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domingo, 9 de maio de 2021

PERTO DE DEUS " SERÁS MÃE"

 

Perto de Deus

Entre a alma, prestes a reencarnar na Terra, e o Mensageiro Divino travou-se expressivo diálogo:
 
— Anjo bom — disse ela —, já fiz numerosas romagens no mundo. Cansei-me de prazeres envenenados e posses inúteis… Se posso pedir algo, desejaria agora colocar-me em serviço, perto de Deus, embora deva achar-me entre os homens…
 
— Sabes efetiamente a que aspiras? que responsabilidade procuras? — replicou o interpelado. — Quando falham aqueles que servem à vida, perto de Deus, a obra da vida, em torno deles, é perturbada nos mais íntimos mecanismos.
 
— Por misericórdia, anjo amigo! Dar-me-ás instruções…
 
— Conseguirás aceitá-las?
 
— Assim espero, com o amparo do Senhor.
 
— O Céu, então, conceder-te-á o que solicitas.
 
— Posso informar-me quanto ao trabalho que me aguarda?
 
— Porque estarás mais perto de Deus, conquanto entre os homens, recolherás dos homens o tratamento que eles habitualmente dão a Deus…
 
— Como assim?
 
Amarás com todas as fibras de teu espírito, mas ninguém conhecerá, nem te avaliará as reservas de ternura!… Viverás abençoando e servindo, qual se carregasses no próprio peito a suprema felicidade e o desespero supremo. Nunca te fartarás de dar e os que te cercarem jamais se fartarão de exigir…
 
— Que mais?
 
Dar-te-ão no mundo um nome bendito, como se faz com o Pai Celestial; contudo, qual se faz igualmente até hoje na Terra com o Todo-Misericordioso, reclamar-se-á tudo de ti, sem que se te dê coisa alguma. Embora detendo o direito de fulgir à luz do primeiro lugar nas assembleias humanas, estarás na sombra do último… Nutrirás as criaturas queridas com a essência do próprio sangue; no entanto, serás apartada geralmente de todas elas, como se o mundo esmerasse em te apunhalar o coração. Muitas vezes, serás obrigada a sorrir, engolindo as próprias lágrimas, e conhecerás a verdade com a obrigação de respeitar a mentira… Conquanto venhas a residir no regozijo oculto da vizinhança de Deus, respirarás no fogo invisível do sofrimento!…
 
— Que mais?
 
Adornarás as outras criaturas para que brilhem nos salões da beleza ou nos torneios da inteligência; entretanto, raras te guardarão na memória, quando erguidas ao fausto do poder ou ao delírio da fama. Produzirás o encanto da paz; todavia, quando os homens se inclinem à guerra, serás impotente para afastar-lhes o impulso homicida… Por isso mesmo, debalde chorarás quando se decidirem ao extermínio uns dos outros, de vez que te acharás perto do Todo-Sábio e, por enquanto, o Todo-Sábio é o Grande Anônimo, entre os povos da Terra…
 
— Que mais?
 
Todas as profissões no planeta são honorificadas com salários correspondentes às tarefas executadas, mas o teu ofício, porque estejas em mais íntima associação com o Eterno e para que não comprometas a Obra da Divina Providência, não terá compensações amoedadas. 
 
 Outros seareiros da Vinha Terrestre serão beneficiados com a determinação de horários especiais; contudo, já que o Supremo Pai serve dia e noite, não disporás de ocasiões para descanso certo, porquanto o amor te colocará em permanente vigília!

Não medirás sacrifícios para auxiliar, com absoluto esquecimento de ti; no entanto, verás teu carinho e abnegação apelidados, quase sempre, por fanatismo e loucura…
 
Zelarás pelos outros, mas os outros muito dificilmente se lembrarão de zelar por ti… Farás o pão dos entes amados… Na maioria das circunstâncias, porém, serás a última pessoa a servir-se dos restos da mesa, e, quando o repouso felicite aqueles que te consumirem as horas, velarás, noite a dentro, sozinha e esquecida, entre a prece e a aflição… Espiritualmente, viverás mais perto de Deus, e, em razão disso, terás por dever agir com o ilimitado amor com que Deus ama…
 

Anjo bom — disse a Alma, em pranto de emoção e esperança —, que missão será essa?
O Emissário Divino endereçou-lhe profundo olhar e respondeu num gesto de bênção: — Serás mãe!…
 

Irmão X

LIVRO: ESTANTE DA VIDA 


domingo, 11 de abril de 2021

A CRIANÇA REJEITADA: “(...) Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a seu turno, logo que podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia"



A pior sensação que o filho ou a filha poderá ter é exatamente a de que é rejeitada por seus pais, por um ou por ambos.

Em verdade, não rejeita a criança apenas aquele pai ou aquela mãe que a abandona na via pública, ou a interna num orfanato, jamais indo vê-la. Rejeita-a também, aquele pai ou aquela mãe que promete amar a criança se ela for “boazinha”, se se conservar limpa numa quadra da vida em que o natural é a criança brincar livremente no solo (claro que protegida dos perigos), se fizer certinho um trabalho que está além de suas possibilidades infantis. Fica configurada a chantagem emocional, altamente perniciosa no processo da educação dos filhos.

Vale dizer que de igual modo rejeita o filho aquele pai ou aquela mãe que tudo faz quanto a criança ou o jovem peça só para se ver livre do pimpolho. É não lhe dar a mínima atenção, já se vê sem dificuldades.

Todos os excessos são danosos em nossas vidas, como se percebe facilmente.Se é danosa a rejeição da parte de um pai ou de uma mãe indiferente ou omissa, não deixa de ser ruim também a superproteção. Dentro deste raciocínio, se uma criança escorraçada, uma criança que viva debaixo de castigos corporais( mediante os quais os genitores descarregam suas tensões por outros motivos da vida estressante que levam hoje em dia), acaba vendo em todos os semelhantes inimigos em potencial, indivíduos que estariam prontos a maltratá-la, fazendo-se ao longo dos anos uma criatura amarga, pessimista, com raríssimos momentos de bom-humor,trazendo quase nulo o sentimento de solidariedade humana,uma criança superprotegida,criada cheia de dengos, de mimos excessivos, de cuidados exagerados, a quem tudo é simplesmente facilitado, vai-se acostumando a receber sem retribuir.

Resultado: a infância será um paraíso no lar, porém, a idade adulta será um inferno na sociedade. O indivíduo não saberá contar com ele mesmo nos momentos de decisão. Nutrirá, não raro, o sentimento de dependência não sendo capaz de solucionar os mais comezinhos problemas da experiência terrestre.

