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domingo, 3 de outubro de 2021

O JOIO PERVERSO E O TRIGO DE LUZ "O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los"

 O Joio Perverso e o Trigo de Luz (*)

Cessada a algavaria(tagarelice)  produzida pela turbamulta( multidão em desordem) sempre ansiosa e insatisfeita, depois de inesquecíveis lições de sabedoria, o doce-enérgico Rabi, acompanhado pelos amigos, foi para casa.

Sopravam os favônios do entardecer e o céu cobria-se com sucessivos tecidos evanescentes de variado colorido.

As trilhas luminosas do Astro-rei confraternizavam com as nuvens arredondadas que se adornavam de cores multifárias e uma harmonia mágica pairava no ambiente calmo.

As casas, esparramadas nas praias de seixos escuros e areia marrom, eram abrigos e remansos tranqüilos para os seus habitantes, que falavam sem palavras do intercâmbio de vibrações sutis entre o mundo físico e o transcendental.

A presença de Jesus irradiava harmonia e toda uma sinfonia quase inaudível de incomum beleza permanecia vibrando onde Ele se encontrava.

Aquele havia sido um dia afanoso. As multidões revezavam-se e os aflitos não cessavam de apregoar as suas mazelas, rogando amparo e saúde, que logo desperdiçavam no terrível banquete das alucinações destemidas.

Para que não voltassem aos tumultos nem às insensatezes comprometedoras, o Mestre, dando cumprimento ao que estabelecera a Profecia, abriu a sua boca em parábolas e proclamou coisas que estavam ocultas desde o princípio, e, por isso mesmo, ignoradas.

A partir daquele momento, ninguém se poderia considerar ignorante da verdade, deserdado do reino dos céus, esquecido da Divina Providência. João, o Batista, viera aparelhar, corrigir os caminhos por onde Ele prosseguia ampliando trilhas e anunciando a Era Nova.

A humanidade ali representada reaparecia no futuro dos tempos, renascendo em novos corpos e repetindo a música incomparável do Seu verbo libertador.

Assim aturdidos por tudo quanto haviam visto e ouvido, os companheiros, que não conseguiram entender o incomum significado das declarações, impressionados com alguns dos ensinamentos, aproveitando-se de um momento de repouso, acercaram-se-lhe e pediram-lhe que explicasse a complexa parábola do joio, há pouco narrada.

Invadido pela imensa ternura com que sempre elucidava os atônitos discípulos, Ele esclareceu: 

- O mundo é um campo imenso e abençoado que aguarda a sementeira. Neutro, depende daquele que o vai utilizar, preparando-o convenientemente para que a ensementação se faça coroada de êxito.

" Sempre tem estado aguardando a bênção das sementes que o dignifiquem, para tornar-se área de vida.

" Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem, que veio distribuí-la em toda parte, a fim de que a terra gentil se converta em formoso jardim-pomar. Sem temer qualquer impedimento, entrega-se à tarefa com os olhos postos no futuro.

" A boa semente são os filhos do reino, como as palavras renovadoras e diretrizes de segurança, para que tudo se faça de acordo com os desígnios do Pai, que deseja a felicidade dos Seus filhos e providencia para que nada lhes falte no cometimento da evolução.

"O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los".

"O inimigo que semeou o joio é a inferioridade moral do ser que nele predomina, retendo-a na retaguarda do processo de iluminação pessoal, a que se entrega sem resistência, porque lhe atende os desejos primários a que se encontra acostumado.

" A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. O mundo moral está em constante transformação, por causa da transitoriedade da existência física, das suas alternâncias e seus processos degenerativos. Por mais longa, sempre se interrompe pelo fenômeno da morte e se encerra o capítulo existencial, chegando o momento da ceifa, que se apresenta na consciência, que refaz o caminho percorrido sob a inspiração dos seres angélicos encarregados de orientar os seres humanos.

"Assim, pois, como é o joio colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo, quando cessar as experiências carnais de cada criatura, que enfrentará a semeadura do mal realizada no próprio coração. Os erros, na condição de erva perniciosa, reaparecerão com todo o vigor, exigindo prosseguimento de viciação agora sob outras condições inexeqüíveis, afligindo e atormentando com as chamas do desejo infrene, ardendo no sentimento e na razão do desgoverno.

"O Filho do homem enviará os Seus anjos que hão de tirar do Seu reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes, porque a consciência quando desperta e avalia o mal que a sim mesma se fez, sem oportunidade imediata de reparação, aflige-se, leva o indivíduo ao sofrimento que o faz estorcer-se e chorar se consolo, por haver-se iludido sem qualquer necessidade.

" O anjo da morte e dos renascimentos físicos, após acolher os aficionados dos escândalos, dos crimes, da perversão, selecionará aqueles que poderão prosseguir na Terra e aqueles outros que serão enviados ao exílio em mundo inferiores, mais primitivos e infelizes, onde recomeçarão a jornada interrompida em condições menos propiciatórias. Será realizada a seleção natural pelos valores espirituais de cada qual, que compreenderá a insânia que se permitiu, envidando esforços hercúleos para se recuperarem.

