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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A Criança no Mundo Espiritual


LUCY DIAS RAMOS
“Por morte da criança, readquire o Espírito, imediatamente, o seu precedente vigor?
R. – “Assim tem que ser, pois que se vê desembaraçado de seu invólucro corporal. Entretanto, não readquire a anterior lucidez, senão quando se tenha completamente separado daquele envoltório, isto é, quando mais nenhum laço exista entre ele e o corpo”. (“O Livro dos Espíritos”, de
Allan Kardec, questão 381, 80. Ed. FEB.)

Após a partida para o mundo espiritual dos seres que amamos e com os quais convivemos, ficamos indagando de seu posicionamento nessa nova dimensão da vida e rogamos a Deus para que estejam protegidos e amparados.
Quando se trata de crianças desencarnadas a nossa preocupação cresce e entregamos à Providência Divina nossas súplicas redobradas de zelo e carinho pelos entes que partiram em tenra idade.
Outrora, a Teologia clássica afirmava que os inocentes, depois da morte, ficariam no limbo, uma região neutra, sem as agruras do inferno e sem as delícias do céu. O Espiritismo, através da Codificação Kardequiana, dá-nos explicações e respostas a algumas indagações, donde concluímos que o
Espírito retornaria à plenitude de sua forma física como adulto e à lucidez mental, tão logo se desfizesse dos elos que o ligassem ao corpo físico.
Hoje, ou mais recentemente, com as obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, complementando as assertivas do Codificador, fica bem mais claro o entendimento desta questão.
No livro “Entre a Terra e o Céu”, capítulo IX, relata-nos André Luiz que a
região onde se encontra o Lar da Bênção possui parques, lares, colégios, hospitais destinados às crianças desencarnadas. Como as suas condições variam de acordo com a evolução espiritual, são também diversas as situações e locais em que se encontram nesta nova fase da vida.
No diálogo de Hilário e Irmã Blandina, no capítulo XI do livro referido, ela
explica:
“O nosso educandário guarda mais de duas mil crianças, mas, sob
os meus cuidados, permanecem apenas doze. Somos um grande
conjunto de lares, nos quais muitas almas femininas se reajustam
para a venerável missão da maternidade e conosco multidões de
meninos encontram abrigo para o desenvolvimento que lhes é
necessário, salientando-se que quase todos se destinam ao retorno
à Terra para a reintegração no aprendizado que lhes compete”.
A criança desencarnada terá, portanto, um período variável de
permanência no mundo espiritual e, muitas vezes, longo, para que possa
demonstrar crescimento mental e perispiritual, mas há exceções e isto ocorre,
conforme André Luiz:
“(...) quando a mente já desenvolveu certas qualidades aprimorandose
em mais altos degraus de sublimação espiritual e pode arrojar-se
de si mesma os elementos indispensáveis à composição de veículos
de exteriorização de que necessita em planos que lhe sejam
inferiores (...)”
Allan Kardec na Revista Espírita (agosto/1866) relata o caso da mãe que tendo perdido o filho de 7 anos e se tornado médium, após este acontecimento, teve o próprio filho como guia e transcreve neste artigo a mensagem que o Espírito da criança teria dado à mãe através da psicografia. Contudo, esta
mensagem reflete o pensamento de um adulto. Possivelmente o Espírito já elevado moralmente conseguia projetar de si mesmo os elementos indispensáveis à exteriorização de seu pensamento para se comunicar com a mãezinha saudosa. Poderia até se mostrar nas primeiras comunicações como criança e assim facilitar a identificação, entretanto, como guia serviria, tãosomente, de sua lucidez mental. Com certeza o Espírito desta criança era evoluído e já em vida demonstrava uma precocidade intelectual, explica Kardec.
É de grande importância, e requer extremados cuidados dos encarregados da guarda de crianças desencarnadas, seu desenvolvimento espiritual. Laura, mãe de Lísias, no livro “Nosso Lar” (cap. 20), de André Luiz, explica: “- Quando o Ministério do Auxílio me confia crianças ao lar, minhas
horas de serviço são contadas em dobro (...)”.
Entendemos pelas explicações dadas pelos benfeitores espirituais, em diversas obras espíritas, que após a desencarnação, se o Espírito da criança é evoluído e pode retomar seu vigor primitivo, ele agirá no mundo espiritual e junto daqueles que com ele se comuniquem, com a forma perispiritual de adulto,
principalmente se a ele estiver confiada a orientação de um médium ou de um grupo espírita. Logicamente isto poderá ocorrer após determinado tempo, regido por leis sábias e superiores do mundo espiritual.
Em determinadas circunstâncias, a criança desencarnada poderá se comunicar com familiares que buscam o Centro Espírita ou médiuns, para dar notícias, reconforto espiritual aos seus afetos e prova de sua sobrevivência.
Somente aqueles que já perderam um entre querido e recebem a dádiva de uma comunicação espiritual podem avaliar como é grande a Misericórdia de Deus, na concessão desse benefício. Mas estas comunicações são regidas por leis da comunicação mediúnica e exigem aptidão do médium, condições adequadas, merecimento de ambas as partes e estarão sempre resguardadas por Espíritos superiores que conduzem as crianças às reuniões mediúnicas. É importante enfatizar que a criança, mesmo estando em sofrimento no mundo espiritual, recolhida em hospitais ou lares que a protegem, nunca se apresentará em
reuniões mediúnicas perturbada, perdida ou aflita, necessitada de esclarecimento ou doutrinação como ocorre com um adulto.
Existem, ainda, grupos espíritas e médiuns videntes que, habitualmente, vêem Espíritos de crianças em reuniões mediúnicas. Segundo estes médiuns e dirigentes, estes Espíritos, não raras vezes, orientam, dão conselhos e dirigem as reuniões como mentores ou guias. Entretanto, sabemos que as leis morais
que regem o mundo dos Espíritos são mais rígidas, sábias e evoluídas que as humanas. Estabelecem-se na Terra condições e normas pela faixa etária de seus habitantes, delimitação de idade para o ingresso em escolas, assembléias religiosas, casas de lazer e entretenimento, hospitais e até mesmo para
freqüência às reuniões mediúnicas. O bom senso nos indica que no mundo espiritual não será diferente e as crianças cujos Espíritos estejam, ainda, na forma perispiritual infantil não poderão estar freqüentando reuniões mediúnicas na condição de guias nem de sofredores.
Outro aspecto a abordar é o da condição espiritual da criança desencarnada.
Confundimos, às vezes, as coisas e achamos que a morte prematura dá ao Espírito a condição de elevação moral. Não é bem assim. A grande maioria das crianças que retornam ao mundo espiritual traz a mente perturbada por indisciplinas e erros de outras vidas. Comenta André Luiz:
“(...) a lei é invariável, contudo, a criança desencarnada muitas vezes
é problema aflitivo. Quase sempre dispõe de afeiçoados que a
seguem, de perto, amparando-lhe o destino, entretanto tenho
observado milhares de meninos que, pela natureza das provações
em que se envolveram, sofrem muitíssimo, à espera de
oportunidades favoráveis para a aquisição dos valores de que
necessitam”.
Allan Kardec, na questão 199-a de “O Livro dos Espíritos”, comenta:
“Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado
normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores
instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido
a educação? (...) As que se revelam viciosas, é porque seus
Espíritos muito pouco hão progredido. Sofrem então, por efeito
dessa falta de progresso, as conseqüências, não dos atos que
praticam na infância, mas dos de suas existências anteriores. Assim
é que a lei é uma só para todos e que todos são atingidos pela
justiça de Deus”.
Sofreram, portanto, aqui na Terra, os dolorosos processos de reajuste e no mundo espiritual, quando desencarnam, ainda crianças, de acordo com seu nível evolutivo.
Como nos esclarece Emmanuel:
“Ontem experimentavam na Esfera Espiritual os resultados da
delinqüência na luta humana... O horror do suicídio deliberado... O
remorso do crime oculto... Os frutos da crueldade... Reintegrados no
campo do espírito, guardavam na própria alma os tristes
remanescentes da conduta ominosa”. ("Vida em Vida”, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, cap. 27, IDEAL, 1980).