Aliás, quando a família é numerosa, tem vários filhos, não há mesmo condição para que os filhos sejam superprotegidos. Nesta situação, as crianças têm maiores oportunidades de viverem e se desenvolverem um tanto independentes. De certa forma, esta relativa independência auxilia o seu desenvolvimento, amadurecendo-as adequadamente. Desde pequenos, os filhos enfrentam alguns problemas e aprendem a resolvê-los. Inclusive há inúmeros casos ( sobretudo na presente atualidade planetária ) em que, a mãe trabalhando fora, vê-se na contingência de ter de contar com a ajuda da filha mais velha nos trabalhos domésticos, a cuidar dos irmãozinhos menores. O mesmo se dá relativamente ao filho mais velho; às vezes tem até de abandonar a escola ainda nas primeiras séries da educação fundamental (ensino de primeiro grau )a fim de ingressar no trabalho pesado, ou, no mínimo ao lado do pai, exercendo também alguma função com vista a equilibrar( ou colaborar a equilibrar, melhor dizendo) o precário orçamento doméstico, desempenhando atividades ditas masculinas.

Quando os pais sabem ajustar as situações assim criadas, os filhos aceitam bem os papéis que lhes são atribuídos e os conflitos momentâneos podem ser superados, desde que os mesmos pais não exijam perfeição de seus filhos. Aliás, os pais devem ser modelo mas nunca deverão pôr-se num pedestal dizendo aos filhos que nunca erraram na vida, o que não é, evidentemente, uma verdade. Melhor seria dizer-lhe que já cometeram enganos, ainda os cometem e se corrigem os filhos neste ou naquele particular é porque querem fazê-los felizes.

A segurança emocional, em parte sustentada pelo relacionamento entre irmãos, facilita muito o ajustamento do indivíduo fora de casa. Mas tudo isto( seria até desnecessário lembrar) vai depender em boa medida do comportamento dos pais.

Bem, há filhos que ser revoltam contra o tratamento que os pais lhe deram. Pois bem, para estes filhos deixaremos algumas frases do Espírito Joana de Ângelis, escritas pelo médium Divaldo Pereira Franco, constantes do livro “Após a Tempestade”( Livraria Espírita Alvorada Editora):
(...) Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a seu turno, logo que podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia e da agressividade contínua, culminando não raro em cenas de pugilato e vergonha”.
“(...) Aos filhos compete amar aos pais, mesmo quando negligentes ou irresponsáveis,porquanto é do Código Superior da Vida, o impositivo do honrar o pai e a mãe, sem excluir os que o são apenas por função biológica, assim mesmo, por cujo intermédio a Excelsa Sabedoria programa necessárias provas redentoras e pungitivas expiações liberativas”.

Termina sua exportação aquela mentora espiritual dizendo aos filhos estas orientações, com relação ao genitor que não lhes deu carinho:
“Se te falarem sobre recalques que ele traz da infância, em complexos que procedem desta ou daquela circunstância,(...) recorda, em silêncio, de que o Espírito procede do berço, trazendo gravados nas tecelagens sutis da própria estrutura gravames e conquistas, elevação e delinqüência, podendo, então, melhor compreendê-lo,mais ajudá-lo, desculpá-lo com eficiência e socorrê-lo com proibidade, prosseguindo ao seu lado sem mágoa(...) resgatando pelo sofrimento e amor os teus próprios erros, até o dia em que, redimido, possas reorganizar o lar feliz a que aspiras”.

Orientou assim Joana de Ângelis porque ninguém é pai ou mãe ou filho ou filha de outro alguém por um simples acaso biológico.Não. Nascemos e renascemos nas constelações familiares em que estávamos no mais das vezes envolvidos desde outras experiências corporais.Dá-se aqui o reencontro para que possamos solucionar os “desencontros” do passado.As possíveis algemas de ressentimentos devem ser transformadas em laços de amor para o nosso próprio bem.Reconhecemos ser tarefa árdua que exige renúncia abnegação e tempo.Todavia, será gratificante a sua execução porque teremos coroando o nosso esforço, às vezes não prontamente compreendido, a satisfação do dever cumprido!


Celso Martins

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O que os pais devem saber

Revista o Reformador - setembro de 1963


[...]Enquanto trocavam palavras ásperas e impensadas, suas mentes,descontroladas pela ira, emitiam vibrações que tornavam deletéria a atmosfera psíquica da casa. Ao sofrer o impacto do ambiente viciado , o pequeno ser tornou-se vítima da insensatez de seus genitores.[...]Não podemos olvidar , para uma perfeita compreensão do fenômeno , que a nossa mente funciona qual autêntico gerador de força magnética, a expandir-se através de pensamentos e palavras.[...] se nos domina a cólera,o rancor , o ódio, o ciúme , a inveja , o desespero ou a revolta, desregulamos os centros de energia mental e passamos a emitir , qual instalação elétrica em curto-circuito, raios destruidores que comprometem nossa estabilidade espiritual e a salubridade do ambiente em que estivermos.[...]Há mães que envenenam o leite materno com pensamentos menos dignos; pais que levam para seus filhos as mais nocivas influências escolhidas no vício, e casais que, em constantes desavenças, formam lares de clima psíquico irrespirável para os pequenos.[...]há aqueles que desencarnam quando deveriam continuar no mundo , apenas por não suportarem o ambiente do lar.


   O termômetro marca quarenta graus. A criança debate-se em convulsões próprias de tão elevada temperatura. Constatada a infecção pelo clínico familiar , a medicação antibiótica é aplicada sem demora , sob a expectativa ansiosa dos pais , que não se afastam do leito bem cuidado. A febre parece não ceder e , enquanto a madrugada avança lentamente , eles permanecem em dolorosa vigília e ardentes orações.
   Acompanhando a silenciosa luta do frágil ser contra a morte, indagam de si mesmos como pudera a enfermidade assumir características tão avassaladoras! Evidentemente , uma causa houvera! Algo que enfraquecera as defesas orgânicas , permitindo a incursão dos bacilos provocadores do grave processo patológico! Como teria acontecido , se todos os cuidados eram dispensados ao rebento querido, desde a rigorosa higiene no mais perfeito regime alimentar!?
   Nunca poderiam imaginar, no entanto, que foram uma lamentável descuido de sua parte que envenenara a criança, comprometendo a ação dos agentes imunológicos.Mas um envenenamento que não deixara vestígios e que jamais seria descoberto.
    Dias antes tiveram violenta discussão, dessas comuns em lares que não são habitados pelo respeito, pelo entendimento e pela tolerância. Enquanto trocavam palavras ásperas e impensadas, suas mentes,descontroladas pela ira, emitiam vibrações que tornavam deletéria a atmosfera psíquica da casa. Ao sofrer o impacto do ambiente viciado , o pequeno ser tornou-se vítima da insensatez de seus genitores.

   Não podemos olvidar , para uma perfeita compreensão do fenômeno , que a nossa mente funciona qual autêntico gerador de força magnética, a expandir-se através de pensamentos e palavras. Quando nos mantemos equilibrados na serenidade , suas emissões são sempre salutares , favorecendo a harmonia ao nosso derredor. Entretanto , se nos domina a cólera,o rancor , o ódio, o ciúme , a inveja , o desespero ou a revolta, desregulamos os centros de energia mental e passamos a emitir , qual instalação elétrica em curto-circuito, raios destruidores que comprometem nossa estabilidade espiritual e a salubridade do ambiente em que estivermos.
   Sendo estas explosões mais frequentes na intimidade do lar,onde se rompe com maior facilidade o leve verniz de civilidade que a vida em sociedade impõe, as crianças são as primeiras a sofrer as consequências, em virtude de sua frágil constituição.
   As cefalalgias, a urticária , os ataques convulsivos ,as perturbações digestivas, etc.,são males infantis que causam grande preocupação aos pais , os quais, entretanto,facilitam com sua conduta irregular e desajustada a eclosão de tais distúrbios.
  Há mães que envenenam o leite materno com pensamentos menos dignos; pais que levam para seus filhos as mais nocivas influências escolhidas no vício, e casais que, em constantes desavenças, formam lares de clima psíquico irrespirável para os pequenos.

