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terça-feira, 21 de maio de 2019

Discurso de Estevão


[...]Moisés foi a porta, o Cristo é a chave.[...]Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés[...]O Cristo é a substância da nossa liberdade.Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e de luz.Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés. A Lei é humana; o Evangelho é divino.Moisés é o condutor; O Cristo,Salvador.Os profetas foram mordomos fiéis;  Jesus, porém, é o Senhor da Vinha.



Emmanuel  em “Paulo e Estevão”, psicografia de Chico Xavier:


[...] “Meus caros, eis que chegados são os tempos em que o Pastor vem reunir as ovelhas em torno do seu zelo sem limites. Éramos escravos das imposições pelos raciocínios, mas hoje somos livres pelo Evangelho do Cristo Jesus.

Nossa raça guardou, de épocas imemoriais, a luz do Tabernáculo e Deus nos enviou seu Filho sem mácula. Onde estão, em Israel, os que ainda não ouviram as mensagens da Boa Nova? Onde os que ainda não se felicitaram com as alegrias da nova fé ? Deus enviou sua resposta divina aos nossos anseios milenários, a revelação dos Céus aclara os nossos caminhos. Consoante as promessas da profecia de todos quantos choraram e sofreram por amor ao Eterno, o Emissário Divino veio até ao antro de nossas dores amargas e justas, para iluminar a noite de nossas almas impenitentes, para que se nos desdobrassem os horizontes da redenção.
O Messias atendeu aos problemas angustiosos da criatura humana, com a solução do amor que redime todos os seres e purifica todos os pecados.

Mestre do trabalho e da perfeita alegria da vida, suas bênçãos representam nossa herança.

Moisés foi a porta, o Cristo é a chave.

Com a coroa do martírio adquiriu, para nós outros, a láurea imortal da salvação. Éramos cativos do erro, mas seu sangue nos libertou. Na vida e na morte, nas alegrias de Canaã, como nas angústias do calvário, pelo que fez e por tudo que deixou de fazer em sua gloriosa passagem pela Terra, Ele é o filho de Deus iluminando o caminho.

Acima de todas as cogitações humanas, fora de todos os atritos das ambições terrestres, seu reino de paz e luz esplende na consciência das almas redimidas. Ó Israel! tu que esperaste por tantos séculos, tuas angústias e dolorosas experiências não foram vãs!...

Enquanto outros povos se debatiam nos interesses inferiores, cercando os falsos ídolos de falsa adoração e promovendo, simultaneamente, as guerras de extermínio com requintes de perversidade, tu, Israel, esperaste o Deus justo. Carregaste os grilhões da impiedade humana, na desolação e no deserto; converteste em cânticos de esperança as ignomínias do cativeiro; sofreste o opróbrio dos poderosos da Terra; viste os teus varões e as tuas mulheres, os teus jovens  e as tuas crianças exterminados sob o guante das perseguições, mas nunca descreste da justiça dos Céus! Como o Salmista, afirmaste com teu heroísmo que o amor e a misericórdia vibram em todos os teus dias! Choraste no caminho longo dos séculos, com as tuas amarguras e feridas.

Como  Job, viveste da tua fé, subjugada pelas algemas do mundo, mas já recebeste o sagrado depósito de  Jeová - O Deus único!...

Oh! esperanças eternas de Jerusalém, cantai de júbilo, regozijai-vos, embora não tivéssemos sido fiéis inteiramente à compreensão, por conduzir o Cordeiro Amado aos braços da cruz. Suas chagas, todavia, nos compraram para o céu, com o alto preço do sacrifício supremo!...

Isaías o contemplou, vergado ao peso de nossas iniquidades, florescendo na aridez dos nossos corações, qual flor do céu num solo adusto, mas, revelou também, que, desde a hora da sua extrema renúncia, na morte infamante, a sagrada causa divina prosperaria para sempre em suas mãos.

Amados, onde andarão aquelas ovelhas que não souberam ou não puderam esperar?

Procuremo-las para o Cristo, como dracmas perdidas do seu desvelado amor!

Anunciemos a todos os desesperados as glórias e os júbilos do seu reino de paz e de amor imortal!...

A lei nos retinha no espírito de nação, sem conseguir apagar de nossa alma o desejo humano de supremacia na Terra. Muitos de nossa raça hão esperado um príncipe dominador, que penetrasse em triunfo a cidade santa, com os troféus sangrentos de uma batalha de ruína e morte; que nos fizesse empunhar um cetro odioso de forças e tirania. Mas o Cristo nos libertou para sempre. Filho de Deus e emissário da sua glória, seu maior mandamento confirma Moisés, quando recomenda o amor a Deus acima de todas as coisas, de todo o coração e  entendimento, acrescentando, no mais formoso decreto divino, que nos amemos uns aos outros, como Ele próprio nos amou.

Seu reino é o da consciência reta e do coração purificado ao serviço de Deus. Suas portas constituem o maravilhoso caminho da redenção espiritual, abertas de par em par aos filhos de todas as nações.

Seus discípulos amados virão de todos os quadrantes.

Fora de suas luzes haverá sempre tempestade para o viajor vacilante da Terra que, sem o Cristo, cairá vencido nas batalhas infrutuosas e destruidoras das melhores energias do coração. Somente o seu Evangelho confere paz e liberdade. É o tesouro do mundo.

Em sua glória sublime os justos encontrarão a coroa de triunfo, os infortunados o consolo, os tristes a fortaleza do bom ânimo, os pecadores a senda redentora dos resgates misericordiosos.

É verdade que o não havíamos compreendido. No grande testemunho, os homens não entenderam sua divina humildade e os mais afeiçoados o abandonaram.

 Suas chagas clamaram pela nossa indiferença criminosa.

Ninguém poderá eximir-se dessa culpa, visto sermos todos herdeiros das suas dádivas celestiais. Onde todos gozam do benefício, ninguém pode fugir à responsabilidade.

Essa a razão por que respondemos pelo crime do Calvário. Mas, suas feridas foram a nossa luz, seus martírios o mais ardente apelo de amor, seu exemplo o roteiro aberto para o bem sublime e imortal.

Vinde, pois, comungar conosco à mesa do banquete divino!

Não mais as festas do pão putrescível, mas o eterno alimento da alegria e da vida...

