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sexta-feira, 16 de julho de 2021

OS MAGOS DO ORIENTE:"Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.[...]Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões"

 CAPÍTULO II

OS MAGOS DO ORIENTE


1 - Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém.


2 - Dizendo: Onde está o rei dos judeus, que é nascido? Porque nós vimos no Oriente a sua estrela e viemos a adorá-lo.


3 - E o rei Herodes ouvindo isto se turbou e toda Jerusalém com ele.


4 - E convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, lhes perguntava onde havia de nascer o Cristo.


5 - E eles lhe disseram: Em Belém de Judá; porque assim está escrito pelo profeta:


6 - E tu Belém, terra de Judá, não és a de menos consideração entre as principais de Judá; porque de ti sairá o condutor, que há de comandar o meu povo de Israel.


7 - E então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com todo o cuidado que tempo havia que lhes aparecera a estrela.


8- E enviando-os a Belém, dísse-lhes: Ide e informai-vos bem que menino é esse; e depois que o houverdes achado vinde-me dizer, para eu ir também adorá-lo.


9 - Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e logo a estrela, que tinham visto no Oriente, lhes apareceu, indo adiante deles, até que chegando, parou onde estava o menino.


10 - E quando eles viram a estrela, foi sobremaneira grande o júbilo que sentiram.


11 - E entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram; e abrindo os seus cofres lhe fizeram suas ofertas de ouro, incenso e mirra.


12 - E havida resposta em sonhos, que não tornassem a Herodes, voltaram por outro caminho a suas terras.


Segundo nos informa Emmanuel em seu livro, "A Caminho da Luz", as raças adâmicas guardaram a lembrança das promessas do Cristo que, por sua vez, a fortaleceu enviando-lhes periodicamente seus missionários. Os enviados do Infinito falaram na China milenária, da celeste figura do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito o esperavam. Na Pérsia, idealizaram sua trajetória, antevendo-lhe os passos no caminho do porvir. Na lndia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros iluminaria na escabrosa Palestina. (Vide Emmanuel, "A Caminho da Luz", págs. 30 e 31, edição de 1941 ).


Os magos eram sacerdotes. Na antiga Pérsia formavam uma corporação que se ocupava do culto religioso e do cultivo da ciência, principalmente da astronomia. O verdadeiro significado da palavra mago é sábio. Eram respeitadíssimos pelo povo e dividiam-se em várias classes, cada uma das quais tinha privilégios e deveres distintos. Levavam uma vida austera, vestiam-se com extrema simplicidade e não comiam carne. É fora de dúvida que terão tomado conhecimento das profecias referentes à vinda do Messias, por meio dos israelitas, quando estes estiveram cativos na Babilônia. Estas profecias, guardadas carinhosamente no recesso dos templos, só eram reveladas aos iniciados nas coisas espirituais. Estudiosos da espiritualidade que eram, não lhes foi difícil compreender o verdadeiro caráter de Jesus e da missão que vinha desempenhar entre os homens, motivo pelo qual o esperavam através das gerações. Cultores da mediunidade que para eles não tinha segredos, são avisados pelos seus mentores espirituais, logo que Jesus se encarna. E comparando o aviso recebido com as profecias que possuíam, não duvidaram em ir prestar suas homenagens ao Messias, há tanto tempo esperado e desejado. A estrela que os guiava era um espírito que se lhes apresentava em forma luminosa.


Qual o objetivo que visavam os mentores espirituais, favorecendo a adoração dos magos?


O objetivo era chamar a atenção do povo hebreu de que o Messias prometido já se tinha encarnado.


Realmente, os magos despertaram a curiosidade do povo de Jerusalém, tanto que Herodes os chamou e os inquiriu sobre os motivos que os tinham trazido à cidade. Certos de que o povo escolhido também sabia da chegada do Cristo, candidamente respondiam que o tinham vindo adorar.


De nada valeu o aviso. Israel não soube perceber o advento do Salvador.


A FUGIDA PARA O EGITO; A MATANÇA DOS INOCENTES


13 - Partidos que eles foram, eis que apareceu um anjo do Senhor em sonhos a José e lhe disse: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e foge para o Egito e fica-te lá até que eu te avise. Porque Herodes tem de buscar o menino para o matar.


14 - E José, levantando-se, tomou de noite o menino e sua mãe e retirou-se para o Egito.


15 - E ali esteve até a morte de Herodes; para se cumprir o que proferira o Senhor pelo profeta que diz: Do Egito chamei a meu filho.


16 - Herodes então, vendo que tinha sido iludido pelos magos, ficou muito irado por isso e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todo o seu termo, que tivessem dois anos e daí para baixo, regulando-se nisto pelo tempo que tinha exatamente averiguado dos magos,


17 - Então se cumpriu o que estava anunciado pelo profeta Jeremias, que diz:


18 - Em Ramá se ouviu um clamor, um choro e um grande lamento; vinha a ser Raquel chorando a seus filhos, sem admitir consolação pela falta deles.


Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.


E deliberaram destruí-la.


A Providência Divina, porém, fez com que o Messias fosse colocado em lugar seguro, enquanto se manifestava o temporário poder das trevas.


Obediente às intuições superiores que recebiam, os magos voltam a seus países, sem se avistarem de novo com os perseguidores do menino.


É decretada a matança dos inocentes. As crianças atingidas por este violento desencarne, eram espíritos em expiação.


Em encarnações passadas muito tinham errado, tornando-se, desse modo, merecedores do castigo pelo qual passaram.


Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões: A primeira, quando Jesus nasceu. A segunda, quando Jesus foi crucificado. A terceira, quando os Apóstolos se espalharam pelo mundo, levando o Evangelho a todos os povos; então assistimos às perseguições dos cristãos. E a quarta é de nossos dias, quando, com o advento do Espiritismo, o Consolador que viria explicar o que Jesus deixou para mais tarde e reviver-Ihe os preceitos, seus adeptos foram ridicularizados.


A VOLTA DO EGITO


19 - E sendo morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José no Egito.


20 - Dizendo: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque são mortos os que buscavam o menino para o matar.


21 - José, levantando-se, tomou o menino e sua mãe e veio para a terra de Israel.


22 - Mas ouvindo que Arquelao reinava na Judéía em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e avisado em sonhos se retirou para as partes da Galiléía.


23 - E veio morar numa cidade que se chama Nazaré; para se cumprir o que fora dito pelos profetas: Que será chamado Nazareno.


Em preservar a vida do menino, defendendo-o de seus perseguidores, devemos admirar a obediência de José, esposo de Maria e pai de Jesus.


Obedecendo às intuições de seus guias espirituais e ao seu anjo da guarda, José rendeu um preito de adoração e de veneração a Deus, nosso Pai.


Se José não tivesse obedecido às inspirações superiores, teria falhado na missão que lhe fora conferida de velar pela infância de Jesus.


Observemos aqui a ação maravilhosa da mediunidade. Os magos, José e Maria, receberam as ordens dos planos superiores por meio da mediunidade que possuíam. Por aí vemos que todo médium que trata amorosamente de sua mediunidade e sabe obedecer às inspirações de seus superiores espirituais, tem, na própria mediunidade, um arrimo seguro para triunfar de suas provas e de suas expiações na Terra.