"Enquanto isso, os justos resplandecerão como o Sol, no reino do seu Pai, porque estarão em paz consigo mesmos, sintonizados com a imortalidade em triunfo, livres das paixões e vinculações com o crime, a hediondez, a sombra que antes neles predominavam."

Um silêncio, feito de unção de alegria e de paz, se abateu sobre a sala modesta onde Ele acabara de falar.

A sua voz permanecia fixada na memória deles para sempre, que se recordariam daquele momento de mágica poesia e grandiosa sinfonia para todos os dias do porvir.

As ansiedades da natureza no entardecer cediam lugar às primeiras manchas de sombras desenhando figuras estranhas no firmamento adornado de luz e calor.

A partir daquele momento as responsabilidades cresciam e delineavam com maior precisão os compromissos que firmariam com o suor do trabalho e sangue do sacrifício.

Já não eram menos, aqueles homens simples arrebanhados entre os pescadores, os de menos cultura, os cobradores de impostos, os exegetas, os indagadores. Eles eram uma síntese da humanidade, sem os vernizes sociais enganosos e alguns envolvidos pela ganga dura que ocultava o diamante precioso. 

O Amigo se encarregava de trabalhá-los a todos para as tarefas que teriam que executar até o fim dos milênios.

... Eram homens tocos e modestos, sem dúvida, no corpo, mas antes de tudo, Espíritos convidados para o grande banquete da Boa Nova, para o qual vieram...

_________

(*) Mateus 13 - 36 a 43.

Nota da autora espiritual 


Amélia Rodrigues por Divaldo P.Franco

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

O MUNDO NÃO O VÊ NEM O CONHECE "O Mestre afirmou aos apóstolos que eles conheciam o Espírito de Verdade, mas o mesmo não acontecia com o mundo. Este não o conhecia e nem o podia receber, porque não estava suficientemente preparado para isso.


“O Espírito de Verdade, que o mundo do não pode receber, porque não o vê, nem o conhece.” (João, 14: 17)

Afiançam os porta-vozes de algumas religiões que o Espírito de Verdade, ou o
Consolador, veio ao mundo no chamado dia de Pentecostes, e que, como decorrência, nada há mais a esperar.

Entretanto, se a evolução humana é tão vagarosa, não dá saltos e se processa harmoniosamente, por que razão em poucos meses teria operado transformação tão brusca? Na Terra ainda estavam os mesmos homens, dentre eles os acerbos inimigos do Cristo, os mesmos que o levaram ao cimo do Calvário.

O Mestre afirmou aos apóstolos que eles conheciam o Espírito de Verdade, mas o mesmo não acontecia com o mundo. Este não o conhecia e nem o podia receber, porque não estava suficientemente preparado para isso.

Alguns poderão redargüir, dizendo: o Espírito de Verdade veio somente aos apóstolos, no dia de Pentecostes. Isso também não tem lógica, pois a promessa feita por Jesus não abrangia somente os apóstolos, mas toda a Humanidade.

Os apóstolos de Jesus eram evoluídos espiritualmente, e, dada essa circunstância, antes de nascerem na Terra, teriam forçosamente de saber quem era o Espírito de Verdade.

A segunda revelação foi trazida à Terra por Jesus Cristo, dois mil anos após a primeira, trazida por Moisés. O Espírito de Verdade trouxe à Humanidade a Terceira Revelação, quase dois mil anos após o advento do Mestre Nazareno.

O Espírito de Verdade, ou o Consolador prometido por Jesus Cristo, veio ao mundo na segunda metade do século passado, quando foram lançadas as bases fundamentais do Espiritismo. É patente aos olhos de todos que a Humanidade não está suficientemente preparada para o receber, mas existe melhor adequação espiritual do que no tempo do advento da doutrina cristã.

As reformas que se concretizarão na Terra com o advento do Consolador, dentre outras, serão as seguintes:

— Implantação dos postulados da reencarnação e da multiplicidade dos mundos habitados;

— Demonstração da incoerência das doutrinas das penas eternas, do pecado original e da existência do inferno e do céu como lugares circunscritos de penalidades e de gozos;

— Comprovação da imortalidade da alma, da preexistência e persistência do Espírito e da sua evolução incessante rumo a Deus;

— Abolição de falsas teorias como as da Trindade, que nos apresenta um Deus trino; da crença num unigênito de Deus e outras doutrinas aberrantes.

Essas alterações far-se-ão com base nos próprios Evangelhos de Jesus. As maravilhosas parábolas ensinadas pelo Mestre, dentre elas a do Filho Pródigo, da Ovelha Perdida, encarregar-se-ão de destruir as teorias das penas eternas e do pecado original; o colóquio com Nicodemos e as palavras de Jesus alusivas a João Batista terão o mérito de destruir as teorias sobre a uni cidade das existências; as palavras do Senhor, sobre as muitas moradas da Casa do Pai, serão decisivas para a destruição da crença na existência de um só mundo habitado.