 Não mais o vinho que fermenta, mas o néctar confortante da alma, diluído nos perfumes do amor imortal.

  O Cristo é a substância da nossa liberdade.

 Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e de luz.

 Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés.

  A Lei é humana; o Evangelho é divino.

 Moisés é o condutor; O Cristo, o Salvador.
Os profetas foram mordomos fiéis;  Jesus, porém, é o Senhor da Vinha.

Com a Lei, éramos servos; com o Evangelho, somos filhos livres de um Pai amoroso e justo!...”




Trecho do Livro Paulo e Estevão , pág. 87 à 90

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Discurso de Estevão



[...]Moisés foi a porta, o Cristo é a chave.[...]Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés[...]O Cristo é a substância da nossa liberdade.Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e de luz.Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés. A Lei é humana; o Evangelho é divino.Moisés é o condutor; O Cristo,Salvador.Os profetas foram mordomos fiéis;  Jesus, porém, é o Senhor da Vinha.



Emmanuel  em “Paulo e Estevão”, psicografia de Chico Xavier:


[...] “Meus caros, eis que chegados são os tempos em que o Pastor vem reunir as ovelhas em torno do seu zelo sem limites. Éramos escravos das imposições pelos raciocínios, mas hoje somos livres pelo Evangelho do Cristo Jesus.

Nossa raça guardou, de épocas imemoriais, a luz do Tabernáculo e Deus nos enviou seu Filho sem mácula. Onde estão, em Israel, os que ainda não ouviram as mensagens da Boa Nova? Onde os que ainda não se felicitaram com as alegrias da nova fé ? Deus enviou sua resposta divina aos nossos anseios milenários, a revelação dos Céus aclara os nossos caminhos. Consoante as promessas da profecia de todos quantos choraram e sofreram por amor ao Eterno, o Emissário Divino veio até ao antro de nossas dores amargas e justas, para iluminar a noite de nossas almas impenitentes, para que se nos desdobrassem os horizontes da redenção.
O Messias atendeu aos problemas angustiosos da criatura humana, com a solução do amor que redime todos os seres e purifica todos os pecados.

Mestre do trabalho e da perfeita alegria da vida, suas bênçãos representam nossa herança.

Moisés foi a porta, o Cristo é a chave.

Com a coroa do martírio adquiriu, para nós outros, a láurea imortal da salvação. Éramos cativos do erro, mas seu sangue nos libertou. Na vida e na morte, nas alegrias de Canaã, como nas angústias do calvário, pelo que fez e por tudo que deixou de fazer em sua gloriosa passagem pela Terra, Ele é o filho de Deus iluminando o caminho.

Acima de todas as cogitações humanas, fora de todos os atritos das ambições terrestres, seu reino de paz e luz esplende na consciência das almas redimidas. Ó Israel! tu que esperaste por tantos séculos, tuas angústias e dolorosas experiências não foram vãs!...

Enquanto outros povos se debatiam nos interesses inferiores, cercando os falsos ídolos de falsa adoração e promovendo, simultaneamente, as guerras de extermínio com requintes de perversidade, tu, Israel, esperaste o Deus justo. Carregaste os grilhões da impiedade humana, na desolação e no deserto; converteste em cânticos de esperança as ignomínias do cativeiro; sofreste o opróbrio dos poderosos da Terra; viste os teus varões e as tuas mulheres, os teus jovens  e as tuas crianças exterminados sob o guante das perseguições, mas nunca descreste da justiça dos Céus! Como o Salmista, afirmaste com teu heroísmo que o amor e a misericórdia vibram em todos os teus dias! Choraste no caminho longo dos séculos, com as tuas amarguras e feridas.

Como  Job, viveste da tua fé, subjugada pelas algemas do mundo, mas já recebeste o sagrado depósito de  Jeová - O Deus único!...

Oh! esperanças eternas de Jerusalém, cantai de júbilo, regozijai-vos, embora não tivéssemos sido fiéis inteiramente à compreensão, por conduzir o Cordeiro Amado aos braços da cruz. Suas chagas, todavia, nos compraram para o céu, com o alto preço do sacrifício supremo!...

Isaías o contemplou, vergado ao peso de nossas iniquidades, florescendo na aridez dos nossos corações, qual flor do céu num solo adusto, mas, revelou também, que, desde a hora da sua extrema renúncia, na morte infamante, a sagrada causa divina prosperaria para sempre em suas mãos.

Amados, onde andarão aquelas ovelhas que não souberam ou não puderam esperar?

Procuremo-las para o Cristo, como dracmas perdidas do seu desvelado amor!

Anunciemos a todos os desesperados as glórias e os júbilos do seu reino de paz e de amor imortal!...

A lei nos retinha no espírito de nação, sem conseguir apagar de nossa alma o desejo humano de supremacia na Terra. Muitos de nossa raça hão esperado um príncipe dominador, que penetrasse em triunfo a cidade santa, com os troféus sangrentos de uma batalha de ruína e morte; que nos fizesse empunhar um cetro odioso de forças e tirania. Mas o Cristo nos libertou para sempre. Filho de Deus e emissário da sua glória, seu maior mandamento confirma Moisés, quando recomenda o amor a Deus acima de todas as coisas, de todo o coração e  entendimento, acrescentando, no mais formoso decreto divino, que nos amemos uns aos outros, como Ele próprio nos amou.

Seu reino é o da consciência reta e do coração purificado ao serviço de Deus. Suas portas constituem o maravilhoso caminho da redenção espiritual, abertas de par em par aos filhos de todas as nações.

Seus discípulos amados virão de todos os quadrantes.

Fora de suas luzes haverá sempre tempestade para o viajor vacilante da Terra que, sem o Cristo, cairá vencido nas batalhas infrutuosas e destruidoras das melhores energias do coração. Somente o seu Evangelho confere paz e liberdade. É o tesouro do mundo.

Em sua glória sublime os justos encontrarão a coroa de triunfo, os infortunados o consolo, os tristes a fortaleza do bom ânimo, os pecadores a senda redentora dos resgates misericordiosos.

É verdade que o não havíamos compreendido. No grande testemunho, os homens não entenderam sua divina humildade e os mais afeiçoados o abandonaram.

 Suas chagas clamaram pela nossa indiferença criminosa.