Eliseu Rigonatti


Livro: O Evangelho dos Humildes

terça-feira, 7 de maio de 2013

O LEPROSO PURIFICADO

CAPÍTULO VIII
O LEPROSO PURIFICADO

O LEPROSO PURIFICADO
1 - E depois que Jesus desceu do monte foi muita a gente do povo que o seguiu.
2 - E eis que vindo um leproso o adorava, dizendo: Se tu queres, Senhor, bem me podes limpar.
3 - E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Pois eu quero. Fica limpo. E logo ficou limpa toda a sua lepra.
4 - Então lhe disse Jesus: Vê, não o digas a alguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta que ordenou Moisés, para lhes servir de testemunho a eles.
Fascinados pela amorosa mensagem de Jesus, muita gente o seguia. Todavia, cumpre dividir em duas classes os que seguem Jesus: a uma classe pertencem os que o seguem com os lábios, sem jamais o sentirem no coração; estes falam, mas não praticam. A outra classe é constituída pelos que seguem Jesus, esforçando-se o mais possível para viverem segundo os ensinamentos dele.
Dada a extraordinária elevação moral de Jesus e ao seu perfeito conhecimento das leis divinas, fácil lhe era movimentar poderosos recursos fluídicos, com os quais efetuava as curas. É de se notar, contudo, que o paciente devia estar em posição de receber a cura que implorava. Uma das condições que melhor predispunha o doente a merecer a cura que tanto ambicionava, era alimentar uma fé viva, que pudesse atrair o fluxo magnético que Jesus irradiava.
Aqui vemos o leproso criar a condição favorável, pois diz ao Mestre: - "Se tu queres, bem me podes curar."
É como se ele afirmasse a Jesus: "A minha fé em tua ação é muito grande; o resto depende de tua vontade, Senhor."
E Jesus, notando que o leproso estava suficientemente preparado pela fé, respondeu-lhe: "Quero." Isto é: "Agora que estás regenerado, eu posso curar-te."
A lepra pertence à categoria das moléstias expiatórias. É um dos mais dolorosos, porém, dos mais enérgicos remédios para livrar a alma de pesados débitos contraídos em existências passadas. No tribunal da justiça divina, o castigo é sempre proporcional à falta cometida. Por isso, os que são tocados por tão terrível enfermidade, é porque têm grandes contas a liquidar. Em primeiro lugar deverão dar graças ao Pai pela sublime oportunidade de resgate, que sua misericórdia lhes proporciona; depois, encherem-se de fé, paciência, coragem e resignação. Quando a vontade de Deus os chamar novamente para o mundo espiritual, deixarão na terra o miserável corpo que lhes servia de cárcere e de tormentos; e seus espíritos, purificados das manchas dos crimes das encarnações anteriores, resplandecerão luminosos e felizes.
Jesus, ao curar o leproso, não contrariou as leis divinas.
As leis de Deus são imutáveis. Aconteceu que o leproso, pela sua resignação à Vontade Divina, tinha expiado suficientemente seus erros, purificando-se espiritualmente. E Jesus, vendo a fé de que o leproso estava possuído, fez com que a cura de seu espírito se refletisse em seu corpo físico.
Neste trecho aprendemos também que as expiações, isto é, os castigos não são eternos. Não há castigos eternos. O fim de uma expiação depende unicamente da força de vontade de cada um. Conformar-se com a situação em que se acha, é o primeiro passo para a cura do espírito, cura essa que, no momento oportuno, se refletirá infalivelmente no corpo físico. O leproso soube sofrer resignadamente e, como recompensa e exemplo, mereceu a cura que Deus lhe enviou por meio de Jesus.
O CENTURIÃO DE CAFARNAUM
5 - Tendo porém entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião, fazendo-lhe esta súplica.
6 - E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa doente com uma paralisia e padece muito com ela.
7 - Respondeu-lhe então Jesus: Eu irei e o curarei.
8 - E respondendo o centurião, disse: Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; porém, manda-o só com a tua palavra e o meu criado será salvo.
9 - Pois eu também sou um homem sujeito a outro, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: Vai acolá, ele vai; e a outro: Vem cá, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
10 - E Jesus, ouvindo-o assim falar, admirou-se e disse para os que o seguiam: Em verdade vos afirmo, que não achei tamanha fé em Israel.
11 - Digo-vos, porém, que virão muitos do Oriente e do Ocidente e que se sentarão à mesa com Abrahão e Isaac e Jacob no reino dos céus.
12 - Mas que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
13 - Então disse Jesus ao Centurião: Vai e faça-se segundo tu creste. E naquela mesma hora ficou são o criado.
Observemos aqui a humildade com que o centurião se dirige a Jesus. Essa humildade transparece não só das palavras do centurião, como também do fato de ele, um superior, interceder por um inferior, seu servo.
A humildade é o característico da fé sincera. Os que sabem ser verdadeiramente humildes, muito recebem; porque a humildade abre as faculdades receptivas da alma, colocando-a em posição de merecer o auxílio divino.
Nos versículos 11 e 12, Jesus quer dizer que as leis divinas, até aí conhecidas somente do povo hebreu, no futuro seriam conhecidas e praticadas por todos os povos da terra. Esta profecia de Jesus se cumpre em nossos dias. O monoteísmo que era uma crença somente dos filhos de Israel, espalhou-se pela terra inteira. E hoje a humanidade civilizada já adora o Deus único, tornado conhecido em nosso planeta, por meio do povo israelita. E o Evangelho do Mestre já espalha sua claridade por todas as nações.
Os filhos do reino simbolizam aqueles que conhecem as leis divinas, mas não as praticam. E Jesus os adverte de que sofrerão as conseqüências dolorosas de seu endurecimento perante as leis do Senhor.
A SOGRA DE PEDRO
14 - E tendo chegado Jesus à casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de cama e com febre.
15 - E tocou-lhe na mão e a febre a deixou e ela se levantou e se pôs a servi-los.
16 - Sobre a tarde porém lhe puseram diante muitos endemoninhados; e ele com sua palavra expelia os espíritos e curou todos os enfermos.
17 - Para se cumprir o que estava anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.
Os endemoninhados aqui referidos eram pessoas obsidiadas; e Jesus, com sua palavra, afastava os espíritos obsessores.
Nas épocas de renovação espiritual da humanidade, multiplicam-se os casos de obsessões, como prova da imortalidade da alma. Foi o que aconteceu no tempo de Jesus: a Providência Divina permitiu as manifestações dos espíritos para chamar a atenção dos homens sobre a realidade da sobrevivência da alma, conforme Jesus ensinava.
Nos tempos modernos em que o Espiritismo por seu turno intensifica o trabalho de espiritualização do mundo, novamente se manifestam os espíritos, provando as verdades espirituais. E as manifestações mais comuns são as obsessões, que avivam a curiosidade do povo sobre os problemas da alma.