Destruindo as tendências humanas das encenações e da prática exterior do culto, combatidas pelo Cristo na passagem evangélica sobre a Mulher Samaritana, serão também decisivas para que o homem compreenda em toda a sua extensão a afirmação do Mestre, quando disse: “Deus é Espírito e deve em Espírito ser adorado, pelos verdadeiros adoradores”.

Já dizia o profeta Ezequiel: “Deus não quer a morte do ímpio, mas que ele se
redima e viva”. Conseqüentemente, o papel a ser desempenhado pelo Espírito de Verdade terá por finalidade básica situar a criatura em seu verdadeiro lugar, face ao Criador de todas as coisas.

Padrões Evangélicos-Paulo Alves de Godoy

domingo, 26 de setembro de 2021

O Semeador saiu a semear... sob a ótica de Amélia Rodrigues

SEMENTE DE LUZ E VIDA

(...) Assentado no barco , Jesus alongou os olhos pela planície dos corações e lembrou se da terra inculta . Tomado de imenso Amor pelos homens , depois de falar sobre muitas coisas, considerou:

Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho.

A luz derrama filões de ouro vivo no céu anilado
O ar transparente cicia aos ouvidos atenciosos da multidão.

(...) E vieram as aves, e comeram-na...

O Reino dos Céus é semelhante...
O homem bom semeou a boa semente na boa terra; enquanto dormia, um homem mal semeou joio na boa terra. E cresceram o trigo e joio. Ora, para salvar o grão sadio foi necessário arrancar o escalracho, erradicando naturalmente , muito trigo são. O joio , em molhos , foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.  

                                                                    * * *

O grão de mostarda é o menor de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam, procurando agasalho nos seus ramos...

                                                                    * * *

O fermento insignificante leveda a massa toda.

                                                                   * * *

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso , que quando possuía vendeu para tê-lo seu.
Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor e de tudo se desfez para consegui-la...

                                                                   * * *

Uma rede lançada ao mar reuniu muitos peixes, bons e maus, que foram separados pelo pescador. Assim , mais tarde, serão separados os homens que se candidatam ao Reino dos Céus...

                                                                   * * * 

Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante . Vindo o Sol , queimou-se, e secou-s, porque não tinha raiz...
As coisas ocultas, Ele as desvela em parábolas.
Era uma vez...
Um homem , pai de família, preparou a terra,planou-a , circundando-a de um valado(vala rasa guarnecida de tapume...que cerca uma propriedade rural) , e construiu nela um lagar , edificou uma torre e arrendou-a a trabalhadores. À época dos frutos mandou buscar a parte que lhe pertencia. Os posseiros da terra mataram os primeiros servos , os que vieram depois , e mesmo o Filho do Homem , os criminosos o mataram. Quando, porém, o dono veio...
                                                                 * * *

O pai disse ao filho: Vem trabalhar em minha vinha.
-Não quero !-mas, arrependendo-se , foi. Chamado o segundo filho , este respondeu:
-Vou!- Mas não lhe dou importância...

                                                                 * * *

O rei, chegando a ocasião das bodas do filho, mandou os servos convidarem amigos.Os amigos ,porém, não quiseram ir. Novos áulicos saíram a repetir o convite, narrando a excelência do banquete que os aguardava , mas eles não desejaram respeita-lo. Revoltados com a insistência do rei , mataram os servos. O rei, sabendo da ingratidão dos convidados, ordenou ao seu exército que fosse exterminar os homicidas...
                                                                * * *
Dez eram ao todo.
Cinco eram noivas loucas.Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Puseram-se a dormir.Ao chegarem os noivos...
Eram cinco noivas, virgens e loucas...
                                                        
                                                                * * *

-Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiaste.
-Mau servo!Tome quanto tem deem-no a quem já o tem.

                                                               * * *
As melodias cantam no ar leve e transparente.
(...)outra caiu entre os espinhos e os espinhos cresceram e sufocaram-na...
Quem poe uma candeia acesa sob o alqueire ou escondida?

                                                               * * *
Uma figueira brava à borda do caminho foi solicitada à doação de frutos;como não fosse ocasião própria de produzi-los, foi considerada inditosa, digna de ser arrancada e lançada ao fogo até converter-se em cinza...

                                                                * * *
Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei: "Aquele que usou de misericórdia com ele."
Vai e faze o mesmo. Esse é o teu próximo...

                                                                * * *

Amigo, empresta-me três pães.
- Não me importunes. 
Levantar-se-á esse amigo para livrar-se do importuno.

                                                               * * *
Oh! Dize a meu irmão que reparta os seus bens comigo. 
-Quem me pôs a mim por juiz ou repartidor de bens?

                                                               * * *

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenhas sido mandado pelo teu anfitrião...

                                                              * * *

(...)e outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem , outra a sessenta e outro a trinta...
Hipérbatos , sínquises e hipérboles veste as abstrações; e, como poemetos, são excertos de vida as canções do Reino de Deus.
Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores, e como ambos não lhe pudessem pagar...
Bem-aventurados aqueles servos,os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!...