Ninguém poderá eximir-se dessa culpa, visto sermos todos herdeiros das suas dádivas celestiais. Onde todos gozam do benefício, ninguém pode fugir à responsabilidade.

Essa a razão por que respondemos pelo crime do Calvário. Mas, suas feridas foram a nossa luz, seus martírios o mais ardente apelo de amor, seu exemplo o roteiro aberto para o bem sublime e imortal.

Vinde, pois, comungar conosco à mesa do banquete divino!

Não mais as festas do pão putrescível, mas o eterno alimento da alegria e da vida...

 Não mais o vinho que fermenta, mas o néctar confortante da alma, diluído nos perfumes do amor imortal.

  O Cristo é a substância da nossa liberdade.

 Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e de luz.

 Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés.

  A Lei é humana; o Evangelho é divino.

 Moisés é o condutor; O Cristo, o Salvador.
Os profetas foram mordomos fiéis;  Jesus, porém, é o Senhor da Vinha.

Com a Lei, éramos servos; com o Evangelho, somos filhos livres de um Pai amoroso e justo!...”


Trecho do Livro Paulo e Estevão , pág. 87 à 90

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

JESUS E KARDEC

 Emmanuel

Ante a Revelação Divina, assevera Jesus:
- “Eu não vim destruir a Lei.”
E reafirma Allan Kardec:
- “Também o Espiritismo diz: - não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.”
Perante a grandeza da vida, exclama o Divino Mestre:
- “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”
E Allan Kardec acentua:
- “A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem aos Espíritos, que neles reencarnam, moradas correspondentes ao adiantamento que lhes é próprio.”
Exalçando a lei de amor que rege o destino de todas as criaturas, advertiu-nos o Senhor:
- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
E Allan Kardec proclama:
- “Fora da caridade não há salvação.”
Destacando a necessidade de progresso para o conhecimento e para a virtude, recomenda o Cristo:
- “Não oculteis a candeia sob o alqueire.”
E Allan Kardec acrescenta:
- “Para ser proveitosa, tem a fé que ser ativa; não deve entorpecer-se.”
Encarecendo o imperativo do esforço próprio, sentencia o Senhor:
- “Buscai e achareis.”
E Allan Kardec dispõe:
- “Ajuda a ti mesmo que o Céu te ajudará.”
Salientando o impositivo da educação, disse o Excelso Orientador:
- “Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai Celestial.”
E AIlan Kardec adiciona:
- “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as inclinações infelizes.”
Enaltecendo o espírito de serviço, notificou o Eterno Amigo:
- “Meu Pai trabalha até hoje e eu trabalho também’’
E Allan Kardec confirma:
- “Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho corpóreo, seus membros ter-se-iam atrofiado, e, se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal.”
Louvando a responsabilidade, ponderou o Senhor:
- “Muito se pedirá a quem muito recebeu.”
E Allan Kardec conclui:
- “Aos espíritas muito será pedido, porque muito hão recebido.”
Exaltando a filosofia da evolução, através das existências numerosas que nos aperfeiçoam o ser, na reencarnação necessária, esclarece o Excelso Instrutor:
- “Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo.”
E Allan Kardec conclama:
- “Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”
Consagrando a elevada missão da verdadeira ciência, avisa o Mestre dos Mestres:
- “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.”
E Allan Kardec anuncia:
- ‘‘Fé inabalável só é aquela que pode encarar a razão face a face.’’
Tão extremamente identificado com o Mestre Divino surge o Apóstolo da Codificação, que os augustos mensageiros, que lhe supervisionam a obra, foram positivos nesta síntese que recolhemos da Resposta à Pergunta número 627, em O Livro dos Espíritos:
- “Estamos incumbidos de preparar o Reino do Bem que Jesus anunciou.”
Eis por que, ante o primeiro centenário das páginas basilares da Codificação, saudamos no Espiritismo – Chama da Fé Viva a resplender sobre o combustível da Filosofia e da Ciência – o Cristianismo Restaurado ou a Religião do Amor e da Sabedoria, que, partindo do Espírito Sublime de Nosso Senhor Jesus Cristo, encontrou em Allan Kardec o fiel refletor para a libertação e ascensão da Humanidade inteira.
 
 
Fonte: Livro “Trevo de idéias” – Autor Francisco Cândido Xavier pelo Espírito de Emmanuel
Digitado por: Lílian Figueiredo Silva

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A LEI DE MOISÉS E A LEI DO CRISTO."... O Sábado é um dia consagrado ao repouso, à prece. É o emblema da felicidade eterna, a que aspiram todos os Espíritos e ao qual não chegarão senão depois de se haverem aperfeiçoado pelo trabalho e se despojado, pelas encarnações, de todas as impurezas do coração humano..."

Ensinos e Dissertações Espíritas
A LEI DE MOISÉS E A LEI DO CRISTO

(Comunicação obtida pelo Sr. R..., de Mulhouse)
Um de nossos assinantes de Mulhouse nos envia a carta
e a comunicação seguintes:
“...Aproveito a ocasião que se apresenta de vos
escrever, para vos informar sobre uma comunicação que recebi,
como médium, de meu Espírito protetor, e que me parece
interessante e instrutiva por todos os títulos. Se assim entenderdes,
eu vos autorizo a fazer dela o uso que julgardes mais útil.
Eis qual foi o princípio. Inicialmente devo dizer-vos que professo o culto israelita e, naturalmente, sou levado às idéias religiosas nas quais fui educado. Eu tinha notado que, em todas as comunicações dadas pelos Espíritos, não se tratava senão da moral cristã, pregada pelo Cristo, e que nunca se falava da lei de Moisés. No entanto, eu dizia a mim mesmo que os mandamentos de Deus, revelados por
Moisés, me pareciam ser o fundamento da moral cristã; que o
Cristo poderia ter ampliado o quadro e desenvolvido suas
conseqüências, mas que o germe estava na lei ditada no Sinai.
Então me perguntei se a menção, tantas vezes repetida, da moral do
Cristo, embora a de Moisés não lhe fosse estranha, não provinha do
fato de que a maior parte das comunicações recebidas emanavam
de Espíritos que tinham pertencido à religião dominante, e se elas
não seriam uma lembrança das idéias terrenas. Dominado por tais
pensamentos, evoquei meu Espírito protetor, que foi um dos meus
parentes próximos e se chamava Mardoché R... Eis as
perguntas que lhe dirigi e as respostas dadas por ele, etc...(13)

1. Em todas as comunicações feitas à Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, cita-se Jesus como sendo o que
ensinou a mais bela moral. Que devo pensar disto?

