveis.
Reservadamente, indagou sua irmã, que era a dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos na surdina.
 
Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.
 
- Não pense nisto – respondeu com sinceridade -, tive muito prazer em ser-lhe útil.
 
No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na sua casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.
 
O professor teve os olhos úmidos a alegria e o reconhecimento... e agradecendo e beijou-lhe as mãos, respeitoso.
 
A bondade dele vencera os impedimentos legais.
 
O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.
 
A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.
 
 
 
 Do livro A Vida Fala I. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 
 



quarta-feira, 3 de julho de 2013

O REVOLUCIONÁRIO SINCERO- "A revolução é sempre o engano trágico daqueles que desejam arrebatar a outrem o cetro do governo. Quando cada servidor entende o dever que lhe cabe no plano da vida, não há disposição para a indisciplina, nem tempo para a insubmissão...."

Um texto tão atual, que serve como bússola nos dias atuais e reflexão diante das turbulências(comentário do blog)


O  REVOLUCIONÁRIO  SINCERO
Neio Lúcio

No curso das elucidações domésticas, Judas conversava, entusiástico, sobre as anomalias na governança do povo, e, exaltado, dizia das probabilidades de revolução em Jerusalém, quando o Senhor comentou, muito calmo: — Um rei antigo era considerado cruel pelo povo de sua pátria, a tal ponto que o principal dos profetas do reino foi convidado a chefiar uma rebelião de grande alcance, que o arrancasse do Trono.
O profeta não acreditou, de início, nas denúncias populares, mas a multidão insistia.
“O rei era duro de coração, era mau senhor, perseguia, usurpava e flagelava os vassalos em todas as direções” — clamava-se desabridamente.
Foi assim que o condutor de boa-fé se inflamou, igualmente, e aceitou a idéia de uma revolução por único remédio natural e, por isso, articulou-a em silêncio, com algumas centenas de companheiros decididos e corajosos.
Na véspera do cometimento, contudo, como possuía segura confiança em Deus, subiu ao topo dum monte e rogou a assistência divina com tamanho fervor que um Anjo das Alturas lhe foi enviado para confabulação de espírito a espírito.
À frente do emissário sublime, o profeta acusou o soberano, asseverando quanto sabia de oitiva e suplicando aprovação celeste ao plano de revolta renovadora.
O mensageiro anotou-lhe a sinceridade, escutou-o com paciência e esclareceu: — “Em nome do Supremo Senhor, o projeto ficará aprovado, com uma condição.
Conviverás com o rei, durante cem dias consecutivos, em seu próprio palácio, na posição de servo humilde e fiel, e, findo esse tempo, se a tua consciência perseverar no mesmo propósito, então lhe destruirás o trono, com o nosso apoio.” O chefe honesto aceitou a proposta e cumpriu a determinação.
Simples e sincero, dirigiu-se à casa real, onde sempre havia acesso aos trabalhos de limpeza e situou-se na função de apagado servidor; no entanto, tão logo se colocou a serviço do monarca, reparou que ele nunca dispunha de tempo para as menores obrigações alusivas ao gosto de viver.
Levantava-se rodeado de conselheiros e ministros impertinentes, era atormentado por centenas de reclamações de hora em hora.
Na qualidade de pai, era privado da ternura dos filhos; na condição de esposo, vivia distante da companheira.
Além disso, era obrigado, freqüentemente, a perder o equilíbrio da saúde física, em vista de banquetes e cerimônias, excessivamente repetidos, nos quais era compelido a ouvir toda a sorte de mentiras da boca de súditos bajuladores e ingratos.
Nunca dormia, nem se alimentava em horas certas e, onde estivesse, era constrangido a vigiar as próprias palavras, sendo vedada ao seu espírito qualquer expressão mais demorada de vida que não fosse o artifício a sufocar-lhe o coração.
O orientador da massa popular reconheceu que o imperante mais se assemelhava a um escravo, duramente condenado a servir sem repouso, em plena solidão espiritual, porquanto o rei não gozava nem mesmo a facilidade de cultivar a comunhão com Deus, por intermédio da prece comum.
Findo o prazo estabelecido, o profeta, radicalmente transformado, regressou ao monte para atender ao compromisso assumido, e, notando que o Anjo lhe aparecia, no curso das orações, implorou-lhe misericórdia para o rei, de quem ele agora se compadecia sinceramente.
Em seguida, congregou o povo e notificou a todos os companheiros de ideal que o soberano era, talvez, o homem mais torturado em todo o reino e que, ao invés da suspirada insubmissão, competia-lhes, a cada um, maior entendimento e mais trabalho construtivo, no lugar que lhes era próprio dentro do país, a fim de que o monarca, de si mesmo tão escravizado e tão desditoso, pudesse cumprir sem desastres a elevada missão de que fora investido.
E, assim, a rebeldia foi convertida em compreensão e serviço.
Judas, desapontado, parecia ensaiar alguma ponderação irreverente, mas o Mestre Divino antecipou-se a ele, falando, incisivo: — A revolução é sempre o engano trágico daqueles que desejam arrebatar a outrem o cetro do governo.
Quando cada servidor entende o dever que lhe cabe no plano da vida, não há disposição para a indisciplina, nem tempo para a insubmissão.

Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier

sábado, 15 de dezembro de 2012

O Aprendiz Desapontado:..."- O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo, é o trabalho..."

O Aprendiz Desapontado
Um menino que desejava ardentemente residir no Céu, numa
bonita manhã, quando se encontrava no campo, em companhia de
um burro, recebeu a visita de um Bom Espírito.
Reconheceu, depressa, o emissário de Cima, pelo sorriso bondoso
e pela veste resplandecente.
O rapazelho gritou:
- Mensageiro de Jesus, quero o paraíso! Que fazer para chegar até
lá?!
O Espírito respondeu com gentileza:
- O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo, é o
trabalho.
O pequeno, que não parecia muito diligente, ficou pensativo.
O enviado de Deus então disse:
- Venho a este campo, a fim de auxiliar a Natureza que tanto nos
dá.
- o menino ficou pensativo. E o Espírito convidou:
- Queres ajudar-me a limpar o chão, carregando estas pedras para
o fosso vizinho?
O menino respondeu:
- Não posso.
O emissário celeste se dirigiu ao burro:- Você quer ajudar-me?
O animal pacientemente,transportou tudo.
O Espírito passou a dar ordens: - Abramos um caminho.
- Eu não! Disse o menino.
- Ajudarei... prontificou-se o burro.
-Vamos mover o arado. Sugeriu o Espírito.
-Safa! Não quero nada , disse o menino.
-Eu ajudo... apresentou-se o burro
Durante a sementeira, o pequeno repousava e o burro trabalhava.
Abriram um filete de água.
O jovem, cheio de saúde e de leveza, permanecia amuado,
choramingando sem razão.
No fim do dia, o campo estava lindo.
Canteiros bem desenhados surgiam ao centro, ladeados por fios
de água benfeitora.
As árvores pareciam orgulhosas de proteger os canteiros. O vento
parecia um sopro divino no matagal.
A Lua espalhou intensa claridade.
O Espírito abraçou o obediente animal.
- Deus abençoe sua contribuição, meu amigo, disse o Espírito.
O menino viu que o mensageiro se punha de volta, gritou,
ansioso:
- Espírito querido, quero seguir contigo, quero ir para o Céu!...
O emissário divino respondeu, porém:
- O paraíso não foi feito para gente preguiçosa.
E o emissário informou:
Se você deseja encontrá-lo, aprende primeiramente a obedecer
com o burro que soube ser disciplinado e educado também.
E assim esclarecendo subiu para as estrelas, deixando o rapazinho
desapontado, mas disposto a mudar de vida.

A Vida Fala.
Néio Lúcio/Chico Xavier

O Poder Da Gentileza:..."O exemplo é mais vigoroso que a argumentação. A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder."

O Poder Da Gentileza
Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num
bairro pobre, onde centenas de crianças desamparadas cresciam
sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade.
O prefeito ouvir-lhe o plano e disse-lhe:
- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma
casa e autorizaremos a providência.
O benfeitor dos meninos desprotegidos considerou:
- Mas doutor, não dispomos de recursos... Que fazer?
- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.
Diante de sua figura humilde, o prefeito disse:
- O senhor não pode intervir na administração.
O professor muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite
daquele sábado, pensando, pensando...
Domingo, muito cedo saiu a passear, sob as grandes árvores, na
direção de antigo mercado.
Ia comentando, na oração silenciosa:
- Meu Deus como agir? Não receberemos um pouso para as
criancinhas, Senhor?
Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.
O movimento era enorme. Muitas compras. Muita gente.
Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e
tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça
vazia, exclamou:
- Meu velho, venha cá.
O professor acompanhou-a sem vacilar.
À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta
quilos de verdura, a matrona recomendou:
- Traga-me esta encomenda.
Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.
Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram
elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:
- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
- Perfeitamente – respondeu o interpelado -, dê suas ordens.
Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio
metro de lenha para o fogão.
Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou
algumas toras.
Em seguida, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a
com sacrifício da própria roupa.
Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordens de buscar
um peru assado. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em
pouco tempo. Logo mais, atirou-se à limpeza de extenso recinto
em que se efetuaria lauto almoço.
Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no
fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou
a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete
por autoridades respeitáveis.
Reservadamente, indagou sua irmã, que era a dona da casa,
quanto ao novo conhecimento, conversando ambos na surdina.
Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível
desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos
trabalhos.
- Não pense nisto – respondeu com sinceridade -, tive muito
prazer em ser-lhe útil.
No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na sua
casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe
desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado
à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o
patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com
satisfação.
O professor teve os olhos úmidos a alegria e o reconhecimento... e
agradecendo e beijou-lhe as mãos, respeitoso.
A bondade dele vencera os impedimentos legais.
O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.
A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.