                                                                    * * *

"Qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim...
"-Pai , pequei contra o céu e perante a ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze me como um dos teus jornaleiros.
" Trazei o melhor vestido e vesti-lo , pondo lhe um anel na mão , alparcas nos pés. Este meu filho estava morto e vive; tinha se perdido , e foi achado..."
   
                                                                    * * *

E o fariseu dizia : eu pago o tributo , sou justo, cumpro com os deveres que a Lei prescreve...Mas aquele que ali está...
No entanto, o Senhor lhe disse...
                                                                   * * *

Louvou o amo aquele mordomo injusto por haver procedido prudentemente ,porque os filhos desse mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz...
Granjeai amigos... Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito...
                                                           
                                                                  * * *

E a viúva dizia : faze-me justiça contra o meu adversário...
Far-lhe-ei justiça, disse o juiz, para que ela não volte a importunar-me...

                                                                 * * *

"Deu-lhe dez minas..."
"Havia um homem rico, a quem , depois de morto, Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

                                                                 * * *

E Ele falava por parábolas.
Parábolas , "alegorias que escondem verdades".
Revestidos da pureza das pombas e da vivacidade das serpentes os discípulos da verdade chegam à vida.
"Se a vossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
O semeador saiu a semear...
Parábolas, verdades nas alegorias. 

                                                                 * * *
                                                           
Os grãos se transformam em grãos e a messe(conquista) afortunada é ouro em pendões de vida.
Simples e desataviadas(que não é rebuscado) , suas palavras são palavras do povo. Ninguém , no entanto, as coordenava como Ele as enunciava.
Havia realmente "algo"n´Ele, na sua forma de dizer.
"Ninguém fala como Ele fala" - murmuravam até mesmo os que , conspirando , procuravam motivo de traí-LO.
"Fala com autoridade" - reconheciam todos.

                                                                 * * *

A semente é luz e vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

                                                                 * * *

O Bom Pastor dá Vida pelas suas ovelhas.
Entretanto pela porta estreita, a que se caracteriza pelas dificuldades, o acesso ao reino da Ventura plena se faz triunfal.
Vigiando à porta da entrada, pode o morador defender a casa do assalto dos bandidos que espreitam e se vestem de sombras para agressão nas sombras.
Os escolhidos são os grãos felizes que se multiplicam em mil sementes compensando a sementeira toda.

                                                              * * *

A charneca das paixões é planície de esperança sob ação da semente.
Na imensa várzea , porém , o dia a dia das criaturas se transforma em lutas por nada.
O solo a arrotear , imenso, quase ao abandono...
" O semeador saiu a semear."

                                                            * * *

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

                                                            * * *

Já não é dia.
O negro tule(seda muito fina) da noite corisca nos engastes alvinitentes(branca brilhante) dos astros, e o vento canta uma onomatopéia em litania(ladainha) ininterrupta.
O Semeador repousa.
" O Reino dos Céus está dentro de vós..."
"Vos sois deuses..."
"Buscai primeiro o Reino..."
"Quando eu for erguido atrairei todos a mim."                                     

                                                            * * *

A madrugada da Era Nova raia.
O semeador foi erguido...numa cruz.
Rasgados , os braços atraem, o coração aguarda.
Caminho para a Vida- o semeador.
Caminho até a porta- o semeador
A cruz das renúncias e sacrifícios como uma áspera charrua na gleba do espírito -ponte entre os abismos : o "eu" propínquo( vizinho, próximo) e "ele" próximo - longínquo.
A charneca (terreno arenoso...,com vegetação rasteira) reflete a estrela.
A estrela desce ao charco , fica presa à água que a retém e repousa na montanha altaneira.

                                                          * * *
O semeador espera...
"Ele saiu a ensinar por parábolas."
" E outras caíram em terra fértil e produziram."
A semente é a Palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é Vida.
O semeador saiu a semear...


Fonte: Primícias do Reino. Divaldo Franco, pelo Espírito Amélia Rodrigues.
12ed. 2015.Editora Leal

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

QUE É A VERDADE? "Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz."



''Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade ?" (João, 18:38)


Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: "Logo tu és rei?", indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".


Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: "Que coisa é a Verdade?".


Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.


A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.


Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz.


Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante do Império não podia aceitar como expressão da verdade os seguintes ensinamentos ministrados pelos escribas:


- Teria o mundo sido criado em seis dias?


- Teriam Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?


- Teria realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um morticínio?


- Como poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o "não matarás", e ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?


- Se Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como poderia ele constituir família e ter descendentes?


- Teria realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?


- Poderia a mulher de Lot transformar-se numa estátua de sal?


Com que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como alimentá-los durante quarenta dias?


Desconhecendo Pilatos a interpretação dessas narrativas o bafejo do Espírito, é evidente que não podia também aceitar como verdadeiras .


De forma idêntica, não podia o Procônsul entender como poderia ser "eleita" de Deus uma casta sacerdotal eivada de sentimentos felinos e de interesses profundamente político mundanos.


Como conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade?


O Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os sistemas e métodos alicerçados sobre a mentira, Tudo aquilo que não for representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.