Resp. – Sim, o Cristo foi o iniciador da moral mais pura,
a mais sublime; a moral evangélica cristã, que deve renovar o
mundo, aproximar os homens e os tornar a todos irmãos; a moral
que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade, o
amor do próximo; que deve criar entre todos os homens uma
solidariedade comum; enfim, uma moral que deve transformar a
Terra e dela fazer uma morada para Espíritos superiores aos que
hoje a habitam. É a lei do progresso, à qual está submetida a
Natureza; e o Espiritismo é uma das forças vivas de que Deus se
serve para fazer a Humanidade avançar na via do progresso moral.
São chegados os tempos em que as idéias morais devem
desenvolver-se para realizar o progresso que está nos desígnios de
Deus; elas devem seguir a mesma rota percorrida pelas idéias de
liberdade, das quais eram precursoras. Mas não se deve crer que
esse desenvolvimento se fará sem lutas.
Não; para chegar àmaturidade, elas necessitam de abalos e discussões, a fim de quepossam atrair a atenção das massas; mas, uma vez fixada a atenção,a beleza e a santidade da moral impressionarão os Espíritos e estesse ligarão a uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e lhes abre as portas da felicidade eterna.
Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para o revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo tão notável destinavam-se a chamar a atenção geral e fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.

2. Em que, pois, a moral de Moisés é inferior à do Cristo?

Resp. – A moral que Moisés ensinou era apropriada
ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que
ele se propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto ao
aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se
pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de
holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo.
Notável do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e ciências, a inteligência deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o império de uma religião inteiramente espiritual.
Era-lhes necessária uma representação semimaterial, qual a que apresentava então a religião hebraica.
Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, ao passo que a idéia de Deus lhes falava ao espírito.
Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm os germes da mais ampla moral cristã.
Os comentários da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque,
praticada em toda a sua pureza, não na teriam então compreendido.
Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus deixavam de ser
um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear a
estrada que a Humanidade tinha de percorrer. Moisés abriu o
caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá.

3. O Sábado é um dia consagrado?

Resp. – Sim. O Sábado é um dia consagrado ao repouso,
à prece. É o emblema da felicidade eterna, a que aspiram todos os
Espíritos e ao qual não chegarão senão depois de se haverem
aperfeiçoado pelo trabalho e se despojado, pelas encarnações, de
todas as impurezas do coração humano.

4. Como se explica que cada seita tenha consagrado um
dia diferente?
Resp. – Cada seita, é verdade, consagrou um dia
diferente, mas isto não é motivo para nos pormos em desacordo.
Deus aceita as preces e as formas de cada religião, desde que os atos correspondam aos ensinamentos. Seja qual for a forma pela qual seja invocado, a prece lhe é agradável, se a intenção é pura.

5. Pode-se esperar o estabelecimento de uma religião universal?

Resp. – Não; não no nosso planeta, ou, pelo menos, não
antes que tenha feito progressos. Por enquanto, milhares e milhares
de gerações ainda não o verão.

Mardoché R...

(13 N. do T.: Parte considerável das respostas obtidas neste questionário
foi transcrita por Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo,
capítulo I, item 9 – Instruções dos Espíritos: A nova era.)
Revista Espírita 1861 -Março

domingo, 9 de dezembro de 2012

2 - O MESTRE E O APÓSTOLO

Trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Cap. 1" Não vim destruis as Leis-- As três revelações" item 7
7. Da mesma maneira que disse o Cristo: "Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento", também diz o Espiritismo: "Eu não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento". Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas o desenvolve, completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito sob forma alegórica. Ele vem cumprir, na época predita, o que o Cristo anunciou, e preparar o cumprimento das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.
========================================================================
2 - O MESTRE E O APÓSTOLO
E - Cap. 1 - Item 7
Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.
Jesus, o Mestre.
Kardec, o professor.
Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.
Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.
Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na
sombra.
Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.
Jesus caminha sem convenções.
Kardec age sem preconceitos.
Jesus exige coragem de atitudes
Kardec reclama independência mental.
Jesus convida ao amor.
Kardec impele à caridade.
Jesus consola a multidão.
Kardec esclarece o povo.
Jesus acorda o sentimento.
Kardec desperta a razão.
Jesus constrói
Kardec consolida.
Jesus revela.
Kardec descortina.
Jesus propõe.
Kardec expõe.
Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.
Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.
Jesus afirma que é preciso nascer de novo.
Kardec explica a reencarnação.
Jesus reporta-se a outras moradas.
Kardec menciona outros mundos.
Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um
pela próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.
Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.
Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida,Jesus e Kardec estão
perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.
Jesus, a porta.
Kardec, a chave.
( Livro : Opinião Espírita -Chico Xavier e Waldo Vieira  ditado por
Emmanuel e André Luiz)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

(...)Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés. A Lei é humana; o Evangelho é divino. Moisés é o condutor; O Cristo, o Salvador....

Trecho do Livro Paulo e Estevão  ditado por Emmanuel e psicografado por Chico Xavier.