Quanto à profecia de Isaías, ela se refere à parte moral da doutrina de Jesus. Ensinando-nos as leis divinas e como praticá-las, Jesus nos deu o remédio que livra nossa alma de doenças e enfermidades morais, que nesta ou nas futuras encarnações arruinariam, a saúde de nosso corpo.
Quanto à sogra de Pedro, ela foi curada pelo passe, tão comum hoje em dia nos Centros Espíritas.
COMO DEVEMOS SEGUIR A JESUS
18 - Ora, vendo-se Jesus rodeado de muito povo, mandou-lhes que passassem para a banda d'além do lago.
19 - Então chegando-se a ele um escriba, lhe disse: Mestre eu seguir-te-ei para onde quer que fores.
20 - Ao que Jesus lhe respondeu: As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos; porém o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.
21 - E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-nos ir primeiro enterrar a meu Pai.
22 - Mas Jesus lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.
Seguir a Jesus é renunciar à cobiça, à inveja, à maledicência, ao ódio, à concupiscência, à cólera, à violência, aos vícios, aos maus hábitos, as más palavras, aos maus pensamentos e aos maus atos.
Seguir a Jesus é não se apegar excessivamente aos bens deste mundo, com prejuízo dos bens espirituais.
Seguir a Jesus é esquecer-se de si mesmo, em benefício dos outros.
Conhecendo que o escriba queria segui-lo, mas ainda carregado das vaidades do mundo, Jesus lhe respondeu como se lhe dissesse: "Eu, neste mundo, renunciei a tudo; como queres seguir-me se não te sujeitas a renunciar a nada?"
Os que já compreendem a imortalidade da alma sabem que a morte não existe. Quem já chegou a este grau de compreensão é um vivo, porque despertou para a realidade. Os que não compreendem a imortalidade da alma e julgam que a morte é o fim de tudo, estes são os verdadeiros mortos espirituais.
Dizendo Jesus ao discípulo que o seguisse, pois os mortos cuidariam do morto, quis dizer-lhe: "Tu que já sabes que a morte não existe, porque te importas tanto com ela? Deixa que se interessem pela morte os que não compreendem a verdadeira vida."
JESUS APAZIGUA A TEMPESTADE
23 - E entrando ele numa barca, o seguiram seus discípulos.
24 - E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de modo que a barca se cobria das ondas e entretanto ele dormia.
25 - Então se chegaram a ele seus discípulos e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos.
26 - E Jesus lhes disse: Porque temeis, homens de pouca fé? E levantando-se pôs preceito ao mar e aos ventos e logo se seguiu uma grande bonança.
27 - E os homens se admiraram, dizendo: Quem é este que os ventos e o mar lhe obedecem?
As chamadas forças cegas da natureza não existem. Em todos os departamentos que regulam a vida na face ela terra, depararemos sempre com cooperadores espirituais. Falanges de espíritos em evolução trabalham ativamente, zelando pela manutenção dos reinos da natureza: o mineral, o vegetal e o animal. Os fenômenos atmosféricos também são presididos por plêiades de espíritos, sob orientação superior, encarregados de manterem o equilíbrio planetário.
Nem sempre compreendemos o porquê dos fenômenos, que muitas vezes causam verdadeiras calamidades em determinadas regiões do mundo. Mas o Espiritismo nos ensina que não há efeito sem causa. Por conseguinte, os fenômenos tais como; tempestades, terremotos, maremotos, inundações, são orientados por entidades espirituais, em obediência a desígnios divinos, visando o apressamento da evolução não só do planeta, como também das populações atingidas.
Jesus aqui não fez milagre ao apaziguar a tempestade.
Usou apenas de seu conhecimento das forças que regem o Universo e de sua superioridade moral para ordenar aos orientadores invisíveis da atmosfera, que fizessem cessar a tempestade.
Todavia, de cada trecho do Evangelho podemos tirar proveitosos ensinamentos morais. O espírito, quando se entrega às paixões terrenas, desencadeia em seu íntimo terrível tempestade moral: a ambição o perturba, o ódio o maltrata, os vícios o escravizam, o orgulho o sufoca, seu coração se torna um mar tempestuoso. Para aplacar semelhantes tempestades da alma, o recurso é invocar a proteção de Jesus, e conformar-se com seus ensinamentos. E a consciência que se debatia qual mar encapelado e revolto, começa a abrandar, e suave paz assenhoreia-se do coração. E depois, com o coração sereno e a consciência tranqüila, o espírito regenerado exclama satisfeito: "Verdadeiramente Jesus aplaca as tempestades."
OS ENDEMONINHADOS GERASENOS
28 - E quando Jesus passou à outra parte do lago, ao país dos gerasenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, que saíam dos sepulcros, em extrema fúria, de tal maneira, que ninguém ousava passar por aqueles caminhos.
29 - E gritaram logo ambos, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
30 - Ora em alguma distância deles andava uma manada de porcos pastando.
31 - E os demônios o rogavam, dizendo: Se nos lanças daqui, manda-nos para a manada dos porcos.
32 - E ele lhes disse: Ide. E saindo eles se foram aos porcos e no mesmo ponto toda a manada correu impetuosamente somente por um despenhadeiro a precipitar-se no mar; e todos morreram afogados nas águas.
33 - E os pastores fugiram; e vindo à cidade, contaram tudo, e o sucesso dos que tinham sido endemoninhados.
34 - E logo toda a cidade saiu a encontrar-se com Jesus; e quando o viram, pediram-lhe que se retirasse do seu termo.
É comum depararmos com espíritos obsessores que não sentem o menor desejo de se regenerarem nem de deixarem suas vítimas. Quando doutrinados, imprecam contra quem os chama ao reto caminho e tudo fazem para não escutarem palavras de bom senso. Nestes casos, o doutrinador deve possuir grande força moral para ser obedecido. É o que nos ensina esta passagem evangélica: os espíritos obsessores não puderam desobedecer a Jesus; porém, como não tinham vontade de se corrigirem, acharam mais fácil atormentar os porcos do que aproveitar a oportunidade de melhoria que Jesus lhe oferecia.
Como a cura dos obsidiados lhes custou a perda dos porcos, os pastores se revoltaram. Estes pastores simbolizam duas espécies de indivíduos: os que dão mais valor às coisas terrenas do que às espirituais e os que recebem graças espirituais e não sabem reconhecê-las. Os primeiros só vêem a matéria e repelem sistematicamente qualquer tentativa que vise despertá-los para a espiritualidade. Os segundos jamais se lembram de agradecer a Providência Divina pelo que recebem, como os gerasenos que não se mostraram agradecidos a Jesus, pela cura de seus endemoninhados. É verdade que Jesus não está à espera de agradecimentos, pois que cada um sempre receberá de acordo com seus merecimentos; contudo, o saber agradecer e ser reconhecido é prova de humildade e de elevação espiritual.
É digno de notar-se o exemplo de tolerância que Jesus nos dá: ao ser convidado a retirar-se das terras dos gerasenos, Jesus não alterca com eles nem lhes lança em rosto o benefício que tinha feito aos obsidiados que sofriam; respeita-lhes a incompreensão, perdoa-lhes a ingratidão e retira-se.
Eliseu Rigonatti
O Evangelho dos Humildes