Não tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade, o Espiritismo vem agora, na hora propícia, quando os tempos são chegados, fazer com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e o ódio.


O Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.


Paulo A. Godoy

domingo, 12 de setembro de 2021

DOZE LEGIÕES DE ANJOS

DOZE LEGIÕES DE ANJOS
"Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de Anjos?"(Mateus, 26:53)


A despeito de ter afirmado que, para evitar a sua prisão e condenação, Ele poderia apelar para Deus e viriam mais de doze legiões de Anjos, a fim de evitar a consumação daquele ato, Jesus não esboçou nenhum gesto de repulsa à sua prisão.

A única reação que houve, segundo o evangelista Mateus (26:51), partiu de um dos apóstolos que, "fazendo uso de uma espada, cortou a orelha de um dos soldados".

É conveniente aqui assumir que a convocação de "doze legiões de Anjos" tem um sentido simbólico, significando que sendo o Ungido de Deus, Jesus era portador de "todo o poder na Terra e no Céu", consoante o que Ele próprio afirmou em Mateus (28:18), o que implica em dizer que poderia, simplesmente pela vontade, fazer com que os acontecimentos tomassem outro rumo, evitando, assim, a sua prisão, flagelação e crucificação, sem que necessitasse da assistência direta ou indireta de legiões de Anjos, o que representaria um acontecimento inusitado e de cunho verdadeiramente miraculoso.

A passagem evangélica em foco enseja-nos vários ensinamentos. O mais importante deles é a demonstração do ato de desprendimento de Jesus que, reconhecendo que havia chegado a sua hora, e a sua prisão e martírio eram importantes para a consagração do seu Messiado na Terra, se conformou com a vontade de Deus, submetendo-se à injusta prisão sem revolta e sem revide. Realmente, se não acontecesse o martírio do Calvário, a missão de Jesus não teria alcançado a penetração que teve, a ponto de, em apenas três séculos, ter causado a derrocada do Paganismo, religião prevalecente no meio do mais opulento e poderoso Império do mundo de então - o Império Romano.

Outro importante ensinamento foi o episódio, quando Cristo, dirigindo-se ao apóstolo Simão, lhe disse: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido", Lei de Causa e Efeito, ou de Ação e Reação, lei essa amplamente difundida pelo Espiritismo, como aquela que melhor conduz o homem para Deus, sem a fórmula da "salvação pela graça" tão decantada por algumas religiões e que elas outorgam àqueles que são bons legalistas e seguem os seus princípios dogmáticos sem hesitação, e sem uma análise à luz da razão.

Se todos os homens e mulheres tivessem consciência de que o destino da criatura humana é regido pela Lei de Causa e Efeito, não haveria na Terra tantos assassinatos, estupros, sequestros, roubos e outros desregramentos, pois que tudo o que se pratica, de bem ou de mal tem a sua ressonância nas vidas futuras, reclamando uma recompensa ou penoso resgate, o ser humano mediria melhor os seus atos e procuraria praticar somente o Bem, a fim de fazer jus às recompensas futuras prometidas por Sermão da Montanha.

"Quem com ferro fere, com ferro será ferido", não significa que, aquele que faz uso de uma arma para ferir ou matar o seu próximo, será ferido com o mesmo perecerá da mesma forma. O ladrão que espolia o seu semelhante, tornando-se o proprietário legitimo de determinados bens na vida futura estará sujeito a perder grande parte dos seus bens, restituindo, muitas vezes, ao seu legítimo dono ou a qualquer outro, tudo o que havia extorquido na vida precedente.

O assassino ou estuprador da vida atual, poderá, na vida subsequente, ser também assassinado ou estuprado, da mesma maneira como o fez na vida anterior, ou então ser vítima de um mal doloroso e incurável. Aquele que sequestra alguém, fazendo derramar lágrimas e semeando a dor e a desolação, infalivelmente se defrontará com problemas da mesma natureza no porvir, quando tiver nascido de novo. O suicida experimentará verdadeiras tormentas e poderá nascer em outras vidas, com profundas deficiências nos órgãos mutilados no processo de suicídio.

E a Lei inexorável da Ação e Reação, a qual se aplica ao indivíduo, e, para evitar que esta Lei se cumpra, não existem fórmulas mágicas, miraculosas, nem as absolvições ministradas pelas religiões da Terra. Somente há uma fórmula para eliminar ou suavizar as duras consequências dos resgates e expiações dolorosas: é a preceituada pelo apóstolo: "O amor cobre a multidão de pecados." A prática intensiva do amor apaga muitos débitos no quadro da Justiça Divina, minorando, sensivelmente, as dores que seriam reservadas ao Espírito transgressor.

Assim como não poderiam descer do Céu, "doze legiões de Anjos", para propugnar pela libertação de Jesus, também o ser humano não se livrará da Lei de Ação e Reação, pois esta guarda íntima relação com as leis de Deus, porquanto o Pai deseja, ardentemente, que seus filhos sejam bons e puros, e somente os ligeiros corretivos, aplicados aos transgressores de suas leis, farão com que eles se depurem das imperfeições e se aproximem cada vez mais Dele.