...O moço, magro e pálido, em cuja assistência os mais infelizes julgavam
encontrar um desdobramento do amor do Cristo, orou em voz alta suplicando
para si e para a assembléia a inspiração do Todo-Poderoso. Em seguida, abriu
um livro em forma de rolo e leu uma passagem das anotações de Mateus:
— Mas, ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai
dizendo: é chegado o reino dos Céus. (1)
Estevão ergueu alto os olhos serenos e fulgurantes, e, sem se perturbar
com a presença de Saulo e dos seus numerosos amigos, começou a falar mais
ou menos nestes termos, com voz clara e vibrante:
— “Meus caros, eis que chegados são os tempos em que o Pastor vem
reunir as ovelhas em torno do seu zelo sem limites. éramos escravos das
imposições pelos raciocínios, mas hoje somos livres pelo Evangelho do Cristo
Jesus. Nossa raça guardou, de épocas imemoriais, a luz do Tabernáculo e
Deus nos enviou seu Filho sem mácula. Onde estão, em Israel, os que ainda
não ouviram as mensagens da Boa Nova? Onde os que ainda não se
felicitaram com as alegrias da nova fé? Deus enviou sua resposta divina aos
nossos anseios milenários, a revelação dos Céus aclara os nossos caminhos.
Consoante as promessas da profecia de todos quantos choraram e sofreram
por amor ao Eterno, o Emissário Divino veio até ao antro de nossas dores
amargas e justas, para iluminar a noite de nossas almas impenitentes, para
que se nos desdobrassem os horizontes da redenção. O Messias atendeu aos
problemas angustiosos da criatura humana, com a solução do amor que redime
todos os seres e purifica todos os pecados. Mestre do trabalho e da perfeita
alegria da vida, suas bênçãos representam nossa herança. Moisés foi a porta,
o Cristo é a chave. Com a coroa do martírio adquiriu, para nós outros, a láurea
imortal da salvação. éramos cativos do erro, mas seu sangue nos libertou. Na
vida e na morte, nas
(1) Mateus, capítulo 10º, versículos 6 e 7. — (Nota de Emmanuel.)
alegrias de Caná, como nas angústias do Calvário, pelo que fez e por tudo que
deixou de fazer em sua gloriosa passagem pela Terra, Ele é o Filho de Deus
iluminando o caminho.
“Acima de todas as cogitações humanas, fora de todos os atritos das
ambições terrestres, seu reino de paz e luz esplende na consciência das almas
redimidas.
“Ó Israel! tu que esperaste por tantos séculos, tuas angústias e dolorosas
experiências não foram vãs!... Enquanto outros povos se debatiam nos
interesses inferiores, cercando os falsos ídolos de falsa adoração e
promovendo, simultaneamente, as guerras de extermínio com requintes de
perversidade, tu, Israel, esperaste o Deus justo. Carregaste os grilhões da
impiedade humana, na desolação e no deserto; converteste em cânticos de
esperança as ignomínias do cativeiro; sofreste o opróbrio dos poderosos da
Terra; viste os teus varões e as tuas mulheres, os teus jovens e as tuas
crianças exterminados sob o guante das perseguições, mas nunca descreste
da justiça dos Céus! Como o Salmista, afirmaste com teu heroismo que o amor
e a misericórdia vibram em todos os teus dias! Choraste no caminho longo dos
séculos, com as tuas amarguras e feridas. Como Job, viveste da tua fé,
subjugada pelas algemas do mundo, mas já recebeste o sagrado depósito de
Jeová — O Deus Único!... Oh! esperanças eternas de Jerusalém, cantai de
júbilo, regozijai-vos, embora não tivéssemos sido fiéis inteiramente à
compreensão, por conduzir o Cordeiro Amado aos braços da cruz. Suas
chagas, todavia, nos compraram para o céu, com o alto preço do sacrifício
supremo!...
“Isaías o contemplou, vergado ao peso de nossas iniqüidades, florescendo
na aridez dos nossos corações, qual flor do céu num solo adusto, mas, revelou
também, que, desde a hora da sua extrema renúncia, na morte infamante, a
sagrada causa divina prosperaria para sempre em suas mãos.
“Amados, onde andarão aquelas ovelhas que não souberam ou não
puderam esperar?
Procuremo-las para o Cristo, como dracmas perdidas do seu desvelado
amor!
Anunciemos a todos os desesperançados as glórias e os júbilos do seu
reino de paz e de amor imortal!...
“A Lei nos retinha no espírito de nação, sem conseguir apagar de nossa
alma o desejo humano de supremacia na Terra. Muitos de nossa raça hão
esperado um príncipe dominador, que penetrasse em triunfo a cidade santa,
com os troféus sangrentos de uma batalha de ruína e morte; que nos fizesse
empunhar um cetro odioso de força e tirania. Mas o Cristo nos libertou para
sempre. Filho de Deus e emissário da sua glória, seu maior mandamento
confirma Moisés, quando recomenda o amor a Deus acima de todas as coisas,
de todo o coração e entendimento, acrescentando, no mais formoso decreto
divino, que nos amemos uns aos outros, como Ele próprio nos amou.
“Seu reino é o da consciência reta e do coração purificado ao serviço de
Deus. Suas portas constituem o maravilhoso caminho da redenção espiritual,
abertas de par em par aos filhos de todas as nações.
“Seus discípulos amados virão de todos os quadrantes. Fora de suas luzes
haverá sempre tempestade para o viajor vacilante da Terra que, sem o Cristo,
cairá vencido nas batalhas infrutuosas e destruidoras das melhores energias do
coração. Somente o seu Evangelho confere paz e liberdade. Ë o tesouro do
mundo. Em sua glória sublime os justos encontrarão a coroa de triunfo, os
infortunados o consolo, os tristes a fortaleza do bom ânimo, os pecadores a
senda redentora dos resgates misericordiosos.
“É verdade que o não havíamos compreendido. No grande testemunho, os
homens não entenderam sua divina humildade, e os mais afeiçoados o
abandonaram. Suas chagas clamaram pela nossa indiferença criminosa.
Ninguém poderá eximir-se dessa culpa, visto sermos todos herdeiros das suas
dádivas celestiais. Onde todos gozam do benefício, ninguém pode fugir à