domingo, 7 de abril de 2013

O SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES

CAPÍTULO XXIV
O SERMÃO PROFÉTICO
O SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES
1 - E tendo saído Jesus do templo, se ia retirando. E chegaram a ele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 - Mas ele, respondendo, lhes disse: Vedes tudo isto? Na verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
As grandezas do mundo, por mais sólidas que aparentem ser, o tempo as destruirá. Civilizações milenárias desapareceram, cidades populosas se transformaram em pó, e monumentos gigantescos se desfizeram em casos. Tudo o que é matéria, ou que repousa em bases materiais, mais cedo ou mais tarde, terá de sofrer as transformações próprias da matéria. Tal não acontece com os bens espirituais. Os bens espirituais são indestrutíveis; constituem patrimônio da alma, a qual acompanham pela eternidade. Os bens materiais são instrumentos com os quais cada um de nós trabalhará para conseguir os bens espirituais. É por isso que Jesus não ensinou aos homens outra coisa, a não ser como conquistar os bens espirituais.
3 - E estando ele assentado no monte das Oliveiras, se chegaram a ele seus discípulos à puridade, perguntando-lhe:
Dize-nos, quando sucederão estas coisas? e que sinal haverá de tua vinda, e da consumação do século?
Com o afirmar-lhes que do templo não ficaria pedra sobre pedra, compreenderam os discípulos que Jesus lhes predizia uma grande transformação, que nosso planeta sofreria. E ávidos de saber, perguntam-lhe quando teriam lugar os acontecimentos. É a essa transformação que Jesus se refere neste capítulo, e cujos sinais precursores enumera à seus discípulos.
Sabemos que os mundos, de um modo geral, se dividem em cinco classes: primitivos, de expiação e de provas, de regeneração, felizes e divinos. Os mundos, como os indivíduos, também progridem, e de uma classe inferior passam para uma superior. A Terra já foi um mundo primitivo; pertence agora à classe dos mundos de provas e de expiações, e está prestes a passar para a classe dos mundos de regeneração. Todavia, a passagem de uma classe para outra não se opera sem profundos abalos, por vezes penosos, porque é necessário que se destrua tudo o que não for compatível com o grau de progresso que a Terra alcançou. As instituições retardatárias deverão desaparecer, e os indivíduos que não se enquadrarem na nova ordem das coisas, deverão desencarnar e deixar definitivamente o planeta. Eles irão encarnar-se em outros mundos, cujos ambientes estejam de acordo com o grau de desenvolvimento espiritual que já possuem, e onde recomeçarão o trabalho de aperfeiçoamento.
Agora, por alto, Jesus descreve os principais pontos pelos quais reconheceremos, que são chegados os tempos da prestação de contas. Por certo, não será de uma hora para outra que tudo acontecerá; porém, a transformação se processará, gradual e lentamente.
4 - E respondendo, Jesus lhes disse: Vede, não vos engane alguém.
Jesus recomenda vigilância e análise de tudo, a fim de que os que querem acompanhar a evolução da Terra, e prepararem-se para um mundo melhor, não se iludam pelas aparências, nem interpretem de um modo errôneo os ensinamentos recebidos.
5 - Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
Em sua marcha evolutiva, a humanidade se defrontará com numerosos problemas espirituais. Aparecem então os pretensos salvadores, que com teorias absurdas, posto que engenhosas, desviam o povo do reto caminho traçado por Jesus em seu Evangelho. Esses falsos Cristãos aparecem não só no terreno religioso, como também no terreno científico. Assim é que temos visto as religiões organizadas, encerradas em suas pompas e práticas exteriores ou no rigorismo da letra, não oferecerem a seus adeptos a compreensão exata das leis divinas entravando temporariamente o progresso espiritual deles. E a ciência, por meio de suas orgulhosas negações, contribuir para que o sombrio materialismo fechasse a porta do mundo espiritual a grande número de almas.
6 - Haveis pois de ouvir guerras e rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis; porque importa que assim aconteça, mas não é este ainda o fim.
Para que a humanidade progrida não são necessárias as guerras. A evolução se processa gradativamente, sem provocar abalos, e sem produzir ruínas. Entretanto, como os homens não querem obedecer à lei do progresso, e se apegam em demasia às instituições e às idéias do passado, produzem-se os atritos, os quais incentivados pelo egoísmo humano, degeneram em conflitos, donde advém o caráter penoso das transições.
7 - Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos em diversos lugares.
A instituição da fraternidade universal é um dos mais belos aspectos da lei da evolução. As guerras, com seu sinistro cortejo de pestes e de fome, originam-se do fato de os homens não obedecerem à lei da fraternidade. E os terremotos parecem advertir aos homens da fragilidade das coisas terrenas.
8 - E todas estas coisas são princípios das dores.
9 - Então vos entregarão à tribulação, e vos matarão; e sereis aborrecidos de todas as gentes por causa do meu nome.
Realmente, depois da partida de Jesus acelera-se a decadência do Império Romano. Começa o longo período das guerras, que culminou na espantosa catástrofe a que acabamos de assistir. Os discípulos também sofrem cruéis perseguições; a princípio, por parte dos pagãos; depois, pelas religiões oficiais. E ainda hoje, os que procuram seguir os ensinamentos do Mestre, e pregar o Evangelho a seus irmãos, se não sofrem a perseguição física, não escapam à perseguição moral.
10 - E muitos serão escandalizados, e se entregarão de parte à parte, e se aborrecerão uns aos outros.
Os que ainda não desenvolveram dentro de si próprios a fé viva, e a vontade sincera de viverem de acordo com o Evangelho, ao primeiro embate das perseguições e das tentações do mundo, não resistirão, e abandonarão o caminho. Não nos esqueçamos de que a vida do verdadeiro cristão é uma luta incessante contra suas próprias imperfeições. Os pais cristão:, devem ensinar a seus filhos, desde muito cedo, a travarem essa luta. Quanto mais tarde essa luta contra as imperfeições for iniciada, tanto mais difícil será a vitória, por causa dos hábitos errôneos que se contraem. Por esse motivo, o Espiritismo proclama que não bastam afirmações doutrinárias, e exige de seus adeptos uma luta tenaz contra as inclinações inferiores, e prega a renúncia às comodidades, em benefício do próximo. Assim o Espiritismo é freqüentemente abandonado, o que não sucede com as religiões dogmátícas, as quais contam com maior número de adeptos, porque elas nada exigem, a não ser o preenchimento de fórmulas, em que nem o coração nem a inteligência tomam parte.
11 - E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
Os falsos profetas pululam por toda a parte, e em todos os setores das atividades humanas, procurando sempre desviar as criaturas de Deus, e interpretando os mandamentos divinos segundo suas conveniências. Com a autoridade que adquiriram no campo científico, os falsos profetas da ciência pretendem negar as coisas espirituais. E os falsos profetas religiosos, sacerdotes de religiões formalísticas e materializadas, adaptando as leis divinas aos seus interesses, enganam os seus adeptos. No campo do Espiritismo também temos os falsos profetas, constituídos pelos médiuns interesseiros e ambiciosos, desviados de reto caminho, seduzidos pelo brilho das coisas terrenas e corrompidos pela moeda; vendem sua mediunidade, preferindo auferir com ela proveitos materiais e não espirituais.
12 - E porquanto multiplicar-se-á a iniqüidade, se resfríará a caridade de muitos.
13 - Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo.
A fim de que cada um possa ser julgado por suas próprias obras, haverá plena liberdade e grandes facilidades, não só para a prática do bem, como para a prática do mal. E como a maioria se inclinará para a prática do mal, a iniqüidade se ostentará como que triunfante. E muitos, percebendo que o mal aumenta na face da terra, perderão a fé e renegarão o Evangelho do Mestre. Aqueles, todavia, que persistirem na fé e na fiel observância dos ensinamentos de Jesus, certos de que na ocasião oportuna o Senhor manifestará sua justiça serão salvos, isto é, terão o direito de viverem na terra regenerada, tranqüila e feliz.
14 - E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim.
E quando o Evangelho tiver sido pregado a todos os povos, de maneira que ninguém possa alegar ignorância, então Deus fará sua justiça. Parece-nos que já estamos vivendo esse tempo: qual é a parte do mundo em que ainda não penetrou o Evangelho? E o Espiritismo começou acelerar ainda mais a pregação do Evangelho pelo mundo todo. E as calamidades às quais estamos assistindo, provocando o desencarne violento de milhares de espíritos, como que estão separando os que devem ficar e os que devem partir.
O SERMÃO CONTINUA, A GRANDE TRIBULAÇÃO
15 - Quando vós pois virdes que a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel, está no lugar santo; o que lê entenda.
O lugar santo é aqui o símbolo das religiões organizadas do planeta, as quais se transformaram em instrumento de opressão dos povos.
A abominação da desolação significa os atos reprováveis cometidos pelos ministros dessas religiões, que se tornaram verdadeiros lobos, de pastores que deveriam ser.