   Muitos Espíritos partem da Terra, diariamente , deixando a vestimenta carnal nos verdes anos da infância , por atender a imperativos de experiências e provações. Entretanto, há aqueles que desencarnam quando deveriam continuar no mundo , apenas por não suportarem o ambiente do lar. Os Espíritos amigos,os chamados anjo de guarda, procuram facultar-lhes todos os recursos de sobrevivência , salvaguardando-os de semelhantes males, mas há ocasiões em que vêem infrutíferos seus esforços , tão violento é o impacto das vibrações deletérias em que são envolvidos os pequeninos, em virtudes da criminosa imprudência daqueles que não medem a extensão das responsabilidades que assumiram perante Deus , ao aceitarem a sagrada missão da paternidade..

    Quando aconselhamos a sofrear seus maus impulsos, muitos dizem, simplesmente: "Impossível , pois meu gênio é este!È a minha natureza!"

    Todavia, tal afirmativa encerra um absurdo inconcebível e apenas revela orgulho e ignorância. Aceitá-la seria admitir que Deus criasse espíritos violentos e viciados! Os sentimentos inferiores que dominam a alma humana são apenas fruto de seus desastrosos fracassos , no passado.

    Perecerá, talvez, nem sempre convincente falar aos homens que o caminho de regresso  à Casa Paterna e, consequentemente , o caminho da salvação, é o da renovação à luz do Evangelho, em combate corajoso e perseverante contra suas infelizes criações. Mas a Doutrina dos Espíritos vai além, e é extraordinariamente persuasiva quando , usando a lógica irretorquível da filosofia edificada sobre as bases científicas, fala no que existe de mais nobre e puro em seus corações - o amor que dedicam aos filhos- e revela que para o perfeito desenvolvimento físico e espiritual dos rebentos queridos, que resumem suas mais caras esperanças, a alimentação sadia,  o vestuário adequado e os cuidados higiênicos são importantes,mas a harmonia no lar, garantida pelo esforço da virtude, é indispensável!

    Recusar atender-lhe às advertências seria demonstrar a triste cegueira de quem não quer ver!

Richard Simonetti

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O Romance que estava escrito



Ao praticar quase uma dezena de abortos, estava convicta de livrar-se para sempre daquele desagradável “contratempo”. Ignorava que em cada gravidez estava presente um espírito reencarnante, interessado em viver e necessitado de uma existência na carne, a fim de realizar alguma tarefa essencial ao seu processo evolutivo.[...] E o que foi programado para você? Quais são seus planos a respeito dessa existência? _ Eu não tenho planos, está entendendo? Não tenho muita escolha, não. _ Sim, mas o que você vai fazer? Vai nascer pobre, com dificuldades, ou como será? Algum lar já deve estar programado para você.É. Vou nascer numa família de uns dez filhos ou oito. Então minha mãe vai morrer e eu vou ter que criar esse bando de crianças! (Fala destacando certas palavras para dar-lhes ênfase especial).”






Escrito por Herminio C. Miranda 

Há dois meses vínhamos trabalhando em nossas atividades mediúnicas, junto de determinada instituição espiritual, quando se manifestou uma entidade feminina, em pranto. 

Segundo apuramos depois, vinha de uma existência de irresponsabilidades e crimes contra a natureza humana. Fora uma bela mulher que usou seus encantos pessoais para escravizar pessoas aos seus caprichos e às suas ânsias. 

Os homens estendiam-lhe seus mantos para que ela passasse sobre eles, explicou. Levava-os ao desespero, ao alcoolismo e até a última degradação da sarjeta. Casamento? De forma alguma! Precisava gozar a vida.
Filhos? Nem pensar! Por isso, rejeitava-os sistematicamente quando ocorria qualquer gravidez, sempre indesejável e inoportuna.
Ao praticar quase uma dezena de abortos, estava convicta de livrar-se para sempre daquele desagradável “contratempo”. Ignorava que em cada gravidez estava presente um espírito reencarnante, interessado em viver e necessitado de uma existência na carne, a fim de realizar alguma tarefa essencial ao seu processo evolutivo.

Os pequenos fetos arrancados pela violência de seu belo corpo eram prontamente destruídos e logo esquecidos, mas os espíritos, não. Ficaram à sua espera no mundo espiritual para cobrar-lhe, um dia, o assassinato de que haviam sido vítimas.

Depois de muito penar pelos escuros planos da dor, fora recolhida pela instituição de que vínhamos cuidando e que começava a desarticular-se irremediavelmente, por causa do afastamento de seus dirigentes. Não que tivesse resolvido seus problemas pessoais, pelo contrário, dado que, longe de ter iniciado o resgate de suas antigas faltas, continuava a assumir mais responsabilidades ao cometer novos desatinos, pelos quais também teria de responder um dia. Pelo menos tinha, ali, certa “proteção”, a troco dos seus serviços, colaborando para que os objetivos desagregadores das sombras fossem eventualmente alcançados.
Desmantelada a comunidade, contudo, restaram a ela apenas duas opções: assumir, finalmente, suas responsabilidades cármicas e enfrentar as dificuldades do resgate ou ficar novamente entregue às aflições e incertezas do que a Codificação Espírita caracteriza como estado de erraticidade.
Decidiu pelo trabalho da reconstrução de seu atormentado espírito, com todos os seus riscos e sofrimentos, carências e frustrações. Foi honesta conosco ao enfatizar que não era com alegria que resolvera aceitar a pesada carga. A palavra adequada para ela nem era aceitação. Se pudesse, tudo faria para livrar-se daquilo ou, pelo menos, atenuar um pouco o peso que, de repente, parecia ter desabado sobre ela, mas reconhecia, no fundo, que não tinha alternativa. O caminho era aquele mesmo; ela própria o escolhera, ao precipitar-se no abismo de suas paixões.

Teve, contudo, um gesto de grandeza, demonstrando que já começava nela o processo da regeneração. Referindo-se às inúmeras mulheres que continuam a praticar abortos sucessivos, sugeriu-nos:

_ Conta para elas essas coisas, conta. Conta o que está me esperando… Vai falar com elas aí! Vai, fala e escreve. Por que você não faz isso? Conta! Fala!

“Esta história é, portanto, um recado que estou transmitindo em nome e a pedido de alguém que sabe. 

Ao conversar conosco, naquela noite, já há algum tempo se encontrava recolhida pelos trabalhadores do bem, a uma comunidade de recuperação. O diálogo que se lê, a seguir, é a fiel transcrição da nossa conversa. A  primeira fala é dela, e estava em pranto logo que se manifestou.