responsabilidade. Essa a razão por que respondemos pelo crime do Calvário.
Mas, suas feridas foram a nossa luz, seus martírios o mais ardente apelo
de amor, seu exemplo o roteiro aberto para o bem sublime e imortal.
“Vinde, pois, comungar conosco à mesa do banquete divino! Não mais as
festas do pão putrescível, mas o eterno alimento da alegria e da vida... Não
mais o vinho que fermenta, mas o néctar confortante da alma, diluído nos
perfumes do amor imortal.
“O Cristo é a substância da nossa liberdade. Dia virá em que o seu reino
abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e
de luz. Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos
nossos apelos, em face da Lei de Moisés. A Lei é humana; o Evangelho é
divino. Moisés é o condutor; O Cristo, o Salvador. Os profetas foram mordomos
fiéis; Jesus, porém, é o Senhor da Vinha. Com a Lei, éramos servos; com o
Evangelho, somos filhos livres de um Pai amoroso e justo!...”
Nesse ínterim, Estevão sustou a palavra que lhe fluía harmoniosa e
vibrante dos lábios, inspirada nos mais puros sentimentos. Os ouvintes de
todos os matizes não conseguiram ocultar o assombro, ante os seus conceitos
de vigorosas revelações. A multidão embevecera-se com os princípios
expostos. Os mendigos, ali aglomerados, endereçavam ao pregador um sorriso
de aprovação, bem significativo de jubilosas esperanças. João fixava nele os
olhos enternecidos, identificando, mais uma vez, no seu verbo ardente, a
mensagem evangélica interpretada por um discípulo dileto do Mestre
inesquecível, nunca ausente dos que se reúnem em seu nome.
Saulo de Tarso, emotivo por temperamento, fundia-se na onda de
admiração geral; mas, altamente surpreendido, verificou a diferença entre a Lei
e o Evangelho anunciado por aqueles homens estranhos, que a sua
mentalidade não podia compreender. Analisou, de relance, o perigo que os
novos ensinos acarretavam para o judaísmo dominante. Revoltara-se com a
prédica ouvida, nada obstante a sua ressonância de misteriosa beleza. Ao seu
raciocínio, impunha-se eliminar a confusão que se esboçava, a propósito de
Moisés. A Lei era uma e única. Aquele Cristo que culminou na derrota, entre
dois ladrões, surgia a seus olhos como um mistificador indigno de qualquer
consideração. A vitória de Estevão na consciência popular, qual a verificava
naquele instante, causava-lhe indignação. Aqueles galileus poderiam ser
piedosos, mas não deixavam de ser criminosos pela subversão dos princípios
invioláveis da raça.
O orador preparava-se para retomar a palavra, momentaneamente
interrompida e aguardada com expectação de júbilo geral, quando o jovem
doutor se levantou ousadamente e exclamou, quase colérico, frisando os
conceitos com evidente ironia.
— “Piedosos galileus, onde o senso de vossas doutrinas estranhas e
absurdas? Como ousais proclamar a falsa supremacia de um nazareno
obscuro sobre Moisés, na própria Jerusalém onde se decidem os destinos das
tribos de Israel invencível? Quem era esse Cristo? Não foi um simples
carpinteiro ?“
Ao orgulhoso entono da inesperada apóstrofe, houve no ambiente um tal ou
qual retraimento de temor, mas, dos desvalidos da sorte, para quem a
mensagem do Cristo era o alimento supremo, partiu para Estevão um olhar de
defesa e jubiloso entusiasmo. Os Apóstolos da Galiléia não conseguiam
dissimular seu receio. Tiago estava lívido. Os amigos de Saulo notaram-lhe a
máscara escarninha. O pregador também empalidecera, mas revelava no olhar
resoluto o mesmo traço de imperturbável serenidade. Fitando o doutor da Lei, o
primeiro homem da cidade que se atrevera a perturbar o esforço generoso do
evangelismo, sem trair a seiva de amor que lhe desbordava do coração, fez ver
a Saulo a sinceridade das suas palavras e a nobreza dos seus pensamentos. E
antes que os companheiros voltassem a si da surpresa que os assomara, com
admirável presença de espírito, indiferente à impressão do temor coletivo,
obtemperou:
— “Ainda bem que o Messias fora carpinteiro: porque, nesse caso, a
Humanidade já não ficaria sem abrigo. Ele era, de fato, o Abrigo da paz e da
esperança! Nunca mais andaremos ao léu das tempestades nem na esteira
dos raciocínios quiméricos de quantos vivem pelo cálculo, sem a claridade do
sentimento.”
A resposta concisa, desassombrada, desconcertou o futuro rabino,
habituado a triunfar nas esferas mais cultas, em todas as justas da palavra.
Enérgico, ruborizado, evidenciando cólera profunda, mordeu os lábios num
gesto que lhe era peculiar e acrescentou com voz dominadora:
— Aonde iremos com semelhantes excessos de interpretação, em torno
de um mistificador vulgar, que o Sinédrio puniu com a flagelação e a morte?
Que dizer de um Salvador que não conseguiu salvar-se a si mesmo? Emissário
revestido de celestes poderes, como não evitou a humilhação da sentença
infamante? O Deus dos exércitos, que seqüestrou a nação privilegiada ao
cativeiro, que a guiou através do deserto abrindo-lhe a passagem do mar; que
lhe saciou a fome com o maná divino e, por amor, transformou a rocha
impassível em fonte de água viva, não teria meios, outros, de assinalar o seu
enviado senão com uma cruz de martírio, entre malfeitores comuns? Tendes,
nesta casa, a glória do Senhor Supremo, assim barateada? Todos os doutores
do Templo conhecem a história do impostor que celebrizais com a simplicidade
da vossa ignorância! Não vacilais em rebaixar nossos próprios valores,
apresentando um Messias dilacerado e sangrento, sob os apupos do povo .....
Lançais vergonha sobre Israel e desejais fundar um novo reino? Seria justo
dardes a conhecer, inteiramente, a nós outros, o móvel das vossas fábulas
piedosas.”
Estabelecida uma pausa na sua objurgatória, o orador voltou a falar com
dignidade:
— Amigo, bem se dizia que o Mestre chegaria ao mundo para confusão de