As religiões que se entregam à abominação persistirão durante todo o tempo da transição. Surgindo o Espiritismo, preparador dos tempos novos, esta nova doutrina esclarecerá definitivamente a humanidade. E, uma vez esclarecida, a humanidade abandonará paulatinamente as religiões erradas, as quais desaparecerão da face da terra, cessando assim as abominações que se cometem à sombra dos altares.
16 - Então; os que se acham na Judéia, fujam para os montes.
17 - E o que se acha no telhado, não desça a levar coisa alguma de sua casa.
18 - E o que se acha no campo, não volte a tomar a sua túnica.
Nestes três versículos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia e fugir para os montes significa que se desejarmos ingressar no mundo novo, que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação da vida material, e voltarmos a um viver mais simples e mais espiritualizado. Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado, porqu~ ~:sse mundo que se inaugurará, novos problemas e no~as. ldel~s r:~s aguardam. Não voltar do campo para buscar a tumca, slgmhca devemos ser vigilantes, que quando
Nestes três versÍculos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia e fugir para os montes significa que se desejarmos inngressar no mundo novo, que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação da vida material, e voltarmos, a um viver mais simples e mais espiritualizado. Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado porque nesse mundo que se inaugurará, novos problemas e novas idéias nos aguardam. Não voltar do campo para buscar a túnica, significa que devemos ser vigilantes, para que quando os tempos novos chegarem, estejamos preparados; pois se não o estivermos, não haverá mais oportunidade para que nós nos preparemos.
19 - Mas ai das que estiverem pejadas, e das que criarem naqueles dias.
Tomando a infância como o símbolo da inocência, Jesus nos adverte de que, nos últimos tempos o desvairamento dos homens nos caminhos tenebrosos do mal, não pouparia sequer as criancinhas inocentes nem o sagrado estado das mães. Realmente, foi isso a que assistimos em nossos dias, quando as terríveis forças das trevas bombardeavam cidades, destruindo lares e maternidades.
20 - Rogai pois que não seja a vossa fuga em tempo inverno ou em dia de sábado.
Isto é, devemos orar e vigiar para que, quando tivermos de passar pelas duras provas, estejamos preparados para suportá-las cristãmente, tirando delas o máximo proveito para o burilamento de nossos espíritos. As provas, leves ou penosas são para todos, e não será pelo fato de estarmos estudando e começando a compreender o Evangelho, que ficaremos isento delas.
Em nossa fuga em dia de sábado ou em tempo de inverno, Jesus simboliza o chamado do Altíssimo, que pode dar-se quando menos os esperamos, ou em dias de adversidades.
Nos tempos antigos, principalmente na época de Jesus, em que não havia comodidades para as viagens, o inverno era a estação imprópria para empreendê-las. E o sábado, dado que toda nação hebraica o guardava, era um dia em que dificilmente alguém podia aparelhar-se para viajar. Por conseguinte, o viajor que não se aparelhasse de antemão, depararia com grandes dificuldades.
Assim, o indivíduo que descura do seu preparo espiritual, deixando-o para depois, poderá ser surpreendido na ocasião menos adequada para seu espírito e, além de perder a oportunidade, seu sofrimento será muito grande.
Aqui Jesus adverte também os médiuns de que não se descuidem de estarem sempre alertas para o bom desempenho de seu medianato. Jamais saberemos quando se apresentará a oportunidade de darmos o supremo testemunho de fé, de renúncia e de amor a Deus e ao próximo. Roguemos pois que sejam quais forem as circunstâncias com que nos defrontarmos, nunca recuemos no cumprimento de nossas tarefas mediúnicas, e do preparo de nossas almas.
21 - Porque será então a aflição tão grande, que, desde que há mundo até agora, não houve, nem haverá outra semelhante.
Dado que nos últimos tempos a humanidade passará pelas mais ásperas provas, para que o Altíssimo proceda à seleção dos espíritos, é muito natural que a aflição reinará em toda a face do planeta, provocada pelos próprios homens. Para que cada um tivesse mérito se fosse escolhido e não se queixasse se fosse repelido, os homens teriam plena liberdade de usar o seu livre-arbítrio como melhor entendessem.
22 - E se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, abreviar-se-ão aqueles dias em atenção aos escolhidos.
As calamidades provocadas pela maldade dos homens serão tantas, que se não houver a intervenção da Providência Divina, nada será respeitado na terra. Mas, a Providência Divina estará vigilante, e no momento oportuno porá um paradeiro à loucura dos homens, para que não sejam tragados na voragem os espíritos a caminho da regeneração.
23 - Então, se alguém vos disser: Olhai, aqui está o Cristo, ou, ei-lo acolá; não lhe deis crédito.
24 - Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão grandes prodígios e maravilhas tais, que (se fora possível) até os escolhidos se enganariam.
2.5 - Vede que eu vo-lo adverti antes.
26 - Se pois vos disserem: Ei-lo lá está no deserto, não saiais; ei-lo cá no mais retirado da casa, não lhe deis crédito.
No meio da desordem geral, todos buscarão um recurso para se salvarem. E então aparecerão salvadores, cujo único intuito é tirarem proveito da situação. Os mais absurdos sistemas serão inventados para tirarem a humanidade do caos em que se precipitou. Todavia, os escolhidos, isto é, os espíritos evangelizados, não se enganarão, por uma razão muito simples: porque sabem que a salvação está no Evangelho, cujos preceitos deverão servir de base a toda reforma útil que se fizer nas instituições humanas. É evidente que os que se enganarem deverão queixar-se de si próprios, uma vez que o Evangelho aí está para adverti-los sobre o verdadeiro modo de viverem segundo a vontade divina.
Quanto à salvação, não virá personificada num homem. Mas sim, será o produto do esforço de todos os espíritos do bem, encarnados e desencarnados, para o completo triunfo do Evangelho.
27 - Porque do modo que um relâmpago sai do oriente, e se mostra até ao ocidente, assim há de ser também a vinda do Filho do homem.
28 - Em qualquer lugar onde estiver o corpo, aí se hão de ajuntar também as águias.
Aqui Jesus nos adverte de que sua vinda não se dará em determinado lugar. Com isto nos quer dizer que seus ensinamentos, depois de tanto tempo esquecidos, seriam novamente pregados à humanidade, em espírito e verdade.
E Jesus atualmente está entre os homens, por meio do Espiritismo, o qual prega o Evangelho e concita a todos a lutarem pela implantação do reino de Deus. Com a rapidez de um relâmpago, o Espiritismo se espalhou pelo mundo, despertando a atenção dos homens para o Cristianismo puro, tal qual o fundou Cristo e seus apóstolos.
O corpo é a doutrina de Jesus que, pregada pelo Espiritismo de um modo racional, conclama em torno de si as águias, isto é, os espíritos já esclarecidos e regenerados
O SERMÃO CONTINUA. A VINDA DO FILHO DO HOMEM
29 - E logo depois da aflição daqueles dias, escurecer-se-á, o sol, e a lua não dará a sua claridade, e as estrelas cairão do céu, e as virtudes do céu se comoverão.
30 - E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e então todos os povos da terra chorarão, e verão ao Filho do homem, que virá sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade.
31 - E enviará os seus anjos com trombetas e com grande voz, e ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, do mais remontado dos céus até às extremidades deles.
32 - Aprendei pois o que vos digo, por uma comparação tirada da figueira; quando os seus ramos estão já tenros, e as folhas têm brotado, sabeis que está perto o estio.
33 - Assim também, quando vós virdes tudo isto, sabeis que está perto às portas.
Estando os homens preocupados unicamente em salvaguardar seus interesses materiais, e completamente esquecidos do estudo e da observância das leis divinas, as trevas espirituais se tornarão espessas na face do planeta. Quando estas trevas espirituais se tornarem mais densas, de novo os homens verão brilhar nos céus o sinal salvador. Esse sinal já refulge nas sombras da terra, iluminando o caminho para os que choram na escuridão espiritual é o Espiritismo, o qual reafirma na terra o poder e a majestade de Jesus.
Estamos em plena fase evangelizadora; passada ela, proceder-se-á à seleção dos espíritos; os endurecidos no mal e rebeldes à lei divina, serão enviados a mundos inferiores, compatíveis com seus estados, onde reiniciarão o trabalho de aperfeiçoamento de suas almas; os em vias de regeneração poderão continuar no plano terrestre; e a Terra passará a ser um planeta de paz, ordem e espiritualidade.
Quando começarmos a perceber os sinais que Jesus aqui enumera, é porque estamos às portas das grandes transformações morais e materiais, que farão nosso planeta se colocar num plano superior na categoria dos mundos. Não aleguemos ignorância. Se bem analisarmos as condições em que se encontra a Terra atualmente, facilmente perceberemos que estamos vivendo os dias decisivos.
34 - "Na verdade vos digo, que não passará esta geração sem que se cumpram todas estas coisas.
Isto é, a geração que hoje escuta minhas palavras, estará encarnada na terra, quando tiverem lugar os acontecimentos que predigo.