_ Não me leva! Não me leva pra lá! Eu não quero ir! Eu não tenho onde ficar!

_ Tem sim. Todos nós estamos guardados em Deus. Todos temos para onde ir.

Ninguém será jogado fora.

_ Nunca tive nada de meu. Nunca tive pra onde ir. E agora, não quero ir para lá também. Não quero! Não quero ir pra lá pra nascer de novo… Que eu vou ganhar aí, no mundo?
_ Você vai ganhar aquilo que perdeu. As coisas que você fez errado, vai ter oportunidade de fazer de novo, de acertar. Vai ser recebida por pessoas que querem te ajudar…
_ Será que querem mesmo? Toda vida fui recebida por pessoas que queriam saber o que podiam tirar de mim.
_ Sim, mas havia alguma razão para que isso acontecesse dessa maneira, não é, minha filha? Você não acha que a pessoa que concordou em receber você como filha, quer ajudar? Você conhece a pessoa?

_ Não conheço, não. (Não é verdade isto, como veremos).

_ Você já sabe quem vai recebê-la?

_ Não sei quem vai, eu sei é que…

_ Talvez você não esteja compreendendo bem isso aí.

_ O que eu não estou compreendendo? Estou compreendendo agora…

_ Você não queria? Preferia continuar assim como está? É isso?

_ Não sei o que eu preferiria, não. Às vezes acho que vai ser bom nascer de novo… Você esquece… todo mundo te pega no colo porque você é um neném. Até você lembrar de novo, já descansou um bom tempo.

Refere-se, portanto, à terrível pressão das lembranças desagradáveis, dos remorsos dolorosos, das angústias do ser que se reconhece culpado e contempla, desalentado, a penosíssima tarefa da recuperação espiritual.

_ È que você tem muitas agonias no espírito – diz o doutrinador -, mas a Lei é generosa e pacificadora. Ela nos concede o esquecimento exatamente para que possamos recomeçar tudo de novo.

_ Às vezes eu acho que deveria ser bom, mas quando penso em tudo quanto vou ter que passar… que me disseram lá que eu vou ter que passar…

_ Pois é, minha irmã, mas a gente está devendo à Lei… É preciso passar por essas coisas para aprender. Você não acha? É preciso ter paciência. Você precisa aceitar isso. Se fôssemos perfeitos, bonzinhos, caridosos, não estaríamos passando por tantas coisas, não é? Você está lembrando de uma vida em que foi maltratada, foi espoliada, mas não se lembra das outras, quando foi a sua vez de espezinhar, de maltratar…

_ Eu não acho que fosse uma pessoa capaz de fazer isso. Eu não acho…

_ Por que você acha, então, que a Lei lhe pediu isso?

_ Não interessa a Lei de Deus! Interessa é o que vou ter de passar por isso e ponto final!

_ Sei, minha querida. Mas não é só. Interessa saber que você vai ficar boa.

Você não é uma pessoa má. Você não faria mais aquilo que fez.

_ Como é que você diz que eu fiz? Você sabe o que eu fiz?

_ Se você passou pelas coisas que passou, é porque devia.

_ Outra vez! Ter de viver de novo, ter que… aguentar tudo!

_ Você já conversou sobre isso com os nossos companheiros?

_ Já, já… Mais de uma vez.

_ E o que foi programado para você? Quais são seus planos a respeito dessa existência?

_ Eu não tenho planos, está entendendo? Não tenho muita escolha, não.

_ Sim, mas o que você vai fazer? Vai nascer pobre, com dificuldades, ou como será? Algum lar já deve estar programado para você.

_ É. Vou nascer numa família de uns dez filhos ou oito. Então minha mãe vai morrer e eu vou ter que criar esse bando de crianças! (Fala destacando certas palavras para dar-lhes ênfase especial).”

“_ Sim, mas isso não é uma oportunidade muito boa para você?

_ Não vou poder me casar porque estou criando irmãos. Não vou poder estudar porque estou criando irmãos. Não vou passear, não vou me divertir… Vou ficar dentro de casa cuidando de irmãos…

_ Sim, mas esses irmãos não são escolhidos ao acaso, não é? São seres ligados a você. São pessoas às quais você deve esse favor, esse compromisso, essa oportunidade. Em algum ponto de suas vidas passadas, você tirou alguma coisa delas.

_ Sabe? Desgraçada a mulher que não usa bem o sexo!

_ É. Isso é verdadeiro, sim. Você tem razão.

_ Desgraçada dela! Quer dizer, não vou casar, mas vou ter que sustentar criança, vou ter que tomar conta de crianças… Vou ter que ser mãe das crianças! Só porque fiz alguns abortinhos…

_ Só porque?…

_ Qual a mulher que não fez um aborto na vida?

_ Pois é, minha filha, mas você acha isso certo?

_ Eu, quando fiz, achava. Achava que era!

_ Hoje você não acha, mas o erro ficou lá, de alguma forma.

_ E eu que não dou para esse negócio de ser mãe! Você já imaginou?

_ Você terá que aprender, irmã.

_ Não dou pra isso. Eu nunca quis filho, justamente por causa disso.

_ É, mas a sua mãe teve você…

_ Aí foi problema dela. Ela quis… Eu não quis ter nenhum e não tive. Não tem escolha. Tem?

_ Tem a escolha e tem a responsabilidade também, não é?

_ Agora, não. Ou você aceita isso, ou então continua na vida que quiser.

Quer dizer… Eu não tenho mais a vida que eu quiser, porque onde eu estava com os meus amigos, não dá mais. Então você fica entre a cruz e a caldeirinha…

_ A não ser a penosa reencarnação que estava programada para ela, a única opção viável agora seria uma indefinida fase de agonias, vagando sem rumo pela vastidão dos mundos de desarmonia e de angústia, perseguida implacavelmente pelos adversários que a insensatez criou para ela. Ante tais perspectivas, ambas assustadoras e aflitivas, o mal menor ainda era a reencarnação que, sem ser compulsória, apresentava-se como única alternativa aceitável.

_ Eram seus amigos? Pergunta o doutrinador.

_ Eram, sim, meus amigos. Então, vou ter que ir, vou ter que nascer, vou ter que cuidar desse bando de crianças. Vou criar mesmo! Quando a mãe morrer, o último vai ser um bebê. Acabou de nascer, ela morre… E eu vou criar todo mundo. Você já viu?

_ Você não acha que é uma oportunidade de mostrar que sabe fazer alguma coisa? Quando você terminar essa existência, se houver cumprido direitinho suas tarefas, sua consciência estará em paz. Na próxima vida, depois dessa, você já não terá mais esses compromissos. Vai ter oportunidade de ser feliz, ter o seu marido, seu lar, sua casa… o que você desejar, enfim.

_ Você já imaginou que destino triste?

_ Sei, minha querida. Mas você poderia ter aceitado essas crianças quando tinha condições, e não quis, não é? Não precisava ser triste. Se eles tivessem sido seus filhos, naquela outra vida, você não teria tido grandes dificuldades. Você não dispunha de recursos? Na ocasião em que podia você não quis. Agora…

_ Sabe para onde vou ter que ir? Disseram que vou ter que ir para a Argentina, porque lá é que está o pessoal todo. Tenho que ir… E o pior é que vou ser uma moça bonita. Os homens vão querer casar comigo e eu não vou poder casar. Nenhum vai querer aceitar aquele bando de crianças.