Compreendemos que somente através de abençoadas reencarnações futuras serão estas mentes enfermas equilibradas e reajustadas, obtendo, assim, a cura de seus males. Vemos, então, que as crianças desencarnadas longe estão de se conduzirem com independência no mundo espiritual,
excetuando aquelas já em processo de equilíbrio e moralmente evoluídas, que
se governam a si mesmas, apresentando-se normalmente como adultas.
Se permanecem na forma infantil, dadas as condições de dependência espiritual, é porque não podem “desatar os laços que as aprisionam aos rígidos princípios que orientam o mundo das formas, e por isso, exijam longo tempo para se renovarem no justo desenvolvimento”. (André Luiz, obra citada).
Allan Kardec indaga na questão 197, de “O Livro dos Espíritos”:
“Poderá ser tão adiantado quanto o de um adulto o Espírito de uma
criança que morreu em tenra idade? R. – Algumas vezes o é muito
mais, porquanto pode dar-se que muito mais já tenha vivido e
adquirido maior soma de experiência, sobretudo se progrediu”.
E concluímos: nestas condições ele se comunicará conosco com toda a lucidez mental e com toda a sua capacidade de servir, orientar e nos guiar pelos caminhos da vida. Quanto maior seu grau evolutivo e seu desenvolvimento intelectual, maior será seu poder mental para acionar as células de seu corpo
espiritual, apresentando-o como melhor lhe aprouver.

Reformador de julho de 1999