35 - Passará o céu e a terra, mas não passarão as minhas palavras.
Sendo os ensinamentos de Jesus uma lei moral universal emanada de Deus, as coisas materiais poderão desaparecer, sem que suas palavras deixem de prevalecer para os espíritos.
Encerrando estes sombrios presságios, é oportuno transcrever aqui uma página de Emmanuel em seu livro "Há dois mil anos", em que este instrutor reproduz as palavras de Jesus, ditadas num ambiente espiritual, logo depois de sua partida da terra:
"Entre a Manjedoura e o Calvário, tracei para minhas ovelhas o eterno e luminoso caminho. .. O Evangelho floresce agora, como a seara imortal e inesgotável das bênçãos divinas. Não descansemos, contudo, meus amados, porque tempo virá na terra, em que todas as suas lições serão espezinhadas e esquecidas. .. Depois de longa era de sacrifícios para consolidar-se nas almas, a doutrina da redenção será chamada a esclarecer o governo transitório dos povos; mas o orgulho e a ambição, o despotismo e a crueldade, hão de reviver os abusos nefandos de sua liberdade. O culto antigo, com suas ruínas pomposas, buscará restaurar os templos abomináveis do bezerro de ouro. Os preconceitos religiosos, as castas clericais, os falsos sacerdotes, restabelecerão novamente o mercado das coisas sagradas, ofendendo o amor e a sabedoria de Nosso Pai, que acalma a onda minúscula no deserto do mar, como enxuga a mais recôndita lágrima da criatura, vertida no silêncio de suas orações, ou na dolorosa serenidade de sua amargura indizível! ... Soterrando o Evangelho na abominação dos lugares santos, os abusos religiosos não poderão, todavia, sepultar o clarão de minhas verdades, roubando-as ao coração dos homens de boa vontade. .. Quando se verificar o eclipse da evolução de meus ensinamentos, nem por isso deixarei de amar intensamente o rebanho de minhas ovelhas tresmalhadas. Das esferas de luz que dominam todos os círculos das atividades terrestres, caminharei com meus rebeldes tutelados, como outrora, entre os corações impiedosos e empedernidos de Israel, que escolhi um dia, para mensageiro das verdades divinas, entre as tribos desgarradas da imensa família humana ! Quando a escuridão se fizer mais profunda nos corações da terra, determinando todos os progressos humanos para o extermínio, para a miséria e Fé a morte, derramarei a minha luz sobre toda a carne, e todos os que vibrarem com o meu reino, e confiarem nas minhas promessas, ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores ! Dentro das suaves revelações do Consolador, pela Sabedoria e pela Verdade, meu verbo se manifestará novamente no mundo, para as criaturas desnorteadas no caminho escabroso. Sim, amados meus, porque o dia chegará, no qual todas as mentiras humanas hão de ser confundidas pela claridade das revelações do céu. Um sopro poderoso de Verdade e Vida varrerá toda a terra, que pagará, então, à evolução de seus institutos, os mais pesados tributos de sofrimento e de sangue... Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniqüidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismas. .. As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor, que rebentarão no instante oportuno, em tempestade de lágrimas na face escura da Terra. E, então, das claridades de minha misericórdia, contemplarei meu rebanho desditoso, e direi como os meus emissários: Oh, Jerusalém, Jerusalém! ... Mas, Nosso Pai, que é a sagrada expressão de todo o amor e sabedoria, não quer que se perca uma só de suas criaturas transviadas nas tenebrosas sendas da impiedade!. .. Trabalharemos com amor na oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos detidamente todas as ruínas, buscando o material passível de novo aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos espíritos, e dentro das convulsões renovadoras da vida, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual."
O SERMÃO CONTINUA. EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA
36 - Mas daquele dia, nem daquela hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, senão só o Pai.
37 - E assim como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 - Porque assim como nos dias antes do dilúvio estavam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca.
39 - E não o entenderam enquanto não veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também na vinda do Filho do Homem.
40 - Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado, e outro será deixado.
41 - De duas mulheres que estiverem moendo em um moinho, uma será tomada e outra será deixada.
42 - Velai pois, porque não sabeis a que hora há de vir vosso Senhor.
43 - Mas sabeis que, se o pai de família soubesse a que hora hada de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa.
44 - Por isso estais vós também apercebidos; porque não sabeis em que hora tem de vir o Filho do homem.
Neste trecho Jesus nos recomenda a máxima vigilância.
Não deixemos para amanhã nossa reconciliação com as leis divinas. Amanhã, poderá ser muito tarde. Só Deus, Nosso Pai, sabe quando se dará a depuração do planeta, e quando cada um de seus filhos será chamado ao mundo espiritual. Por isso, é necessário que estejamos sempre preparados, para que possamos ser contados no número dos escolhidos. Sejamos trabalhadores previdentes, e não sigamos o exemplo dos que se entregam exclusivamente aos gozos e aos vícios e às mil e uma distrações que a matéria proporciona, esquecidos de cuidarem de suas almas, corrigindo suas imperfeições. Estes serão apanhados desprevenidos, de surpresa, e o despertar deles para s realidade que não quiseram ver, lhes será doloroso. Preparemo-nos, por conseguinte, o melhor que pudermos, sem perda de tempo, porque ao se aferirem os valores espirituais dos aprendizes do Evangelho, será aproveitado quem demonstrar boa aplicação das lições recebidas. A vigilância e o preparo devem ser contínuos, em virtude de ninguém saber quando soará sua hora.
A PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
45 - Quem crês que é o servo fiel e prudente, a quem seu senhor pôs sobre a sua família, para que lhes dê comer a tempo?
46 - Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor achar nisto ocupado quando vier.
47 - Na verdade vos digo que ele o constituirá administrador de todos os seus bens.
Há servos fiéis e servos infiéis. Jesus distingue as espécies, enumerando as boas qualidades de uma e as qualidades da outra.
O servo fiel a Deus é o que trata carinhosamente de seu progresso espiritual, sem se esquecer de ajudar a todos os seus irmãos, na medida de suas posses e de seu adiantamento espiritual. Se é bafejado pelos bens terrenos, transforma esses bens em fonte de benefícios. Se é possuidor de grande inteligência, coloca-a ao serviço de iluminação e de instrução de seus irmãos menos evoluídos. Sabendo que seu corpo e sua alma são patrimônios divinos, cuida carinhosamente do corpo, não deixando que ele se arruine pelos vícios, nem pelos desregramentos; cuida de sua alma, llvrando-a das imperfeições, das más paixões, do mal, e da ignorância, dedicando-se ao estudo e à prática das leis divinas. Como médium, faz da sua mediunidade um sacerdócio, usando-a amorosamente a favor de todos os que lhe batem às portas, sem jamais esperar um agradecimento, sequer.
Em quaisquer circunstâncias em que estejamos, lembremo-nos sempre de que somos servos do Senhor a cuidar do seu patrimônio. Temos uma alma e um corpo para zelar. Temos familiares, pais, mães, irmãs, esposa e filhos, pelos quais somos responsáveis. Enxameiam por toda a parte os sofredores aos quais devemos alívio, consolo e amparo; e também encontraremos, por toda a parte, ignorantes necessitados de luz.
No leito do sofrimento, à míngua de humano socorro, curtindo pacientemente nossas dores, ou no esplendor da saúde e dos bens materiais, sejamos servos fiéis de Deus, esforçando-nos por servi-lo. As oportunidades de servir a Deus não faltam a ninguém; mesmo os que estão atravessando dolorosos períodos de sofrimento, podem fazer de suas dores um meio de servir a Deus, dando a seus irmãos o exemplo da fé, da resignação, da paciência e da esperança.
48 - Mas se aquele servo, sendo mau, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir.
49 - E começar a maltratar os seus companheiros, e a comer e beber com os que se embriagam.
50 - Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e na hora em que ele não sabe.
51 - E removê-lo-á e porá a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Vejamos agora as características do servo infiel. Há muitas maneiras de sermos servos infiéis; por isso, é preciso muito cuidado e atenção. Os que se entregam aos vícios, a hipocrisias, a maldades; os que se comprazem na ignorância, os que semeiam a descrença, os que murmuram e se revoltam contra a situação em que se encontram; os que pensam unicamente em si, esquecidos dos que os rodeiam; os que colocam a inteligência ao serviço do mal, os que usam da fortuna para estimularem seus apetites e paixões inferiores; os que pelo mau comportamento dão péssimo exemplo a seu próximo; os pregadores que somente pregam o Evangelho com os lábios, e vivem em desarmonia com o que pregam; os médiuns que usam de sua mediunidade para fins puramente materiais; todos esses são servos infiéis. A todos são concedidas oportunidades valiosas de serem servos fiéis; mas o excessivo apego às coisas da terra, despertando e alimentando o egoísmo no coração da maioria, transforma-os em servos infiéis, e maus.
Há outra espécie de servos infiéis, e são aqueles que fazem questão de-acumularem fortuna primeiro, e saciarem-se dos gozos que a matéria pode proporcionar, para depois cuidarem da alma. Esses agem levianamente, pois, como poderão saber se lhes será facultado o tempo de se tornarem servos fiéis?
Outros servos infiéis são aqueles que se riem e motejam, quando se lhes chama a atenção para as coisas espirituais, movidos por falsa superioridade.
Os servos infiéis também serão chamados ao mundo espiritual quando menos o esperarem, e o sofrimento lhes fará chorar e ranger os dentes, até que aprendam a cuidar fielmente dos patrimônios que a Providência Divina lhes confiou.