_ Quem sabe não aparece um companheiro que queira?

_ Não! Está lá!… Não. Já sei que não vou. Já me disseram: “Você não vai casar. Se casar, vai complicar tudo!”

_ Então, veja bem. Você rejeitou essas crianças quando poderia tê-las aceito, com muito maior facilidade. Não quis. É direito seu…

_ É. Eu andei fazendo uns abortozinhos… Mas eu… não é porque eu não gostava; eu não podia ter filhos!

_ Como não podia?

_ Não podia… Eu não queria casar. Eu queria uma vida livre. Quer dizer…

_ Então, você escolheu, tomou uma decisão e a responsabilidade ficou.

_ Mas eu nunca achei que fosse uma coisa tão ruim assim.

_ Você não achou, mas a Lei sabe que era. E hoje você sabe que é tão grave que vai precisar fazer um sacrifício maior para se recompor.

_ Mas, então, por que… (para, hesita, pensa). Ah!, não. A moça disse lá. 

Eu 
perguntei: “Então por que eu não caso e eles não vêm como meus filhos?” 

Eles me disseram que há uns tão revoltados comigo que nunca vingariam como filho.
Entende? Não iam conseguir. Eu também ia rejeitar e eles me rejeitariam e iria ser uma confusão danada! Então, vindo com outra mãe, eu vou ser irmã e isso é diferente.

_ É. Você vê como tudo é lógico e direitinho…

_ Que lógico? Sei lá… Não estou pensando nisso. Estou pensando no problema em si. É, podiam ser meus filhos, porque aí eu casava e teria alguém para me sustentar, para me dar uma vida melhor. 

Você já imaginou? Eu vou trabalhar que nem uma desesperada!

_ O trabalho não mata ninguém, minha irmã. Pelo contrário, ocupar as mãos com algum trabalho digno…

_ Não vou ocupar, não, vou esfolar…

_ Não importa. Depois que você abandonar esse corpo, seu espírito estará em paz, estará redimido, pelo menos quanto a esse aspecto.

_ Pois é, mas será que eu vou aguentar? E que vou ter que… Eu, uma criança ainda… Você imagina? Já estou vendo o drama todo na minha frente.

_ Mas, minha querida, não há outro caminho. É esse aí que você tem que aceitar. É por ali mesmo que você tem de passar. Você não quis passar da outra vez, que era mais fácil, vai passar agora que é difícil. É como se você tivesse de fazer uma caminhada com um belo dia de sol, e você não quis.

Agora vai fazer com chuva mesmo.

_ Eu disse pra eles: “Então porque não faz o seguinte: o meu futuro pai não casa com outra mulher, para ter uma madrasta para cuidar?
 E eu vou ajudar a cuidar das crianças…”

_ Isso não resolveria os problemas ali. Você tem de assumir a responsabilidade que rejeitou da outra vez…

_ Lavar, passar e ainda costurar a máquina!

_ Não é vexame nenhum isso aí…

_ Eu, uma escrava daquele bando de crianças…

_ Se você os tivesse aceitado da outra vez, eles iriam crescer e ajudar, quando você fosse mais velha. Iriam trabalhar… Talvez você terminasse a vida em perfeita paz e conforto.

_ Não sei, não. Por que a gente…

_ É. Você tem razão. Por que a gente erra, não é? Uma pena…

_ Não é porque a gente erra, não. Não estou dizendo isso. Meu deus do céu, como é que você fica? Você vai para o mundo, o mundo tem uma porção de coisas que são atraentes, que você quer. Você é uma mulher bonita, você… ué!

Você não tem que viver? A gente tem os instintos… Você tem que viver. Por que Deus criou essas coisas?

_ Está muito bem. Mas você pode exercer seus instintos, atender suas solicitações, mas não precisa matar ninguém, não é , minha irmã?

_ Que matei? Aborto não é matar ninguém!

_ É um assassinato. Não há diferença. A criatura não pode nem defender-se.

_ Engraçado! No meio disso tudo, desse bando de crianças… até me mostraram lá um  “retrato”, tem um menino… um só… que eu não vou ter problema com ele.

Ele gosta de mim. De onde ele gosta de mim, não sei. Ainda não apurei isso.

Ele gosta de mim. Então, dizem que ele pediu, ele quer vir… É o segundo irmão: eu, depois ele, porque assim ele vai ajudar.

_ Que bom! Já vai melhorar um pouco o sofrimento.

_ Ah, que nada! Acontece que ele está pedindo isso. É diferente. Eu, não: eu tenho que aceitar, contra a minha vontade. Porque, vou lhe falar com toda franqueza, se fosse para dizer “Você escolhe”, eu não ia, não. Não ia, porque tenho minhas dúvidas se vou aguentar um negócio desses. É um “negócio” muito pesado. Não estou acostumada com isso. Eu tive uma vida de princesa, de rainha, com todo mundo… Quer dizer, não fui princesa ou rainha, foi uma vida de princesa, de rainha, todo mundo fazendo o que eu queria, com os homens ali, botando a capa no chão pra eu pisar por cima e passar… Agora, de repente… Quer dizer, estou acostumada com isso… Nunca usei minhas mãos para lavar roupa. Agora, você já imaginou? Eu tenho que lavar roupa, com as minhas mãos! Com estas mãos aqui… Vou ter que ficar numa máquina costurando. Vou ter que criar calos. Tudo por causa de irmão! Vou ter uma raiva danada deles! Tenho medo!

_ Se cometer tolice, você vai complicar-se ainda mais. Olhe que aí não vai ser mais caminhar na chuva, não; vai ser muito pior.

_ Por que isso? Será que você não “dava” um jeito? Você conhece eles lá (os nossos amigos espirituais). Você não pode pedir pra eles… “maneirar” um pouquinho o negócio pra mim? Vai lá, fala, pede… Diz que eu sou sua parenta, sua conhecida… qualquer coisa.

_ Você acha que eu vou chegar lá pregando mentira?

_ Mas você não diz que sou sua irmã? Então! Você podia ir lá falar…

“_ Minha filha, você sabe lá? Se fossem cobrar tudo mesmo, aí, sim, você não iria aguentar.

_ Mas você não acha que isso é demais?

_ Não. Não acho.

_ Puxa! Que você está pensando? São dez crianças! São nove porque eu sou o dez… Vou ser mãe de nove crianças.
_ Imagine se fossem 30 ou 40…

_ É, você é doido mesmo…

_ Imagine se você tivesse que nascer cega ou paralítica, ou surda…

_ Ah, pelo menos ia ter alguém que cuidasse de mim.

_ Não sei. Muita gente passa a vida toda cega, sem ter quem cuide.

 A solidão é uma coisa terrível, minha irmã. Afinal de contas, você vai ter uma família. Quando eles crescerem, mesmo que não te retribuam, vai haver um para te ajudar, amar e respeitar. Vai partilhar com você essas agonias todas. Mas, quem sabe, mesmo entre eles, os outros sete ou oito, alguns pensem: “Essa irmã sacrificou-se. Eu não gostava dela, mas, afinal de contas, ela foi boa para a gente.”