O drama tenebroso do Calvário era um imperativo, por isso, Jesus deixou bem evidenciado, nas páginas dos Evangelhos, que "era chegada a sua hora", que "para isso ele havia descido à Terra". No Horto das Oliveiras, chegou mesmo a fazer ardente prece a Deus, pedindo ao Pai que "se fosse possível passasse dele aquele cálice de amargura".

Em sua prece o Mestre disse: "Pai, seja feita a tua e não a minha vontade". Consequentemente, a vontade de Deus foi cumprida, numa viva demonstração do amor incomensurável do Criador pelas suas criaturas, pois estas necessitavam de um mártir para iluminar as suas veredas.

Logicamente, a vinda das "doze legiões de Anjos" era mero simbolismo, para demonstrar que tudo o que Jesus fazia tinha o beneplácito de Deus, e o Mestre tinha todo o poder "na Terra e no Céu", até mesmo para atrair em seu favor as potestades do Mundo Maior.


Das trevas terríficas do Calvário, brilhou uma luz que passou a iluminar os horizontes sombrios do mundo, encaminhando para um porvir glorioso a Humanidade daquela época e de todo o sempre.

Paulo A. Godoy

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

AUTOCRÍTICA " Esse trabalho analítico de dentro e para dentro nasce da humildade e da intenção de acertar com o bem, demonstrando para nós próprios o exato valor de nossas possibilidades em qualquer manifestação[...]Espelho da consciência — reflete a fisionomia da alma.

 Autocrítica



O Evangelho segundo o Espiritismo — Cap. XVII — Item 3



O milagre é invenção da gramática para efeito linguístico, pois na realidade somos arquitetos do próprio destino.


Se algum erro de cálculo existe na construção de nossas existências, o culpado somos nós mesmos.


Todos caminhamos suscetíveis de errar, todos já erramos bastante e todos ainda erraremos necessariamente para aprender a acertar; contudo, nenhum de nós deve persistir no erro, porquanto incorreríamos na abolição do raciocínio que nos constitui a maior conquista espiritual.


No reconhecimento da falibilidade que nos caracteriza, se não é lícito reprovar a ninguém, não será justo cultivar a indulgência para conosco; e se nos cabe perdoar incondicionalmente aos outros, não se deve adiar a severidade para com as próprias faltas.


Portanto, para acertar, não devemos fugir ao “conhece-te a ti mesmo”, que principia na intimidade da alma, com o esforço da vigilância interior.


Esse trabalho analítico de dentro e para dentro nasce da humildade e da intenção de acertar com o bem, demonstrando para nós próprios o exato valor de nossas possibilidades em qualquer manifestação.


Autocrítica sim e sempre…


Podão da sensatez — apara os supérfluos da fantasia.


Balança do comportamento — sopesa todos os nossos atos.


Lima da verdade — dissipa a ilusão.


Metro moral — define o tamanho de nosso discernimento.


Espelho da consciência — reflete a fisionomia da alma.


Em todas as expressões pessoais, é possível errarmos para mais ou para menos.


Quem não avança na estrada do equilíbrio que somente a autocrítica delimita com segurança, resvala facilmente na impropriedade ou no excesso, perdendo a linha das proporções.


Com a autocrítica, lisonja e censura, elogio e sarcasmo deixam de ser perigos destruidores, de vez que a mente provida de semelhante luz, acolhe-se ao bom senso e à conformidade, evitando a audácia exagerada de quem tenta galgar as nuvens sem asas e o receio enfermiço de quem não dá um passo, temendo anular-se, ao mesmo tempo que amplia as correntes de cooperação e simpatia, em derredor de si mesma, por usar os recursos de que dispõe na medida certa do bem, sob a qual, a compaixão não piora o necessitado e a caridade não humilha quem sofre.


Sê fiscal de ti mesmo para que não te levantes por verdugo dos outros e, reparando os próprios atos, vive hoje a posição do juiz de ti próprio, a fim de que amanhã, não amargues a tortura do réu.



André Luiz

segunda-feira, 26 de julho de 2021

LEIS MUTÁVEIS E LEIS IMUTÁVEIS:"Sempre houve nítida confusão entre as leis trazidas por Moisés e a revelação da Verdade consumada, através do advento de Jesus Cristo."Porque a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." - (João, 1:17)"

 


Sempre houve nítida confusão entre as leis trazidas por Moisés e a revelação da Verdade consumada, através do advento de Jesus Cristo.
"Porque a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." - (João, 1:17)


Muitas religiões, talvez no intuito de procurar servir melhor os seus interesses, fundiram tudo num só amálgama, de onde surgiram todos os problemas de intolerância, perseguição, torturas e mortes, ocorridas no decorrer dos tempos, principalmente na Idade Média.

Há necessidade, entretanto, de estabelecer uma linha divisória entre uma e outra, pois as leis legisladas por Moisés, abstração feita do Decálogo (os Dez Mandamentos), recebido, mediunicamente, no Monte Sinai, foram quase todas de caráter transitório, ao passo que as verdades reveladas por Jesus Cristo são imutáveis.