O Evangelho dos Humildes.
Eliseu Rigonatti

terça-feira, 5 de março de 2013

ACÊRCA DO DIVÓRCIO

CAPÍTULO XIX
ACÊRCA DO DIVÓRCIO
ACERCA DO DIVÓRCIO
1 - E aconteceu que, tendo Jesus acabado estes discursos, partiu de Galiléia, e veio para os confins da Judéia, além do Jordão.
2 - E seguiram-no muitas gentes, e curou ali os enfermos.
3 - E chegaram-se a ele os fariseus, tentando-o, e dizendo:
É por ventura lícito a um homem repudiar a sua mulher, por qualquer causa?
4 - Ele, respondendo, lhes disse: Não tendes lido que quem criou o homem, desde o princípio fê-los macho e fêmea? E disse:
5 - Por isso deixará o homem pai e mãe, e ajuntar-se-á com sua mulher, e serão dois numa só carne.
6 - Assim que já não são dois, mas uma só carne. Não separe logo o homem o que Deus ajuntou.
O casamento é uma instituição divina. Por meio do casamento, Deus providencia os corpos materiais para os espíritos encarnarem e progredirem; porque, como sabemos, é só pelo trabalho incessante, que o espirito realiza, ora nos círculos materiais, ora nos espirituais, é que se efetua sua evolução.
No ambiente do lar, encontramos os elementos indispensáveis para novos surtos de progresso e de redenção. É também no aconchego do lar, que ensaiamos nossos primeiros passos de amor para com nossos semelhantes. À medida que formos evoluindo, alargaremos o círculo de nosso amor, até que o amor que hoje dedicamos à nossa família, o dedicaremos à humanidade. Erram por conseguinte, os que querem ver no casamento apenas a influência das leis materiais. Ao lado das leis materiais, quase que instintivas, funcionam também puras e santificantes leis morais. Se as leis do instinto ligam os corpos, as leis morais ligam as almas, e determinam cinco espécies de casamentos, em nosso planeta, a saber:
CASAMENTOS POR AFINIDADE:
Almas gêmeas isto é, com o mesmo grau de evolução, unem-se para progredirem juntas. Dão-nos o exemplo do casamento perfeito. O lar é harmonioso. A vida exemplar que o casal vive, constitui um modelo.
CASAMENTOS DE PROVAS:
O casamento é uma prova de resignação, paciência, tolerância e fraternidade. Espíritos de diversos graus evolutivos reúnem-se no mesmo lar, onde se esforçam por viverem em harmonia, apesar da disparidade de gostos, de idéias e de inclinações, que os separam.
CASAMENTOS DE EXPIAÇÃO:
Espíritos culpados, que erraram juntos em encamações anteriores, reúnem-se no mesmo lar, para retificarem os erros do passado.
CASAMENTOS DE RESGATE:
O casamento é de resgate, quando os membros da família procuram resgatar dívidas, que contraíram uns para com os outros, em encarnações anteriores. Assim, o homem que atirou à lama uma mulher, na encarnação seguinte poderá pedir para vir a ser seu marido, para dignificá-la. A mulher, por cuja causa um homem se desviou, poderá, em futura encarnação, servir-lhe de arrimo, para ajudá-lo a voltar ao reto caminho. Os pais que se descuraram da educação moral dos filhos, poderão pedir nova encarnação, em que lhes seja concedido trabalharem para a melhoria de seus filhos extraviados, resgatando desse modo, o mal que lhes causaram.
CASAMENTOS DE RENÚNCIA:
O casamento é de renúncia quando um ou os dois cônjuges, embora não mais necessitando de encarnações terrenas, contudo se encarnam para apressarem o progresso de seus familiares, que se atrasaram no caminho da evolução.
Como vemos além de formarem uma só carne, marido e mulher obedecem a sublimes leis morais, que não podem ser transgredidas impunemente.
7 - Replicaram-lhe eles: Pois, por que mandou Moisés dar o homem à sua mulher carta de desquite, e repudiá-la?
8 - Respondeu-lhes: Porque Moisés, pela dureza de vossos corações, vos permitiu repudiar a vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim.
9 - Eu pois vos declaro que todo aquele que repudiar sua mulher, se não é por causa da fornicação, e casar com outra, comete adultério, e o que se casar com a que o outro repudiou, comete adultério.
Quando o egoísmo fala mais alto, endurecendo os corações dos cônjuges, estes facilmente desprezam as leis morais, que lhes presidia à união, e o casamento é, ordinariamente, rompido. Entretanto, ainda assim o Evangelho proíbe a união dos cônjuges com terceiros, dando desta maneira a entender claramente, que os laços do casamento são indissolúveis aqui na terra enquanto os dois cônjuges estiverem encarnados.
10 - Disseram-lhe seus discípulos: Se tal é a condição de um homem a respeito de sua mulher, não convém casar-se.
11 - Ao que ele respondeu: Nem todos são capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi dado.
12 - Porque há uns castrados, que nasceram assim do ventre de sua mãe; e há outros castrados, a quem outros homens fizeram tais; e há outros castrados, que a si mesmo se castraram por amor do reino dos céus. O que é capaz de compreender isto, compreenda-o.
Ao ouvirem tão novos ensinamentos e tão contrários ao costume geral, os discípulos ficaram admirados. E Jesus lhes explica que, conquanto fossem poucos, já existem na terra pessoas que compreendem o quanto de sublime há no sagrado instituto da família.
Os que nasceram castrados, são aqueles que se desviaram pelo sexo, em encarnações anteriores; e agora penetram na vida terrena, punidos naquilo por que pecaram.
Os que os homens castraram, são aqueles que sofreram essa crueldade, comum no Oriente, ainda até há bem pouco tempo.
Finalmente, os que se castraram por amor do reino dos céus, são aqueles que sabem dignificar as leis naturais do sexo, no sagrado instituto da família. E também aqueles que, não tendo conseguido constituir família, sabem manter-se em nobre e digna castidade.
JESUS ABENÇOA OS MENINOS
13 - Então lhe foram apresentados vários meninos, para lhes impor as mãos, e fazer oração por eles. E os discípulos os repeliam com palavras ásperas.
14 - Mas Jesus lhes disse: Deíxai os meninos, e não embaraceis que eles venham a mim; porque destes tais é o reino dos céus.
15 - E depois que lhes impôs as mãos, partiu dali.
Destes tais é o reino dos céus, significa que somente os que alcançaram a pureza e a inocência das crianças, estão em estado de merecerem a felicidade, que se origina sempre de uma consciência sem mácula.
Estas palavras de Jesus também são uma ordem, para que as crianças sejam instruídas em seu Evangelho, desde pequeninas. Embaraçar as crianças e mesmo repeli-las para que não se acerquem de Jesus, simboliza a indiferença dos pais em não cuidarem da educação evangélica de seus filhinhos. Proceder assim é um erro de lamentáveis conseqüências espirituais; porque os pais se esquecem de indicar aos filhos o caminho que facilmente os conduziria a Deus.