_ Não está com jeito, não. Do jeito que eu vejo, vai ser tudo um bando de ingratos, que vão fazer de mim gato e sapato. Isso é que eu acho.

_ Se você usar sua inteligência, sua capacidade de amar, poderá transformá-los em seres que te amem.

_ E a minha vida de moça?

_ Isso é tão importante assim? Você teve uma vida de moça e não a utilizou corretamente. Você mesma disse aí, no princípio, que não usou bem os seus encantos. Usou-os para dominar, para corromper, enfim, para fazer tudo quanto veio à cabeça.

_ Isso tudo é tão complicado! Se a gente soubesse a confusão que dá, não faria certas coisas. Vou lhe contar, não faria mesmo!

_ Veja bem. Você sabe agora. Agora você está sabendo.

_ Pois é, mas agora que eu sei, é tarde. Vou ter que aguentar. E tem mais, eu não lhe falei. Vou ter um pai, não é? Mas esse pai vai ser um alcoólatra.

Disseram-me que, numa outra vida, eu fiz dele um alcoólatra. Ele teve um desgosto e deu de beber, beber… e acabou morto, numa sarjeta, por minha causa, porque se apaixonou por mim. Agora, que mulher pode ter culpa se um homem se apaixona por ela? Eu tenho culpa? Se amanhã você se apaixona por mim… Vamos ver. 

O que eu vou fazer? Você se apaixonou porque quis. Mas aí, deixa eu contar, pra você ver o quadro como é preto. Então, vou ter esse pai, que vai ser outra carga em cima de mim. Quer dizer, vou ter que ficar com o peso todo, porque ele vai chegar em casa bêbado. Vou ter que ajudar, vou ter que… Ó meu Deus! Parece coisa de novela, não parece? Parece história de folhetim. Se contar, ninguém acredita. E eu vou… Quer dizer… É um romance que já está escrito. Já foi escrito! Mostraram-me tudo lá. E um romance que já está escrito!





(Trecho do livro As mil faces da realidade espiritual, escrito por Herminio C. Miranda - Ed.CEAC)

sábado, 18 de maio de 2019

Infortúnio materno



 "Cristalizada, contudo, na preguiça, qual flor inútil a viver no luxo dourado, por doze vezes pratiquei o aborto confesso… Surda aos ditames da consciência que me ordenava o apostolado maternal, expulsei de mim os antigos laços que em outro tempo se acumpliciavam comigo na delinquência, assassinando as horas de trabalho que o Senhor me havia facultado no campo feminino… E, após vinte anos de teimosia delituosa, ante o auxílio constante que me era conferido pelo Amparo Celestial, nossos Benfeitores permitiram, para minha edificação, fosse eu entregue aos resultados de minha própria escolha… Enlaçada magneticamente àqueles que a Divina Bondade me restituiria por filhos ao coração e aos quais recusei guarida em minha ternura, fui obrigada a tolerar-lhes o assalto invisível, de vez que, seis deles, extremamente revoltados contra a minha ingratidão, converteram-se em perseguidores de minha felicidade doméstica…"

                                             **

Em pleno hospital da Espiritualidade, pobre criatura estendeu-nos o olhar suplicante e rogou:

— O senhor consegue escrever para a Terra?

— Quando mo permitem — repliquei entre pesaroso e assombrado.

Quem era aquela mulher que me interpelava desse modo?

A fisionomia escaveirada exibia recordações da morte. A face inundada de pranto tinha esgares de angústia e as mãos esqueléticas e entrefechadas davam a ideia de garras em forma de conchas.

Dante não conseguiria trazer do Inferno imagem mais desolada de sofrimento e terror.

— Escreva, escreva! — repetia chorando.

— Mas escrever a quem?

— Às mulheres… — clamou a infeliz. — Rogue-lhes não fujam da maternidade nobre e digna… peço não façam do casamento uma estação de egoísmo e ociosidade…

Os soluços a lhe rebentarem do peito induziam-nos a doloroso constrangimento.

E a infeliz contou em lágrimas:

— Estive na Terra, durante quase meio século… Tomei corpo entre os homens, após entender-me com um amigo dileto que seguiu, antes de mim, no rumo da arena carnal, onde me recebeu nos braços de esposo devotado e fiel. Com assentimento dos instrutores, cuja bondade nos obtivera o retorno à escola física, comprometemo-nos a recolher oito filhinhos, oito corações de nosso próprio passado espiritual, que por nossa culpa direta e indireta jaziam nas furnas da crueldade e da indisciplina… Cabia-nos acolhê-los carinhosamente, renovando-lhes o espírito, ao hálito de nosso amor… Suportar-lhes-íamos as falhas renascentes, corrigindo-as pouco a pouco, ao preço de nossos exemplos de bondade e renúncia… Nós mesmos solicitáramos semelhante serviço… Para alcançar mais altos níveis de evolução, suplicamos a prova reparadora… Saberíamos morrer gradativamente no sacrifício pessoal, para que os associados de nossos erros diante da Lei Divina recuperassem a noção da dignidade.

 A triste narradora fez longa pausa que não ousamos interromper e continuou:

— Entretanto, casando-me com Cláudio, o amigo a que me reportei, fui mãe de um filhinho, cujo nascimento não pude evitar…

Paulo, o nosso primogênito, era uma pérola tenra em nossas mãos… Despertava em meu ser comoções que o verbo humano não consegue reproduzir… Ainda assim, acovardada perante a luta, por mais me advertisse o esposo abençoado, transmitindo avisos e apelos da Vida Superior, detestei a maternidade, asilando-me no prazer… Cláudio era compelido a gastar largas somas para satisfazer-me nos caprichos da moda… Mas a frivolidade social não era o meu crime… Nas reuniões mundanas mais aparentemente vazias pode a alma aprender muito quando resolve servir ao bem…  Cristalizada, contudo, na preguiça, qual flor inútil a viver no luxo dourado, por doze vezes pratiquei o aborto confesso… Surda aos ditames da consciência que me ordenava o apostolado maternal, expulsei de mim os antigos laços que em outro tempo se acumpliciavam comigo na delinquência, assassinando as horas de trabalho que o Senhor me havia facultado no campo feminino… E, após vinte anos de teimosia delituosa, ante o auxílio constante que me era conferido pelo Amparo Celestial, nossos Benfeitores permitiram, para minha edificação, fosse eu entregue aos resultados de minha própria escolha… Enlaçada magneticamente àqueles que a Divina Bondade me restituiria por filhos ao coração e aos quais recusei guarida em minha ternura, fui obrigada a tolerar-lhes o assalto invisível, de vez que, seis deles, extremamente revoltados contra a minha ingratidão, converteram-se em perseguidores de minha felicidade doméstica… Fatigado de minhas exigências, meu esposo refugiou-se no vício, terminando a existência num suicídio espetacular… Meu filho, ainda jovem, sob a pressão dos perseguidores ocultos que formei para a nossa casa, caiu nas sombras da alienação mental, desencarnando em tormento indescritível num desastre da via pública, e eu… pobre de mim, abordando a madureza, conheci a dolorosa tumoração das próprias entranhas…  A veste carnal, como que horrorizada de minha presença, expulsou-me para os domínios da morte, onde me arrastei largo tempo, com todos os meus débitos terrivelmente agravados, sob a flagelação e o achincalhe daqueles a quem podia ter renovado com o bálsamo de meu leite e com a bênção de minha dor…

A desditosa enferma enxugou as lágrimas com que nos acordava para violenta emoção e terminou:

— Fale de minha experiência às nossas irmãs casadas e robustas que dispõem de saúde para o doce e santo sacrifício de mãe! Ajude-as a pensar… Que não transformem o matrimônio na estufa de flores inebriantes e improdutivas, cujo perfume envenenado lhes abreviará o passo na direção das trevas… Escreva!… Diga-lhes algo do martírio que espera, além da morte, quantos quiseram ludibriar a vida e matar as horas.

