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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Caridade Ocasional


GERALDO GOULART
É praxe comentar-se, nas reuniões públicas ocorridas em dezembro, nas
Casas Espíritas, que, a despeito do forte apelo comercial que envolve as
festividades natalinas e, mesmo que o 25 de dezembro não venha a ser o dia
efetivo do nascimento do Senhor na Terra, o Natal congrega pessoas, renova
sentimentos, enseja a anunciação de novos roteiros na vida e induz as criaturas
à prática de uma caridade da qual se mantiveram afastadas durante o ano. Isso
porque a Humanidade se permite contagiar pelas vibrações do que se
convencionou chamar como sendo a “data máxima da Cristandade”. Assim,
dezembro é um mês de muitas cores e luzes, de troca de presentes e
mensagens, de sorrisos e abraços fraternos.
Alguns expositores e dirigentes espíritas lembram, com proficiência, às
suas assembléias, que o “espírito natalino” deve ser constante, a cada dia, já
que em todos os dias é patente o Amor e a Presença do Cristo em nós. E que —
dizem mais — a fome, a necessidade, a aflição e o abandono são presenças
diárias e quase permanentes no dia-a-dia de algumas pessoas, tais como: a
população carente de rua, os menores de idade e os idosos asilados (e exilados
do carinho familiar), os internos em colônias prisionais e de tratamento de
doenças infecto-contagiosas. Isso faz parte do mundo real!
Não obstante as preciosas advertências, que todos os fins de ano
ouvimos repetidas, constata--se, ainda assim, grande afluxo de recursos e
pessoas dispostas a ajudar apenas em dezembro. Algumas Instituições que
movimentam mantimentos para auxílio às famílias carentes em suas
comunidades e que, ao longo do ano, mensalmente renovam pedidos de alguns
quilos de mantimentos para fechar a Campanha, vêem-se com armários
abarrotados naquele mês. Outras, com atividade de manutenção de crianças
pobres, nesse mesmo mês são visitadas por pessoas que lhes despejam
dezenas de brinquedos por criança mantida. Nesse universo de Casas
identificamos algumas que mantêm uma distribuição mensal ou quinzenal de
sopa à população de rua. E que acontece? Em dezembro, inevitável, triplica o
número das pessoas que saem naquelas caravanas da Caridade. Mas, dois
terços compostos de presenças eventuais que trazem, consigo, roupas novas,
presentes devidamente embrulhados em papéis multicoloridos, brinquedos, etc.
Seria de louvar-se, se não fossem ocasionais...
Cabe aqui uma pergunta impertinente: qual “espírito” patrocina essa motivação,
o natalino ou o do décimo-terceiro? Se fosse o primeiro, é evidente que
ela, a motivação, não se restringiria a dezembro. Seria repetida em janeiro,
fevereiro, março... refazendo o Natal a cada mês, como exortado pelas mensagens
espíritas. Se for o segundo, é razoável que, no mínimo, promovamos
“campanhas natalinas mensais” para lembrar àquelas consciências que ficam
anestesiadas ao longo do ano, uma vez que a Caridade não possui data fixa no
calendário como os demais eventos: Férias, Carnaval, Outono, Páscoa, Inverno,
Festas Juninas e Primavera, Independência, Proclamação da República, Verão,
Natal, Ano-Novo.
Acostumados que estamos às comemorações anuais, que tal facearmos
cada dia como um Novo Ano em que nos compromissemos a promover o Bem
ao próximo? Se doarmos, num dia um quilo de qualquer gênero alimentício, no
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outro, um calçado; no terceiro, uma peça de roupa; no quarto, a palavra de
reconforto e esperança, ou um abraço impregnado de fé; no quinto, um afago a
uma criança, um doente, um idoso... e assim por diante, deixaremos de ser
“caridosos de ocasião” para converter-nos em plantonistas da Caridade diária.


Revista O Reformador dezembro de 1999