É muito comum depararmos com pais espíritas, que militam nas fileiras do Espiritismo como médiuns ou como pregadores, e não sabem encaminhar seus filhos para o caminho da espiritualidade e da evangelização, deixando-os entregues a si mesmos. O resultado é que os filhos inexperientes, privados do auxílio da experiência dos pais, desviam-se com facilidade, preparando colheitas de lágrimas e de sofrimentos para si próprios e para os pais que não souberam, ou não quiseram guiá-los pelo caminho reto.
O MANCEBO RICO
16 - E eis que, chegando-se a ele um, lhe disse: Bom Mestre, que obras boas devo fazer, para alcançar a vida eterna?
17 - Jesus lhe respondeu: Porque me perguntas tu o que é bom? Bom só Deus o é. Porém, se tu queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 - Ele lhe perguntou: Quais? E Jesus lhe disse: Não cometerás homicídio. Não adulterarás. Não cometerás furto. Não dirás falso testemunho.
19 - Honra a teu pai e à tua mãe, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
20 - O mancebo lhe disse: Eu tenho guardado tudo isso desde a minha mocidade; que é que me falta ainda?
21 - Jesus lhe respondeu: Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me.
22 - O mancebo, porém, como ouviu esta palavra, retirou-se triste; porque tinha muitos bens.
Para que ao desencarnar, o espírito atinja as regiões superiores do mundo espiritual, não lhe basta somente guardar os mandamentos divinos. É preciso que além de uma vida nobre e pura, tenha a coragem suficiente de se desprender das coisas da terra.
Respondendo Jesus ao moço rico, que se desfizesse do que possuía em benefício dos que nada tinham, mostrou-lhe que ainda lhe faltava a virtude da renúncia, isto é, pensar nos outros antes de pensar em si. E lhe demonstrando que precisava adquirir a virtude da renúncia, Jesus ensinou ao moço rico que o excessivo apego às riquezas da terra, amarra a alma às regiões inferiores, e não a deixa elevar-se para Deus.
Ao dizer Jesus que só Deus é bom, dá-nos uma lição de humildade, pois, por nós próprios nada somos, se a bondade divina não nos amparar.
23 - E Jesus disse aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificultosamente entrará no reino dos céus.
24 - Ainda vos digo mais: Que mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus.
O poder e os gozos materiais que a riqueza proporciona; o orgulho que alimenta nos corações; a sedução que exerce sobre as almas; tudo isso torna a prova da riqueza uma das mais difíceis, que um espírito tem de suportar no caminho da perfeição.
A riqueza é cheia de méritos para o futuro espiritual de uma alma, quando é bem empregada; porque a riqueza é uma das alavancas do progresso do mundo. Os ricos são os despenseiros dos bens materiais de Deus. E como tal, devem zelar para que nada falte aos que nada possuem. E que não seja por meio da fria caridade, que se limita a distribuir apenas algumas moedas; mas sim, pelo exercício da caridade ativa, que consiste em promover o trabalho, a instrução. O bem-estar e a moralização da família humana. E como, ordinariamente, o rico se esquece de seus deveres de mordomo, e usa, egoisticamente, só para si próprio, os bens que lhe foram confiados, torna-se difícil sua ascenção para Deus.
25 - Ora os discípulos, ouvidas estas palavras, conceberam grande espanto, dizendo: Quem poderá logo salvar-se?
26 - Porém Jesus, olhando para eles, disse: Aos homens é isto impossível, mas a Deus tudo é possível.
Na verdade, para Deus não é difícil que um rico se salve, porque existe a lei da reencarnação, a qual permite a cada um retificar os erros cometidos. Assim, aquele que empregou mal a riqueza, não está perdido, porque é vontade de Deus que não se perca nenhum de seus filhos; nas futuras encarnações, corrigirá os maus atos que praticou pelo emprego errôneo da riqueza. E então estará salvo.
27 - Então, respondendo, Pedro lhe disse: Eis aqui estamos nós que deixamos tudo, e te seguimos; que galardão pois será o nosso?
28 - E Jesus lhes disse: Em verdade vos afirmo que vós, quando no dia da regeneração estiver o Filho do homem sentado no trono da sua glória, vós, torno a dizer, que me seguistes, também estareis sentados sobre doze tronos, e julgareis as doze tribos de Israel.
Paupérrimos como eram, mesmo ao pouco que possuíam, os apóstolos souberam renunciar, a fim de auxiliarem Jesus na grandiosa tarefa de regeneração da humanidade. É justo, pois, que continuem a ser no mundo espiritual os principais colaboradores de Jesus, na obra de evangelização que se processa no mundo.
Jesus simboliza nas doze tribos de Israel a humanidade, e no cargo de juiz que confere a cada apóstolo, a supremacia que conquistaram no trabalho evangélico.
29 - E todo o que deixar, por amor do meu nome, a casa, ou os irmãos ou as irmãs ou o pai ou a mãe ou a mulher ou os filhos ou as fazendas, receberá cento por um, e possuirá a vida eterna.
Os interesses espirituais deverão sempre ser colocados acima dos interesses materiais, e mesmo acima dos laços transitórios da família. Por mais que amemos a casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, a mulher, o marido, os filhos e nossas riquezas, jamais consintamos que nos sirvam de embaraço em nosso caminho para a espiritualidade. Especialmente os médiuns e todos os que foram convocados para a luta no campo do Espiritismo, nunca deverão deixar que os obstáculos criados no ambiente doméstico, lhes façam esquecer de seus deveres sublimes. É comum os familiares de um médium servirem de tentação para desviá-la do desempenho de suas responsabilidades mediúnicas. Às vezes, nossos entes queridos ainda não alcançaram o grau de compreensão espiritual, que lhes possibilitaria avaliarem o que significa o trabalho na seara de Jesus. E nesse estado de incompreensão, criam dificuldades de toda a sorte, perturbando o trabalho do discípulo fiel. É contra essa espécie de tentação, que Jesus quer que nos precatemos. Ele aqui nos quer dizer que sejamos suficientemente fortes para não cedermos, colocando acima de tudo, o trabalho divino que nos foi confiado.
30 - Porém, muitos primeiros virão a ser os últimos, e muitos últimos virão a ser os primeiros.
Nem sempre os que primeiro recebem as palavras de Jesus, têm o ânimo suficientemente forte para perseverarem até o fim, na observância de seus ensinamentos. Há os que se desviam ou recebem as lições com indiferença, sendo-lhes necessário longo período retificador, antes de conquistarem o reino dos céus. E acontece que há os que recebem as palavras de Jesus por último, e se esforçam de tal modo por segui-las, que facilmente alcançam e deixam para trás os que primeiro as ouviram. Vemos suceder a mesma coisa no Espiritismo: quantos há que ouvem as lições espíritas desde cedo e, no entanto, nenhum progresso espiritual conseguem; e quantos ingressam no Espiritismo já no fim de suas encarnações, e ainda produzem ótimos frutos espirituais para suas almas.
Eliseu Rigonatti