A mísera doente, sustentada por braços amigos, foi conduzida a vasta câmara de repouso e, impressionados com tamanho infortúnio, tentamos cumprir-lhe o desejo e transmitir-lhe a palavra; contudo, apesar do respeito que consagramos à mulher de nosso tempo, cremos que o nosso êxito seria mais seguro se caminhássemos para um cemitério e assoprássemos a mensagem para dentro de cada túmulo.

Fonte: Contos e Apólogos
.Irmão X

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Os Pais e os Filhos Problema " (...)Nossos filhos, em verdade, não são nossos filhos: São filhos de Deus[...]Emmanuel explica: "Os filhos-problema são aqueles mesmos espíritos que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter e envenenando-lhes os sentimentos"[...]A primeira atitude construtiva dos pais, ante os filhos rebeldes, é desenvolverem em si mesmos a grande compreensão[...] O evangelho de Allan Kardec nos ensina: "Não recuseis, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que o enviou. Uma intuição imperfeita do passado se revela e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou ou foi odiado[...]Os pais espíritas com cérebros esclarecidos e os corações iluminados pela Doutrina Kardecista, devem ficar felizes por encontrarem esta oportunidade grandiosa de cooperar na recuperação de espíritos infelizes; a quem devem e que talvez, há longo tempo, esperam por esta bênção do reencontro.



Os filhos doentes são mensageiros de amor que Deus te envia, para que o amor se desentranhe de qualquer forma do egoísmo enquistado e se inflame de luz, na luz da sublimação". (Emmanuel)

Os laços de família não se verificam por acaso: há uma Lei Divina comandando o destino e a união das almas na vida corpórea. Antes de acolhermos nos braços, com ternura, o ser pequenino, pelas vias da maternidade sagrada, idealizamos para ele o melhor: o corpo mais perfeito, a saúde orgânica integral, a inteligência lúcida; mas não devemos esquecer que essa escolha já foi feita realmente por nós, desde muito tempo, sem ilusões e sonhos, na maioria das vezes, antes de reencarnarmos. Deste modo não devemos alarmar-nos com o que os filhos possam trazer para nós de trabalhos dificuldades e problemas, desde tenra idade.
Nossos filhos, em verdade, não são nossos filhos: São filhos de Deus, e temporariamente se encontram sob nossos cuidados. Junto aos filhos simpáticos, pacíficos e obedientes, surgem também aqueles outros que, desde o berço, já começam a provocar preocupações, irritações, tensões emocionais, aborrecimentos, angústias e canseiras físicas e psíquicas, por apresentarem um temperamento forte de rebeldia e desobediência, destacando-se pela insubordinação e leviandade. São os filhos problema que a Lei da Reencarnação trouxe ao nosso convívio familiar, ensejando a oportunidade de renovação de seus destinos. É o reencontro para a reconciliação indispensável entre pais e filhos, em busca de um melhor futuro espiritual. Na intimidade do coração, os pais sempre indagam quem são estes filhos diferentes que trazem uma maior dose de lutas e trabalhos. O mentor espiritual Emmanuel explica: "Os filhos-problema são aqueles mesmos espíritos que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter e envenenando-lhes os sentimentos".
Os filhos difíceis são filhos de nossas próprias obras, em vidas passadas, que a Providência Divina agora encontra a possibilidade de nos unir pelos laços da consanguinidade, dando-nos a maravilhosa chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação.
A primeira atitude construtiva dos pais, ante os filhos rebeldes, é desenvolverem em si mesmos a grande compreensão, para não se deixarem dominar pela revolta e amargura, julgando que são infelizes e perseguidos pela má sorte... O evangelho de Allan Kardec nos ensina: "Não recuseis, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que o enviou. Uma intuição imperfeita do passado se revela e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou ou foi odiado, que um ou outro veio para perdoar ou para expiar".
Encontramos no livro do espírito André Luiz, "Nos Domínios da Mediunidade" cap. 24, psicografia de Francisco C. Xavier, um fato interessante sobre reencarnação e família. Na encarnação atual, vamos encontrar o pai de nome Júlio, espírita convicto, acometido de paralisia das pernas e que possui quatro filhos desorientados: Américo sofre de perturbação mental. Márcio é vítima do alcoolismo e Guilherme e Benício vivem na leviandade e extravagâncias noturnas. Os Espíritos Superiores revelaram a André Luiz que, em vida passada Júlio, o pai, fora chefe de um grupo de assaltantes e desencaminhou quatro rapazes para aventuras delituosas, os quais, hoje, são seus filhos desequilibrados. Teremos sempre os filhos de que precisamos e merecemos, dentro dos estatutos da Justiça Divina e através dos processos redentores das reencarnações expiatórias.
Os pais espíritas com cérebros esclarecidos e os corações iluminados pela Doutrina Kardecista, devem ficar felizes por encontrarem esta oportunidade grandiosa de cooperar na recuperação de espíritos infelizes; a quem devem e que talvez, há longo tempo, esperam por esta bênção do reencontro.