Há, portanto, um conflito entre o que é mutável, que deve variar com a evolução, e o que é eterno, que jamais pode sofrer alteração, porque já é perfeito.

O próprio Mestre defrontou-se com problemas terríveis, quando de sua peregrinação terrena, pelo fato de os seus contemporâneos, em sua maioria, terem dado foros de leis de origem divina e imutável a todas as leis estabelecidas por Moisés.

Enquanto Moisés ordenava que as mulheres apanhadas em flagrante adultério fossem mortas a pedrada, Jesus Cristo dava proteção a uma mulher adúltera, fazendo com que os seus acusadores se afastassem, enquanto proferia a célebre frase: jogue a primeira pedra quem se julgar sem pecados.

Se Moisés proibiu a invocação dos chamados mortos, devido às deturpações existentes na época, quando essa invocação, em parte, era feita para fins ilícitos, Jesus Cristo promoveu uma autêntica sessão espírita, confabulando com os Espíritos do próprio Moisés e de Elias, no Monte Tabor. Além disso, o Mestre jamais lançou qualquer empecilho ao intercâmbio entre os Espíritos encarnados e desencarnados.

No Antigo Testamento, Moisés prescreveu a incrível lei do olho por olho, dente por dente. Entretanto, no Novo Testamento, Jesus Cristo impôs princípios que derrogam essa lei, estabelecendo que devemos perdoar aos nossos inimigos, não apenas uma vez, mas setenta vezes sete vezes.

De forma idêntica, no Antigo Testamento há uma prescrição sobre o apedrejamento de filhos rebeldes, contumazes, prescrição essa que foi invalidada por Jesus, quando recomendou a necessidade da tolerância, da complacência.

A crença de que as leis transitórias, estabelecidas por Moisés, deveriam ter caráter eterno, representou tremendo óbice ao desempenho da missão transcendental de Jesus Cristo. Os ferrenhos inimigos do Mestre, dentre eles os escribas, os fariseus e os principais dos sacerdotes, proclamavam que Jesus estava subvertendo as leis de Moisés, tendo isso sido um dos argumentos mais usados nas acusações que lhe foram feitas, e motivaram a sua condenação.

Os inimigos do Mestre viviam de espreita, formulando indagações capciosas sobre vários aspectos daquelas leis, até sobre o trabalho aos sábados, a lavagem das mãos, o pagamento de tributo aos povos estrangeiros, perguntas essas que não foram respondidas de modo direto por Jesus, uma vez que Ele via os pensamentos mais íntimos daqueles que as formulavam, cujo escopo maior era poder acusá-lo perante as autoridades políticas (os romanos) e as autoridades religiosas (os membros do Sinédrio).

Paulo A. Godoy

sexta-feira, 16 de julho de 2021

OS MAGOS DO ORIENTE:"Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.[...]Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões"

 CAPÍTULO II

OS MAGOS DO ORIENTE


1 - Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém.


2 - Dizendo: Onde está o rei dos judeus, que é nascido? Porque nós vimos no Oriente a sua estrela e viemos a adorá-lo.


3 - E o rei Herodes ouvindo isto se turbou e toda Jerusalém com ele.


4 - E convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, lhes perguntava onde havia de nascer o Cristo.


5 - E eles lhe disseram: Em Belém de Judá; porque assim está escrito pelo profeta:


6 - E tu Belém, terra de Judá, não és a de menos consideração entre as principais de Judá; porque de ti sairá o condutor, que há de comandar o meu povo de Israel.


7 - E então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com todo o cuidado que tempo havia que lhes aparecera a estrela.


8- E enviando-os a Belém, dísse-lhes: Ide e informai-vos bem que menino é esse; e depois que o houverdes achado vinde-me dizer, para eu ir também adorá-lo.


9 - Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e logo a estrela, que tinham visto no Oriente, lhes apareceu, indo adiante deles, até que chegando, parou onde estava o menino.


10 - E quando eles viram a estrela, foi sobremaneira grande o júbilo que sentiram.


11 - E entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram; e abrindo os seus cofres lhe fizeram suas ofertas de ouro, incenso e mirra.


12 - E havida resposta em sonhos, que não tornassem a Herodes, voltaram por outro caminho a suas terras.


Segundo nos informa Emmanuel em seu livro, "A Caminho da Luz", as raças adâmicas guardaram a lembrança das promessas do Cristo que, por sua vez, a fortaleceu enviando-lhes periodicamente seus missionários. Os enviados do Infinito falaram na China milenária, da celeste figura do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito o esperavam. Na Pérsia, idealizaram sua trajetória, antevendo-lhe os passos no caminho do porvir. Na lndia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros iluminaria na escabrosa Palestina. (Vide Emmanuel, "A Caminho da Luz", págs. 30 e 31, edição de 1941 ).


