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terça-feira, 19 de março de 2013

O jornalista Herculano Pires

O jornalista Herculano Pires PDF Imprimir E-mail
Acervo
Escrito por Heloisa Pires   
herculano pires  1Ri muito outro dia ao ler em um jornal um artigo que dizia que Herculano Pires era um filósofo e portanto não possuía a visão prática de Kardec. Quem escreveu isso não conheceu a vida e obra de Herculano e nem sabe o que é o verdadeiro filósofo, o amigo da sabedoria. Descartes, o grande filósofo francês, foi também matemático e um homem de ação; aliás, foram os filósofos que contribuíram para as grandes mudanças, sociais...
Mas, como muitos não compreendem a importância do indivíduo que sabe pensar, como indutor social ao progresso e às modificações sociais, vou me lembrar do Herculano jornalista. Poderia apenas lembrar a importância de Sartre como contribuidor para uma modificação de uma sociedade, apesar de sua visão materialista.
Herculano era filósofo, mestre em filosofia, professor e jornalista. Orgulhava-se muito de seu trabalho, por mais de trinta (30) anos nos Diários Associados, de seu trabalho como presidente do Sindicato dos jornalistas de São Paulo; os não espiritas também reconheciam o valor de Herculano, que venceu no campo da horizontal.
No jornalismo Herculano iniciou exatamente como repórter, em um trabalho dinâmico que revelava o homem capaz de olhar us estrelas, mas com os pés profundamente firmes no chão.
Desde moço Herculano contribuiu para ai modificação da sociedade, lutando pura que o epiritismo não  formasse "espíri-tas rezadoresd", mas homens de ação; fundou várias entidades filantrópicas, orgunizava distribuição de alimentos, mas também documentos e possibilidade  de desenvolvimento profissional para os irmãos mais necessitados. Isso é ser homem de ação e esse espírito se reflete em toda a sua obra. Madalena, seu livro sobre a mulher que se modificou, quando compreendeu, graças ao Mestre de Nazaré, a finalidade da existência, mostra uma pessoa perfeitamente integrada na sociedade de sua época, mas transcendendo-a, lutando, através de suas ideias, para transformá-la para melhor. Madalena não é uma mulher que diz apenas: - "Senhor!", mas que pensa, analisa, critica.
Os filósofos, como Sócrates, Platão, Popper e outros, são os amigos do saber que trazem ao mundo a arte de bem viver; e viver é ação.
Além de repórter Herculano foi durante muitos anos secretário dos Diários Associados, o homem que coordenava a manufatura do jornal.
Foi durante muitos anos crítico literário dos Diários Associados, lendo e analisando os últimos lançamentos no campo da literatura.
Como cronista da Câmara Municipal de São Paulo escrevia analisando a atuação política dos vereadores. Era respeitado por sua honestidade e capacidade de análise. Um homem que brilhava na horizontal e na vertical.
Foi um dos organizadores da Faculdade de Filosofia de Araraquara, onde trabalhou por mais de quatro anos também como professor.
Quem pensa que o grande espírito foi um sonhador, sempre com os olhos nas estrelas, está equivocado. Um homem de ação que no campo não espírita, deixou sua marca de amor, trabalho, honestidade e ação.
Realmente impressiona saber que Herculano deixou oitenta obras de valor reconhecido, inclusive prémios literários por obras não doutrinárias; os homens comuns não conseguem a quarta parte disso. Mas Herculano era acima da média e foi não só o espírita de destaque mas o homem do mundo respeitado, que viveu como o homem do mundo, na compreensão da Verdade Eterna.