muitos em Israel. Toda a história edificante do nosso povo é um documento da
revelação de Deus. No entanto, não vedes nos efeitos maravilhosos com que a
Providência guiou as tribos hebréias, no passado, a manifestação do carinho
extremo de um Pai desejoso de construir o futuro espiritual de crianças
queridas do seu coração? Com o correr do tempo, observamos que a
mentalidade infantil enseja mais vastos princípios educativos, O que ontem era
carinho, é hoje energia oriunda das grandes expressões amorosas da alma. O
que ontem era bonança e verdor, para nutrição da sublime esperança, hoje
pode ser tempestade, para dar segurança e resistência. Antigamente, éramos
meninos até no trato com a revelação; agora, porém, os varões e as mulheres
de Israel atingiram a condição de adultos no conhecimento, O Filho de Deus
trouxe a luz da verdade aos homens, ensinando-lhes a misteriosa beleza da
vida, com o seu engrandecimento pela renúncia. Sua glória resumiu-se em
amar-nos, como Deus nos ama.
Por essa mesma razão, Ele ainda não foi compreendido. Acaso
poderíamos aguardar um salvador de acordo com os nossos propósitos
inferiores? Os profetas afirmam que as estradas de Deus podem não ser os
caminhos que desejamos, e que os seus pensamentos nem sempre se
poderão harmonizar com os nossos. Que dizermos de um Messias que
empunhasse o cetro no mundo, disputando com os príncipes da iniqüidade um
galardão de triunfos sangrentos?
Porventura a Terra já não estará farta de batalhas e cadáveres?
Perguntemos a um general romano quanto lhe custou o domínio da aldeia mais
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obscura; consultemos a lista negra dos triunfadores, segundo as nossas idéias
errôneas da vida. Israel jamais poderia esperar um Messias a exibir-se num
carro de glórias magnificentes do plano material, suscetível de tombar no
primeiro resvaladouro do caminho. Essas expressões transitórias pertencem ao
cenário efêmero, no qual a púrpura mais fulgurante volta ao pó. Ao contrário de
todos os que pretenderam ensinar a virtude, repousando na satisfação dos
próprios sentidos, Jesus executou sua tarefa entre os mais simples ou mais
desventuradoS, onde, muitas vezes, se encontram as manifestações do Pai,
que educa, através da esperança insatisfeita e das dores que trabalham, do
berço ao túmulo, a existência humana. O Cristo edificou, entre nós, seu reino
de amor e paz, sobre alicerces divinos. Sua exemplificação está projetada na
alma humana, com luz eterna! Quem dê nós, então, compreendendo tudo isso,
poderá identificar no Emissário de Deus um príncipe belicoso? Não! O
Evangelho é amor em sua expressão mais sublime. O Mestre deixou-se imolar
transmitindo-nos o exemplo da redenção pelo amor mais puro. Pastor do
imenso rebanho, Ele não quer se perca uma só de suas ovelhas bem-amadas,
nem determina a morte do pecador, O Cristo é vida, e a salvação que nos
trouxe está na sagrada oportunidade da nossa elevação, como filhos de Deus,
exercendo os seus gloriosos ensinamentos.”
Depois de uma pausa, o doutor da Lei já se erguia para revidar, quando
Estevão continuou:
— “E agora, irmãos, peço vênia para concluir minhas palavras. Se não vos
falei como desejáveis, falei como o Evangelho nos aconselha, argüindo a mim
próprio na íntima condenação de meus grandes defeitos. Que a bênção do
Cristo seja com todos vós.
Antes que pudesse abandonar a tribuna para confundir-se com a multidão,
o futuro rabino levantou-se de chofre e observou enraivecido:
— Exijo a continuação da arenga! Que o pregador espere, pois não
terminei o que preciso dizer.
Estevão replicou serenamente:
— Não poderei discutir.
— Por quê? — perguntou Saulo irritadíssimo. — Estais intimado a
prosseguir.
— Amigo — elucidou o interpelado calmamente —‘o Cristo aconselhou que
devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Se tendes
alguma acusação legal contra mim, exponde-a sem receio e vos obedecerei;
mas, no que pertence a Deus, só a Ele compete argüir-me.
Tão alto espírito de resolução e serenidade, quase desconcertou o doutor
do Sinédrio; compreendendo, porém, que a impulsividade somente poderia
prejudicar-lhe a clareza do pensamento, acrescentou mais calmo, apesar do
tom imperioso que deixava transparecer toda a sua energia:
— Mas eu preciso elucidar os erros desta casa. Necessito perguntar e
haveis de responder-me.
— No tocante ao Evangelho — replicou Estevão —. já vos ofereci os
elementos de que podia dispor, esclarecendo o que tenho ao meu alcance.
Quanto ao mais, este templo humilde é construção de fé e não de justas
casuísticas. Jesus teve a preocupação de recomendar a seus discípulos que
fugissem do fermento das discussões e das discórdias. Eis por que não será
lícito perdermos tempo em contendas inúteis, quando o trabalho do Cristo
reclama o nosso esforço.
— Sempre o Cristo! sempre o impostor! — trovejou Saulo, carrancudo. —
Minha autoridade é insultada pelo vosso fanatismo, neste recinto de miséria e
de ignorância.
Mistificadores, rejeitais as possibilidades de esclarecimento que vos
ofereço; galileus incultos, não quereis considerar o meu nobre cartel de
desafio. Saberei vingar a Lei de Moisés, da qual se tripudia. Recusais a
intimativa, mas não podereis fugir ao meu desforço.
Aprendereis a amar a verdade e a honrar Jerusalém, renunciando ao
nazareno insolente, que pagou na cruz os criminosos desvarios. Recorrerei ao
Sinédrio para vos julgar e punir. O Sinédrio tem autoridade para desfazer
vossas condenáveis alucinações.
Assim concluindo, parecia possesso de fúria. Mas nem assim logrou
perturbar o pregador, que lhe respondeu de ânimo sereno:
— Amigo, o Sinédrio tem mil meios de me fazer chorar, mas não lhe
reconheço poderes para obrigar-me a renunciar ao amor de Jesus-Cristo ....