Os magos eram sacerdotes. Na antiga Pérsia formavam uma corporação que se ocupava do culto religioso e do cultivo da ciência, principalmente da astronomia. O verdadeiro significado da palavra mago é sábio. Eram respeitadíssimos pelo povo e dividiam-se em várias classes, cada uma das quais tinha privilégios e deveres distintos. Levavam uma vida austera, vestiam-se com extrema simplicidade e não comiam carne. É fora de dúvida que terão tomado conhecimento das profecias referentes à vinda do Messias, por meio dos israelitas, quando estes estiveram cativos na Babilônia. Estas profecias, guardadas carinhosamente no recesso dos templos, só eram reveladas aos iniciados nas coisas espirituais. Estudiosos da espiritualidade que eram, não lhes foi difícil compreender o verdadeiro caráter de Jesus e da missão que vinha desempenhar entre os homens, motivo pelo qual o esperavam através das gerações. Cultores da mediunidade que para eles não tinha segredos, são avisados pelos seus mentores espirituais, logo que Jesus se encarna. E comparando o aviso recebido com as profecias que possuíam, não duvidaram em ir prestar suas homenagens ao Messias, há tanto tempo esperado e desejado. A estrela que os guiava era um espírito que se lhes apresentava em forma luminosa.


Qual o objetivo que visavam os mentores espirituais, favorecendo a adoração dos magos?


O objetivo era chamar a atenção do povo hebreu de que o Messias prometido já se tinha encarnado.


Realmente, os magos despertaram a curiosidade do povo de Jerusalém, tanto que Herodes os chamou e os inquiriu sobre os motivos que os tinham trazido à cidade. Certos de que o povo escolhido também sabia da chegada do Cristo, candidamente respondiam que o tinham vindo adorar.


De nada valeu o aviso. Israel não soube perceber o advento do Salvador.


A FUGIDA PARA O EGITO; A MATANÇA DOS INOCENTES


13 - Partidos que eles foram, eis que apareceu um anjo do Senhor em sonhos a José e lhe disse: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e foge para o Egito e fica-te lá até que eu te avise. Porque Herodes tem de buscar o menino para o matar.


14 - E José, levantando-se, tomou de noite o menino e sua mãe e retirou-se para o Egito.


15 - E ali esteve até a morte de Herodes; para se cumprir o que proferira o Senhor pelo profeta que diz: Do Egito chamei a meu filho.


16 - Herodes então, vendo que tinha sido iludido pelos magos, ficou muito irado por isso e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todo o seu termo, que tivessem dois anos e daí para baixo, regulando-se nisto pelo tempo que tinha exatamente averiguado dos magos,


17 - Então se cumpriu o que estava anunciado pelo profeta Jeremias, que diz:


18 - Em Ramá se ouviu um clamor, um choro e um grande lamento; vinha a ser Raquel chorando a seus filhos, sem admitir consolação pela falta deles.


Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.


E deliberaram destruí-la.


A Providência Divina, porém, fez com que o Messias fosse colocado em lugar seguro, enquanto se manifestava o temporário poder das trevas.


Obediente às intuições superiores que recebiam, os magos voltam a seus países, sem se avistarem de novo com os perseguidores do menino.


É decretada a matança dos inocentes. As crianças atingidas por este violento desencarne, eram espíritos em expiação.


Em encarnações passadas muito tinham errado, tornando-se, desse modo, merecedores do castigo pelo qual passaram.


Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões: A primeira, quando Jesus nasceu. A segunda, quando Jesus foi crucificado. A terceira, quando os Apóstolos se espalharam pelo mundo, levando o Evangelho a todos os povos; então assistimos às perseguições dos cristãos. E a quarta é de nossos dias, quando, com o advento do Espiritismo, o Consolador que viria explicar o que Jesus deixou para mais tarde e reviver-Ihe os preceitos, seus adeptos foram ridicularizados.


A VOLTA DO EGITO


19 - E sendo morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José no Egito.


20 - Dizendo: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque são mortos os que buscavam o menino para o matar.


21 - José, levantando-se, tomou o menino e sua mãe e veio para a terra de Israel.


22 - Mas ouvindo que Arquelao reinava na Judéía em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e avisado em sonhos se retirou para as partes da Galiléía.


23 - E veio morar numa cidade que se chama Nazaré; para se cumprir o que fora dito pelos profetas: Que será chamado Nazareno.


Em preservar a vida do menino, defendendo-o de seus perseguidores, devemos admirar a obediência de José, esposo de Maria e pai de Jesus.


Obedecendo às intuições de seus guias espirituais e ao seu anjo da guarda, José rendeu um preito de adoração e de veneração a Deus, nosso Pai.


Se José não tivesse obedecido às inspirações superiores, teria falhado na missão que lhe fora conferida de velar pela infância de Jesus.


Observemos aqui a ação maravilhosa da mediunidade. Os magos, José e Maria, receberam as ordens dos planos superiores por meio da mediunidade que possuíam. Por aí vemos que todo médium que trata amorosamente de sua mediunidade e sabe obedecer às inspirações de seus superiores espirituais, tem, na própria mediunidade, um arrimo seguro para triunfar de suas provas e de suas expiações na Terra.


Eliseu Rigonatti


Livro: O Evangelho dos Humildes