Para os menos avisados que não compreenderam Herculano, vou lembrar apenas mais duas atitudes que definem o homem de ação, o filósofo, o jornalista, o escritor, o professor, o expositor espírita, o pai amoroso, o marido carinhoso, o filho responsável. Herculano fundou a Paidéia, editora sem fins lucrativos, visando a divulgação da doutrina espírita. Defendeu e deixou isso em um artigo distribuído no Congresso dos jornalistas realizado na Bahia, do qual foi patrono, de que a maior caridade é formar homens úteis, educando-os, preparando-os para a vida. Nesse artigo ele diz que não basta matar a fome, mas é preciso ensinar o indivíduo a viver, a se integrar à sociedade trancendendo-a. Lembra que os espíritas copiando atitudes comuns em outras doutrinas espiritualistas, pensam apenas em organizar instituições que atendem às necessidades primeiras do homem, matando a fome; e se esquecem que a finalidade é transformar, como diz Kardec, no Livro dos espíritos, em "Leis Morais", pela educação.
Como espírita a postura básica de Herculano foi a necessidade de fazermos do centro espírita um local onde o indivíduo se prepararia para se tornar útil à sociedade e a si mesmo. Em seu livro O centro espírita, ele é claro. Cabe ao centro agir como indutor à formação de indivíduos capazes de se tornarem transformadores sociais, agindo sobre a comunidade. Foi o homem de ação que impediu a mutilação do O evangelho segundo o espiritismo, do qual reconhecia a importância, publicando artigos esclarecedores sobre a impossibilidade de mexer em alguma obra literária; reconhece o respeito que se deve aos autores vivos ou desencarnados. Não fosse um homem de ação e não teria conseguido sustar a publicação do Evangelho adulterado.
Em várias outras ocasiões mostrou, também no meio espírita, a sua capacidade de agir rapidamente e com energia na defesa da verdade eterna, da doutrina espírita.
Com Vandik de Freitas formou um grupo de pesquisa que ia analisar, nos vários centros espíritas, os fenómenos de efeitos físicos, verificando os verdadeiros e os produtos de mistificação, e publicando isso no jornal.
Como Herculano encontrou tempo para tudo? É de admirar, quando a maioria não consegue fazer a décima parte. Mas meu pai, Herculano Pires, conseguiu ser o chefe amoroso e eficiente de uma família onde havia "dez filhos": seis cunhados que haviam perdido a mãe e quatro filhos que teve com dona Virgínia, dentre os quais eu sou orgulhosamente a segunda. Amado profundamente por todos, trabalhando durante muito tempo, ele e vovô  Ferraz, pai de minha mãe, conseguiram fazer com que  todos os que desejaram estudassem. Uma  família feliz, onde quinze eram os netos, cinco dos quais meus filhos.
É com muita tranquilidade que analiso as críticas imaturas que dirigem a Herculano Pires, desejando que esses indivíduos consigam fazer a quarta parte do que esse homem extraordinário fez em sua última encarnação. Não analisei o pai, mas o homem Herculano Pires. E concluo que ele foi um génio na arte do bem viver e na capacidade de agir sobre a sociedade tentando transformá-la para melhor.
Hoje Herculano não é mais meu pai; é um homem universal, um irmão mais velho a quem muito admiro e respeito. Realizou uma tarefa importante, como espírita e consequentemente como cidadão, desde que o espiritismo tem por função integrar o homem ao mundo.
Como homem de ação a tarefa maior de Herculano foi libertar os centros espíritas do igrejeirismo, dos rituais, da "caridade estéril", da incompreensão da finalidade da existência.
A obra de Herculano Pires aí está e quem quiser conhecer o homem, deve lê-la; não concordar com alguma ideia de Herculano é um direito; tentar apresentá-lo de forma errada é incompreensão da vida e da obra de um dos maiores vultos do espiritismo no Brasil. Podemos "crescer", sem tentar derrubar os vultos maiores, com o martelo de nossa imaturidade. Há lugar para todos nesse universo infinito; cada um pode conseguir o seu lugar, sem, como um adolescente, atacar os vultos que na realidade  ama, admira...

Publicado na edição 196 do jornal Correio Fraterno - abril 1987