Texto retirado do Capítulo 5 " Pregação"

sábado, 27 de outubro de 2012

O testemunho da verdade

“Não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade.”
(João, 18:37.)
JUVANIR BORGES DE SOUZA
Essas palavras de Jesus, registradas no Evangelho de João, são parte do diálogo do Mestre com Pilatos, o governador romano que quis ouvir aquele que era perseguido pelos detentores do poder religioso, os
quais prenderam e tudo fizeram para o condenar à morte na cruz infamante.
A fraqueza do representante do poder romano ficou evidenciada por não ter encontrado nenhuma
transgressão de parte do acusado, conforme declarou, e, mesmo assim, cedeu às acusações infundadas
dos perseguidores fanáticos, que demonstraram sua profunda ignorância, diante não só de suas
próprias crenças, mas também perante um ser superior que viera a este mundo, então mais atrasado
que na atualidade, “para dar testemunho da verdade”.
O Mestre sabia perfeitamente da profunda ignorância daqueles que já haviam sido beneficiados
pela revelação mosaica, pela presença de diversos profetas, pela libertação da escravidão no Egito e
pelo encontro da terra prometida, que já habitavam há séculos.
Pela palavra do Mestre, sua excepcional missão, que abrange inúmeros aspectos da vida de
todos os habitantes da Terra, tanto dos que aqui viveram antes de sua vinda, quanto dos que renasceriam
após sua presença entre os homens, foi por Ele resumida numa afirmação, que encerra as mais vastas consequências para a renovação deste mundo e de todos os homens que o habitam.
“Dar testemunho da verdade” corresponde à reafirmação de um ser superior, o Governador espiritual
da Terra, de que seus habitantes de todos os tempos necessitam retificar inúmeras concepções,
crenças, ideias, sentimentos e tudo mais que constitui a vida em um mundo inferior, ajustando-os
à realidade e à verdade.
Sua missão foi a continuação dos esforços que já vinham sendo feitos por outros missionários a
seu serviço, desde tempos imemoriais, para que os habitantes deste orbe alcançassem melhores estágios
evolutivos.
Na época em que o Mestre resolveu estar presente entre seus irmãos menores, após a anunciação
de sua vinda pelos profetas, com cerca de oito séculos de antecedência, a Humanidade, muito
atrasada em suas ideias e crenças, era dominada pelo politeísmo multiforme e por costumes variados,
com a predominância da força entre os povos, como é prova o domínio do Império Romano sobre
grande parte das nações.
Vindo no seio do povo judeu, o único que acreditava na existência de um só Deus, mesmo assim
teve de enfrentar a profunda ignorância dos mandatários dos poderes temporal e religioso.
Sua luta foi constante e poucos foram os que compreenderam sua missão, seus ensinos superiores e
seus exemplos.
Procurou entre as pessoas simples e sinceras aqueles que se tornaram seus discípulos e continuadores
de sua obra excepcional.
O testemunho da verdade, a que se referia o Mestre, era o cumprimento das leis de Deus, que os
judeus já conheciam através das revelações recebidas por Moisés, mas que nem o povo hebreu e muito
menos os demais habitantes do mundo de então, com suas crenças politeístas e pagãs, conseguiam entender
no seu real sentido.
A base para o início do entendimento da lei suprema estava nos deveres e no amor para com o
Criador, o Deus único, e para com o próximo.
Jesus a formulou sinteticamente, de forma simples, para ser entendida sem a menor dificuldade
naquela época, nos dias atuais e no futuro:“Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo”. (Mateus, 22:37-39.)
A autoridade e a sabedoria do Mestre ressaltam, ao formular esse ensinamento para a Humanidade
de todos os tempos, uma lei suprema, ao mesmo tempo geral, inteligível, simples, profunda e aplicável
a todas as criaturas.
A essa síntese admirável Jesus acrescenta que nela estão toda a lei e os profetas, antecipando futuros
enganos interpretativos, práticas exteriores e deformações que, mesmo dentro do Cristianismo,
foram inevitáveis, pelo atraso dos homens.
Em outra oportunidade, Jesus deixou claro que as leis divinas devem ser cumpridas integralmente,
em toda parte e em toda a sua pureza.
Por isso, podemos compreender que mundos atrasados, como o nosso, habitado por populações muito
diversificadas em suas crenças, conhecimentos e, sobretudo, no desconhecimento da vida e da verdade,
evoluem tão lentamente.
É que as leis divinas não são privilégio das minorias que as conhecem e as praticam, mas precisam
ser entendidas e cumpridas por toda a população de determinado mundo, para que todos possam
evoluir.
Daí a existência de diferentes esferas, tanto materiais quanto espirituais, num mesmo mundo como a Terra.
Foi o próprio Cristo que declarou: “O céu e a Terra não passarão sem que tudo esteja cumprido até
o último iota”. (Mateus, 5:28.)
Podemos deduzir dessas palavras que é um erro grave a falta de compreensão e de solidariedade
entre os indivíduos, assim como entre os povos e nações, em diferentes condições de adiantamento,
de conhecimentos, de riqueza e de pobreza, todos vivendo em um mesmo mundo, o que
não impede o progresso individual e coletivo.
Daí a dedução lógica de que o mundo regenerado só será alcançado quando as leis divinas forem
conhecidas e praticadas pela grande maioria da população planetária, exceção feita a uma pequena
minoria de Espíritos rebeldes, que serão encaminhados a outro mundo condizente com suas
condições evolutivas.
A presença do Consolador no mundo já é indício de nova orientação e compreensão sobre a verdade
e a vida, como o foi a vinda do Cristo, há cerca de dois mil anos.
Vivemos tempos novos em que os ensinos e os exemplos do Governador espiritual deste orbe precisam ser entendidos e vivenciados em seu verdadeiro sentido.
As ciências e as religiões, em vez de se complementarem e se entenderem reciprocamente, em geral se repelem, impulsionadas pelos prejuízos do materialismo multifário, de um lado, e por crenças e interpretações distorcidas, de outro.
Agora, com o avanço dos conhecimentos das leis universais, dos mundos e das esferas espirituais,
que os colocam em relacionamento com o mundo material em que vivemos, um novo entendimento,
uma nova luz é percebida, aproximando a fé e a razão e fortalecendo a ambas.
Cumpre restabelecer a verdadeira doutrina do Cristo, cujos princípios essenciais encontram-se em seu Evangelho e foram profundamente alterados pelo entendimento infeliz dos homens e por interesses
imediatistas, com a criação de um Cristianismo dogmatizado, em que o culto exterior quase sempre
abafa a fé verdadeira.
Para Jesus, uma só palavra poderia resumir toda a filosofia e todas as religiões: o Amor
Tudo se resume no amor a Deus sobre todas as coisas e no amor ao próximo como a si mesmo.
O Espiritismo, o Consolador prometido, vem para restabelecer o entendimento de tudo o que ensinara
o Mestre, sem as distorções interpretativas, além de nos trazer o conhecimento de coisas novas,
mostrando-nos forças e inteligências atuantes na Natureza e dando outra compreensão da vida, através
da fenomenologia espiritual.
Essas novas percepções do Espírito imortal, que tanto pode estar livre da matéria, nas esferas espirituais,
como renascer múltiplas vezes, ligado a um corpo especial, material, que lhe permite novas experiências
e adiantamentos, é outro ângulo da realidade, da qual o Mestre continua dando testemunho a todos
aqueles que despertam para o conhecimento da verdade.

Revista O Reformador de agosto de 2009