Walter Barcelos

sábado, 1 de novembro de 2014

A Autoridade Paterna

A Autoridade Paterna

O amor materno e autoridade paterna são dois elementos essenciais ao bom equilíbrio das relações familiais.
Releva frisar que mãe e pai não estão dissociados em suas funções. Pelo contrário, à mãe cabe também certa autoridade sobre os filhos, assim como nada impede que o pai manifeste ternura para com eles.
A separação que aqui se faz visa apenas enfatizar isto: o que o filho mais espera e precisa da mãe é o amor; do pai, a autoridade.
Autoridade é a palavra derivada de autor, deixando claro que essa prerrogativa é inerente ao autor. E o caso do pai, autor da vida do filho.
Pode ele delegar parte de sua autoridade a outras pessoas, durante algum tempo e no que tange a certos aspectos da educação do filho. Permanece, porém, a instância de apelo supremo.
Isto é verdadeiro, não apenas do ponto de vista jurídico, mas igualmente do ponto de vista psicológico. Deixe a criança de sentir acima dela a proteção da autoridade paterna e seu equilíbrio emocional será afetado, com prejuízo, inclusive, para a sua maturidade.
A criança detesta, quase sempre, aqueles que a tiranizam, pois gosta de ser tratada com moderação e justiça; mas, por outro lado, despreza e agride o pai frouxo e piegas cuja incapacidade a priva de um apoio que deseja e lhe é indispensável.
Sim, a par da liberdade, sem a qual não poderia auto-afirmar-se, a criança necessita, também, da autoridade para que seja orientada nos seus julgamentos e saiba disciplinar a própria vontade.
Se contar com a preciosa ajuda da autoridade, ela evoluirá na fase inicial, instintiva, em que busca simplesmente o prazer através da satisfação de suas necessidades, para a outra fase, adulta, em que lhe caberá enfrentar as vicissitudes da vida, nem sempre isenta de dificuldades e sofrimentos.
Sem isso, manter-se-á em dependência infantil, sem conseguir ajustar-se aos grupos sociais em que será obrigada a viver, ou melhor, a conviver, criando a tudo instante condições de atrito com os semelhantes.
Pais existem que, ultrapassando os limites da autoridade, exercem um domínio absoluto e cruel sobre os filhos, não lhes permitindo a menor discussão a respeito de suas ordens, que exigem sejam cumpridas rigorosamente, valendo-se dos métodos repressivos da ameaça, da surra, da crítica mordaz e humilhante, das proibições sistemáticas, etc.
O máximo que conseguem com essa maneira de agir é uma submissão cega, sem consentimento interior, o que fará dos filhos indivíduos tímidos e gaguejantes, com fortes sentimentos de inferioridade, ou então revoltados, futuros tiranos da própria prole.
Outros, em contraposição, seja por comodismo, seja por fraqueza, não exercem a menor autoridade sobre os filhos: deixam-nos à solta, permitindo-lhes tudo, satisfazendo a todos os seus desejos, numa atitude de superindulgência que, longe de traduzir bondade, o que evidencia é falta de amor, ou, pelo menos, indiferença pela sua sorte.
Este tipo de educação, está provado, só pode tornar as pessoas incontestáveis, exigentes, egoístas, incapazes de oferecer a menor cooperação a quem quer que seja. Pior ainda: favorece os desregramentos e conduz à libertinagem, principais fatores da delinqüência em todos os tempos.
Autoridade legítima é o processo pelo qual o pai ajuda o filho a crescer e a amadurecer, para que chegue à autonomia sabendo que a liberdade tem um preço: a responsabilidade. É a maneira pela qual o pai conduz o filho à auto-realização, desenvolvendo-lhe as potencialidades, sem entretanto, exigir mais do que ele possa dar, respeitando-lhe as limitações.
É, sobretudo, força moral que o pai deve ter sobre o filho, baseada na admiração que lhe desperta, por se constituir um modelo digno de ser imitado.
Em suma, a verdadeira autoridade jamais se impõe pela violência. É uma decorrência natural das qualidades paternas, entre as quais se destacam as seguintes:

1) ser autêntico, isto é, conhecer o papel que lhe cabe no lar e exercê-lo com segurança e continuidade.

2) Ser justo, tratando todos os filhos com igual solicitude, sem nunca demonstrar preferência ou aversão por nenhum.

3) Ser um educador, castigando quando preciso, mas sabendo também desculpar, valorizar e incentivar.

4) Ser coerente, mantendo seu ponto de vista acerca do que lhe pareça certo ou errado, evitando proibir um dia e deixar fazer no outro.

5) Ser cordial, promovendo o afeto, a estima e a camaradagem entre os familiares.

6) Ser compreensivo, superando os conflitos e mantendo seu amor ante os erros dos filhos.

7) Ser clarividente, sabendo discernir entre o que é essencial e o que é secundário.

8) Ser conciliador, acatando as opiniões do grupo familiar, ao invés de impor apenas as suas.

9) Ter presença no lar, acompanhando de perto a vida dos filhos, por saber que o abandono moral é caminho para a delinqüência.

10) Ter serenidade, evitando dar mostras de impaciência, irritação ou cólera.

11) Ter firmeza, dando “sim” quando julgue que possa dá-lo, tendo a coragem de dizer e manter o “não”, sempre que isso se faça necessário.

12) Ter espírito aberto, procurando estar sempre bem informado, para saber interpretar construtivamente os acontecimentos do mundo.

13) Ter estabilidade emocional, evitando, quanto possível, as variações de humor e os inconvenientes que daí decorrem.

14) Ter maturidade, aceitando as responsabilidades decorrentes de sua condição de chefe de família, especialmente as de pai.

15) Ter prestígio, por seus exemplos de amor ao trabalho, hábitos sadios, civismo, gosto de ser útil ao próximo, etc.

Quantos pais são infelizes em seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração: depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.” (Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, nº 4)

Rodolfo Calligaris

Fonte: Site Caminhos de Luz

sábado, 25 de janeiro de 2014

ESTUDANDO A INFÂNCIA"...Nossos filhos no mundo são consciências que gravitam em torno de nossa vida refletindo, agora ou mais tarde, o nosso devotamento ou a nossa deserção..."

ESTUDANDO  A  INFÂNCIA

Emmanuel

O espírito – viajante da Eternidade – adormece no berço para acordar na sementeira, tanto quanto adormece no túmulo para acordar na colheita.
E o homem que amadurece na experiência terrena suspira por encontrar além da morte, braços amigos que o sustentem na grande romagem para a Divina Luz. 
Todavia, cada criatura desperta, depois da morte, na região para a qual dirigiu os próprios passos.
Há quem reabra os olhos na paisagem reconfortante do amor e da alegria, consoante a alegria e ao amor que plantou na leira humana, mas também há quem se reconquiste em pleno espinheiro de aflição e sofrimento, segundo a aflição e o sofrimento que espalhou na própria estrada.
Por isso mesmo, é possível observar na própria Terra, a lei de correspondência, pela qual cada um responde pelas próprias obras.
 
q
 
Cada espírito renasce na posição que merece, de acordo com as dívidas ou aquisições a que se ajusta.
Há quem nasça no ódio com que intoxicou o próprio destino, como há quem retoma o corpo com as mesmas feridas que, ontem, estampou na própria alma.
Daí, o impositivo de entendermos na infância, não a estação de irresponsabilidade festiva, mas a hora favorável de abençoada preparação do futuro.
Receberemos, amanhã, na alma confiada às nossas mãos, aquilo que hoje lhe oferecemos.
 
q
 
Nossos filhos no mundo são consciências que gravitam em torno de nossa vida refletindo, agora ou mais tarde, o nosso devotamento ou a nossa deserção.
Não vale iludir a criança com a fantasia do dinheiro ou do privilégio; anestesiando-a na leviandade.
 
q
 
O lar é, antes de tudo, a escola do caráter e, somente quando os responsáveis por ele se entregarem, felizes, ao sacrifício próprio, para a vitória do amor, é que a vida na Terra será realmente de paz e trabalho, crescimento e progresso, porque o homem encontrará na criança as bases justas do programa da redenção.
 
Livro: “Vida em Vida” Psicografia: “Francisco Cândido Xavier” Espíritos Diversos