Livro : A Vida Fala
Néio Lúcio/ Chico Xavier

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Carta Paterna: (...)"Ah! meu filho quando a impaciência te visita o espírito, recorda que o monstro da ira indesejável te bate à porta do coração. E quando a ele te entregas, imprevidente, tuas conquistas mais elevadas tremem nos alicerces..."



.
CARTA  PATERNA
Neio Lúcio

Meu filho, não tinhas razão em favor da cólera.
Vi, perfeitamente, quando o velhinho se aproximou para servir-te.
Trazia um coração amoroso e atento que não soubeste compreender.
Deste uma ordem que o pobrezinho não ouviu tão bem, quanto desejavas. Repetiste-a e, porque novamente te perguntasse qualquer coisa, proferiste palavras feias, que lhe feriram as fibras mais íntimas.
Como foste injusto!...
Quando nasceste, o antigo servidor já vencera muitos invernos e servira a muita gente.
Enfraqueceram-se-lhe os ouvidos, ante as imperiosas determinações alheias.
Nunca refletiste na neblina que lhe enevoa o olhar? Adquiriu-a trabalhando à noite, enquanto dormias, despreocupado.
Sabes porque traz ele as pernas trêmulas? Devorou muitas léguas a pé, solucionando problemas dos outros.
Irritas-te, quando se demora a movimentar-se a teu mando. Contudo, exiges o automóvel para a viagem de dois quilômetros.
Em muitas ocasiões, queixas-te contra ele. É relaxado aos teus olhos, tem as mãos descuidadas e a roupa não muito limpa. Entretanto, nunca imaginaste que o apagado servidor jamais encontrou oportunidades iguais às que recebeste. Além disto, não lhe oferecem o ensinamento amigo e nem tempo para cogitar das próprias necessidades espirituais.
Reclamas longos dias para examinar pequenina questão, referente ao teu bem-estar; todavia, não lhes consagra nem mesmo uma hora por semana, ajudando-o a refletir...
Respondes, enfadado, quando o velho companheiro te pede alguns níqueis, mais não vacilas em despender pequenas fortunas com amigos ociosos, em noitadas alegres, nas quais te mergulhas em fantasioso contentamento.
Interrogas, ingrato : – que fizeste do dinheiro que te dei?
Esqueces que o servidor de fronte enrugada não dispôs de tempo e recurso para calcular, com exatidão, os processos de ganhar além do necessário e não conseguiu ensejo de ilustrar o raciocínio com o refinamento que caracteriza o teu.
Ah! meu filho quando a impaciência te visita o espírito, recorda que o monstro da ira indesejável te bate à porta do coração. E quando a ele te entregas, imprevidente, tuas conquistas mais elevadas tremem nos alicerces. Chego a desconhecer-te, porque a fúria dos elementos interiores te alteram a individualidade aos meus olhos e eu não sei se passas à condição de criança ou de demônio!...
Se não podes conter, ainda, os movimentos impulsivos de sentimentos perturbadores, chegado o instante do testemunho, cala-te e espera.
A cólera nada edifica e nada restaura... apenas semeia desconfiança e temor, ao redor de teus passos.
Não ameaces com a voz, nem te insurjas contra ninguém.
É provável que guardes alguma reclamação contra mim, teu pai, porque eu também sou ainda humano. No entanto, filho, acima de nós ambos permanece o Pai Supremo, e que seria de ti e de mim, se Deus, um dia, se encolerizasse contra nós?

Do livro “alvorada Cristã”.Espírito de Neio Lúcio. Psicografia de Francisco C. Xavier.